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O direito à educação: Entre a utopia e a realidade a partir de


vivências

Graduanda Andrielle Barbosa de Lima¹


Graduanda Jéssica Lima dos Santos²
Graduando Luiz Gustavo de Souza Eleutério³

Introdução

Observa-se que a Carta Magna garante uma educação gratuita e de


qualidade que “atende” a toda população. Contudo, hodiernamente, vê-se a
deturpação desse direito constitucional, uma vez que a maior parte do corpo social
não possui um acesso efetivo, gratuito e de qualidade. Isso se comprova graças às
evidências mantidas pelas memórias de diversas pessoas, em que, devido a
ausência da efetivação do que diz a lei, esse cenário acaba facilitando para a
estereotipação da educação brasileira, bem como para o seu não desenvolvimento,
sendo representado, assim, por grande parte da população.
Essa pesquisa tem a finalidade de, a partir das experiências e vivências de
familiares, compreender e evidenciar como foi a transformação, fixação e
escolarização de alguns familiares dos componentes do grupo.
Serão entrevistados algumas pessoas seguindo o mesmo roteiro de
perguntas repassadas pela docente regente, profa. Gabriela Souza Oliveira, da
disciplina de OEBLE - Organização da Educação Básica e Legislação do Ensino.
Nessa perspectiva, busca-se procurar evidências sobre a escolarização de
pessoas próximas aos integrantes dos grupos para entendermos as diversas
relações políticas, sociais e econômicas que abrangem e cercam a educação
brasileira. Focando mais na educação no Acre.
Desde já, evidencia-se que por ser uma pesquisa de tempo curto, não poderá
ser elaborado um texto e análise mais profunda acerca de tal problemática. Mas
será o suficiente para compreendermos a realidade, de fato, da educação brasileira.

1
Graduanda do Curso de Licenciatura Plena em História pela UFAC. 2º Período.
² Graduanda do Curso de Licenciatura Plena em História pela UFAC. 2º Período.
³ Graduando do Curso de Licenciatura Plena em História pela UFAC. 2º Período.
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Desenvolvimento

A partir desse cenário, foi entrevistada a Senhora Maria Mesquita de Lima,


nascida em 1954. Ela disse que “frequentei a escola quando tinha 38 anos, pela
primeira vez, em 1992 quando vim do seringal”. Dona Maria estudou somente a
primeira série na época e disse que o estudo era muito bom, mas não conseguiu
concluir seus estudos devido ter que voltar para o seringal chamado “Fortaleza no
Rio Abunã” em 1992. A etapa existente em sua época era chamada de Mobral, um
programa de alfabetização. Ademais, disse que não havia importância da educação
em seu ciclo familiar.
Outrossim, foi entrevistado também o Senhor Claudemir Mesquita de Lima,
nascido em 1982. Frequentou a escola com 10 anos em 1994. Disse que o estudo
era muito bom, porém estudou somente da primeira série até a sétima série,
parando seus estudos no ano de 1999 com 17 anos de idade. Disse ainda que
parou seus estudos devido ter que trabalhar. A nomenclatura do ensino utilizado na
época era o primário. A importância que ele tinha em estudar era que o pais tinham
incentivado.
Além disso, foi entrevistado também o Senhor Richarlison Lima dos Santos,
atualmente com 37 anos de idade. Frequentou a escola normalmente. Disse que
estudar na sua época era uma experiência enriquecedora. Os professores eram
altamente dedicados e exigentes, demonstrando um compromisso notável com o
ensino. Prevalecia um ambiente de respeito mútuo entre alunos e educadores.
Ingressou na escola na primeira série, aos seis anos de idade, em 1992. No seu
percurso educacional, cursou o Ensino Fundamental até o 7º ano. Posteriormente,
retornou e completou toda essa fase por meio do supletivo, refazendo do 5º ao 8º
ano, o que demandou dois anos. O Ensino Médio foi concluído, quando tinha 18
anos, através do Telecurso 2000, em um período de aproximadamente dois anos.
Nessa perspectiva, disse ainda que as etapas escolares eram denominadas como
Primário, que compreendia a pré-alfabetização até o 4º ano, Fundamental,
abrangendo do 5º ao 8º ano, e o 2º grau, composto pelo 1º ao 3º ano. Concluiu
dizendo que a importância da educação no seu círculo familiar era notável. Era tão
significativo que seus avós foram essenciais para que ele pudesse concluir seus
estudos, uma vez que viviam em fazendas, em que o acesso à escola era limitado.
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“A decisão de ficar com meus avós demonstra o comprometimento da minha família


com a minha formação educacional”, disse.
Nessa conjuntura, também foi entrevistada a Senhora Djeane Eleutério Neta,
nascida em 1976. Frequentou a escola normalmente. Disse que estudar na sua
época era uma experiência muito significativa e memorável. “Tive ótimos
professores que estimulavam, não só os meus sonhos, mas também de meus
colegas, focando em nossos projetos de vida. Além disso, eram muito dedicados e
comprometidos com o ensino”, disse. Ingressou no pré-escolar com 4 anos de
idade, e adentrou com 6 anos de idade no Ensino Primário, o atual Ensino
Fundamental I. Concluiu o Ginásio, atual Ensino Fundamental II e o 2º Grau,
atualmente Ensino Médio, e na época, Magistério com 18 anos de idade. O
processo de escolarização de sua época era chamado de Ensino Pré-escolar,
Ensino Primário e Ginásio (1º Grau), e 2º Grau denominado hodiernamente de
Ensino Médio. “Estudar o magistério, significou, para mim, uma nova percepção de
ensino. O que me preparou para o exercício da docência”, disse. Nessa perspectiva,
a Senhora Djeane disse que a educação significava e ainda significa uma etapa
fundamental, pois, naquela época, os estudos significavam a busca por melhorias e
pelos seus sonhos. “Meus pais sempre me apoiaram e buscavam me ajudar no que
eu precisava. A educação era a única forma que eles viam para que eu quebrasse o
paradigma e o ciclo da família, uma vez que fui a primeira da família a adentrar no
Ensino Superior”, disse.

Análise/Conclusão

Observa-se, portanto, algumas semelhanças no processo de escolarização


dos 4 entrevistados. Ambos estudaram em escolas públicas e tiveram diferentes
diversidades que, para alguns, mudou sua trajetória dentro do processo de
escolarização. Apesar disso, quando perguntado a eles se a educação vigente da
época seguia a LDB - Lei de Diretrizes e Bases suas respostas nos constataram
que os direitos mantidos pela LDB e a Constituição, não eram garantidos na prática,
uma vez que, por exemplo, transporte, alimentação, acesso à educação,
permanência à educação e etc… eram os principais percalços da maioria dos seus
ciclos sociais. Levanta-se, logo, as seguintes perguntas, porque será que esses
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direitos não foram garantidos? Porque será que a maioria da população de zona
rural não possui acesso à educação? Será que hoje tem-se uma educação de fácil
acesso para todos e de qualidade? Essas são algumas perguntas que norteiam o
senso crítico e capacidade de análise de nós, futuros educadores, diante da
docência. Respondendo a elas tem-se que a ausência de garantias desses direitos
pode ser atribuída a uma série de fatores, incluindo deficiências na implementação
de políticas públicas, escassez de recursos, corrupção, má gestão educacional e
desigualdades socioeconômicas. A lacuna entre as leis existentes e sua aplicação
prática pode refletir falhas sistêmicas e desafios estruturais. Além disso, a falta de
acesso à educação na zona rural pode ser atribuída a vários obstáculos, como a
escassez de escolas nessas áreas, distâncias geográficas, falta de transporte
adequado, condições socioeconômicas desfavoráveis e priorização das atividades
agrícolas. Políticas educacionais que não consideram as necessidades específicas
da população rural também podem contribuir para essa disparidade. Sobre termos
uma educação de fácil acesso e de qualidade, a resposta a essa pergunta depende
da análise de várias variáveis. Embora tenha havido melhorias na expansão do
acesso à educação nas últimas décadas, desafios persistentes ainda existem, como
a desigualdade entre regiões, a qualidade variável do ensino, a falta de recursos em
algumas escolas e a necessidade contínua de adaptação às mudanças
tecnológicas. Além disso, o acesso à educação de qualidade muitas vezes está
associado a fatores socioeconômicos, criando disparidades significativas. Essas
perguntas indicam a complexidade dos desafios educacionais no Brasil, exigindo
uma abordagem abrangente para a melhoria do sistema. Investigar e abordar essas
questões pode levar a políticas mais eficazes e à promoção de um sistema
educacional mais inclusivo e equitativo. Verifica-se, nesse sentido, que ambos
entrevistados tiveram diferentes formas de escolarização, demonstrando as várias
formas que o processo escolar pode possuir, dependendo, assim, dos contextos
sociais, políticos e econômicos para que se efetive, de fato, o direito a uma
educação de qualidade, gratuita e que atenda a toda a demanda populacional. Tal
pesquisa poderá caminhar para, talvez, um processo de pesquisa mais extenso que
poderá demandar um artigo, haja vista que tal impasse é de suma importância para
discussão nos diferentes espaços sociais.
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Referências

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm. Acesso
em 30 nov. 2020.

LIMA, Maria. Entrevista concedida a Andrielle Barbosa de Lima. Rio Branco Acre, 29
nov. 2023.

LIMA, Claudemir. Entrevista concedida a Andrielle Barbosa de Lima. Rio Branco


Acre, 29 nov. 2023.

NETA, Djeane. Entrevista concedida a Luiz Gustavo de Souza Eleutério. Rio Branco
Acre, 30 nov. 2023.

SANTOS, Richarlison. Entrevista concedida a Jéssica Lima dos Santos. Rio Branco
Acre, 30 nov. 2023.

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