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DESCRIÇÃO

Visão geral do processo de análise de demonstrativos financeiros, além de seus principais


usuários e aplicações.

PROPÓSITO
Compreender o processo de análise dos principais demonstrativos contábeis para o subsídio
das decisões tomadas pelos diversos usuários dessas informações, como, por exemplo,
investidores, analistas de investimento e credores.

PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o estudo do conteúdo deste tema, tenha em mãos recursos computacionais
com acesso a planilhas eletrônicas (Excel) e calculadora para que seja possível efetuar o
cálculo dos indicadores utilizados para o desenvolvimento da análise dos demonstrativos
financeiros.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Descrever os principais objetivos, as aplicações, as ferramentas e os usuários da análise de


demonstrativos financeiros

MÓDULO 2

Distinguir os componentes do balanço patrimonial e os princípios de sua estruturação

MÓDULO 3

Identificar as contas componentes da demonstração de resultado do exercício e do


demonstrativo do fluxo de caixa

MÓDULO 4

Empregar a análise horizontal e vertical no balanço patrimonial dos principais demonstrativos


financeiros da empresa
INTRODUÇÃO
Neste tema, abordaremos conceitos fundamentais relativos à análise econômico-financeira de
empresas, apontando, nesse contexto, seus usuários. Além disso, discutiremos suas aplicações
e as características dos principais demonstrativos financeiros: o balanço patrimonial, a
demonstração do resultado do exercício e a demonstração do fluxo de caixa.

Também apresentaremos o uso da análise horizontal e vertical. Ela é muito importante, pois
permite a mensuração da relevância das principais contas patrimoniais e de resultado das
empresas, bem como a identificação de suas variações intertemporais.

O uso das técnicas de análise de demonstrativos financeiros é de interesse de diversos


agentes em diversas situações de seu cotidiano profissional:

Investidores e analistas de mercado de capitais na busca de oportunidades de


investimento;

Instituições financeiras e analistas de crédito na concessão de crédito corporativo;

Gestores de empresas na análise dos resultados de suas empresas e de outros parceiros


de sua cadeia de valor;

Agências reguladoras e outros órgãos governamentais na fiscalização de participantes do


mercado.

Por fim, o domínio das técnicas de análise de demonstrativos financeiros é fundamental para o
entendimento de diversos assuntos em finanças corporativas. Entre eles, podemos citar o
orçamento de capital, a gestão do capital de giro e a estrutura de capital.

MÓDULO 1

 Descrever os principais objetivos, as aplicações, as ferramentas e os usuários da análise de


demonstrativos financeiros
Fonte: PopTika / Shutterstock

A ANÁLISE DE DEMONSTRATIVOS
FINANCEIROS, APLICAÇÕES E SEUS
PRINCIPAIS USUÁRIOS
No dia a dia das atividades corporativas e no mercado financeiro, analistas e gestores
necessitam, em diversas situações, de informações financeiras para embasar suas conclusões
e tomadas de decisão.

Como exemplo, temos o caso dos investidores no mercado de capitais. Eles têm a dura tarefa
de escolher ações para compor seu portifólio de investimentos. Para tanto, buscam entender o
potencial de lucratividade das empresas nas quais pretendem alocar recursos.

Da mesma forma que os investidores no mercado de capitais, os próprios gestores das


corporações precisam tomar decisões empresariais que carecem de embasamento financeiro.
Podemos citar como exemplos:

Investimentos em novos projetos;


Captação de recursos;

Concessão de crédito a clientes.

Fonte: echoevg / Shutterstock

Nesse sentido, é fundamental ter acesso a dados contábeis produzidos com qualidade
(fidedignos à realidade vivida pelas corporações) que sejam provenientes dos demonstrativos
financeiros das empresas:

ETAPA 01
Balanço patrimonial (BP)

ETAPA 02
Demonstração de resultado de exercício (DRE)

ETAPA 03
Demonstração do fluxo de caixa (DFC).

 IMPORTANTE

No entanto, cabe observar que as informações advindas dos demonstrativos financeiros


geralmente requerem um tratamento. A partir dele, é possível haver a efetuação de análises
mais completas e aprofundadas, para que possam ser utilizadas no suporte à tomada de
decisão.

É no tratamento das informações dos demonstrativos financeiros que são aplicadas as técnicas
de análise de demonstrativos financeiros. A figura abaixo sintetiza o processo de transformação
de dados contábeis provenientes desses demonstrativos em informações úteis para análise e
tomada de decisão.

Fonte: YDUQS, 2020


 O processo da análise de demonstrativos financeiros.

Esta figura mostra que os dados do balanço patrimonial (BP), do demonstrativo de resultados
(DRE) e do demonstrativo de fluxo de caixa são os insumos a serem estudados na análise dos
demonstrativos. Desse estudo, sairão as informações para a futura tomada de decisão.

FERRAMENTAS E PRINCIPAIS
INDICADORES UTILIZADOS NA ANÁLISE DE
DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS
O primeiro e mais tradicional tipo de análise de demonstrativos financeiros é a análise
horizontal e vertical. Ela permite um rápido entendimento da situação econômico-financeira das
empresas e o levantamento dos “pontos de atenção” que deverão ser explorados em maior
profundidade em análises posteriores.

Enquanto a análise horizontal demonstra a evolução histórica de uma conta ou grupo de


contas...


A vertical denota a relevância da conta — o peso relativo — no demonstrativo analisado.

Além da análise horizontal e vertical, são sugeridos, na literatura sobre finanças e


contabilidade, uma infinidade de indicadores utilizados para a análise de demonstrativos
financeiros. De forma geral, é possível categorizá-los em três grupos principais:

INDICADORES DE RENTABILIDADE E ANÁLISE DO


DESEMPENHO ECONÔMICO DAS EMPRESAS
Os indicadores de rentabilidade e análise do desempenho econômico das empresas são
usados para o entendimento da capacidade das companhias gerarem lucro e remunerarem os
investidores.

Os principais interessados na lucratividade das empresas são os sócios, que desejam entender
se os recursos aportados estão rendendo adequadamente. Em termos práticos, isso poderia
ser efetuado pela comparação com o custo do capital próprio (também chamado de taxa
mínima de atratividade ou custo de oportunidade).

Entre os principais indicadores utilizados nessa tarefa, podemos citar os índices de retorno, as
margens de lucro e o giro dos recursos investidos.

Contemporaneamente, muitos analistas vêm utilizando indicadores que visam a calcular o lucro
econômico, estimando o quanto o lucro contábil supera os encargos financeiros dos recursos
investidos na empresa.

Além dos sócios das empresas, outros agentes — como credores e analistas de risco de
crédito — também se interessam pelo diagnóstico da rentabilidade e da situação econômica.

Várias pesquisas apontam a habilidade preditiva desses indicadores no que tange à


capacidade de as empresas honrarem seus compromissos com terceiros no longo prazo.

INDICADORES DE ENDIVIDAMENTO E ANÁLISE DO


RISCO DE INADIMPLÊNCIA
Os indicadores de risco de inadimplência e endividamento são bastante utilizados no mercado
para o diagnóstico da estrutura de capital e do nível de alavancagem das empresas. Eles têm
como principais usuários os próprios gestores das corporações e os emprestadores
(debenturistas e bancos).
De forma prática, essa análise busca informar se as empresas estão muito ou pouco
endividadas e qual é sua probabilidade de calote (risco de inadimplência ou de crédito).

Entre os principais índices de risco de inadimplência e endividamento, temos:

Relação entre a dívida e o patrimônio líquido: indica a proporção de recursos de sócios e


terceiros na empresa;

Relação entre a dívida de curto prazo e a total: auxilia na mensuração da relevância das
dívidas contidas no passivo circulante da empresa;

Índices de cobertura de juros e de dívida: relacionam o volume de obrigações com


credores (juros e principal dívida);

Geração de caixa operacional das empresas (LAJI e LAJIDA):

Os lucros antes de juros e impostos (LAJI) e aqueles antes de juros, impostos, depreciação e
amortização (LAJIDA) são, respectivamente, índices que medem a eficiência produtiva de uma
empresa, a capacidade de geração de caixa de sua atividade-fim e o potencial competitivo do
negócio em relação aos seus concorrentes.

Esses dois tipos de lucros também são bastante conhecidos pelos nomes em inglês: earning
before interests, taxes, depreciation and amortization (EBITDA) e earning before interests and
taxes (EBIT).

Além dos gestores e credores das empresas, outros grandes interessados nesses índices de
risco de inadimplência e endividamento são as agências de rating. Elas analisam o risco de
crédito corporativo atribuindo notas às empresas, que, por sua vez, auxiliam o mercado na
determinação das taxas de juros aplicadas sobre empréstimos e financiamentos.

INDICADORES DA SITUAÇÃO FINANCEIRA DE CURTO


PRAZO
Os indicadores da situação financeira de curto prazo são bastante utilizados no mercado para o
diagnóstico da capacidade de as empresas honrarem seus compromissos com terceiros. Além
disso, eles dimensionam as necessidades de recursos para financiamento das atividades
operacionais de curto prazo.

Os principais indicadores usados nessa tarefa são os índices de liquidez, os prazos médios dos
componentes do ativo e passivo circulante, os ciclos operacional e financeiro e os indicadores
de capital de giro.

Esse ferramental tem aplicação direta na gestão financeira corporativa, dando suporte ao
estudo e à definição de políticas comerciais (compra e venda) e de estoques, visando a garantir
níveis adequados de liquidez para as empresas.

Ele também pode ser utilizado para a análise de crédito de curto prazo tanto por instituições
financeiras (financiamento do capital de giro) quanto pelas próprias empresas para concessão
de crédito aos seus clientes.

A tabela abaixo apresenta, de forma resumida, os principais tipos de indicadores utilizados na


análise de demonstrativos financeiros e aponta suas funções.

Indicadores de
Indicadores da Indicadores de risco de
rentabilidade e análise
situação financeira de inadimplência e
do desempenho
curto prazo endividamento
econômico

Índices de retorno; Índices de


liquidez;
Índices de
Margens de lucro;
endividamento;
Prazos médios e
Giro dos ciclos;
Índices de cobertura
investimentos;
de juros e dívida.
Indicadores de
Lucro econômico. capital de giro.

Função: auxiliam no Função: auxiliam no Função: auxiliam no


entendimento da diagnóstico da diagnóstico da estrutura
capacidade de as capacidade de a de capital e nível de
companhias gerarem lucro empresa honrar com alavancagem das
e remunerarem os seus compromissos de empresas.
investidores. curto prazo.

 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal

Quadro 1: Principais indicadores da análise de demonstrativos financeiros.

É comum o “uso cruzado” de algumas técnicas, mesmo com a aplicação dos indicadores da
tabela acima. Isso vai depender muito do grau de interdependência:

Da situação econômica (capacidade de geração de retorno dos capitais investidos);

Da situação financeira de curto prazo (capacidade de honrar com os compromissos);

Do risco de inadimplência e endividamento (capacidade de pagamento dos credores e


risco de calote das dívidas).

 COMENTÁRIO

Considerando seu caráter introdutório, este texto não pretende detalhar o uso desses
indicadores, limitando-se às análises horizontal e vertical.

USUÁRIOS DA ANÁLISE DE
DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS
Conforme enunciamos nos parágrafos anteriores, a análise de demonstrativos financeiros é de
interesse de diversos agentes no meio corporativo e no mercado financeiro. Entre eles,
podemos destacar:
Fonte: SFIO CRACHO /shutterstock

Investidores

Sócios e acionistas utilizam a análise de demonstrativos financeiros de empresas para


acompanhar a lucratividade e avaliar o risco dos seus investimentos;

Fonte: everything possible /shutterstock

Analistas de valores mobiliários


Empregam a análise de demonstrativos financeiros para embasar projeções de resultado e
tecer avaliações sobre os preços (cotações) das ações no mercado de ações;

Fonte: fizkes /shutterstock

Gestores de empresas

Usam a análise de demonstrativos financeiros para embasar decisões corporativas, como, por
exemplo, investimento em projetos, tomada de recursos (dívida ou capital próprio), concessão
de crédito aos seus clientes e definição de políticas de compra e estoque;
Fonte: SFIO CRACHO /shutterstock

Bancos e outros tipos de credores

Bancos (comerciais, de fomento e de investimento) e debenturistas utilizam a análise de


demonstrativos financeiros para avaliar a concessão de crédito às empresas e determinar as
taxas de juros cobradas em suas operações;

Fonte: everything possible /shutterstock


Agências de rating

Empregam a análise de demonstrativos para avaliar e classificar o risco de crédito das


empresas, consistindo na probabilidade de inadimplência das dívidas das corporações
(informação usada por credores na concessão de crédito);

Fonte: fizkes /shutterstock

Reguladores

Usam a análise de demonstrativos para acompanhar o desempenho de empresas em


mercados regulados, visando a estabelecer tarifas justas (para empresas e seus clientes) e
zelar pelo bom desempenho delas na prestação de seus serviços.

 IMPORTANTE

No caso de pequenas empresas, cabe ressaltar que a obtenção de informações para análise
pode se tornar mais complexa que obtida em empresas de grande porte, como, por exemplo,
as SAs cotadas em bolsas de valores. Isso ocorre pelo fato de, muitas vezes, elas estarem
preocupadas unicamente em efetuar registros contábeis com o intuito de efetuar o
levantamento de impostos.
É importante observar que existem situações específicas em empresas cujo foco não está
voltado para a análise de demonstrativos com os fins descritos neste módulo. Conheceremos
algumas delas a seguir:

Fonte: Mr. Whiskey /Shutterstock

Empresas de auditoria financeira têm como objetivo em suas atividades o exame dos
demonstrativos contábeis. Elas buscam emitir opinião sobre a fidedignidade da situação
patrimonial, financeira e contábil do auditado, bem como a verificação de conformidade e a de
prevenção e detecção de fraude. A análise para a tomada de decisões não é seu objetivo.
Fonte: Flamingo Images /Shutterstock

Analistas técnicos, também conhecidos como grafistas, embasam suas decisões de


investimento em ações pela análise dos gráficos de cotações das ações no tempo, não se
fundamentando na análise dos demonstrativos financeiros.

Fonte: Budimir Jevtic /Shutterstock

Consumidores não corporativos (de forma distinta dos clientes corporativos, que possuem
maior grau de dependência de seus fornecedores) não têm, em geral, interesse no
entendimento da situação econômico-financeira das empresas produtoras dos produtos ou
serviços que consomem.

Fonte: dotshock /Shutterstock

Organizações não governamentais e funcionários comuns das empresas (desde que não sejam
gestores de orçamento ou não tenham interesse no entendimento do desempenho da
companhia) não são usuários frequentes da análise de demonstrativos financeiros.
APLICAÇÕES E USUÁRIOS DA ANÁLISE DE
DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS
Neste vídeo, versaremos um pouco sobre o tópico Usuários da análise de demonstrativos
financeiros e suas aplicações.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. PODEMOS AFIRMAR QUE AS PRINCIPAIS FERRAMENTAS UTILIZADAS


NA ANÁLISE DE DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS SÃO:

A) Análise da estrutura de negócios e da capacidade de geração de lucro da empresa.

B) Análise de Indicadores (rentabilidade, situação financeira, risco de inadimplência e


endividamento) e a análise horizontal e vertical.

C) Análise do capital de giro, do posicionamento estratégico e auditoria das demonstrações


financeiras.

D) Análise da estrutura de capital, orçamento empresarial e da estratégia de negócios da


empresa.

E) Análise do orçamento empresarial e do capital de giro e auditoria das demonstrações


financeiras.
2. A ANÁLISE DE DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS POSSUI DIVERSAS
APLICAÇÕES E USUÁRIOS. A ALTERNATIVA QUE MELHOR DESCREVE O
GRUPO DE USUÁRIOS TÍPICOS DESSA METODOLOGIA SERIA:

A) Bancos comerciais, empresas de auditoria financeira, agências classificadoras de risco


(rating), agências reguladoras, gestores corporativos e organizações não governamentais
(ONGs).

B) Agências reguladoras, empregados das empresas, analistas do mercado de ações, bancos


comerciais, organizações não governamentais (ONGs) e analistas de crédito.

C) Agências classificadoras de risco (rating), reguladores, bancos de investimento, investidores


no mercado de capitais, gestores corporativos e analistas do mercado de ações.

D) Analistas técnicos (grafistas), agências classificadoras de risco (rating), agências


reguladoras, bancos de fomento, consumidores não corporativos e analistas do mercado de
ações.

E) Bancos comerciais, analistas técnicos (grafistas), entidades de classe, organizações não


governamentais (ONGs) e analistas de crédito.

GABARITO

1. Podemos afirmar que as principais ferramentas utilizadas na análise de


demonstrativos financeiros são:

A alternativa "B " está correta.

As principais ferramentas da análise de demonstrativos financeiros são a análise horizontal e


vertical e a de indicadores de rentabilidade e análise do desempenho econômico,
endividamento e risco de inadimplência e situação financeira de curto prazo. As análises de
estrutura de negócios, do posicionamento estratégico e da estratégia da empresa não são
relacionadas à análise de demonstrativos financeiros. O orçamento empresarial e a auditoria
dos demonstrativos financeiros, apesar de estarem relacionados às finanças corporativas, têm
escopo distinto ao da análise de demonstrativos.

2. A análise de demonstrativos financeiros possui diversas aplicações e usuários. A


alternativa que melhor descreve o grupo de usuários típicos dessa metodologia seria:
A alternativa "C " está correta.

Os principais usuários da análise de demonstrativos financeiros são os investidores no mercado


de ações, os analistas de mercado de capitais, os gestores das empresas, os bancos
comerciais, de fomento e de investimento, as agências de rating e as agências reguladoras.
Empresas de auditoria financeira, analistas técnicos (também conhecidos como grafistas),
consumidores não corporativos, organizações não governamentais e funcionários comuns das
empresas não têm como foco a análise de demonstrativos financeiros.

MÓDULO 2

 Distinguir os componentes do balanço patrimonial e os princípios de sua estruturação

Fonte: s_oleg / Shutterstock

O BALANÇO PATRIMONIAL
Antes de apresentarmos e discutirmos as técnicas de análise de demonstrativos financeiros, é
fundamental conhecermos a matéria-prima de nosso trabalho: os próprios demonstrativos
financeiros.
Mais especificamente, vamos nos dedicar a compreender as características dos principais
documentos contábeis utilizados nesse processo:

Balanço patrimonial (BP)


Demonstração de resultado do exercício (DRE)


Demonstração do fluxo de caixa (DFC)

Vamos nos restringir à exploração da estrutura desses demonstrativos sem nos preocuparmos
com os procedimentos contábeis utilizados em suas confecções, já que eles seriam próprios e
adequados a um curso introdutório sobre fundamentos da contabilidade.

O PRIMEIRO DEMONSTRATIVO QUE


APRESENTAREMOS É O BALANÇO PATRIMONIAL
(BP). ELE CONSISTE EM UMA APRESENTAÇÃO
ESTÁTICA, ORDENADA E RESUMIDA DE TODAS
CONTAS PATRIMONIAIS — BENS, DIREITOS E
OBRIGAÇÕES — DE UMA EMPRESA EM
DETERMINADA DATA. O QUADRO A SEGUIR
APRESENTA A ESTRUTURA TÍPICA DE UM BP:

Ativo Passivo

Ativo circulante Passivo circulante

Disponibilidades Empréstimos e financiamentos


Clientes Fornecedores e contas a pagar

Estoques Salários

Adiantamento a fornecedores Impostos

Impostos a recuperar Dividendos

Outros Outros

Ativo não circulante

Passivo não circulante


Realizável a longo prazo

Investimentos Empréstimos e financiamentos

Imobilizado Outros

Intangível

Patrimônio líquido

Capital social

Reserva de lucros

 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal

Quadro 2: Estrutura típica de um balanço patrimonial.

O BP é uma apresentação:
1

Estática, porque não descreve as movimentações que determinaram os saldos das contas
patrimoniais da empresa;

Ordenada, pois as contas no ativo são organizadas por ordem de liquidez (conversibilidade em
dinheiro), enquanto as do passivo o são por ordem de exigibilidade;

Resumida, já que o BP não apresenta o detalhamento das contas patrimoniais exibidas de


forma sumarizada;

Em uma data, que pode ser o final de um ano (31/12), de um trimestre ou de determinado mês
(disponível geralmente em relatórios internos das empresas).

O BP é dividido em dois grandes grupos: ativo e passivo. Eles, por sua vez, são subdivididos
em subgrupos de contas conforme suas características e o prazo de maturação.
Fonte: Bakhtiar Zein /shutterstock

O ativo é composto das aplicações de recursos da empresa (bens e direitos)...

Fonte: Bakhtiar Zein /shutterstock


Enquanto o passivo o é das fontes de recursos da companhia (obrigações com sócios e
terceiros).

O ATIVO CIRCULANTE

O ativo circulante (AC) é composto tanto por recursos disponíveis — caixa, bancos e aplicações
financeiras de curto prazo — quanto por bens e direitos cuja empresa pretenda converter em
dinheiro em prazo inferior a um ano da data de fechamento do BP.

 COMENTÁRIO

Como exemplo, suponha que uma empresa possua um saldo de R$500 mil em sua conta
Clientes no BP fechado em 31/12/20X1. Isso significa que os recebíveis contidos nessa conta
têm prazo de vencimento igual ou inferior a 31/12/20X2.

Além de disponibilidades e clientes, uma conta que geralmente possui relevância no AC é a dos
estoques. Outras contas comumente encontradas nele são os adiantamentos a fornecedores e
os impostos a recuperar.

Fonte: s_oleg/Shutterstock
Contas que possuem pouca relevância (baixo valor) e não se enquadram nas demais descritas
anteriormente são, em geral, sumarizadas na conta Outros ativos circulantes. O quadro a seguir
apresenta um resumo das características das contas que compõem o ativo circulante:

Componentes do ativo circulante:

Disponível — caixa, bancos e aplicações financeiras de curto prazo. Em geral, as


aplicações financeiras que constam do ativo circulante se referem a investimentos em
renda fixa com baixo risco e alta liquidez;

Clientes — recebíveis, como duplicatas a receber e cartões de crédito, relativos ao


financiamento de vendas efetuadas a prazo pela empresa com vencimento inferior a um
ano;

Estoques — em empresas comerciais, referem-se às mercadorias registradas a preço de


custo (valor pago na aquisição delas). Em indústrias — dependendo da fase no processo
produtivo —, os estoques podem ser classificados como matéria-prima (ou insumo),
produto em processo ou produto acabado;

Adiantamento a fornecedores — recursos transferidos a fornecedores antecipadamente


à entrega de produtos adquiridos com a expectativa de compensação (mediante entrega
futura) em prazo inferior a um ano da data de fechamento do balanço;

Impostos a recuperar — trata-se daqueles pagos na compra de mercadorias e insumos


que serão recuperados (deduzidos) quando a empresa apurar os impostos a recolher
referentes à venda de seus produtos ou revender as mercadorias previamente
adquiridas.

 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal

Quadro 3: Características das contas do ativo circulante.


O ATIVO NÃO CIRCULANTE

Um segundo grupo do ativo é o ativo não circulante (ANC), que consiste nas aplicações de
recursos de longo prazo da empresa.

 COMENTÁRIO

Na contabilidade, ativos de longo prazo são aqueles que se espera transformar em dinheiro no
prazo superior a um ano ou que não haja um prazo definido para sua realização.

O ANC é composto por quatro grupos de contas:

Realizável a longo prazo


Investimentos


Imobilizado


Intangível

O realizável a longo prazo (RLP) contém, em geral, direitos com vencimento superior a um ano
ou, por prudência, indica que a empresa não deve contar com o recebimento já no exercício
seguinte.

 EXEMPLO
Recebíveis de clientes com prazo de vencimento superior a 12 meses provenientes de vendas
parceladas e financiadas pela própria empresa, assim como os empréstimos concedidos a
executivos da companhia que, por prudência, mesmo que o prazo estabelecido para restituição
seja inferior a um ano, são alocados no RLP.

Em geral, o realizável a longo prazo é um grupo de pouca expressão no BP das empresas.

Os investimentos no ANC consistem em bens e direitos que a empresa possua em caráter


permanente (sem prazo definido para realização), buscando gerar rendimentos, ainda que não
sejam utilizados em suas atividades normais.

 EXEMPLO

Ações ou participações de outras empresas. Caso a empresa possua a propriedade de imóveis


e terrenos que não estejam sendo utilizados em suas operações, eles também são
classificados como investimentos.

Alternativamente, quando a empresa conta com imóveis sendo utilizados em suas atividades
operacionais, eles são classificados em outro grupo de contas: o imobilizado.

No imobilizado de uma empresa, constam todos os ativos de caráter permanente empregados


na produção de mercadorias e serviços que a companhia comercializa no mercado.

Fonte: leolintang /Shutterstock


 EXEMPLO

Edificações (utilizadas para abarcar as operações da empresa), máquinas, móveis, veículos e


infraestrutura de informática.

Uma característica importante dos itens do imobilizado é que, em geral, eles sofrem
depreciação. Esse fenômeno consiste em um artifício contábil que visa a reduzir
gradativamente o valor dos ativos tangíveis da empresa, buscando, com isso, evidenciar sua
degradação ou envelhecimento – e consequente perda valor.

A depreciação também é lançada como despesa na DRE, embora não constitua saída de caixa
(dispêndio). Os prazos de depreciação de ativos são determinados pela Receita Federal. Cabe
observar que as regras contábeis postulam que os terrenos de propriedade das empresas não
podem ser depreciados.

Fonte: Jo Galvao /Shutterstock

O quarto e último grupo do ANC é o intangível, que é um grupo de contas que abarca os ativos
não corpóreos de posse da empresa, ainda que eles — direta ou indiretamente — agreguem no
desenvolvimento de suas atividades.

 EXEMPLO
Marcas que as organizações adquirem de outras empresas, sendo utilizadas para identificar
produtos e auxiliar no processo de comercialização, além do valor pago em licenças para
funcionamento, direitos de uso de ativos, softwares e valores pagos na aquisição de franquias.

É importante observar que, dada a natureza não corpórea dos ativos intangíveis, a
contabilidade trabalha com regras rígidas com o objetivo de evitar ilusões relativas aos valores
registrados nos balanços.

 EXEMPLO

Graças ao conservadorismo no registo do valor de marcas, elas somente podem ser “ativadas”
(lançadas no ativo) quando compradas. Portanto, não é possível efetuar o registro contábil do
valor daquelas geradas pela própria empresa.

Por fim, vale destacar que diversos componentes do intangível são amortizados ao longo do
tempo, o que constitui um processo similar ao da depreciação de bens corpóreos do
imobilizado e investimentos (cujo prazo também é determinado pela Receita Federal).

O quadro a seguir apresenta um resumo das características das contas que compõem o ativo
não circulante:

Componentes do ativo não circulante:

Realizável a longo prazo — clientes e outros recebíveis com prazo de recebimento


superior a um ano ou nos casos em que houver incerteza no prazo de recebimento de
contas que originalmente constariam do AC. É o caso, por exemplo, de empréstimos
efetuados a diretores da empresa e depósitos judiciais;

Investimentos — ações e participações em outras empresas, obras de arte, imóveis e


terrenos de propriedade da organização que estejam alugados para terceiros ou
simplesmente não sejam utilizados nas suas operações;

Imobilizado — imóveis, terrenos, máquinas, móveis, veículos, infraestrutura de


informática e outros bens corpóreos de propriedade da empresa que sejam empregados
em suas atividades. Em geral, os itens do imobilizado sofrem depreciação ao longo do
tempo de acordo com prazos definidos pela Receita Federal (uma das exceções seriam
os terrenos, pois eles não têm depreciação);

Intangível — marcas, patentes, licenças de funcionamento, softwares, direitos de uso de


propriedade e outros bens não corpóreos que contribuam direta ou indiretamente para o
desenvolvimento das atividades da empresa. Somente o valor das marcas compradas
pela organização pode ser registrado no intangível. O valor daquelas criadas pela
empresa não pode ser “ativado”. De forma análoga à depreciação aplicada nos ativos de
longo prazo corpóreos das empresas, os ativos intangíveis podem ser amortizados.

 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal

Quadro 4: Características das contas do ativo não circulante.

O PASSIVO CIRCULANTE

O passivo circulante (PC) consiste nas obrigações de curto prazo das empresas. Fazem parte
desse grupo contas, como, por exemplo, fornecedores, impostos a pagar, salários e obrigações
trabalhistas, empréstimos e financiamentos, dividendos a pagar e adiamento de clientes.

 COMENTÁRIO

Na realidade, o nome de todas aquelas que integram o PC pode ser seguido do termo “a
pagar”, o que muitas vezes é efetuado para diferenciá-las das contas de resultado homônimas
que constam na DRE.

De forma similar ao verificado no AC, as contas que compõem o PC possuem prazo de


vencimento inferior a um ano da data de fechamento do BP. Cabe ressaltar que não constam
no PC lançamentos associados a perspectivas de atividades futuras.

Somente são registrados fatos e eventos econômico-financeiros já concretizados pela empresa.


Como exemplo, peguemos a conta Fornecedores. Nela, somente estão registradas as
obrigações já contraídas com os fornecedores de produtos ou mercadorias já recebidos pela
empresa.
Fonte: echoevg/Shutterstock

Pagamentos futuros a fornecedores referentes a pedidos efetuados e ainda não recebidos pela
empresa não são registrados nessa conta. O quadro a seguir expõe um resumo das
características das contas que compõem o passivo circulante:

Componentes do passivo circulante:

Empréstimos e financiamentos — valor do principal das dívidas contraídas com


bancos, debenturistas e outros tipos de credores. Em geral, os passivos registrados
nesse grupo são onerosos, isto é, incide sobre eles a cobrança de juros. Constam no PC
os empréstimos e o financiamento com prazo inferior a 12 meses do fechamento do BP;

Fornecedores — obrigações contraídas com fornecedores de mercadorias, insumos ou


serviços vendidos (entregues) ou prestados à empresa com data de pagamento inferior a
um ano da data de encerramento do BP. Em muitos BPs, essa conta pode ser
denominada como duplicatas a pagar;

Contas a pagar — contas de luz, telefone, internet e outras prestações de serviço


necessárias ao funcionamento das atividades operacionais da empresa;
Salários e provisões trabalhistas a pagar — consistem no compromisso futuro dos
salários que devem ser pagos aos colaboradores da empresa referente a períodos
passados (horas de trabalho já executadas). Neste grupo, também são lançados valores
referentes a férias e 13º salário já acumulados que sejam proporcionais ao tempo
trabalhado pelo colaborador na empresa;

Imposto de renda e outros tipos de tributos a pagar — obrigações relativas a imposto


de renda e contribuição, como ICMS, ISS, IPI, PIS e COFINS, além de outros tipos de
tributos já apurados pela empresa. Em geral, impostos em atraso são destacados em
contas separadas;

Dividendos a pagar — parcela do lucro líquido de exercícios anteriores destinada à


remuneração dos sócios da empresa.

 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal

Quadro 5: Características das contas do passivo circulante.

O PASSIVO NÃO CIRCULANTE

De forma análoga à do RLP, o passivo não circulante (PNC) consiste nas obrigações de longo
prazo das empresas, ou seja, aquelas que possuem vencimento posterior a um ano da data de
encerramento do BP.

O grupo de contas mais comum no PNC é o de empréstimos e financiamentos, que


compreende as dívidas (ou parcelas das dívidas) da empresa com bancos e debenturistas com
prazo superior a 12 meses.

 EXEMPLO

Imagine uma empresa que, em dezembro do exercício anterior (dezembro de 20X1), tenha
contraído um empréstimo com pagamento futuro em 36 meses.
As 12 primeiras parcelas do principal serão amortizadas no ano seguinte (vencimento em 20X2)
e constarão no PC no BP fechado em 20X1, enquanto as demais parcelas (as 24 restantes)
ficarão no PNC (vencimento a partir de 20X3).

 IMPORTANTE

O valor lançado nos empréstimos e financiamentos (tanto no PC como no PNC) sempre se


refere ao valor do principal da dívida e não inclui expectativa de juros referentes a períodos
futuros.

Também constam no PNC parcelamentos de impostos, fornecedores de longo prazo e


provisões, entre outras contas, com vencimento superior a um ano. O quadro a seguir
estabelece um resumo das características das contas que compõem o passivo não circulante.

Fonte: eggeegg/Shutterstock

Componentes do passivo não circulante:

Empréstimos e financiamentos — valor do principal das dívidas contraídas com


bancos, debenturistas e outros tipos de credores com prazo superior a um ano;
Fornecedores — obrigações contraídas com fornecedores de mercadorias, insumos ou
serviços vendidos (entregues) ou prestados à empresa com data de pagamento superior
a um ano da data de encerramento do BP;

Parcelamentos de tributos em atraso — impostos que não foram pagos no período


adequado e tiveram prazo de pagamento e valores renegociados com o governo;

Provisões para contingências — despesas relacionadas a valores financeiros que


ainda não foram desembolsados pela empresa referentes a fatos e eventos econômico-
financeiros já ocorridos em exercícios passados. Como exemplo disso, temos as
provisões para contingências trabalhistas que derivam da possibilidade de pagamentos
relacionadas a litígios com ex-funcionários da empresa que estejam sendo discutidos na
justiça do trabalho. As provisões para contingências têm contrapartida em despesas
lançadas na DRE e reduzem o lucro da empresa.

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Quadro 6: Características das contas do passivo não circulante.

O PATRIMÔNIO LÍQUIDO

O último grupo de contas que analisaremos do passivo e do próprio BP é o patrimônio líquido


(PL). Em termos práticos, ele pode ser apresentado de duas formas.

Matematicamente, o PL corresponde à diferença entre o conjunto de bens e direitos (contidos


no ativo) e as obrigações da empresa (contidas no PC e no PNC)...


Conceitualmente, ele diz respeito à informação dos recursos alocados pelos sócios (acionistas
nas SAs e cotistas nas limitadas) na empresa.
Juntando as duas informações, podemos afirmar que o montante de recursos registrado no PL
seria uma previsão de quanto os sócios receberiam ao final de um exercício contábil.

Isso seria possível na hipótese de encerramento das atividades da empresa e da liquidação dos
ativos e passivos exigíveis pelo valor registrado na contabilidade. Os principais componentes
do PL são:

O CAPITAL SOCIAL
O capital social consiste nos recursos aportados na empresa pelos sócios no ato da
constituição da sociedade ou em momentos posteriores.

Fonte: Freedomz /shutterstock

AS RESERVAS DE CAPITAL E DE LUCRO


As reservas de lucro são os lucros gerados pela empresa em períodos anteriores que ainda
não foram distribuídos aos sócios, enquanto as reservas de capital correspondem ao registro
de valores aportados por sócios na organização que excederam o valor patrimonial das ações
registrado no capital social.

Fonte: Freedomz /shutterstock

AS AÇÕES EM TESOURARIA
As ações em tesouraria indicam o registro de valores pagos na compra de ações da própria
empresa no mercado. Quando ela adquire uma ação de outra companhia, ocorre a
contabilização de recursos que saíram das disponibilidades e simultaneamente o registro dos
valores pagos nas ações da conta Investimentos no ANC. Quando a empresa adquire as
próprias ações no mercado, o processo é diferente. No lugar do lançamento das ações no ANC,
ele é efetuado no PL como uma conta redutora (valores negativos), correspondendo a uma
saída de recursos para os sócios. Em muitos casos, as ações em tesouraria são posteriormente
canceladas.

Fonte: Roman Samborskyi /shutterstock

OS AJUSTES DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL


Os ajustes de avaliação patrimonial consistem em correções de valores de ativos ou passivos
em relação ao seu valor justo.

Fonte: Freedomz /shutterstock

O quadro a seguir contém um resumo das características das contas que compõem o
patrimônio líquido.

Componentes do patrimônio líquido:

Capital social — registro dos recursos aportados pelos sócios da empresa em sua
constituição ou em aportes posteriores;
Reservas de lucro — lucros gerados pela empresa que ainda não foram distribuídos aos
sócios;

Reservas de capital — valores aportados por sócios na empresa que excederam o valor
patrimonial das ações registrado no capital social;

Ações em tesouraria — registro no PL (como conta redutora) de valores pagos na


compra de ações da própria empresa no mercado, correspondendo a uma saída de
recursos para os sócios;

Ajustes de avaliação patrimonial — correções de valores de ativos ou passivos em


relação ao seu valor justo.

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Quadro 7: Características das contas do patrimônio líquido.

PARA TERMOS UM MELHOR ENTENDIMENTO DO BP,


APRESENTAREMOS UM EXEMPLO DE UMA EMPRESA
FICTÍCIA SIMPLIFICADA: A FÁBRICA DE EMBALAGENS
S.A. POSTERIORMENTE, NO ÚLTIMO MÓDULO, ELE
SERÁ UTILIZADO NA APLICAÇÃO DA ANÁLISE
HORIZONTAL E VERTICAL.

Os quadros abaixo apresentam, respectivamente, os resultados apurados de dois anos (20X1 e


20X2) do ativo e do passivo da Fábrica de Embalagens.

Ativo circulante 20X2 20X1

Disponível 583.465 341.975


Clientes 325.355 137.898

Estoques 418.843 245.325

Outros 72.238 61.200

1.399.900 786.398

Realizável a longo prazo 74.835 41.793

Imobilizado 1.337.945 1.137.925

2.812.680 1.966.115

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Quadro 8: Ativo da Fábrica de Embalagens.

Passivo circulante 20X2 20X1

Empréstimos e financiamentos 932.193 590.178

Fornecedores 284.048 144.415

Impostos, salários e outros 59.633 60.443

1.275.873 795.035

Não circulante 646.375 518.685


Patrimônio líquido 890.433 652.395

2.812.680 1.966.115

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Quadro 9: Passivo da Fábrica de Embalagens.

ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL


Neste vídeo, falaremos de maneira mais detalhada sobre a estrutura do balanço patrimonial:
passivo (origens dos recursos) e ativo (investimento deles).
VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. UM DOS PRINCIPAIS ITENS DO BALANÇO PATRIMONIAL É O


PATRIMÔNIO LÍQUIDO, QUE REVELA A INFORMAÇÃO DO MONTANTE DE
RECURSOS ALOCADOS NA EMPRESA PERTENCENTES AOS SÓCIOS.
MATEMATICAMENTE, O PATRIMÔNIO LÍQUIDO PODE SER CALCULADO
PELA DIFERENÇA ENTRE:

A) O ativo circulante e o passivo circulante da empresa.

B) Os ativos circulante e não circulante e o passivo não circulante da empresa.

C) O ativo não circulante e o passivo não circulante da empresa.

D) O ativo total e o passivo exigível (circulante e não circulante) da empresa.

E) O passivo total e o ativo circulante.

2. O BALANÇO PATRIMONIAL CONSISTE NUMA APRESENTAÇÃO


ESTÁTICA, ORDENADA E RESUMIDA DE TODAS AS CONTAS
PATRIMONIAIS – BENS, DIREITOS E OBRIGAÇÕES – DE UMA EMPRESA,
NUMA DETERMINADA DATA. NESSE SENTIDO PODEMOS AFIRMAR QUE
O PRINCIPAL CRITÉRIO PARA ORDENAÇÃO DAS CONTAS DO ATIVO
SERIA A:
A) Liquidez

B) Exigibilidade

C) Prudência

D) Realização da receita

E) Continuidade

GABARITO

1. Um dos principais itens do balanço patrimonial é o patrimônio líquido, que revela a


informação do montante de recursos alocados na empresa pertencentes aos sócios.
Matematicamente, o patrimônio líquido pode ser calculado pela diferença entre:

A alternativa "D " está correta.

O patrimônio líquido pode ser obtido pela diferença do ativo total (circulante e não circulante) e
o passível exigível da empresa (circulante e não circulante). A diferença entre o ativo e o
passivo circulante nos leva ao conhecimento do capital de giro líquido da empresa. A diferença
entre o ativo total (ativos circulante e não circulante) e o passivo não circulante não geram
nenhum indicador específico ou de interesse na análise. Isso também vale para a diferença
entre o ativo não circulante e o passivo não circulante da empresa.

2. O Balanço Patrimonial consiste numa apresentação estática, ordenada e resumida de


todas as contas patrimoniais – bens, direitos e obrigações – de uma empresa, numa
determinada data. Nesse sentido podemos afirmar que o principal critério para
ordenação das contas do ativo seria a:

A alternativa "A " está correta.

O principal critério para ordenação do ativo é a liquidez, que consiste na conversibilidade em


dinheiro: prazo que se espera que determinada conta se transforme em caixa para empresa. A
exigibilidade é um conceito pertinente ao passivo. A prudência também é um critério que pode
ser usado para a classificação de contas entre os subgrupos do ativo ou passivo, mas é
secundária em relação à liquidez. A realização da receita é um princípio que não tem relação
com a ordenação das contas do ativo.
MÓDULO 3

 Identificar as contas componentes da demonstração de resultado do exercício e do


demonstrativo do fluxo de caixa

Fonte: Flamingo Images /Shutterstock

A DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO
EXERCÍCIO E A DO FLUXO DE CAIXA
Neste módulo, discutiremos as características de outros dois importantes demonstrativos — as
demonstrações de resultado e do fluxo de caixa — fundamentais para o entendimento do
desempenho econômico (lucro) e financeiro (caixa) gerado a cada exercício contábil.

A DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO
EXERCÍCIO

A demonstração de resultado do exercício (DRE) é um documento que apresenta, de forma


sumarizada, o montante movimentado nas contas de resultado da empresa — receitas, custos
e despesas — em determinado período (um ano, um trimestre ou um mês), evidenciando o
lucro líquido das atividades da companhia.
O quadro a seguir apresenta a estrutura típica de uma DRE:

Receita bruta

(-) Deduções da receita bruta

(=) Receita líquida

(-) Custo dos produtos, mercadorias ou serviços vendidos (CPV, CMV ou CSV)

(=) Lucro bruto

(-) Despesas administrativas e comerciais

(+) Outras receitas operacionais

(=) Lucro antes dos juros e impostos

(-) Despesas financeiras

(+) Receitas financeiras

(=) Lucro antes dos impostos (LAI)

(-) Imposto de renda e contribuição social (IR & CS)

(=) Lucro líquido

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Quadro 10: Estrutura típica de uma demonstração de resultado do exercício.

A primeira conta da DRE é a da receita bruta, também chamada de receita bruta de vendas. Ela
consiste no montante das vendas efetuadas na empresa em determinado período.
 IMPORTANTE

O conceito de venda na contabilidade implica a entrega de produtos, mercadorias ou serviços


vendidos pela empresa aos seus clientes (princípio da realização da receita).

Muitas vezes, outras áreas da empresa (como, por exemplo, a área comercial) denominam
pedidos feitos por clientes (e ainda não entregues) como vendas. Mas eles não podem ser
considerados assim pela contabilidade antes da consumação da entrega.

Fonte: Dean Drobot /Shutterstock

Outro princípio contábil relevante é o da competência, responsável pela determinação de que


as receitas de vendas (e os gastos a elas associados) devem ser registradas na DRE no
período em que elas são realizadas. Isso independe de quando ocorrem, de fato, os
recebimentos (ou pagamento dos valores gastos) dos valores vendidos.

Dessa forma, é fundamental entender a diferença entre receitas e recebimentos (e, de forma
análoga, despesas e pagamentos).

Receitas são apuradas pelo regime de competência, sendo registradas quando as vendas são
efetuadas, enquanto recebimentos o são pelo regime de caixa, ou seja, quando os recursos das
vendas são incorporados às disponibilidades da empresa.

O próximo quadro aponta os principais conceitos e princípios referentes à contabilização das


receitas:
Princípio da realização da receita — as receitas de vendas são consideradas
realizadas no momento da entrega do bem ou do serviço para o cliente;

Princípio da competência — determina que, independentemente de recebimento e


pagamento, as receitas e despesas devem ser atribuídas aos períodos de sua
ocorrência;

Regime de competência — modelo de apuração de resultado que segue o princípio da


competência para direcionar o período de lançamento das receitas e despesas. A DRE é
apurada seguindo o regime de competência;

Regime de caixa — modelo de apuração de resultado cujos lançamentos são efetuados


no período em que os recursos monetários (provenientes de recebimentos e
pagamentos) são movimentadas e geram impacto nas disponibilidades da empresa.

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Quadro 11: Princípios e conceitos contábeis relativos à contabilização das receitas.

A segunda linha da DRE se refere às deduções da receita bruta de vendas, consistindo


geralmente nos tributos apurados sobre o faturamento, como IPI, ICMS, ISS, PIS e COFINS, e
e as devoluções de vendas.

O tipo de tributo que será deduzido das receitas da empresa dependerá da sua atividade.
Fonte: autor/shutterstock

Empresas que atuam no ramo de comércio e indústrias geralmente pagam o ICMS sobre suas
vendas...

Fonte: autor/shutterstock
Enquanto as organizações da área de serviços arcam com o ISS.

Além do ICMS, diversas atividades industriais sofrem a incidência do IPI sobre suas vendas.

O quadro seguinte sumariza os principais tipos de tributos apurados sobre o faturamento das
empresas:

ICMS — imposto sobre circulação de mercadorias e prestação de serviços de transporte


interestadual e intermunicipal e comunicação. Cada estado tem o dever de definir a
alíquota e arrecadar os valores dos seus contribuintes;

IPI — imposto sobre os produtos industrializados. Ele incide tanto nos produtos nacionais
quanto nos importados, sendo um imposto de esfera federal e arrecado pelo Tesouro
Nacional;

ISS — imposto sobre serviços de qualquer natureza, exceto para as atividades nas quais
incide o ICMS. Ele é da esfera municipal;

PIS e COFINS — são siglas de dois tipos de tributos referentes a programas sociais do
Governo Federal: o Programa de Integração Social e o Contribuição para Financiamento
da Seguridade Social. Essas contribuições incidem sobre a receita das empresas, exceto
as microempresas e empresas de pequeno porte, que contribuem pelo Simples Nacional;

IE — o imposto de exportação (IE) é da esfera federal, sendo aplicado na venda de


produtos nacionais (ou nacionalizados) para o exterior.

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Quadro 12: Principais tipos de tributos apurados sobre a receita bruta de vendas.

A terceira linha da DRE é a da receita líquida, que é composta pela diferença entre a receita
bruta e as deduções da receita. Na análise dos demonstrativos financeiros, essa receita possui
um papel especial, sendo utilizada pelos analistas como base para o cálculo das margens de
lucro e na análise vertical da DRE.
1

De forma geral, a receita líquida é considerada mais adequada para comparações entre
negócios devido a possíveis distinções tributárias entre as empresas analisadas e eventuais
distorções ocasionadas por devoluções de vendas.

Na sequência da receita líquida, temos o custo das vendas, podendo ser identificado como
custo dos produtos, mercadorias ou serviços vendidos (CPV, CMV ou CSV).

O custo dos produtos vendidos (CPV) é registrado no caso de empresas industriais e


corresponde ao custo de fabricação dos produtos que a empresa vendeu em determinado
período. Em sua formação, são computados, entre outros itens, gastos com matéria-prima e
mão de obra da área fabril, além do custo com energia elétrica e depreciação das máquinas.
Não fazem parte do CPV gastos como os salários de colaboradores da área financeira ou a
energia utilizada pela área administrativa, que serão computados como despesas
administrativas e comerciais.

O custo das mercadorias vendidas (CMV) é registrado no caso de empresas comerciais e se


refere aos valores pagos aos fornecedores pelas mercadorias vendidas em determinado
período. Tanto o CMV como o CPV de um período correspondem à baixa dos estoques da
empresa no mesmo intervalo de tempo.

4
5

O custo dos serviços vendidos (CSV) é registrado no caso de empresas prestadoras de serviço
e compreende todos os gastos efetuados na execução dos serviços realizados e faturados pela
organização em determinado período, como, por exemplo:

Mão de obra utilizada no serviço;

Depreciação de equipamentos utilizados na prestação;

Outros gastos relativos ao tipo de serviço executado.

No caso de uma escola, por exemplo, fazem parte do CSV o salário dos professores, o aluguel
dos espaços de aula, o custo da intranet acadêmica, a energia gasta no espaço acadêmico, a
depreciação dos computadores e outros utensílios utilizados no ambiente de aula.

Gastos administrativos, como salários dos colaboradores do departamento de pessoal e da


secretária, geralmente não são computados no CSV, sendo lançados nas despesas
administrativas e comerciais.

Este quadro resume os principais conceitos associados aos tipos de custos sobre as vendas
das empresas:

CPV — o custo dos produtos vendidos mensura os gastos associados ao processo de


fabricação daqueles comercializados pela empresa em determinado período, como, por
exemplo, matéria-prima, mão de obra, gastos com energia e depreciação de máquinas. É
pertinente às empresas industriais.
CMV — o custo das mercadorias vendidas se refere ao custo de aquisição (pago aos
fornecedores da empresa) daquelas comercializados em determinado período. É
pertinente a empresas comerciais.

CSV — o custo dos serviços vendidos se refere aos gastos efetuados na execução
daqueles realizados e faturados pela organização em determinado período. É pertinente
a empresas prestadoras de serviços.

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Quadro 13: Tipos de custos sobre as vendas.

Na sequência do custo das vendas, temos a apuração do lucro bruto (também chamado de
resultado bruto), que consiste na diferença entre a receita líquida e o CPV, CMV ou CSV,
dependendo da atividade da empresa.

O LUCRO BRUTO É UM IMPORTANTE RESULTADO


PARA OS ANALISTAS FINANCEIROS POR REVELAR
QUANTO DOS RECURSOS FOI GERADO PELA
EMPRESA COM O PROPÓSITO DE SUPORTAR TANTO
AS DESPESAS DAS ÁREAS DE SUPORTE
ADMINISTRATIVO E COMERCIAL QUANTO AS
FINANCEIRAS REFERENTES A EMPRÉSTIMOS E
FINANCIAMENTOS CONTRAÍDOS PELA COMPANHIA.

Em geral, a fim de gerar comparabilidade com outros negócios, analistas financeiros calculam a
razão entre o lucro bruto e a receita líquida para o conhecimento da margem bruta em termos
percentuais.

Empresas com maiores margens brutas que companhias comparáveis atuando no mesmo
segmento e efetuando atividades similares demonstram, em geral, maior habilidade para
promover o markup de seus produtos e mercadorias e/ou maior eficiência na gestão de seus
custos de vendas.
Abaixo do lucro bruto, são registradas as despesas administrativas e comerciais,
compreendendo todos os gastos operacionais da empresa que não foram computados nos
custos de vendas.

Fazem parte desse grupo de contas:

MARKUP

Markup é a diferença entre o preço e o custo da mercadoria. A habilidade de promovê-lo


pode advir de estratégias bem sucedidas de vendas e marketing.

ETAPA 01
Salários pagos aos colaboradores das áreas administrativas e comerciais;

ETAPA 02
Energia usada fora da área de produção;

ETAPA 03
Aluguéis do espaço alocado às áreas administrativas;

ETAPA 04
Gastos com marketing e comercialização;

ETAPA 05
Depreciação de equipamentos e móveis utilizados pelo staff administrativo.

De forma similar ao que é aplicado nas receitas de vendas, as despesas administrativas e


comerciais são registradas seguindo o princípio da competência.
O quadro a seguir apresenta os componentes do grupo de contas que compõem as despesas
administrativas e comerciais:

Despesas com salários (não computados no CPV e no CSV);

Despesas de aluguéis (não referentes a atividade operacional da empresa);

Despesas com energia elétrica (não utilizada na confecção de produto ou prestação de


serviço);

Depreciação de equipamentos, móveis, imóveis, veículos e infraestrutura de informática


(de bens não associados ao processo produtivo);

Despesas de marketing e comercialização;

Despesas com advogados;

Despesas com transporte e estadia em viagens a serviço da empresa

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Quadro 14: Componentes das despesas administrativos e comerciais.

 IMPORTANTE

Além das receitas de vendas habituais, em alguns casos, as empresas registram outras
receitas operacionais. Entre elas, podemos destacar as receitas de equivalência patrimonial e
de ajuste ao valor de mercado, além de aluguéis recebidos e reversão de provisão para
devedores duvidosos.

Abatendo do lucro bruto as despesas administrativas e comerciais e acrescentando as outras


receitas operacionais, obtemos o lucro antes dos juros e impostos (LAJI).
O LAJI é reconhecido por muitos analistas de lucro operacional pela sua capacidade de revelar
o lucro da empresa após considerar todos os custos e despesas operacionais.

Resta agora abater os gastos com financiamentos com terceiros e impostos (imposto de renda
e contribuição social) antes da apuração do resultado líquido para os acionistas (lucro líquido).

Outro tipo de lucro derivado do LAJI bastante cobiçado pelos analistas é o lucro antes dos
juros, impostos, depreciação e amortização (LAJIDA).

Cabe observar que tanto o LAJI como o LAJIDA são componentes de vários indicadores, como
margens de lucro, índices de cobertura e apuração do lucro econômico.

O LAJIDA pode ser obtido a partir do LAJI pela adição das despesas de depreciação e
amortização registradas no CPV (ou CSV) e nas despesas administrativas e comerciais.

Após a obtenção do LAJI, são registradas na DRE tanto as despesas financeiras relativas aos
juros pagos aos credores das empresas (empréstimos e financiamentos) quanto as receitas
financeiras referentes aos juros recebidos em aplicações financeiras.

Fonte: Billion Photos /Shutterstock

Normalmente, essas informações são sumarizadas em uma única linha da DRE que
corresponde às despesas financeiras líquidas (quando o valor das despesas financeiras supera
o das receitas financeiras) ou às receitas financeiras líquidas (quando o inverso acontece).

Este quadro detalha as fórmulas para cálculo das receitas e despesas financeiras líquidas:

Receita financeira líquida = receita financeira – despesa financeira. Aplicável quando


a receita financeira supera a despesa financeira;
Despesa financeira líquida = despesa financeira – receita financeira. Aplicável
quando a despesa financeira supera a receita financeira.

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Quadro 15: Fórmulas das receitas e despesas financeira líquidas.

Abatendo do LAJI as despesas financeiras e acrescentando as receitas financeiras, chegamos


ao lucro antes dos impostos (LAI), que será utilizado como base para o cálculo do imposto de
renda e da contribuição social (IR & CS) a serem pagos pela empresa.

Os dois tributos são de esfera federal e correspondem, em geral (na hipótese de a empresa ser
optante do regime tributário do lucro real), a 34% do LAI (25% referente ao IR e 9% a CS).

No caso de a empresa possuir em seu ativo circulante impostos a recuperar, poderá haver,
conforme regras definidas pela Receita Federal, uma redução no pagamento dos valores de IR
& CS apurados no período.

Abatendo do LAI o IR & CS, alcançamos finalmente:

Valor apurado do lucro líquido do exercício;


Parcela do resultado que ficará à disposição dos sócios para retirada da empresa (pagamento
de dividendos) ou reinvestimento (sendo alocada transitoriamente nas reservas de lucros e
futuramente transferida para o capital social).

Fonte: MOLPIX /Shutterstock


De forma similar ao que se observou no caso do BP, para termos um melhor entendimento da
demonstração do resultado de exercício, apresentaremos no próximo quadro a DRE dos anos
de 20X1 e 20X2 da Fábrica de Embalagens:

20X2 20X1

Receita bruta das vendas 1.845.338 1.684.410

(-) Impostos sobre vendas e devoluções -414.615 -377.358

(=) Receita líquida de vendas 1.430.723 1.307.053

(-) Custo dos produtos vendidos -1.283.728 -1.109.545

(=) Lucro bruto 146.995 197.508

(-) Despesas com vendas e administrativas -74.163 -58.465

(+) Outras receitas operacionais 27.975 1.473

(=) Lucro antes dos juros e impostos (LAJI) 100.808 140.515

(-) Despesas financeiras líquidas -65.145 -51.398

(=) Lucro antes dos impostos (LAI) 35.663 89.118

(-) IR & CS -10.698 -30.600

(=) Lucro líquido do exercício 24.965 58.518

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Quadro 16: DRE da Fábrica de Embalagens.

A DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

Além da DRE, outro demonstrativo bastante utilizado para complementar o entendimento do


desempenho econômico-financeiro das empresas é a demonstração do fluxo de caixa (DFC).

A DFC se trata de um documento que busca explicar a movimentação dos itens que
influenciaram na variação do saldo das disponibilidades do fim de um exercício para outro.
Exemplificando, o DFC de 20X1 detalha as movimentações que promoveram a evolução do
saldo disponível de 20X0 para 20X1.

Existem dois métodos distintos para a apuração do fluxo de caixa: o direto e o indireto. A
diferença primordial é que:

No direto, são projetados recebimentos e pagamentos (regime de caixa) no lugar das receitas e
despesas (regime de competência)...


Enquanto, no indireto, ambas são preservadas no cálculo do fluxo e o ajuste de competência
para caixa é efetuado pela variação de capital de giro.

Para entendermos essas metodologias, devemos apresentar conceitos relativos ao cálculo do


capital de giro, ponto que excede os objetivos deste tema. Por ora, utilizaremos este modelo
para o entendimento da estrutura do DFC:

Fluxo de caixa

Das atividades operacionais

(+) Recebimentos de clientes


(-) Pagamentos dos fornecedores
(-) Pagamento de despesas administrativas e comerciais
(-) Pagamentos de tributos
(-) Pagamento de despesas financeiras
(=) Caixa das atividades operacionais (I)

Das atividades de investimento

(-) Aquisição de ativos imobilizados, investimentos e intangíveis


(+) Recebimento na venda de itens do ANC
(+) Recebimento de dividendos
(=) Caixa obtido pelas atividades de investimento (II)

Das atividades de financiamento

(-) Pagamento de empréstimos e financiamentos


(+) Novos empréstimos e financiamentos
(+) Integralização de capital
(-) Pagamento de dividendos
(=) Caixa obtido pelas atividades de financiamento (III)

Fluxo de caixa do período = I + II + III

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Quadro 17: Estrutura típica de uma demonstração do fluxo de caixa.

O modelo de DFC apresentado neste quadro compõe uma estrutura típica do método direto no
qual se computam as entradas e saídas de caixa distribuídas em três tipos de atividades:
operacionais, de investimento e de financiamento.

O DFC pode ser entendido como um documento complementar às informações provenientes do


BP e da DRE, podendo, inclusive, ser elaborado a partir das contas deles.

O quadro a seguir apresenta o DFC dos anos de 20X1 e 20X2 da Fábrica de Embalagens:

Fluxo de Caixa: 20X2 20X1

Das Atividades Operacionais:


(+) Recebimentos de Clientes 1.674.818 1.602.725

(-) Pagamentos de Fornecedores -1.183.818 -1.195.138

(-) Pagamentos de Despesas e Impostos -500.286 -342.995

(-) Pagamento de Despesas Financeiras -65.145 -51.398

(=) Caixa das Atividades Operacionais (I) -74.431 13.194

Das Atividades de Investimento:

(-) Aquisição Imobilizados Inv. e Intangíveis -366.857 -44.456

(=) Caixa das Atividades de Investimento (II) -366.857 -44.456

Das Atividades de Financiamento:

(-) Pagamento de Empréstimos e Financiamentos -590.178 -255.654

(+) Entrada de Novos Empréstimos e


1.059.883 255.687
Financiamentos

(+) Integralização de Capital 213.073 102.345

(=) Caixa das Atividades de Financiamento (III) 682.778 102.378


Fluxo de Caixa (I + II + III) 241.491 71.116

Disponibilidades 583.465 341.975

Variação das Disponibilidades 241.490 -

 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal

Quadro 17: DFC da Fábrica de Embalagens.

PRINCÍPIO DE COMPETÊNCIA E
REALIZAÇÃO DA RECEITA
Neste vídeo, o especialista no tópico ressalta a importância dos princípios de competência para
a construção da demonstração de resultado e a montagem do fluxo de caixa.
VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. UMA DAS INFORMAÇÕES MAIS COTEJADAS NA DRE É O LUCRO


ANTES DOS JUROS E IMPOSTOS (LAJI), QUE REVELA O LUCRO DA
EMPRESA APÓS CONSIDERAR TODOS OS CUSTOS E DESPESAS
OPERACIONAIS. ALÉM DO LAJI, OUTRO TIPO DE LUCRO DE GRANDE
INTERESSE É O LAJIDA QUE CONSISTE NO:

A) Lucro antes dos juros, impostos e despesas administrativas.

B) Lucro antes dos juros, impostos, dívidas e amortização.

C) Lucro antes dos juros, impostos, despesas e amortização de dívidas.

D) Lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização.

E) Lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização de dívidas

2. UM DEMONSTRATIVO BASTANTE UTILIZADO PARA O ENTENDIMENTO


DO DESEMPENHO ECONÔMICO FINANCEIRO DAS EMPRESAS É A
DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA (DFC), DOCUMENTO QUE BUSCA
EXPLICAR A MOVIMENTAÇÃO QUE DETERMINAM VARIAÇÃO DO SALDO
DAS DISPONIBILIDADES DE UM EXERCÍCIO PARA OUTRO. A DFC PODE
SER ELABORADA POR 2 METODOLOGIAS DISTINTAS: O MÉTODO
DIRETO E O INDIRETO. EM RELAÇÃO A ESSAS METODOLOGIAS É
CORRETO AFIRMAR QUE:

A) No método direto receitas e despesas são lançadas diretamente no fluxo de caixa,


permitindo calcular a variação das disponibilidades.

B) No método indireto o ajuste de competência para caixa é efetuado pelo artifício da variação
do capital de giro.

C) No método indireto são computados recebimentos e pagamentos, ao invés de receitas e


despesas, na apuração da variação das disponibilidades.

D) No método direto o ajuste de caixa para competência é efetuado pela variação do capital de
giro, permitindo a apuração do resultado.

E) No método direto, os recebimentos são convertidos em receitas e as despesas, em


pagamentos na elaboração do fluxo de caixa.

GABARITO

1. Uma das informações mais cotejadas na DRE é o lucro antes dos juros e impostos
(LAJI), que revela o lucro da empresa após considerar todos os custos e despesas
operacionais. Além do LAJI, outro tipo de lucro de grande interesse é o LAJIDA que
consiste no:

A alternativa "D " está correta.

LAJIDA é uma sigla que significa lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização.
Para sua obtenção, basta somar ao LAJI a depreciação e amortização dos itens do ANC. As
despesas administrativas são contempladas no cálculo tanto no caso do LAJI como no do
LAJIDA. As dívidas e suas amortizações (pagamento do principal de empréstimos e
financiamentos) não são contas de resultado nem estão presentes na DRE. A amortização
referente ao LAJIDA é aquela dos itens do ativo intangível, conceito distinto da amortização de
dívidas.

2. Um demonstrativo bastante utilizado para o entendimento do desempenho econômico


financeiro das empresas é a Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC), documento que
busca explicar a movimentação que determinam variação do saldo das disponibilidades
de um exercício para outro. A DFC pode ser elaborada por 2 metodologias distintas: o
método direto e o indireto. Em relação a essas metodologias é correto afirmar que:

A alternativa "B " está correta.

Enquanto, no método direto, o ajuste de competência para caixa é efetuado pela troca (no
cálculo do fluxo) de receitas e despesas por recebimentos e pagamentos, no método indireto, o
mesmo efeito é obtido pelo uso da variação do capital de giro.

MÓDULO 4

 Empregar a análise horizontal e vertical no balanço patrimonial dos principais


demonstrativos financeiros da empresa

Fonte: Alex from the Rock /Shutterstock

ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL


Após termos entendido as estruturas dos principais demonstrativos financeiros, já estamos
prontos para começar a discutir a maneira de analisá-los. Para efetuar essa tarefa, veremos
neste módulo como se utiliza uma ferramenta simples e eficaz conhecida como análise
horizontal e vertical.
Essa metodologia nos permitirá obter um entendimento da situação econômico-financeira da
empresa pelo estudo da composição e evolução das contas de BP, DRE e DFC.

CÁLCULO DOS ÍNDICES DA ANÁLISE


HORIZONTAL E VERTICAL

A análise horizontal consiste no exame minucioso da evolução histórica de uma conta ou um


grupo de contas. Ela informa quanto (percentualmente) determinada conta (ou um grupo delas)
aumentou ou diminuiu de um período para o outro, auxiliando, assim, na avaliação do
desempenho da empresa.

 EXEMPLO

Tomemos o valor das receitas líquidas de venda da Fábrica de Embalagens nos anos 20X1 e
20X2. Como podemos observar no quadro 16, as receitas líquidas em 20X1 foram de R$
1.307.053 enquanto elas, em 20X2, apresentaram um valor de R$ 1.430.723.

Para aplicarmos a análise horizontal, basta dividirmos o valor do ano 20X2 pelo de 20X1,
subtraindo, na sequência, 1 e multiplicando o resultado por 100 para convertê-lo em percentual.
O quadro a seguir demonstra o uso da análise horizontal nas receitas líquidas da Fábrica de
Embalagens:

Receitas líquidas de 20X1 = R$1.307.053

Receitas líquidas de 20X2 = R$1.430.723

Variação % das receitas líquidas = (1.430.723/1.307.053) – 1

Variação % das receitas líquidas = 0,095 ou 9,5%

 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal


Quadro 18: Aplicação da análise horizontal nas receitas líquidas da Fábrica de Embalagens.

Conforme podemos observar na operação demonstrada no quadro acima, as receitas líquidas


de vendas da Fábrica de Embalagens apresentaram um crescimento de 9,5% entre os anos de
20X1 e 20X2.

Em conjunto com os índices apurados para as outras contas da DRE, esse resultado nos
auxiliará a entender a evolução da situação econômico-financeira da empresa. O procedimento
para execução da análise horizontal no BP e na DFC é análogo ao da DRE.

Fonte: Alex from the Rock /Shutterstock

Enquanto a análise horizontal nos permite entender a evolução temporal das contas da
empresa, a vertical nos indica o percentual relativo de uma conta (ou grupo de contas).

No caso do BP, a base geralmente utilizada é o total do ativo ou do passivo; na DRE,


habitualmente se emprega a receita líquida; e, na DFC, o recebimento de clientes. A análise
horizontal avalia o peso (ou relevância) das contas da empresa.

 EXEMPLO

Vejamos o valor do lucro líquido da Fábrica de Embalagens em 20X1 a fim de compará-lo com
as receitas líquidas do mesmo período para a obtenção do índice correspondente à análise
vertical.

Como podemos observar no quadro a seguir, o lucro líquido de 20X1 foi de R$58.518. Este
quadro demonstra o uso da análise vertical para a obtenção do peso relativo do lucro líquido da
Fábrica de Embalagens no ano de 20X1:

Receitas líquidas de 20X1 = R$1.307.053

Lucro líquido de 20X1 = R$58.518

Peso relativo do lucro líquido = 58.518/1.307.053 = 4,5%

 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal

Quadro 19: Aplicação da análise vertical no lucro líquido da fábrica de embalagens.

Conforme podemos verificar no quadro, o lucro líquido da Fábrica de Embalagens corresponde


a 4,5% da receita líquida da empresa no ano de 20X1. Esse indicador (razão entre o lucro
líquido e a receita líquida) é também conhecido como margem líquida, um dos principais
índices utilizados na análise da rentabilidade e situação econômica das empresas.

Fonte: Alex from the Rock/Shutterstock

Agora que vimos como são feitos os cálculos necessários para a obtenção dos índices da
análise horizontal e vertical, demonstraremos sua aplicação em todas as contas de BP (ativo e
passivo) e DRE da Fábrica de Embalagens.

Os três quadros a seguir apresentam, respectivamente, a aplicação da análise horizontal e


vertical nos dois anos (20X1 e 20X2) do ativo, do passivo e da DRE da Fábrica de Embalagens:
Ativo
Horizontal Vertical 20x2 Vertical 20x1
circulante

Disponível 70,6% 20,7% 583.465 17,4% 341.975

Clientes 135,9% 11,6% 325.355 7,0% 137.898

Estoques 70,7% 14,9% 418.843 12,5% 245.325

Outros 18,0% 2,6% 72.238 3,1% 61.200

78,0% 49,8% 1.399.900 40,0% 786.398

Realizável a
79,1% 2,7% 74.835 2,1% 41.793
longo prazo

Imobilizado 17,6% 47,6% 1.337.945 57,9% 1.137.925

43,1% 100,0% 2.812.680 100,0% 1.966.115

 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal

Quadro 20: Análise horizontal e vertical no ativo da Fábrica de Embalagens.

Passivo
Horizontal Vertical 20x2 Vertical 20x1
circulante

Empréstimos e
58,0% 33,1% 932.193 30,0% 590.178
financiamentos

Fornecedores 96,7% 10,1% 284.048 7,3% 144.415


Impostos,
salários e -1,3% 2,1% 59.633 3,1% 60.443
outros

60,5% 45,4% 1.275.873 40,4% 795.035

Não circulante 24,6% 23,0% 646.375 26,4% 518.685

Patrimônio
36,5% 31,7% 890.433 33,2% 652.395
líquido

43,1% 100,0% 2.812.680 100,0% 1.966.115

 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal

Quadro 21: Análise horizontal e vertical no passivo da Fábrica de Embalagens.

Horizontal Vertical 20x2 Vertical 20x1

Receita bruta
9,6% 129,0% 1.845.338 128,9% 1.684.410
das vendas

(-) Impostos
sobre vendas 9,9% -29,0% -141.615 -28,9% -377.358
e devoluções

(=) Receita
líquida de 9,5% 100,0% 1.430.723 100,0% 1.307.053
vendas

(-) Custo dos 15,7% -89,7% -1.283.728 -84,9% -1.109.545


produtos
vendidos

(=) Lucro
-25,6% 10,3% 146.995 15,1% 197.508
bruto

(-) Despesas
com vendas e 26,8% -5,2% -74.163 -4,5% -58.465
administrativas

(+) Outras
receitas 1799,8% 2,0% 27.975 0,1% 1.473
operacionais

(=) Lucro
antes dos
juros e -28,3% 7,0% 100.808 10,8% 140.515
impostos
(LAJI)

(-) Despesas
financeiras 26,7% -4,6% -65.145 -3,9% -51.398
líquidas

(=) Lucro
antes dos
-60,0% 2,5% 35.663 6,8% 89.118
impostos
(LAI)

(-) IR & CS -65,0% -0,7% -10.698 -2,3% -30.600

(=) Lucro -57,3% 1,7% 24.965 4,5% 58.518


líquido do
exercício

 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal

Quadro 22: Análise horizontal e vertical na DRE da Fábrica de Embalagens.

Fonte: Monster Ztudio /Shutterstock

APLICAÇÃO DA ANÁLISE HORIZONTAL E


VERTICAL NOS DEMONSTRATIVOS DA FÁBRICA
DE EMBALAGENS

No último quadro, enquanto as receitas líquidas cresceram 9,5% do ano 20X1 para 20X2, o
lucro líquido apresentou uma queda de 57,3% no mesmo período.

Essa diminuição foi motivada pelo aumento de 15,7% do CPV e de aproximadamente 27% das
despesas tanto com vendas e administrativas quanto as financeiras líquidas (taxas superiores à
taxa do crescimento das receitas).
2

A análise vertical aponta que o principal fator para a queda da lucratividade da empresa foi o
aumento do CPV devido a seu peso (84,9% da receita líquida). Para isso, basta fazer uma
comparação com os 4,5% e 3,9% das despesas com vendas e administrativas e despesas
financeiras líquidas, respectivamente.

A análise do quadro 20 nos permite observar que as contas “estoques” e “clientes” cresceram a
taxas de 135,9% e 70,7%, índices bastante superiores à média do ativo (43,1%).

Considerando que a conta “clientes” é uma função direta do volume de vendas e do prazo
médio de recebimentos, é de se supor que a Fábrica de Embalagens está concedendo mais
prazo de pagamento para seus clientes. Afinal, suas vendas somente aumentaram 9,6%.

Da mesma forma, é possível inferir que a empresa está passando por dificuldades em girar
seus estoques. Afinal, deve-se considerar que eles variam em função do volume de vendas
(que não aumentou muito de um período para outro) e do prazo médio de estoques.

6
7

Ainda no quadro 20, pode-se observar que, em 20X2, a empresa investiu em ativos
imobilizados (aumento de 17,6%), o que pode significar que ela estivesse ampliando sua
capacidade produtiva.

A análise do quadro 21 nos permite entender a composição e a evolução das fontes de


financiamento da Fábrica de Embalagens. Se, no ano de 20X1, somarmos os percentuais
referentes à análise vertical do PNC (que é formado basicamente por empréstimos e
financiamentos no caso em questão) e os empréstimos e financiamentos do PC, obteremos um
valor de 56,4%.

No mesmo ano, o patrimônio líquido correspondia a 33,2%. Isso nos permite constatar que a
empresa é bastante alavancada financeiramente (possuindo um alto nível de endividamento em
relação ao capital dos acionistas), o que pode influenciar em seu risco de inadimplência.

É possível observar pela análise horizontal que a empresa aumentou seu volume de dívidas
(empréstimos e financiamentos) tanto no curto (aumento de 58%) quanto no longo prazo
(aumento de 24,6%).

10
11

Também observamos recursos provenientes de sócios (aumento de 36,5% do patrimônio


líquido), o que sugere que a Fábrica de Embalagens vem captando recursos para algum (ou
diversos) propósito(s).

Por fim, o quadro 23 apresenta a aplicação da análise horizontal e vertical nos anos 20X1 e
20X2 da DFC da Fábrica de Embalagens.

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O primeiro ponto a ser observado é que a última linha do DFC — fluxo de caixa — do ano 20X2
apresenta um valor de R$241.490. Este número corresponde à variação do saldo das
disponibilidades dos anos de 20X1 para 20X2 registrados na penúltima linha do DFC (quadro
23), assim como nas primeiras linhas do quadro 20.

A análise dos componentes do DFC em 20X2 revela que as atividades operacionais e de


investimento foram responsáveis, respectivamente, por uma redução de caixa de R$74.431 e
R$366.857(o equivalente a 4,44% e 21,90% dos recebimentos efetuados no mesmo ano).

Esses saldos negativos foram compensados pelo caixa proveniente das atividades de
financiamento no valor R$682.778 (40,77% dos recebimentos de 20X2), possibilitando o
aumento das disponibilidades na ordem de R$241.490.

Fonte: Freedomz /Shutterstock


Essa análise sumarizada obtida com o DFC corrobora as percepções provenientes da análise
horizontal e vertical do BP e da DRE que foi apresentada nos parágrafos anteriores.

Fluxo de Caixa: Horizontal Vertical 20X2 Vertical 20X1

Das Atividades
Operacionais:

(+) Recebimentos
4,50% 100,00% 1.674.818 100,00% 1.602.725
de Clientes

(-) Pagamentos
-0,95% -70,68% -1.183.818 -74,57% -1.195.138
de Fornecedores

(-) Pagamentos
de Despesas e 45,86% -29,87% -500.286 -21,40% -342995
Impostos

(-) Pagamento de
Despesas 26,75% -3,89% -65.145 -3,21% -51.398
Financeiras

(=) Caixa das


Atividades -664,12% -4,44% -74.431 0,82% 13.194
Operacionais (I)

Das Atividades
de Investimento:

(-) Aquisição 725,21% -21,90% -366.857 -2,77% -44.456


Imobilizados Inv.
e Intangíveis

(=) Caixa das


Atividades de 725,21% -21,90% -366.857 -2,77% -44.456
Investimento (II)

Das Atividades
de
Financiamento:

(-) Pagamento de
Empréstimos e 130,85% -35,24% -590.178 -15,95% -255.654
Financiamentos

(+) Entrada de
Novos
314,52% 63,28% 1.059.883 15,95% 255.687
Empréstimos e
Financiamentos

(+) Integralização
108,19% 12,72% 213.073 6,39% 102.345
de Capital

(=) Caixa das


Atividades de
566,92% 40,77% 682.778 6,39% 102.378
Financiamento
(III)

Fluxo de Caixa (I
239,57% 14,42% 241.491 4,44% 71.116
+ II + III)
Disponibilidades 583.465 341.975

Variação das
241.490 -
Disponibilidades

 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal

Quadro 23: Análise horizontal e vertical na DFC da Fábrica de Embalagens.

A utilização do exemplo hipotético da Fábrica de Embalagens demonstra a grande


aplicabilidade da metodologia e seu potencial no suporte às diversas análises financeiras
efetuadas no mercado. Com isso, pudemos entender como é feita a análise da situação
econômico-financeira de empresas.

ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL


Abordaremos neste vídeo a análise horizontal e vertical.
VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. ENQUANTO A ANÁLISE HORIZONTAL APRESENTA UMA VARIAÇÃO


TEMPORAL (ENTRE PERÍODOS DISTINTOS) DAS CONTAS DA EMPRESA,
A ANÁLISE VERTICAL NOS INDICA SEU PESO (OU RELEVÂNCIA)
DENTRO DE UM DETERMINADO EXERCÍCIO. NO CASO DA
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO (DRE) A BASE PARA A
DETERMINAÇÃO DO PESO DA ANÁLISE VERTICAL É HABITUALMENTE:

A) O total do ativo.

B) O lucro líquido do exercício.

C) A receita líquida.

D) O lucro antes dos juros e impostos.

E) A receita bruta.

2. SUPONDO QUE O LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO DE 20X1 E 20X2


TENHAM SIDO, RESPECTIVAMENTE, DE $8.720 E $12.410, PODEMOS
AFIRMAR QUE (UTILIZANDO A ANÁLISE HORIZONTAL) A EVOLUÇÃO
DESSES SALDOS FOI DE:

A) 142,3%
B) 70,3%

C) 29,7%

D) 42,3%

E) 21,3%

GABARITO

1. Enquanto a análise horizontal apresenta uma variação temporal (entre períodos


distintos) das contas da empresa, a análise vertical nos indica seu peso (ou relevância)
dentro de um determinado exercício. No caso da demonstração do resultado (DRE) a
base para a determinação do peso da análise vertical é habitualmente:

A alternativa "C " está correta.

A base para a determinação do peso da análise vertical na DRE é a receita líquida; no DFC, o
recebimento das vendas; e, no BP, o total do ativo ou do passivo. O lucro líquido do exercício e
o lucro antes dos juros e impostos não se aplicam como base para o cálculo da análise vertical.
O total do ativo não faz parte da DRE, não sendo aplicável para o caso em questão. Alguns
autores preferem utilizar a receita bruta de vendas como base para a análise vertical, porém o
mais habitual é o emprego da receita líquida.

2. Supondo que o lucro líquido do exercício de 20X1 e 20X2 tenham sido,


respectivamente, de $8.720 e $12.410, podemos afirmar que (utilizando a análise
horizontal) a evolução desses saldos foi de:

A alternativa "D " está correta.

Cálculo da evolução do lucro líquido do exercício de 20X1 para 20X2:


Variação % do lucro líquido= (12.410/8.720) – 1;
Variação % do lucro líquido= 42,3%.

CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, discutimos os pontos fundamentais da análise de demonstrativos financeiros. No
módulo 1, conhecemos os principais objetivos, as aplicações, as ferramentas e os usuários da
análise de demonstrativos financeiros. No módulo seguinte, foi a vez de examinarmos os
elementos presentes no balanço patrimonial, identificando suas características fundamentais e
os princípios que regem sua estruturação.

No módulo 3, apresentamos as contas que compõem a demonstração de resultado do exercício


e do demonstrativo do fluxo de caixa, descrevendo suas características e seus princípios. Por
fim, no último módulo, praticamos a análise horizontal e vertical no balanço patrimonial dos
principais demonstrativos financeiros da empresa.

Ao longo deste tema, portanto, abordamos o processo de transformação dos dados contábeis
em informações úteis para a tomada de decisão, destacando ainda a utilização dessas técnicas
no meio corporativo e no mercado financeiro, além de apontarmos os principais usuários da
análise. Nesse contexto, foram apresentados e detalhados os itens dos principais
demonstrativos financeiros: o balaço patrimonial, a demonstração de resultado do exercício e a
demonstração do fluxo de caixa.

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços — um enfoque econômico-financeiro. 11.
ed. São Paulo: Atlas, 2015.

BAZZI, S. Análise das demonstrações. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2019.

CHEROBIM, A. P. M. S.; LEMES JR., A. B.; RIGO, C. M. Fundamentos de finanças


empresariais: técnicas e práticas essenciais. 1. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2018.

IUDÍCIBUS, S. de. Análise de balanços. 11. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2017.

PEREZ JR, J. H. Elaboração e análise das demonstrações financeiras. 5. ed. São Paulo:
Atlas, 2015.

RIBEIRO, O. M. Demonstrações financeiras – mudanças na lei das sociedades por ações:


como era e como ficou 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

RIBEIRO, O. M. Estrutura e análise de balanços fácil. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.

SILVA, A. A. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações contábeis. 5. ed. São


Paulo: Atlas, 2017.

EXPLORE+

Para se inteirar sobre a utilização de informações contábeis na tomada de decisão em


pequenas empresas, veja os resultados da pesquisa apresentada por Stroeher e Freitas
no artigo de 2008 denominado O uso das informações contábeis na tomada de
decisão em pequenas empresas.

Para aprofundar seus conhecimentos sobre a estrutura dos demonstrativos financeiros de


empresas brasileiras e as normas que norteiam sua elaboração, leia a Norma Brasileira
de Contabilidade, NBC TG Estrutura Conceitual, de 21 de novembro de 2019. Ela foi
elaborada pelo Conselho Federal de Contabilidade.

CONTEUDISTA
Luiz Ozorio

 CURRÍCULO LATTES

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