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Ficha de Gramática 17

Processos
Processos de coesão (gramatical e lexical) | Cadeias referenciais
fonológicos

Nome __________________________________ N.o _____ 12.o _____ Data ____/ ____/ ____

Avaliação ____________________ E. de Educação _____________ Professor/a ____________

Lê atentamente o texto que se segue.

Lisboa e a encarnação de um heterónimo


Há poetas, como cidades, que conhecemos construir uma história biográfica efabulada.
há muitos anos e cuja divulgação omitimos reite- É assim que José Saramago (1922) reconstrói
radamente, exceto aos amigos mais íntimos. No em O ano da morte de Ricardo Reis o regresso
entanto, na maioria dos casos, o descobridor de de Ricardo Reis do Brasil. Saramago, conhe-
5 semelhante tesouro acaba traído pela sua vaidade, 30 cendo muito bem a teia vital e literária das per-
pelo seu orgulho de aparente explorador. Não há sonagens pessoanas, toma-as como motivo para,
tesouros sem ele, mas estes também não fazem através delas, reconstruir parte do ambiente
sentido sem aqueles que podem alimentar o seu da sua própria juventude. Na realidade, como
narcisismo. também acontece com a maioria da obra do
10 Fernando Pessoa foi, durante longo tempo, 35 extraordinário poeta luso, um dos protagonis-
essa joia, mais ou menos oculta, protegida no tas do romance de Saramago é a cidade. Esta
nosso país por uns escassos lusófilos. O mesmo cidade e não outra qualquer.
acontecia com a cidade que percorria, Lisboa; Como afirma Saramago numa entrevista
com os seus cafés (A Brasileira, Martinho da concedida
15 Arcada): lugares como o Terreiro do Paço (Praça 40 a Francisco Vale e publicada no Jornal
do Comércio) e o Rossio, que integram a Baixa, de letras, artes e ideias, esse magnífico semaná-
mais próxima do Tejo, espaços onde o Marquês rio cultural e literário lisboeta, «nada é verdade
de Pombal distribuiu os diferentes ofícios por e mentira nesta obra». Não é verdade que Reis
ruas: Áurea, Prata, Fanqueiros (comerciantes de existiu, mas certamente, se tivesse vivido, teria
20 telas de lã e algodão), Retroseiros. 45 sido assim. O livro deixa o leitor sem um verda-
Era de prever que, mais cedo ou mais tarde, deiro ponto de apoio, porque o que se pretende
algum escritor português ou estrangeiro se deixasse criar é uma sensação de desnorte, o mesmo que
levar pela fascinação literária desprendida guia a personagem. Saramago sente a necessidade
por alguns dos vários heterónimos do autor de converter o real em imaginário, e vice-versa.
25 do Livro do desassossego, para, em torno deles, 50 Pretende fazer desaparecer a fronteira entre um
e outro conceito.
César Antonio Molina, «Lisboa e a encarnação de um heterónimo», Blimunda, n.o 66, novembro de 2017
(texto originalmente publicado no jornal El País, no dia 11 de agosto de 1985, adaptado, com supressões).

1. Identifica o tipo de coesão que é garantido através dos processos referidos nas alíneas.
a) Utilização do conector «No entanto» (linhas 3-4)
a) _________________
b) Recurso ao determinante possessivo «sua» (linha 5)
b) _________________
c) Relação entre o vocábulo «cidade» (linha 13) e «Lisboa» (linha 13)
d) Repetição do vocábulo «Saramago» (linhas 36 e 38) c) _________________
e) Utilização da conjunção coordenativa «mas» (linha 43) d) _________________
f) Recurso ao pronome relativo «que» (linha 46) e) _________________
f) __________________

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2. Relê o seguinte excerto.
«No entanto, na maioria dos casos, o descobridor de semelhante tesouro acaba traído pela sua
vaidade, pelo seu orgulho de aparente explorador. Não há tesouros sem ele, mas estes também
não fazem sentido sem aqueles que podem alimentar o seu narcisismo.»
2.1 Completa a sequência das cadeias referenciais com os elementos lexicalmente presentes.
a) i. «o descobridor» – ii. «__» – iii. «__» – iv. «__» – v. «__».
b) i. «__» – ii. «estes».
c) i. «[pel]a sua vaidade, [pel]o seu orgulho» – ii. «__».

2.2 Identifica os mecanismos anafóricos que garantem a cadeia referencial no excerto.


________________________________________________________________________

3. Relê o seguinte excerto.


«Saramago, conhecendo muito bem a teia vital e literária das personagens pessoanas, toma-as
como motivo para, através delas, reconstruir parte do ambiente da sua própria juventude.»
3.1 Identifica a única anáfora cujo antecedente é «Saramago».
________________________________________________________________________

3.2 Transcreve o antecedente da cadeia referencial a que pertencem as anáforas «-as» e


«[d]elas».
________________________________________________________________________

4. Relê o seguinte excerto.


«Não é verdade que Reis existiu, mas certamente, se tivesse vivido, teria sido assim.»
4.1 Reescreve a frase, explicitando os elementos subentendidos.
________________________________________________________________________

4.2 Identifica o mecanismo anafórico que garante a cadeia referencial na frase.


________________________________________________________________________

5. Faz corresponder as frases da coluna A ao tipo de coesão que é garantido através dos elementos
sublinhados, o qual é apresentado na coluna B.

A B
a) Lisboa é uma cidade encantadora; visitámo-la no 1 Coesão lexical por
ano passado. reiteração
b) A água estava fria, mas soube-lhe muito bem 2. Coesão lexical por
mergulhar no Tejo. substituição
c) Fernando Pessoa estudou alguns planetas: 3. Coesão gramatical
Mercúrio, Marte, Júpiter e Saturno. referencial
d) Os heterónimos pessoanos aspiravam a ser 4. Coesão gramatical
inesquecíveis. frásica
e) Nesse momento, Reis deambulou pela cidade; 5. Coesão gramatical
algum tempo depois, entrou no hotel. interfrásica
f) Ricardo Reis mantinha uma relação com Lídia; 6. Coesão gramatical
contudo, Ricardo Reis pretendia casar com Marcenda. temporal

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