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BRASILEIRO
Eixo Temático1
Wendell L. Pereira–UFU
Mestrado/ Educação/ PPGE/UFU
Wendellp31@hotmail.com
Fomento–CAPES
Este artigo entende como o longo séc. XX, os anos que se estendem a partir de 1890,
que do ponto de vista da escola pública brasileira é visualizado até os dias atuais. É
neste contexto, entendido como um fractal geométrico, que serão analisados alguns
aspectos considerados como “divisores de águas” para a educação pública brasileira. A
analogia entre fractal e educação não pretende definir um processo de desenvolvimento
engessado, uma cópia simultânea e idêntica das partes, mas sim entendendo que as
partes são interligadas entre si, como em uma malha formando o todo. Após estas
reflexões, depreendese que, ao longo da história a organização do sistema escolar
público estatal brasileiro foi movido pela crença da educação “salvadora” da nação,
supostamente capaz de eliminar as mazelas provocadas pelas desigualdades sociais e
econômicas. As reflexões aqui tecidas proporcionam uma visualização das transições
sofridas pela educação pública brasileira, trazendo à luz seu caráter dual e políticas
ineficientes, ou seja, propedêutica para ricos, preocupada com a formação de uma elite
dominante, e técnicaprofissional para os pobres, preocupada com a formação de
trabalhadores.
This article understands as the long séc. XX, the years that extend starting from 1890,
that of the point of view of the Brazilian public school is visualized until the current
days. It is in this context, expert as a geometric fractal, that some will be analyzed
aspects considered as " divisors of waters " for the Brazilian public education. The
analogy between fractal and education doesn't intend to define a process of plastered
development, a simultaneous and identical copy of the parts, but understanding that the
parts are to each other interlinked, as in a mesh forming the whole. After these
reflections, it is inferred that, along the history the organization of the system public
school state Brazilian was moved by the faith of the saving " education " of the nation,
supposedly capable to eliminate the sore spots provoked by the social and economical
inequalities. The reflections here woven they provide a visualization of the suffered
transitions for the Brazilian public education, bringing to your light dual character and
inefficient politics, in other words, propedêutica for rich, concerned with the formation
of a dominant elite, and techniqueprofessional for the poor, concerned with the
workers' formation.
Eixo Temático1
Wendell L. Pereira–UFU
Mestrado/ Educação/ PPGE/UFU
Wendellp31@hotmail.com
Fomento–CAPES
Este artigo faz uso da definição introduzida por Saviani (2004) para delimitar o
período a que se refere, caracterizado como “o longo séc. XX”, que do ponto de vista da
escola pública brasileira estendese de 1890 aos dias atuais. É neste contexto temporal,
entendido como um fractal geométrico, que serão analisados alguns aspectos
considerados como “divisores de águas” para a educação pública brasileira. Vale
ressaltar que a analogia entre fractal e educação não pretende definir um processo de
desenvolvimento engessado, uma cópia simultânea e idêntica das partes, mas sim
entendendo que as partes são interligadas entre si, como em uma cadeia genética
formando o todo.
No final do séc. XIX visualizase impactuosas e decisivas transformações
sociais, políticas, econômicas, culturais e educacionais no Brasil, embora acontecessem
tentativas de organização do sistema público de Educação no período das reformas
pombalinas e no império, Saviani (2004) afirma que foram nas últimas décadas do
século XIX que ocorreram as transformações sociais, políticas, econômicas culturais e
educacionais mais importantes e decisivas para o país, tais como: abolição da
escravatura, a queda da monarquia, a Proclamação da República, as migrações,
separação da Igreja e o Estado, ascensão do setor industrial e urbano, o surgimento de
novas classes, novas idéias positivistas, cientificistas, evolucionistas entre outros.
Para Saviani (2006) a história da educação pública estatal brasileira tem sua
gênese propriamente dita, a partir de 1890, com o surgimento dos grupos escolares em
São Paulo. Assim sendo, após a proclamação da república, o Estado assume a função de
urbanizar, higienizar e educar o povo. Gatti Junior e Pessanha (2005) afirmam que a
Primeira República nasceu determinada a romper com o atraso, formar o cidadão, criar
uma nova idéia de Nação e instituir a moral e o civismo. Iniciouse desta forma a
tentativa de se construir um país ordeiro, progressista e civilizado, forjando uma idéia
de que educar era mais importante que instruir.
As bases ideológicas as quais se serviram os precursores da primeira república
no Brasil, provêm dos ideais liberais democráticos republicanos originados da
Revolução Francesa (1789), tendo na liberdade; nos direitos de igualdade; nos conceitos
de educação laica, pública, gratuita e obrigatória as idéias emblemáticas deste
movimento.
A educação na primeira república é marcada pelo caráter salvador ao qual a
mesma foi relacionada, provocando desta forma o surgimento de uma crença
entusiasmada no que diz respeito à capacidade que a mesma exerceria na solução de
todas as mazelas da desigualdade social.
Surge então a preocupação com a formação do professor e com a reformulação
dos processos de ensino, tendo na região de São Paulo o marco territorial inicial para a
organização do sistema público educacional. A criação das Escolas Modelos anexas às
escolas normais seguiu o exemplo das escolas graduadas dos países desenvolvidos da
Europa e dos EUA, partindo de uma racionalidade pedagógica, ou seja, com
características de classificação por conhecimentos, formação de classes, conteúdo
programado em um tempo determinado e currículos em conformidade com o calendário
poposto. Esta foi a materialização do modelo educacional que se pretendeu instalar, São
Paulo tornouse referência para todos os demais Estados, sendo contratado para
implantar as escolas modelos em outros Estados do Brasil.
O surgimento dos Grupos Escolares em 1893 foi um fenômeno urbano, um
espetáculo de civismo, ordem, disciplina, seriedade e competência... (FARIA FILHO,
2000, p. 27). Os grupos escolares no Brasil foram verdadeiros representantes do poder,
da modernidade e ainda que de forma deturpada, a luz que iluminaria o caminho que
levaria a igualdade social e o emparelhamento do Brasil às outras nações desenvolvidas.
Essa modalidade de escola propôs uma nova estrutura arquitetônica, o uso de novos
materiais didáticos, uma nova forma de compreender a educação no conjunto das
relações sociais, conforme explica Souza (1998): tal foi a influencia destes grupos
escolares na vida da sociedade, que ainda hoje, eles existem na memória de muitos, seja
fazendo relação às quatro primeiras séries do ensino fundamental, seja se referindo às
construções imponentes onde funcionavam tais grupos escolares.
A realidade é que as escolas primárias nesse formato eram eficientes para a elite,
de acordo com Paiva (1987) a difusão do ensino estava relacionada à ação dos liberais
que valorizavam a educação como uma forma de ascensão social. Surge então, o
movimento entusiasmo pela educação, denominado assim por Nagle (1976, p.116),
preocupado com a difusão do ensino, com a erradicação do analfabetismo, com
preconceitos em relação aos analfabetos e com a crença em uma educação salvadora.
Mas a realidade educacional era de precariedade, evasão, repetência, más condições de
trabalho e baixos salários. A partir de 1920 os profissionais da educação movimentam
se em torno de um otimismo pedagógico denominado assim também por Nagle:
movimento renovador preocupado com a qualidade do ensino e com a organização
interna das escolas (1976, p.116).
Contudo, este movimento educacional foi sendo construído por entusiastas
ingênuos e otimistas compromissados com a ordem vigente, à medida que esses
movimentos vão assumindo de maneira mais clara um caráter político ideológico
passam a se chamar realismo em educação (Paiva, 1987); isso aparece de maneira mais
nítida no Estado Novo.
Em 1925, o Governo Arthur Bernardes, através da reforma Rocha Vaz veio
estabelecer acordo entre a União e os Estados, visando promover o ensino básico,
acordo este que não chegou a entrar em vigor, porém, o processo histórico é Orgânico1,
e neste sentido, logo em seguida, a revolução de 1930 tornouse o palco central para que
os educadores que desde 1920 vinham vislumbrando o controle da educação no país
pudessem aproximarse do mesmo.
A partir dessas transformações foram gestandose as condições que
influenciaram as ocorrências na década 30, importantes para a história do Brasil e em
especial para a história da educação pública do país.
Em 1931, a conhecida reforma Francisco Campos baixou um conjunto de
decretos que não mencionavam diretamente o ensino primário, mas influenciou
diretamente este campo da educação, pois de um modo geral a reforma possibilitou um
grande avanço no que diz respeito à regulamentação da educação em âmbito nacional. A
educação brasileira “viu nascer” de forma palpável cuidados regulamentadores para
com o desenvolvimento do ensino superior, secundário e comercial, este conjunto de
decretos não foi suficiente para resolver o problema educacional brasileiro, porém, foi
uma iniciativa que contribuiu para com o limiar das perspectivas de uma educação
capaz de atender as necessidades da sociedade brasileira. O decreto 18.851, de 11 de
1
Que tem o caráter de um desenvolvimento natural, nato, em oposição ao que é ideado, um intelectual
orgânico.
abril de 1931, elaborado pela reforma Francisco Campos, dispondo sobre a organização
do Ensino Superior no Brasil e adotando regime universitário, previa entre suas
exigências a presença da Faculdade de Educação, Ciências e Letras nas Universidades,
sinalizando desta forma a participação da Educação no projeto desenvolvimentista da
nação.
Portanto, a partir do movimento renovador foi se delineando a organização das
características e das idéias pedagógicas da educação pública brasileira. Em 1932 os
profissionais da educação, com destaque para Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo,
Lourenço Filho entre outros, lançaram o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova.
No entanto, conforme menciona Saviani (2004) o grande marco para a
elaboração do Manifesto foi a abertura da IV Conferência Nacional de Educação,
ocorrida em dezembro de 1931, quando Getúlio Vargas, chefe do governo provisório,
solicitou aos presentes a colaboração para a criação do projeto que definiria a política
educacional do novo governo. A partir daí, pouco tempo depois o documento intitulado
como Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova estava concluído, direcionado ao
governo e também a toda população. Saviani afirma que:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FARIA FILHO, L. M. de. Dos Par dieir os aos palácios: cultura escolar e urbana em
Belo Horizonte na Primeira República. Passo Fundo: UPF, 2000.