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João era casado com Odete sob o regime de comunhão universal de bens e desta união

nasceram três filhos: Maria, Antônio e Marcela. Ao longo da vida, Sr. João sempre
trabalhou como comerciante na pequena cidade onde viviam. Contudo, o Sr. João adoeceu e
por isso, necessitou ser interditado, sendo que sua filha Maria foi nomeada curadora para
promover a assistência ao seu pai, isso porque a esposa do Sr. João, o havia agredido e
expulsado de casa.
Além de empresas, o Sr. João possuía alguns bens: duas casas, cinco terrenos, uma
chácara, três veículos, dois caminhões e dois maquinários (pá carregadeira). Uma das
empresas passou a ser administrada pela filha Maria (curadora) e a outra continuou sendo
administrada por Odete. Durante a administração da empresa, a filha Maria, resolveu abrir
uma nova empresa no mesmo ramo da empresa do pai, tendo um irmão (Antônio) como
sócio.
A empresa de Maria e Antônio foi constituída no imóvel ao lado da empresa do pai,
cujo imóvel era também do pai. Maria e Antônio se apoderaram do estoque da empresa do
pai, fazendo com que esta viesse a falir.
A esposa Odete, por sua vez, possuía uma loja de roupas administrada exclusivamente
por ela, que acabou falindo em decorrência de sua má gestão. Após a falência de sua
empresa, não vendo outra saída para se sustentar, Odete resolveu promover ação de
divórcio contra João, onde foram arrolados todos os bens do casal.
Durante o curso do divórcio, Antônio resolveu abrir uma nova empresa no mesmo
ramo da empresa de seu pai em uma cidade vizinha, direcionando parte do estoque de sua
empresa com Maria para a nova empresa.
Ocorre que na tramitação do processo de divórcio, João veio a falecer, ocasião em que
houve a necessidade de abrir o inventário judicial do mesmo.
Tendo em vista a grande litigiosidade existente entre as partes, o juízo nomeou um
inventariante judicial.
Com base no exposto acima, responda:
1. Uma vez que Odete não administra os bens do espólio, serão devidos à ela
alimentos? Quem os pagará?
R:. De acordo com o art. 1694 do CC, Odete poderá receber alimentos dos herdeiros do
decujos, de acordo com a possibilidade de cada um, desde que comprove a impossibilidade
de prover seu próprio sustento.

2. O inventariante judicial é obrigado a prestar contas?


R:. De acordo com o art. 991, VII do CPC, incumbe ao inventariante prestar contas de sua
gestão ao deixar o cargo ou sempre que o juiz determinar.
3. Havendo irregularidades legais nas empresas do espólio, como deve proceder o
inventariante judicial?
R:. Caso o inventariante judicial veja irregularidades ele tomar as medidas cabíveis para
regularizar a situação tais como:
1- Consultar um advogado especializado.
2- Notificar as partes interessadas: O inventariante deve comunicar as irregularidades aos
demais herdeiros, bem como aos órgãos competentes, como a Receita Federal ou outras
autoridades fiscais, se necessário.
3- Realizar auditoria ou investigação interna.
4- Buscar soluções judiciais: Se as irregularidades forem graves e não puderem ser
resolvidas de maneira consensual, o inventariante pode recorrer ao Poder Judiciário e
apresentar uma ação judicial para buscar a reparação dos danos, a responsabilização dos
responsáveis pelas irregularidades e a proteção dos interesses do espólio e dos herdeiros.

4. São devidos honorários ao administrador judicial? Quem estabelece o valor?


R:. De acordo com o art. 1987 do Código Cível, se um administrador judicial for nomeado
pelo tribunal para auxiliar na administração do processo de sucessão, ele terá direito a
receber honorários por seus serviços. Esses honorários podem ser fixados pelo próprio
tribunal ou, em alguns casos, podem ser calculados com base em critérios estabelecidos
pela legislação, como um percentual do valor total do espólio ou uma remuneração horária,
variando de 1% a 5% do valor do inventário.

5. Como deverá ocorrer a divisão do patrimônio?


R:. Ocorrerá a sucessão legitima como dispõe o art. 1829 do Código Civil, a menos que
haja testamento ou codicilo em contrário, sendo Odete declarada indigna por agredir o autor
da herança, art. 1814 do Código Civil.

6. Na qualidade de advogado da herdeira Marcela, quais bens você postularia para


sua cliente?
R:. Como advogado da herdeira Marcela, o correto seria postular a inclusão no inventário
de todos os bens do espólio, incluindo as casas, terrenos, veículos, caminhões, maquinários
e demais bens que compõem o patrimônio deixado por João. Além disso, pleitearia a
investigação e a responsabilização pelos prejuízos causados pela má administração e
apropriação indevida de estoque da empresa administrada por parte de Maria e Antônio,
buscando a reparação dos danos causados ao espólio e, consequentemente, aos demais
herdeiros.

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