Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O Cine Teatro Jandaia foi inaugurado no ano de 1911, fundado pelo comerciante sergipano
João Oliveira, que também era o dono da Panificadora Jandaia, num galpão na Baixa dos
Sapateiros com capacidade para quatrocentas pessoas, exibindo fitas de cinema mudo. No ano
de 1927, após uma série de interdições o Cine Teatro foi fechado.
Seu declínio iniciou no fim dos anos de 1960, com o ingresso das empresas multinacionais de
cinema. Na década seguinte, a mudança do centro comercial para outras áreas, além da
expansão dos shoppings centers, foi crucial para terminar seus anos de glamour. Com a
decadência dos cinemas de rua, o Cine Teatro Jandaia passou por um processo de falência,
chegou a ser utilizado para exibir filmes pornôs e de artes marciais para tentar sobreviver nos
anos de 1990, mas depois entrou em total abandono.
Em 2002, ganhei um edital para montagem de um projeto sobre a Baixa dos Sapateiros, rua
icônica, pois fora a Rua da Vala, onde corria um rio, em terras abaixo do centro histórico e lhe
servia para descarregar as águas servidas da inicial cidade ao alto, para plantio de hortas e
abatedouros, que jogavam os restos dos abates no córrego, tornando o conhecido como Rio
das Tripas. No fim do século XIX com as demandas inclusiva dos escravos recém libertos, a
necessidade de sapatos pelos negros, objeto a estes proibidos enquanto escravos, que se
tornam símbolo de possível integração social, causa o surgimento de aglomeração de
sapateiros, originando o nome Baixa dos Sapateiros, uma primeira e próxima periferia negra
em Salvador. No trabalho sobre a veia urbana, ocorre meu encontro com o abandono e
história do Jandaia, e expus seu interior degradado por 30 dias no Goethe Institut.
Repercutindo seu estado.
Em 2003, ganhei o Prêmio Braskem de Cultura e Arte, em artes visuais, com minhas pesquisa
sobre a Baixa dos Sapateiros, colocada pelo centenário de Ary Barroso, autor da música
conhecida internacionalmente Na Baixa do Sapateiro e crio uma nova montagem sobre a rua,
chamada Cama, Mesa e Banho, abordando aspectos comerciais, de demanda por esses itens
domésticos, da historia de seus cinemas, e os jogos de relações sincréticas entre congregações
e igrejas católicas e irmandades de pretos, terreiros de candomblés e iguarias de origem
africana na rua. Em 2009, quando centenário de Carmen Miranda, que em 1932 se apresentou
no Cine Teatro Jandaia, realizo uma performance para audiovisual abordando de novo o
Jandaia.
Ao Lado do Cine Teatro Jandaia, vizinho, fica o Mercado de Santa Bárbara, com lojas, bares e
restaurantes populares, que também carece de melhorias. Todo o ano no dia 04 de dezembro,
realiza-se festejos para Santa Bárbara no Centro Histórico, com grande força no Mercado que
leva seu nome. Nesse dia é tradição oferecer o Caruru, comida do Orixá Yansã, que se crer ser
o Orixá da santa guerreira católica. O Caruru é na verdade compostos de vários itens, além da
iguaria feita com quiabos que lhe dá o nome. O cortado de quiabo cozido é servido com feijões
fradinho e preto, arroz e milho branco, farofa, frango cozido com azeite de dendê, chamado
Xinxim, banana da terra frita, vatapá, abará e o famoso acarajé.
Ofício das Baianas de Acarajé é bem cultural de natureza imaterial, inscrito no Livro dos
Saberes do IPHAN em 2005, é uma prática tradicional de produção e venda, em tabuleiro, das
chamadas comidas de baiana, feitas com azeite de dendê e ligadas ao culto dos orixás,
amplamente disseminadas na cidade de Salvador. Dentre as comidas de baiana destaca-se o
acarajé, bolinho de feijão fradinho preparado de maneira artesanal, na qual o feijão é moído
em um pilão de pedra (pedra de acarajé), temperado e posteriormente frito no azeite de
dendê fervente. Sua receita tem origens no Golfo do Benim, na África Ocidental, tendo sido
trazida para o Brasil com a vinda de escravos dessa região.
Fontes:
http://www.ipatrimonio.org/salvador-cine-teatro-jandaia/#!/map=38329&loc=-
12.970354000000007,-38.50715700000001,17
MONIZ, GERALDO. Vitral 'Art nouveau' do Cine Teatro Jandaia será restaurado pelo IPAC.
Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia. 2015.
GÓIS, ANA: Cine Teatro Jandaia - "Art Déco" em Salvador. O "Palácio das Maravilhas",
primeiro "arranha-céus" da cidade. Mais de Salvador: Jornal A Tarde. 24 de maio de 2011.
NATIVIDADE, PRISCILA. Cine Jandaia ganha 'abraçaço' pela revitalização cultural do espaço.
Jornal Correio da Bahia. 18 de agosto de 2018.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cine-Teatro_Jandaia
http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/58