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GESTÃO E LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

CRIMES AMBIENTAIS

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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:

1. Analisar a Lei de Crimes Ambientais 9.605/98.

2. Reconhecer a aplicação dessa lei tendo um panorama atual da discussão sobre o assunto.

3. Verificar o conceito de liderança ambiental e suas formas.

1 Introdução
A história mostra que a mudança significativa geralmente ocorre de baixo para cima, quando indivíduos se

juntam para atingir essa mudança.

Sem ações políticas básicas de cidadãos e grupos organizados, o ar que você respira e a água que você bebe hoje

estariam mais poluídos, e muito mais biodiversidade terrestre teria desaparecido.

Quando leis ambientais são aprovadas, os cidadãos devem insistir para que sejam implementadas, trabalhar

juntos para evitar que sejam enfraquecidas e para melhorá-las (Miller Junior, 2007).

Os indivíduos fazem tanto a diferença que você pode influenciar e modificar políticas governamentais nas

democracias constitucionais. A participação política ativa é guiada pelo critério de Aldo Leopold:

Foi exatamente nessa situação que surgiu a Lei de Crimes Ambientais.

“Toda ética se apoia na premissa de que o indivíduo é membro de uma comunidade de partes independentes”.

Figura 1 - Aldo Leopold

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2 Conceituação
Antes mesmo de começarmos a falar da Lei de Crimes Ambientais, vamos tentar entender um pouco sobre

política, para podermos compreender melhor os fatores que impedem as democracias de lidar com problemas

ambientais. Sabe-se que as democracias foram designadas para lidar principalmente com problemas isolados de

curto prazo.

Mas o que são democracia e política afinal?

Segundo Miller Junior (2007):

É o processo pelo qual indivíduos e grupos influenciam ou controlam as políticas e ações

dos governos nos níveis local, estadual, nacional e internacional. A política está

Política preocupada com quem tem poder sobre a distribuição de recursos e quem recebe o quê,

quando e como. Muitas pessoas pensam em política no âmbito nacional, mas o que afeta

diretamente a maioria das pessoas é o que acontece nas comunidades locais.

É o governo das pessoas por meio de delegados ou políticos e representantes eleitos. Em

uma democracia constitucional, a constituição fornece a base de autoridade


Democracia
governamental, limita o poder do governo ordenando eleições livres e garantias de

liberdade de expressão.

Segundo o mesmo autor, as instituições políticas nas democracias constitucionais são designadas para permitir

mudança gradual a fim de assegurar a estabilidade econômica e política.

Nos Estados Unidos, por exemplo, mudanças rápidas e desestabilizantes são controladas por um sistema de

verificações e equilíbrio que distribui o poder entre os três poderes do governo – Legislativo, Executivo e

Judiciário – e entre os governos, federal, estadual e municipal.

Aprovando leis, desenvolvendo orçamentos e formulando regulamentações, os representantes eleitos e

nomeados pelo governo devem lidar com a pressão de muitos grupos competitivos de interesse especial.

Cada grupo defende a aprovação de leis, a concessão de subsídios ou a redução de impostos, ou o

estabelecimento de regulamentações favoráveis à sua causa e enfraquecem ou repelem leis e regulamentações

desfavoráveis à sua posição (Miller, Junior, 2007).

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Hoje, por estarmos em uma democracia, sabemos que existem fatores que podem influenciar as decisões e

regulamentações, principalmente na política ambiental, pois a cada conhecimento adquirido sobre o meio

ambiente, mais a necessidade de mudança de leis para sua preservação e proteção.

Vamos, com isso, à liderança ambiental.

De forma individual, podemos exercer a liderança ambiental de quatro maneiras, segundo Miller Junior (2007):

Podemos liderar, por exemplo, usando nosso estilo de vida para mostrar aos outros que a mudança é possível e

benéfica.

Podemos trabalhar dentro dos sistemas econômicos e políticos existentes para conseguir a melhora ambiental.

Nós podemos influenciar as decisões políticas fazendo campanhas, votando e nos comunicando com os

representantes eleitos.

Podemos também enviar mensagens para empresas que fabricam produtos ou que tenham políticas prejudiciais

ao meio ambiente, pressionando-as com nosso poder de consumo e mostrando-lhes as escolhas que fizemos.

Além disso, podemos fazer parte do sistema ao escolher carreiras na área ambiental.

Podemos nos candidatar a cargos públicos em instituições locais. Olhe-se no espelho. Talvez você seja a pessoa

que pode fazer a diferença em um cargo público.

Podemos propor e trabalhar por melhores soluções para os problemas ambientais. Liderança é mais do que ser

contra algo. Ela também envolve buscar melhores maneiras de atingir os objetivos e persuadir as pessoas a

trabalhar juntas para atingi-los. Se nos preocuparmos o suficiente, cada um de nós pode fazer a diferença.

Agora que já conhecemos os fatores de política e democracia, além de termos a consciência que podemos sim

fazer a diferença através da liderança ambiental, vamos aos crimes ambientais.

Segundo o site infoescola (infoescola.com/ecologia/crime-ambiental), são considerados crimes ambientais:

“Agressões ao meio ambiente e seus componentes (flora, fauna, recursos naturais, patrimônio

cultural) que ultrapassam os limites estabelecidos por lei. Ou ainda, a conduta que ignora normas

ambientais legalmente estabelecidas mesmo que não sejam causados danos ao meio ambiente”.

Por exemplo, no primeiro caso, podemos citar uma empresa que gera emissões atmosféricas. De acordo com a

legislação federal e estadual específica há certa quantidade de material particulado e outros componentes que

podem ser emitidos para a atmosfera. Assim, se estas emissões (poluição) estiverem dentro do limite

estabelecido então não é considerado crime ambiental.

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No segundo caso, podemos considerar uma empresa ou atividade que não gera poluição, ou ainda, que gera

poluição, porém, dentro dos limites estabelecidos por lei, mas que não possui licença ambiental. Neste caso,

embora não cause danos ao meio ambiente, ela está desobedecendo uma exigência da legislação ambiental e, por

isso, está cometendo um crime ambiental passível de punição por multa e/ou detenção de um a seis meses.

Da mesma forma, pode ser considerado crime ambiental a omissão ou sonegação de dados técnico-científicos

durante um processo de licenciamento ou autorização ambiental. Ou ainda, a concessão por funcionário público

de autorização, permissão ou licença em desacordo com as leis ambientais.

Segundo Faria (2011 – infoescola - infoescola.com/ecologia/crime-ambiental), de acordo com a Lei de Crimes

Ambientais, ou Lei da Natureza (Lei N.º 9.605 de 13 de fevereiro de 1998), os crimes ambientais são classificados

em cinco tipos diferentes:

• Crimes contra a fauna

Agressões cometidas contra animais silvestres, nativos ou em rota migratória, como caçar, pescar, matar,

perseguir, apanhar, utilizar, vender, expor, exportar, adquirir, impedir a procriação, maltratar, realizar

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experiências dolorosas ou cruéis com animais quando existe outro meio, mesmo que para fins didáticos

ou científicos, transportar, manter em cativeiro ou depósito, espécimes, ovos ou larvas sem autorização

ambiental ou em desacordo com esta.

Ou ainda a modificação, danificação ou destruição de seu ninho, abrigo ou criadouro natural. Da mesma

forma, a introdução de espécime animal estrangeira no Brasil sem a devida autorização também é

considerado crime ambiental, assim como o perecimento de espécimes devido à poluição.

• Crimes contra a flora

Destruir ou danificar floresta de preservação permanente mesmo que em formação, ou utilizá-la em

desacordo com as normas de proteção assim como as vegetações fixadoras de dunas ou protetoras de

mangues; causar danos diretos ou indiretos às unidades de conservação; provocar incêndio em mata ou

floresta ou fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocá-lo em qualquer área;

extração, corte, aquisição, venda, exposição para fins comerciais de madeira, lenha, carvão e outros

produtos de origem vegetal sem a devida autorização ou em desacordo com esta.

Extrair de florestas de domínio público ou de preservação permanente pedra, areia, cal ou qualquer

espécie de mineral; impedir ou dificultar a regeneração natural de qualquer forma de vegetação;

destruir, danificar, lesar ou maltratar plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em

propriedade privada alheia; comercializar ou utilizar motosserras sem a devida autorização. Neste caso,

se a degradação da flora provocar mudanças climáticas ou alteração de corpos hídricos e erosão a pena é

aumentada de um sexto a um terço.

• Poluição e outros crimes ambientais

A poluição acima dos limites estabelecidos por lei é considerada crime ambiental. Mas, também o é, a

poluição que provoque ou possa provocar danos a saúde humana, mortandade de animais e destruição

significativa da flora. Também é crime a poluição que torne locais impróprios para uso ou ocupação

humana, a poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público e a não adoção

de medidas preventivas em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.

São considerados outros crimes ambientais a pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem

autorização ou em desacordo com a obtida e a não recuperação da área explorada; a produção,

processamento, embalagem, importação, exportação, comercialização, fornecimento, transporte,

armazenamento, guarda, abandono ou uso de substâncias tóxicas, perigosas ou nocivas a saúde humana

ou em desacordo com as leis; construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar empreendimentos

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de potencial poluidor sem licença ambiental ou em desacordo com esta; também se encaixa nesta

categoria de crime ambiental a disseminação de doenças, pragas ou espécies que posam causar dano à

agricultura, à pecuária, à fauna, à flora e aos ecossistemas.

• Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural

Destruir, inutilizar, deteriorar, alterar o aspecto ou estrutura (sem autorização), pichar ou grafitar bem,

edificação ou local especialmente protegido por lei, ou ainda, danificar, registros, documentos, museus,

bibliotecas e qualquer outra estrutura, edificação ou local protegidos quer por seu valor paisagístico,

histórico, cultural, religioso, arqueológico e etc.. Também é considerado crime a construção em solo não

edificável (por exemplo áreas de preservação), ou no seu entorno, sem autorização ou em desacordo

com a autorização concedida.

• Crimes contra a administração ambiental

Os crimes contra a administração incluem afirmação falsa ou enganosa, sonegação ou omissão de

informações e dados técnico-científicos em processos de licenciamento ou autorização ambiental; a

concessão de licenças ou autorizações em desacordo com as normas ambientais; deixar, aquele que tiver

o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental; dificultar

ou obstar a ação fiscalizadora do Poder Público.

3 A Lei de Crimes Ambientais


Em 12 de fevereiro de 1998 foi a aprovada a Lei de Crimes Ambientais (9.605/98).

Essa lei disciplinou o capítulo de Meio Ambiente da Constituição Federal quanto ao estabelecimento de punições

civis, administrativas e criminais para as condutas lesivas ao meio ambiente.

Por meio dela, são uniformizadas as penalidades antes dispersas em várias leis e as infrações são claramente

definidas. Como destaque dessa nova legislação estão a possibilidade de responsabilização penal da pessoa

jurídica, e também da pessoa física autora e co-autora da infração, e as medidas de controle da atuação de

funcionários de órgãos de controle ambiental (Brasil, 1998 apud Philippi Júnior e Maglio, 2009).

Vamos, agora, conhecer a Lei de Crimes Ambientais na íntegra?

Saiba mais
Para mais informações, leia agora o texto. Lei de Crimes Ambientais:

estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon518/docs

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estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon518/docs
/08GL_aula04_Lei_9605_98_Lei_de_Crimes_Ambientais.pdf.

4 Conclusão
Percebemos que atualmente a questão ambiental é tão urgente, que não somente o meio ambiente precisa de

ajuda, mas as políticas públicas que o preservam e que regulam as atividades que o degrada.

Temos nosso papel nisso e cabe a nós mostrarmos nossa responsabilidade perante o planeta que vivemos. O

surgimento de uma lei que nos ajude a preservar o que temos de patrimônio natural, foi o primeiro passo para

continuarmos a ter esperança na continuidade da vida do homem na Terra.

O que vem na próxima aula


Na próxima aula, você vai estudar:
• os conceitos e aplicações do licenciamento ambiental e as etapas e competências do licenciamento
ambiental.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Analisou a Lei de Crimes Ambientais 9.605/98.
• Reconheceu a aplicação dessa lei tendo um panorama atual da discussão sobre o assunto.
• Verificou o conceito de liderança ambiental e suas formas.

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