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Nevasca de Aço

Desgaste

Desde que eu me entenda por gente, o clã Huliaga sempre


esteve em guerra com nossos ancestrais de sangue, os gigantes.
Talvez tudo tenha começado com uma desavença entre pais
e filhos, ou mais uma disputa por território (comum até mesmo entre
nos Golias), nem mesmo os anciões sabem.
Eu mesmo lutei nessa guerra, não no fronte, mas como
Ferreira da nossa tribo, todo tipo de arma e armadura era feita por
mim e pela minha família.
Mas como todo Golias, você não era essencial para tribo se
não lutasse, se eu recusasse, teria sido morta ali mesmo ou pior,
podia ser desonrada e expulsa de minha tribo.
Sem muita escolha, tive que ir para guerra. E as coisas que vi
lá... marcaram minha vida para sempre.

O fronte
A neve nos meus pés, o cheiro de ferrugem no ar e as
vísceras de amigos e gigantes, era esse meu novo dia a dia, nossas
vitorias se resumiam a pequenas porções de terra cobertas com
neve que conquistávamos a cada dia (Só para perdemos no dia
seguinte).
Era necessário 3 de nós para lidar com um único gigante, e
mesmo assim não parecia ser suficiente. Eu via em livros que os
gigantes não viviam juntos, preferiam o seguir sozinhos, não sei
quem escrevia esses livros, mas posso apostar que não saia muito
de casa, eles eram tão numerosos quanto nós.
Por mais cômico que pareça fui promovida a líder de
esquadrão, a soldada que mais queria ir embora, agora estava
liderando outros que nem ela para a vitória.
Depois de um tempo eu e meu esquadrão ficamos conhecidos
como a Elite, cada um de nós era capaz de matar um gigante
sozinho. O título que cada Golias recebe após uma conquista veio
finalmente a mim, quando eu joguei rum na minha espada e a
incendiei com uma pederneira para afugentar os gigantes, sendo
conhecida como “Lâmina de fogo”.
Apesar dos títulos e espólios, eu estava cansada, não havia
sentido e muito menos um fim para essa guerra.
Mas como um milagre dos céus, a mudança veio até mim.

Queda ou Ascenção?

Nosso esquadrão encontrou um bando de gigantes tentando


flanquear nossa tribo, 7 deles e 7 de nós. Sem tempo para discutir,
partimos para o ataque.
Parece que mandaram seus melhores para essa operação.
Entre eles um gigante da tempestade. A batalha durou 1 hora, meu
esquadrão assim como o do gigante tinha morrido, só nos dois
permanecia de pé.
Quando nos preparamos para dar nosso último golpe, o chão
abaixo de nós desmorona, caímos cerca de 10 metros.
Ali no fundo do que parecia ser o resto de uma caverna sem
saída, ambos percebemos que ficaríamos presos por um bom
tempo.
Eu não contatei meus compatriotas para informar minha
localização, ele muito menos, parece ter sido um ataque
desesperado para acabar de vez com a guerra.
Como se esperado de um gigante da tempestade, ele
entendeu a situação e como um gesto de paz ou compaixão, ele se
sentou, como se esperasse por uma oportunidade de fuga.
Cansada do jeito que estava fiz o mesmo...
2 dias se passaram, passamos o tempo forjando algo que
pudesse nos tirar de lá ou conversando, para duas raças que
batalhavam antes mesmo da gente nascer, tínhamos muito em
comum.
Ele assim como eu, era um adepto da forja, me ensinou
coisas que nem eu mesmo sabia. O calor necessário para moldar
qualquer material, que cada tipo de arma necessitava de um
requinte diferente, e o poder das runas, assim como a proteção e as
forças que elas traziam.
Depois de uma semana, e sem sinal de que iriarmos escapar,
o dia que ia me marcar para sempre chegou.
O gigante estava estranho, olhando para o buraco de onde
caímos e resmungando algo numa língua antiga dos gigantes.
Foi então que ele disse:
-Vukha Huliaga, essa guerra durou mais tempo do que devia, mas
agora eu vejo um jeito dela acabar, obrigado minha amiga, mostre
esse medalhão para meu povo e crie um lugar para que ambas as
raças possam conviver em paz.
Logo depois ele me agarra abruptamente e me dá o medalhão
(um medalhão com um símbolo de martelo e trovão), ele então, me
lança para fora do buraco.
Quando tentei voltar para socorre-lo, o mesmo socou as
paredes da caverna, fazendo ela desmoronar sobre sua cabeça, o
amigo que eu fiz agora descansa embaixo do solo.
Por mais abatida que eu estivesse, tinha que fazer o seu
último pedido, mesmo nem sabendo o que tudo aquilo significava,
por sorte o som da guerra estava próximo de mim.
Uma batalha como eu nunca tinha visto, parecia que todos os
membros do meu clã e do clã dos gigantes estavam guerreando
entre si.
Ao me aproximar, encima de uma colina eu grito com todas as
minhas forças e mostro o medalhão para os gigantes.
A guerra parou...
Todos os gigantes se ajoelham.
Anciões da minha tribo se aproximam de mim e murmuram:
-Você conseguiu, pelos céus! Você matou ele, matou o rei gigante
Harold.
-A guerra acabou por sua causa. O clã huliaga agora enxerga o
mais apto para ser nosso líder.
O humilde gigante que me ensinou tanto, não era ninguém
menos que o líder dos gigantes que eu me empenhava tanto para
matar.
Naquele momento, fiz a única coisa que podia fazer pelo meu
amigo, fiz os gigantes fazerem parte da nossa comunidade, como
iguais.
Houve alguns protestos no início, mas nenhum deles durou
muito comigo sendo sua líder.

Melancolia e Saída

10 anos se passaram.
A paz veio para dar um novo ar para nosso estilo de vida,
nossa única preocupação agora, era apenas o estoque de comida
para o inverno.
Como líder, eu tinha acesso a registros que não eram
disponíveis para o resto. E com isso, passei meu tempo
aprendendo mais sobre os gigantes.
Aparentemente existia muitas lendas sobre gigantes das
tempestades, aparentemente alguns deles tinham o poder de ver o
futuro, analisar as possibilidades e usar isso para sobressair sobre
sua caça.
Se isso é verdade, Harold usou seu poder para que eu
pudesse viver e parar a guerra.
Um herói que não fez nada apenas de deixar um esquadrão e
um amigo morrer. Aposto que nem deus faz piadas tão cruéis.
Talvez tenha sido o tedio, ou a vergonha que eu passei, mas
eu queria sair da tribo, dar um adeus para meu lar.
Eu já cumpri a promessa de meu amigo, agora é hora de me
tornar um herói digno de meu título.

Aparência

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