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VISITA TÉCNICA
Visita às instalações da Pedreira Irmãos Machado –
Amarantina, Ouro Preto - MG
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Sumário:
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Foco da visita:
A Empresa, Pedreira Irmãos Machado, extrai e beneficia rocha gnaisse, para aplicação na
construção civil em geral. A produção atual é de 1.000.000 de t/ano (toneladas por ano), o que
corresponde a, aproximadamente, 833.000 t/mês (toneladas por mês), variando de um mês
para o outro de acordo com a demanda.
Além de clientes da construção civil, atualmente os principais clientes da Irmãos Machado são
a Fundação Renova que aplica o produto nas operações de mitigação dos impactos
decorrentes do rompimento da Barragem de Fundão, da SAMARCO e a Vale, na construção de
barreiras preventivas para contenção de rejeitos em São Gonçalo de Bação.
Grupo de visitantes:
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2. Gestão de águas:
Existe Separador de Água e Óleo – SAO, para adequação dos efluentes da oficina. O efluente
final da água de uso da Irmãos Machado, passa por uma decantação de sólidos antes de ser
encaminhado para a natureza através de manilhamento.
Sugere-se que este efluente final, ao invés de ser devolvido à natureza, seja
transferido para algum ponto de uso próximo, por bombeamento, levando à
redução na captação de água nova no Rio Maracujá. Essa atitude, além de
ambientalmente exemplar (emissão zero), geraria redução no custo de energia
elétrica, já que a captação no rio é mais distante que o ponto de descarte do
efluente final.
Não foram evidenciados processos de assoreamento nos cursos d’água, cujas causas possam
ser atribuídas às operações da Irmãos Machado, entretanto, as saias das pilhas de produtos,
pela proximidade a cursos d’água, devem ser alvo de monitoramento constante.
Vale notar que os canais condutores de água na região do entorno das operações não são
naturais, ou seja, foram escavados pelos usuários, sobre o que não há registros e, tampouco,
há registros de controle sobre os volumes utilizados, o que pode explicar, em boa parte, a
redução na vazão percebida a jusante das operações da empresa.
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Não há qualquer evidência de que a cava da mina tenha atingido o lençol freático. Aliás, o
gnaisse nesse jazimento é uma rocha sã, sem permeabilidade para reter ou conduzir água (a
água corre por fora do maciço). Sendo assim, é de se esperar que o lençol freático esteja abaixo
do limite geológico vertical da mina, conforme explicado pelo CEO da empresa.
Conforme depoimento de antigos moradores, tais pontos eram alimentados por duas
nascentes que, hoje, estão aterradas pelo estéril do bota-fora, o que a empresa diz
desconhecer. Portanto, é recomendado que a coordenação de controle ambiental da empresa
investigue tal situação e tente dirimir essa dúvida. Por exemplo, deve-se investigar se, com a
vinda das chuvas, essa água brotaria em outro ponto, ou se o aporte de água às áreas
identificadas poderia vir da mata preservada no local. Mesmo porque, considerando que as
nascentes possam de fato estar aterradas, seria inviável a sua recuperação e, nesse caso, a
empresa poderia desenvolver e validar junto à sociedade e ao órgão licenciador, algum tipo de
compensação ambiental.
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3. Controle de poeira:
Chama a atenção o fato de que o controle de poeiras não tenha sido incluído como
condicionante ambiental. Isto denota fragilidade dos estudos de impactos ambientais – EIA,
que originou as licenças e/ou a incerta análise do órgão licenciador.
A poeira é gerada nas operações de mina, nos acessos e vias, nas pilhas de produtos, nas
instalações de beneficiamento e na operação do bota-fora.
Existe condicionante ambiental nas licenças para ruído e existe um Plano de Controle de Ruído
Ambiental, cujos valores gerados nas medições feitas por empresa credenciada, estão abaixo
dos limites legais.
São seis pontos de medição de ruído, cuja frequência é uma medição anual por ponto, ou seja,
uma medição a cada dois meses. Os pontos estabelecidos estão distantes da emissão, o que
leva a valores não representativos, caracterizados como áreas rurais ou urbanas sem atividade
industrial e não de uma área mista como é o caso.
A empresa forneceu um sismógrafo em comodato para a Paragem do Tripuí, para que fizessem
suas próprias medições.
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É importante lembrar que a intensidade do som, a partir de uma fonte pontual, é reduzido
diretamente com o quadrado da distância da fonte. Assim, em locais mais próximos das
fontes, pode-se notar ruídos mais altos que precisam ser investigados e tratados.
Existe um plano de gestão ambiental, cuja atualização é necessária. Esse plano deve ser
detalhado com as atividades de controle ambiental existentes, assim como o Programa de
Gestão de Resíduos Sólidos – PGRS, apenas citado no PGA, deveria ser descrito de forma mais
abrangente e completa.
A Irmãos Machado apresentou um Plano de Comunicação Social - PCS, entretanto, tal plano é
incipiente e não retrata, adequadamente, o que a empresa faz atualmente.
Discutiu-se, nessa fase da visita e já foi comentado no início desse relatório, o conceito de
Licença Social para Operar – LSO. Desenvolvido por uma empresa de mineração canadense e,
hoje em dia, disseminado no mundo todo, o conceito de LSO vem sendo adotado pelos diversos
tipos de indústria. Ou seja, a aceitação social por parte das comunidades afetadas direta ou
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indiretamente pelas organizações, é cada vez mais uma condição para a sustentabilidade das
atividades das organizações.
Licença Social é a expressão da qualidade das relações entre partes interessadas e a empresa,
concedido pela comunidade local de forma individualizada, intangível, informal, não
permanente e dinâmica. Tem que ser conquistada e, em seguida, mantida através do diálogo
constante e do engajamento de ambas as partes.
São aspectos que, se não forem devidamente tratados, podem resultar em riscos à reputação
da organização, resultando em dificuldades de relacionamento com clientes, com órgãos
ambientais, com colaboradores e com a comunidade.
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Cortina de água aspergida na transferência dos britadores: Trata-se de uma ação digna de nota e
de publicação como referência para outras operações semelhantes. Consiste da criação de um
invólucro de água pulverizada na transferência dos britadores. A certa distância a nuvem de água
(microgotas) formada por esse método tem a aparência de uma nuvem de poeira pairando sobre as
instalações.
Água aspergida através de sprays no beneficiamento: Consiste da pulverização de água (baixo
volume e média pressão) nas calhas e peneiras.
Aspersão de água nas vias internas: Essa ação, muito usada em operações desse tipo, consiste do
emprego de caminhões pipas aspergindo água nas vias internas.
Varrição mecanizada das vias extramuros: Resulta do emprego de vassoura mecânica na passagem
dos caminhões de transporte de produtos, nas áreas próximas.
Aplicação de “tela verde” tipo mosquiteiro: A aplicação destas telas em pilhas de material fino para
impedir a emissão de poeira. No caso da Irmãos Machados a aplicação é nas pilhas de produto.
Umidificação da carga dos caminhões: Trata-se da pulverização de água sobre a carga dos caminhões
transportadores dos produtos, na saída da expedição.
Medidas de controle propostas Prazos sugeridos
Imediato Curto Médio Longo
Até 30 dias 3 meses 6 meses 18 meses
Replicar a cortina de água aspergida onde for X
factível e importante.
Replicar a água de spray onde for factível e X
importante.
Usar supressor de poeira (álcool polivinílico ou X
outro) na aspersão de água nas vias internas.
Tornar mais eficaz o processo de varrição X
mecanizada (intensificar a supervisão, buscar
equipamento mais eficiente, etc).
Aplicar a “tela verde” em todas as pilhas de X
produtos finos.
Aumentar o nível de exigência da cobertura dos X
caminhões na saída da expedição (lona).
Transferir a plataforma de enlonamento para X
área interna da empresa.
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Emissão de ruído diversos e vibração pelo uso de Danos à saúde tais como: perdas
explosivos. auditivas, zumbidos, ansiedade,
nervosismo; Danos ao patrimônio.
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Termo de compromisso de servidão florestal: Área de servidão perpétua (Relação de área = 2 X 1),
que está sendo feito com aquisição de áreas de floresta para preservação.
Medidas de controle propostas (figuras Prazos sugeridos
meramente ilustrativas) Imediato Curto Médio Longo
Até 30 dias 3 meses 6 meses 18 meses
Estabelecer um X (Observação: A
contrato com comunidade deve se
organização de organizar para
comunitários, viabilizar a ação).
para geração de
mudas e plantio
em área degradada para recuperá-las e gerar
fonte de recursos para os comunitários.
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Tráfego de grandes carretas transportando Sobrecarga das vias públicas, incômodo sonoro,
produtos, em vias urbanas. contaminação por poeira, risco elevado de
acidentes com pessoas, com edificações, com
animais e com outros veículos.
Manutenção da via: A empresa executa alguma manutenção nas vias que mais utiliza (Rua Ponte da
Pedra e saída para a Br). Mas, o que é feito é muito pouco em relação à gravidade do impacto.
Medidas de controle propostas (fotos Prazos sugeridos
meramente ilustrativas). Imediato Curto Médio Longo
Até 30 dias 3 meses 6 meses 18 meses
Continuar e ampliar as operações de Continuamente.
manutenção da Rua Ponte da Pedra e outras
vias atualmente utilizadas pelas carretas.
Criar um “caminho seguro” X
para os transeuntes envolvendo
sinalização horizontal e vertical,
bloqueio e faixa de pedestre.
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1. A garagem tem dois compressores que só entram em operação quando cai a pressão do
tanque de ar comprimido, automaticamente. Portanto, operam poucas vezes e em tempos
curtos. Os compressores da Machado Júnior estão isolados em pequenas salas, ou seja, há
enclausuramento acústico parcial.
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Apesar dos compressores não terem sido observados em operação (pressão alta dos tanques
no momento da visita), segundo um fornecedor pesquisado, o nível de ruído é em torno de 70
dB (decibéis) nas condições de enclausuramento, para medição feita nas proximidades (ruído
ocupacional). Entretanto, as informações obtidas são inconclusivas e o assunto é complexo.
Desta forma, entende-se que os desconfortos sonoros relatados por vizinhos da rua
da Rua Ponte da Pedra, podem não decorrer dos compressores conforme a
alegado por vizinho. Sendo assim, recomendamos medidas de redução do nível de
ruído, como se segue:
2. A retirada e colocação de parafusos das rodas das carretas é feita com o emprego de um
Torquímetro Pneumático que gera ruído ocupacional de alta intensidade, obrigando o uso de
abafadores de ruído pelos mecânicos. Essa ferramenta deve, também, gerar ruído ambiental
fora dos padrões de normalidade.
3. A lavagem de carretas é feita com bomba de água que gera ruído de baixa intensidade.
Foi feita uma medição usando o decibelímetro de um aplicativo de celular, ou seja, sem
nenhuma validade para fins de laudo, que indicou um ruído ocupacional oscilando em
torno de 60 dB.
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Recomendação:
o Fazer medições do nível ruído ambiental gerado por essa bomba, do lado de fora
dos muros da transportadora e comunicar os valores obtidos à comunidade.
Recomendação:
o Fazer medições do nível ruído gerado pela engraxadora, do lado de fora dos muros
da transportadora, e comunicar os valores obtidos à comunidade.
5. O sistema de troca e/ou adição de óleo lubrificante é feito a partir de grandes bombonas
de óleo, com fluxômetro na ponta da mangueira. O nível de ruído da tarefa é muito baixo e só
é percebido quando se está muito próximo da operação.
6. O abastecimento das carretas é feito por uma bomba de óleo diesel com fluxômetro para
controle de consumo, igual às bombas dos postos de combustíveis existentes em qualquer
cidade ou beira de estrada. Nesse caso, o único ruído que pode influenciar a percepção dos
vizinhos é o decorrente das manobras das carretas para se posicionarem na bomba.
o Em função da manobra das carretas, não operar o abastecimento entre 20h e 06h
da manhã seguinte e, de preferência, encurtar esse o horário de abastecimento.
Sugere-se estudar se, com o emprego de uma bomba de maior vazão, esse horário
pode ser reduzido para 07h às 19h.
7. Outros serviços de manutenção, chamados de manutenção fina (muito baixo nível de ruído)
são realizados entre 20h e 22h e, durante a madrugada, de 22 às 6h, apenas um funcionário
fica na garagem. Este funcionário, eventualmente, faz lavagem de veículos e lubrificação.
o Não execução dessas atividades, em função do ruído da manobra das carretas para
acessar o box de lavagem e a bomba de abastecimento. Esse ruído é gerado pelo motor,
freios e sinal sonoro de ré, entre outros.
o Com a criação do trevo referido em 7.4, entende-se que a garagem da
Transportadora Machado Júnior deva ser remanejada para encerrar o uso das vias
públicas já mencionadas, para acessar a expedição da Pedreira Irmãos Machados.
Sendo assim, sugere-se que a transportadora avalie e se manifeste sobre esse
remanejamento.
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Mesmo assim, recomenda-se que sejam feitas inspeções rotineiras para correção
de perdas físicas (vazamentos) que, por ventura, venham a ocorrer.
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A área ocupada pela Contorno hoje em dia serve apenas como local de guarda de
equipamentos, já que não está em operação e nem há previsão de retomada.
O que se espera a partir de agora é que se inicie um processo de relacionamento saudável entre
a Pedreira Irmãos Machado, incluindo suas influenciadas, e a comunidade. Essa tese já está,
suficientemente, tratada no estabelecimento de objetivos e pode ser reforçada pela afirmação
de que, o esforço aplicado até aqui, que não é tão pouco, decorre da nossa crença na
construção desse processo de relacionamento.
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Pela relação: Antônio Barros
Este relatório deve ser usado apenas como meio para a busca do objetivo expresso na
página 02. Não deve ser usado, no todo ou em parte, para outro fim.
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