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História A | 11.

º ano Maria Antónia Monterroso Rosas · Célia Pinto do Couto · Alfredo Costa · Ana Cristina Santos
Resolução das Questões do Manual

Oo
Índice

Módulo 4 ................................................................................. 3
Unidade 1 ........................................................................................... 3
Unidade 2 ........................................................................................... 10
Unidade 3 ........................................................................................... 18

Módulo 5 ................................................................................. 24
Unidade 1 ........................................................................................... 24
Unidade 2 ........................................................................................... 30
Unidade 3 ........................................................................................... 39

Módulo 6 ................................................................................. 44
Unidade 1 ........................................................................................... 44
Unidade 2 ........................................................................................... 50
Unidade 3 ........................................................................................... 58
Unidade 4 ........................................................................................... 59
Unidade 5 .......................................................................................... 67
Módulo 4 Unidade 1 (1.1.) 2. Funções:
− Ministros e conselheiros de Estado;
− juízes/magistrados;
Págs. 12 e 13
− embaixadores.
1
3. Provém da nobreza, como atesta o seu brasão familiar
DOC.

1. Excertos: (Casa de La Tour-d’Auvergne).


− “Os soberanos […] dão as suas ordens aos grandes; os 4.
grandes aos médios; os médios aos pequenos e os pe- − A pastoral procura dignificar a função sacerdotal, deter-
quenos ao povo”; minando que os padres não rezem missa sem “estarem
− “Cada uma destas três ordens está ainda subdividida em vestidos com a sotaina” e que incluam “uma explicação do
categorias subalternas, à imagem da hierarquia celeste”. Evangelho” nas prédicas de cada missa; reprime também
Nota: poderão ser consideradas corretas outras transcrições que ilustrem a hierar- comportamentos considerados impróprios ou mesmo pe-
quização social.
caminosos, como a bebida, as danças, os jogos ou o uso
2. O texto e a imagem coincidem nas funções atribuídas a
de armas de fogo, já que “a vida e os costumes dos curas
cada uma das ordens: o clero, investido, na imagem, das devem servir de modelo ao povo”.
insígnias sagradas, “dedica-se ao serviço de Deus”; a no-
− A elevada dignidade social do clero, mesmo do baixo
breza, que a imagem retrata de armadura e espada, “de-
clero, a quem se destina esta pastoral, fica patente na
fende o Estado pelas armas”; ao Terceiro Estado compete
proibição do trabalho braçal (item 11), considerado impró-
“alimentar o Estado e mantê-lo “através de atividades pa-
prio das ordens privilegiadas e apenas devido ao Terceiro
cíficas”, pelo que, ajoelhado junto da pá de trabalho e do
Estado.
cesto de cereal, suporta o peso da coroa.
3. A desigualdade social é um desígnio de Deus, que atri-
buiu uma função a cada um dos homens. “Esta verdade Págs. 16 e 17
[…] é ensinada pelas Sagradas Escrituras”. DOC. 3
4. A superioridade do clero advém do carácter sagrado das 1. O nobre define-se:
suas funções: “A veneração que devemos ter pela religião
− pelas funções que desempenha e que lhe são próprias
faz-nos considerar os eclesiásticos como sendo mais no-
(funções militares e desempenho de altos cargos do Es-
bres do que todos os outros”. A distinção da nobreza radica
tado);
na vontade dos soberanos, que elevam à condição nobre
− pela sua ascendência – linhagem −, tanto mais honrosa
alguns dos seus súbditos: “uma qualidade que o poder so-
quanto mais antiga e mais proeminente;
berano imprime nos particulares a fim de os colocar, a eles
e aos seus descendentes, acima dos demais cidadãos”. − pelo seu próprio mérito – cargos exercidos, alianças
matrimoniais, etc.;
5. Representa uma esmagadora maioria – 98% da popu-
lação francesa. − pela posse de grandes propriedades.
2. A linhagem. Os “nobres de sangue” descendem de uma
linhagem nobre e antiga; os “nobres de toga” nasceram no
Págs. 14 e 15 Terceiro Estado e foram posteriormente nobilitados.
DOC. 2 3. Na nobreza de sangue.

1. Privilégios: 4. O exercício de altos cargos do Estado.

− não são julgados nos tribunais comuns – beneficiam de 5. As atividades produtivas: comércio e ofícios.
um tribunal eclesiástico ou, em matéria criminal, do julga- 6. Os nobres:
mento no Parlamento de Paris (Doc. A); − recebem pensões do Estado;
− os seus bens não podem ser confiscados (Doc. A); − ocupam os altos cargos administrativos;
− estão isentos da obrigação de alojar exércitos (Doc. A); − cobram impostos aos que habitam nas suas terras;
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− beneficiam da proteção real, tendo o direito de colocar − vivem luxuosamente e frequentam a corte;
à porta as armas do rei, em sinal dessa mesma proteção − não são penalizados por comportamentos abusivos,
(Doc. A); como a destruição de searas e vinhas em prol de uma
− estão isentos do pagamento de impostos (Doc. B). caçada.

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7. Na mesma altura em que as comunidades camponesas − A noiva mostra tristeza e o noivo indiferença.

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se insurgem contra os excessos e as prerrogativas da no- − O jovem aristocrata é retratado como uma pessoa fútil e
breza, a nobreza de Aumont agarra-se aos seus privilé- vaidosa, fixada na sua própria imagem.
gios, considerando-os inerentes à sua condição superior.
Afirma que a supressão de tais privilégios, como os direi-
Pág. 21
tos senhoriais, os direitos de caça, as rendas, entre ou-
tros, significariam o fim da sua condição nobre e, como DOC. 6

tal, a subversão da estrutura social: “só confundindo as 1. Escudados na dignidade da sua condição, os nobres
ordens [as isenções pessoais e as distinções da nobreza] assumem um comportamento displicente, desprezando o
poderiam ser atacados ou destruídos”. trabalho e a valorização pessoal; inversamente, os bur-
gueses empenham-se no estudo e no trabalho, enrique-
Págs. 18 e 19 cendo e tornando-se úteis ao Estado.

DOC. 4
Págs. 22 e 23
1. O estudo. No topo da hierarquia do Terceiro Estado,
encontram-se os indivíduos com formação universitária, Analisar… um documento iconográfico
“homens de letras” e advogados.
Retrato do duque de Richelieu
2.
1. c) Antigo Regime.
– Os artesãos ou gente dos ofícios “exercem as artes me-
2. a) estratificada em ordens ou estados, com regimes ju-
cânicas”, sendo estas definidas como “aquilo que é vil e
rídicos diferenciados.
abjeto”.
3. Nobreza OU alta nobreza.
− Os trabalhadores braçais são “os mais vis entre o povo-
-miúdo”. 4. O duque assume uma pose encenada que transmite
uma imagem de grandeza: de pé, pernas de perfil e corpo
3. Aos “trabalhadores braçais” e aos “mendigos válidos”.
torcido, cabeça virada para o espetador, que fita com uma
Vauban refere aqueles que “trabalham à jorna ou à tarefa”,
serenidade altiva, mão no punho da espada. O seu traje é
o que corresponde aos “trabalhadores de jornada” elenca-
magnífico, a irradiar o brilho da prata, capa de veludo
dos nos trabalhadores braçais do Doc. A. Afirma também
preto adornada com uma luxuosa corrente. Evidenciam-
que os anos de fome reduziram muitas pessoas à mendici-
-se, também de prata e pedrarias, as grandes fivelas dos
dade, o que remete para os “mendigos válidos”, ilustrados
sapatos e o florão que decora as ligas das meias de seda.
pela imagem.
Chapéu emplumado na mão direita, ostenta uma grande
4. Os camponeses pagam numerosos impostos, tanto em
cabeleira empoada, que lhe desce pelas costas.
numerário como em espécie, à Igreja, ao clero e ao Estado.
5. A proeminência do retratado. O pajem encontra-se
As ordens privilegiadas não só não pagam impostos como
também ricamente vestido, mas ajoelhado, em sinal de
os recebem.
subserviência face ao duque.
6. a) −1; b) − 5; c) − 3.
Págs. 20
7. Atributos:
DOC. 5
− o título distintivo da nobreza, neste caso da alta nobreza
1. A compra de terras senhoriais a uma nobreza empobre- (duque), que atesta a sua posição numa ordem privilegiada;
cida; a ligação às famílias nobres por meio do casamento. − a riqueza (evidenciada em todos os elementos do re-
2. trato);
− O dinheiro e valores que se encontram sobre a mesa − as funções militares (de que a espada é símbolo);
indicam que o contrato de casamento envolveu o paga- − o desempenho de altas funções do Estado (o duque foi
mento de um avultado dote. marechal de França).
− Lord Squander assume uma pose altiva e aponta para a
sua árvore genealógica; o pintor põe assim em evidência Pág. 24
o seu orgulho de aristocrata.
DOC. 7
− Sendo a gota uma doença degenerativa, o pé pode sim-
bolizar a progressiva decadência da alta nobreza. 1. Sobre o estrado, por trás do rei, é visível um trono.

4
Pág. 25 – implementava, na corte, um luxo excessivo, que tornava
os nobres dependentes da magnanimidade do rei;
DOC. 8
– rodeava-se de luxo, prazeres e protocolo, fazendo da
1. A primeira característica, que remete para o carácter sa-
vida de corte um “espetáculo” que seduzia a nobreza.
grado da monarquia.
2. As hierarquias eram reforçadas por um protocolo rígido
e minucioso, em que cada um, de acordo com o seu esta-
Pág. 26 tuto, assumia funções definidas, que considerava como
“fazendo parte dos seus direitos”. Por exemplo, as prince-
DOC. 9
sas de sangue real tinham precedência sobre as outras
1. Luís XIV põe em contraste o exercício direto do poder, damas para vestir a camisa à rainha, devendo fazê-lo,
que ele próprio pratica, ocupando-se pessoalmente dos caso se encontrassem presentes.
assuntos da governação e a delegação da autoridade real
num primeiro-ministro, que exerce o poder com funções
delegadas do rei. Pág. 30

2. No símbolo solar, são visíveis a espada, o cetro e a mão DOC. 12


da justiça.
1. Serão consideradas certas as respostas pertinentes,
3. Luís XV reivindica uma autoridade total, absoluta, que respeitando a sensibilidade dos alunos.
não partilha com ninguém (“É somente na minha pessoa
2. O vestido de Maria Antonieta, confecionado em seda
que reside o poder soberano”). Visto que o monarca con-
prateada, é uma profusão de drapeados, folhos, laços e
centra em si todo o poder que recebeu “de Deus para
rendas. A saia, armada e muito ampla, contrasta com o
proteger o (seu) povo”, toda a autoridade dos magistrados
corpete justo e é complementada com uma grande
provém do rei e a ele pertence. O monarca enfatiza este
cauda. Dela pendem borlas douradas e dourado é tam-
aspeto com repetidas remissões à sua pessoa: “é so-
bém o rebordo dos folhos.
mente de mim que os tribunais recebem a sua existência
O penteado é extremamente alto, pelo que requer uma ar-
e a sua autoridade”; “autoridade que eles não exercem
mação e cabelos postiços. Complementa-se com adornos
senão em meu nome”; “é unicamente a mim que per-
vários – pedrarias e plumas – que lhe conferem ainda maior
tence o poder legislativo”, por exemplo.
imponência.

Pág. 27
Pág. 31
DOC. 10
DOC. 13
1. O rei jura manter os privilégios dos grandes, neste caso
da Igreja, perpetuando assim a ordem estabelecida no 1. Afirmações:
reino (“[…] manterei os privilégios canónicos, a lei e a jus- – “Esta sociedade de prazeres que dá às pessoas da
tiça”); jura também defender o povo das violências (“defen- corte familiaridade connosco […] toca-as e encanta-as
derei [o povo] de todas as rapinas e iniquidades”), bem mais do que é possível dizê-lo.”;
como exercer o poder judicial de forma justa e misericor- – “Na verdade, todos se deleitam com o espetáculo, com
diosa (“[…] em todos os julgamentos farei prevalecer a jus- o qual, no fundo, procuramos agradar-lhes”;
tiça e a misericórdia”).
– “Relativamente aos estrangeiros […] o que se gasta nes-
sas despesas, que podem parecer supérfluas, provoca
Pág. 28 e 29 uma impressão muito favorável de magnificência, poderio,
opulência e grandeza”.
DOC. 11

1. Luís XIV: Págs. 32 e 33


– mantinha a nobreza junto de si, podendo assim vigiá-la;
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– penalizava os nobres que não frequentavam o palácio,


Analisar… um filme histórico
privando-os de dádivas e outras benesses; Maria Antonieta

– valorizava a sua pessoa, fazendo de pequenos gestos 1. a) na Europa dos Estados absolutos do século XVIII.
autênticas honras concedidas aos nobres que o rodeavam; 2. Luís XV (Docs. 10 e 13) e Maria Antonieta (Doc. 11C).

5
3. Palácio de Versalhes. Pág. 36

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4. A frase proferida pela condessa remete para a socie- DOC. 16
dade de ordens, assente na ideia de uma desigualdade
instituída por Deus. Deus teria atribuído, pelo nascimento, 1. A designação alia o vocábulo “cavaleiro”, que remete
um estatuto determinado a cada indivíduo. A futura rainha para a condição nobre do conde de Assumar, a “merca-
encontrava-se no topo da pirâmide social desenhada por dor”, que designa a atividade comercial deste nobre,
Deus e, consoante o seu grau de nobreza, as damas ti- pouco comum entre os membros da nobreza europeia.
nham o direito, isto é o “privilégio” de a servir. DOC. 17
5. c) a hierarquização da sociedade de corte.
1. O autor refere explicitamente a pouca desenvoltura da
6. burguesia portuguesa nas atividades que, nesta época,
– O principal desfasamento é cronológico: no filme, a cena lhe são próprias. Assim:
passa-se pouco depois da chegada de Maria Antonieta à – considera-os “muito acanhados no comércio”;
corte de França, em abril de 1770; na descrição de Madame
– afirma que a maioria não sabe como importar as merca-
Campan, Maria Antonieta surge já como “rainha”, o que só
dorias diretamente do seu local de origem, limitando-se a
acontece após 10 de maio de 1774;
adquiri-las aos estrangeiros;
– também a estação do ano não é a mesma: Madame Cam-
– salienta a incapacidade de grande parte do comércio
pan refere “uma manhã de inverno” e a cena encontra-se
com as nossas próprias colónias estar nas mãos dos es-
transportada para depois do casamento, que se realizou
trangeiros, limitando-se os negociantes portugueses a
em maio. No entanto, o frio sentido por Maria Antonieta
usufruir de comissões.
tem expressão no relato do filme.
7. Elementos:
– a grandiosidade do cenário em que o rei se move, neste Pág. 37
caso o palácio de Versalhes;
DOC. 18
– o luxo de toda a corte, centrado na pessoa dos monarcas;
1. Trata-se do indivíduo que vai dentro da carruagem, à
– os grandes espetáculos, de magníficos efeitos cénicos,
direita, acompanhado por um grande séquito.
como o fogo de artifício dos festejos de casamento;
– a transformação dos banais atos da vida quotidiana,
como o levantar e o deitar, as refeições, em atos públicos, Pág. 38
onde impera o protocolo;
DOC. 19
– o papel passivo da alta nobreza, empenhada em servir
os monarcas em tarefas básicas, que poderiam ser exer- 1. O papel central. O rei está no centro do poder, presidindo
cidas por serviçais ou em, simplesmente, assistir aos atos aos mais altos órgãos da administração central, cujas deci-
do quotidiano. sões têm em conta “a opinião do rei”.
2. Os ministérios que, por sua vez, se organizam em secre-
Pág. 34 tarias de Estado.

DOC. 14
Pág. 39
1. Filipe III de Portugal (Filipe IV de Espanha).
2. 28 anos (1640-1668). DOC. 20

1. As Cortes eram conselhos alargados que datavam da


Pág. 35 Época Medieval. Eram solenemente convocadas pelo rei
DOC. 15
e contavam com representantes das três ordens do
Reino: clero, nobreza e povo. A sua convocação estava
1. A sua linhagem nobre. O autor identifica a nobreza ver- dependente da vontade do monarca, que as reunia a fim
dadeira com a “nobreza de sangue”. de tratar de assuntos da governação (desvalorização da
2. Fazer carreira “nas Índias”, isto é, no Império Português. moeda, lançamento de impostos…) e de ouvir as reclama-
3. Através da ostentação. Os fidalgos portugueses “tim- ções e pedidos dos seus súbditos, de forma a corrigir
bram […] na magnificência”. abusos e injustiças.

6
2. Reunião das Cortes: – as equipagens da rainha eram “de extrema magnificên-
– nos 10 anos subsequentes à Restauração: 4; cia”
– na segunda metade do século XVII: 4; – o palácio-convento em construção era “soberbo” e cus-
– em todo o século XVIII – 0. taria “quantias fabulosas”;

Destes números conclui-se a progressiva perda de prota- – o seu gosto pelo luxo chegava ao ponto de encomen-
gonismo destes conselhos, da Restauração (1640) ao fim dar no estrangeiro “uma banheira de prata maciça […]
do século XVII, e o seu apagamento total, no século XVIII. dourada por dentro e por fora”, que encheu de admiração
a nobreza inglesa.

Pág. 40

DOC. 21 Pág. 42
1. DOC. 23
– O rei reunia duas vezes por dia com o secretário de
1. Os embaixadores dos outros países não conseguiam
Estado;
ombrear com a riqueza das embaixadas joaninas, pelo
– o autor refere que o monarca se inteirava “dos mais pe- que preferiam entrar discretamente em Roma.
quenos pormenores”;
2. Aspetos:
– para além dos membros do Governo, o rei dava audiên-
– a imponência do clero, “o mais nobremente composto e
cia aos súbditos, dos mais importantes aos mais humildes,
trajado de toda a Europa;
ouvindo todas as queixas e pedidos que entendessem fa-
zer-lhe. – os ricos materiais de construção da igreja (lápis-lazuli,
ágata, mármores, etc);
2. Aspetos que evidenciam a superioridade do rei:
– as imagens e alfaias sagradas, elaboradas em metais
– a posição de subserviência dos súbditos – a nobreza di-
preciosos e pedrarias, pesadíssimas.
rigia-se ao rei de pé, os elementos do Terceiro Estado, de
joelhos – sendo o rei o único que se encontrava sentado;
– o trono do rei estava encimado por um dossel, o que
Págs. 44 a 47
reforçava a imponência do trono e da figura régia;
– o rei distribuía dinheiro, magnanimamente, pelos mais Dossiê
necessitados. O Convento de Mafra
3. Evidências:
1. Facilmente identificáveis (os três primeiros por associa-
– os desmandos da nobreza diminuíram com a subida ao ção aos símbolos discriminados na página 24 do manual),
trono de D. João V; encontram-se os seguintes emblemas régios:
– a nobreza apresentava-se ao rei “bastante submissa”; – a coroa;
– D. João V enfatizava a sua superioridade face aos no- – o ceptro;
bres, afirmando não os temer e só lhes conceder “a mercê”
– a espada;
da sua estima se se mostrassem dignos dela;
– a orbe;
– o rei reprimia severamente qualquer atropelo à sua au-
toridade, chegando ao ponto de banir da corte 35 nobres – a águia imperial.
de uma só vez; 2. Embora tudo leve a crer que o voto real se deveu à
– apesar do desagrado dos comerciantes face ao exílio longa espera por um filho que assegurasse a sucessão
dos nobres, “ninguém protestou”. ao trono, a inscrição não é explícita quanto a essa espera.
3. A forma como a construção afetou a vida dos Portu-
gueses:
Pág. 41
– um grande número de portugueses, dos campos e das
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DOC. 22 cidades, foi forçado a trabalhar na construção do edifício;


1. Aspetos: – as famílias dos homens que não se apresentaram ao
– o rei vestia “com grande magnificência”, bem como a trabalho sofreram represálias;
restante família real; os seus trajes vinham de Paris; – foram requisitados os animais de tiro;

7
– a agricultura ressentiu-se do desvio de recursos e mão 9.

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de obra (“o país inteiro ficou por cultivar”); Aspeto em que concordam: o elevado dispêndio de di-
– nas cidades, faltavam os homens dos ofícios para as nheiro que a construção implicou.
tarefas correntes; Aspeto em que discordam: o valor artístico de Mafra:
– para financiar a construção, foram lançados novos im- Heinrich Link (texto 1) considera-o “uma massa informe
postos sobre os géneros, pelo que os preços subiram; que não abona a favor do gosto do seu autor”, enquanto
– os assuntos do Estado foram descurados. no texto 2 se realça o impacto positivo do Convento na
A enorme dimensão das obras de Mafra: arte portuguesa.
– o estaleiro de Mafra teria cerca de 50 000 operários; 10. São de considerar corretas as respostas que exprimam
– os recursos económicos do país foram desviados para uma opinião fundamentada sobre a valia do Convento de
a construção; Mafra.
– o tesouro régio não conseguiu suportar a “imensa des- – Podem considerar-se argumentos favoráveis à constru-
pesa” das obras, pelo que foi necessário lançar novos im- ção, entre outros, o prestígio da Coroa portuguesa no es-
postos. trangeiro, a imponência do edifício, a beleza das obras de
4. Sentimentos: arte que encerra, o “movimento geral das artes no reino”
– deslumbramento, admiração, espanto. que causou (Doc. J-2), o património que hoje representa,
bem como argumentos de índole religiosa com os quais o
Identificação, nas imagens, de dois aspetos referidos por
W. Beckford. São facilmente visíveis: aluno se identifique.

– a variedade dos mármores (de diferentes cores); – Contra a construção poderão apresentar-se, entre ou-
tras razões, as grossas somas despendidas em detri-
– as rosas de mármore branco;
mento de investimentos mais proveitosos para a econo-
– os capitéis coríntios.
mia portuguesa (Doc. J-1), o sofrimento humano causado
5. Requisitos:
pelo esforço da sua construção (Doc. B), a excessiva di-
– execução primorosa, ”sem pintura alguma” que acen- mensão do edifício, quer em termos absolutos, quer em
tuasse a sua verosimilhança; comparação com o projeto inicial de um convento para
– reprodução fiel das insígnias/símbolos dos santos que 13 monges, bem como argumentos de carácter estético
representavam; que dependem da perceção pessoal do aluno.
– execução célere, dentro do prazo definido.
6. As duas opiniões discordam relativamente à música
produzida: enquanto Marco António Baretti (texto 1) a
classifica como “pouca e mesquinha música”, conside-
rando um desperdício a enorme quantidade de materiais
que se aplicou nos carrilhões, Karol Dembowsky (texto 2) Módulo 4 Unidade 1 (1.2.)
considera que é indispensável ouvir um concerto de car-
rilhões em Mafra, acentuando a variedade de obras que Pág. 48
os sinos podem produzir e considerando os seus sons
uma “majestosa harmonia” que “toca a alma”. DOC. 24

7. A possibilidade de, no seu acervo, a biblioteca poder 1. De acordo com a sentença, Carlos I:
contar com os livros proibidos pela Igreja só pode inter- – não governou “de acordo com a lei do país”, chamando
pretar-se como um privilégio e uma distinção concedida
a si um poder ilimitado e tirânico;
pelo Papa à biblioteca real de Mafra.
– desrespeitou os “direitos e liberdades” dos seus súbdi-
8. A sala do trono é, com toda a sua policromia, a mais
tos;
exuberante: os frescos, os lustres, a talha dourada, os re-
– privou o Parlamento dos mecanismos “de reparação do
posteiros e tapeçarias contribuem para a sua imponência;
a biblioteca, embora mais discreta, recebeu uma decora- mau governo”;
ção rica, patente nas estantes e nos mármores do pavi- – desencadeou uma guerra contra o Parlamento, órgão
mento; já o refeitório espelha a austeridade que deve pre- representativo do povo inglês, causando inúmeras mor-
sidir à vida conventual. tes.

8
Pág. 50 de impostos ou a constituição de um exército, por exemplo.
Ao rei competia o poder executivo, isto é, a aplicação das
DOC. 25
leis. Deste modo, os Ingleses não se encontravam subme-
1. Poderes atribuídos ao Parlamento:
tidos ao poder discricionário do monarca, mas sujeitos às
– alterar e ratificar as leis; leis, que lhes garantiam os seus direitos e liberdades.
– autorizar o “levantamento de dinheiro” (impostos) pelo 3. O Doc. A2 refere expressamente “a hierarquia que se
rei;
desenha da cabana até ao trono”; o facto de o Parla-
– autorizar o recrutamento e manutenção de um exército, mento se dividir em duas câmaras cuja composição se
em tempo de paz.
alicerça na posição social evidencia também a hierarqui-
2. Na prática, o rei vê-se privado de fundos para qualquer zação da sociedade.
atuação que não agrade ao Parlamento e perde o poder
4. Falhas:
de intervir pela força, já que não lhe é possível organizar
um exército sem autorização parlamentar. – o reduzido número de eleitores. Para se ser eleitor era
necessário possuir um rendimento de 40 xelins por ano;
DOC. 26
– a possibilidade de aliciamento dos eleitores com dádivas
1. A liberdade. No seu estado “natural” os homens encon- e outros benefícios, dado que o voto não era secreto.
tram-se “em perfeita liberdade”, podendo dispor livremente
5. John Locke.
da sua pessoa e dos seus bens.
6.
2. Sim. Segundo Locke, quando os governantes exorbi-
tam o seu poder desrespeitando as regras do mandato Aspetos que diferenciam o parlamentarismo inglês das
que lhes foi confiado, perdem o direito de governar. monarquias absolutas:
O poder, que reside no povo, naturalmente livre, regressa – enquanto no sistema parlamentar inglês se afirma que,
então a este, que tem o direito de instituir novos órgãos por força da Natureza, os homens nascem livres e, por
governativos. isso, neles reside originalmente o poder transferido para
o rei, nas monarquias absolutas considera-se que o poder
provém de Deus, que o transmite diretamente ao rei;
Pág. 51 – o rei inglês detém apenas o poder executivo, enquanto
DOC. 27 nas monarquias absolutas o rei detém a totalidade dos
poderes;
1. O sistema inglês consagra o primado da lei, que ocupa
o lugar cimeiro (correspondente ao do rei, nas monar- – na Inglaterra funciona, como órgão de poder, um Parla-
quias absolutas). mento representativo do povo inglês que assume funções
legislativas, entre outras (Doc. A).
– periodicamente, realizam-se na Inglaterra eleições para
Págs. 52-53 escolher os deputados à Câmara dos Comuns (Doc. B).
– o sistema inglês reforça o primado da Lei e os direitos
Dossiê
dos indivíduos, que se encontram, nas monarquias abso-
O sistema parlamentar em Inglaterra
lutas, à mercê da vontade do rei (Doc. C).
1. Afirmações:
Aspetos em que o sistema inglês se aproxima do modelo
– “Ele (o rei) é a alma da constituição” OU “Ele (o rei) é a sociopolítico do Antigo Regime:
alma da constituição, aquele que liberta da tirania da aris-
– mantém-se a monarquia como forma de governo;
tocracia e da anarquia da democracia ”;
– a autoridade real mantém muito do seu prestígio, a ava-
– “Que o rei não atua mal, que o rei nunca morre, que o
trono nunca está vago, são ideias […] que se tornam ne- liar pelo texto de R. Ackermann (Doc. A), pela cerimónia so-
cessárias à existência da nossa Constituição e da nossa lene de abertura do Parlamente pelos monarcas (Doc. A,
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liberdade”. fig. 1), ou pelo símbolo da autoridade real (a maça) que re-
2. No sistema político inglês, a autoridade do monarca en- pousa na mesa da Câmara dos Comuns (Doc. A, fig. 2);
contrava-se limitada pelos amplos poderes do Parlamento. – persiste a sociedade estratificada, em cujo topo se en-
Era o Parlamento que legislava, autorizava o levantamento contra o rei (“[…] da cabana até ai trono” – Doc. A).

9
Fragilidades do sistema parlamentar: escala no Cabo da Boa Esperança; daí dirigiu-se a São

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– o sistema representativo exclui a maioria do povo inglês Domingos, nas Antilhas; regressou depois a Bordéus.
(Doc. B); Objetivo: adquirir escravos em Moçambique e transportá-
– as eleições são suscetíveis de serem manipuladas (Doc. B); -los para São Domingos, onde seriam vendidos; adquirir,
– embora sejam tolerados outros cultos que não o angli- com o dinheiro da venda, produtos coloniais americanos
cano, quem os pratica vê-se impedido de exercer cargos e transportá-los para a Europa.
públicos (Doc. C). 3. c) nas rotas do comércio triangular.
4.
– Para a aquisição dos escravos, na costa de Moçambi-
que, são referidas diversas mercadorias, tais como: bebi-
das alcoólicas, barras de ferro, espingardas, pólvora e te-
Módulo 4 Unidade 2 (2.1.) cidos;
– os negros escravizados foram depois vendidos a troco
de moedas de prata;
Pág. 58
– parte do produto desta venda foi investido em “produtos
DOC. 1 da colónia”, que seriam depois transacionados em França,
gerando um lucro suplementar.
1. A atividade comercial:
5. d) do capitalismo comercial.
– cria emprego;
6. O tráfico negreiro foi impulsionado:
– estimula a produção;
– pela colonização da América, que gerou grande neces-
– proporciona a abundância de produtos, trazidos de pa-
sidade de mão de obra, a fim de rentabilizar minas e plan-
ragens longínquas.
tações de produtos coloniais (açúcar, tabaco, algodão…).
– Os comerciantes são movidos pela ânsia de lucro.
– pelos lucros avultados do tráfico de escravos e dos pro-
2.
dutos coloniais americanos.
– Louis Gohin faz-se retratar na sua secretária de traba-
7. Aspetos que comprovam as más condições do transporte:
lho, junto dos seus livros de negócios;
– a deficiente alimentação dos escravos a bordo do Licorne,
– no lado esquerdo do quadro, um jovem aponta para
que gerou escorbuto; a morte de alguns escravos, no início
uma tela onde se veem dois navios, clara alusão ao co-
da viagem, de doença ou acidente: “[…] desembarcar 60
mércio marítimo.
negros que precisavam de apanhar o ar da terra, porque o
3. Entre 3 continentes: a Europa, a África e a América. escorbuto começava a manifestar-se”; “Tinha perdido, na
travessia, sete negros mortos de doença ou acidente”;
Pág. 59 – a venda de quarenta escravos no Cabo da Boa Espe-
rança, por não estarem em condições de resistir às duras
DOC. 2
condições da travessia: “encontramos 40 que não pode-
1. riam tornar a embarcar, por não serem capazes de suportar
– Portugal, Províncias Unidas, França e Inglaterra. a viagem”;
– Os escravos eram transportados de África com destino – a morte, um outro navio negreiro (o Breton), de 200 ne-
à América. gros, por doença, no trajeto entre Moçambique e o Cabo
da Boa Esperança: “o navio Breton […] tido a infelicidade
de perder, no trajeto de Moçambique ao Cabo da Boa Es-
Págs. 60 e 61 perança, 200 negros, quase todos de doença fatal”.
8. Será considerada correta a resposta que, de forma
Analisar… um texto longo
clara e organizada, contraponha os valores humanistas
A viagem de um navio negreiro
do nosso tempo, centrados na igualdade de todo o gé-
1. Tráfico negreiro. nero humano, na liberdade e no respeito pelo indivíduo
2. aos valores do século XVIII, que aceitavam a redução de
Rota: o Licorne partiu de Bordéus (França) em direção à seres humanos à categoria de mercadorias, simples
costa de Moçambique (África Oriental). No regresso, fez “peças” suscetíveis de serem vendidas, gerando lucro.

10
Pág. 62 Pág. 65

DOC. 3 DOC. 5

1. Argumentos: 1. A Companhia:
– o dinheiro é essencial para o poderio de um Estado e a – obtém o monopólio do comércio com o Oriente, durante
magnificência do rei; 50 anos;
– reter parte do dinheiro em circulação implica reduzir o – recebe o direito de governar, “para sempre”, os territórios
dinheiro disponível aos demais estados, diminuindo o seu que venha a conquistar no Oriente;
poderio. – usufrui da exploração económica desses mesmo terri-
2. tórios;
O comércio externo: – recebe, na sua área de comércio, poderes de represen-
– permite acumular metal precioso (“aumentar a nossa ri- tação do Estado francês podendo, em nome do rei, decla-
queza e tesouro”), desde que as exportações ultrapassem, rar guerra e negociar tratados de paz;
em valor, as importações; – tem o direito de armar navios e manter um exército, em
– contribui, com a riqueza gerada, para o prestígio do nome do rei de França.
reino e a riqueza do rei; O rei decreta ainda que a participação na Companhia não
– permite aos mercadores exercer a sua “nobre vocação”; afeta a condição nobre dos que nela entrarem.
– cria postos de trabalho;
– forma os marinheiros e financia a guerra.
Págs. 66 e 67
As manufaturas:
DOC. 6
– fazem entrar moeda no reino, já que fornecem mercado-
rias para exportação; 1. O Ato de Navegação determinava que:
– proporcionam trabalho aos que “definham na ociosidade”; – todas as mercadorias oriundas das ilhas britânicas ou
– estimulam o comércio externo e, por essa via, a “navega- de qualquer território sob domínio inglês na “Ásia, Amé-
ção e os portos”; rica e África” fossem transportadas em barcos pertencen-
– aumentam, por via do estímulo à navegação, o número tes a súbditos britânicos;
de embarcações, contribuindo para “a grandeza e o po- – pelo menos três quartos da tripulação dos navios de
derio do Reino”. transporte fosse inglesa, bem como o capitães dos na-
3. A supressão das tarifas alfandegárias sobre as exporta- vios;
ções torna-as mais competitivas no estrangeiro, já que – nenhum estrangeiro poderia exercer o “ofício de mer-
não onera o seu preço; inversamente, as taxas alfandegá- cador ou de transportador” nos territórios ingleses;
rias sobre os produtos importados têm como efeito o au- – as mercadorias importadas só poderiam ser expedidas
mento dos preços, tornando-os mais difíceis de vender diretamente dos portos dos países de origem;
no reino. Em suma, esta política procura fomentar as ex-
– os produtos coloniais só poderiam ser vendidos para os
portações e reduzir o volume de produtos importados.
territórios britânicos.
2. No período considerado, o valor da carga saída dos
Pág. 64
portos ingleses aumentou cerca de 500%. Crescimento
DOC. 4 semelhante se registou na tonelagem dos navios britâni-
cos que, entre 1663-69 e 1749-51 mais do que sextupli-
1. Ofícios, manufaturas.
cou, enquanto a tonelagem das embarcações estrangei-
2. Reduzir as importações.
ras registou apenas um ligeiro aumento – menos de 8%.
3. O rei:
3. O Doc. B evidencia:
– autoriza um estrangeiro a montar a sua manufatura em
– o papel do grande comércio como motor da economia;
França;
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– subsidia a manufatura com 12 000 libras; – a importância das manufaturas;

– limita a concorrência, proibindo a produção de tecidos – a defesa do entesouramento de metal precioso;


semelhantes na região; – a importância da criação de postos de trabalho;
– impede a imitação da marca dos tecidos. – a relação entre a riqueza criada e o poderio do Estado.

11
4. Módulo 4 Unidade 2 (2.2.)

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Personagem que representa a Grã-Bretanha:
– A Grã-Bretanha é representada pela personagem femi- Pág. 70
nina, de tez branca, que se encontra no lado esquerdo do
quadro; apresenta-se numa posição alteada, dominando DOC. 8

a cena, e recebendo as riquezas que lhes são entregues 1. Rochefoucault realça:


pela Índia e pela China. – a utilização de cavalos como animais de tiro;
Outro símbolo da Grã-Bretanha: – a vedação dos campos (enclosures);
– o leão. – a rotação de culturas (em vez do tradicional pousio);
Personagens que representam a China e a Índia: – a criação intensiva de gado.
– a China é figurada pela mulher da direita, ajoelhada. Re- 2. É visível a vedação dos campos e a criação de gado.
metem para esta identificação, o vaso de porcelana e a
caixa de chá, produções emblemáticas da economia chi-
Pág. 71
nesa; a Índia é representada pela mulher de pele mais
escura, que entrega pérolas e especiarias, produtos de DOC. 9
grande valor que tradicionalmente se ligam a esta região. 1. Evidências:
Simbologia do rio Tamisa: – Bakewell é referido como “o mais bem-sucedido e re-
– O rio simboliza Londres, cidade onde a Companhia putado investigador agrícola de Inglaterra”, tendo adqui-
tinha a sua sede e para onde se dirigia grande parte do rido “assinalável fama”;
fluxo comercial que gerava. – realça-se o cariz inovador do seu trabalho de seleção
animal, que se reputa de “excelente”, e que é o resultado
Pág. 68 da sua “insuperável ânsia de perfeição e perseverança”;
– refere-se, como prova do seu sucesso, a evolução do
DOC. 7
preço atingido pelos seus animais, preço esse “inédito”.
1. A sua pujança económica, alicerçada nas manufaturas
e, sobretudo, nas muitas rotas de comércio externo que
mantém ativas. Pág. 72

2. As colónias: DOC. 10

– estão politicamente submetidas à metrópole, que as 1. Entre 1751 e 1801, a população britânica cresceu quase
deve proteger; 50% (48,6%). O maior crescimento, em termos absolutos,
– não gozam de autonomia económica – a metrópole defi- verificou-se na Inglaterra: passou de 5,8 para 8,7 milhões
nirá, segundo as suas conveniências, as produções da co- de habitantes (+ 2,9 milhões de habitantes), o que corres-
lónia; ponde a um crescimento de 50%; em termos percentuais,
– estão impedidas de comerciar com outros países – não foi, porém, a Irlanda que mais cresceu – passou de 3,2
podem fazer trocas (importar ou exportar) senão com a para 5 milhões de habitantes, o que corresponde a um
metrópole. crescimento de mais de 56%.
3. A disputa por territórios na América do Norte. Pela po- 2. Londres é, nesta data, a maior cidade europeia.
sição geográfica das suas colónias, a França impede a 3. A vitalidade das cidades inglesas está patente:
Inglaterra de, numa faixa contínua, se expandir para o in-
– na diversidade dos grupos sociais, todos eles abasta-
terior. Por sua vez, os territórios ingleses constituem um
dos, que frequentam a praça (texto);
bloqueio no acesso dos Franceses à costa.
– na referência explicita do autor à “bela amostra de
energia e negócios, de saúde e riqueza, de prosperidade
e prazer”;
– no extenso recinto da praça do mercado, que o docu-
mento iconográfico nos revela;
– no animado bulício da mesma praça;
– na imponência dos edifícios que a circundam.

12
Págs. 74 e 75 – novas ruas e praças, ladeadas de edifícios imponentes
(Doc. A);
Dossiê – Londres enquanto capital política, onde se encontram
Londres, a grande metrópole “os diferentes departamentos” do Governo (Doc. A3);
1. Evidências: – habitantes e bulício das ruas (Docs. A3 e B)
– entre 1700 e o início do século XIX, o perímetro urbano – intensa atividade económica (Docs. A3 e B);
de Londres cresceu muito significativamente, tanto na – lazeres e vida cultural (Doc. A3);
margem direita como na margem esquerda do Tamisa
– imponência da Catedral de São Paulo (Doc. C);
(planta da cidade, Doc. A1), de tal forma que “a própria Lon-
– beleza e frequência das novas zonas de passeio, como
dres parece querer deixar a cidade” (Doc. A2);
Ranelagh (Doc. D1);
– áreas anteriormente rurais tornaram-se ruas e praças
– miséria dos bairros mais pobres (Doc. D2).
de nomeada (Bond Street, por exemplo) – “Onde ervilhas,
couves e nabos cresciam antigamente / Estão agora
Bond Street e as praças mais recentes” (Doc. A2); Pág. 76
– a expansão urbana foi muito intensa, como se comprova
DOC. 11
pelos versos transcritos, em que o autor destaca o grande
número de novos edifícios: “Mais altos ou mais baixos os 1. Vantagens:
edifícios são em tal quantidade […]” (Doc. A2). – o transporte mais rápido e fácil intensifica a circulação
2. Londres não só é a capital do reino, a “sede do governo” de mercadorias e dinamiza os mercados interno e ex-
(Doc. A3), de onde lhe vem a sua importância política, como terno – as mercadorias chegam às várias regiões do país
um centro económico muito ativo. A sua população faz dela e aos portos;
“um enorme mercado de consumo” (Doc. A3), suscitando a – o menor custo do transporte torna as mercadorias mais
perplexidade dos visitantes – “de que forma e por que mé- acessíveis à generalidade da população e mais competiti-
todo a abundância é mantida nos mercados e como se for- vas no mercado externo;
necem regularmente os habitantes das coisas que lhes são – os setores produtivos (agricultura, indústria, mineração)
necessárias para viver” (Doc. B). Na cidade realiza-se “uma desenvolvem-se, não só porque facilmente escoam as
quantidade de trocas prodigiosa” (Doc. A3), dedicando-se os suas produções, mas também porque têm acesso fácil
seus habitantes a “inumeráveis ocupações” que “fornecem aos materiais necessários à produção (caso dos adubos,
trabalho a todo o tipo de pessoas” (Doc. B). referidos no texto);
3. “Foi então decidida a construção de uma nova catedral – a especulação diminui ou desaparece, dado o fácil
muito mais imponente do que a antiga”. Na imagem é evi- acesso da população aos bens de consumo.
dente a grandiosidade da catedral.
DOC. 12
4. A descrição de Tobias Smolett e a imagem que Canaletto
fixou da Rotunda dos Jardins de Ranelagh coincidem: 1. “Este átrio está geralmente a barrotar de comerciantes,
capitães dos navios e outros requerentes, de tal forma
– na imponência da construção, a fazer lembrar um palácio;
que é difícil transitar ali.”
– nos candeeiros que a iluminam;
2. A Europa, que tinha em 1700 um peso esmagador
– nos dourados que decoram as paredes;
como destino das exportações britânicas (82%), no fim do
– nos frequentadores, que Canaletto nos mostra bem século XVIII representava apenas cerca de um quinto das
vestidos, aparentando pertencer à elite social descrita no mercadorias exportadas. Em contrapartida, as exporta-
texto. ções para os espaços coloniais (incluindo a América do
5. O título (Contrastes) contrapõe o brilho da alta sociedade Norte pós-independência) mais do que quadruplicaram
londrina, que frequenta os jardins de Ranelagh, à miséria no decurso do século XVIII (de 15% do total para 69%).
dos que, nos bairros pobres, vivem das esmolas e morrem
de fome ou de “doenças que aparecem em consequência
Pág. 78
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da fome” (Doc. D2).


6. Tópicos: DOC. 13

– grande extensão da cidade, nas duas margens do Ta- 1. Os Ingleses aproveitaram-se das rivalidades entre os go-
misa (Doc. A); vernantes locais a fim de se apossarem do território: em

13
caso de conflito entre dois príncipes, aliavam-se a uma das Págs. 82

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partes que, com a sua ajuda, ficava senhora de um território
DOC. 17
mais vasto. Posteriormente, destronavam o príncipe seu
aliado, substituindo-o por outro, que mais não era do que 1. A utilização de novos maquinismos numa determinada
tarefa acelerava a produção de tal modo que criava um
um executor das suas ordens.
desequilíbrio relativamente às restantes etapas produti-
2. A Companhia:
vas. Assim, a mecanização da fiação (cronologia) gerou
– apossou-se do monopólio dos produtos de primeira ne- mais fio do que aquele que os teares podiam consumir.
cessidade; Daí resultou a necessidade de acelerar a tecelagem,
– tornou-se na única comparadora dos produtos manufa- o que levou à invenção do tear mecânico por Edmund
turados das regiões indianas sob seu controlo; Cartwight (Doc. D). Deste modo, um melhoramento técnico
– arrogou-se o direito de definir os preços, dado o mono- resultava, geralmente, na necessidade de um outro, dando
pólio comercial que detinha. origem a uma cadeia de inovações.

3. No comércio interasiático.
Pág. 83

DOC. 18
Pág. 79
1. A descida de preço explica-se pelos sucessivos aper-
DOC. 14
feiçoamentos da máquina de fiar que aumentaram signifi-
1. Todas as referências ao comércio inglês com a África e cativamente a produtividade OU diminuíram o tempo de
a América, com relevo para o tráfico de escravos, se inse- fiação.
rem nas rotas do comércio triangular. A pujança da indústria algodoeira explica-se pelo preço
2. Açúcar, café, algodão, tabaco, indigo. mais acessível do algodão relativamente à lã, o que o
torna num produto de maior consumo. Releva também a
capacidade de aumento de produção da matéria-prima,
Pág. 80 mais reduzida na lã do que no algodão, que afluía em
grandes quantidades das colónias inglesas.
DOC. 15

1. César de Saussure realça:


Pág. 84
– a beleza do edifício;
DOC. 19
– a multidão de mercadores, de várias nações, que se
aglomeram no pátio, discutindo os seus negócios; 1. Coalbookdale aparenta ser uma localidade relativamente
– o valor das mercadorias expostas; pequena, enegrecida, dominada pelo fumo e o fogo das
forjas, que iluminam a noite.
– a fervilhante atividade das ruas que rodeiam o edifício
2. Inovações:
da Bolsa.
– utilização do coque nos altos fornos (Doc. A);
– utilização do ferro como material de construção, neste
Págs. 80 e 81 caso de barcos, em substituição da madeira (Doc. B), e de
pontes, até então construídas em pedra (Doc. C).
DOC. 16

1. O Banco:
Pág. 85
– fornece os instrumentos financeiros necessários às ati-
vidades comerciais que se concentram na City; DOC. 20

– organiza o crédito público, isto é, os empréstimos ao 1. Em Birmingham:


Estado. – concentram-se as oficinas mais inovadoras, “sustentadas
2. O papel-moeda atua como meio de pagamento, liber- pelo génio da invenção”;
tando o comércio das limitações que a falta de metais – fabricam-se “máquinas espantosas”, isto é, as máquinas
preciosos lhe acarreta. a vapor;

14
– produzem-se materiais (chapas de ferro fundido, folhas Pág. 89
de Flandres) que “tornam a França tributária da Inglaterra”;
– abunda o carvão de pedra, extraído das minas, que ali-
Analisar… um mapa histórico
menta os altos-fornos. A Grã-Bretanha no fim do século XVIII – transformações
agrícolas e arranque industrial

Págs. 86 e 87 1. A informação do mapa enquadra-se no campo econó-


mico.
DOC. 21
2. c) o processo de vedação dos campos.
1. O melhoramento introduzido por J. Watt nas máquinas 3. d); b); c); a).
a vapor consiste em manter o cilindro onde o vapor atua
4. A coincidência explica-se pela utilização do coque
sempre à mesma temperatura, através da introdução de
como combustível, nos altos-fornos. O coque é obtido a
um condensador separado.
partir da hulha, muito abundante no subsolo inglês, pelo
2. Argumentos: que as indústrias metalúrgicas naturalmente se instala-
– James Watt deparou-se com dificuldades no aperfeiçoa- ram nas “regiões carboníferas”.
mento da máquina a vapor, pelo que ainda não o finalizou; 5. A vitalidade económica inglesa fez-se sentir em múlti-
– a máquina permitirá reduzir o preço de laboração a um plos setores:
quarto do preço então corrente; – no setor agrícola, um grupo de grandes proprietários inves-
– será possível aplicar a máquina a vapor aperfeiçoada tiu no melhoramento das suas terras, substituindo práticas
por Watt a “uma grande variedade de manufaturas”. centenárias por novos métodos de cultivo. Algumas destas
3. A máquina a vapor aumentou a produtividade da indús- inovações, como é o caso da rotação de culturas, colidiam
tria têxtil, permitindo um inédito aumento da produção. Se- com o velho sistema de campo aberto que, por deixar ao livre
gundo o documento, uma única fábrica têxtil produz o pasto, em certas épocas do ano, todos os campos, acorren-
mesmo que os “trabalhadores de um distrito inteiro” produ- tava à mesma rotina os proprietários de uma região. Assim, a
ziam anteriormente. A máquina permite também o trabalho implementação das novas práticas agrícolas obrigou à veda-
de operários não qualificados, sem que isso represente ção dos campos – enclosures – que permitiu aos seus pro-
uma quebra na produção ou na qualidade do produto: “Um prietários a livre escolha do tipo e do calendário das culturas
tecelão manual, muito bom, um homem com 25 a 30 anos (Mapa: “Regiões onde as enclosures ocupam…”);
de idade, tecerá por semana, duas peças de pano de ca- – o setor manufatureiro é, por sua vez, impulsionado por
misa […]. Um tear a vapor, com um tecelão de quinze anos, importantes inovações técnicas. A indústria têxtil conhece
fará, no mesmo tempo, sete dessas peças.” um incremento notável. A tradicional produção de lanifícios
automatiza-se mas, ainda assim, é ultrapassada pela indús-
tria algodoeira, que a abundância e o baixo custo da maté-
Pág. 88
ria-prima favorecem. Manchester torna-se o seu centro
DOC. 22 mais ativo (Mapa: “Indústria do algodão”; “Indústria de lã”;
centro de indústria têxtil”);
1. Com a Revolução Industrial:
– paralelamente, desenvolve-se a metalurgia. Libertos da
– a produção manufatureira maquinizou-se – a força do
escassez de combustível pela utilização do coque, os altos-
homem foi substituída pela força do vapor;
-fornos multiplicam-se e instalam-se próximos das regiões
– o artesão independente e as pequenas oficinas cede-
mineiras, de cuja produção dependem (Mapa: “Indústria
ram lugar às grandes fábricas;
metalúrgica”; “Centro de indústria metalúrgica”; “Regiões
– a população deslocou-se para as cidades industriais, que carboníferas”);
se encheram de operários mal pagos, dando origem a
– pressionadas pelo aumento do volume de mercadorias,
“questões sociais desconhecidas até então”;
as vias de comunicação ampliam-se, com destaque para a
– desenharam-se regiões industriais, negras do fumo das construção de uma rede de canais que interliga os princi-
fábricas, que contrastavam com as regiões agrícolas da pais rios da ilha (Mapa: “Canais construídos…”). Entre o lito-
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“Inglaterra Verde”; ral e o interior, entre as regiões produtoras e os grandes


– a produção industrial aumentou exponencialmente, de portos marítimos pelos quais se importam as matérias-pri-
tal forma que foi possível à Inglaterra substituir a Índia, no mas e se exportam os produtos manufaturados, estabe-
que toca à produção algodoeira. lece-se um tráfego intenso (Mapa: “Porto importante”);

15
– fruto deste dinamismo, a população converge para os Pág. 92

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grandes centros industriais, que absorvem a mão de obra
DOC. 25
que que a modernização agrícola liberta (Mapa: “Movimen-
tos da população”). 1. Colbert.
– Em suma: no fim do século XVIII, desenha-se na Grã- 2. Duarte Ribeiro de Macedo propõe o fomento da indús-
-Bretanha uma nova geografia económica: a uma “Ingla- tria nacional (“as artes”), isto é, que os produtos até então
terra verde”, essencialmente agrícola, opõe-se uma “In- importados passem a ser produzidos em Portugal.
glaterra negra”, a das grandes zonas mineiras e industriais, 3. Medidas mercantilistas:
em desenvolvimento acelerado. Na viragem para o sé- – a restrição às importações, como meio de equilibrar a ba-
culo XIX, a Inglaterra entra decididamente na era indus- lança comercial e evitar “que o dinheiro saia do Reino”
trial, consolidando a sua hegemonia económica e inaugu- (Docs. A, B e C);
rando uma nova era na História do Mundo.
– o estabelecimento de manufaturas (Docs. A e B);
– a contratação de operários estrangeiros, conhecedores
das técnicas de produção;
– a concessão de benefícios aos industriais – “contratos
favoráveis […] privilégios e outras mercês”;
Módulo 4 Unidade 2 (2.3.) – a imposição de restrições ao uso de produtos importa-
dos, como meio de diminuir as importações.

Pág. 90

DOC. 23 Pág. 93

1. O tabaco: DOC. 26

– era considerado uma planta benéfica para a saúde, 1. Pragmática – lei antissumptuária que define o que cada
capaz de retirar “a fleuma supérflua e os maus humores grupo social pode ou não usar no seu vestuário e no do
do corpo abrindo todos os poros e passagens”; seu séquito.
– era recomendado por “ser usado por tantos homens e Companhia monopolista – companhia geralmente desti-
mulheres de alta posição, assim como por excelentes mé- nada ao comércio à qual era concedido o exclusivo comer-
dicos”; cial de determinadas áreas ou produtos. Estas companhias
– o seu uso tornou-se comum, como nos mostra o Clube detinham, muitas vezes, direitos soberanos nas áreas em
de Fumo, retratado na imagem. que operavam.
2. A imagem mostra escravos negros a trabalharem no
engenho.
Pág. 94

DOC. 27
Pág. 91
1. A expedição procurava capturar nativos para o trabalho
DOC. 24 forçado; inesperadamente, descobriu jazidas de ouro.
1. A afirmação “as nossas mercadorias, por falta de valor, DOC. 28
não têm saca” é reforçada pelo progressivo decréscimo
dos preços dos produtos coloniais, as “mercadorias” a 1. A barra de ouro reproduzida evidencia não só a exis-
que se refere Duarte Ribeiro de Macedo. O açúcar, que tência das “casas de fundir” criadas por D. João V, como a
foi o produto que menos se desvalorizou, perdeu quase gravação das armas, do peso, do toque do ouro – “quila-
dois terços do seu valor, entre 1650 e 1688. O tabaco, tes do seu ouro” – bem como o ano em que foram fundi-
nesta última data, vendia-se a cerca de um quarto do das. Mostra também “outras cautelas”, como a identifica-
preço de 1650, e o preço do cravo-da-índia desceu de ção do ensaiador que certificou a barra.
18 000 para 5000 cruzados, entre 1668 e 1688.
2. A implantação das culturas do tabaco e do açúcar nas
Antilhas, por mão dos Holandeses e outras nações.

16
Págs. 96 e 97 Pág. 98

29
Dossiê DOC.

Ouro e diamantes no Brasil 1. Trata-se de um acordo comercial em que Portugal se


compromete a aceitar a entrada de tecidos ingleses, sem
1. “Pobres e ricos, nobres e plebeus”, bem como os cléri-
restrições. Em troca, a Inglaterra receberia os vinhos por-
gos que no Brasil não tinham “convento nem casa”, pro-
tugueses, com uma redução de taxas aduaneiras (menos
curariam fazer fortuna. Os negros e os muitos índios “de
um terço do que o cobrado aos vinhos franceses).
que os paulistas se servem”, realizariam o trabalho es-
cravo, ilustrado pela mordaça do Doc. B.
2. Ao rei cabia 20% de todo o ouro extraído (o quinto). Págs. 98 e 99
Assim, toda a fuga a este imposto representava um pre-
30
juízo para a “sua real fazenda”. DOC.

3. A nau, com um carregamento de ouro e diamantes, foi 1.


dada como desaparecida. Verificou-se depois que, con- – o despovoamento do reino (que resultou da maior emi-
duzida pelo próprio capitão, rumara à Galiza, onde de- gração para o Brasil – “corrida ao ouro”);
sembarcaram muitos passageiros, entre os quais dois – o declínio da indústria nacional;
“culpados da Casa da Moeda do Brasil, que fugiram para
– o aumento das importações de bens essenciais, pagas
Inglaterra. A perda da sua preciosa carga foi imputada à
com o ouro do Brasil;
desonestidade do capitão, que foi encarcerado. Igual-
Em suma: o empobrecimento do reino – “Portugal, na-
mente encarcerado foi um cristão-novo, que também
dando em ouro, viu-se pobre”.
contrabandeava diamantes.
2. Os elementos do quadro mostram o aumento das expor-
4. D. João V usou a magnificência para afirmar a sua gran-
tações inglesas para Portugal cujo valor quase dobrou, em
diosidade e poder absoluto. O luxo e a ostentação marca-
cerca de meio século. Visto que as exportações portugue-
ram a sua corte, pelo que é natural que o rei tenha reser-
sas cresceram a um ritmo muito mais lento, o défice da
vado para si os diamantes de grande dimensão.
balança comercial agravou-se. Esse défice só poderia ser
5. A infanta ostenta nas vestes e no cabelo adereços pre-
pago em moeda – usando o metal precioso do Brasil.
ciosos, compostos por diamantes de grandes dimensões,
presumivelmente oriundos do Brasil.
6. Tópicos: Pág. 100
– a descoberta das jazidas de ouro provocou a afluência
à região de Minas Gerais de grande número de pessoas Analisar… um gráfico
de todas as idades e condições (Doc. A); Remessas de ouro e comércio externo
– o ouro brasileiro encontrava-se quase sempre à super- 1. Provinham do território brasileiro, sobretudo a região de
fície (ouro de aluvião) (Doc. B); Minas Gerais.
– na mineração empregava-se um grande contingente de 2. d) D. João V.
escravos, tanto negros como índios brasileiros (Doc. B);
3. c) a preponderância da Inglaterra no comércio externo
– a Coroa estipulou regras e impostos sobre a extração português.
aurífera (Doc. C), definindo os caminhos que o ouro devia
4. c); d); b); a).
seguir até aos portos de embarque para Portugal (Doc. A);
5. Fatores:
– na região de Minas Gerais estalaram conflitos armados
– na viragem para o século XVIII, a crise comercial que
violentos entre várias fações da população, que as autori-
afetou o comércio português desvanece-se e o país re-
dades tiveram dificuldade em debelar (Doc. C);
toma a sua feição comercial. Esta conjuntura terá contri-
– foi frequente o contrabando e o desvio de ouro e diaman-
buído para o declínio a política industrializadora, aumen-
tes, por todo o tipo de pessoas (Doc. D);
tando a dependência de produtos estrangeiro;
ETHA11RQM @ Porto Editora

– para além dos recursos proporcionados pelo ouro, os


– o Tratado de Methuen, assinado com a Inglaterra, em
diamantes contribuíram também para o brilho da corte joa-
1703. Este tratado permitia a entrada de têxteis ingleses
nina, tendo o rei reservado para si os de maior dimensão
que, de boa qualidade e bom preço, não encontraram
(Doc. E).
concorrência nos têxteis portugueses;

ETHA11RQM-2 17
– a descoberta de minas de ouro no Brasil. As remessas “Os grandes subsídios dados pelo Governo, para a introdu-

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de ouro que chegaram a Portugal o pagamento fácil dos ção das artes fabris em Portugal, a isenção de direitos
produtos importados. O gráfico mostra que o aumento sobre as matérias-primas vindas de fora”;
das importações, grosso-modo, acompanha o das remes- – fomento das exportações através de tarifas aduaneiras
sas de ouro. Inversamente, quando as chegadas de ouro favoráveis: “a isenção de direitos […] de exportação sobre
diminuem, as importações portuguesas retraem-se; tais manufaturas, e suas entradas francas nos Domínios
– as relações seculares entre Portugal e Inglaterra, que do Ultramar”;
se estreitaram no tempo da Restauração, davam aos bri- – proteção das produções nacionais através da proibição
tânicos uma posição privilegiada no comércio externo de entrada de produtos estrangeiros similares: “a introdu-
português. ção proibida no Reino de correspondentes manufaturas
estrangeiras”.

Pág. 101 3. Efeitos da política económica pombalina:


– O incremento do setor manufatureiro português, que
DOC. 31
José Acúrsio considera ter sido fundado em alicerces só-
1. Segundo D. Luís da Cunha, a balança comercial portu- lidos e duradouros;
guesa apresenta um claro défice, já que Portugal “não – a redução das importações (gráfico);
tem frutos nem géneros para se permutarem com os que
– o crescimento das exportações (gráfico).
entram de fora.”
2. As propostas de D. Luís da Cunha aproximam-se das
implementadas pelo Conde da Ericeira, seguindo normas
mercantilistas: aumentar a produção interna de forma di-
minuir as importações; proteger a produção nacional por
Módulo 4 Unidade 3 (3.1.)
meio de barreiras alfandegárias.

Pág. 108
Págs. 102 e 103
DOC. 1
DOC. 32
1. Na capacidade de pensar. É o pensamento racional, a
1.
perceção e compreensão do mundo que elevam o
– O Doc. A alude, repetidamente, à importância do comér- Homem acima das demais criaturas da Natureza e do
cio: “considerando de quanta utilidade e importância é próprio Universo.
para o bem comum de todos os seus domínios animar e
2. No século XVII, os autores antigos continuavam a ser
proteger o comércio de seus bons e leais vassalos”; “faci-
encarados como “autoridades” nos mais variados assun-
litar os meios de conservar e aumentar o mesmo comér-
tos. Pascal afirma que basta um texto de um único desses
cio.”; “[…] tão importante objetivo”.
autores “para destruir as mais sólidas argumentações”.
– Institui-se um organismo coordenador da atividade co-
3. No raciocínio e na experimentação.
mercial – a Junta do Comércio (Doc. A).
– Criam-se companhias monopolistas (Doc. B). DOC. 2

– Valoriza-se o grande comércio, declarando-o “profissão 1. Medidas:


nobre” (Doc. B). – protegeu as academias;
2. Medidas mercantilistas: – favoreceu os intelectuais com mérito;
– valorização das manufaturas como meio de diminuir as – fez construir o Observatório de Paris;
importações: “estabeleceram-se fábricas […] cujas manu- – proporcionou estudos do globo terrestre;
faturas chegaram logo não só para o fardamento das tro-
– patrocinou expedições a outros continentes;
pas e criados da Casa Real, mas para se venderem no
– acolheu cientistas estrangeiros, proporcionando-lhes
Reino e exportar para o Brasil, quando antes todas vi-
boas condições de trabalho.
nham de fora”;
– concessão às manufaturas de subsídios e outros privilé-
gios, como o de utilizar matérias-primas isentas de direitos:

18
Pág. 109 Ano: 1610 (descoberta das luas de Júpiter) – relaciona-se
com o nome dado à sonda (Galileu) enviada a Júpiter
DOC. 3
(1995).
1. Na experimentação, conduzida segundo um método ri- 2. A publicação foi acolhida com estupefação, provocando
goroso. entusiasmo e alvoroço (“Tomo a liberdade de contar estas
2. Descartes propõe-se duvidar de todo o conhecimento coisas a Vossa Senhoria uma vez que, aqui, se fala delas
até ter demonstrado, com certeza, a sua veracidade. por todo o lado”). O livro de Galileu destruía uma séria de
ideia feitas sobre o Universo: “De modo que, em primeiro
Pág. 110 lugar, derrubou toda a antiga astronomia”.
3. As conclusões de Galileu foram refutadas com argu-
DOC. 4
mentos religiosos, com excertos retirados da Bíblia.
1. Harvey tem consciência de que as suas descobertas
4. Afirmação: “empenharam-se a negar e a condenar as
contradizem os autores antigos e as convicções dos seus
coisas novas que, se se dessem ao trabalho de ver por
pares.
eles próprios, os próprios sentidos lhes demonstrariam.”
DOC. 5 5. Galileu é acusado de heresia pelo facto de afirmar que
1. “[…] antes de ter realizado todas as experiências que aqui é o Sol, e não a Terra, que se encontra fixo “no centro do
descrevo e que me satisfizeram completamente sobre as Mundo”. Esta afirmação contradizia a interpretação que, à
Leis da refração e a composição das cores”. data, se fazia de algumas passagens bíblicas.
6. Trata-se de mais um verso pelo de ironia, em que Antó-
nio Gedeão contrapõe a inteligência dos homens co-
Págs. 112 e 113
muns, que não põem em causa a perceção dos sentidos,
DOC. 6 à genialidade de Galileu.
1. Instituições: 7. Ao movimento de translação da Terra, provado por Gali-
– academias científicas; leu.

– universidades; 8. Tópicos de correção:

– observatórios astronómicos e científicos. – trouxe à Física importantes descobertas, como a lei da


queda dos graves (Doc. A, 1589);
2. Afirmações:
– construiu o primeiro telescópio (Docs. A e B);
– “Um novo universo foi descoberto pelos filósofos do úl-
timo século, e esse mundo novo era tão difícil de conhe- – fez observações pioneiras do sistema solar, desco-
cer que nem imaginávamos que existisse”; brindo, por exemplo, as luas de Júpiter (Docs. A e B);

– “Parecia aos mais sábios uma temeridade imaginar se- – abalou a comunidade científica da época com desco-
quer que poderíamos conhecer que leis regem a movimen- bertas que contradiziam o saber estabelecido, o que fez
tação dos corpos celestes e a forma como atua a luz”; progredir as ciências (Docs. B, C e D);

– “A circulação do sangue nos animais e da seiva nas – enfrentou, já idoso, um processo por heresia, em resul-
plantas mudou a nossa conceção da Natureza.”; tado das suas observações. Este processo tornou-se o
símbolo do avanço imparável da ciência, mesmo em con-
– “o que Newton descobriu sobre a luz é digno de tudo o
dições adversas (Doc. E);
que a curiosidade humana podia esperar de mais ousado”.
– o seu contributo científico e a sua tenacidade foram ra-
3. O caderno em que regista o seu trabalho; o compasso;
pidamente reconhecidos, tendo-lhe sido prestadas nu-
a esfera armilar, que se vislumbra do lado direito.
merosas homenagens, entre o século XVIII e os nossos
dias (Docs. A e F).
Págs. 114 a 116

Dossiê
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“E, no entanto, ela move-se”

1. Ano: 1589 (estudo da queda dos corpos) – liga-se com


a exclamação do comandante da Apolo XV, “Isto prova
que o senhor Galileu tinha razão” (1971).

19
Módulo 4 Unidade 3 (3.2.) Pág. 121

ETHA11RQM @ Porto Editora


DOC. 10

Argumentos:
Pág. 117
– não se tendo provado a acusação, a tortura pode ser
7
DOC.
infligida a um inocente, que assim se castiga por um de-
1. Segundo Kant, as Luzes (ou o Iluminismo) representam lito que não cometeu;
a emancipação do Homem. Até então sujeito a ideias que – caso se prove a culpa do acusado, este deverá ser pu-
lhe são impostas e sem coragem para se libertar da tutela nido apenas com o castigo que a lei prescreve;
que as autoridades lhe impõem, o Homem das Luzes fará – a tortura, pela dor que inflige, pode dar origem a confis-
uso da Razão de que a Natureza o dotou, reivindicando sões falsas, pelo que não é um meio de interrogatório fiável.
liberdade de pensamento.

Pág. 122
Pág. 118
DOC. 11
DOC. 8
1. Os salões literários eram locais de reunião frequente da
1. A igualdade natural é a partilha, por todos os homens, elite intelectual da época. Para além do convívio mun-
da mesma natureza (humana). Assim, nenhum homem é, dano, neles se liam obras dos autores mais destacados
por natureza, superior a outro, pelo que todos nascem da época e se debatiam as questões filosóficas. Relata o
iguais e livres. autor do Doc. A: “é aí que se disserta, que o espírito desa-
2. O objetivo é a vida em sociedade, estabelecendo leis brocha; […] aqui endeusa-se Fontenelle, ali Montesquieu,
que protejam os mais fracos, assegurando-lhes os direi- acolá Voltaire”.
tos e garantindo-lhes a posse dos seus bens. 2. Evidências:
3. A perda da legitimidade. Quando um governo não cum- – nos cafés, de que são exemplo os cafés londrinos, reu-
pre “o pacto” que presidiu à sua constituição, a sua autori- niam-se literatos e cientistas; neles se debatiam as notícias
dade torna-se ilegítima e a soberania regressa ao povo. do país e do estrangeiro (“A poesia, para o Will’s Coffee-
4. A separação de poderes evita o abuso de poder, já que -house. As questões que dizem respeito ao conhecimento
equilibra a autoridade de várias pessoas ou órgãos. Deste pertencem ao Graecian. Para notícias do país e do estran-
modo, quando um órgão de poder exorbita a sua autori- geiro temos o St. James’s Coffee-house”);
dade, outro órgão o trava: “Para que não se possa abu- – Joseph Addison refere expressamente que lhe cabe o
sar do poder, é preciso que […] o poder faça parar o mérito de ter levado a poesia para os cafés;
poder”. – Ainda em pleno século XVIII, numa gravura de homena-
gem ao célebre café parisiense Procópio, os autores expli-
citam que foi neste recinto que nasceu “a nova Filosofia”.
Pág. 120

DOC. 9
Pág. 123
1. Classifica-a de assassínio: “O assassinato de Jean
12
Calas, cometido em Toulouse, com o gládio da Justiça”.
DOC.

2. A exclamação de Voltaire prende-se com a consciência 1. Refere-se à turbulência da Revolução Francesa.


de que o seu tempo assiste ao triunfo do pensamento ra- 2. Para a Península Ibérica, destinando-se um a Portugal,
cional, que traz “luz” às ações do homem e é incompatí- outro a Espanha.
vel com o fanatismo e a injustiça cega.
3. A prece de Voltaire é uma prece de tolerância e frater-
nidade entre os homens. O filósofo pede a liberdade reli- Págs. 124 e 125
giosa, o fim do ódio e do fanatismo.
Dossiê
A Enciclopédia
1. A edição prolongou-se por 21 anos (1751-1772).

20
2. Contribuirá para “as luzes gerais que se espalharam – organiza-se sob a forma de um dicionário, a fim de facili-
pela sociedade”, isto é, para fomentar o conhecimento e tar a consulta (Docs. A, B e D);
cultivar os espíritos: – foi editada progressivamente, ao longo de mais de vinte
– impulsionará a ciência (“[…] bem como o germe da ciência”); anos (Doc. A).
– proporcionará materiais de estudo “sobre todos os as- Ideias veiculadas (tópicos de resposta):
suntos”, tanto aos autodidatas como aos professores; A Enciclopédia veicula as ideias inerentes ao Iluminismo,
– permitirá uma panorâmica geral dos progressos do co- nomeadamente:
nhecimento humano em todos os domínios. – a crença no valor da Razão, capaz de iluminar a socie-
3. A Enciclopédia propunha-se reunir os conhecimentos da dade no seu caminho rumo ao progresso (Doc. B);
época, “uma obra que possa ser consultada sobre todos os – o valor do conhecimento e da ciência (Doc. B);
assuntos”, nas palavras de Diderot (Doc. B). Abordava temá- – a igualdade entre os homens – igualdade natural (Doc. D);
ticas tão diversas como os métodos de fabrico (está docu-
– a separação dos poderes do Estado (Doc. D);
mentado nas gravuras do Doc. C o fabrico de lentes e de
– a condenação da superstição e do fanatismo religioso
papel) e conceitos de índole filosófica, como os transcritos
(Doc. D).
no Doc. D.
Impacto nos espíritos da época (tópicos de resposta):
4. Ao Iluminismo. Os três artigos veiculam ideias basilares
da filosofia iluminista, como a tolerância religiosa, que – a Enciclopédia foi amplamente lida e comentada pela
condena a violência que advém do fanatismo, a igual- sociedade culta da época (Doc. E1 e 2);
dade (natural) entre os homens, patente na condenação – foi bem acolhida por muitos, incluindo personalidades
dos impostos desajustados aos rendimentos de cada um, ligadas ao poder (Doc. E1);
e a limitação do poder real através da separação dos po- – suscitou o repúdio dos meios intelectuais mais conserva-
deres do Estado – “a monarquia limitada hereditária pa- dores, tendo sido mesmo alvo da repressão das autorida-
rece ser a melhor forma de monarquia”. des, que queimaram, simbolicamente, os seus volumes
5. A de uma mulher sofisticada e culta, conhecedora das (Doc. E3);
obras mais emblemáticas do seu tempo. – dada a variedade dos temas e a vastidão da obra, contri-
6. As opiniões extremaram-se em virtude das fortes rea- buiu para a difusão do pensamento das Luzes (Docs. A, B,
ções (a favor ou contra) suscitadas pela Enciclopédia. Na D e E).

polémica gerada por esta obra, não eram admitidas “opi-


niões moderadas”, pelo que todos se sentiam na necessi- Págs. 126 e 127
dade de tomar partido.
7. O pensamento iluminista, de que a Enciclopédia se faz Comparar… dois documentos escritos
eco, fundamenta-se no valor da Razão humana, à qual é Sobre a condição feminina
atribuída a capacidade de tudo conhecer e, por via desse 1. b) na valorização do conhecimento, que marcou o século
conhecimento, contribuir para o progresso da Humani- das Luzes.
dade. Assim, a reflexão crítica dos iluministas debruça-se
2. a) as mulheres não recebem instrução.
tanto sobre as ciências como sobre o funcionamento das
3. Rousseau considera que a natureza feminina é em
sociedades, as crenças e os valores instituídos, pondo-os
tudo diferente da natureza do homem, pelo que a instru-
em questão. Fleury, no seu discurso, mostra-se particular-
ção que devem receber deve também ser distinta; já
mente chocado com as opiniões iluministas relativas à
Condorcet considera que não há diferenças cognitivas
religião, um dos pilares da sociedade do Antigo Regime.
entre os dois sexos, pelo que as mulheres têm direito a
8.
receber uma instrução igual à dos homens.
Tipo de livro (tópicos de resposta):
4. A igualdade (natural): “A falta de instrução das mulhe-
– Obra coletiva, em vários volumes, que contou com mais res introduziria […] uma desigualdade contrária à sua feli-
de 160 colaboradores sob a coordenação de dois vultos cidade”; “Nas instituições de uma nação livre, tudo deve
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famosos do Iluminismo (Introdução e Doc. A); convergir para a igualdade”; “Uma constituição que esta-
– procura compilar o conhecimento da época (científico, belece a igualdade política jamais será duradoura e pací-
técnico, filosófico) através de texto e de ilustrações (Docs. B, fica se a misturarmos com instituições que mantêm pre-
C e D); conceitos favoráveis à desigualdade”.

21
5. ministrada em comum e confiada a um mesmo mestre

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que pode ser escolhido, indiferentemente, em qualquer
Aspetos Rousseau Condorcet
dos sexos”.
Nota: Dada a formulação da questão 6, que expressamente pede a perspetiva sobre
Natureza da mulher e Naturezas diferentes. Semelhante. Só as a educação feminina, o último tópico é de inclusão obrigatória.
do homem O homem e a mulher não convenções separam os
partilham as mesmas dois sexos
qualidades de espírito

Capacidades da mulher As mulheres falham no Iguais às do homem


pensamento abstrato

Módulo 4 Unidade 3 (3.3.)


Direitos da mulher Inferiores aos do homem, Os mesmos do homem
ao qual está submetida

Tipo de ensino a ser Virado para a prática e Ensino igual para os dois Pág. 128
ministrado às mulheres para o concreto sexos
DOC. 13

6. Tópicos: 1. A igualdade natural.


– [Natureza da mulher e do homem] Enquanto Rousseau 2. Verney contesta o nascimento como base do prestígio
considera provado que “homens e mulheres não têm o e dignidade do indivíduo, característica fundamental da
mesmo carácter e temperamento” e “não partilham de sociedade de ordens.
igual forma as faculdades que possuem em comum”
14
(Doc. A), Condorcet afirma que a separação dos dois sexos
DOC.

radica em fatores como a “severidade religiosa”, “a avareza 1. Frederico II advoga o “fortalecimento e a ampliação” do
e o orgulho”. poder do governo, o mesmo é dizer, do soberano, já que
– [Capacidades da mulher] Rousseau distingue as capaci- o sistema que conduz ao bom governo “só pode brotar
dades cognitivas dos dois sexos. Na sua opinião, a natu- de uma única mente”.
reza feminina não se coaduna com o pensamento abstrato 2. O apreço de Frederico II pelas Luzes está patente:
(“A pesquisa de verdades abstratas e especulativas, de – na ideia de que o governo tem por fim assegurar o pro-
princípios e axiomas científicos, tudo o que tende a gene- gresso e a felicidade dos governados, através de leis sá-
ralizar ideias não é do domínio das mulheres”; “a mulher bias e do fomento das atividades económicas (“a pre-
observa, o homem raciocina”); já Condorcet afirma que a guiça, o hedonismo e a estupidez são causas que
mulher tem as mesmas capacidades do homem, argumen- desviam os soberanos da nobre missão de trazerem feli-
tando com o exemplo de “várias mulheres que ocuparam
cidade aos seus súbditos – Doc. A; “Estive na Prússia para
cátedras nas mais célebres universidades de Itália e cum-
abolir a servidão, reformar leis bárbaras” (Doc. B); “Mandei
priram com êxito as funções de professoras nos mais ele-
rasgar grandes caminhos nas montanhas para facilitar o
vados ramos da ciência”;
comércio e restaurar duas aldeias incendiadas” (Doc. B);
– [Direitos da mulher] Rousseau afirma com clareza que
– no apreço que demonstra por Voltaire, que convida
a mulher está submetida ao homem (“ […] o espírito dos
para o seu palácio (Doc. C) e de quem se confessa admira-
homens aos quais está submetida, quer pela força da lei
dor (“Mandei rasgar grandes caminhos nas montanhas
quer pelo costume”), pelo que os direitos dos dois sexos
para facilitar o comércio e restaurar duas aldeias incen-
não são iguais; Condorcet argumenta em sentido contrá-
diadas”);
rio, afirmando que “as mulheres têm os mesmos direitos
– na designação de “filósofo”, que a si mesmo atribui (“[…]
que os homens” e que “nas instituições de uma nação
não esqueça o filósofo de Sanssouci” – Doc. B).
livre, tudo deve convergir para a igualdade”;
– [Tipo de ensino] Rousseau é de opinião que homens e
mulheres “não devem ter a mesma educação”. Considera Pág. 130
que as mulheres “devem aprender muitas coisas, mas so-
DOC. 16
mente as que lhe convém saber”. Inversamente, Condor-
cet advoga igual educação para homens e mulheres (“[As 1. O rei é protegido pela Sagrada Família (a Virgem, o Me-
mulheres] têm pois o direito aos mesmos meios para ad- nino e São José), que do céu observam o atentado, e
quirir as Luzes”), não distinguindo os dois sexos nem pelos anjos. A imagem enfatiza a proteção divina de que
mesmo quanto aos professores: “A instrução deve ser o rei goza e diaboliza os que atentam contra a sua vida.

22
2. Os supostos regicidas são membros da mais alta no- – praças de planta regular, com destaque para a grande
breza, mas nem isso impede que sejam declarados apá- praça que se abre para o Tejo.
tridas (Doc. B) e condenados a uma morte violenta e igno- 2. A gaiola tinha por objetivo evitar o desmoronamento
miniosa (Doc. C). A violência do castigo ofende os preceitos dos prédios, em caso de novo sismo.
iluministas, que condenavam a tortura dos acusados. 3. As medidas económicas tomadas pelo Marquês Pombal,
de cariz mercantilista, valorizaram o grande comércio como
Pág. 131 motor do enriquecimento e da prosperidade dos estados.
DOC. 17 Daí que não seja de estranhar o nome dado à grande praça
da capital.
1. Os jesuítas:
– desviaram-se “do seu santo estatuto”, incorrendo em Pág. 136
“abomináveis vícios”;
DOC. 20
– traíram o rei, contra o qual se rebelaram;
– conspiraram contra a paz pública e o bem comum do 1. Com uma educação adequada, os nobres portugueses
reino. aprenderiam:
2. A coroa simboliza o poder temporal, isto é, o poder dos – a moderar, desde cedo, a sua impetuosidade (“Que es-
monarcas; a mitra, o poder religioso, neste caso a Igreja colas temos no Reino onde a Fidalguia, na primeira idade,
Católica. O globo remete para a vastidão geográfica da possa aprender a moderar as suas paixões?”);
“conspiração” dos jesuítas. – a reconhecer os verdadeiros meios de engrandeci-
mento da pátria (“ama a sua pátria aquele que podendo
Págs. 132 e 133 comprar um vestido de pano de Inglaterra o manda fazer
de pano da Covilhã”);
DOC. 18
– a “refletir maduramente”, abandonando a vida fútil e sem
1. Aspetos salientados pelos dois relatos: sentido que encadeia “divertimentos, caças, jogos, danças,
– a cidade em ruínas; bailes”.
– a eclosão de incêndios; 2. Os Filósofos antigos chegaram às suas conclusões
– o palácio real arrasado. “por via da conjetura”, enquanto os “filósofos modernos”
2. Para a Igreja Patriarcal de Lisboa. O Papa agraciou usam o método experimental, “o único para descobrir a
D. João V com o instituição do Patriarcado de Lisboa verdade”, socorrendo-se de “máquinas” que permitem
(págs. 42-43). uma observação rigorosa dos fenómenos.
3. O padre Malagrida exclui as causas naturais como razão DOC. 21
do terramoto, atribuindo-o ao castigo de Deus, fruto dos
1. A reforma:
“intoleráveis pecados” cometidos. Inversamente, Ribeiro
– tinha “uma amplitude nacional”, pretendendo dotar todas
Sanches considera que os terramotos não decorrem da ira
as cidades e vilas do Continente de postos de ensino;
divina, acreditando que, uma vez conhecidas as suas cau-
sas, eles deixarão de ser vistos como um castigo do céu, – estendia-se também às possessões portuguesas de
para serem encarados como os fenómenos naturais que além-mar;
realmente são. – contemplava diversos saberes, das primeiras letras ao
4. A imagem mostra uma forca, de onde pendem vários estudo da retórica, como está patente no quadro.
cadáveres e para onde outros presos estão a ser condu-
zidos (“Muitos foram os que padeceram a última pena, Pág. 137
morrendo suspensos em diversos patíbulos”).
DOC. 22

Págs. 134 e 135 1. A reforma pombalina da Universidade de Coimbra


rege-se pelas modernas conceções experimentalistas.
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DOC. 19
Comprovam-no:
1. Características do projeto aprovado: – o teatro anatómico e a dissecação de cadáveres previs-
– ruas largas, que se entrecruzam em ângulos retos; tos para o curso de Medicina;
– quarteirões perfeitamente alinhados e simétricos; – a valorização da Matemática como chave das ciências;

23
– a referência explícita à “Física experimental”, aos “fac- Pág. 14

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tos conhecidos pela experiência”;
DOC. 2
– a criação dos laboratórios de Física e Química, dotados
de “máquinas, aparelhos e instrumentos”, de forma a que 1. Evidências:
os estudantes possam “ver executar as experiências e – receção entusiástica dos embaixadores americanos por
adquirir o hábito de as fazer”; parte dos franceses (“É difícil explicar o entusiasmo com
– a criação do Jardim Botânico, “para complemento da que foram acolhidos em França […] os enviados de um
História (natural)”. povo em insurreição contra o seu monarca.”);
– vontade de as elites políticas e culturais francesas con-
Pág. 138 tactarem com os embaixadores americanos (“Às suas
casas acorriam diariamente e com ardor os homens mais
23
DOC.
distintos da capital e da corte, assim como os filósofos, os
São preocupações do Marquês de Pombal: sábios e os literatos mais célebres.”);
– fundar um jardim botânico que cumpra os objetivos da – presença de Benjamin Franklin na corte francesa, onde
sua criação, isto é, que forneça aos estudantes o suporte foi o centro das atenções da própria família real (imagem).
prático do seu conhecimento sobre as plantas medicinais; 2. As treze faixas horizontais brancas e vermelhas evo-
– equiparar o jardim botânico aos seus congéneres euro- cam as antigas treze colónias. As estrelas sobre fundo
peus; azul correspondem aos treze Estados independentes.
– não sobrecarregar as finanças públicas com gastos
desnecessários, direcionados para o luxo e não para a
eficiência; Pág. 15

– planificar devidamente a nova instituição. DOC. 3

1. Órgãos:
– Congresso, composto pelo Senado e pela Câmara dos
Representantes (poder legislativo);
Módulo 5 Unidade 1 (1.1.) – Presidente e vice-presidente (poder executivo);
– Tribunal Supremo (poder judicial).
Pág. 12

DOC. 1
Págs. 16 e 17
1. John Adams não reconhece autoridade ao Parlamento
britânico para cobrar impostos nas colónias inglesas da Dossiê
América do Norte. Portugueses na jovem nação americana
2. No dia 16 de dezembro de 1773, no porto de Boston, 1. Razões:
um grupo de colonos disfarçados de índios lançou ao mar
– alistamento no Exército Continental (Docs. A e B);
a carga de chá transportada por navios ingleses. Este epi-
sódio ficou conhecido por Boston Tea Party. – participação em batalhas decisivas, como as de Guilford
e de Camden (Docs. A, B e C);
3. Ideais iluministas presentes na Declaração de Inde-
pendência: – coragem revelada durante a guerra, com consequências
físicas visíveis (Docs. A e B);
– Igualdade natural (“que todos os Homens nascem
iguais”); – reconhecimento de George Washington (Docs. B e C);

– liberdade (“direitos inalienáveis, entre os quais […] a Li- – serviços prestados ao país, mesmo após a Guerra da
berdade”); Independência (Doc. B).

– soberania popular (“os Homens instituem entre eles go- 2. Diferenças:


vernos, cujo justo poder emana do consentimento dos – atitude do presidente John Adams bem diferente do dis-
governados”; “se um governo, seja qual for a sua forma, tanciamento revelado pelos monarcas absolutos: “O presi-
chega a não reconhecer estes fins, o povo tem direito de dente estava de pé, de casaca, espada e chapéu debaixo
modificá-lo ou de aboli-lo e de instituir um novo governo”). do braço”; “quando se entra, dirige-se a ele e se lhe faz um

24
cumprimento, ele pega na mão, pergunta pela saúde”; “à Módulo 5 Unidade 1 (1.2.)
saída não se lhe fez outro cumprimento que uma vénia com
a cabeça a que ele correspondeu igualmente.”;
– a ausência de um código de etiqueta: “estão todos con- Pág. 18
fundidos sem ordem ou arranjamento de etiqueta”; “à ex-
DOC. 4
ceção dos ministros estrangeiros, todo o resto respirava
muito pouca civilização e maneiras polidas”; 1. Evidências:
– vestuário e comportamentos informais: “Os senadores – a miséria do Terceiro Estado, com destaque para os
e pessoas mais classificadas vinham uns de botas, outros camponeses sobrecarregados com pesadas cargas tribu-
sem pós no cabelo, casacos velhos quase todos, vieram a tárias (Doc. 4A);
pé a maior parte”. – elevadas despesas do Estado, nomeadamente civis, mi-
3. Revolução Francesa. litares e diplomáticas, e a dívida pública (Doc. 4B);
4. Com tal afirmação, o Abade Correia da Serra pretende – receitas mais baixas do que as despesas, o que se tra-
demonstrar a forte ligação aos meios políticos e científicos duz num défice orçamental (Doc. 4B);
norte-americanos resultante da sua estadia naquele país, – os baixos salários dos trabalhadores das manufaturas
entre 1812 e 1820, e que, mesmo regressando à Europa, (Doc. 4C).
continuaria a acompanhar com interesse a evolução da- 2. Razões:
quela jovem nação.
– procurar soluções para a crise económico-financeira
5. Tópicos de resposta (o professor deve aceitar outros em que a França se encontrava: “Temos necessidade da
tópicos que o aluno julgue pertinente desenvolver, desde colaboração dos nossos fiéis súbditos para nos ajudarem
que cientificamente corretos): a superar todas as dificuldades em que nos achamos, re-
– participação de Pedro Francisco em batalhas decisivas lativamente ao estado de nossas finanças”; “estabelecer,
para a derrota inglesa na América do Norte, como a de segundo os nossos desejos, uma ordem constante e in-
Guilford (Docs. A e B) e a de Camden (Doc. C) OU como tes- variável em todas as partes do governo que interessam à
temunha da rendição dos ingleses na batalha de York- felicidade dos nossos súditos e à prosperidade do nosso
town (Doc. B); reino”; “seja achado, o mais rapidamente possível, um re-
– Pedro Francisco desempenhou, após a guerra, o cargo médio eficaz para os males do Estado”;
de Sargento de Armas da Casa dos Delegados da Virgí- – aconselhar-se junto dos representantes de cada ordem
nia, continuando a defender os ideais de liberdade e social: “tanto para nos aconselharem e nos assistirem em
igualdade (Doc. B); todas as coisas que analisaremos”;
– reconhecimento das qualidades de Pedro Francisco – conhecer as queixas de cada grupo social: “para nos
por personalidades da época como George Washington fazer conhecer os desejos e queixas do nosso Povo”;
(Docs. B e C) OU através de diferentes homenagens nos – travar o ambiente de contestação social: “que os abu-
EUA: Dia de Peter Francisco (Doc. B), selos comemorativos sos de toda espécie sejam reformados e prevenidos”.
e monumentos (Doc. C);
– contactos entre os nossos diplomatas e os presidentes
norte-americanos: Hipólito José da Costa com John Pág. 20
Adams (Doc. D) e o Abade Correia da Serra com Thomas
DOC. 5
Jefferson (Doc. E);
– contacto direto com a conjuntura política, económica, 1. O autor do texto toma o partido do Marquês de Lau-
social e cultural americana, como se pode perceber pelo nay, o governador da Bastilha, ao afirmar: “Este infeliz
vívido relato de Hipólito José da Costa do seu encontro governador foi bem castigado pela sua imprudência”
com o presidente John Adams (Doc. D); OU “A tal se resume a tomada da Bastilha, tão cele-
brada pela multidão parisiense. Pouco risco e muitas
– relação de profunda amizade entre o Abade Correia da
atrocidades da sua parte, e uma pesada imprudência
Serra e Thomas Jefferson bem visível na intensa corres-
ETHA11RQM @ Porto Editora

da parte de M. de Launay”.
pondência que trocaram e nas visitas regulares do diplo-
mata português a Monticello (Doc. E).

25
Pág. 21 Págs. 22

ETHA11RQM @ Porto Editora


6
Analisar… uma caricatura DOC.

O despertar do Terceiro Estado 1. Ideais:

1. Bastilha. – direitos naturais: liberdade, propriedade, igualdade, se-


gurança (artigos 1.º, 2.º e 17.º);
2. c) Nobreza, Clero e Terceiro Estado.
– soberania popular (artigos 3.º e 15.º);
3. Por um lado, o homem deitado no chão, representando
– separação de poderes (artigo 16.º);
o Terceiro Estado, quebra as grilhetas que o prenderam
durante séculos, um claro símbolo da privação de direitos – tolerância, nomeadamente religiosa (artigo 10.º);
a que esta ordem social estava sujeita. Por outro lado, – igualdade perante a lei (artigos 6.º, 7.º, 8.º e 9.º);
procura erguer-se lentamente, enquanto pega numa – liberdade de expressão (artigo 11.º).
arma, numa alusão ao início da revolução.
4. Os dois homens em pé, representantes da nobreza e Pág. 23
do clero, expressam um ar de pânico perante a possibili-
dade de uma reação do Terceiro Estado, ao mesmo DOC. 7

tempo que parecem encetar uma fuga. 1.


5. b); c); a); d). Opinião favorável:
6. Esta gravura coeva da Revolução Francesa ilustra a – Marat elogia a decisão da Assembleia Nacional de abolir
eclosão da mesma, nomeadamente a reação do Terceiro os direitos e privilégios feudais: “Eis o que a Assembleia
Estado que desperta de um sono de séculos (título), uma Nacional fez pela França e pela humanidade, numa única
metáfora para a privação de direitos a que estava sujeito sessão, numa única noite; sublime luta de justiça e genero-
pelos fundamentos da sociedade de ordens. A gravura sidade; uma cena magnífica, digna de ser transmitida aos
pode ser interpretada a partir de dois planos: vindouros e servir de modelo a todos os povos”.
– 1.º plano (à direita) – um homem deitado, simbolizando o Críticas:
Terceiro Estado, quebra as correntes que o prendem e er- – lentidão dos trabalhos de redação da Constituição: “da
gue-se lentamente, enquanto pega numa arma; à seme- Constituição, objeto dos desejos de toda a França, ainda
lhança do título, a legenda remete para a ideia de despertar não temos um único artigo consagrado”;
de um longo “pesadelo provocado pela opressão” das or-
– Marat vê nas decisões dos deputados uma reação ao
dens privilegiadas; as armas no chão simbolizam a inevita-
medo provocado pelo ambiente de pilhagens e tumultos
bilidade de recorrer à força para combater as desigualda-
populares: “É à luz das chamas dos seus castelos incen-
des sociais;
diados que eles têm a grandeza de alma de renunciar ao
– 1.º plano (à esquerda) – um nobre e um clérigo, repre- privilégio de ter presos os homens que recuperaram a
sentantes das duas ordens privilegiadas, expressam um sua liberdade com as armas na mão.”
ar de pânico perante a reação do Terceiro Estado, bem
patente nas suas expressões faciais e corporais; a posi-
Pág. 24
ção das suas pernas sugere que tencionam fugir;
– 2.º plano – num plano mais afastado vislumbra-se uma DOC. 8

multidão que ostenta em piques duas cabeças e um edifí- 1. O principal objetivo da Festa da Federação foi promo-
cio em fase de destruição; esta cena retrata a Tomada da ver a união nacional, bem patente no número de partici-
Bastilha, a 14 de julho de 1789; estabelece-se, assim, uma pantes (100 000 oriundos de toda a França) e na pre-
relação deste plano com o primeiro, pois foi nesta forta- sença dos mais altos representantes da Nação: o rei e os
leza-prisão que o povo parisiense, liderado pela burgue- deputados.
sia, procurou as armas necessárias à prossecução da re-
2.
volução.
– soberania nacional – “Nação: 28 milhões de habitantes”
(a nação como fonte do poder político);
– sufrágio censitário – “cidadãos ativos” (restrição do
voto aos cidadãos que pagavam um determinado im-
posto); “cidadãos passivos” (não pagavam imposto);

26
– sistema representativo – “745 deputados” (políticos – Vergniaud declara-se um apoiante da revolução, contra-
eleitos como representantes da nação). pondo às acusações de Robespierre os excessos dos mon-
tanheses, os quais considera responsáveis pelos atos de
Pág. 26 “assassínio” e “pilhagem”.

DOC. 9
Pág. 29
1. Luís XVI demonstrou uma posição ambígua relativa-
mente à monarquia constitucional: se, por um lado, jurou DOC. 12

respeitar a Constituição, por outro, manteve “uma atitude 1.


de constante desconfiança para com a Assembleia Nacio- – filhos – Maria Teresa e Luís Carlos, o “Delfim de França”,
nal Constituinte” (Doc. A). Esta posição culminou na tentativa sucessor de Luís XVI após a morte do seu irmão mais
de fuga da família real “na noite de 20 de junho de 1791” velho, Luís José, em 1789 (“Recomendo aos meus filhos”);
(Doc. B), um claro sinal da sua oposição ao rumo tomado
– irmã – princesa Isabel (“Peço-lhes que olhem para a
pela revolução.
minha irmã como uma segunda mãe”);
2.
– esposa – rainha Maria Antonieta (“[…] obedientes à sua
Estratos sociais: mãe”).
– clero (caricatura) e nobreza (“Há, também, emigrados
nobres, bastante numerosos, que aqui residem com as Págs. 30 e 31
suas famílias.” – documento escrito).
Motivo: Comparar… dois documentos escritos
– as perseguições de que foram alvo a partir do início da Distinguir aspetos em oposição
Revolução Francesa. A acusação do Rei
A defesa do Rei

1. c) República.
Pág. 27
2. b) o julgamento de Luís XVI.
DOC. 10
3. “Disseram que aqueles que, a 10 de agosto, tivessem
1. De acordo com o manifesto do duque de Brunswick, imolado Luís XVI teriam praticado uma ação virtuosa.”
qualquer ameaça sobre a família real, na sequência de 4. b); d); c); a).
um assalto ao Palácio das Tulherias, conduziria à ocupa- 5.
ção de Paris por parte das tropas austríacas e prussianas
e a consequente punição dos revoltosos. Robespierre Desèze
Aspetos
(Doc. A) (Doc. B)

Caracterização Traidor e conspirador. Respeitador das regras


Pág. 28 do rei sociais e amigo do povo.

DOC. 11
Constituição As leis da natureza Defesa do “governo
sobrepõem-se à Constituição. monárquico”, da
1. O Decreto de 10 de agosto de 1792 concretiza as se-
“separação de poderes”
guintes aspirações dos parisienses que invadiram o Palá- e da “inviolabilidade” do
rei consagrados na
cio das Tulherias:
Constituição de 1791.
– constituição de uma nova Assembleia Nacional Consti-
tuinte, a Convenção (“O povo francês é convidado a for- Inviolabilidade O rei deve ser imediatamente Convicção de que o rei
do rei condenado à morte, visto que não pode ser julgado
mar uma Convenção nacional”); foi deposto por uma como um cidadão, dada a
insurreição popular. inviolabilidade da sua
– suspensão do rei pela Assembleia Legislativa (“O chefe
A “salvação do povo” pessoa. Caso o seja, tem
do poder executivo é provisoriamente suspenso das suas sobrepõe-se, assim, ao direito a um julgamento
princípio da inviolabilidade justo.
funções”).
do rei.
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2. Acusações:
– Robespierre acusa os “moderados”, nomeadamente os 6. Tópicos de resposta:
girondinos, de conspirarem com vista à restauração da – [caracterização do rei] enquanto no Doc. A – perspetiva
monarquia constitucional; de Robespierre – o rei é caracterizado como traidor e

27
conspirador (“Luís denunciava o povo francês como re- – apresentação de petições à Convenção – as lavadeiras

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belde; chamou, para o castigar, os exércitos dos tiranos de Paris queixam-se da subida dos preços e pedem “a pena
seus confrades […]”), no Doc. B – perspetiva de Desèze – o de morte para os açambarcadores e agiotas” (Doc. B).
rei será recordado pelo respeito que demonstrou pelas 2. Grupos sociais:
regras sociais e pelo povo (“[…] deu exemplo de costu- – clero – instituição do culto ao Ser Supremo e à Sabedo-
mes […] mostrou-se sempre amigo do povo.”); ria (Doc. C);
– [Constituição] enquanto no Doc. A se defende que as – nobreza – “eles eram nobres, ricos e iluminados; teriam
leis da natureza se sobrepõem à Constituição (“Quais são de ser condenados à morte.” (Doc. D).
as leis que a substituem? As da natureza […]”), no Doc. B
salienta-se a importância dos princípios do governo mo-
nárquico, da separação de poderes e da inviolabilidade Pág. 33
do rei consagrados na Constituição (“Em 1789, […] a nação
DOC. 14
reunida declarou aos mandatários que tinha escolhido
que queria um governo monárquico.”; “Passo ao artigo 2 1. Robespierre considera-se um defensor da República ao
e leio que a pessoa do rei é inviolável e sagrada”; “Per- referir que as medidas tomadas durante o seu governo
gunto-vos onde está esta separação de poderes sem a contribuíram para a manutenção desse regime (“atesto-o
qual não pode existir Constituição nem liberdade?”); com a República que respira”) e que até terão sido insufi-
cientes, dada a ameaça dos inimigos internos e externos
– [inviolabilidade do rei] enquanto no Doc. A se defende
(“os novos crimes dos inimigos da nossa liberdade e a cul-
que a traição de Luís XVI é motivo suficiente para o rei
posa perseverança dos tiranos coligados contra nós”). Vai
não ser julgado, devendo ser punido com a imediata con-
ainda mais longe, ao autointitular-se “um mártir vivo da Re-
denação à morte (“Luís não pode, portanto, ser julgado; já
pública”, sentindo-se injustiçado por aqueles que o respon-
está condenado”; “Ouvi os defensores da inviolabilidade
sabilizavam pelo período de “terror”.
avançarem um princípio audaz. Disseram que aqueles
que, a 10 de agosto, tivessem imolado Luís XVI teriam
praticado uma ação virtuosa. […] Ora, mudaram três Pág. 34
meses de intervalo os seus crimes e os direitos do
povo?”), no Doc. B há a convicção de que o rei, dada a in- DOC. 15

violabilidade da sua pessoa, não pode ser julgado como 1. Excertos:


um cidadão e que a sê-lo tem direito a um julgamento – igualdade perante a lei – artigos 1.º e 8.º;
justo (“[…] observo que esta inviolabilidade é aqui colo-
– estado civil laico – artigos 55.º e 165.º.
cada de uma maneira absoluta; não há nenhuma condi-
2. A posição de Lazare Carnot “contra o restabelecimento
ção que a altere, nenhuma exceção que a modifique, ne-
da monarquia” saiu gorada com a proclamação de Napo-
nhuma nuance que a enfraqueça.”; “[…] Se privardes Luís
leão como imperador e a consequente ostentação de distin-
da inviolabilidade do rei, dever-lhe-eis ao menos os direi-
tivos que o aproximavam de um monarca, tais como o cetro,
tos de cidadão.”).
a mão da justiça, o manto vermelho, a espada e o trono.

Pág. 32 Págs. 36 a 39
DOC. 13
Dossiê
1. Formas:
A Revolução no feminino
– vestuário e acessórios que os distinguiam dos grupos
1. Semelhanças:
privilegiados, como por exemplo a calça comprida (Doc. A);
– proximidade da rainha Maria Antonieta;
– manifestações cívicas de apoio aos ideais revolucioná-
rios, de que é exemplo a dança em volta da árvore da li- – partida para o exílio com o eclodir da Revolução Fran-
berdade (Doc. A); cesa.

– disponibilidade para se associarem, pelas armas, à de- 2. Acontecimentos revolucionários:


fesa da República, como demonstra a figura da esquerda – marcha das mulheres parisienses a Versalhes (5 e 6 de
do Doc. A que, com o seu pique, aponta para os soldados outubro de 1789);
em segundo plano; – Tomada das Tulherias (10 de agosto de 1792).

28
3. Théroigne de Méricourt e Claire Lacombe intervêm no Gogel, relatam o entusiamo inicial dos povos submetidos
processo revolucionário através dos seus discursos nos relativamente aos invasores franceses (“7/8 da nação esta-
clubes e nas tribunas das assembleias, mas também pela vam contentes com a entrada dos franceses” – Doc. B),
força das armas (“Generosas cidadãs, armemo-nos” – vendo neles os difusores dos ideais de liberdade e igual-
Doc. C) e pela instigação à reação contra as fações mais dade (“Quem não sentiu o seu coração bater mais acele-
conservadoras (“Nascida […] com o ódio aos tiranos, fica- rado mal surgiram no céu os primeiros raios do novo sol,
rei feliz de contribuir para a sua destruição.” – Doc. D). logo que se ouviu falar dos direitos comuns a todos os ho-
4. Luís XVI. mens, da liberdade […] e da […] igualdade?” – Doc. A). No
5. Aspetos: entanto, numa segunda fase, Goethe realça o desânimo
dos seus conterrâneos com os abusos e prepotência dos
– defesa de direitos iguais para homens e mulheres (art. 1.º);
invasores (“a dor e a raiva tomaram conta das almas […] e
– contributo das mulheres para a elaboração das leis, atra-
todos passaram a alimentar uma só ideia […], vingar-se de
vés do exercício de cargos políticos ou do direito ao voto
todas as injúrias e da amarga perda de esperança”), senti-
(art. 6.º);
mento que Gogel também exprime na seguinte passagem:
– igualdade de acesso a cargos e empregos (art. 13.º). “Em poucos dias, […] começou-se a odiar e a olhar como
6. Terror OU Convenção. opressores os Franceses que, pouco tempo antes, tinham
7. Charlotte Corday alega que a morte de Marat, para ela sido celebrados como libertadores”.
o principal instigador das divisões entre os franceses, tra- DOC. 17
varia o clima de guerra civil que grassava no país.
1. Laços de parentesco entre Napoleão e os reis repre-
8. Tópicos de resposta (o professor deve aceitar outros
sentados no mapa:
tópicos que o aluno julgue pertinente desenvolver, desde
que cientificamente corretos): – José Bonaparte – irmão mais velho (1768-1844);

– a fidelidade à família real e a oposição à revolução de – Luís Bonaparte – irmão (1778-1846);


mulheres como a pintora Élisabeth Vigée-Lebrun (Doc. A) – Jerónimo Bonaparte – irmão mais novo (1784-1860);
OU a duquesa de Polignac (Doc. B), atitudes que lhes vale- – Carolina Bonaparte – irmã mais nova (1782-1839).
ram o exílio;
– a defesa dos ideais revolucionários através dos discur-
sos pronunciados por mulheres como Théroigne de Méri- Pág. 41
court (Doc. C) OU Claire Lacombe (Doc. D) nos clubes ou DOC. 18
nas assembleias;
1. Aspetos:
– a ligação de mulheres como Olympe de Gouges (Doc. E)
OU Madame Roland (Doc. F) OU Charlotte Corday (Doc. G) – reorganização dos territórios europeus, na sequência
ao grupo dos Girondinos, preconizando uma tendência da queda do império napoleónico (gravura);
revolucionária mais moderada; – restabelecimento da legitimidade dinástica anterior ao
– o recurso à força como meio de alcançar os propósitos período revolucionário (gravura e documento escrito –
revolucionários (Doc. C) OU de travar o radicalismo do pe- “O princípio que os reis devem opor a este plano de des-
ríodo do Terror (Doc. G). truição universal é o da conservação de tudo o que legal-
mente existe.”);
– equilíbrio/concertação entre as nações (gravura e docu-
mento escrito – “Que, enfim, os grandes monarcas refor-
cem a sua união”);
– conservadorismo social (“Que os governos mantenham
Módulo 5 Unidade 1 (1.3.)
as bases fundamentais das suas instituições”);
– repressão dos focos revolucionários (“Que eles sufo-
Pág. 40 quem as sociedades secretas”).
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DOC. 16

1. Personalidades contemporâneas da Revolução Fran-


cesa, como o poeta alemão Goethe e o ministro holandês

29
Pág. 42 Pág. 49

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DOC. 19 DOC. 2

1. 1. Consequências:
Excerto: – fuga da família real para o Brasil, na sequência da pri-
– “De Milão a Budapeste, de Veneza a Berlim, de Roma a meira invasão francesa, salvaguardando a independência
Poznan, escorreu a lava revolucionária.” do Estado português: “o exército francês [chefiado por
Razão: Junot] já estava em Vila Franca e S. A. embarcava no cais
de Belém […], na sua longa viagem para o Brasil”;
– Mazzini atribui esse fracasso à “falta de organização”.
– descontentamento dos súbditos (OU sentimento de or-
fandade), com a permanência da família real no Brasil:
Pág. 43 “Por tudo tem passado este desgraçado país!”;
– hostilidade “contra os franceses”, surgindo “movimen-
Analisar… um mapa histórico
tos revolucionários nas províncias” OU “reação contra os
A emancipação da América latina
franceses”, refletida nas “manifestações a favor da dinas-
1. c) no 1.º quartel do século XIX. tia de Bragança e da nacionalidade”;
2. b); d); a); c). – mobilização do país contra os franceses, com o apoio
3. Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Argentina dos ingleses: “Os nossos aliados ingleses, aproveitando
e Chile. os movimentos populares, desembarcaram em força con-
4. Tópicos de resposta: siderável”; “Assinou-se uma convenção em Sintra, tendo
– a influência da revolução americana nos movimentos cessado as hostilidades, comprometendo-se os france-
independentistas da América Latina; ses a abandonar Portugal”; “Pela segunda vez veio a Por-
tugal Sir Wellesley, comandante em chefe das forças bri-
– as revoluções liberais em Espanha e Portugal, no con-
tânicas e portuguesas, trazendo consigo o marechal
texto da primeira vaga do surto revolucionário da Europa
Beresford para tomar o comando do exército português”;
pós-Congresso de Viena, estiveram na origem da liberta-
ção das respetivas colónias americanas; – exercício do poder autoritário por Beresford, desrespei-
tando a soberania portuguesa OU quebra de prestígio do
– na década de 20 do século XIX, já quase toda a Amé-
exército nacional, no contexto do domínio britânico (“Pela
rica espanhola tinha rompido os laços com a metrópole;
segunda vez veio a Portugal Sir Wellesley, comandante em
– o Brasil torna-se independente de Portugal em 1822.
chefe das forças britânicas e portuguesas, trazendo con-
sigo o marechal Beresford para tomar o comando do exér-
cito português”).

Módulo 5 Unidade 2 (2.1.) Págs. 50 e 51

Analisar… um filme histórico


Pág. 48 As Linhas de Torres (Linhas de Wellington)

DOC. 1 1. Terceira invasão francesa.

1. Evidências: 2. b) Arthur Wellesley.

– a ação da Inquisição contra a difusão dos ideais ilumi- 3. c) marechal Massena.


nistas, bem patente na perseguição, prisão, tortura e con- 4. Napoleão Bonaparte.
denação dos membros das lojas maçónicas (Doc. A); 5. As “Linhas de Torres” consistiam em três linhas defen-
– a censura exercida pela “Real Mesa da Comissão Geral sivas constituídas por várias fortificações. Este sistema de
sobre o Exame e Censura dos Livros” (Doc. B); defesa, delineado por Wellesley e construído entre 1809
– as perseguições da Intendência-Geral da Polícia a e 1810, fez parte da estratégia inglesa de controlar os ca-
todos aqueles que evidenciassem simpatias pelos ideais minhos de acesso a Lisboa.
revolucionários. 6. c); b); a); d).

30
7. Tópicos de resposta: Pág. 53
– impacto demográfico das invasões devido ao elevado DOC. 5
número de perdas militares e civis;
1. A visão otimista de D. Rodrigo de Sousa Coutinho de que
– desorganização económica decorrente do rasto de
o tratado punha “a navegação portuguesa em perfeita
destruição deixado pelos confrontos entre os invasores
igualdade com a inglesa” acabou por ser contrariada pela
franceses e o exército anglo-português;
balança de trocas comerciais entre Portugal e o Reino
– liderança do exército anglo-português por oficiais britâ-
Unido, sendo que entre 1811 e 1820 as perdas portuguesas
nicos OU quebra de prestígio do exército nacional, no
registam valores históricos (é o caso do quinquénio 1811­
contexto da presença britânica;
‑1815, com um saldo negativo para Portugal de 2200 libras
– difusão das ideias liberais OU dos princípios da Revolu- esterlinas).
ção Francesa devido à presença de soldados franceses
no território português.
Pág. 54

6
Pág. 52
DOC.

1. Beresford.
DOC. 3
2. Objetivos:
1. Nascido em Viena de Áustria, a 27 de janeiro de 1757,
– acompanhar os desenvolvimentos da revolução liberal
foi um estrangeirado culto consagrado à carreira das
na “vizinha Espanha”;
armas. Falava várias línguas, desenhava, pintava e escre-
via. Não casou nem se lhe conhecem filhos. Matilde de – realizar reuniões mensais, no Porto;
Mello terá sido a sua companheira até ao fim da vida. Du- – liderar um futuro movimento revolucionário;
rante o domínio de Junot, integrou a “Legião Portuguesa” – manter “a fidelidade à dinastia da Casa de Bragança”.
que combateu ao serviço de Napoleão, mas, ao contrário 3. Conspiração contra a regência e as autoridades britâni-
de outros oficiais afrancesados, recusou-se a tomar parte cas que resultou no processo que conduziu à execução
nas expedições contra Portugal. Esta atitude permitiu-lhe de Gomes Freire de Andrade e de mais 11 oficiais do exér-
a reabilitação quando regressou ao país, em 1815. Maçon cito.
desde 1790, ainda em Viena, foi um dos fundadores da 4. Os regentes temiam que a revolução liberal espanhola
Maçonaria portuguesa, estando na origem da criação do de 1820 e a consequente restauração da Constituição de
Grande Oriente Lusitano, onde será Grão-Mestre de 1815 1812 (Doc. C) pudessem servir de motivação aos “encobertos
a 1817. Acusado de conspirar contra a regência e as auto- revolucionários” (Doc. D) que, em Portugal, desejavam a ins-
ridades britânicas, foi preso e condenado à morte, em tauração de um regime liberal.
1817. Posteriormente, foi, com os outros réus, absolvido
pelas Cortes Constituintes.
Pág. 55
DOC. 4
DOC. 7
1. O comércio com o Brasil era muito superior ao comér-
cio com o resto das possessões coloniais portuguesas da 1. “Era a este tempo que, do Campo de Santo Ovídio, des-
época. No caso do porto de Lisboa, para o período apre- filava na maior ordem e com não comparável alegria o
sentado no quadro, a percentagem de produtos prove- Regimento n.º 18 de Infantaria de Linha […].”
nientes do Brasil representa entre 94 e 100% do total de 2. Monarquia constitucional.
mercadorias aí desembarcadas.
2. Disposições:
– permissão da entrada, no Brasil, de produtos transpor-
tados por navios estrangeiros;
– autorização da exportação por comerciantes estrangei-
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ros dos produtos coloniais brasileiros, à exceção do pau-


-brasil;
– suspensão da legislação que interditava o comércio entre
os colonos brasileiros e os comerciantes de outras nações.

31
Módulo 5 Unidade 2 (2.2.) Pág. 58

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DOC. 10

1. De acordo com o marquês de Fronteira e d’Alorna, a


Pág. 56
revolução em Lisboa “adiava-se, de dia para dia,” devido
DOC. 8 à ação repressiva da Intendência-Geral da Polícia e da In-
1. quisição.

Razão:
– a governação da regência OU a ingerência inglesa na Pág. 59
governação de Portugal (“uma administração inconside-
DOC. 11
rada, cheia de erros e de vícios”);
– a permanência de D. João VI no Brasil (“Para cúmulo de 1. Com este manifesto, a Junta Provisional do Governo Su-
desventura deixou de viver entre nós o nosso adorável premo do Reino pretenderia legitimar a revolução liberal
soberano”). portuguesa perante os governos e a opinião pública es-
trangeiros, salientando o seu carácter ordeiro e pacífico
Objetivos:
(“sem derramar uma só gota de sangue”). No contexto da
– convocar Cortes (“Imitando nossos maiores, convoque-
restauração monárquica pós-Congresso de Viena, procu-
mos as Cortes”);
rava-se, assim, evitar uma reação contrarrevolucionária dos
– preservar a autoridade régia (“A mudança que fazemos “grandes e poderosos monarcas” europeus.
não ataca as partes estáveis da monarquia” OU “uma
Constituição que segure solidamente os direitos da mo-
narquia”); Pág. 60
– manter o respeito pela religião católica (“A religião santa DOC. 12
de nossos pais ganhará mais brilhante esplendor”);
1. “[…] o coronel Galvão Mexia […] disse que bem sabia ele
– garantir o direito à propriedade (“As leis do Reino […]
há muito que o Exército era sacrificado aos bacharéis e
segurarão a propriedade individual”);
desembargadores; pois se via das instruções que estes
– instaurar uma monarquia constitucional (“haveis de es- eram favorecidos e preferidos nas eleições de deputados
tabelecer outra forma de governo”); em dano e com exclusão dos militares […].”
– elaborar uma Constituição (“empregaremos todas as
DOC. 13
nossas forças para [elaborar] uma Constituição”).
1. Burguesia.

Pág. 57
Pág. 61
DOC. 9
DOC. 14
1.
1. “Chegou por fim o dia venturoso que os portugueses
Argumentos:
tão ansiosamente desejavam […]; dia para sempre glo-
– o perigo de o país resvalar para um período de “guerra
rioso e memorável, que fará a mais brilhante época na
civil” ou “anarquia”;
História da Monarquia […].”
– a precipitação da fação militar defensora de uma solução
revolucionária (“cegueira momentânea de uma parte desse
mesmo Exército”);
– a defesa de “uma reforma e não uma revolução” que
permitisse “os melhoramentos necessários”, sem implicar
a “subversão” da monarquia;
– o reconhecimento da “lealdade” e do “valor” do povo
português por parte das “nações estrangeiras”, do “sobe-
rano” e da “nação”.

32
Págs. 62 – direitos individuais: liberdade, segurança e propriedade;
– soberania da nação;
Comparar… dois documentos iconográficos
– separação de poderes.
D. João VI, no Brasil
D. João VI, regressado a Portugal

1. Elementos: Pág. 65
– trono;
DOC. 17
– cetro;
1. Aspetos:
– coroa;
– a supressão dos privilégios da nobreza e do clero rela-
– manto;
tivamente à propriedade (arts. 1.º e 6.º);
– espada;
– a abolição da censura, instituindo a liberdade de ex-
– insígnias das ordens militares.
pressão (art. 7.º);
2. Luís XIV OU Luís XVI.
– o fim da sociedade de ordens, declarando a igualdade
3. c); a); b); d).
perante a lei (art. 9.º) e a admissão a cargos públicos pelo
4. d) monarquia absoluta para a monarquia constitucional.
mérito (art. 12.º);
5.
– a substituição do poder régio absoluto pela soberania
Aspeto semelhante: da Nação (art. 26.º) e pela separação e independência de
– [atributos de poder] em ambos os retratos, são repre- poderes (art. 30.º);
sentados distintivos que simbolizam o poder do monarca, – a transição de uma monarquia absoluta para uma mo-
nomeadamente a coroa, o cetro, o manto, o trono e as narquia constitucional (art. 29.º).
insígnias das ordens militares.
Aspeto diferente:
– [poder régio] enquanto no Doc. A – D. João VI, no Brasil Págs. 66 e 67
– todo o contexto do retrato remete para o poder abso-
luto do rei, bem patente no sumptuoso manto e na pose Dossiê
do monarca que segura o cetro com a mão direita e sus- Ser ou não ser cidadão, eis a questão
tenta a mão esquerda na espada, no Doc. B – D. João VI,
1. Sufrágio censitário.
regressado a Portugal – há uma clara alusão à transição
para a monarquia constitucional, passando o rei a colocar 2. Robespierre argumenta contra o sufrágio censitário
a mão direita sobre o livro das Cortes pousado sobre o (“Os partidários do sistema que eu ataco […] limitaram-se
cetro e à frente da coroa. a dissimular o princípio da igualdade com a distinção
entre cidadãos ativos e cidadãos passivos”), defendendo
a adoção do sufrágio universal (“Todos os homens nasci-
Pág. 63
dos e residentes em França são […] cidadãos franceses”).
DOC. 15 3. Argumentos:
1. A vontade do presidente de registar em ata o juramento – defesa dos direitos humanos da liberdade e da igual-
às Bases da Constituição proferido por D. João VI justi- dade perante a lei, princípios consagrados em documen-
fica-se pela necessidade de provar aos portugueses e às tos como a Declaração dos Direitos do Homem e do Ci-
nações estrangeiras que o monarca não se opunha ao dadão, os textos constitucionais e a legislação emanada
trabalho até então desenvolvido pelas Cortes Constituin- pelas assembleias eleitas na sequência das revoluções
tes, nem à sua nova condição de monarca constitucional. liberais (de que é exemplo o decreto de 15 de maio de
1791 da Assembleia Nacional Constituinte francesa);
Pág. 64 – razões económicas, uma vez que muitos indígenas e li-
ETHA11RQM @ Porto Editora

bertos desempenhavam funções de grande relevo nas co-


DOC. 16
lónias, contribuindo para o desenvolvimento daqueles ter-
1. Princípios: ritórios (“Há muitos libertos no Brasil, que hoje interessam
– direitos políticos dos cidadãos; muito à sociedade e têm grandes ramos de indústria“).

ETHA11RQM-3 33
4. Não obstante os direitos alcançados com a eclosão das – o peso da religião católica na sociedade portuguesa

ETHA11RQM @ Porto Editora


revoluções liberais, as mulheres continuavam a estar ex- (“este povo […] não saberá conciliar a conservação do
cluídas do exercício da cidadania. Em Portugal, Antónia culto antiquíssimo que professa com a liberdade que se
Gertrudes ergueu a sua voz contra a discriminação de que lhe pretende dar).
eram alvo as mulheres que se interessavam por assuntos Argumento favorável:
políticos (“[…] houvesse quem se não envergonhasse de – facilidade de punir os autores e os editores responsá-
lançar as vistas a uma galeria para menoscabar o crédito veis pelos abusos à liberdade de imprensa, uma vez que
de todas as Senhoras que ali apareciam“). Na segunda me- a mesma, ao contrário da censura, dificultaria a impressão
tade do século XIX, muitas mulheres perceberam que era de obras anónimas (“havendo censura prévia, e com ela
o momento de fazerem a sua própria revolução, desta- a faculdade de imprimir obras anónimas, sem responsabi-
cando-se as que, conhecidas por sufragistas, lutaram pelo lidade, necessariamente hão de ficar muitos crimes impu-
direito ao voto (caricatura). nes”);
5. Frase: – o desenvolvimento de nações estrangeiras que promul-
“Estamos a entrar numa era em que a justiça será de garam leis de liberdade de imprensa, como por exemplo
novo a virtude primordial, alicerçada, como antes, numa a Inglaterra (“de que tem sucessivamente deduzido a sua
associação igualitária, mas agora também empática, maior prosperidade”);
entre os indivíduos […] e que não excluirá ninguém, sendo, – a censura como um entrave ao desenvolvimento dos
em idêntica medida, extensiva a todos.” países, provocando “a decadência do Estado e a ignorân-
6. Tópicos de resposta: cia e barbaridade dos povos”;
– a desigualdade de fortunas fez da política um assunto – a proliferação de obras estrangeiras em Portugal, no-
de uma minoria abastada, em virtude do estabelecimento meadamente francesas, responsáveis pela divulgação
do sufrágio censitário, distinguindo-se cidadãos ativos de dos mais variados assuntos, tornando “inútil, além de pre-
cidadãos passivos (Doc. A); judicial, o estabelecer a censura prévia”.
– apesar da concessão da cidadania aos indígenas e aos
libertos (Doc. B), mantinham-se o tráfico de escravos e a
escravatura; Pág. 69
– as mulheres permaneceram afastadas de qualquer dos DOC. 19
atributos da cidadania (Doc. C).
1. Consequências:
– enriquecimento de um grupo restrito de proprietários
Pág. 68 sem uma visão de exploração capitalista das terras, man-
tendo “a ociosidade dos trabalhos do pobre”;
DOC. 18
– abandono dos campos;
1. Repercussões: – diminuição da população;
– prejudicou o desenvolvimento e a imagem de Portugal – miséria que se abate sobre os camponeses.
(“Serviu, pois, este Tribunal para secar os louros de nossa
glória […] para nos cobrir de vergonha”);
– contribuiu para o atraso cultural do país (“serviu este Pág. 70
tribunal para extinguir o entendimento dos portugueses”).
DOC. 20
2.
Argumento contrário: 1. Fatores:

– a falta de instrução da população portuguesa (“Parece- – a presença da família real e da corte no Brasil, colónia
-me que a nação não está preparada, nem pela opinião, que foi transformada em sede da monarquia portuguesa;
nem pela instrução, para tamanha largura de liberdade.”); – elevação do Brasil a reino, em 1815 (Doc. A);
– o contacto secular do povo português com a censura – revoltas dos brasileiros contra a presença portuguesa
(“Um povo que geme há três séculos debaixo do regime no Brasil, manifestando o desejo de autonomia (Doc. B).
inquisitorial, um povo que longo tempo sujeitou o seu
pensamento a triplicada censura”);

34
Págs. 71 a 73 7. Tópicos de resposta:
A transferência da Corte para o Brasil
Dossiê – decisão do príncipe regente D. João de embarcar “com
Um rei no Novo Mundo toda a real família” (Doc. A) para o Brasil na sequência da
1. primeira invasão francesa;
– personalidades: Napoleão Bonaparte e D. Maria I; – partida de Lisboa da família real e da corte, em novembro
de 1807 (Doc. A);
– decisão: o príncipe regente decidiu transferir a corte para
– chegada ao Brasil no mês de janeiro de 1808, depois de
o Brasil;
uma viagem marcada por vários contratempos (Doc. B);
– motivos: evitar um conflito sangrento com as tropas na-
– desembarque no Rio de Janeiro, em março de 1808
poleónicas e preservar a segurança do príncipe regente.
(Doc. C).
2. Dificuldades: O impacto da presença da família real no Rio de Janeiro
– uma tempestade; – alojamento dos recém-chegados da metrópole nas ha-
– a falta de mantimentos; bitações dos colonos, por imposição ou pela doação de
– a grande quantidade de pessoas a bordo, aliada à falta proprietários como Elias António Lopes (Doc. C);
de higiene, “favoreceu a proliferação de pragas”. – criação de instituições, como o “Banco Nacional” (Doc. D),
3. Reações: que contribuíram para a modernização do Brasil;
– desenvolvimento cultural, acolhendo artistas provenien-
– descontentamento de muitos colonos do Rio de Janeiro
tes da Europa (Doc. D) e dotando o Brasil de estabelecimen-
perante a imposição de cederem as suas propriedades
tos de ensino e de um Jardim Botânico (Doc. E);
para alojar os recém-chegados;
– elevação do Brasil a reino em 1815 (Doc. E);
– a atitude de Elias António Lopes de oferecer ao Príncipe
– reconhecimento dos colonos do contributo de D. João VI
Regente D. João uma das suas propriedades, a Quinta da
para o progresso do Brasil (“Depois de Sua Majestade
Boavista.
haver dado tantas e tão evidentes provas de amor aos seus
4. Evidências: vassalos […] – Doc. F).
– criação de um “Banco Nacional”;
– criação de instituições de ensino; Pág. 74

– atração de artistas estrangeiros que contribuíssem para DOC. 21


o progresso cultural do Brasil. 1. Evidências:
5. A gravura do Doc. E ilustra, de forma alegórica, o estatuto – ordem de regresso de D. Pedro a Portugal, voltando o
de reino atribuído ao Brasil, em 1815, representado pelo Brasil à sua condição de colónia;
indígena, figura central das três que sustentam o rei. No – subordinação do Brasil em termos judiciais, através da
entanto, a mensagem central é a ascensão de D. João VI extinção dos “tribunais criados no Rio de Janeiro” com a
ao poder real, ainda durante a sua estadia no Brasil e na transferência da corte para o Brasil;
sequência da morte de D. Maria I, em 1816. – anulação dos benefícios comerciais atribuídos ao Brasil
6. Excertos: durante a permanência de D. João VI.
– D. João VI – “Depois de Sua Majestade haver dado tan- 2. Em 1822, culminando uma série de movimentos de re-
tas e tão evidentes provas de amor aos seus vassalos”; sistência antiportuguesa, D. Pedro decide permanecer no
“tiveram muitas pessoas a honra de beijar a mão a Sua Brasil, contrariando a decisão das Cortes Constituintes
Majestade, que os felicitou com sinais de sua paternal (Doc. B). A 7 de setembro, nas margens do rio Ipiranga, o
bondade”; “começou a Nau D. João VI, que conduzia Sua seu grito de “Independência ou morte” (Doc. C) acaba, de
Majestade, a suspender ferro”; “recordando as eminentes vez, com a integração do Brasil no Estado português.
virtudes do Soberano […] que ia felicitar com a sua au-
Pág. 75
gusta presença aqueles outros vassalos”;
ETHA11RQM @ Porto Editora

22
– D. Carlota Joaquina – “Sua Majestade a Rainha Nossa
DOC.

Senhora”; 1.
– D. Pedro – “Real pessoa de seu muito amado filho, o – “sua majestade fidelíssima” – D. João VI;
Príncipe Regente”. – “sua majestade imperial” – D. Pedro I, imperador do Brasil.

35
2. Portugal receava a possibilidade de outras colónias se- – garantia de que a Carta Constitucional outorgada por

ETHA11RQM @ Porto Editora


guirem o exemplo do Brasil e proclamarem a sua inde- D. Pedro seria jurada em Portugal;
pendência. – celebração dos “esponsais do casamento” entre D. Maria
da Glória e o infante D. Miguel, seu tio.
Págs. 76 e 77

DOC. 23 Págs. 80 e 81
1. O marquês de Marialva intercedeu junto dos monarcas
da “Áustria, França, Grã-Bretanha, Prússia e Rússia”, no Comparar… dois documentos escritos
sentido de os sensibilizar para as consequências que a Distinguir aspetos em oposição
revolução liberal portuguesa poderia ter para a “tranquili- A Constituição de 1822
dade da Europa”, pedindo-lhes que colocassem as respe-
A Carta Constitucional de 1826
tivas cortes a par do sucedido.
1. c) monarquia constitucional.
2. Acúrsio das Neves manifesta o seu repúdio pela forma
injusta como D. Carlota Joaquina, por não ter “prestado o 2. Vintismo.
juramento à Constituição”, estava a ser tratada pelos mi- 3. b); d); a); c).
nistros. Na opinião deste deputado, a Constituição estava 4.
a ser “violada” por não haver um processo nem uma sen-
tença que justificassem o facto de a rainha ser privada Constituição de 1822 Carta Constitucional
Aspetos
(Doc. A) de 1826 (Doc. B)
“dos seus direitos civis e políticos, dos rendimentos da
sua casa e até da sua liberdade”. Forma de “As Cortes Extraordinárias “D. Pedro, por graça de Deus Rei
elaboração e Constituintes da Nação de Portugal e dos Algarves, faço
3. (autoria) Portuguesa” saber […] que sou servido
– “partidos” em oposição – absolutistas e liberais; decretar, dar e mandar jurar […]
a Carta Constitucional abaixo
– a solução encontrada para evitar um conflito – altera- transcrita”
ção da Constituição OU uma reforma das instituições.
Composição e “A Nação Portuguesa é “As Cortes compõem-se de duas
4. Vila-Francada. funcionamento representada em Cortes, Câmaras: a Câmara de Pares e a
das Cortes isto é, no conjunto dos Câmara de Deputados”
Deputados que a Nação
para esse fim elege”
Pág. 78
Eleição dos “Na eleição dos “As nomeações dos Deputados
DOC. 24
deputados Deputados têm voto os para as Cortes Gerais serão
Portugueses que feitas por eleições indiretas: a
1. A sucessão de D. João VI não foi um processo simples,
estiverem no exercício massa dos cidadãos ativos elege
porque D. Pedro, o filho mais velho, era imperador do Bra- dos direitos de cidadão” […] os eleitores de Província,
e estes os representantes da
sil, enquanto D. Miguel, o mais novo, estava exilado por
Nação”
ter liderado os movimentos contrarrevolucionários da
Vila-Francada (1823) e da Abrilada (1824). Organização dos “Estes poderes são o “Os poderes políticos
poderes do legislativo, o executivo e reconhecidos […] são quatro:
DOC. 25 Estado o judicial. O primeiro o legislativo, o moderador,
reside nas Cortes […]. o executivo e o judicial.”
1. Através do poder moderador, considerado a “chave de O segundo está no Rei e
nos Secretários de Estado
toda a organização política” (art. 71.º), a figura real era en- […]. O terceiro está nos
grandecida. Juízes.”

2. Sufrágio censitário. Poderes do rei “Ao Rei pertence dar “O poder moderador […]
sanção à lei”; compete privativamente ao Rei,
“O Rei não pode impedir como Chefe Supremo da
as eleições dos Nação”; “O Rei exerce o poder
Pág. 79
Deputados, nem opor-se moderador […] sancionando os
à reunião das Cortes, decretos e resoluções das
DOC. 26 prorrogá-las, dissolvê-las Cortes Gerais […], prorrogando
ou protestar contra as ou adiando as Cortes Gerais e
1. Meios: suas decisões” dissolvendo a Câmara de
Deputados, nos casos em que o
– D. Pedro abdicou do direito ao trono português em
exigir a salvação do Estado.”
favor da sua filha D. Maria da Glória;

36
5. Tópicos de resposta: constitucional, o “legislativo, o executivo e o judicial” (OU em
– [Contexto político] enquanto o Doc. 1 – Constituição de que o poder executivo, da competência do “Rei” e dos “Se-
1822 – foi o primeiro texto constitucional, elaborado no se- cretários de Estado” é fiscalizado pelas Cortes), no Doc. 2
guimento da revolução liberal de 1820, “a fim de assegurar estabelecem-se quatro poderes, valorizando-se a figura do
os direitos de cada um e o bem geral de todos os Portu- rei (OU atribuindo ao rei o exercício do poder moderador
gueses” (OU representou a materialização legislativa do como “chave de toda a organização política” OU como
liberalismo radical (OU vintista), que procurou introduzir “Chefe Supremo da Nação”);
reformas profundas na sociedade portuguesa, baseadas – [Poderes do rei] enquanto no Doc. 1 se limitam as prerro-
em leis “ampliadas e reformadas”), o Doc. 2 – Carta Consti- gativas reais, retirando ao rei o veto político sobre os pro-
tucional de 1826 – foi um novo diploma constitucional ou- jetos das Cortes que, desde que por elas confirmados,
torgado no seguimento da morte de D. João VI (OU no terão de ser sancionados (OU não permitindo ao rei “opor-
contexto das tensões entre liberais e absolutistas causadas -se à reunião das Cortes, prorrogá-las, dissolvê-las”), no Doc.
pela questão da sucessão) para assegurar os direitos de 2 atribui-se ao rei a possibilidade de recusar as delibera-
“D. Pedro I, imperador do Brasil, legítimo herdeiro e suces- ções das Cortes, através do veto com “efeito absoluto” (OU a
sor do Senhor D. João VI” (OU representou uma tentativa possibilidade de dissolver a “Câmara de Deputados”).
de apaziguamento do clima de oposição ao liberalismo
causado pelos excessos do vintismo, garantindo a manu-
tenção da “independência, equilíbrio e harmonia dos mais Pág. 82
poderes políticos”); DOC. 27
– [Forma de elaboração] enquanto o Doc. 1 foi elaborado
1. Argumentos:
pelos representantes do povo nas “Cortes Extraordiná-
– D. Miguel, como filho “primogénito”, era o legítimo su-
rias e Constituintes da Nação Portuguesa” e foi apresen-
cessor de D. João VI;
tado ao rei para que o jurasse, o Doc. 2 foi um diploma
outorgado pelo rei D. Pedro IV à Nação, que devia ser ju- – aclamação de D. Miguel como rei pelas Cortes de Lisboa
rado “pelas três ordens do Estado”; reunidas de forma tradicional, isto é, na presença dos “três
estados do reino”;
– [Conceito de soberania] enquanto no Doc. 1 se afirma o
princípio da soberania popular como única fonte de poder – a comunicação às nações estrangeiras da subida ao
exercido pelas “Cortes” (OU pelos “representantes legal- trono de D. Miguel “por direito e aclamação”;
mente eleitos”), no Doc. 2 defende-se uma soberania popular – a nulidade da Carta Constitucional, em virtude de ter sido
moderada, com maior importância da instituição monárquica outorgada por “um príncipe que se declarou estrangeiro”
(OU com o poder partilhado entre o “Rei e as Cortes Gerais”); (D. Pedro).
– [Composição e funcionamento das Cortes] enquanto no 2. Objetivos:
Doc. 1 se institui um sistema parlamentar, com uma única – libertar Portugal do “jugo tirânico” imposto pelo regime
Câmara, composta pelo “conjunto dos Deputados que a absoluto de D. Miguel;
Nação para esse fim elege” (OU que não reconhece qual-
– restituir à filha o trono português;
quer situação de privilégio político à nobreza e ao clero), no
– restaurar a Carta Constitucional;
Doc. 2 institui-se o modelo parlamentar bicamaral, composto
pela “Câmara de Pares”, nomeados pelo rei, e pela “Câ- – “restabelecer a ordem”, procurando evitar uma guerra
mara de Deputados”, eleitos pela nação (OU em que a “Câ- civil.
mara de Pares” representa o reconhecimento de privilégios
políticos das ordens superiores);
Pág. 83
– [Eleição dos deputados] enquanto no Doc. 1 se estabe-
28
lece um sistema de eleição direta dos deputados das Cor- DOC.

tes por todos os eleitores que estivessem no “exercício dos 1. Os liberais preferiram o termo Concessão, porque a Con-
direitos de cidadão”, no Doc. 2 institui-se um sistema de elei- venção de Évora Monte foi extremamente generosa para
ção indireta da Câmara de Deputados, em que “a massa com os vencidos, concedendo-lhes, inclusivamente, uma
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dos cidadãos ativos elege […] os eleitores de Província, e “amnistia geral por todos os delitos políticos cometidos” e
estes os representantes da Nação.”; a possibilidade de saírem de Portugal sem quaisquer con-
– [Organização dos poderes do Estado] enquanto no Doc. 1 trapartidas. Tratamento semelhante teve D. Miguel, a quem
apenas se reconhecem três poderes políticos da monarquia até foi atribuída uma pensão anual de 60 contos de réis.

37
Módulo 5 Unidade 2 (2.3.) – a concessão de títulos de nobreza à alta burguesia

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(Doc. C);
Pág. 84 – enriquecimento da alta burguesia ligada ao comércio
com os bens nacionais vendidos em hasta pública (Doc. D).
DOC. 29

1. Aspetos:
– defesa do direito à propriedade: “Cometem delito con- Pág. 87
tra a propriedade do cidadão aqueles que invadem e DOC. 31
destroem os edifícios, muros, plantações, sementeiras ou
1. Vintismo.
máquinas e outros estabelecimentos de agricultura, in-
dústria ou manufatura”; “Qualquer indivíduo […] que julgar
os seus direitos ofendidos […] tem a faculdade de lhes Pág. 88
obstar pelos meios legais”;
32
– defesa da livre circulação de produtos e mercadorias em
DOC.

todo o país OU remoção de todos os entraves à atividade 1. Propostas:


comercial interna: “Serão […] extintas as portagens e toda – manter “a ordem, a paz, a segurança pública e indivi-
e qualquer determinação que restringia a liberdade do co- dual, o respeito às leis”;
mércio interior do país, ou seja, de terra para terra, ou de
– organizar as finanças públicas;
província para província em todo o reino de Portugal”;
– tornar a administração pública mais eficiente;
– abolição dos monopólios (OU dos privilégios OU do pro-
tecionismo) nas atividades económicas: “O privilégio exclu- – promover o desenvolvimento económico;
sivo, concedido à Companhia da Agricultura das Vinhas do – apostar no ensino público em benefício de todos os ci-
Alto Douro, de vender vinho e aguardente […] e de fabricar dadãos, independentemente da classe social a que per-
ela só a aguardente fica extinto”; “os habitantes […] do reino tenciam.
terão a faculdade […] de fabricar aguardente e de a expor- 2. A Belenzada foi uma tentativa fracassada de contra-
tar e vender para onde e a quem lhes convier”; golpe com o objetivo de travar as reformas pretendidas
– defesa da iniciativa individual e do lucro daí resultante, pelo governo setembrista, restituindo à rainha o poder
libertando os produtores e camponeses das dependên- conferido pela Carta Constitucional.
cias típicas do Antigo Regime, que condicionavam a ativi-
dade económica (OU do excesso de taxas e impostos DOC. 33

que estrangulavam a atividade económica) e impediam a 1.


obtenção de lucro: “Os dízimos que pagavam os proprie- – influências da Constituição de 1822 – soberania nacio-
tários, os lavradores e quaisquer outras pessoas […] ficam
nal (art. 33.º); três poderes: legislativo, executivo e judicial
desde já extintos, e não serão mais pagos”;
(art. 34.º);
– confirmação do mérito como único critério de acesso a
– influências da Carta Constitucional de 1826 – veto régio
cargos públicos: “Todos os cidadãos portugueses, qual-
definitivo sobre as leis (art. 34.º, § 1.º); sistema bicamaral –
quer que seja a classe social em que nascessem, serão
“as Cortes compõem-se de duas Câmaras: Câmara dos
admitidos [ao serviço da Armada].”
Senadores e Câmara dos Deputados” (art. 36.º); sufrágio
2.
censitário (art. 72.º).
– clero abrangido pela medida – clero regular;
– o destino dos seus bens – foram confiscados e integra-
dos na Fazenda Pública, isto é, no Estado. Pág. 89

DOC. 34
Pág. 86
1. Áreas:
DOC. 30 – ensino secundário – criação de liceus (“hei por bem apro-
1. Fatores: var e decretar o Plano dos Liceus Nacionais”);
– a miséria das camadas populares no final da guerra civil – ensino artístico – instituição da Academia das Belas-Artes
(Docs. A e B); (imagem).

38
Pág. 90 3. Repercussões:

DOC. 35
– condenação de liberais a penas de prisão, de degredo
e de morte (Doc. D);
1. “[…] sou servida declarar que se acha em vigor a Carta
– exílio de liberais, nomeadamente para a ilha Terceira
Constitucional de 1826, como Lei Fundamental do Es-
(Doc. E).
tado”.
4. Argumentos:
– usurpação por parte de D. Miguel do trono português;
Pág. 91 – interrupção das “relações diplomáticas e comerciais com
a Europa”;
DOC. 36
– instituição de uma monarquia absoluta (“a tirania man-
1. As mulheres da Póvoa de Lanhoso foram presas, por- chando o Trono”);
que desrespeitaram o artigo 73.º do Decreto Régio de 18
– clima de “miséria e opressão”;
de setembro de 1844, segundo o qual era “expressa-
– restituição do trono português a D. Maria da Glória.
mente proibido enterrar os mortos dentro de qualquer
igreja” (Doc. 35D). De acordo com o testemunho do padre 5. Guerra civil (1832-1834).
Casimiro Vieira, além de terem sepultado uma defunta na 6. Versos:
igreja, várias mulheres armadas revoltaram-se contra as – ódio à governação de Costa Cabral – “Para matar os
autoridades responsáveis pelo exame dos corpos antes Cabrais / Que são falsos à nação”;
de serem enterrados (Doc. 36). – o carácter insurrecional do movimento – “Com as pisto-
las na mão” OU “Com as pistolas à cinta”;
– a origem geográfica da revolta – “Glória ao Minho que
Pág. 92
primeiro / O seu grito fez soar”.
DOC. 37 7. Tópicos de resposta:
1. Revolta da “Maria da Fonte”. – 1807-1811 – invasões francesas (Doc. A);
2. O excerto do jornal O Espectro revela o comprometi- – 24 de agosto de 1820 – revolução liberal no Porto (Doc. B);
mento deste periódico com a causa dos revoltosos que – 15 de setembro de 1820 – revolução liberal em Lisboa
se opunham à administração cartista e aos apoiantes de (Doc. C);
Costa Cabral, como atestam as seguintes expressões: – 1828 – D. Miguel, rei absoluto (Docs. D e E);
“[…] há muito patriotismo encoberto debaixo dessas cor-
– 1832-1834 – guerra civil (Docs. F, G e H);
reias cabralistas, muito coração ardente que só deseja
– 1846 – revolta da “Maria da Fonte” (Doc. I).
ver chegado o momento da aproximação das forças po-
pulares para se unir a elas e ajudá-las na nobre empresa
de libertar o país.”; “Os erros da administração Cabral
trouxeram-nos a crise financeira, e com ela a revolução”.

Módulo 5 Unidade 3 (3.1.)


Págs. 93 à 95
Pág. 100
Dossiê
DOC. 1
Viagens na Minha Terra: na rota do Liberalismo
1. Liberdades reivindicadas por Benjamin Constant:
1. França.
– liberdade de usufruir da igualdade perante a lei (“A li-
2. Objetivos:
berdade é o direito de qualquer homem estar apenas
– organizar um governo provisório;
submetido à lei […]”);
ETHA11RQM @ Porto Editora

– convocar Cortes;
– liberdade de expressão e reunião (“É o direito de cada
– elaborar uma Constituição; um exprimir a sua própria opinião […]” OU “[…] o direito de
– manter a monarquia na pessoa de D. João VI; se reunir a outros indivíduos, seja para discutir opiniões
– preservar a religião católica. […])”;

39
– liberdade de acesso ao mercado de trabalho (“É o di- Pág. 103

ETHA11RQM @ Porto Editora


reito de cada um […] de escolher a sua atividade profissio-
DOC. 4
nal e de a exercer”);
– liberdade religiosa (“[…] o direito de se reunir a outros 1.
indivíduos […] para professar um culto […]”); Evidências da preservação das conquistas revolucionárias:
– liberdade de intervir na administração do Estado, atra- – recusa do absolutismo régio determinada pela outorga
vés da nomeação de funcionários, do desempenho de de um texto constitucional (“Uma Carta Constitucional era
cargos e da interpelação das autoridades públicas (“[…] o solicitada pelo estado atual do reino, nós prometemo-la,
direito que todos temos de influenciar a administração do nós publicámo-la.”);
Estado […]). – igualdade dos cidadãos perante a lei, independente-
2. Duas formas de exercício da cidadania: mente do seu estatuto social (art. 1.º);
– assistir aos debates parlamentares nas tribunas das as- – separação de poderes, cabendo ao rei o poder execu-
sembleias (“Levantava-se bem cedo para encontrar lugar tivo (art. 13.º), enquanto o poder legislativo era exercido
nas tribunas apinhadas.”; “Os espectadores metiam-se por “duas Câmaras” (art. 18.º);
na discussão, aplaudiam ou apupavam os oradores.”; – discussão e votação das leis pelos deputados reunidos
imagem 2); em assembleias, na qualidade de representantes dos ci-
– desempenhar cargos políticos (“[…] os deputados insul- dadãos (art. 18.º).
tavam-se de uma bancada para a outra.”; “Os deputados Evidências da instauração de um liberalismo moderado:
da direita […] os deputados da esquerda […]”; imagem 2); – reforço do poder do monarca que, além do exercício do
– dirigir petições aos deputados (“[…] peticionários, arma- poder executivo, tinha uma grande influência sobre o
dos de piques, irrompiam na barra”). poder legislativo (arts. 13.º, 22.º e 50.º);
– adoção do sistema bicamaral, com uma Câmara Alta
cujos membros eram nomeados pelo rei e uma Câmara
Pág. 101 Baixa constituída por deputados eleitos (arts. 18.º e 50.º).
DOC. 2
Pág. 104
1. Sufrágio censitário.
DOC. 5

1. Funções:
Pág. 102
– “controlar o governo” e exigir aos governantes a justifica-
DOC. 3 ção dos seus atos, afastando-os “se abusarem do seu cargo”;
1. A gravura representa a cedência de vários reis absolu- – permitir a livre expressão de opiniões (“[…] ser uma arena,
tos à perda de poder imposta pela adoção de textos onde a opinião das diferentes categorias da nação […]
constitucionais nos seus territórios. Quase todas as figu- possa exprimir-se livremente […]”).
ras caricaturadas demonstram uma atitude de resistência, DOC. 6
dado que a transição para monarquias constitucionais foi
1. “[…] pretendo manter essa antiga e salutar separação
uma consequência dos vários movimentos revolucioná-
entre a Igreja e o Estado, […] tanto no interesse da Igreja,
rios que grassaram na Europa da primeira metade do sé-
como no interesse do Estado.”
culo XIX.
2. O casamento e o divórcio.
2. Enquanto a Constituição de 1822 foi elaborada pelos
representantes da nação nas “Cortes” (Doc. B) e foi apre-
sentada ao rei D. João VI para que a jurasse e promul- Pág. 105
gasse, a Carta Constitucional foi um diploma outorgado DOC. 7
pelo rei D. Pedro IV à nação (Doc. C).
1.
Evidências da adoção de um ensino laico em França:
– a publicação de leis que retiraram poder à Igreja sobre
o ensino, nomeadamente as de 16 de junho de 1881 e de
28 de março de 1882 (Docs. A e B);

40
– a instrução religiosa passou a ficar a cargo dos pais e – os liberais moderados, como Benjamin Constant (Doc. B),
não mais das escolas primárias públicas (Doc. A, art. 2.º); subordinavam a elegibilidade a critérios como a riqueza,
– a proibição da interferência da Igreja nos estabelecimen- a instrução ou ainda a diferença de sexo; porém, foi a de-
tos de ensino primário públicos e privados (Doc. A, art. 3.º). fesa de sistemas representativos pelos liberais da pri-
meira metade do século XIX que motivou a ideia demo-
Evidência do anticlericalismo do governo de Jules Ferry:
crática de que todos os cidadãos podem ser candidatos,
– expulsão dos Jesuítas e de outras congregações reli-
como determina a atual Constituição portuguesa no seu
giosas (Doc. B).
artigo 150.º (Doc. B);
– a relação entre o liberalismo e a religião foi tensa (Doc. C)
Págs. 106 e 107 e, muitas vezes, resvalou para o anticlericalismo, mas a
ideia de um Estado laico acabou por ser uma antecipação
Dossiê das leis de separação da Igreja e do Estado dos inícios do
O caminho para a democracia século XX e das atuais leis de liberdade religiosa (Doc. D);

1. – a abolição da “censura” e a instituição da “liberdade de


expressão” (Doc. E) pelos regimes liberais, a par do alarga-
Evidência da evolução do tipo de sufrágio:
mento do ensino, realidades que a evolução democrática
– sufrágio universal, concedendo-se o direito ao voto a
consolidou, suscitaram uma opinião pública mais infor-
todos os cidadãos, independentemente do seu estatuto
mada e um maior número de leitores de “jornais e de ou-
social (“Víamos os cidadãos, ricos e pobres, soldados ou
tras publicações” (Doc. E).
operários, proprietários ou proletários”).
Limitação desse mesmo sufrágio:
Pág. 108
– o decreto de 5 de março de 1848 consagrou o sufrágio
universal masculino, continuando as mulheres privadas DOC. 8

do direito ao voto. 1. Agricultura.


2. Para os liberais moderados da primeira metade do sé- 2. “Que cada um seja livre de cultivar no seu campo as
culo XIX, ainda que defensores dos direitos dos cidadãos, produções que o seu interesse, as suas faculdades e a
o poder político devia ser exercido pela classe mais rica e natureza do terreno lhe sugiram para obter a maior pro-
instruída, ou seja, a burguesia (“[…] é indispensável que dução possível […].”
estas assembleias sejam compostas de proprietários”, doc. B1).
DOC. 9
Já nos regimes democráticos, defensores de que os princí-
pios de nada servem sem condições de aplicação, se todos 1. Princípios do liberalismo económico:
os cidadãos podem exercer o seu direito de voto, todos – poupança OU acumulação de capital (“o capital foi silen-
podem também ser candidatos. A elegibilidade deixa, ciosa e gradualmente acumulado”);
assim, de estar subordinada à riqueza, a um determinado – investimento dos capitais (“bom emprego dos capitais
nível de instrução ou ainda à diferença de sexo, como de- por parte dos particulares”);
termina a Constituição portuguesa nos artigos apresenta- – liberdade de iniciativa (“liberdade de exercer-se da
dos no Doc. B2. forma mais proveitosa” OU “direito a lutar pelos seus inte-
3. Escola e Estado laicos. resses como melhor entender”);
4. O exercício da liberdade de expressão e opinião. – oposição às doutrinas económicas protecionistas (“Es-
5. Tópicos de resposta: tando assim afastados todos os sistemas, tanto de incen-
– os regimes liberais abriram caminho ao estabeleci- tivos como de restrições”);
mento do sufrágio universal, embora tenha prevalecido – livre concorrência (“entrar em concorrência, com a sua
um sufrágio restrito (censitário) durante um período mais indústria e capital, com os de qualquer outro homem”).
ou menos longo, conforme os países; no caso da França,
por exemplo, um dos primeiros atos do governo provisó- Pág. 109
ETHA11RQM @ Porto Editora

rio, em março de 1848, é a adoção do sufrágio universal


10
(Doc. A); na verdade, o sufrágio era ainda semiuniversal,
DOC.

pois as mulheres continuavam arredadas do direito ao 1. Adam Smith defende a construção de boas vias de co-
voto; municação (“boas estradas, canais e rios navegáveis”)

41
para que se possa colocar “as partes remotas do país em o Estado deveria abdicar de toda e qualquer intervenção

ETHA11RQM @ Porto Editora


situação mais nivelada com as que se situam nas proximi- na regulação da economia (“Mas reconhece-se agora […]
dades da cidade”. que se favorece de forma mais eficaz tanto os preços bai-
xos como a qualidade dos bens dando perfeita liberdade
a produtores e vendedores, com a única salvaguarda de
Págs. 110 e 111
os compradores terem igual liberdade para poderem
abastecer-se onde quiserem”).
Analisar… um texto longo
O liberalismo moderado

1. c) representativo. Pág. 112

2. b) protecionismo. DOC. 11
3. Liberalismo económico. 1. François Dominique Toussaint nasceu na ilha de S. Do-
4. Excertos: mingos, atual Haiti, provavelmente em 1743. Filho de pais
– princípio da soberania nacional – “[…] que os vários ma- escravos, adquiriu alguns conhecimentos da língua fran-
gistrados do Estado fossem os seus inquilinos ou delega- cesa através do contacto com os Jesuítas. O desempe-
dos, destituíveis a seu bel-prazer.”; “[…] que os governantes nho de funções de algum relevo, como cocheiro e mor-
se identificassem com o povo; que o seu interesse e a sua domo, valeram-lhe a atribuição da liberdade, em 1776.
vontade fossem o interesse e a vontade da nação.”; “Sendo Casou e teve dois filhos. Em 1791, após a Revolução Fran-
os governantes efetivamente responsáveis perante a cesa, os escravos de S. Domingos iniciaram uma revolu-
nação e prontamente removíveis por ela, a nação podia ter ção que duraria doze anos. Toussaint reuniu, então, um
condições para lhes confiar um poder cuja aplicação ela exército próprio, treinando os seus seguidores nas táticas
própria pudesse ditar.”; “[…] o “governo de si” de que se fala de guerrilha. Em 1793, acrescentou “Louverture” (aber-
não é o governo de cada um por si mesmo, mas sim o go- tura, em francês) ao seu nome original. O decreto da Con-
verno de cada um por todos os outros.” venção que, em 1794, aboliu a escravatura nas colónias
– conceção de um Estado laico – “Não é quase uma ver- fez com que Toussaint Louverture moderasse a sua veia
dade indiscutível que o Estado devia impor uma escolari- revolucionária e passasse a colaborar com o governo
dade mínima obrigatória a todos os seus cidadãos?”; “[…] francês. No entanto, logo a partir de 1795, encetou uma
se o progenitor não cumpre esta obrigação, o Estado tem luta pela autonomia de S. Domingos. Em 1802, Napoleão
o dever de se certificar de que é cumprida […].” enviou uma expedição de reconquista comandada pelo
5. Argumentos: seu cunhado, o general Leclerc, que levou à capitulação
de Louverture e à sua prisão em França, na fortaleza de
– concretização da soberania nacional, em que a nação,
Joux, onde viria a morrer, em 7 de abril de 1803. A lide-
como entidade coletiva, era soberana, ainda que, na prá-
rança do movimento passou para Jean-Jacques Dessali-
tica, esta soberania fosse exercida por uma minoria de
nes, a quem se deve a proclamação da independência do
cidadãos, os representantes da nação (“Sendo os gover-
Haiti, a 1 de janeiro de 1804.
nantes efetivamente responsáveis perante a nação e
prontamente removíveis por ela, a nação podia ter condi- DOC. 12
ções para lhes confiar um poder cuja aplicação ela pró-
1. Na gravura (Doc. A), a ideia de liberdade dos escravos é
pria pudesse ditar”);
representada pelo barrete frígio e no quadro (Doc. B) essa
– instituição de um sistema representativo em que o go- mesma ideia é transmitida quer pelo decreto de abolição
verno era exercido por um corpo especializado de cida- da escravatura de 27 de abril de 1848, empunhado pelo
dãos eleitos (“O povo que exerce o poder não é sempre o deputado Victor Schoelcher, quer pelas grilhetas quebra-
mesmo povo sobre quem o poder é exercido”); das nas mãos da figura central da pintura.
– responsabilidade do Estado na instrução dos cidadãos,
afastando-se, assim, da tutela da Igreja (“Não é quase uma
verdade indiscutível que o Estado devia impor uma escola- Pág. 113
ridade mínima obrigatória a todos os seus cidadãos?”);
DOC. 13
– defesa do liberalismo económico, doutrina que assen-
tava na livre procura do lucro (livre concorrência) e no 1. Argumentos:
afastamento dos obstáculos à iniciativa privada, pelo que – a ideia de que o comércio tem “limites morais”;

42
– a defesa dos “direitos morais” aplicáveis a todos os Módulo 5 Unidade 3 (3.2.)
seres humanos;
– a abolição do tráfico de escravos por grandes potên-
Pág. 118
cias como a Inglaterra e os Estados Unidos serviria de
exemplo para a “alteração de costumes” de outros países DOC. 16
esclavagistas. 1. Características:
– solidão (“vagueava eu às horas mortas”; o monge re-
presentado na pintura);
Pág. 114
– cenários naturais austeros (“o gemer das selvas”; “al-
DOC. 14 cantis das arribas do mar”; “rugido do mar”; “fragas”);
1. Argumentos: – sentimentos extremos (“E eu pude, enfim, chorar”);
– razões de ordem económica, defendendo a aposta no – atração pelo passado (“E o meu espírito atirava-se para
desenvolvimento das colónias africanas (“Promova-se o as trevas do passado”; a ruína representada na pintura).
estabelecimento dos europeus, o desenvolvimento da
DOC. 17
sua indústria, o emprego dos seus capitais […]”;
1. O poema de Almeida Garrett foi escrito no contexto da
razões de ordem “moral”.
Revolução Liberal portuguesa, que eclodiu no Porto a
DOC. 15 24 de agosto de 1820. Não é, por isso, de admirar que o
1. A palavra “secessão” significa afastamento. Aplicado à tema central seja a liberdade, perpassando por todo
guerra civil americana, este termo refere-se à separação o poema a ideia do fim de um ciclo (o Absolutismo) e a
dos 11 estados esclavagistas do sul dos EUA, os Estados transição para um tempo novo (o Liberalismo).
Confederados, dos estados abolicionistas do norte, os
Estados da União. Pág. 119

DOC. 18
Págs. 116 e 117
1. Época medieval OU Idade Média.

Analisar… um filme histórico


Pág. 120
Lincoln

1. Estados Confederados. DOC. 19

2. b) Constituição americana. 1. “Quando a primeira gôndola atracou ao navio […]”.


3. c) Câmara dos Representantes. 2. Aceitar os seguintes sentimentos ou outros pertinen-
4. Democratas e Republicanos. tes considerados pelo aluno: alegria, bem-estar, despreo-
5. Congresso. cupação, animação, prazer, satisfação, diversão, felici-
dade, euforia, entusiasmo, liberdade…
6. Rendição dos Estados Confederados OU Fim da guerra
civil americana. 3. Frédéric Chopin nasceu em 1810, perto de Varsóvia (atual
Polónia). Filho de um professor francês estabelecido em
7. b); a); d); c).
Varsóvia, este menino-prodígio, marcado desde cedo por
8. Tópicos de resposta:
excecionais dotes de pianista, deixou a Polónia, na sequên-
– Guerra da Secessão (1861-1865) – vitória dos Estados cia do fracasso da revolução polaca de 1830 contra o do-
da União sobre os Estados Confederados, numa guerra mínio russo. A partir de 1831, fixou-se em Paris, estabele-
civil que ensanguentou o país, levando-lhe milhares de cendo relações de amizade com Delacroix, Musset e Liszt.
vidas e destruindo recursos e comunicações; Em 1837 apaixonou-se pela escritora francesa George
– 13.ª emenda à Constituição – abolição da escravatura Sand e com ela passou o inverno de 1838, em Maiorca,
nos Estados Unidos. onde terminou a maior parte dos seus Prelúdios. As obras
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de Chopin podem repartir-se em quatro grupos: música


de inspiração clássica (rondós, variações, concertos e
sonatas); música de inspiração folclórica (polonesas e ma-
zurcas); música de inspiração livre (Estudos, Scherzos,

43
Baladas, Noturnos, Prelúdios); peças diversas (Fantasia em − obra literária pautada pela expressão da sua alma ro-

ETHA11RQM @ Porto Editora


Fá Menor, Berceuse, Barcarola, Valsas). A partir de 1839, e mântica, manifestando um mundo complexo de emoções,
até à sua rutura com Sand, em 1847, viveu em Nohant e o isolamento da alma em comunhão com a natureza e a
Paris. Atacado pela tuberculose, morreu dois anos mais valorização do passado (Docs. B e C);
tarde. O seu corpo jaz no cemitério parisiense Père-La-
− defesa da liberdade dos povos: pela palavra, denun-
chaise, enquanto o seu coração repousa na Igreja de Santa
ciando, nos seus poemas, o massacre dos gregos pelos
Cruz de Varsóvia.
turcos; pela força, combatendo na Guerra da Indepen-
dência grega (Docs. D e E).
Pág. 122

DOC. 20

1. Visto que a pergunta apela diretamente à sensibili-


dade estética do aluno, serão de aceitar respostas diver-
sas, desde que devidamente fundamentadas. Módulo 6 Unidade 1 (1.1.)

Págs. 123 e 124 Págs. 12 e 13

Dossiê DOC. 1

Viver e morrer como um romântico 1.


1. Características: − “O desenvolvimento da ciência demonstrou que as leis
− “mal do século” – um ser insatisfeito e incompreendido, da Natureza eram aplicáveis às indústrias substituindo as
de mal com o mundo (“[…] os meus prazeres, desgostos, velhas fórmulas tradicionais e empíricas por teorias ba-
paixões e inteligência tornavam-me estranho diante do seadas na observação e na experiência”;
mundo”);
− “[…] o trabalho nos laboratórios devia ser encorajado e
− refúgio na Natureza (“Os meus prazeres eram errar na subsidiado, visto que se traduz em melhorias tanto na
solidão, respirar o ar das montanhas cobertas de gelo”; ordem económica como na saúde pública”.
“Eu gostava de mergulhar na torrente ou nas vagas do
2. O autor enfatiza os aspetos tecnológicos da Revolução
mar agitado”)
Industrial, chamando a atenção para as muitas máquinas
2. “[…] onde os monges frugais mostram aos estrangeiros
que substituíram o trabalho humano: “É a época da ma-
as relíquias que possuem e narram lendas antigas.”
quinaria em todo o sentido da palavra”. Daí a designação
3. Aspetos:
de “Idade Mecânica”.
− pintura de paisagem;
3. Ao contrário da expectativa veiculada pelo texto, os
− o retrato e o autorretrato; “engenhos mortíferos” não impediram que o século XX
− paleta cromática variada, com contrastes de cor e de ficasse tristemente marcado por múltiplas guerras, duas
claro-escuro. das quais atingiram dimensão mundial.
4. A figura feminina é uma personificação do povo grego,
enquanto o homem esmagado simboliza os turcos.
5. Contributos: Pág. 14
− escreveu sobre a luta do povo grego, como demons- DOC. 2
tram os versos do poema O Cerco de Corinto;
1. A indústria química:
− combateu na Guerra da Independência grega, acabando
por adoecer e morrer (“Doente, ainda se imaginou lutando, − investe somas avultadas na pesquisa laboratorial (Doc. A);
em delírio. Não se sabe, ao certo, onde foi enterrado.”). − dispõe de laboratórios muito bem equipados e técnicos
6. Tópicos de resposta: com formação superior (Doc. B);
− infância marcada por episódios com uma forte carga − regista um sem-número de patentes de novos produtos:
emocional, como a morte do pai e o temperamento vio- corantes artificiais, medicamentos, produtos alimentares,
lento da mãe (Doc. A); entre outros (Docs. A e B).

44
Pág. 15 4. A “guerra” travou-se pela conquista do mercado de
eletricidade e desenvolveu-se, sobretudo, junto da opi-
DOC. 3
nião pública. Cada uma das partes envolvidas tentava
1. O conversor Bessemer: convencer o comum dos cidadãos das vantagens do seu
− é muito mais rápido (realiza, em 30 min um processo que sistema elétrico e, no caso de Edison, dos perigos que a
demorava “dez dias e dez noites”; corrente alternada representava.
− permite transformar uma maior quantidade de ferro, de 5. O Doc. 4B, datado de 1889, reflete o temor que tanto
uma só vez. Edison como a campanha de Harold Brown (1888) incutiu
2. Em 1850, com cerca de 5 milhões de toneladas, o nos jornalistas e na opinião pública.
Reino Unido ocupava o primeiro lugar na produção de 6. Tópicos de correção
aço; em 1913, posiciona-se em terceiro lugar: produz Em disputa estiveram:
cerca de 16 milhões de toneladas, contra os 25 milhões − Thomas Edison, talvez o maior inventor do século XIX.
da Alemanha e os 50 milhões dos Estados Unidos. Nasceu em 1847 e, para além de inventor, foi também um
notável empresário. Registou a sua primeira patente aos
Pág. 16 22 anos e, só nos Estados Unidos, conta 1093 patentes.
Foi o inventor da lâmpada elétrica incandescente, entre
DOC. 4
muitos outros aparelhos.
1. A eletricidade trouxe consigo uma série de novos Nota: os dados biográficos de Edison poderão incluir informação da biografia inse-
rida na pág. 13.
procedimentos e de novos maquinismos: substituiu o
gás, tanto na iluminação pública como privada (Docs. B − Nikola Tesla, de origem sérvia, emigrou para os Estados
e C); tornou-se a fonte de energia tanto de máquinas Unidos em 1884. Depois de trabalhar numa das empresas
industriais como de veículos de transporte (Doc. A); pos- de Edison, regista o seu motor de corrente alternada, cuja
sibilitou a invenção de aparelhos diversos, como o tele- patente vem a ser comprada pelo empresário George Wes-
fone (Doc. A). tinghouse. Inventor visionário, Tesla terminou a vida votado
ao esquecimento.
2. A ilustração (Doc. B) diaboliza a eletricidade, tanto no tí-
tulo (“um diabo à solta”), como no quadro de pânico e − O duelo conhecido como “guerra das correntes” travou-
morte que ressalta do desenho. Inversamente, o Doc. C -se não só entre dois inventores (Edison e Tesla), mas so-
apelida a eletricidade de “fada”, realçando as suas poten- bretudo entre dois sistemas elétricos (corrente contínua e
cialidades e o encantamento que ela exerce sobre os ho- corrente alternada) e duas empresas concorrentes (a Edi-
mens de 1900. son Electric Light Company e a Westinghouse Electric).
Atingiu o pico em 1888-89 e envolveu a manipulação da
opinião pública, que foi confrontada com eletrocussões
Pág. 17
de animais ( a fim de provar a perigosidade da corrente
DOC. 5 alternada) e com encenações espetaculares, por parte de
1. Serão consideradas corretas as comentários pertinen- Tesla, para provar o contrário.
tes e bem fundamentados, independentemente da opi- Poucos anos passados, a corrente alternada de Tesla pro-
nião veiculada pelo aluno. vou a sua valia, ao iluminar a Exposição Universal de Chi-
cago (1893).
− A “guerra das correntes” enquadra-se na onda de pro-
Págs. 18 e 19
gressos muito rápidos, que marcou a segunda metade do
Dossiê século XIX. Entre esses progressos conta-se o advento
Iluminar o mundo: Edison e Tesla
da eletricidade como fonte de energia. Muito versátil, ra-
pidamente substituiu o gás na iluminação pública, impul-
1. Personalidades: Thomas Edison; Nikola Tesla; George
sionou o movimento das máquinas e permitiu o apareci-
Westinghouse; Harold P. Brown.
mento de novos aparelhos, como o telégrafo elétrico, o
2. A corrente alternada trabalha com altas voltagens, po- telefone, o fonógrafo, entre outros.
ETHA11RQM @ Porto Editora

tencialmente perigosas.
3. O sistema de Tesla conseguia transportar energia a
grandes distâncias, alcançando locais onde o sistema de
Edison não chegava.

45
Pág. 20 Pág. 24

ETHA11RQM @ Porto Editora


DOC. 6 DOC. 10

1. Tanto o comboio como a navegação a vapor dinamizam 1. O objetivo é aumentar a produtividade.


o comércio e, consequentemente, a produção agrícola e 2. Seguindo as indicações de Taylor, Ford pretende supri-
industrial, já que: mir todos os movimentos inúteis. Para evitar perdas de
− aumentam a capacidade de transporte de mercadorias, o tempo e otimizar a cadeia de produção, o operário não se
que se reflete no volume do comércio; desloca (“levar o operário ao trabalho”) pois todas os ma-
− diminuem o tempo gasto no transporte, fazendo chegar teriais lhe chegam através dos tapetes rolantes da linha
mais rapidamente as matérias-primas e os produtos ma- de montagem (“levar o trabalho ao operário”).
nufaturados aos mercados consumidores; 3. Contribuíram para o sucesso do Modelo T:
− reduzem o custo do transporte, tornando mais acessí- − o preço baixo (“será tão barato […]”);
veis as mercadorias e, por essa via, alargando o mercado − a boa qualidade (“Será construído com os melhores ma-
consumidor. teriais […]”).

Pág. 21 Pág. 25
DOC. 7 DOC. 11

1. O cartaz da competição automobilística acentua a nova 1.


sensação de velocidade, pelo turbilhão que envolve o – O ritmo de trabalho, excessivamente rápido e desgastante;
carro e pela posição dos pilotos, que a curva lança para a
− a pressão dos supervisores;
direita da imagem. A capa da Ilustração Portuguesa evi-
dencia a admiração pelo novo meio de transporte, que − a desumanização do trabalho, que faz do operário mais
paira nos ares: as três figuras femininas fitam o céu, olhos uma peça da grande máquina de produção.
postos no aeroplano. A seu lado, outra evidência do pro-
gresso, o automóvel.

Pág. 22 Módulo 6 Unidade 1 (1.2.)


DOC. 8

1. A Standard Oil: Pág. 26 e 27


− é representada como um polvo, capaz de se apropriar DOC. 12
de tudo à sua volta;
1.
− opera em vários ramos, como o petróleo, o setor meta-
– A capital britânica espanta pela sua dimensão. É des-
lúrgico, os caminhos de ferro e a navegação;
crita como uma cidade imensa, “onde é possível cami-
− absorve as empresas mais pequenas; nhar horas a fio sem descobrir o começo do fim”;
− estende os seus negócios a vários continentes (legenda); − Londres é a capital comercial do mundo”, com “docas
− tem influência nas decisões políticas. gigantescas em que se cruzam “milhares de navios”.
A visão do Tamisa e dos barcos que o cobrem deixa “ató-
DOC. 9
nito e estupefacto” o autor do Doc. A;
1. Os bancos:
− a primeira exposição universal foi organizada em Lon-
− asseguram o crédito e as operações financeiras neces- dres, o que mostra a pujança económica do país e da ci-
sárias ao mundo dos negócios; dade (Doc. A);
− empregam os seus capitais na indústria e nos serviços, − a Inglaterra dispõe de abundância de capitais como ne-
detendo empresas ferroviárias, elétricas, de seguros ou nhum outro país (“Todos admitem que a Inglaterra é o
de telecomunicações, entre outras; país do mundo com mais dinheiro”). A Lombard Street
− atuam como reguladores económicos, “forçando firmas (Londres), onde se concentram as maiores casas bancá-
concorrentes […] a chegarem a um acordo” ou forçando a rias, recorrem as nações que precisam de empréstimos
falência de empresas em dificuldades. avultados (Doc. B);

46
− em 1914, o Reino Unido era, de longe, o país com mais − na capacidade de uma empresa alemã, neste caso a
investimentos no estrangeiro. Totalizavam 20 900 milhões Siemens, vencer as suas congéneres inglesas, mesmo
de dólares, mais do dobro dos investimentos da França, quando se trata de fornecimento de energia a uma coló-
que detinha o segundo lugar (Doc. B – quadro). nia britânica.
2. A Alemanha e os Estados Unidos. O texto atesta a con-
corrência alemã, enquanto a imagem representa “o cão”
dos Estados Unidos com a mesma dimensão do da Ingla- Págs. 30 e 31
terra.
DOC. 16
3. A estratégia alemã consistia em ir ao encontro dos gos-
1. Os documentos evidenciam uma alteração muito signifi-
tos e necessidades dos clientes, isto é, adaptavam-se ao
cativa da posição da indústria americana: enquanto o Doc. A
mercado, quer no que toca às produções, quer no que se
mostra os Estados Unidos numa posição subalterna relati-
refere à divulgação dos seus produtos.
vamente à Inglaterra, que organiza a exposição, o Doc. B dá
conta de que a indústria siderúrgica americana consegue
Pág. 28 vencer a concorrência inglesa, mesmo no fornecimento do
DOC. 13 próprio Império Britânico (Índia, Austrália, Canadá).
2. O nordeste dos Estados Unidos.
1. Inglaterra, França, Alemanha, Países Baixos.
3. A informação dos documentos reforça-se mutuamente,
DOC. 14 já que o gráfico mostra o crescimento intenso da indústria
1. As exposições universais: siderúrgica americana, cuja produção, entre 1870 e 1906
− mostram os progressos da indústria e da técnica, contri- (data do Doc. B), se multiplica por 200 (aprox.).
buindo para a sua divulgação: “Os contemporâneos, 4. Thomas Edison.
franceses e estrangeiros, fascinados, viram na torre de 5. O autor deixa patente, ao longo de todo o texto, a sua
300 metros […] a manifestação de um progresso irresistí- enorme admiração pela cidade: o frémito das ruas, a altura
vel”. A visita à Exposição é publicitada pelos comboios dos edifícios, os meios de transporte, tudo provoca o seu
franceses; entusiasmo. Chega ao ponto de afirmar que Paris, se com-
− estimulam novos progressos, ao valorizar as capacida- parada com Nova Iorque, se assemelha a uma cidade de
des técnicas, que são equiparados por Eiffel aos triunfos província.
dos conquistadores;
− alimentam, pelas obras que expõem, o orgulho nacional
dos países industrializados, como comprova a construção Pág. 32
da Torre Eiffel, “o mastro simbólico onde se hasteia a ban- DOC. 17
deira francesa”.
1.
Evidenciam a ocidentalização do Japão:
Pág. 29
− o aspeto físico e o traje do imperador: no retrato de
DOC. 15 1873, mostra-se com a cara rapada, o cabelo comprido,
1. A pujança da indústria alemã evidencia-se: penteado e traje tradicionais; quatro anos mais tarde,
apresenta-se de acordo com os padrões de moda oci-
− na liderança em novas tecnologias, como a da eletrici-
dentais: cabelo curto, barba, traje militar;
dade, que suscita ao autor do texto, um engenheiro fran-
cês, o comentário: “quanto mais uma indústria exige o − os trajes ocidentais que se vislumbram na imagem do
contributo da ciência, mais os Alemães se destacam”; Doc. B;

− na implementação de um ensino técnico: “[…] cobriram − a Constituição: “O seu governo tornou-se constitucional”;
o país de escolas eletrotécnicas”; − a aposta no ensino, que foi uma característica do sé-
− na capacidade de inovar e realizar grandes projetos, culo XIX europeu: “a educação nacional atingiu um alto
ETHA11RQM @ Porto Editora

como é o caso da nova locomotiva Siemens, capaz de grau de excelência”;


atingir 210 km por hora, dos empreendimentos da Sie- − a atribuição, pelo autor do texto, um político japonês, do
mens no âmbito do transporte de energia, que “chama a progresso do japão ao “contacto com a civilização da Eu-
atenção do mundo económico e industrial”; ropa e da América”.

47
Evidenciam a industrialização: − a Inglaterra foi o primeiro país a industrializar-se e, du-

ETHA11RQM @ Porto Editora


− a referência aos progressos da indústria e do comércio rante décadas, as suas fábricas foram as mais bem equi-
(texto); padas do mundo. Porém, no fim do século XIX, revelou
− o comboio (imagem); dificuldades em acompanhar o intenso avanço tecnoló-
gico que dotou de maquinaria mais eficiente as novas na-
− o aumento do peso da produção industrial no PNB.
ções industriais, pelo que a concorrência dos novos paí-
ses industrializados se reforçou.
Pág. 33

DOC. 18

1. O mundo industrializado, grosso-modo, limita-se à Eu-


ropa, à América do Norte e ao Japão. A América Latina, a
Módulo 6 Unidade 1 (1.3.)
África, grande parte do extenso continente asiático e da
Oceânia integram o mundo não industrializado.
Pág. 36

Pág. 34 DOC. 20

DOC. 19 1. Segundo David Ricardo, o livre-cambismo contribuiria:

1. Para além das casas e dos trajes tradicionais, a fotogra- − para otimizar os recursos de cada uma das regiões do
fia mostra instrumentos de lavoura arcaicos, em que a mundo, já que cada uma se dedicaria ao que pode produ-
madeira predomina, a tração animal e até as típicas vas- zir com mais facilidade;
souras de giesta. − para unir as nações pelos laços do comércio e do inte-
resse mútuo.

Pág. 35 2. O autor do texto considera que o livre-cambismo é


parte integrante da “Inglaterra liberal”, equiparando-o até
Analisar… um gráfico a uma crença religiosa, ideia que se encontra reforçada
Parte na produção industrial mundial no discurso do presidente da câmara do Comércio de
Manchester, quando afirma “A nossa Câmara ser-lhe-á [ao
1. Os dados do gráfico incidem sobre a industrialização
regime livre-cambista] eternamente fiel”.
mundial, apresentando a percentagem que os países
Também a gravura confirma a perseverança dos Ingleses
mais industrializados detêm na produção industrial mun-
nas políticas livre-cambistas, apresentando-as como um
dial, entre 1870 e 1914.
caminho a manter.
2. Estados Unidos; Alemanha; Reino Unido; França.
3. A industrialização do Japão iniciou-se cerca de 1870,
sob o impulso do imperador Mutsuhito, pelo que, nessa Pág. 37
mesma data, o Japão não era, ainda, uma nação indus-
DOC. 21
trial.
1. Argumentos:
4. São verdadeiras as afirmações das alíneas: a); d); g).
− O protecionismo diminui a concorrência entre países,
5. No fim do século XIX, contribuíram para a perda da su-
favorecendo a venda dos produtos nacionais e, conse-
premacia industrial britânica:
quentemente, as empresas e os agricultores.
− o dinamismo industrial de outros países, como os Esta-
− O livre-cambismo, ao estabelecer um mercado vasto,
dos Unidos e a Alemanha, que se constituíram como sé-
proporciona grande abundância de produtos, a preços
rios concorrentes às produções industriais inglesas. Os
mais baixos.
Estados Unidos, por exemplo, que, em 1870, produziam
cerca de 23% dos bens industriais do mundo (contra os
cerca de 32% do Reino Unido), detêm, nas vésperas da Pág. 38
Primeira Guerra Mundial, um destacado primeiro lugar:
DOC. 22
cerca de 36% da produção mundial, o que representa
mais do dobro da quota da industrial britânica, na mesma 1. A letra “A”, corresponde ao período de prosperidade, em
data (14%, aprox.); que “o capital abunda” a juros baixos, as empresas são

48
bem-sucedidas e geram lucros, o volume de transações − na inculcação de valores culturais presentes no livro
cresce, os preços sobem. A letra “B” reporta-se ao período “Educação – Religião”, que o Tio Sam transporta.
em que este cenário se inverte: o crédito escasseia, o co-
mércio retrai-se, os produtos não se vendem, pelo que os
Pág. 42
preços descem. Sucedem-se as falências e aumenta o de-
semprego. DOC. 25
2. Gerou-se o pânico quando se tornou conhecida a fa- 1. A Europa é o continente mais industrializado; não está
lência de uma grande casa bancária londrina. Esta falên-
presente qualquer país de África.
cia punha em risco os pagamentos devidos pelo banco,
bem como o dinheiro dos que nele tinham confiado as
suas poupanças. Pág. 43 e 44
3. A caricatura refere-se à inconstância das ações bolsitas.
Nos períodos de prosperidade, estas sobem e geram lu-
Analisar… dois documentos escritos
cros ao investidor (La Hausse – A Alta); inversamente, em A política colonial, segundo Jules Ferry
tempos de crise económica e financeira, os negócios re- A política colonial, segundo G. Clemenceau
traem-se e as falências sucedem-se, pelo que a cotação 1. O assunto central comum aos dois textos é a política
dos títulos bolsistas cai a pique, gerando grandes prejuízos colonial francesa.
(La Baisse – A Baixa).
2. b) capitalismo industrial.
3. Argumentos:
Pág. 40
− o crescimento económico deve fazer-se pela via da
DOC. 23 competitividade e não dos mercados coloniais: “se que-
1. Os Europeus dominavam extensos territórios que su- rem mercados de exportação, procurem-nos pela via dos
bordinaram aos seus interesses económicos: exploravam preços de fabrico baixos e dos transportes baratos”;
o trabalho das populações locais que, por vezes, se viram − a colonização implica despesas militares muito avulta-
mesmo privadas dos seus direitos sobre a terra (Doc. B); das, que sobrecarregam os contribuintes franceses e reti-
adquiriam produtos alimentares e matérias-primas a pre- ram riqueza ao país: “Porque, quando se gasta uma cen-
ços baixos (Doc. C) e asseguravam um mercado para os tena de milhões em expedições guerreiras, o que se faz?
seus produtos industriais (“O domínio colonial assegura Não se faz mais do que sobrecarregar o orçamento,
encomendas crescentes de produtos industriais”). onerar o trabalho [com impostos] e diminuir o poder de
2. Afirmações: compra”; “Pegamos no dinheiro francês, no dinheiro dos
− “Transportava nos seus navios os produtos dos países contribuintes, que seria produtivo em França e vamos
mais longínquos”; gastá-lo além-mar, de onde nunca mais voltará”.

− “Atraía aos seus portos o comércio dos produtos exóticos”. 4. c) Rebate a tese de Jules Ferry, considerando que os
Europeus semearam a violência e oprimiram os povos
conquistados.
Pág. 41
5. Jules Ferry refere-se, muito provavelmente, às nações
DOC. 24
ibéricas, Portugal e Espanha.
1. A crise económica de 1890 ( “A depressão económica 6. Tópicos de resposta:
de 1890 trouxe a atenção dos comerciantes americanos
− [valor económico das colónias] enquanto Jules Ferry
para a China, como nunca antes tinha acontecido”).
(Doc. A) considera que as colónias constituem mercados de
2. A dominação americana fazia-se sentir: exportação essenciais ao desenvolvimento económico das
− na posse de territórios, como as Filipinas, cujo domínio nações industrializadas (“a política de expansão colonial
colonial recebeu da Espanha (note-se a bandeira ameri- justifica-se pela necessidade, cada vez mais imperiosa-
cana implantada na ilha); mente sentida pelas populações industriais […] de merca-
ETHA11RQM @ Porto Editora

− na conquista de mercados vastos, como a China, país dos de exportação”; “não é isto uma necessidade esma-
não industrializado onde seria possível realizar grandes gadora, podemos dizer, o grito da nossa população
negócios (construção de pontes, caminhos de ferro…) e industrial?”), Georges Clemenceau (Doc. B) vê nas colónias
vender os seus excedentes industriais; um sorvedouro de dinheiro e recursos da nação, que em

ETHA11RQM-4 49
nada beneficia o crescimento económico ( “Porque, quando Módulo 6 Unidade 2 (2.1.)

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se gasta uma centena de milhões em expedições guerrei-
ras, o que se faz? Não se faz mais do que sobrecarregar o
orçamento, onerar o trabalho [com impostos] e diminuir o Pág. 48
poder de compra”; “Pegamos no dinheiro francês, no di- DOC. 1
nheiro dos contribuintes, que seria produtivo em França e
1. Entre 1800 e 1900, verificou-se um contínuo e intenso
vamos gastá-lo além-mar, de onde nunca mais voltará”);
crescimento populacional em todos os continentes. O
− [existência de raças inferiores e raças superiores] en-
continente europeu é o mais povoado; a população mais
quanto no Doc. A se afirma a existência de raças superiores
que duplicou, entre 1800 e 1900.
e inferiores (“É preciso dizer abertamente que, na verdade,
2. A partir de 1870, inicia-se a tendência decrescente e
as raças superiores têm direitos face às raças inferiores […]
irreversível da curva da mortalidade. É este fator que ex-
porque também existe um dever. Elas têm o dever de civi-
plica a explosão populacional na Europa.
lizar as raças inferiores”), o autor do Doc. B rejeita essa ideia,
dando como exemplo as civilizações hindu e chinesa DOC. 2
(“Raça inferior, os Hindus, como uma civilização requin-
1.
tada? Raça inferior, os Chineses, com aquela civilização que
− Progressos na medicina (vacina contra a varíola);
se perde na noite dos tempos?”; “Esta tese não é senão a
proclamação da vitória da força sobre o Direito”; − Política de saúde pública, implementada pelos gover-
nantes: vacinação gratuita; divulgação de informação;
− [ação civilizadora dos europeus] enquanto Jules Ferry
sensibilização da população sobre cuidados médicos e
defende que os europeus tiveram uma ação civilizadora e
higiene (editais; exposições de higiene); assistência pú-
benéfica nos territórios coloniais que dominaram (“al-
blica;
guém poderá negar, que há mais justiça, mais ordem ma-
terial e moral, mais equidade, mais virtudes sociais na − melhoria das condições de salubridade urbana: sanea-
África do Norte desde que a França a conquistou?”; “É mento; água potável (“aplicações de engenharia sanitária
possível negar que na Índia, apesar dos episódios doloro- e água mineral”);
sos que fazem parte da história desta conquista, há hoje − avanços na higiene privada: “atribuídos 7600 m2 à hi-
infinitamente mais justiça, mais luz, mais ordem, mais vir- giene doméstica”.
tudes públicas e privadas do que antes da conquista in-
glesa?”), Georges Clemenceau afirma que da dominação
Pág. 50
europeia resulta “a violência, os crimes, a opressão, os
rios de sangue, o fraco oprimido, tiranizado pelo vence- DOC. 3
dor” e que a conquista de territórios coloniais “não passa
1. A procura de trabalho na indústria e de melhores salá-
do abuso puro e simples”;
rios.
– [valor político da expansão colonial] Jules Ferry consi-
2. Reino Unido; Canadá e EUA.
dera a posse de colónias essencial para a afirmação polí-
3.
tica da França no contexto internacional (“já que a política
de expansão colonial é, atualmente, o móbil de todas as – [Higiene e saúde] As novas infraestruturas (saneamento,
potências europeias, é preciso que o sigamos ou aconte- água potável, balneários) e as ruas mais largas e arejadas
cer-nos-á […] o que aconteceu a outras nações que eram reduziram a insalubridade dos bairros urbanos e a propa-
grandes há três séculos e que se encontram hoje […] re- gação de doenças;
duzidas a uma terceira ou quarta categoria.”); por sua vez, – [Segurança pública] a iluminação, as ruas largas e com
Clemenceau contesta essa visão, considerando-a uma passeios, garantiam uma circulação mais segura;
política de guerra, que só entravará o desenvolvimento – [Conforto e segurança] as habitações construídas com
do país (“É a primeira vez que um homem que esteve na materiais mais resistentes (tijolo, ferro, vidro) eram mais
chefia do Governo [Jules Ferry] vem dizer: […] a minha po- confortáveis e seguras;
lítica é a teoria não do desenvolvimento através da paz, – [Sociabilidade] novos parques e praças criaram novos
mas do desenvolvimento pela guerra”; “Não, não é da espaços de lazer e convívio.
guerra que devemos falar aos eleitores, devemos falar da
paz, que é a primeira condição do trabalho humano.”).

50
Pág. 51 5. A imensidão do seu território (terras agrícolas e recur-
sos minerais), oportunidades de negócios e investimen-
DOC. 4
tos (os caminhos de ferro, o fio do telégrafo e o dina-
1. mismo dos portos indiciam o desenvolvimento do país) e
– [Origem] famílias da Europa de Leste (“croatas”; “eslo- a liberdade proporcionada pelo seu regime político (fi-
vacos, húngaros”; russos “mujiques”); gura feminina).
– [Características] são homens jovens (“na força da idade”; 6. As inúmeras comunidades de imigrantes que residiam
“não se veem com mais de 50 anos”) e famílias (“Em baixo, em Nova Iorque, as ruas apinhadas de gente e de negó-
as crianças”) pobres (“fazer esquecer aos infelizes o horror cios, os estabelecimentos comerciais.
de tanta miséria”; “Alguns estão descalços”) que emigram 7. Tópicos de resposta:
à procura de novas oportunidades de vida na América (“São – os Estados Unidos foram o principal destino da emigra-
eles que, com as suas pequenas poupanças, estão na ori- ção europeia no século XIX (Doc. 1);
gem da companhia Hamburgo-América”).
– entre 1850 e 1910 os Estados Unidos receberam cerca de
2. Dos cerca de 60 milhões de europeus que emigraram 11 milhões de imigrantes, dos quais 9 milhões eram euro-
no século XIX, mais de 90 % rumou ao continente ameri- peus (Doc. C);
cano: EUA, Canadá, Argentina, Brasil. Os Estados Unidos
– aos Estados Unidos chegavam famílias de camponeses
foram o principal destino, com cerca de 57% desse con-
europeus vítimas do desemprego tecnológico, ou sim-
tingente. Muito longe destes números, encontra-se a emi-
plesmente fugindo à pobreza (Doc. A); judeus, vítimas de
gração para a Sibéria e Turquemenistão, seguidos da
perseguições (Doc. B); empresários que procuravam ex-
Austrália e Nova Zelândia.
pandir os seus negócios e população urbana em busca
de emprego nos serviços (Doc. B), na indústria de no co-
mércio (Doc. D);
Págs. 52 e 53
– os progressos nos transportes marítimos (navio a vapor,
Dossiê Doc. A)promovem a emigração. As viagens mais rápidas e
as carreiras regulares com os Estados Unidos, estabeleci-
Os Estados Unidos, terra das oportunidades
das pelas companhias de navegação (como por exemplo
1. Famílias camponesas, pobres, membros das classes
a Hambugo-América, Doc. 4, pág. 51) favoreceram partidas
populares urbanas e indivíduos de condição social mais
em massa para os Estados Unidos (Docs. B e C);
elevada (classes médias) em busca de novas oportunida-
– o grande fluxo migratório para os Estados Unidos justifi-
des de vida.
cou a criação de um novo centro de inspeção de imigra-
2. O imigrante sueco elogia a aparência cuidada e modos
ção na ilha Elis Island, no porto de Nova Iorque (Doc. B);
formais do que ele imagina ser um simples condutor de um
– as grandes comunidades de imigrantes, em Nova Ior-
transporte urbano (“tudo denotava o cavalheiro que havia
que, distribuem-se segundo a região de origem: “China
nele” – diferente do aspeto pobre e simples dos trabalha-
Town” e da “Little Italy” (Doc. B);
dores suecos); a imigrante russa critica o excessivo forma-
lismo e a lentidão dos funcionários do porto: “A cada pas- – a cidade de Nova Iorque era uma cidade de imigrantes
sageiro foi feita uma centena de perguntas parvas […] de todas as regiões do mundo: italianos, russos, alemães,
anotadas por um homem extraordinariamente lento.” judeus, croatas, franceses, chineses, espanhóis… (Doc. C);

3. Estabeleciam-se no centro da cidade, próximo das – o extenso território e as riquezas de solo e subsolo, o
áreas de negócios (Wall Street; Broadway). Agrupavam-se dinamismo da sua economia capitalista e o seu regime li-
por comunidade, designando os bairros: “China Town”; beral, tornaram os Estados Unidos no país das oportuni-
“Little Italy”. dades (Docs. B e C).

4. Entre 1850 e 1910, os EUA receberam mais cerca de – muitas famílias camponesas contribuíram para o povoa-
9 milhões de imigrantes europeus. Em 1850, a Irlanda e mento e exploração do Oeste e do interior do território
da Inglaterra forneciam os maiores contingentes de imi- (imagem do Doc. C), outros criaram os seus próprios negó-
cios, no comércio de rua (imagem da “Litle Italy”) e outros
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grantes. Em 1910, são mais de 11 milhões o número de imi-


grantes dos vários países europeus. Para além das comu- ocuparam-se nos múltiplos serviços que cidades como
nidades irlandesa e inglesa, cresce a imigração russa, Nova Iorque ofereciam.
italiana e, sobretudo, alemã.

51
Módulo 6 Unidade 2 (2.2.) Págs. 56

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DOC. 8

Pág. 54 1.

DOC. 5
− a atividade dos negócios: “àquele que não deve os
seus recursos ao trabalho das suas mãos”;
1. O proletariado urbano (a lavadeira e as filhas) e a bur-
− o poder económico: “àquele cujos rendimentos […] per-
guesia (vários estratos): membros das profissões liberais
mitem um desafogo de meios”;
ou pequenos empresários (o homem de chapéu alto que
lê o jornal e a rapariga da sombrinha, provavelmente de − o grau de instrução: “àquele cuja instrução […] ultrapassa
uma família da média burguesia); membros do funciona- o padrão de comum”;
lismo (a enfermeira), do comércio e serviços (a costu- − a participação na vida política: “se sente pertencer a
reira). uma classe destinada a dirigir à nação”;
− o estilo de vida: “o traje, a linguagem, a decência, se
DOC. 6
sentem vinculados a este grupo”.
1. A perseverança; a disciplina; o trabalho; a poupança; a
instrução; o casamento. Pág. 56 e 57

DOC. 9

Pág. 55 1.
DOC. 7 − a educação/formação: “Estudos na escola de Artes e
Ofícios”;
1.
− a solidariedade familiar: “Eugéne e o irmão Adolphe
– [condições de vida] enquanto a burguesia (Doc. A) dis-
compram as antigas fundições”;
põe de rendimentos que lhe permite usufruir de boas re-
feições, vestir roupas da moda, morar em residências am- − o casamento em famílias com interesses/níveis sociais
plas, cómodas e com espaços verdes, o proletariado comuns “[…] casa-se com a neta deste” [industrial Neu-
(Doc. B), era pobre devido aos baixos salários e à precarie- flize, dono das fundições];
dade do seu trabalho, habitava em espaços acanhados e − as relações de amizade com pessoas do mesmo meio.
insalubres, a alimentação era insuficiente, o vestuário “apoiado do banqueiro Seillières […]”;
pobre e exíguo e a miséria obrigava-o à mendicidade; − o envolvimento na vida política “Ministro do Comércio e
– [família] para a burguesia (Doc. A), a família é o alicerce da Agricultura” […].
das virtudes burguesas, por isso os momentos de pausa 2.
e lazer são vividos em união, os rapazes são orientados − na industria, como diretor das fundições Creusot, repre-
para o estudo e interessam-se pelos negócios e pela po- sentada na imagem pela fábrica e pelos instrumentos pá,
lítica, as raparigas são acompanhadas pelas mães que picareta, martelo;
lhes ensinam os preceitos da vida doméstica e social; no − na política, como presidente da Câmara dos deputados,
proletariado (Doc. B), as dificuldades económicas impelem representado na imagem pelo edifício do parlamento, pela
o pai, a mãe e as crianças a longas jornadas de trabalho insígnia da ordem de mérito ao lado das “leis” e da sineta
que desarticulam a vida familiar; usada para dirigir o corpo legislativo.
– [valores] enquanto a burguesia promove a união familiar, 3. Mobilidade social.
o respeito pelas convenções e pela ordem, a moral aus-
4.
tera, o estudo e o trabalho, no proletariado, a unidade fami-
André Carnegie é um exemplo de um self-made man,
liar é quebrada pelas exigências laborais, o trabalho subs-
pois personaliza mito do êxito individual:
titui a escola, desilusão conduz à revolta e a miséria ao
desregramento. − origem humilde: emigrante escocês “veio para os Esta-
dos Unidos num barco de emigrantes”;
− começou como um simples operário: “empregado na
bobinagem de fiação e nas caldeiras”;
− perseverante no trabalho: “carregador de despachos
em Filadélfia”;

52
− estudou: “aprendeu código de Morse”, tornando-se “te- – garantir futuros serviços da Casa: “[…] pode ser cha-
legrafista militar”; mada a prestar novos serviços nas circunstâncias atuais.”
− rentabilizou o “pé de meia” que poupava investindo na
“compra de ações […] quando estavam baratas”;
Pág. 59
− investiu nos “caminhos de ferro, nas comunicações, nos
transportes, no ferro” e ampliou os seus investimentos, DOC. 12

tornando-se um grande empresário das indústria do “ferro” 1. Valores:


do “aço” e do “petróleo”; − a família: a união familiar (imagem e texto: “os meus pais”
− “Economizou sempre; assim que atingia um milhão de “os meus irmãos”, “os meus avós”), base da civilidade bur-
dólares, punha-o a render”. guesa (“… mãe que começou a minha educação”);
− a importância do estudo: “mãe que começou a minha
educação e ainda me está a ensinar História e Geografia e
Pág. 58
a declamar bem os poemas, mas eu tenho mestres para
DOC. 10 inglês, italiano e piano”; “Leon, é engenheiro de minas”;
1. Características: “Urban, está a estudar para entrar no Politécnico”;
− a adoção de padrões de vida aristocráticos: as caçadas − o valor do trabalho da poupança: “Leon, é engenheiro
(“[…] viajavam para a temporada da caça em Inglaterra“); a de minas em Lille, mas em breve comprará uma fábrica
compra de propriedades de férias, no campo ou na praia de açúcar”;
“[…] pressa de se instalar em Dieppe, onde ficava bem − a moral conservadora: “Frequento a catequese em
possuir uma moradia.”); St. James do High Pas, a minha paróquia”.
− a ostentação de riqueza: a imensa criadagem (“umas
quinze [criadas] pelo menos”); e bagagem (“Algumas baga-
Pág. 60
gens partiam […] com oito dias de avanço” OU “só a minha
mãe possuía treze [malas]” OU “Levávamos tudo: a roupa, DOC. 13
as pratas, as louças, as camas das crianças”); 1. Fatores:
− o culto das aparências: “[…] fazia parte do código de − o desenvolvimento dos serviços e do comércio: “desen-
elegância”; OU “[…] onde ficava bem possuir uma mora- volvimento dos meios de transporte”, liberdade das tro-
dia”; cas, à facilidade e à frequência dos contatos;
− o trabalho: “Esta saída de verão constituía a nossa única – a expansão do ensino: “progressos, infelizmente lentos
viagem do ano” OU “os meus pais apenas viajavam para ainda, da instrução pública” OU “à difusão das luzes”.
a temporada da caça”;
2. Das classes médias faziam parte: os “pequenos pro-
− a sociabilização: as receções e bailes privados (Doc. 10B). prietários”; os “pequenos industriais”; os “pequenos lojis-
DOC. 11 tas” (OU “empresários independentes”, no gráfico); os
“funcionários” públicos e privados; “as profissões libe-
1. A distinção a favor da Casa de Câmbios Mayer Amschel
rais”; os empregados de comércio e dos serviços públi-
Rothschild e a nobilitação dos “dois irmãos” Rothschild.
cos e privados.
2.
DOC. 14
– o reconhecimento dos serviços financeiros prestados
ao Estado Inglês: “efeito rápido e seguro dos tão impor- 1. A expansão do comércio fez crescer o número de em-
tantes fundos de subsídios ingleses” OU “[…] de tal modo pregos: “empregados administrativos, gerentes de sec-
que o governo britânico lhe confia as operações mais ção, balconistas, empregados de armazém, porteiros”,
consideráveis; vendedores, transportadores, retalhistas…
– o reconhecimento do valor e trabalho da Casa de Câm-
bios Mayer Amschel Rothschild: “Esta Casa tem não só uma Pág. 61
ETHA11RQM @ Porto Editora

grande fortuna, como goza além disso de um crédito…”;


DOC. 15
_ o pedido de reconhecimento feito pelos próprios:
“O chefe desta Casa exprimiu desejos que os serviços 1. Empregos da área dos serviços, mais especificamente,
prestados fossem reconhecidos por sua Majestade”; ao funcionalismo público.

53
Pág. 62 2. Objetivos:

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DOC. 16
− O trabalho que garante a segurança e o conforto da fa-
mília: “Eu trabalho com grande energia”; na imagem, a
1. Os colarinhos brancos eram empregados das repartições
casa confortável, com tapetes, cortinas, mobília, o vestuá-
estatais e dos escritórios das grandes empresas industriais,
rio sóbrio, mas de qualidade;
de transportes, seguros e dos bancos. O trabalho asseado,
− a poupança que permite a preservação do património:
o grau de instrução, o traje e o comportamento formal dis-
“Se alguns vivem à sombra dos rendimentos ganhos
tinguiam-nos dos trabalhadores fabris.
pelos antepassados, é certo e sabido que os seus filhos
2. Conhecimentos de contabilidade (“operações de es-
estarão condenados a trabalhar”;
crita”) e caligrafia.
− a respeitabilidade e a decência: a sobriedade da família
17
DOC.
e da sala (imagem); “trabalhar […], sempre honradamente.”;
1. − a educação dos filhos nos valores burgueses.
– em 1889, apenas 55 alunas frequentavam o ensino uni-
versitário em Paris, contra mais de 6000 alunos. Em 1918, Págs. 64 e 65
o número total de alunas inscritas aumentou cerca de
30%, enquanto o número total de alunos masculinos au- Analisar… um texto longo
mentou apenas cerca de 1%.; Valores e comportamentos na sociedade do século XIX:

– entre 1889 e 1918, foram as faculdades de Direito e de o exemplo da família Motte-Bossut


Ciências as que mais cresceram. 1. Classes médias
2. Vantagens: 2. b) da alta burguesia.
− garantia uma formação científica e técnica especiali- 3. a) o apego a virtudes caracteristicamente burguesas,
zada que a complexidade administrativa e o progresso como a moderação.
tecnológico exigiam; 4.
− conferia estatuto e autoridade;
− Motte-Bossut, queria que os filhos se aplicassem com
− garantia ordenados superiores e maiores rendimentos; rigor nos estudos (“que cuides mais a tua ortografia, que
− proporcionava prestígio e notoriedade social. muitas vezes deixa muito a desejar” OU “ir à escola para
aprender gramática e aritmética”); para que que obtives-
Pág. 63 sem uma formação superior à sua (“com a tua idade, eu
DOC. 18
era bem menos instruído do que tu” OU “tudo conhece
aos sete anos, que educação arrojada!”), aperfeiçoassem
1.
os seus conhecimentos (“os cursos de hoje já não são o
− o trabalho; “Toda a vida consiste em saber trabalhar du- que eram no meu tempo”); porque os estudos ser-lhes-
rante várias horas e em distrair-se de longe a longe”; -iam úteis na vida profissional e pessoal (“e, no entanto,
− a perseverança: “Deus, […] apenas assegurou a hege- nunca cometi um erro de ortografia”).
monia àqueles que se esforçam por tudo fazerem bem.” − Motte-Bossut considera que só através do trabalho se
OU “a persistência de esforços assegura o sucesso”; consegue o sucesso ([…] fazer melhor que ele [vizinho];
− a respeitabilidade: “trabalhar […], sempre honradamente.” bem melhor, é resultado de trabalho”); que é pela dedica-
(foto de família); ção ao trabalho que se superam as dificuldades e se vence
− a poupança: “Se alguns vivem à sombra dos rendimen- a concorrência (“esforço para vencer a concorrência; por-
tos ganhos pelos antepassados, é certo e sabido que os tanto, trabalhar, trabalhar, trabalhar todos os dias”); que o
seus filhos estarão condenados a trabalhar.”; trabalho molda o carácter (“Terás de te levantar, vestir a tua
− a disciplina e o sentido de responsabilidade: “Eu traba- sainha, calçar os seus tamancos; ir à escola […] irás remen-
lho com grande energia; pelo menos três vezes na se- dar as minhas meias (pois uso-as muito […]. Que contraste,
mana estou na fábrica às cinco e meia da manhã.”; dizes-me? E, no entanto, terás de ser feliz”).
− conduta austera: “Levantar cedo não me incomoda; à 5.
noite, gosto de me ir deitar sem tardar.”; – Motte-Bossut distanciava-se dos hábitos mundanos da
− o conservadorismo: nas roupas, na pose dos membros aristocracia, que considerava excessivos (“começo a
da família. temer que a nossa menina venha a tornar-se demasiado

54
mundana”); afastava-se do luxo e da ostentação típicos 2.
da aristocracia (“será capaz de se habituar à nossa hu- − Duração da jornada: 12 a 13 horas por dia “logo que co-
milde terra? Será, ainda, capaz de se sujeitar aos nossos meça o dia e que não abandonem a mina antes de termi-
hábitos modestos?” OU “está na hora de voltarem, para narem os trabalhos do dia”;
poderes ainda apreciar a tranquilidade do nosso inte- − Tipo de tarefas: “abrir e fechar as portas de ventilação
rior”); fazia questão que os seus filhos crescessem num das galerias” [das minas]; nas fábricas de fiação e tecela-
ambiente despretensioso (“à noite irás remendar as mi- gem, alinhando e consertando os fios (imagem);
nhas meias […] comer um prato de papas de leite, depois
− Condições de trabalho: nenhumas, mal alimentados e
irás para a cama.”).
esfarrapados e sem calçado, trabalhavam as mesmas
– Motte-Bossut assume pertencer ao grupo dos homens horas que os adultos, com pouco tempo de descanso,
de negócios (“Estás interessado nos negócios; pergun- nas minas estavam sujeitos ao frio, aos desabamentos e
tas-me se tudo está a correr ao meu agrado. […], é impos- explosões, nas fábricas executavam tarefas minuciosas e
sível, que tudo corra sempre como sonhamos”) cujo traço perigosas, em cima dos teares ou entre as máquinas.
comum é o “trabalho, muitas vezes árduo” que lhes gran-
jeia o sucesso.
Pág. 68

Pág. 66 DOC. 21

DOC. 19
1. O sustento da família era garantido pelo trabalho de
homens, mulheres e filhos, ainda que crianças. Ao final do
1. O proletariado nasce com o capitalismo industrial. À me- dia, depois do trabalho nas fábricas, mulheres e meninas
dida que este se desenvolve, a burguesia aumenta o seu costuravam, engomavam, lavavam roupa… para ajudar no
capital (os meios de produção). Ao proletariado pertencem orçamento familiar. Ainda assim, este pouco chegava
todos aqueles que não dispõem de capitais (“os seus capi- para cobrir as despesas com os bens essenciais. O orde-
tais não lhes permitem empregar os processos da grande nado de um empregado comercial era de mais 3650 F.
indústria”), nem qualificações (“habilidade técnica se acha
2. As despesas com a saúde e a educação, por exemplo.
desvalorizada”) e que, para sobreviverem, são obrigados a
3. As más condições de habitabilidade dos bairros operá-
vender a única coisa que têm – a força dos seus braços, em
rios (espaços exíguos, má qualidade dos materiais, falta
troca de um salário. Por necessidade de trabalho (“apenas
de ventilação, água potável, saneamento…), ruas não pa-
vivem sob a condição de encontrarem trabalho”), os operá-
vimentadas, falta de limpeza das ruas, ausência de sa-
rios sujeitam-se a baixos salários pois só o encontram
neamento… condições propícias à propagação de doen-
desde que o seu trabalho aumente o “capital”, isto é, garan-
ças e epidemias.
tindo lucro à burguesia. Marx compara os operários a “mer-
cadorias”, “artigos de comércio” sujeitos à concorrência e
às flutuações do mercado. Pág. 69
2. O trabalhador é visto como uma máquina que acarreta
DOC. 22
“custos de manutenção”, ou seja, traduz-se no “custo da
produção”. Para reduzir esses custos, o empregador paga 1.
baixos salários (“a subsistência mínima do trabalhador”). − a criminalidade: “delitos contra a propriedade”; “3221
processos criminais dos quais 1115 por roubo”;
− o alcoolismo: “crimes mais grosseiros devem ser atribuí-
Pág. 66 e 67
dos à embriaguez.”;
20
− o suicídio: “suicídio e o número destes cresceu nos últi-
DOC.

1. mos anos até proporções terríveis.”.


– Um aspeto em que se reforçam: o horário de trabalho 2. Há uma relação estreita entre a mortalidade e a quali-
“das seis da manhã, às seis da tarde” e 12 a 13 horas de dade das habitações. Nas ruas de 3.ª classe e nos imó-
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trabalho por dia (quadro); veis de 3. ª classe, o número de óbitos é maior.


− Um aspeto em que se opõem: o trabalho infantil “Tenho
dois filhos, mas são muito novos para trabalhar.” e o traba-
lho de crianças com menos de 16 anos (quadro).

55
Pág. 70 e 71 − a miséria do proletariado traduz-se também no aumento

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do alcoolismo e da delinquência (fig. 1).
Dossiê 5.
A sociedade vista por artistas e escritores As obras dos artistas e escritores do século XIX, refletem
1. A imagem 1, apresenta-nos uma receção privada da alta as diferentes condições dos dois grandes grupos em que
burguesia e a imagem 2, um ambiente doméstico de uma se dividia a sociedade oitocentista: a burguesia e o prole-
família da classe média alta. tariado.
– o gosto pelo luxo e pela ostentação eram traços caracte- – [condições de vida] enquanto os rendimentos da bur-
rísticos do comportamento da alta burguesia (fig. 1). Nas guesia (Doc. A) lhes permitia ter uma vida confortável, vi-
receções privadas que promovia, as senhoras apresenta- viam em casas amplas, confortáveis, podiam usufruir de
vam-se à alta sociedade com as suas joias e vestidos luxos e divertir-se em bailes e concertos, a sobrevivência
sumptuosos e os cavalheiros com os seus fraques de bom do proletariado (Doc. C) era garantida pelo trabalho árduo
corte. Os salões das suas moradias exibiam uma decora- de toda a família, incluindo as crianças. Os baixos salários
ção faustosa, com candelabros, obras de arte, espelhos… dos operários permitia-lhes apenas alugar uma cave, ou
uma casa pequena num bairro pobre dos subúrbios. A ali-
– os momentos de sociabilidade, como os bailes e con-
mentação escassa (“fome”), o trabalho excessivo em
certos oferecidos pela alta burguesia (fig. 1), permitiam-lhe
ambientes de inóspitos e inseguros e as deficientes con-
exibir a sua riqueza, realizar negócios e celebrar alianças
dições de salubridade em que viviam, constituíam um ter-
políticas e matrimoniais.
reno favorável à propagação das doenças (“febre”). O de-
– as classes burguesas comungavam de atitudes e valo- semprego e a doença atiravam muitos para as ruas da
res específicos: o trabalho, a moderação, a educação, o caridade (fig 2, Doc. D) e a infelicidade conduzia outros ao
respeito pelas convenções (fig. 2). Era no seio da família alcoolismo (fig. 2, Doc. D).
que se promoviam as virtudes burguesas e se alicerçava
– [tipo de trabalho] enquanto a alta e média burguesias
a moral conservadora e austera. Ao homem, pai de famí-
(Doc. A) detentoras do capital e dos meios de produção, se
lia, cabia a gestão dos negócios, à mulher, esposa, a
ocupavam da gestão dos negócios das suas grandes ou
orientação da educação das raparigas (os rapazes fre-
médias empresas industriais, comerciais e financeiras no
quentavam colégios), a organização da vida doméstica e
conforto das suas casas, nos gabinetes privados das em-
a organização de receções.
presas, libertas do trabalho manual, o proletário, sem ca-
2. Os bailes públicos, nas praças e nas esplanadas torna- pitais, constituía a mão de obra que, pela força de traba-
ram-se um local de encontro e de diversão popular (fig. 1); lho dos seus braços, “vergado quinze horas sob mós”,
os cafés (fig. 2), dos mais modestos aos mais sofisticados, garantia, a baixos custos, a produção das minas e o rendi-
tornaram-se uma encruzilhada social obrigatória de todos mento dos empresários.
os estratos sociais. Aqui se comia, bebia, assistia-se a – [ambiente familiar] enquanto a burguesia promovia a
concertos, dançava-se, partilhavam-se angústias, comen- união da família (Doc. A2), pilar de sustentação das virtudes
tava-se a política, faziam-se negócios. burguesas (o trabalho, o estudo, a poupança) e da preser-
3. Aspetos: vação da moral conservadora assente na ordem, na de-
− o trabalho árduo (fig. 1), rotineiro (“repetir eternamente cência e na respeitabilidade, definindo-se rigorosamente,
na mesma prisão o mesmo movimento”) do operário nas as diferentes funções do pai (gestão dos negócios), da
fábricas, minas e estaleiros; mãe (organização da vida doméstica, educação dos fi-
lhos, promoção da honorabilidade da sua família), as ne-
− o trabalho infantil, condição necessária à sobrevivência
cessidades de sobrevivência do proletariado desarticula-
operária (imagem e texto);
vam o ambiente familiar: o tempo de convívio familiar era
− a longa jornada do trabalho operário (homens, mulheres
inexistente porque pai, mãe e filhos trabalhavam “desde
e crianças): “Vão todos trabalhar quinze horas”; “desde a
a alvorada até ao crepúsculo”.
alvorada até ao crepúsculo”;
– [educação das crianças] enquanto a burguesia (Doc. A)
− as deficientes condições de trabalho (figs. 1 e 2).
promovia a instrução dos filhos (estudo em colégios pri-
4. Aspetos: vados) e das filhas (formação nas qualidades domésticas
− os baixos salários e a precariedade do trabalho faz aumen- e formalidades sociais), as “crianças” do proletariado, me-
tar a miséria operária que se traduz-se na fome e na falta de ninos e “meninas de oito anos caminham sozinhas” para
abrigo, engrossando os que sobrevivem da caridade (fig. 2); “trabalhar quinze horas” nas fábricas e nas minas.

56
– [sociabilidade] a burguesia podia usufruir de momentos Pág. 74
de lazer, em concertos e bailes privados (Doc. A1), em reu-
DOC. 25
niões familiares (Doc. A2), nos bailes públicos (Doc. B1), nas
confeitarias e cafés da moda, o proletariado trabalhava 1. Ambos (Robert Owen e Karl Marx) denunciam os exces-
“desde a alvorada até ao crepúsculo” durante toda a se- sos da exploração capitalista e o estado de pobreza e mi-
mana e o desespero era aliviado num copo de absinto séria em que vivia o proletariado. Apresentam propostas
numa qualquer taberna do subúrbio onde vivia (Doc. B1). para a criação de uma sociedade mais justa e igualitária.
Distinguem-se nas estratégias de transformação da socie-
dade: R. Owen recusava a violência, defendia que a socie-
dade podia ser melhorada através de políticas reformistas
assentes na “razão e na educação”, nomeadamente, atra-
vés da criação de comunidades cooperativas (exemplos de
Módulo 6 Unidade 2 (2.3.) New Lanark e New Harmony); ao contrário, K. Marx consi-
dera que todas as transformações da História resultaram
da “luta de classes” entre “opressores e oprimidos”, pelo
Pág. 72
que a transformação da sociedade capitalista resultaria da
DOC. 23 luta entre o proletariado e a burguesia.
1. Temendo que a introdução das novas máquinas “de 2. Ao operariado. Este, deveria servir-se da sua “suprema-
tecer” a “vapor” os atirasse para o desemprego, os “ludi- cia política” para organizar uma revolução e conquistar o
tas” destruíam as máquinas, incendiavam as fábricas e poder (“retirar a pouco e pouco todo o capital à burgue-
tomavam de assalto as casas dos patrões. sia”). “Organizado em classe dominante”, estabeleceria a
ditadura do proletariado “destruindo todas as anteriores
garantias da propriedade privada”, “centralizando [naciona-
Págs. 72 e 73 lizando] todos os instrumentos de produção nas mãos do
Estado”, isto é, do proletariado.
DOC. 24
3. Excertos:
1. Desde cedo, os operários reagiram contra as duras con-
– “Os proletários nada têm de próprio, […] a sua missão é
dições de trabalho e de vida. Os primeiros movimentos
a de destruir todas as anteriores garantias da proprie-
operários nasceram espontaneamente, eram violentos e
dade privada.”;
foram brutalmente reprimidos, – foi o caso dos “luditas” em
– “O proletariado servir-se-á da supremacia política para
Inglaterra. As primeiras greves e ressurreições (Docs. 24A e B)
retirar a pouco e pouco todo o capital à burguesia”.
eram organizadas pelos próprios trabalhadores. Nas fábri-
cas e nas minas, os operários tentavam negociar melhores
salários e melhores condições de trabalho (“Nós queremos Pág. 75
que as coisas continuem como eram e exigimos ainda que
DOC. 26
nos deem cinco cêntimos a mais por vagonete…. Doc. 24A).
Os operários não estavam “bem organizados” (Doc. 24C) e, 1. Embora socialistas, defensores de uma sociedade mais
por isso, este “espírito de rebeldia” (Doc. 24C) era severa- justa e igualitária, Proudhon e K. Marx diferem nos métodos
mente abafado pelos “disparos mortais sobre os trabalhado- (“momento da ação”) para a transformação da sociedade.
res” (Doc. 24C), cujas reivindicações raramente eram ouvidas. Enquanto Marx defende a “ação revolucionária” do prole-
Os fracassos destes primeiros “motins”, fez os operários tariado para retirar o poder à burguesia, para Proudhon, a
perceberem a necessidade de se organizarem em associa- “revolução” proposta por Marx, conduziria ao “uso da
ções. Assim, nascem as primeiras organizações sindicais, força”, o que, no seu entender, é uma “contradição” à ideo-
como as “Trade Unions” em Inglaterra, ou os “Knights of La- logia socialista. Proudhon defende a implementação de
bour” (Doc. 24C) nos Estados Unidos que, de forma coorde- reformas económicas que façam “entrar na sociedade as
nada, organizavam grandes greves e manifestações pela riquezas que dela saíram”; pela criação de “comunidades”
onde todos trabalhariam para o bem comum, a sociedade
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melhoria das condições laborais e pela redução do horário


de trabalho diário para as oito horas. evoluiria para a “liberdade e igualdade”.

57
Pág. 76 Pág. 84

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DOC. 27 DOC. 3

1. 1.
[Art. 1.º] “Estabelece-se uma Associação para conseguir Zonas da Europa onde o liberalismo registou mais pro-
um posto central de comunicação e cooperação entre os gressos: Europa do norte e do noroeste, na forma de mo-
operários de diversos países aspirando a um mesmo fim, narquias constitucionais e repúblicas;
a saber: o concurso mútuo, o progresso e a completa li- Zonas da Europa onde ainda predominava o autorita-
bertação da classe operária.”
rismo: Europa central e de Leste, onde predominavam
2. Estabeleceu-se o 1 de Maio, como dia internacional dos monarquias autoritárias.
trabalhadores.
DOC. 4

1. Características:
Pág. 78
− o exercício de um poder pessoal (autocrático);
DOC. 28
− o domínio de extensos territórios com uma população
1. Bernestein considera necessária uma revisão da pro- muito diversificada;
posta revolucionária de Marx (“Manifesto Comunista”). No − a opressão das minorias étnicas.
seu entender, a “revolução” não se justifica, pois, ao contrá-
2. Pretensões:
rio do que previa o Manifesto Comunista, “a situação eco-
− a aspiração de liberdade (contra o domínio Austro-Hún-
nómica” do proletariado não se agravou. A pressão do
sindicalismo (“movimento operário”) e os progressos da garo);
democracia (“conquistas das instituições democráticas”) − a constituição de um Estado independente do povo es-
permitiram a afirmação dos partidos socialistas (Doc. B) e lavo (“união dos povos jugoslavos”).
importantes progressos na legislação social e laboral
(Doc. 27 B) fazendo ceder o poder político (“privilégios”) da
burguesia e “contrariar a exploração capitalista”.

Módulo 6 Unidade 3 (3.2.)

Módulo 6 Unidade 3 (3.1.)


Pág. 86

DOC. 5
Pág. 82
1.
DOC. 1
Motivações económicas: o domínio de novos territórios
1. A igualdade de direitos (“condições”). garantia o alargamento dos mercados de escoamento
2. As reformas eleitorais inglesas alargaram o direito de (“O que falta à nossa grande indústria são os mercados
voto a um número cada vez maior de eleitores (500 000 para os seus produtos” – texto 1) e, ao mesmo tempo, per-
antes de 1832, para 5 milhões em 1884). Garantindo uma mitia a obtenção de terras agrícolas (“Um povo tem ne-
representatividade cada vez mais proporcional do povo cessidade de terra para a sua atividade, para a sua ali-
inglês, o sistema político inglês encaminhava para uma mentação” – texto 3) e de matérias-primas indispensáveis
“democracia realmente igualitária.” à produção industrial;
A missão civilizadora: as nações europeias consideravam-
Pág. 83 -se culturalmente mais desenvolvidas, por isso, entendiam
ser seu dever “civilizar as raças inferiores.” (texto 1) e garan-
DOC. 2
tir os benefícios da “paz, segurança e riqueza” (texto 2);
1. Objetivos: A pressão demográfica e a necessidade de territórios:
− “a igualdade completa dos dois sexos perante a lei”; (“o povo alemão que se multiplica rapidamente e cujo es-
− “direitos políticos para as mulheres”. paço se tornou perigosamente estrito” – texto 3).

58
2. Motivações sociais: o domínio de novas áreas territoriais
Duas decisões relativas às populações africanas: permitia aos governos dispor de novas áreas de emigra-
− zelar pela segurança das populações indígenas; ção e resolver problemas sociais como o desemprego
que a modernização tecnológica e o forte crescimento
− promover a educação e a melhoria das condições de
demográfico tinham despoletado;
vida da população (“melhorar as suas condições morais e
materiais de existência”); Motivações políticas: o desejo de controlar pontos estra-
tégicos em certas regiões do mundo e a vontade de afir-
− erradicar a escravatura e o tráfico de escravos.
mar o seu poder face a outras potências europeias.
Duas obrigações das potências signatárias relativas aos
territórios ocupados em África:
− assegurar a ocupação efetiva dos territórios (assegurar
uma autoridade suficiente para fazer respeitar os direitos
adquiridos”;
− garantir a liberdade de comércio e de trânsito; Módulo 6 Unidade 4 (4.1.)
− a ocupação de outros territórios fora das áreas defini-
das na Conferência ou o estabelecimento de protetora-
dos obrigava a potência requerente a notificar as outras Pág. 92
potências a fim de fazer valer eventuais reivindicações. DOC. 1
3.
1. Objetivos:
− Em África prevaleceu o colonialismo (domínio político,
− derrubar o governo ditatorial de Costa Cabral;
económico e cultural) exercido pelas potências euro-
peias; − restaurar a Carta Constitucional;

− na Ásia, o imperialismo exerceu-se através do colonia- − assegurar a formação de um governo constitucional.


lismo, sobretudo inglês, francês e holandês, e da consti- 2. Cabralismo OU governo de Costa Cabral.
tuição de protetorados (áreas de influência política, mas
DOC. 2
também, económica das grandes potências).
1. O transporte animal (em liteiras, ou aluguer de mulas ou
burros) e o transporte fluvial (pequenas embarcações).
Pág. 88
2. Razão:
Analisar… uma caricatura – a destruição provocada pelas “guerras civis”: invasões
“Sem hipótese para criticar” francesas; guerras entre liberais e absolutistas; subleva-
ções militares e populares;
1. c) as ambições imperialistas das grandes potências eu-
ropeias. − a “negligência” dos governos.

2.
− região disputada pelas potências europeias: a China; Pág. 93
− o principal rival das potências europeias: os Estados DOC. 3
Unidos;
1. Objetivos:
− as regiões onde este último exerce a sua influência: Cuba
e Porto Rico, no continente americano e as Filipinas, no − a melhoria das vias de comunicação: “A feitura de boas
sudeste asiático. vias de comunicação”; “a reforma do importante ramo da
viação pública”;
3.
− a melhoria dos transportes: “em promover a barateza de
Motivações económicas: as potências europeias dispu-
todos os transportes”; “os trabalhos do caminho de ferro”;
nham de capitais e de tecnologias superiores, necessita-
vam de matérias-primas e de novos mercados para o es- − o desenvolvimento industrial: “criação do ensino técnico
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coamento das suas mercadorias; e industrial”; “organização do crédito industrial”.

Motivações culturais: o desejo de estender os benefícios 2. Benefícios:


da cultura europeia (tecnologias, ciência e religião), consi- − o desenvolvimento da “produção” agrícola e industrial
derada superior, a outros povos tidos como “primitivos”; pelo aumento do “consumo”;

59
− o desenvolvimento do comércio: “facilitar todas as tran- do comboio e o alargamento da rede ferroviária (Doc. B); a

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sações”; reforma do serviço de correios (Doc. C); a introdução da
− a melhoria das comunicações (“as boas vias de comuni- rede telefónica (doc. C).
cação”; internas e com a Europa (“do caminho de ferro da
fronteira“);
Pág. 97
− o desenvolvimento do comércio: “as boas vias de co-
municação”, “a “barateza de todos os transportes” DOC. 7

− a ligação entre as várias regiões do país, permitindo a 1. “os resultados excederam as expectativas”:
circulação de produtos, pessoas, capitais, ideias e conhe-
− em termos de velocidade: “Entre aqueles pontos, cuja
cimentos; o telégrafo e o comboio (imagem).
distância é de 1200 m, carro subia sem o mais leve incon-
− a modernização do país: eletricidade, tecnologias, in- veniente, atingindo velocidades de 15 km/h”; “Em 7 minu-
fraestruturas industriais (imagem). tos percorreu por várias vezes aquela extensão”;
− em termos de segurança do veículo: “dando aos obser-
Pág. 94
vadores a mais evidente prova de completa segurança”.
DOC. 4

1. Os viajantes mostraram-se surpreendidos com a celeri- Pág. 98


dade do comboio e ansiosos que o comboio os pudesse
DOC. 8
levar a outros destinos.
1.
2. A ligação entre Lisboa e Porto, as duas primeiras cida-
O livre-cambismo: “reformando as pautas”, “sem exagerar
des do reino, e a ligação à Espanha (Badajoz), pela linha
do Leste. a proteção”.

3. Vantagens:

1856-1869: − libertar os entraves ao comércio: “libertar o comércio de


todos os vexames”;
– Linha do Norte, ligação de Lisboa até à Vila de Gaia;
− Linha do Leste, ligação de Lisboa à fronteira com Espa- − facilitar o escoamento dos produtos agrícolas, estimu-
nha (Elvas-Bandajoz). lando a agricultura: “promovendo os interesses da agricul-
tura” […] “lançando-os” [produtos agrícolas] “no mercado”;
1870-1883: Linha do Minho, ligação à fronteira com a Ga-
liza (Valença); − apoiar o desenvolvimento industrial: “sem matar a in-

− Linha do Douro (até ao Pinhão); dústria”.

− Linha da Beira Alta, ligação à fronteira (Vilar Formoso); 2.

1884-1997: Ligação da linha do Leste com a Linha da – Ao derrubar as barreiras físicas que isolavam as popula-
Beira Alta (Alto Alentejo interior); ções, os transportes contribuíram para unificação do país:
− Ligação ao Algarve (Faro); facilitando a circulação de pessoas e mercadorias; permi-
tindo o mais fácil o escoamento dos produtos e o abaste-
1898-1911: Ligação da Linha do Douro a Trás-os-Montes.
cimento uniforme das populações; estimulando o con-
sumo e a produção.
Pág. 95 − Os diversos sistemas e medidas constituíam um entrave
DOC. 5 ao comércio. Os transportes e a uniformização dos pesos
e medidas contribuíram para a unificação do país e para a
1. Pontes, túneis, viadutos, estações ferroviárias.
criação de um mercado nacional.
2. 296,5 km por ano.
DOC. 9

Pág. 96 1. O aumento da área de cultivo, através do “arrotea-


mento dos matagais e desbravamento de terrenos incul-
DOC. 6 tos” (Doc. A); a fertilização dos campos pela utilização de
1. A Introdução e alargamento da rede telegráfica (Doc. A adubos químicos (Doc. B); a introdução de maquinaria,
e B); o alargamento da rede rodoviária (Doc. B); a introdução como a ceifeira mecânica (Doc. C).

60
Pág. 100 2.

DOC. 10
− facilitou as comunicações entre populações das cida-
des do Porto e Vila Nova de Gaia;
1. Argumentos:
− facilitou a circulação de pessoas e mercadorias entre as
− Portugal acompanharia o que já se fazia em “todas as
duas cidades;
nações cultas da Europa”;
− estreitou as relações comerciais.
− a formação de quadros especializados, necessários à
3.
modernização da agricultura e da indústria; “o aumento
da riqueza pública”. O êxito da exposição pode comprovar-se:

2. − pelo o número de expositores (4300);

– a introdução do “ensino agrícola e industrial” (Doc. A) − pela representação “de mais de 25 países” e dos “paí-
permitia a formação de técnicos especializados, necessá- ses industrializados, incluindo Estados Unidos e Japão”;
rios à modernização destes setores; − pela diversidade de artigos expostos: “matérias-primas,
− a difusão da máquina a vapor (Doc. B) permitia a moder- máquinas, produtos industriais, agricultura e horticultura”;
nização da indústria e agricultura; − pelo número (“milhares”) de visitantes;
− as sociedades anónimas (Doc. C) permitiam o aumento − pelo impacto que teve na opinião pública (“conversas e
de capitais a investir nas atividades produtivas; discussões”);
− as exposições (Doc. C) possibilitavam a divulgação dos − pela divulgação das “indústrias portuguesas”, ainda que
progressos técnicos e favoreciam os contactos e os ne- algumas não estivessem “devidamente representadas”.
gócios. 4. A fundição de Massarelos estava “habilitada a produ-
zir” e fornecer “máquinas e geradores de vapor” para a
Pág. 101 agricultura e indústria e a prover materiais para a constru-
ção civil.
DOC. 11
5. Pelo crescente desenvolvimento industrial (“a maioria
1. Aspetos: da população do Porto é industrial”), o autor considera a
− o incremento da mecanização: aumento do n.º de paten- cidade do Porto o motor do processo industrializador de
tes registadas e a crescente utilização da força a vapor; Portugal, tal como Manchester o foi na Inglaterra da
− a diversificação dos ramos industriais (fundição, conser- 2.ª metade do século XVIII.
vas). 6. O processo de modernização do país impulsionado
pelos governos da Regeneração evidencia-se na cidade
do Porto.
Págs. 102 e 103
Tópicos de resposta:
Dossiê Progressos nas infraestruturas e transportes:
O Porto, uma cidade em progresso – Vias de comunicação e transportes ferroviários: inaugu-
ração, a partir de Campanhã, da linha férrea do Minho e
1.
do Douro (1875); inauguração da ponte ferroviária D. Maria
− a abertura da Estrada da Circunvalação (inclusão das
Pia (1877); a chegada do comboio ao Porto, S. Bento
freguesias de Ramalde, Nevogilde e Aldoar); construção
(1896); construção da nova estação ferroviária de S. Bento
do 1.° bairro operário;
(1900);
− o Mercado Ferreira Borges; Armazéns Hermínios; aber-
– Rede viária: inauguração da ponte rodoviária D. Luís I
tura da Alfândega Nova, em Miragaia; inquérito industrial:
(1886); abertura da Estrada da Circunvalação (1895);
cerca de 1/3 da população trabalha na indústria.
– Transportes marítimos: construção do Porto de Leixões
− a introdução dos carros americanos; introdução do carro
(1884-1895);
elétrico; chegada do comboio à estação de S. Bento;
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– Comunicações: rede telegráfica (1856);


− a inauguração da ponte ferroviária D. Maria Pia; inaugura-
ção da ponte rodoviária D. Luís I; construção do porto de – Transportes urbanos: carros americanos (1872); elétrico
Leixões; início da construção do edifício definitivo da esta- (1895);
ção ferroviária de S. Bento. – Rede de abastecimento de água (1887);

61
– Expansão urbana: anexação das freguesias de Ramalde, − a falta de competitividade dos artigos nacionais devido

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Nevogilde e Aldoar; 1.º bairro operário (1889). à falta de originalidade (“imitação literal do artigo estran-
Dinamismo económico: geiro”) e ao preço dos produtos, encarecidos pelos cus-
tos de produção (importação de matérias-primas e a
– Desenvolvimento comercial: Associação Comercial do
atraso tecnológico).
Porto; melhoria do abastecimento da cidade, proporcio-
nado pelas redes viária e ferroviária que ligavam a cidade
às várias regiões do país; integração no comércio externo
(Porto de Leixões); aumento do consumo (Mercado Fer-
reira Borges, em 1888 e Armazém Hermínios, em 1893); Módulo 6 Unidade 4 (4.2.)
– Desenvolvimento industrial: modernização da indústria
(469 estabelecimentos industriais e 8 máquinas a vapor Págs. 106 e 107
em 1852; fundição de Massarelos que produzia máquinas
13
e geradores a vapor); I exposição Internacional da Indús-
DOC.

tria em 1865 (“1.ª exposição Internacional realizada na Pe- 1.


nínsula Ibérica”; “participação de mais de 25 países”, entre – O défice da balança comercial: “importa mais de 40 000
os quais os a França, os Estados Unidos e o Japão); o au- contos […] e não exporta mais do que 20 000”.
mento da população que trabalhava na indústria (1/3 em − O défice permanente e crescente das finanças públicas
1881; construção do 1.º bairro operário em 1899); compara- (gráfico): “verba de uma despesa que não cobre com re-
ção da cidade do Porto à cidade Inglesa de Manchester. ceita equivalente.”
− O constante recurso ao crédito: “expedientes de crédito
Pág. 104 destinados a mascarar esta situação”.
2. Críticas:
DOC. 12
− a falta de capitais e dependência de capitais estrangei-
1. ros: “o Governo português anda mendigando em Londres
(Quadro 1: agricultura) ao longo da 2.ª metade do sé- um novo empréstimo”; na imagem, “o cão” estrangeiro
culo XIX, o aumento da produtividade agrícola (cereais) é (os pés do cão estão em solo estrangeiro, representando
pouco significativo; em 1902-03, a produtividade agrícola a Inglaterra) escarafuncha as nossas receitas (pequena
mantém-se muito inferior à média da Europa, o que reflete giga de legumes);
o cariz tradicional da agricultura portuguesa. − o défice das contas públicas: exiguidade das receitas
(Quadro 2: indústria) entre 1898-1902, Portugal é ainda um representada pela pequena giga de legumes (imagem) e
dos países menos industrializados da Europa: índice de in- o constante aumento das despesas: “É a dívida a crescer
dustrialização é de 46; 8.º país com índice de produção para pagar as sinecuras do Estado”;
abaixo de 100, 13 lugares abaixo da Inglaterra, com índice − os encargos com a dívida: “é só dinheiro para pagar
de 254. juros da dívida!”; (na imagem) as receitas “dos tabacos”,
2. Fatores: dos “impostos”, das “tarifas” servem apenas para alimen-
− a falta de investimento na indústria: “as restantes indús- tar o “cão” (a dívida) que “não morre”;
trias, com pequenas exceções, não enobrecem nenhuma − O aumento dos impostos, como expediente habitual
cidade […], e existem dispersas por todo o país” (Doc. B1); para aumentar as receitas: “o Governo mandou para as
− a falta de capitais e a dependência de capitais estrangei- cortes uma carregação de propostas tendentes todas a
ros: “o Senhor Conde de Burnay, vai vender a um sindicato aumentar de tributos”; “impostos”(na imagem);
estrangeiro (ingleses e alemães) uma companhia portu- − a falta de investimentos na produção de riqueza, ou
guesa” (Doc. C); “melhoramento público”; na imagem, o cesto tradicional
− a escassez de matérias-primas, maioritariamente impor- de legumes, danificado, representa o atraso da economia
tadas (Doc. B2); portuguesa, assente, numa arcaica produção agrícola.

− a deficiente preparação dos recursos humanos (operários 3.


e empresários): “prossegue a imitação literal do artigo es- No período entre 1880 e 1890:
trangeiro” ; “perfeita inutilidade que tem sido até hoje a – agravamento do défice da balança comercial: quebra
escola industrial para o operariado português” (Doc. B2); das exportações (c. de 25 000 contos de réis em 1886

62
para 20 000 em 1890); aumento das importações (c. de Págs. 110 e 111
35 000 contos de réis em 1886 para c. de 42 000 contos
de réis em 1890); défice de c. de 22 000 contos de réis Analisar… um texto longo
em 1890; Discurso de Oliveira Martins na Câmara dos Deputados
– “Portugal importa anualmente 40 000 contos de merca- a 20 janeiro de 1892
dorias e não exporta mais do que 20 000, […] empobre- 1. A crise financeira de 1880-1890.
cido na razão de 20 000 contos em cada ano” (Doc. A); 2. b); c); a); d).
– aumento do défice das finanças públicas no período de 3.
1885-1889 (gráfico do Doc. A); – défice da balança comercial: “[…] por uma importação
– (tabela do Doc. C) agravada pelos juros da dívida: “dívida anual 40 000 contos de réis temos uma exportação que
flutuante interna e é para pagamento da dívida consoli- pouco excede a 20 000 contos de réis.”
dada externa! Este empréstimo que nos está às costas – défice orçamental: “[…] para receitas ordinárias na soma de
para pagamento no fim de três meses sai na razão de 39 877 contos de réis, nós tivemos […], despesas totais na
13/2%.” (Doc. B). soma de 51 427 contos de réis” OU “o défice líquido de 11 550
contos de réis, […] que é de quase 30 por cento das receitas!”
4. b) à pauta alfandegária livre-cambista.
Págs. 108 e 109 5.
DOC. 14 − “O desequilíbrio orçamental” (“défice líquido de 11 550
contos de réis”) que advinha da diferença entre o valor
1. Estratégias:
das receitas (“39 877 contos de réis”), muito inferior ao
− a concentração horizontal: “resultou da fusão da Com-
valor das despesas totais (“55 427 contos de réis”).
panhia Aliança Fabril com a Aliança Fabril dedicadas à
– O recurso constante “a capitais estrangeiros” para co-
produção de sabão e óleos”;
brir as despesas fazia aumentar “os encargos com a dí-
− a diversificação da produção, com vista a suprir as ne-
vida pública” que cresciam regularmente desde 1852
cessidades do mercado: além dos sabões e óleos, a CUF
(“hoje esta soma está multiplicada dez vezes”), agravando
apostou também na produção de pesticidas e adubos
ainda mais o estado das finanças públicas: “a soma que
para a agricultura (imagem);
correspondente à capitação desta diferença de encargos
− a modernização da empresa: aposta no setor químico e […] representa uma quantia de cerca de 10 000 contos de
na mecanização (imagem), valeu a distinção pelo júri da réis levantados anualmente, por meio de empréstimos”.
Exposição agrícola e de Produtos Minerais em 1903; − “O desequilíbrio capitalista ou económico”, ou seja, o
− o alargamento da área de negócios: “expandiu os seus saldo negativo da balança comercial, pois o valor das im-
negócios à produção e comercialização”; portações (“40 000 de réis contos” anuais), era o dobro do
− o investimento: “Nas vésperas da 1.ª Guerra Mundial, a valor das exportações (“20 000 contos de réis” anuais).
Companhia era proprietária de seis estabelecimentos fa- – A política livre-cambista inundou os nossos mercados de
bris, na zona de Lisboa, Porto e Abrantes e era a terceira produtos estrangeiros mais competitivos, e os portugueses
maior empresa industrial portuguesa”. preferiam “consumir exclusivamente produtos estrangeiros,
2. aumentando o valor das importações: “sucedia que nós
Para o aumento de capitais: chegámos a afirmar a tese, por exemplo, de que Portugal
– formaram-se companhias que resultaram da fusão de era um país que não podia cultivar trigo porque estava fora
várias empresas; constituição de sociedades anónimas; da zona da cultura dos cereais, e que, portanto, tínhamos
de mandar vir de fora o pão para a nossa alimentação”;
Evidências da modernização industrial:
– O recurso a empréstimos fazia aumentar os encargos
− a aposta em novos setores industriais da 2.ª geração
com a dívida: “a diferença entre a importação e a exporta-
industrial (químicos e cimentos);
ção havia de ser paga em espécie, isto é, com o dinheiro
− investimento na mecanização e aplicação de novas tec- recebido por empréstimos”.
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nologias: máquina a vapor, maquinismos (Doc. A); “o melhor


6. A falta de “recursos dos empréstimos” deveu-se à con-
sistema de instalações, fornos e maquinismos” (Doc. B).
juntura de crise financeira dos bancos ingleses que, nor-
malmente, eram nossos financiadores. Sem liquidez, os
banqueiros ingleses, não puderam conceder um novo

63
empréstimo a Portugal que se viu sem meios para fazer − nos moradores, que se distinguem claramente das “au-

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face às despesas do Estado. Por outro lado, as dificulda- toridades” que vigiam a desinfeção e até dos mirones –
des da economia brasileira (1888-1889) refrearam o envio note-se a mulher sentada, à esquerda, e as crianças des-
das remessas dos emigrantes brasileiros que constituíam calças;
“capitais muitíssimo consideráveis” das nossas receitas. − na afirmação de Irwin Fairfax “O cordão sanitário que
Sem crédito e sem receitas, o Estado Português foi obri- cerca a cidade não funciona por causa da pobreza dos
gado a decretar a bancarrota. soldados, que os torna permeáveis aos subornos de
7. quem quer passar”.

Diminuição das receitas Aumento das despesas


Pág. 114
− das exportações: concorrência dos − para o pagamento do défice
DOC. 17
produtos agrícolas estrangeiros; falta comercial;
de competitividade dos produtos − com os encargos da dívida
nacionais; pública;
1. Benefícios:
− das remessas dos emigrantes do − com os juros de novos − pela sua própria essência, o regime republicano garante
Brasil; empréstimos.
− do crédito: crise financeira dos a efetiva representação nacional, de acordo com os princí-
bancos ingleses. pios do demoliberalismo;
− a República acabará com a corrupção e “os interesses
Défice orçamental
egoístas” que prejudicam o país;
− os republicanos carregam em si o exemplo das revolu-
Bancarrota (1892)
ções que, no decurso dos séculos, alteraram o rumo da
história portuguesa (a rejeição do rei de Castela em favor
de D. João I (1384); a restauração da independência (1640);
a revolução liberal (1820).

Módulo 6 Unidade 4 (4.3.) DOC. 18

1. Afirmações:

Pág. 112 – “Disse que a Sociedade devia felicitar-se […] por os tra-
balhos do audacioso explorador terem levado o nome de
DOC. 15 Serpa Pinto à admiração dos séculos, ao lado de nomes
1. ilustres dos modernos lutadores africanos, como Livings-
“Os partidos acabaram há muitos anos”: tone, Cameron, Stanley e outros”;

− não há diferenças significativas entre os programas par- – “Que o cometimento do nosso intrépido e corajoso con-
tidários; sócio havia dado à história do nosso país mais uma página
brilhante e honrosa, como aquelas que descreviam as des-
− as eleições são manipuladas pelas autoridades locais e
cobertas marítimas dos nossos maiores”.
pelos eleitores mais abastados.
“As fontes íntimas da vida nacional estão obstruídas ou
Pág. 115
secas”:
− o povo, que o demoliberalismo considera essencial à DOC. 19

representatividade da nação, alheia-se das eleições e da 1. A cedência ao Ultimato representou o fim do projeto
política (“a vontade popular é muda e passiva”). português de domínio de uma extensa faixa contínua de
2. O eleitor hesita, já que se apercebe não haver diferenças território africano, unindo Angola a Moçambique.
entre o Programa do Partido Progressista e do Partido Rege-
nerador. Simbolicamente, a caricatura mostra-os numa banca Pág. 116
idêntica, na mesma atitude, a publicitarem a mesma oferta de
DOC. 20
3$500 réis pelo voto, e oferecerem a mesma “ementa”.
1. A onda nacionalista que assolou o país evidenciou-se:
DOC. 16
− em manifestações públicas de repúdio pela cedência
1. A pobreza está patente: ao Ultimato (“esses gritos” – Doc. A; as manifestações rela-
− nas casas e na rua escalavrada; tadas na legenda do Doc. C);

64
− em atos simbólicos de luto por uma pátria que se acre- − o reconhecimento da necessidade de um governo de
ditava ter recebido um golpe mortal – daí que se tenha ditadura por todos os partidos: “os outros partidos, aque-
coberto de crepes a face de Camões, símbolo da pátria les que mais gritam, também me pediram uma ditadura”;
(Doc. A); − a personalidade firme e adequada às circunstâncias do
− no repúdio de tudo quanto era inglês, desde tecidos ministro João Franco;
importados de Inglaterra ao ensino da língua inglesa − o “interesse nacional”;
(Doc. A); − a necessidade de equilibrar as finanças públicas:
− na composição de hinos patrióticos, apelando ao res- “vamos restaurar o equilíbrio orçamental e acabaremos
surgimento de Portugal através da resistência armada com o défice”.
(Doc. B); 2. Segundo as suas palavras, o rei propõe-se assumir um
− na mobilização patriótica dos cidadãos com o fim de an- papel muito ativo no governo. O rei diz claramente que
gariar fundos para a guerra (as senhoras doaram joias – trabalha “em conjunto” com João Franco e chega a afir-
mar que o ministro põe em prática as suas ideias (“Preci-
Doc. A; o cruzador foi adquirido com o dinheiro de subscri-
sava de uma vontade sem vacilação para conseguir reali-
ções públicas – Doc. C).
zar as minhas ideias”).
2. A “afronta” remete para o Ultimato, que suscitou uma
3. Na capital, como afirma D. Manuel, “estava tudo num
onda patriótica capaz de retirar o país do seu marasmo e
estado de excitação extraordinária”. A corroborar esta
fazê-lo “ressurgir” com toda a grandeza do passado.
afirmação, o rei lembra a tentativa revolucionária que
ocorrera alguns dias antes do regicídio e que tivera como
Pág. 117 objetivo terminar com o governo de João Franco.

DOC. 21
Págs. 120 e 121
1. A frase exprime o sentimento pessoal e o sentimento
político do republicano João Pinheiro Chagas. A Repú- Dossiê
blica era vista como a única via capaz de restaurar a dig-
Revolução em Portugal
nidade do país e de lhe trazer uma vida nova, pelo que a
1. Evidências:
cidade mostrava o luto da derrota.
− um elemento destacado do Partido Progressista, um
dos partidos monárquicos que alternavam no poder, con-
Pág. 118 sidera que “a monarquia não se salva”, apesar da revolu-
DOC. 22 ção parecer perdida. Atribui esse fim inevitável “ao san-
gue, aos ódios” que marcaram os últimos reinados;
1. Afonso Costa apresenta a questão num tom inflamado,
− aceita-se “entre o povo”, como possível, que o assassí-
muito agressivo, chegando mesmo a afirmar que “o
nio do Dr. Miguel Bombarda tenha sido ordenado pela
crime” cometido por D. Carlos é superior aos que condu-
rainha D. Amélia;
ziram Luís XVI à guilhotina. O deputado republicano
− Raul Brandão acredita que a rainha corre risco de vida,
acusa o rei do “maior desprezo pela miséria em que o
caso seja “apanhada”.
país se debate”, contrapondo aos gastos excessivos do
2. “Há quem ache ridículo que as mulheres tenham ideias
monarca, que já usufruia de uma dotação “absoluta-
avançadas…”
mente fabulosa para o nosso orçamento e para a nossa
pobreza”, a miséria do “pobre povo, que vive sem pão, 3. O relato dá conta da emoção dos populares que presen-
que sua, que padece de fome” e que suporta pesados ciaram o embarque, na Ericeira: muitos foram os que acor-
reram à praia, assistindo num silêncio compungido (“A
impostos.
afluência nas Ribas era imensa. Tudo silencioso, mas de
muitos olhos corriam lágrimas”). Inversamente, os revolu-
Págs. 118 e 119 cionários teriam mostrado uma forte malquerença pela fa-
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mília real, já que terão anunciado que a sua intenção seria


DOC. 23
disparar, caso tivessem chegado a tempo de o fazer.
1. Argumentos: 4. O edital apela ao “amor pela pátria”, evocando o exem-
− a desordem política, que o rei classifica de “bagunça”; plo dos heróis portugueses do passado: “Todos, como

ETHA11RQM-5 65
portugueses, temos a obrigação de antepor às paixões po- interferir nos poderes executivo e judicial. Tem ainda ca-

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líticas o amor da pátria, de que nossos avós deram tão he- pacidade para decidir sobre a organização da defesa na-
roicas provas e por cuja memória devemos ter respeito”. cional. Entre outras áreas, decide sobre:
5. No texto do edital encontra-se a ideia, já expressa no − o orçamento e os impostos (artigo 3.°);
relato de Raul Brandão, de que a monarquia é funesta e − as finanças públicas (artigos 4.° e 5.°);
causa de males sociais; encontra-se também a ideia de − a defesa nacional (artigo 6.°);
que a monarquia representa o passado, enquanto a repú-
− o funcionalismo público (artigo 7.°);
blica representa as “ideias avançadas” às quais alude
− a política externa (artigos 14.° e 15.°);
Amélia Santos (“os princípios que se impõem à razão e às
aspirações […] dos povos cultos”). − a organização do poder judicial e a amnistia das penas
(artigos 17.° e 18.°).
6. Tópicos de resposta:
− na madrugada de 4 de outubro, uma revolta republi-
cana agitou a capital portuguesa (Docs. A1 e A2); Pág. 123
− travaram-se combates da Rotunda; o Palácio das Neces- DOC. 25
sidades e o Terreiro do Paço foram bombardeados pelos
1. Os analfabetos e as mulheres.
revoltosos (Docs. A1, A2 e A3);
2. Sim, uma vez que retira aos muito pobres (“indigentes”
− o número de revoltosos era reduzido e o desfecho per-
e “vadios”) e aos “falidos” a capacidade eleitoral.
maneceu incerto até à madrugada do dia 5 (Docs. A1 e A2);
− na manhã do dia 5 de outubro foi proclamada a Repú-
blica (Docs. A1 e A2); Pág. 124
− a família real deixou o país, embarcando na Ericeira (Doc. B); DOC. 26
− a notícia da mudança do regime rapidamente se espa-
1.
lhou pelo país, sendo acatada pelas autoridades locais
− Demonstrando preocupações de justiça social, o Go-
(Doc. C).
verno republicano reconhece o direito dos operários se
coligarem e fazerem greve para melhoria das condições de
Pág. 122 trabalho (Doc. B), bem como a necessidade de “regularizar
DOC. 24 o descanso das diversas classes sociais que se afadigam
eextenuam num labor diário constante de muitas horas”
1.
(Doc. C).
− Combatem pela República soldados, marinheiros e ele-
− Os dois decretos demonstram preocupação em harmo-
mentos do povo.
nizar os interesses de patrões e trabalhadores: a par do
− Identificam a República as cores vermelha e verde das direito à greve dos operários, reconhece-se às entidades
vestes e do estandarte, bem como o barrete frígio, sím- patronais o direito de coligação e de encerramento dos
bolo da liberdade muito usado nas revoluções liberais. negócios (Doc. B); abrem-se exceções ao descanso sema-
Para além disso, a figura da República subjuga a coroa, nal previsto no Doc. B (trabalhadores dos espetáculos e
numa alusão à vitória sobre a monarquia. funcionários públicos), permite-se a ocupação de parte
− Opondo-se às trevas, os raios de luz representam a a do dia de descanso para a execução de trabalhos de ma-
esperança num mundo melhor, personificada pelos minis- nutenção, declarando-se expressamente que “são muitos
tros do novo regime. os interesses colidindo entre si, cumprindo ao Governo
2. velar por todos eles e protege-los a todos”.
− o Congresso é eleito por sufrágio direto, – o que lhe
confere maior legitimidade democrática – enquanto o
Pág. 125
presidente da República é eleito pelo próprio Congresso
podendo ser por ele destituído; DOC. 27

− o Governo responde perante o Congresso, o que lhe 1.


retira autonomia e poder de decisão; – Laicização do Estado: a Lei da Separação do Estado e
− para além do poder legislativo, ao Congresso estão re- das Igrejas estabelece o carácter laico do Estado, ao de-
servadas competências muito amplas que lhe permitem clará-lo independente de qualquer culto religioso;

66
Anticlericalismo: são reativadas as medidas do Marquês Pág. 132
de Pombal que expulsavam os jesuítas e os decretos libe-
DOC. 3
rais que extinguiam as ordens religiosas; confiscam-se os
bens da Igreja, que revertem a favor do Estado; faz-se de- 1. Marie Curie é pioneira enquanto cientista, já que se en-
pender os atos de culto em espaços públicos (procissões, trega à descoberta de um novo metal radioativo, e é pio-
por exemplo) da autorização do Estado. neira enquanto mulher, uma vez que, como é evidente na
foto – é a única mulher presente –, nessa época a ciência
tinha muito poucas protagonistas femininas.
Pág. 126
DOC. 4
DOC. 28
1. Afirmações:
1. O artigo do jornal contrapõe o “exibicionismo de elo- − “Os naturalistas mais eminentes aceitam como satisfa-
quência balofa” dos congressos pedagógicos dos tem- tória a ideia de que cada uma das espécies animais […] foi
pos monárquicos às medidas concretas do congresso de criada de forma independente das outras.”;
1912, que transcreve.
− “E a maioria dos naturalistas defende […] que os indiví-
A caricatura mostra uma universidade envergonhada e
duos da mesma espécie têm determinadas características
arrependida da sua atuação anterior ao 5 de Outubro,
em comum que nunca se alterarão”;
isto é, anterior à implantação a República.
− “Confessamos as nossas dúvidas e o desconforto que
nos causam estas afirmações.”;
− “O otimismo natural, uma fantasia bem-vinda”.

Módulo 6 Unidade 5 (5.1.) Pág. 133

DOC. 5

Pág. 130 1. Serão consideradas corretas as respostas devida-


mente justificadas que se enquadrem no âmbito da per-
DOC. 1
gunta.
1. O “estado positivo”, que Comte considera o estado
mais avançado, “fixo e definitivo”, da inteligência humana,
caracteriza-se por uma estrita racionalidade: como expli- Pág. 134
cação do mundo que o rodeia, o homem aceita somente
DOC. 6
as explicações científicas.
2. A ciência: 1. Argumentos:

− faz progredir a Humanidade (“o futuro da Humanidade − a instituição do sufrágio universal exige “eleitores quali-
reside no progresso da Razão através da ciência”); ficados”, capazes de usar o seu voto “no lado da paz” (e
não no da guerra), “no lado da glória” (e não no da infâ-
− equipara-se ao divino (“a procura da verdade através da
mia);
ciência é o ideal divino que o homem deve ter em mente”);
− a educação é imprescindível para que os homens de-
− é valiosa e perene (“[…] verdades científicas que foram
sempenhem, de forma competente, “as muitas tarefas da
lentamente adquiridas e que nunca se perderão”);
vida”;
− contribui para a felicidade humana (“acabará por dar ao
− cada homem influencia a comunidade em que vive e a
homem […] pelo menos a serenidade, senão a felicidade”).
influência que exerce, boa ou má, resulta da educação
DOC. 2 que recebeu.
1. O texto refere-se ao laboratório como um local de cria- 2. “[…] agora que o Estado gasta pesadas somas na instru-
ção de “um mundo novo”, símbolo de um progresso im- ção secundária e superior dos rapazes”.
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pensável algumas décadas atrás. O quadro evidencia a 3. Embora realçando o tradicional papel da mulher na famí-
importância do laboratório pelo facto de o tomar como lia, Camille Sée defende os progressos da instrução femi-
tema, detendo-se nos seus utensílios como se de uma nina, considerando que contribuirão para um melhor de-
nova paisagem se tratasse. sempenho das funções de esposa e mãe. Já o articulista do

67
jornal Le Gaulois rejeita por completo o acesso das mulhe- “Nas ruas, a luz pálida dos candeeiros públicos havia sido

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res ao ensino secundário, que compara à participação no substituída pelo brilho da lâmpada elétrica”; “Graças ao
exército (“Porque não casernas para raparigas?”). A instru- telefone, já os homens podiam falar entre si”; “Conquista-
ção contribuiria para “suprimir as meninas”, expondo-as a vam-se novas velocidades em carros sem cavalos”);
uma “educação arrapazada” que, pondo fim à “poética ig- − as melhorias registadas na habitação, na higiene e na
norância dos mistérios das coisas”, as privaria de “sorrisos saúde pública em geral (“O conforto deixou de ser privilé-
e alegrias”. gio de alguns ricos e penetrou na maioria das casas”;
“A higiene difundiu-se e a imundície desapareceu”; “A hi-
giene difundiu-se e a imundície desapareceu”; “os defor-
Pág. 135 mados, aleijados e depauperados desapareceram, a pouco
e pouco, das ruas”);
DOC. 7
− a fé no valor da ciência enquanto geradora de progresso
1. Na segunda metade do século XIX. Na primeira metade
e bem-estar (“Tais milagres deviam-se à ciência – esse anjo
do século, a percentagem de nubentes analfabetos cai
do progresso”);
de cerca de 46% para cerca de 32,2%, no caso dos ho-
− a evolução do sistema político em direção ao demolibe-
mens, e de cerca de 63,1% para 49%, no caso das mulhe-
ralismo (“O sufrágio universal ia alargando a sua esfera
res, o que representa uma queda de cerca de 30% e 22%,
de ação, tornando possível que grupos de homens cada
respetivamente. Na segunda metade do século, a queda
vez mais numerosos pudessem defender legalmente os
é bem mais acentuada: aproximadamente de 32,2% para
seus interesses”);
6,4% no caso masculino e de 49% para 10,7% no caso fe-
minino (cerca de 78% e 77,5%, respetivamente). − os progressos do ensino e das condições de vida das
classes trabalhadoras (“enquanto que sociólogos e pro-
2. A imagem retrata um homem do campo que aproveita
fessores rivalizavam na tarefa de tornarem a vida do pro-
uma pausa do trabalho para ler o jornal. Documenta, pois,
letariado mais saudável e mais feliz”).
a extensão da literacia às classes mais humildes.

Págs. 136 e 137

Analisar… um texto longo Módulo 6 Unidade 5 (5.2.)


A crença no progresso
1. d) no clima de confiança e otimismo proporcionado pelos Pág. 138
avanços da ciência e pela melhoria geral das condições de
DOC. 8
vida.
2. c) demoliberalismo. 1. Courbet critica ao júri uma visão estreita da arte, que não
abre a porta à inovação.
3. “[…] enquanto que sociólogos e professores rivaliza-
vam na tarefa de tornarem a vida do proletariado mais 2. O Salon era “a única exposição” que, à época, se reali-
saudável e mais feliz”. zava, sendo impossível a um pintor “ganhar nome”, sem
estar aí representado.
4. b) e c).
3. A repetição constante dos mesmos temas idealizados,
5. Os Europeus sentiam-se seguros e otimistas, acredi-
neste caso retirados da Antiguidade Clássica (“Este ano
tando que as “crises, fomes e revoluções”, bem como “os
ainda mais Vénus… Sempre Vénus!), em vez do tratamento
tempos bárbaros das guerras” eram coisa do passado e a
da realidade (“Como se houvesse mulheres assim!”).
Humanidade caminhava num progresso contínuo. Contri-
buíam para esta convicção:
− o impacto dos progressos da ciência e da técnica na Pág. 139
vida quotidiana. A eletricidade, o telefone, o automóvel,
DOC. 9
entre outros inventos tornavam o dia a dia mais fácil e
anunciavam um futuro promissor (“o evangelho do pri- 1. Aspetos que afastam Courbet da arte oficial:
meiro [do Progresso] era plenamente confirmado pelos − a afirmação da sua individualidade, da sua independência
milagres que a ciência e a técnica faziam diariamente”; face à arte oficial, académica (“Quis simplesmente alcançar,

68
[…] a compreensão racional e independente da minha pró- sociedade”); observa o facto e realiza experiências a fim
pria individualidade”; “ser não somente um pintor mas tam- de determinar os mecanismos que regem o fenómeno
bém um homem”); observado (“partiu dos factos observados, fazendo de-
− a intenção de se focar na realidade do presente, em pois a sua experiência […]”; “depois estuar os mecanis-
detrimento dos temas académicos, virados para o pas- mos dos factos agindo sobre eles […]); finalmente, chega
sado (“Ser capaz de traduzir os costumes, as ideias, o as- ao conhecimento científico (“No final, obtém-se o conhe-
peto da minha época, da forma como a vejo”; “tornar viva cimento do homem, o conhecimento científico”).
a arte, tal foi o meu objetivo”).
Aspeto que aproxima Courbet da arte oficial: Págs. 142 e 143
− o estudo das obras e das técnicas académicas (“Estudei DOC. 12
[…] sem preconceitos a arte dos antigos”; “[…] no perfeito
1. Os críticos referem:
conhecimento da tradição”).
− a “liberdade de execução”, resultante, em parte, da falta
2. Courbet aparece à direita e é facilmente identificável
de desenho prévio, essencial a uma composição cuidada,
pela sua mochila com os apetrechos de pintura, bem
à maneira académica;
como pelo protagonismo que assume no quadro;
− o esbatimento das formas que, reduzidas a manchas,
− Alfred Bruyas enverga a casa verde. Olha diretamente
evidenciam o” desprezo pela linha”, mencionado pelo crí-
Courbet e esboça um gesto de saudação. A personagem
tico Émile Cardon;
à esquerda, que olha humildemente o chão, não se coa-
− a ausência de “modelado”, substituído por pinceladas
duna com a imagem de um “patrono”, remetendo para
grossas e aparentemente descuidadas de cores sobrepos-
um serviçal que o acompanha.
tas.
2. Todas as obras apresentam, quer como tema principal,
Pág. 140 quer como cenário, vistas do exterior: marinhas, paisa-
gens campestres, paisagens urbanas. O retrato está tam-
DOC. 10
bém presente em duas das telas reproduzidas (Docs. B
1. As obras reproduzidas detêm-se nos grupos sociais mais e C).
desfavorecidos, retratando-os sem filtros que suavizem a
realidade: o cansaço da pobre lavadeira que sobe penosa-
mente a escada, carregando num braço a trouxa da roupa Pág. 144
enquanto, com o outro, ajuda a criança; o mundo da pros- DOC. 13
tituição alimentado pela burguesia, materializada no cliente
1. Enquanto o Realismo e o Impressionismo de detêm no
de cartola; o trabalho inumano dos miseráveis rebocadores
mundo visível que rodeia os pintores, os simbolistas mer-
do Volga.
gulham no mundo da interioridade, valorizando o invisí-
2. Tanto a tela de Daumier como a de Manet foram execu-
vel, o sonho, o transcendente.
tadas com pinceladas grossas e sobrepostas; a tela de
2. Serão consideradas corretas as respostas devidamente
Ylya Repin mostra uma pincelada mais fina, uma maior
fundamentada, que se enquadrem no âmbito da questão.
atenção ao perfeito acabamento das figuras, pelo que,
quanto à técnica, é a que mais se aproxima do acade-
mismo. Pág. 146

DOC. 14
Pág. 141 Características:
DOC. 11 − predomínio da linha curva, ondulante – visível tanto nas
linhas da fachada da Casa Milá, como nas decorações ex-
1. O positivismo valoriza a ciência e o método experimen-
teriores e interiores;
tal, centrando-se no estudo dos factos. Zola procura apli-
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car à literatura a mesma metodologia que preside às ciên- − decoração floral;


cias exatas: determina o facto em estudo (“O dano − utilização do ferro como elemento nobre (varandas, cor-
observado por Balzac é o dano que o temperamento rimão e pilares estruturais da Casa Tassel, por exemplo);
amoroso de um homem traz a si próprio, à sua família, à − uso do vitral e da cerâmica como elementos decorativos.

69
Pág. 147 acabamento minucioso do quadro; a paisagem impressio-

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nista (Doc. B) é uma pintura de plein air, feita de imediato na
DOC. 15
Natureza, com aplicação das cores sem desenho prévio,
1. Os alunos devem apresentar imagens de cada uma pinceladas grossas e empasteladas que esbatem os con-
das obras referidas. tornos e reduzem os objetos às suas formas essenciais;
− [paleta cromática] os tons utilizados na obra reprodu-
Págs. 148 e 149 zida no Doc. A são sóbrios e escuros, de acordo com o que
era considerado, pelos pintores académicos, de “bom
Comparar… duas obras de pintura gosto”; inversamente, a tela de Sisley mostra uma grande
Alfred Stevens, Aquilo que chamamos vagabundagem, exuberância de cor, usando tons fortes e claros que refle-
1854 tem as cintilações de luz.

Alfred Sisley (1839-1899), As colinas de Moret, na


primavera, 1880

1. Ambas as pinturas datam da segunda metade do sé-


culo XIX e, de acordo com as indicações adicionais, foram
executadas em França. Módulo 6 Unidade 5 (5.3.)
2. A tela de Alfred Stevens aborda um tema de cariz so-
cial: nas ruas geladas de Paris, uma mulher e os seus dois Pág. 150
filhos são conduzidos ao cárcere por crime de vagabun-
dagem. Observam a cena um homem, de aspeto humilde, DOC. 16

e uma mulher, provavelmente uma transeunte, que pa- 1. A crença de que o século XIX corresponde a um tempo
rece esboçar um gesto de ajuda, que o polícia rejeita. A de progresso evidencia-se no texto de Antero de Quen-
mãe segue de cabeça baixa, com o filho mais novo ao tal, Bom Senso e Bom Gosto (Doc. A), quando condena a
colo e o mais velho a chorar, agarrado à sua roupa. Na repetição incessante dos modelo antigos, apela à produ-
parede, os cartazes afixados anunciam um baile. ção de ideias novas e exalta o trabalho científico das aca-
A obra de Sisley é uma pintura de paisagem. Em primeiro demias de Paris, Londres e Berlim; no Programa das Con-
plano, uma colina coberta de vegetação; ao fundo, o ca- ferências do Casino (Doc. B), que repetidamente alude à
sario de uma vila. modernidade (o ”movimento moderno”), destacando o
3. a) – 1, 4, 5; b) – 2, 3, 6, 7. século XIX do tempo que o precedeu; na afirmação de
4. a) no Realismo e no Impressionismo. mudança que o Realismo constitui (Doc. C).

5. Tópicos de correção: A intenção de integrar Portugal na cultura europeia está


explicita no Doc. B, quando se afirma, em referência a Por-
− [tema] enquanto a obra de Alfred Stevens (Doc. A), como
tugal: “Não pode viver e desenvolver-se um povo isolado
é característico do Realismo, faz uma clara denúncia social,
das grandes preocupações do seu tempo”, bem como no
mostrando a forma desumana como é tratada um pobre
objetivo de “ligar Portugal com o movimento moderno”.
mulher e os seus filhos, a tela de Alfred Sisley (Doc. B) repro-
duz uma paisagem campestre, banhada pela luz intensa do As preocupações sociais que animaram a Geração de 70
Sol, tema que foi grato aos impressionistas; ressaltam da enfâse dada à “reforma” da sociedade e da
humanidade em geral: “as ideias, as ciências, as crenças,
− [composição] a obra reproduzida no Doc. A evidencia
os sentimentos de que a humanidade contemporânea pre-
uma composição cuidada, de acordo com os preceitos
cisa para se reformar” (Doc. A); “preocupando-nos sobre-
académicos. O pintor distribui as figuras de forma equili-
tudo com a transformação social, moral e política dos
brada fazendo recair o olhar do espetador na mulher que
povos” (Doc. B); “O Realismo […] destinado a ter na socie-
acaba de ser presa; já a tela de Sisley assemelha-se a um
dade e nos costumes uma influência profunda” (Doc. C).
instantâneo fotográfico, sendo grande parte da tela ocu-
pada pela massa da colina, em primeiro plano; 2. Oliveira Martins (Joaquim Pedro de Oliveira Martins,
1845-1894).
− [técnica] a pintura realista (Doc. A) não mostra inovações
técnicas, enquadrando-se nas regras académicas – dese-
nho prévio, feito em ateliê, pincelada fina e linha bem defi-
nida, modelação dos volumes pelo contraste luz-sombra,

70
Pág. 152 Págs. 154 e 155

DOC. 17 DOC. 19

Características: 1. Sem dúvida, a pintura do Doc. B, O Ateliê de Silva Porto.


− a pintura ao ar livre, mais usada na pintura de paisagem: Enquanto o retrato do Grupo do Leão se integra nos câ-
“Foi sobretudo na paisagem que esta pintura moderna se nones académicos, quer na técnica, quer na paleta cro-
impôs, utilizando as virtualidades múltiplas da pintura ao mática, O Ateliê de Silva Porto mostra a pincelada grossa,
ar livre”; o quadro de Artur Loureiro retrata um paisagem a justaposição de cores e a indefinição da linha de que
onde se vê um pintor, com o seu cavalete; fala Ramalho Ortigão.
− as pinceladas grossas, de cores puras, que diluem os 2. Silva Porto trabalha no quadro reproduzido na fig. 3,
contornos: “o contorno que se dilui, as pinceladas de Na Pastagem.
cores puras ou muitíssimo claras sobre o limite das for- 3. Esta pintura de costumes representa, com grande por-
mas”; a obra reproduzida evidencia essa característica, menor, seis homens das classes populares sentados a
apresentando um textura empastelada que esbate a linha uma mesa. Encontram-se em posições diversas que, tal
e transforma as formas em manchas; como o seu semblante, denunciam diferentes estádios de
− a ausência de uma elaborada composição prévia, que embriaguez. Sobre a tosca mesa de madeira, estão res-
permitia “transpor para a pintura os instantâneos da natu- tos de castanhas, malgas e até o chapéu do homem em
reza” ressalta também da obra de Artur Loureiro. primeiro plano. Este retrato de grupo, que ocupa quase
todo o espaço a tela, desenvolve-se em tons sóbrios e
numa técnica académica.
Pág. 153

DOC. 18
Pág. 156
– O tema enquadra-se nos temas gratos aos naturalistas:
o retrato das gentes simples, sem a marcada denúncia DOCS. 20 e 21
social que caracterizou o Realismo. 1. Independentemente da técnica que utilizam, as duas
– A técnica utilizada no tratamento da figura em primeiro obras centram-se na fisionomia das retratadas, transmi-
plano evidencia o respeito pelos cânones académicos: tindo ao espetador os traços e a expressão do rosto, a
pincelada fina, perfeita modulação do volume, linha defi- postura e até o retrato psicológico das duas mulheres.
nida, atenção ao pormenor, acabamento perfeito da fi- Ambas são apresentadas tal como são, sem idealização
gura. O fundo, esbatido e sem pormenor, em que tanto o da figura, o que faz das duas obras um retrato “realista”.
mar como a figura humana se encontram reduzidos ao
DOC. 22
essencial, realça a personagem central, a rapariga que,
sentada na areia, espera o regresso dos pescadores. 1. No Simbolismo.
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