Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução À Análise de Demonstrativos Financeiros
Introdução À Análise de Demonstrativos Financeiros
PROPÓSITO
Compreender o processo de análise dos principais demonstrativos contábeis para o subsídio
das decisões tomadas pelos diversos usuários dessas informações, como, por exemplo,
investidores, analistas de investimento e credores.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o estudo do conteúdo deste tema, tenha em mãos recursos computacionais
com acesso a planilhas eletrônicas (Excel) e calculadora para que seja possível efetuar o
cálculo dos indicadores utilizados para o desenvolvimento da análise dos demonstrativos
financeiros.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
MÓDULO 4
Também apresentaremos o uso da análise horizontal e vertical. Ela é muito importante, pois
permite a mensuração da relevância das principais contas patrimoniais e de resultado das
empresas, bem como a identificação de suas variações intertemporais.
Por fim, o domínio das técnicas de análise de demonstrativos financeiros é fundamental para o
entendimento de diversos assuntos em finanças corporativas. Entre eles, podemos citar o
orçamento de capital, a gestão do capital de giro e a estrutura de capital.
MÓDULO 1
A ANÁLISE DE DEMONSTRATIVOS
FINANCEIROS, APLICAÇÕES E SEUS
PRINCIPAIS USUÁRIOS
No dia a dia das atividades corporativas e no mercado financeiro, analistas e gestores
necessitam, em diversas situações, de informações financeiras para embasar suas conclusões
e tomadas de decisão.
Como exemplo, temos o caso dos investidores no mercado de capitais. Eles têm a dura tarefa
de escolher ações para compor seu portifólio de investimentos. Para tanto, buscam entender o
potencial de lucratividade das empresas nas quais pretendem alocar recursos.
Captação de recursos;
Concessão de crédito a clientes.
Nesse sentido, é fundamental ter acesso a dados contábeis produzidos com qualidade
(fidedignos à realidade vivida pelas corporações) que sejam provenientes dos demonstrativos
financeiros das empresas:
ETAPA 01
Balanço patrimonial (BP)
ETAPA 02
Demonstração de resultado de exercício (DRE)
ETAPA 03
Demonstração do fluxo de caixa (DFC).
IMPORTANTE
É no tratamento das informações dos demonstrativos financeiros que são aplicadas as técnicas
de análise de demonstrativos financeiros. A figura abaixo sintetiza o processo de transformação
de dados contábeis provenientes desses demonstrativos em informações úteis para análise e
tomada de decisão.
Esta figura mostra que os dados do balanço patrimonial (BP), do demonstrativo de resultados
(DRE) e do demonstrativo de fluxo de caixa são os insumos a serem estudados na análise dos
demonstrativos. Desse estudo, sairão as informações para a futura tomada de decisão.
FERRAMENTAS E PRINCIPAIS
INDICADORES UTILIZADOS NA ANÁLISE DE
DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS
O primeiro e mais tradicional tipo de análise de demonstrativos financeiros é a análise
horizontal e vertical. Ela permite um rápido entendimento da situação econômico-financeira das
empresas e o levantamento dos “pontos de atenção” que deverão ser explorados em maior
profundidade em análises posteriores.
A vertical denota a relevância da conta — o peso relativo — no demonstrativo analisado.
Os principais interessados na lucratividade das empresas são os sócios, que desejam entender
se os recursos aportados estão rendendo adequadamente. Em termos práticos, isso poderia
ser efetuado pela comparação com o custo do capital próprio (também chamado de taxa
mínima de atratividade ou custo de oportunidade).
Entre os principais indicadores utilizados nessa tarefa, podemos citar os índices de retorno, as
margens de lucro e o giro dos recursos investidos.
Contemporaneamente, muitos analistas vêm utilizando indicadores que visam a calcular o lucro
econômico, estimando o quanto o lucro contábil supera os encargos financeiros dos recursos
investidos na empresa.
Além dos sócios das empresas, outros agentes — como credores e analistas de risco de
crédito — também se interessam pelo diagnóstico da rentabilidade e da situação econômica.
Relação entre a dívida de curto prazo e a total: auxilia na mensuração da relevância das
dívidas contidas no passivo circulante da empresa;
Os lucros antes de juros e impostos (LAJI) e aqueles antes de juros, impostos, depreciação e
amortização (LAJIDA) são, respectivamente, índices que medem a eficiência produtiva de uma
empresa, a capacidade de geração de caixa de sua atividade-fim e o potencial competitivo do
negócio em relação aos seus concorrentes.
Esses dois tipos de lucros também são bastante conhecidos pelos nomes em inglês: earning
before interests, taxes, depreciation and amortization (EBITDA) e earning before interests and
taxes (EBIT).
Além dos gestores e credores das empresas, outros grandes interessados nesses índices de
risco de inadimplência e endividamento são as agências de rating. Elas analisam o risco de
crédito corporativo atribuindo notas às empresas, que, por sua vez, auxiliam o mercado na
determinação das taxas de juros aplicadas sobre empréstimos e financiamentos.
Os principais indicadores usados nessa tarefa são os índices de liquidez, os prazos médios dos
componentes do ativo e passivo circulante, os ciclos operacional e financeiro e os indicadores
de capital de giro.
Esse ferramental tem aplicação direta na gestão financeira corporativa, dando suporte ao
estudo e à definição de políticas comerciais (compra e venda) e de estoques, visando a garantir
níveis adequados de liquidez para as empresas.
Ele também pode ser utilizado para a análise de crédito de curto prazo tanto por instituições
financeiras (financiamento do capital de giro) quanto pelas próprias empresas para concessão
de crédito aos seus clientes.
Indicadores de
Indicadores da Indicadores de risco de
rentabilidade e análise
situação financeira de inadimplência e
do desempenho
curto prazo endividamento
econômico
É comum o “uso cruzado” de algumas técnicas, mesmo com a aplicação dos indicadores da
tabela acima. Isso vai depender muito do grau de interdependência:
COMENTÁRIO
Considerando seu caráter introdutório, este texto não pretende detalhar o uso desses
indicadores, limitando-se às análises horizontal e vertical.
USUÁRIOS DA ANÁLISE DE
DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS
Conforme enunciamos nos parágrafos anteriores, a análise de demonstrativos financeiros é de
interesse de diversos agentes no meio corporativo e no mercado financeiro. Entre eles,
podemos destacar:
Fonte: SFIO CRACHO /shutterstock
Investidores
Gestores de empresas
Usam a análise de demonstrativos financeiros para embasar decisões corporativas, como, por
exemplo, investimento em projetos, tomada de recursos (dívida ou capital próprio), concessão
de crédito aos seus clientes e definição de políticas de compra e estoque;
Fonte: SFIO CRACHO /shutterstock
Reguladores
IMPORTANTE
No caso de pequenas empresas, cabe ressaltar que a obtenção de informações para análise
pode se tornar mais complexa que obtida em empresas de grande porte, como, por exemplo,
as SAs cotadas em bolsas de valores. Isso ocorre pelo fato de, muitas vezes, elas estarem
preocupadas unicamente em efetuar registros contábeis com o intuito de efetuar o
levantamento de impostos.
É importante observar que existem situações específicas em empresas cujo foco não está
voltado para a análise de demonstrativos com os fins descritos neste módulo. Conheceremos
algumas delas a seguir:
Empresas de auditoria financeira têm como objetivo em suas atividades o exame dos
demonstrativos contábeis. Elas buscam emitir opinião sobre a fidedignidade da situação
patrimonial, financeira e contábil do auditado, bem como a verificação de conformidade e a de
prevenção e detecção de fraude. A análise para a tomada de decisões não é seu objetivo.
Fonte: Flamingo Images /Shutterstock
Consumidores não corporativos (de forma distinta dos clientes corporativos, que possuem
maior grau de dependência de seus fornecedores) não têm, em geral, interesse no
entendimento da situação econômico-financeira das empresas produtoras dos produtos ou
serviços que consomem.
Organizações não governamentais e funcionários comuns das empresas (desde que não sejam
gestores de orçamento ou não tenham interesse no entendimento do desempenho da
companhia) não são usuários frequentes da análise de demonstrativos financeiros.
APLICAÇÕES E USUÁRIOS DA ANÁLISE DE
DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS
Neste vídeo, versaremos um pouco sobre o tópico Usuários da análise de demonstrativos
financeiros e suas aplicações.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
GABARITO
MÓDULO 2
O BALANÇO PATRIMONIAL
Antes de apresentarmos e discutirmos as técnicas de análise de demonstrativos financeiros, é
fundamental conhecermos a matéria-prima de nosso trabalho: os próprios demonstrativos
financeiros.
Mais especificamente, vamos nos dedicar a compreender as características dos principais
documentos contábeis utilizados nesse processo:
Demonstração de resultado do exercício (DRE)
Demonstração do fluxo de caixa (DFC)
Vamos nos restringir à exploração da estrutura desses demonstrativos sem nos preocuparmos
com os procedimentos contábeis utilizados em suas confecções, já que eles seriam próprios e
adequados a um curso introdutório sobre fundamentos da contabilidade.
Ativo Passivo
Estoques Salários
Outros Outros
Imobilizado Outros
Intangível
Patrimônio líquido
Capital social
Reserva de lucros
O BP é uma apresentação:
1
Estática, porque não descreve as movimentações que determinaram os saldos das contas
patrimoniais da empresa;
Ordenada, pois as contas no ativo são organizadas por ordem de liquidez (conversibilidade em
dinheiro), enquanto as do passivo o são por ordem de exigibilidade;
Em uma data, que pode ser o final de um ano (31/12), de um trimestre ou de determinado mês
(disponível geralmente em relatórios internos das empresas).
O BP é dividido em dois grandes grupos: ativo e passivo. Eles, por sua vez, são subdivididos
em subgrupos de contas conforme suas características e o prazo de maturação.
Fonte: Bakhtiar Zein /shutterstock
O ATIVO CIRCULANTE
O ativo circulante (AC) é composto tanto por recursos disponíveis — caixa, bancos e aplicações
financeiras de curto prazo — quanto por bens e direitos cuja empresa pretenda converter em
dinheiro em prazo inferior a um ano da data de fechamento do BP.
COMENTÁRIO
Como exemplo, suponha que uma empresa possua um saldo de R$500 mil em sua conta
Clientes no BP fechado em 31/12/20X1. Isso significa que os recebíveis contidos nessa conta
têm prazo de vencimento igual ou inferior a 31/12/20X2.
Além de disponibilidades e clientes, uma conta que geralmente possui relevância no AC é a dos
estoques. Outras contas comumente encontradas nele são os adiantamentos a fornecedores e
os impostos a recuperar.
Fonte: s_oleg/Shutterstock
Contas que possuem pouca relevância (baixo valor) e não se enquadram nas demais descritas
anteriormente são, em geral, sumarizadas na conta Outros ativos circulantes. O quadro a seguir
apresenta um resumo das características das contas que compõem o ativo circulante:
Um segundo grupo do ativo é o ativo não circulante (ANC), que consiste nas aplicações de
recursos de longo prazo da empresa.
COMENTÁRIO
Na contabilidade, ativos de longo prazo são aqueles que se espera transformar em dinheiro no
prazo superior a um ano ou que não haja um prazo definido para sua realização.
Investimentos
Imobilizado
Intangível
O realizável a longo prazo (RLP) contém, em geral, direitos com vencimento superior a um ano
ou, por prudência, indica que a empresa não deve contar com o recebimento já no exercício
seguinte.
EXEMPLO
Recebíveis de clientes com prazo de vencimento superior a 12 meses provenientes de vendas
parceladas e financiadas pela própria empresa, assim como os empréstimos concedidos a
executivos da companhia que, por prudência, mesmo que o prazo estabelecido para restituição
seja inferior a um ano, são alocados no RLP.
EXEMPLO
Alternativamente, quando a empresa conta com imóveis sendo utilizados em suas atividades
operacionais, eles são classificados em outro grupo de contas: o imobilizado.
Uma característica importante dos itens do imobilizado é que, em geral, eles sofrem
depreciação. Esse fenômeno consiste em um artifício contábil que visa a reduzir
gradativamente o valor dos ativos tangíveis da empresa, buscando, com isso, evidenciar sua
degradação ou envelhecimento – e consequente perda valor.
A depreciação também é lançada como despesa na DRE, embora não constitua saída de caixa
(dispêndio). Os prazos de depreciação de ativos são determinados pela Receita Federal. Cabe
observar que as regras contábeis postulam que os terrenos de propriedade das empresas não
podem ser depreciados.
O quarto e último grupo do ANC é o intangível, que é um grupo de contas que abarca os ativos
não corpóreos de posse da empresa, ainda que eles — direta ou indiretamente — agreguem no
desenvolvimento de suas atividades.
EXEMPLO
Marcas que as organizações adquirem de outras empresas, sendo utilizadas para identificar
produtos e auxiliar no processo de comercialização, além do valor pago em licenças para
funcionamento, direitos de uso de ativos, softwares e valores pagos na aquisição de franquias.
É importante observar que, dada a natureza não corpórea dos ativos intangíveis, a
contabilidade trabalha com regras rígidas com o objetivo de evitar ilusões relativas aos valores
registrados nos balanços.
EXEMPLO
Graças ao conservadorismo no registo do valor de marcas, elas somente podem ser “ativadas”
(lançadas no ativo) quando compradas. Portanto, não é possível efetuar o registro contábil do
valor daquelas geradas pela própria empresa.
Por fim, vale destacar que diversos componentes do intangível são amortizados ao longo do
tempo, o que constitui um processo similar ao da depreciação de bens corpóreos do
imobilizado e investimentos (cujo prazo também é determinado pela Receita Federal).
O quadro a seguir apresenta um resumo das características das contas que compõem o ativo
não circulante:
O PASSIVO CIRCULANTE
O passivo circulante (PC) consiste nas obrigações de curto prazo das empresas. Fazem parte
desse grupo contas, como, por exemplo, fornecedores, impostos a pagar, salários e obrigações
trabalhistas, empréstimos e financiamentos, dividendos a pagar e adiamento de clientes.
COMENTÁRIO
Na realidade, o nome de todas aquelas que integram o PC pode ser seguido do termo “a
pagar”, o que muitas vezes é efetuado para diferenciá-las das contas de resultado homônimas
que constam na DRE.
Pagamentos futuros a fornecedores referentes a pedidos efetuados e ainda não recebidos pela
empresa não são registrados nessa conta. O quadro a seguir expõe um resumo das
características das contas que compõem o passivo circulante:
De forma análoga à do RLP, o passivo não circulante (PNC) consiste nas obrigações de longo
prazo das empresas, ou seja, aquelas que possuem vencimento posterior a um ano da data de
encerramento do BP.
EXEMPLO
Imagine uma empresa que, em dezembro do exercício anterior (dezembro de 20X1), tenha
contraído um empréstimo com pagamento futuro em 36 meses.
As 12 primeiras parcelas do principal serão amortizadas no ano seguinte (vencimento em 20X2)
e constarão no PC no BP fechado em 20X1, enquanto as demais parcelas (as 24 restantes)
ficarão no PNC (vencimento a partir de 20X3).
IMPORTANTE
Fonte: eggeegg/Shutterstock
O PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Conceitualmente, ele diz respeito à informação dos recursos alocados pelos sócios (acionistas
nas SAs e cotistas nas limitadas) na empresa.
Juntando as duas informações, podemos afirmar que o montante de recursos registrado no PL
seria uma previsão de quanto os sócios receberiam ao final de um exercício contábil.
Isso seria possível na hipótese de encerramento das atividades da empresa e da liquidação dos
ativos e passivos exigíveis pelo valor registrado na contabilidade. Os principais componentes
do PL são:
O CAPITAL SOCIAL
O capital social consiste nos recursos aportados na empresa pelos sócios no ato da
constituição da sociedade ou em momentos posteriores.
AS AÇÕES EM TESOURARIA
As ações em tesouraria indicam o registro de valores pagos na compra de ações da própria
empresa no mercado. Quando ela adquire uma ação de outra companhia, ocorre a
contabilização de recursos que saíram das disponibilidades e simultaneamente o registro dos
valores pagos nas ações da conta Investimentos no ANC. Quando a empresa adquire as
próprias ações no mercado, o processo é diferente. No lugar do lançamento das ações no ANC,
ele é efetuado no PL como uma conta redutora (valores negativos), correspondendo a uma
saída de recursos para os sócios. Em muitos casos, as ações em tesouraria são posteriormente
canceladas.
O quadro a seguir contém um resumo das características das contas que compõem o
patrimônio líquido.
Capital social — registro dos recursos aportados pelos sócios da empresa em sua
constituição ou em aportes posteriores;
Reservas de lucro — lucros gerados pela empresa que ainda não foram distribuídos aos
sócios;
Reservas de capital — valores aportados por sócios na empresa que excederam o valor
patrimonial das ações registrado no capital social;
1.399.900 786.398
2.812.680 1.966.115
1.275.873 795.035
2.812.680 1.966.115
B) Exigibilidade
C) Prudência
D) Realização da receita
E) Continuidade
GABARITO
O patrimônio líquido pode ser obtido pela diferença do ativo total (circulante e não circulante) e
o passível exigível da empresa (circulante e não circulante). A diferença entre o ativo e o
passivo circulante nos leva ao conhecimento do capital de giro líquido da empresa. A diferença
entre o ativo total (ativos circulante e não circulante) e o passivo não circulante não geram
nenhum indicador específico ou de interesse na análise. Isso também vale para a diferença
entre o ativo não circulante e o passivo não circulante da empresa.
A DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO
EXERCÍCIO E A DO FLUXO DE CAIXA
Neste módulo, discutiremos as características de outros dois importantes demonstrativos — as
demonstrações de resultado e do fluxo de caixa — fundamentais para o entendimento do
desempenho econômico (lucro) e financeiro (caixa) gerado a cada exercício contábil.
A DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO
EXERCÍCIO
Receita bruta
(-) Custo dos produtos, mercadorias ou serviços vendidos (CPV, CMV ou CSV)
A primeira conta da DRE é a da receita bruta, também chamada de receita bruta de vendas. Ela
consiste no montante das vendas efetuadas na empresa em determinado período.
IMPORTANTE
Muitas vezes, outras áreas da empresa (como, por exemplo, a área comercial) denominam
pedidos feitos por clientes (e ainda não entregues) como vendas. Mas eles não podem ser
considerados assim pela contabilidade antes da consumação da entrega.
Dessa forma, é fundamental entender a diferença entre receitas e recebimentos (e, de forma
análoga, despesas e pagamentos).
Receitas são apuradas pelo regime de competência, sendo registradas quando as vendas são
efetuadas, enquanto recebimentos o são pelo regime de caixa, ou seja, quando os recursos das
vendas são incorporados às disponibilidades da empresa.
O tipo de tributo que será deduzido das receitas da empresa dependerá da sua atividade.
Fonte: autor/shutterstock
Empresas que atuam no ramo de comércio e indústrias geralmente pagam o ICMS sobre suas
vendas...
Fonte: autor/shutterstock
Enquanto as organizações da área de serviços arcam com o ISS.
Além do ICMS, diversas atividades industriais sofrem a incidência do IPI sobre suas vendas.
O quadro seguinte sumariza os principais tipos de tributos apurados sobre o faturamento das
empresas:
IPI — imposto sobre os produtos industrializados. Ele incide tanto nos produtos nacionais
quanto nos importados, sendo um imposto de esfera federal e arrecado pelo Tesouro
Nacional;
ISS — imposto sobre serviços de qualquer natureza, exceto para as atividades nas quais
incide o ICMS. Ele é da esfera municipal;
PIS e COFINS — são siglas de dois tipos de tributos referentes a programas sociais do
Governo Federal: o Programa de Integração Social e o Contribuição para Financiamento
da Seguridade Social. Essas contribuições incidem sobre a receita das empresas, exceto
as microempresas e empresas de pequeno porte, que contribuem pelo Simples Nacional;
Quadro 12: Principais tipos de tributos apurados sobre a receita bruta de vendas.
A terceira linha da DRE é a da receita líquida, que é composta pela diferença entre a receita
bruta e as deduções da receita. Na análise dos demonstrativos financeiros, essa receita possui
um papel especial, sendo utilizada pelos analistas como base para o cálculo das margens de
lucro e na análise vertical da DRE.
1
De forma geral, a receita líquida é considerada mais adequada para comparações entre
negócios devido a possíveis distinções tributárias entre as empresas analisadas e eventuais
distorções ocasionadas por devoluções de vendas.
Na sequência da receita líquida, temos o custo das vendas, podendo ser identificado como
custo dos produtos, mercadorias ou serviços vendidos (CPV, CMV ou CSV).
4
5
O custo dos serviços vendidos (CSV) é registrado no caso de empresas prestadoras de serviço
e compreende todos os gastos efetuados na execução dos serviços realizados e faturados pela
organização em determinado período, como, por exemplo:
No caso de uma escola, por exemplo, fazem parte do CSV o salário dos professores, o aluguel
dos espaços de aula, o custo da intranet acadêmica, a energia gasta no espaço acadêmico, a
depreciação dos computadores e outros utensílios utilizados no ambiente de aula.
Este quadro resume os principais conceitos associados aos tipos de custos sobre as vendas
das empresas:
CSV — o custo dos serviços vendidos se refere aos gastos efetuados na execução
daqueles realizados e faturados pela organização em determinado período. É pertinente
a empresas prestadoras de serviços.
Na sequência do custo das vendas, temos a apuração do lucro bruto (também chamado de
resultado bruto), que consiste na diferença entre a receita líquida e o CPV, CMV ou CSV,
dependendo da atividade da empresa.
Em geral, a fim de gerar comparabilidade com outros negócios, analistas financeiros calculam a
razão entre o lucro bruto e a receita líquida para o conhecimento da margem bruta em termos
percentuais.
Empresas com maiores margens brutas que companhias comparáveis atuando no mesmo
segmento e efetuando atividades similares demonstram, em geral, maior habilidade para
promover o markup de seus produtos e mercadorias e/ou maior eficiência na gestão de seus
custos de vendas.
Abaixo do lucro bruto, são registradas as despesas administrativas e comerciais,
compreendendo todos os gastos operacionais da empresa que não foram computados nos
custos de vendas.
MARKUP
ETAPA 01
Salários pagos aos colaboradores das áreas administrativas e comerciais;
ETAPA 02
Energia usada fora da área de produção;
ETAPA 03
Aluguéis do espaço alocado às áreas administrativas;
ETAPA 04
Gastos com marketing e comercialização;
ETAPA 05
Depreciação de equipamentos e móveis utilizados pelo staff administrativo.
IMPORTANTE
Além das receitas de vendas habituais, em alguns casos, as empresas registram outras
receitas operacionais. Entre elas, podemos destacar as receitas de equivalência patrimonial e
de ajuste ao valor de mercado, além de aluguéis recebidos e reversão de provisão para
devedores duvidosos.
Resta agora abater os gastos com financiamentos com terceiros e impostos (imposto de renda
e contribuição social) antes da apuração do resultado líquido para os acionistas (lucro líquido).
Outro tipo de lucro derivado do LAJI bastante cobiçado pelos analistas é o lucro antes dos
juros, impostos, depreciação e amortização (LAJIDA).
Cabe observar que tanto o LAJI como o LAJIDA são componentes de vários indicadores, como
margens de lucro, índices de cobertura e apuração do lucro econômico.
O LAJIDA pode ser obtido a partir do LAJI pela adição das despesas de depreciação e
amortização registradas no CPV (ou CSV) e nas despesas administrativas e comerciais.
Após a obtenção do LAJI, são registradas na DRE tanto as despesas financeiras relativas aos
juros pagos aos credores das empresas (empréstimos e financiamentos) quanto as receitas
financeiras referentes aos juros recebidos em aplicações financeiras.
Normalmente, essas informações são sumarizadas em uma única linha da DRE que
corresponde às despesas financeiras líquidas (quando o valor das despesas financeiras supera
o das receitas financeiras) ou às receitas financeiras líquidas (quando o inverso acontece).
Este quadro detalha as fórmulas para cálculo das receitas e despesas financeiras líquidas:
Os dois tributos são de esfera federal e correspondem, em geral (na hipótese de a empresa ser
optante do regime tributário do lucro real), a 34% do LAI (25% referente ao IR e 9% a CS).
No caso de a empresa possuir em seu ativo circulante impostos a recuperar, poderá haver,
conforme regras definidas pela Receita Federal, uma redução no pagamento dos valores de IR
& CS apurados no período.
Parcela do resultado que ficará à disposição dos sócios para retirada da empresa (pagamento
de dividendos) ou reinvestimento (sendo alocada transitoriamente nas reservas de lucros e
futuramente transferida para o capital social).
20X2 20X1
A DFC se trata de um documento que busca explicar a movimentação dos itens que
influenciaram na variação do saldo das disponibilidades do fim de um exercício para outro.
Exemplificando, o DFC de 20X1 detalha as movimentações que promoveram a evolução do
saldo disponível de 20X0 para 20X1.
Existem dois métodos distintos para a apuração do fluxo de caixa: o direto e o indireto. A
diferença primordial é que:
No direto, são projetados recebimentos e pagamentos (regime de caixa) no lugar das receitas e
despesas (regime de competência)...
Enquanto, no indireto, ambas são preservadas no cálculo do fluxo e o ajuste de competência
para caixa é efetuado pela variação de capital de giro.
Fluxo de caixa
O modelo de DFC apresentado neste quadro compõe uma estrutura típica do método direto no
qual se computam as entradas e saídas de caixa distribuídas em três tipos de atividades:
operacionais, de investimento e de financiamento.
O quadro a seguir apresenta o DFC dos anos de 20X1 e 20X2 da Fábrica de Embalagens:
PRINCÍPIO DE COMPETÊNCIA E
REALIZAÇÃO DA RECEITA
Neste vídeo, o especialista no tópico ressalta a importância dos princípios de competência para
a construção da demonstração de resultado e a montagem do fluxo de caixa.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
B) No método indireto o ajuste de competência para caixa é efetuado pelo artifício da variação
do capital de giro.
D) No método direto o ajuste de caixa para competência é efetuado pela variação do capital de
giro, permitindo a apuração do resultado.
GABARITO
1. Uma das informações mais cotejadas na DRE é o lucro antes dos juros e impostos
(LAJI), que revela o lucro da empresa após considerar todos os custos e despesas
operacionais. Além do LAJI, outro tipo de lucro de grande interesse é o LAJIDA que
consiste no:
LAJIDA é uma sigla que significa lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização.
Para sua obtenção, basta somar ao LAJI a depreciação e amortização dos itens do ANC. As
despesas administrativas são contempladas no cálculo tanto no caso do LAJI como no do
LAJIDA. As dívidas e suas amortizações (pagamento do principal de empréstimos e
financiamentos) não são contas de resultado nem estão presentes na DRE. A amortização
referente ao LAJIDA é aquela dos itens do ativo intangível, conceito distinto da amortização de
dívidas.
Enquanto, no método direto, o ajuste de competência para caixa é efetuado pela troca (no
cálculo do fluxo) de receitas e despesas por recebimentos e pagamentos, no método indireto, o
mesmo efeito é obtido pelo uso da variação do capital de giro.
MÓDULO 4
EXEMPLO
Tomemos o valor das receitas líquidas de venda da Fábrica de Embalagens nos anos 20X1 e
20X2. Como podemos observar no quadro 16, as receitas líquidas em 20X1 foram de R$
1.307.053 enquanto elas, em 20X2, apresentaram um valor de R$ 1.430.723.
Para aplicarmos a análise horizontal, basta dividirmos o valor do ano 20X2 pelo de 20X1,
subtraindo, na sequência, 1 e multiplicando o resultado por 100 para convertê-lo em percentual.
O quadro a seguir demonstra o uso da análise horizontal nas receitas líquidas da Fábrica de
Embalagens:
Em conjunto com os índices apurados para as outras contas da DRE, esse resultado nos
auxiliará a entender a evolução da situação econômico-financeira da empresa. O procedimento
para execução da análise horizontal no BP e na DFC é análogo ao da DRE.
Enquanto a análise horizontal nos permite entender a evolução temporal das contas da
empresa, a vertical nos indica o percentual relativo de uma conta (ou grupo de contas).
EXEMPLO
Vejamos o valor do lucro líquido da Fábrica de Embalagens em 20X1 a fim de compará-lo com
as receitas líquidas do mesmo período para a obtenção do índice correspondente à análise
vertical.
Como podemos observar no quadro a seguir, o lucro líquido de 20X1 foi de R$58.518. Este
quadro demonstra o uso da análise vertical para a obtenção do peso relativo do lucro líquido da
Fábrica de Embalagens no ano de 20X1:
Agora que vimos como são feitos os cálculos necessários para a obtenção dos índices da
análise horizontal e vertical, demonstraremos sua aplicação em todas as contas de BP (ativo e
passivo) e DRE da Fábrica de Embalagens.
Realizável a
79,1% 2,7% 74.835 2,1% 41.793
longo prazo
Passivo
Horizontal Vertical 20x2 Vertical 20x1
circulante
Empréstimos e
58,0% 33,1% 932.193 30,0% 590.178
financiamentos
Patrimônio
36,5% 31,7% 890.433 33,2% 652.395
líquido
Receita bruta
9,6% 129,0% 1.845.338 128,9% 1.684.410
das vendas
(-) Impostos
sobre vendas 9,9% -29,0% -141.615 -28,9% -377.358
e devoluções
(=) Receita
líquida de 9,5% 100,0% 1.430.723 100,0% 1.307.053
vendas
(=) Lucro
-25,6% 10,3% 146.995 15,1% 197.508
bruto
(-) Despesas
com vendas e 26,8% -5,2% -74.163 -4,5% -58.465
administrativas
(+) Outras
receitas 1799,8% 2,0% 27.975 0,1% 1.473
operacionais
(=) Lucro
antes dos
juros e -28,3% 7,0% 100.808 10,8% 140.515
impostos
(LAJI)
(-) Despesas
financeiras 26,7% -4,6% -65.145 -3,9% -51.398
líquidas
(=) Lucro
antes dos
-60,0% 2,5% 35.663 6,8% 89.118
impostos
(LAI)
No último quadro, enquanto as receitas líquidas cresceram 9,5% do ano 20X1 para 20X2, o
lucro líquido apresentou uma queda de 57,3% no mesmo período.
Essa diminuição foi motivada pelo aumento de 15,7% do CPV e de aproximadamente 27% das
despesas tanto com vendas e administrativas quanto as financeiras líquidas (taxas superiores à
taxa do crescimento das receitas).
2
A análise vertical aponta que o principal fator para a queda da lucratividade da empresa foi o
aumento do CPV devido a seu peso (84,9% da receita líquida). Para isso, basta fazer uma
comparação com os 4,5% e 3,9% das despesas com vendas e administrativas e despesas
financeiras líquidas, respectivamente.
A análise do quadro 20 nos permite observar que as contas “estoques” e “clientes” cresceram a
taxas de 135,9% e 70,7%, índices bastante superiores à média do ativo (43,1%).
Considerando que a conta “clientes” é uma função direta do volume de vendas e do prazo
médio de recebimentos, é de se supor que a Fábrica de Embalagens está concedendo mais
prazo de pagamento para seus clientes. Afinal, suas vendas somente aumentaram 9,6%.
Da mesma forma, é possível inferir que a empresa está passando por dificuldades em girar
seus estoques. Afinal, deve-se considerar que eles variam em função do volume de vendas
(que não aumentou muito de um período para outro) e do prazo médio de estoques.
6
7
Ainda no quadro 20, pode-se observar que, em 20X2, a empresa investiu em ativos
imobilizados (aumento de 17,6%), o que pode significar que ela estivesse ampliando sua
capacidade produtiva.
No mesmo ano, o patrimônio líquido correspondia a 33,2%. Isso nos permite constatar que a
empresa é bastante alavancada financeiramente (possuindo um alto nível de endividamento em
relação ao capital dos acionistas), o que pode influenciar em seu risco de inadimplência.
É possível observar pela análise horizontal que a empresa aumentou seu volume de dívidas
(empréstimos e financiamentos) tanto no curto (aumento de 58%) quanto no longo prazo
(aumento de 24,6%).
10
11
Por fim, o quadro 23 apresenta a aplicação da análise horizontal e vertical nos anos 20X1 e
20X2 da DFC da Fábrica de Embalagens.
12
O primeiro ponto a ser observado é que a última linha do DFC — fluxo de caixa — do ano 20X2
apresenta um valor de R$241.490. Este número corresponde à variação do saldo das
disponibilidades dos anos de 20X1 para 20X2 registrados na penúltima linha do DFC (quadro
23), assim como nas primeiras linhas do quadro 20.
Esses saldos negativos foram compensados pelo caixa proveniente das atividades de
financiamento no valor R$682.778 (40,77% dos recebimentos de 20X2), possibilitando o
aumento das disponibilidades na ordem de R$241.490.
Das Atividades
Operacionais:
(+) Recebimentos
4,50% 100,00% 1.674.818 100,00% 1.602.725
de Clientes
(-) Pagamentos
-0,95% -70,68% -1.183.818 -74,57% -1.195.138
de Fornecedores
(-) Pagamentos
de Despesas e 45,86% -29,87% -500.286 -21,40% -342995
Impostos
(-) Pagamento de
Despesas 26,75% -3,89% -65.145 -3,21% -51.398
Financeiras
Das Atividades
de Investimento:
Das Atividades
de
Financiamento:
(-) Pagamento de
Empréstimos e 130,85% -35,24% -590.178 -15,95% -255.654
Financiamentos
(+) Entrada de
Novos
314,52% 63,28% 1.059.883 15,95% 255.687
Empréstimos e
Financiamentos
(+) Integralização
108,19% 12,72% 213.073 6,39% 102.345
de Capital
Fluxo de Caixa (I
239,57% 14,42% 241.491 4,44% 71.116
+ II + III)
Disponibilidades 583.465 341.975
Variação das
241.490 -
Disponibilidades
A) O total do ativo.
C) A receita líquida.
E) A receita bruta.
A) 142,3%
B) 70,3%
C) 29,7%
D) 42,3%
E) 21,3%
GABARITO
A base para a determinação do peso da análise vertical na DRE é a receita líquida; no DFC, o
recebimento das vendas; e, no BP, o total do ativo ou do passivo. O lucro líquido do exercício e
o lucro antes dos juros e impostos não se aplicam como base para o cálculo da análise vertical.
O total do ativo não faz parte da DRE, não sendo aplicável para o caso em questão. Alguns
autores preferem utilizar a receita bruta de vendas como base para a análise vertical, porém o
mais habitual é o emprego da receita líquida.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, discutimos os pontos fundamentais da análise de demonstrativos financeiros. No
módulo 1, conhecemos os principais objetivos, as aplicações, as ferramentas e os usuários da
análise de demonstrativos financeiros. No módulo seguinte, foi a vez de examinarmos os
elementos presentes no balanço patrimonial, identificando suas características fundamentais e
os princípios que regem sua estruturação.
Ao longo deste tema, portanto, abordamos o processo de transformação dos dados contábeis
em informações úteis para a tomada de decisão, destacando ainda a utilização dessas técnicas
no meio corporativo e no mercado financeiro, além de apontarmos os principais usuários da
análise. Nesse contexto, foram apresentados e detalhados os itens dos principais
demonstrativos financeiros: o balaço patrimonial, a demonstração de resultado do exercício e a
demonstração do fluxo de caixa.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços — um enfoque econômico-financeiro. 11.
ed. São Paulo: Atlas, 2015.
IUDÍCIBUS, S. de. Análise de balanços. 11. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2017.
PEREZ JR, J. H. Elaboração e análise das demonstrações financeiras. 5. ed. São Paulo:
Atlas, 2015.
RIBEIRO, O. M. Estrutura e análise de balanços fácil. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
EXPLORE+
CONTEUDISTA
Luiz Ozorio
CURRÍCULO LATTES