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CORONAVÍRUS

'Uma nova pandemia já


é considerada
inevitável', diz diretora-
adjunta da OMS
Para Mariângela Simão, é apenas questão de
tempo para surgir novo fenômeno.

Por Márcia Bechara, RFI

05/10/2021 08h27 · Atualizado há 2 anos

Mariângela Simão, diretora adjunta para acesso a medicamentos


da Organização Mundial de Saúde — Foto: Reprodução/OMS

Em entrevista à RFI, a diretora-geral adjunta


da Organização Mundial de Saúde,
Mariângela Simão, afirmou que a OMS
prepara uma "tratado sobre pandemias" e
que um novo fenômeno pandêmico é apenas
"uma questão de tempo". Segundo
Mariângela Simão, uma nova pandemia é
"inevitável" e a questão é "quando ela vai
acontecer".

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Simão diz que a OMS terá uma Assembleia


Mundial de Saúde em novembro em que será
discutida a possibilidade de desenvolver um
"tratado para pandemias". A decisão,
segundo ela, ainda não foi aprovada, mas o
tema circula entre os países, "não só por
reforçar o papel da OMS em uma situação de
emergência de interesse público como essa",
mas também porque "cria uma série de
formalidades que os países e o setor privado
têm que tomar no caso de uma emergência
como uma pandemia mundial", explica.

A OMS já se prepara para uma


nova pandemia? "Vai ter uma
próxima pandemia", diz Simão.
"Isso é uma coisa que a gente já
sabe e que é inevitável. É uma
questão de quando vai
acontecer", diz.

"Essa pandemia, depois da gripe espanhola,


foi a mais impactante e é também uma
constatação: acho que o mundo precisa
acordar porque a gente vê que não foram
apenas os países em desenvolvimento que
fora afetados. Afetou o mundo todo,
ninguém estava preparado", considera. "A
Assembleia Mundial de Saúde agora em
novembro estará discutindo a possibilidade
de desenvolver um tratado para pandemias",
conta a diretora-geral adjunta da OMS.

Vários países começam a relaxar as medidas de combate à Covid

A reunião ainda deve ser um momento para


discutir questões atuais sobre as variantes do
coronavírus e a distribuição da vacina. "Acho
que tem duas coisas, um lado é em relação a
esse coronavírus específico que é o Sars-Cov-
2 e as variantes, algumas variantes de
preocupação, como o caso da Delta, que está
presente em 188 países", analisa. "Então a
preocupação e o empenho [da OMS] em
aumentar a cobertura vacinal é global mas
em todos os países e não apenas em alguns,
para evitar que novas variantes preocupantes
surjam", diz Simão.

Adolescente recebe a primeira dose da vacina Pfizer contra a


Covid-19 em uma escola particular em Quito, capital do Equador,
em 13 de setembro de 2021 — Foto: Rodrigo Buendia/AFP

Vacina para adolescentes após


prioritários
Sobre a vacinação de adolescentes enquanto
política de saúde pública, Mariângela Simão
diz que "a OMS emite uma recomendação
baseada num grupo de especialistas que
auxilia a organização neste sentido". "Desde
julho desse ano, a gente tem recomendações
relacionadas ao uso da vacina da Pfizer, é a
única que tem recomendação para utilização
na população entre 12 a 15 anos, e já havia a
recomendação para pessoas acima de 16
anos", lembra.

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partir dos 12 anos

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crianças e adolescentes de até 14
anos neste ano já superam total de
2020

"Mas a OMS faz a ressalva que a vacina deve


ser priorizada para adolescentes portadores
de comorbidades. No entanto, para a geral da
população de adolescentes, a vacina para
este grupo deve ser administrada após a
cobertura de todos os outros grupos
prioritários. Essa é a recomendação para os
países que ainda não atingiram uma
cobertura mais alta na população de adultos",
diz.

Vacinação intranasal
Em relação à vacina intranasal, incentivada
por especialistas pela facilidade de aplicação
(que talvez diminuísse algumas resistências)
mas também por proteger a porta de entrada
do vírus, a diretora é cautelosa na hora de
avaliar esse tipo de imunização.

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mais eficaz e ter menos efeitos
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vacina nasal eficaz contra mutações
do vírus da Covid-19

"A gente ainda não tem


nenhuma vacina nasal
aprovada globalmente para a
covid. Acredito que algumas
possam estar em fase 3, a
última fase antes dela ser
autorizada emergencialmente
em algum país. Faz sentido se
pensarmos num tipo de
produto ideal, seria ótimo uma
vacina que pudesse ser
administrada via nasal, mas
ainda não estamos lá", afirma.

Vacinação das crianças


"Não tem vacina aprovada ainda para criança
então não pode ter uma política nacional
usando vacinas que não foram aprovadas
para idade abaixo de 12 anos", lembra a
diretora. "Nós só temos uma vacina aprovada
para uso em adolescentes a partir de 12
anos. Tem vários estudos em andamento,
mas nenhuma delas foi aprovada ainda pela
OMS para uso em crianças", aponta Simão.

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segurança da aplicação de vacinas em
quem tem menos de 12 anos

Vacina anticovid anual?


Para Mariângela Simão, ainda não existem
indicações claras da OMS de que a vacina
anticovid possa virar uma vacina anual. "No
entanto, é possível que isso aconteça. Esse é
o comportamento desse tipo de vírus, da
família dos coronavírus, de se tornarem
endêmico. O importante é ter sempre em
mente que o mais importante é evitar que as
pessoas mais suscetíveis morram por conta
desse vírus e que a economia pare como
parou", afirma.

"Inequidade vacinal"
Sobre a desigualdade no acesso às vacinas
para diferentes populações de todo o
planeta, ela lembra que "trata-se de uma
inequidade vacinal, a gente tem uma enorme
distância entre a cobertura média vacinal em
alguns continentes, e, por exemplo, o
continente africano. A média global hoje é de
32%, mas as médias, como se sabe, são
'burras', porque existem os extremos. O
território da União Africana tem hoje menos
do que 4% de coebrutra vacinal", sublinha
Mariângela Simão.

Tratamento para a Covid


"A OMS já recomendou mais
cedo neste ano a utilização da
betametazona, uma medicação
que está a 50, 70 anos no
mercado é um corticoesteróide,
para pacientes graves em
ambientes hospitalares porque
ele impacta na mortalidade",
lembra Mariângela Simão.

"Em julho a OMS fez uma recomendação


para o que a gente chama de anticorpos
monoclonais, bioterapêuticos, os
bloqueadores da L6. Então estes dois
medicamentos foram recomendados em
julho e essa semana que passou a OMS
recomendou uma outra combinação de
anticorpos monoclonais, o coquetel do
Regeneron e que é bem como você falou,
essas medicações são caras e de baixa
disponibilidade e elas têm o objetivo de
impedir morte. Elas são utilizadas em
ambiente hospitalar a gente ainda não tem
nenhuma medicação aprovada pra
prevenção, profilaxia e nenhuma medicação
aprovada para casos leves", lembra a
executiva.

"Esse é o objetivo básico, trabalhar com a


indústria farmacêutica para que os países
tenham acesso a preços sustentáveis para
poder dar acesso aos seus pacientes", diz
Simão. "Isso no momento está bastante difícil
porque está concentrada em apenas dois
produtores, um deles concentra 3 dos 4
produtos a Roche, Regeneron, e a Sanofi com
outro produto, então está muito concentrado
com uma capacidade de produção que não é
grande. A expectativa é que a gente vai ter
nesses primeiros 6 meses de produção uma
disponibilidade ainda difídil desses produtos
e um preço alto, essa é uma conversa que
está acontecendo nesse momento com a
Roche", afirma.

Farmacêutica americana anuncia antiviral que reduz pela metade


hospitalizações e mortes por Covid

Covax: vacina para os países


pobres
"Os Estados Unidos não só se
comprometeram o ano que vem em doar 500
milhões de doses da Pfizer, mas o governo
norte-americano já possibilitou a entrada de
200 milhões de doses da Pfizer neste ano",
lembra Simão. "Então a França e vários
outros países estão doando, o que é muito
bem-vindo. Não resolve todo o problema
mas é muito bem-vindo que países que têm
condições e que já atingiram coberturas
vacinais maiores estejam contribuindo para
uma maior equidade da cobertura global", diz
a diretora-geral adjunta da OMS, cujo diretor-
geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, não se
cansa de criticar a falta de "equidade vacinal"
entre países pobres e ricos.

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