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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

MBA EM GESTÃO EMPRESARIAL

Resenha Crítica de Caso


‘Educação popular e ensino superior em Paulo Freire’

William Azeredo
Matrícula: 202011033028

Trabalho da disciplina: Didática do Ensino Superior


Tutor: Prof. FABIO MACEDO SIMAS

Jaboatão dos Guararapes, PE


2021
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Estudo de Caso: EDUCAÇÃO POPULAR E ENSINO SUPERIOR EM PAULO FREIRE

Referências BEISIEGEL, Celso de Rui. Artigo - Educação Popular e Ensino Superior em


Paulo Freire. Educ. Pesqui., São Paulo: v.44, e104010, 2018.

O artigo em referência tem como objetivo esclarecer o acesso à educação das


classes menos favorecidas, especialmente na conscientização e alfabetização de jovens e
adultos analfabetos ou pouco escolarizados, até o ensino superior. Apontando problemas
levantados, abordando temas e autores importantes para a história da educação,
propostas e reflexões teóricas do renomado educador e filósofo brasileiro Paulo Freire.

Paulo Freire sempre teve como base de seu trabalho, propostas práticas e reflexões
teóricas sobre o homem, a sociedade e a educação, da formação das massas menos
favorecidas. Por isso, através de suas publicações era provável encontrar ricas
contribuições para a teoria e a prática do ensino superior. Duas principais formas de
pesquisas para coletar informações para entender sobre as posições e consequentemente
contribuições de Paulo Freire para o ensino superior, a primeira utilizando todo material ao
longo de toda sua obra em livros, artigos, escritos, entre outros, especialmente, no
magistério no ensino universitário no Recife, em Santiago do Chile, em Harvard, em
Genebra, na Unicamp e na PUCSP. Uma segunda possibilidade, mais complexa, seria
através do próprio método de trabalho do Paulo Freire praticado reiteradamente, por ele
mesmo a propósito da classe popular.

Em 1940 o acesso ao ensino superior era mais difícil e pouco acessível, e a grande
maioria das pessoas não tinham a intenção ou condições para ter acesso. Sobre a
educação popular, na bibliografia sobre as instituições escolares brasileira, a própria
expressão educação popular é aplicada com diferentes significados, e a distinção entre
educação popular e educação das elites era bem evidente nos meados do século anterior.
Na educação escolar, perspectivas culturais e condições de vida influenciava o nível de
acesso à educação de cada indivíduo. Paulo Freire se preocupava com o grande número
de adultos analfabetos principalmente na área rural dos estados que consequentemente
formavam um grande número de excluídos.

Em 1938, foi criado o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP) que


destacava entre os agentes institucionais a defesa da necessidade de educação para
todos. Em 1940 mais da metade da população acima de 15 anos de idade era constituída
por analfabetos, situação considerada muito grave, apesar de mudanças que foram
ocorrendo durante o ensino infantil. Em 1947 foi criado pelo Departamento Nacional de
Educação o Serviço de Educação de Adultos, ao mesmo tempo foi lançada uma
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Campanha Nacional de Educação de adolescentes e adultos analfabetos, essa campanha
incentivou outras iniciativas em prol da erradicação do analfabetismo. Outros
conhecimentos não obtidos na escola por jovens e adultos quando crianças foi inserido
através de “ensino supletivo”, essa modalidade fora questionada ao longo da década de
1950. Com recursos humanos e financeiros limitados, a prioridade da campanha era
atender adultos ainda carentes de educação básica.

A educação escolar fundamental era entendida como necessária para todos os


habitantes, e começou-se a pensar em uma educação para adultos que não fossem
apenas uma repetição do que se era ensinado as crianças no período diurno, os conteúdos
consistiam basicamente na transmissão de conhecimentos elementares de leitura, escrita,
cálculo história, geografia, ciências e noções básicas de higiene e saúde. Fazia-se
necessário um processo educativo que envolviam prioritariamente a formação da
consciência, da necessidade de transformação da ordem social, um processo voltado para
a unificação e aceleração da consciência do povo, uma “noção social de educação”. Na
época, mais da metade da população era constituída de iletrados e devido a essa
condição, não tinham direito de voto, o desafio não era apenas alfabetizar jovens e adultos
para dar a eles o direito ao voto, mas que adquirissem uma consciência política da
importância do voto para o progresso do próprio país. Esta nova educação popular
solicitava outros conteúdos e novos agentes educacionais.

Em 1960, a criação do Movimento de Cultura Popular (MCP) do Recife, e da


Campanha de Pé no Chão Também se Aprende a Ler, em Natal-RN, consolidam e
enriquecem as novas orientações da educação popular. Em 1962, o MCP está nas origens
da criação do método Paulo Freire de Alfabetização de Adultos. O método de ensino
proposto por Paulo Freire vai além da alfabetização, trabalha a troca de saberes, onde a
cultura o conhecimentos prévios e realidade vivida pelos alunos são considerados, também
é incentivando diálogos e debates entre professores e alunos, discutindo sobre temas do
cotidiano. Esses debates mais amplos e envolviam prioritariamente a formação da
consciência e da necessidade de transformação da ordem social.

Com a criação de ginásios noturnos, a reforma do ensino iniciada no Estado de São


Paulo, em 1967, e a lei federal de Reforma do Ensino de Primeiro e Segundo Graus, de
1971, consolidaram a exigência de uma escolaridade básica de oito anos para a população
em idade escolar. Importante transformação nas leis possibilitou como educação básica,
todos os níveis de educação até o superior. O crescente número de alunos formados no
ensino de nível médio aumentou significativamente o ingresso no ensino superior, porém,
as instituições existentes não conseguiam absorver a quantidade de jovens e adultos, em
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parte, já inseridos no mercado de trabalho, nos movimentos dos denominados excedentes
dos exames vestibulares. Com possibilidades de pagar mensalidades, esses jovens e
adultos empregados, foram parcialmente absorvidos pela a rede de ensino superior
particular. Em escala bem menor, foram criadas novas escolas superiores públicas
federais, estaduais e mesmo municipais, para ofertar mais matrículas. Com a nova
demanda de procura por ensino superior, uma nova desigualdade ficou notória, a
população pobre, atendida no ensino básico pela escola pública, só teria acesso ao ensino
superior pago em estabelecimentos privados de qualidade inferior. Já os alunos formados
em escolas privadas, de melhor qualidade, a elite da população, para eles eram
reservados as universidades públicas e escolas particulares de melhor qualidade. Eram
poucas as exceções de alunos oriundos das “escolas dos pobres” que conseguiam pelos
próprios méritos garantir acesso na rede pública de ensino superior de melhor qualidade.

Paulo Reglus Neves Freire nasceu em 19 de setembro de 1921 no Recife e faleceu


em 1997. Diplomou-se em Direito, em 1947, mas desistiu da carreira advocatícia
rapidamente e assumiu o setor de educação do recém-criado SESI de Pernambuco, onde
trabalhou até 1957. Dedicou-se a atividades no magistério, inicialmente no ensino
secundário, e, depois, no ensino superior. Lecionou História e Filosofia da Educação, na
Escola de Serviço Social e na Escola de Belas Artes de Pernambuco. Atuou no ensino
universitário também no exterior: no Chile, nos Estados Unidos, na Suíça, e no Brasil, após
1980. Percebia-se que o educador examinava criticamente os diferentes níveis e ramos da
educação escolar. Paulo Freire dedicou-se a um trabalho comprometido com o social,
intensivamente à procura de respostas para questões colocadas pelas condições de vida
das massas desfavorecidas, focalizados no processo de emancipação dos oprimidos. A
todo momento buscava esclarecer como educador que o fim da opressão só poderia vir
das atitudes dos oprimidos. Ele sempre defendeu a importância da presença popular na
escola, sobretudo na escola pública, mesmo quando as escolas existentes não atendiam
às necessidades das populações oprimidas. Participava de atividades nas universidades
voltada a atividades cultural, assumiu o Movimento de Cultura Popular do Recife.

Visando a transformação da sociedade, Paulo Freire defendia a importância do


acesso à educação para as camadas mais pobres da sociedade. Seu método de ensino
estimulava o desenvolvimento da consciência crítica, onde professores e alunos
dialogavam baseado no vocabulário do cotidiano, os alunos eram levados a pensar nas
questões sociais, política e sobre sua própria realidade. A contribuição da obra de Paulo
Freire no processo ensino/aprendizagem para a educação no Brasil e em diversas partes
do mundo é imensurável. É o brasileiro com mais títulos de Doutor Honoris Causa.

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