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Manifesto da Legião Anchieta

O homem moderno não é feliz e a sociedade se corrompe


progressivamente. As famílias se dissolvem, a violência e o crime
são cada vez mais frequentes e o bem comum é completamente
ignorado de nosso cenário político. Cada vez mais parecem se
cumprir os sinais dados por Deus.

O que devemos fazer para voltar a ser felizes? Fazer o que


fazíamos quando éramos felizes. Nós propomos um projeto de
restauração nacional baseada nos três pilares fundamentais de
nossa tradição: Deus, ou a entronização de Cristo como rei da
sociedade; Pátria, ou o retorno à constituição orgânica da nação,
baseada na família; e Imperador, ou a busca da unidade nacional
em direção à vocação da nação.

Todo brasileiro é convocado a lutar pela nova Reconquista,


para que mais uma vez Cristo reine sobre nossa nação. Devemos
então, entender cada um destes três pilares, Deus Pátria e
Imperador.

Deus

1. A Realeza Social de Cristo

O coração da vida de todo católico é a Realeza Social de


Nosso Senhor Jesus Cristo. A Cristo Homem foi dado o poder
sobre todas as criaturas, homens e nações. Isto se dá,
primeiramente, por direito de nascimento, isto é, em virtude da
união hipostática da natureza humana do Cristo com a natureza
divina da segunda pessoa da Santíssima Trindade. Além disso,
também Cristo é Rei por direito de mérito: o sacrifício do Verbo
Encarnado na cruz foi o
mais caro já realizado. Possui valor infinito, e foi oferecido
gratuitamente pela redenção de nossos pecados; assim, já não nos
pertencemos, mas somos membros do Corpo Místico de Cristo,
que vertido de seu flanco ferido se constituiu na Santa Igreja
Católica.

E desta mesma Igreja fazem parte não apenas os sacerdotes


e fiéis. Assim como os cristãos somos membros da Igreja a título
de pessoa física, também os poderes civis e as nações cristãs
eram membros da mesma Igreja a título de pessoa moral. Isto
constituiu a chamada Cristandade: é o Reinado de Cristo sobre os
corações dos homens e sobre as sociedades, subordinados à
Santa Igreja enquanto membros de um corpo orgânico.

Esta Igreja se converterá na Jerusalém Celeste no fim dos


tempos, e fora dela não há salvação. Ou a sociedade e seus
homens se ajoelham perante Cristo ou serão apenas um cadáver
de sociedade, a ser consumido como carniça por demônios.

Se ajoelhar perante Cristo é reconhecer sua supremacia de


poder legislativo, judiciário e executivo. Legislativo, pois promulga
leis perfeitíssimas e eternas, como visto nas Sagradas Escrituras;
Judiciário, pois declara o ter recebido do Pai - Assim também o Pai
não julga ninguém, mas entregou todo o julgamento ao Filho;
Executivo, porque a Cristo compete dominar todo anjo e todo
homem, e aquele que se afasta de seu domínio cai na condenação
eterna.

Assim, todas as instituições devem se ordenar a Cristo, ou


seja, tê-lo por fim último. A doutrina católica deve penetrar todos os
aspectos da sociedade civil para moldá-la e torná-la instrumento de
salvação das almas. No tempo áureo da Cristandade, os príncipes
e magistrados auxiliavam a Santa Igreja no seu papel de
Mãe e Mestra. Desta sociedade surgiram as catedrais, as
universidades e as caravelas. Mas este brilho material só foi
possível porque o objetivo último da sociedade não era a vanglória
material, mas a maior glória de Deus.

E no entanto, destronaram-No.

2. Apostasia das nações

A rebelião da cidade dos homens contra a Cidade de Deus


começa já no século XIV, motivada pelo orgulho dos homens.
Felipe o Belo, rei da França, se rebela contra o Papa Bonifácio VIII
e rejeita a subordinação de seu poder civil à Igreja. Promove o
atentado de Anagni, onde o Santo Padre, já com 73 anos, é
esbofeteado. Bonifácio falece pouco tempo depois, e seu sucessor,
Clemente V, é sequestrado pelo monarca francês, iniciando o
cativeiro de Avignon. Os papas não mais agem como vigários de
Cristo, mas como capelães do rei francês. Cristo não mais reina
sobre os estados.

Sem se colocar sob o estandarte de Cristo, as nações se


corromperam em um rápido processo: No século XVI explode a
heresia protestante, que divide a Europa. Guerras religiosas ferem
a Cristandade e culminam nos tratados de Augsburgo e Vestfália,
fazendo reinar o princípio cuius regio, eius religio: siga-se a religião
do dono da região. Os príncipes são agora a suprema autoridade
religiosa sobre seu território, e a Igreja perde extensos territórios no
norte da Europa, que passam a negar a autoridade papal e o
caráter sacrificial da Santa Missa.

Já no século XVIII é formalizada a maçonaria, seita satânica


que busca uma sociedade sem influência da Santa Igreja e sem as
hierarquias naturais: na busca deste sonho, o solo da Europa foi
regado com o sangue de padres, bispos, nobres e reis. Mesmo nos
países que mantiveram uma Coroa, os ideais iluministas e avessos
à Igreja se propagaram. Reina agora não os reis, mas o “povo”,
figura abstrata que esconde a manipulação do poder pelas
oligarquias iluministas;

No século XX, encerra-se a Primeira Guerra Mundial, e


qualquer resquício da velha ordem temporal cristã é apagado: no
Ocidente, impera o sistema de repúblicas liberais e democráticas
sobre o cadáver das já decadentes monarquias, e o sistema
jurídico das Ordenações, que tinha suas raízes no próprio Império
Romano, é apagado e substituído pelos códigos jurídicos e
constituições divorciadas de qualquer noção transcendente de
moral; no Oriente, caem as monarquias e sobem as repúblicas
comunistas, que jogam a região em décadas de terror e
perseguição a Cristo.

Este processo culmina com a rebeldia da própria hierarquia


eclesiástica: o último Papa a insistir na doutrina da Realeza de
Cristo foi Pio XII. A partir de João XXIII, o câncer revolucionário
infiltrado na Igreja entra em metástase, tingindo de modernismo
todas as esferas da vida eclesiástica: a doutrina da Realeza de
Cristo não mais é repetida; a liturgia milenar é perseguida; o
indiferentismo religioso ganha imensa força, culminando com os
Encontros de Assis, onde os papas João Paulo II e Bento XVI se
submeteram a rituais com pagãos.

Resta ao cristão lutar palmo a palmo pela defesa e expansão


do domínio de Cristo.

3. A Luta por Cristo

A luta pela Realeza Social de Nosso Senhor Jesus Cristo


abrange todos os aspectos da vida do cristão. Dois erros devem
ser ativamente evitados: de um lado, a noção de que o Reinado de
Cristo se dá apenas nos corações dos homens, não sendo
necessária a defesa da subordinação dos poderes civis à Igreja.
De outro lado, a vida devotada à cristianização das instituições
mas afastada da vida interior e da busca da santidade, em uma
visão quase utilitarista da fé.

O homem tem por fim último dar maior Glória a Deus. O


cristão deve compreender que a defesa da Realeza Social de
Cristo é necessidade de nossa busca pela salvação. Divorciar
estes dois objetivos é a causa do erro de inúmeros movimentos
que, apesar de algumas virtudes, negavam ou a luta pela vida
interior ou a luta pela subordinação do poder civil ao eclesiástico.

Assim, o católico deve defender a Realeza de Cristo:

No coração dos homens: O homem deve ter a Deus ao mesmo


tempo como causa final e como princípio de todas as suas ações.
Deve seguir sempre o decálogo e julgar todos os aspectos de sua
vida sob a ótica da Glória de Deus e não deve jamais descuidar de
sua vida interior, buscando sempre frequência nos sacramentos, na
oração (em particular o rosário) e na meditação, pois a vida interior
é a seiva que alimenta as obras externas. Sem esta, não é possível
nem lograr êxito neste mundo nem salvar-se na eternidade;

No seio familiar: Cristo é senhor das famílias, e apenas com sua


Graça seus membros obtêm a virtude necessária para seu bom
funcionamento. Sem reconhecer o domínio de Cristo, os filhos se
orgulham e se rebelam contra os pais, e os pais descuidam da
salvação dos filhos. A família deve reconhecer que sua finalidade é
a Glória de Deus através da procriação e formação dos filhos, de
forma que é essencial defender a única constituição real de família:
um pai, uma mãe e seus filhos (bem como a repetição desta
estrutura pelas gerações nas famílias estendidas);

Na vida comunitária: o homem jamais deve separar sua vida em


comunidade de sua Fé. Os princípios da Santa Igreja devem
permear todas as relações sociais, tornando a sociedade um meio
de salvação e ao mesmo tempo criando as condições para a
felicidade natural ainda nesta terra. As relações entre vizinhos,
entre patrões e empregados, entre professores e alunos e entre
autoridades e comandados devem sempre buscar ordenar-se ao
bem comum e à Glória de Deus. A educação autêntica não
desprezará o ensino religioso; o patrão justo cuidará da formação
espiritual de seus empregos; a sociedade como um todo cuidará
dos pobres por amor a Deus e buscará auxiliá-los não só
materialmente, mas antes de tudo espiritualmente. Esta
comunidade cristã teve sua expressão máxima no medievo,
quando diversas instituições eram acompanhadas de irmandades
religiosas que garantiam o zelo pelo aspecto espiritual das relações
sociais;

Na nação: as nações autenticamente cristãs não apenas


reconhecem em caráter oficial a Santa Igreja, mas também se
ordenam essencialmente a Ela. O estado católico é membro da
Igreja enquanto pessoa moral, assim como os fiéis somos
membros da Igreja enquanto pessoa física. A sabedoria do
Evangelho deve penetrar todas as leis e instituições do país,
garantindo que os princípios que o guiam sejam os princípios do
decálogo revelados a Moisés. A lei maior do Estado cristão é a
salvação das almas, e ele tem o dever de auxiliar ativamente a
Igreja neste fim, como o fez Portugal na época das navegações.
Também as relações entre os
os Estados devem reger-se pelas leis da Igreja: a diplomacia deve
ser exercida visando antes de tudo a expansão da Fé e a
soberania das nações cristãs, e a guerra deve ser conduzida
segundo os princípios da guerra justa;

Na hierarquia eclesiástica: é fundamental para a Realeza de Cristo


que seu Corpo Místico seja atuante em seu favor. Conquanto a
Santa Igreja seja santa e sua doutrina seja imutável, o mesmo não
se pode dizer de seus pastores. Raríssimos são os sacerdotes que
ainda defendem explicitamente a supremacia da Igreja sobre as
sociedades. Os leigos podem fazer muito pouco em relação a esta
situação: em nossa condição de ovelhas, nos resta rezar por
nossos pastores para que mais uma vez defendam que o sacrifício
da Missa é o cume da vida social, que a Fé católica é a única
verdadeira e que fora da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica
não há salvação;

É possível que se objete: neste mundo em que parece


impossível que se restaure a Realeza de Cristo, por que adotar
esta bandeira? Duas razões. Primeiramente, Deus é Senhor dos
Exércitos e da História, e não nós. Se for da vontade divina a
restauração da Cristandade e da Realeza Social de Cristo, assim o
será, pois não há conspiração revolucionária que chegue perto do
poder de Deus. Em segundo lugar, o católico deve ter em mente
que a vitória neste mundo não importa. Diz-nos São Paulo em sua
segunda epístola a Timóteo: “Combati, até o fim, o bom combate,
acabei minha carreira, guardei a Fé. De resto, está-me preparada a
coroa da justiça que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia;
porém não só a mim, mas também àqueles que esperam com
amor a Sua vinda.” Cristo não pede que vençamos o combate, pois
somente a Ele cabe a vitória. Cristo nos pede que lutemos, ainda
que lutemos com esperança contra a esperança mesma, nas
palavras do Cardeal Pio de Poitiers. Lutemos pela bandeira de
Cristo e nos juntemos à sua legião, não por que Ele precisa de
nós, mas por que nós precisamos dele. Pela maior Glória de Nosso
Senhor Jesus Cristo, viva Cristo Rei.

Pátria

1. A Família

A nação é uma instituição natural. É formada pela inclinação


social da natureza humana, não por ideias abstratas, como
quiseram os modernos. Nos fundamentos da pátria, encontramos
uma verdade já conhecida pelo Filósofo: “O homem é um animal
social, ou seja, naturalmente busca formar sociedades com outros
homens visando alcançar suas finalidades do corpo e da alma.”

A partir desta tendência à vida social, os homens formam a


mais natural das sociedades: a família. Esta é a célula mãe da
sociedade, e antecede o estado e todas as demais instituições
civis. O matrimônio é um laço natural que une um homem e uma
mulher em uma só carne até a morte. Cristo abençoa em particular
o matrimônio entre os cristãos, tornando-o um sacramento, ou seja,
um sinal sensível e eficaz da Graça divina, de forma a auxiliar os
esposos em sua missão.

Esta missão é, em primeiro lugar, a procriação da espécie


através da geração de nova vida e a criação dos filhos, e
secundariamente o mútuo apoio entre os esposos. A família deve
ser, portanto, provida das liberdades e meios necessários para a
execução deste fim, e deve ordenar-se em todos os seus aspectos
a Deus. É dever dos pais criar seus filhos como bons cristãos e
guiá-los na vida seguindo a lei de Deus; e é dever dos filhos
obedecerem, honrarem seus pais e respeitar sua autoridade
até onde lhes permite a Fé.

E a família é a célula mais fundamental da sociedade como


um todo. Com o passar das gerações, um único núcleo familiar
gerará dezenas de outros, e cada um destes firmará laços com
ainda outros através de matrimônios que os unirão de forma cada
vez mais profunda. Assim, a população de uma determinada região
tende a se tornar mais coesa na medida em que a instituição
familiar é mais forte. Mesmo na antiguidade pré-Cristã se percebe
esta estrutura perfeitamente natural. As cidades antigas eram
formadas da união de tribos; estas, da união de clãs; e estes, da
união de núcleos familiares.

Ressalte-se que é dever do católico defender esta


constituição natural da família dos amplos ataques que esta vem
sofrendo. As forças satânicas e anticristãs tentam travestir toda
sorte de perversão sexual como uma família, minando seu caráter
sagrado e sua finalidade natural. Estas perversões são fruto do
orgulho, e levam à condenação das almas e à dissolução das
sociedades.

2. Os Corpos Intermediários

A organização familiar ainda não abarca toda a vida social.


Uma família não consegue produzir todos os bens materiais de que
necessita para uma vida confortável, e não consegue suprir todas
as necessidades espirituais de seus membros. Assim, é
conveniente que os homens se organizem também em sociedades
além do núcleo familiar, com a finalidade de ordenar ao bem
comum os diversos aspectos da vida comunitária. Estas
sociedades são denominadas como corpos intermediários. E foi
justamente na cristandade medieval, quando a filosofia do
Evangelho permeava todas as relações sociais, que os corpos
intermediários tiveram sua expressão mais perfeita. Nas cidades
medievais, fiéis com uma devoção particular se uniam para exercer
e manter esta devoção. Surgiam assim as irmandades religiosas,
que congregavam leigos para finalidades exclusivamente religiosas
em um primeiro momento. Mas logo a virtude cristã da Caridade
floresceu de tal forma nas irmandades que estas passaram a ser
as grandes responsáveis por trabalhos em prol do bem-estar
social, cuidando de hospitais, dando comida aos pobres,
organizando as festas religiosas e ocupando diversos outros
papéis sociais. Pela maior Glória de Deus, as irmandades
religiosas fizeram um enorme bem temporal à sociedade, mas um
bem espiritual ainda maior.

Este espírito que animava as irmandades religiosas foi


percebido e mimetizado também pelas associações comerciais,
que foram progressivamente moldando-se à moral cristã e deram
origem ao mais perfeito arranjo trabalhista da história: a corporação
de ofício. As corporações eram associações entre os diversos
profissionais de determinado ofício para harmonizar os interesses
dos mestres, empregados, aprendizes e consumidores. Sua
estrutura era uma hierarquia em que mestres tinham o dever de
levar seus subordinados à virtude Cristã e ensiná-los o ofício. Além
disso, as corporações ordenavam a produção ao bem comum: os
produtos deveriam ser comercializados a um preço justo; não alto
demais a ponto de lesar os consumidores, nem baixo demais a
ponto de concorrer deslealmente com os demais produtores.
Também deveria manter-se um salário justo, que permitisse ao
trabalhador sustentar a si e à sua família com uma jornada de
trabalho que lhe permitisse ainda dedicar-se à religião, à família e à
vida comunitária.
O são corporativismo imperou durante o medievo e se
manifestou ainda em outras áreas: a união de estudantes
eventualmente deu nascimento às universidades, invenção da
Cristandade que trouxe um inquestionável avanço intelectual para
a civilização cristã; cavaleiros se uniam em ordens militares que
transcendiam os domínios nacionais, sendo responsáveis pela
defesa da Cristandade frente a ameaças externas, como o perigo
maometano que tanto mal fez no oriente.

E estas corporações se mantiveram até sucumbirem para o


liberalismo, que as combateu em nome das liberdades individuais.
Paradoxalmente, quem assumia as competências que antes
cabiam a estas instituições orgânicas foi o estado moderno; em
nome das liberdades individuais, deu-se uma enorme centralização
de poder nas mãos das monarquias, que já não se colocavam sob
a Realeza de Cristo.

3. O Município

As famílias e os corpos intermediários ainda necessitam de


uma estrutura que coordene todos estes membros sociais em torno
de um bem comum. Da união das famílias e corpos sociais de uma
determinada localidade surge então o município, uma autêntica
família de famílias reunidas sob um governo comum e autônomo.
Esta instituição natural e jurídica tem suas origens na antiguidade,
e teve um papel fundamental na formação da Terra de Santa Cruz.
Os primeiros municípios foram estabelecidos aqui já em 1532, e
sua história praticamente coincide com a nossa.

O município tem o papel de intermediar a relação das


famílias com o estado. Por um lado, representa as famílias,
protegendo as instituições e os costumes locais. A todas as
questões que
concernem os problemas locais, deve ser autônomo. E compete ao
município versar sobre os problemas locais devido a sua própria
constituição: o governo municipal autêntico e tradicional deve ser
formado não pela ilusão moderna dos votos individuais, mas deve
refletir a estrutura orgânica da sociedade, dando voz e
representação aos corpos sociais diversos.

Por outro lado, o município representa a unidade da nação,


fazendo valer os princípios fundamentais da fé cristã e da pátria. O
governo do município deve proteger e ordenar todos os corpos
sociais ao bem comum, de forma que estes tenham como
finalidade a salvação dos homens e o bem da pátria.

4. A Nação

A nação é a união orgânica de todos estes corpos sociais.


Famílias, corpos intermediários e municípios estão unidos entre si
por laços espirituais, históricos, linguísticos, geográficos, entre
outros. E esta união cristaliza-se no arranjo jurídico do estado, que
deve justamente ter por base esta ordem orgânica. Assim, o estado
autêntico e orgânico é uma federação de famílias, corpos
intermediários e municípios que se unem em uma estrutura jurídica
em prol do bem comum. Este bem comum, que é a finalidade do
estado, é o conjunto de condições necessárias para que os
membros da sociedade sejam felizes cumprindo sua finalidade,
que é a salvação eterna.

No campo temporal, estas condições incluem primeiramente


a manutenção de uma ordem jurídica que garanta a paz, ou seja, a
tranquilidade na ordem; em segundo lugar, a abundância de bens
materiais necessários para a continuidade das instituições e
bem-estar dos indivíduos. Assim, o estado possui uma finalidade
jurídica, visando ordenar as relações dos membros sociais entre si,
e uma finalidade econômica, visando coordenar as atividades dos
membros sociais.

Entretanto, esta finalidade temporal é vazia e sem valor se


não se ordena à finalidade espiritual do Estado: Ora, a sociedade
é uma reunião de homens, portanto tem por fim último o mesmo
fim último dos homens que a constituem. Assim também o Estado
tem por fim último a maior Glória de Deus e a salvação dos
homens. Deve o estado reger todas as suas ações tendo em vista
a filosofia do Evangelho; e deve o Estado ajoelhar-se perante o Rei
dos reis Nosso Senhor Jesus Cristo e reconhecer sua Realeza
sobre todas as sociedades humanas, subordinando-se a Ele
através da ordenação do poder temporal ao poder eclesiástico,
sendo guiado pela Igreja e auxiliando-a em sua missão
evangelizadora. Assim, todas as nações cristãs são irmanadas por
um laço eterno que é a Realeza de Cristo. O conjunto das nações
cristãs compõem a Cristandade, que em seus tempos áureos no
medievo foi como uma federação de estados capitaneados pela
Santa Igreja, e os estados, com todos os seus defeitos, eram
instrumento para a salvação de almas.

5. Erros Modernos

As falsas filosofias modernas comumente trazem dois erros a


respeito da relação entre os indivíduos, as sociedades
intermediárias e o estado.

De um lado, a visão liberal enxerga as sociedades como


meros agrupamentos de indivíduos, sem uma natureza própria.
Assim, a partir das revoluções liberais os corpos intermediários
foram sendo combatidos por supostamente serem entraves à
liberdade individual. A evolução deste pensamento corroeu até
mesmo a autoridade familiar, que passou a ser cada vez mais vista
apenas como um conjunto acidental de pessoas morando sob um
mesmo teto. Entretanto, ao invés de maximizar a liberdade
individual, esta mudança levou ao estado absorvendo as
competências dos corpos sociais orgânicos, levando a um período
de extrema hipertrofia estatal.

No outro lado do espectro temos os diversos totalitarismos,


que buscam dissolver os indivíduos e corpos sociais em uma
massa disforme. As autonomias locais são rejeitadas em nome da
centralização cada vez maior, até o ponto em que a pátria se
equivale ao Estado.

Apesar de parecerem opostos, ambos os erros têm a mesma


base: a negação das relações orgânicas entre os homens. Assim, a
sociedade liberal e a sociedade totalitária buscam uma sociedade
de indivíduos atomizados e indefesos perante um Estado absoluto
e servo de Satanás.

Imperador

Há 3 formas de regimes políticos ordenados ao bem comum:


a democracia, ou governo de muitos, a aristocracia, ou governo de
poucos, e a monarquia, ou governo de um só. Entre estes, o mais
conveniente é a monarquia, como se vê nas obras de Aristóteles e
Santo Tomás de Aquino. O motivo para isto é a unidade que o
regime monárquico traz para a sociedade e seu governo.

1. Unidade Política

O Estado é formado por diversos corpos sociais, com interesses e


anseios distintos. Quando estas disputas tomam contornos
políticos, ameaçam o Estado e o bem-estar social. Assim, é papel
do monarca harmonizar as atividades de todos os membros do
Estado, não absorvendo suas competências, mas guiando-as
paternalmente.

Esta função da autoridade política não é perfeitamente


exercida nos outros regimes. A democracia depende de uma
população com uma maioria que busque o bem comum. Em caso
contrário, se degenera em um Estado caótico, onde as disputas
políticas são generalizadas e cada homem busca sobrepor seus
interesses mais baixos sobre os demais.

A aristocracia, por sua vez, costuma trazer um elemento de


virtude mais sólido, visto que se baseia em uma classe
tradicionalmente valorosa. A família é o mais efetivo instrumento de
transmissão de valores, de forma que a degeneração da
aristocracia é mais lenta. Mas até mesmo a classe aristocrática
está sujeita ao mais capital dos pecados: o orgulho. A vontade de
sobrepor sua casa às demais, ainda que motivada por uma noção
de mérito maior, leva a conflitos entre as famílias governantes, o
que levou à dilaceração de diversos estados.

Apenas o regime monárquico faz com que o chefe de Estado


lute em prol da pátria de fato. Ora, já possuindo o poder, não
precisa conspirar para obtê-lo; sabendo da vitaliciedade de seu
cargo, não se apressa em pilhar o estado como os presidentes das
repúblicas liberais; e legando sua posição a seus descendentes,
buscará fortalecer o Estado a longo prazo, fugindo dos
imediatismos.

O monarca não é apenas uma proteção contra os conflitos


internos do país, mas também é uma muralha contra as
interferências estrangeiras. As democracias liberais são suscetíveis
à manipulação por forças estrangeiras que financiam
campanhas, interferem na mídia e compram autoridades eleitas.
Os deputados são antes diplomatas extraoficiais de nações
estrangeiras que representantes de seu próprio povo. O monarca,
por sua vez, é criado desde sua infância como representante dos
valores nacionais, e tem os interesses do Estado como seus
próprios.

2. Unidade histórica

A sociedade não surge do nada. É fruto de um longo


processo histórico que expressa a vocação da pátria e seus
fundamentos. O monarca reflete essa realidade carregando em si
não apenas a unidade política atual da nação, mas também sua
unidade histórica. Ele representa os anseios dos grandes santos,
heróis e sábios que construíram a sociedade, e levanta a bandeira
da missão histórica legada à sua pátria por Deus.

No caso desta Terra de Santa Cruz, nossa missão é uma


continuação da vocação lusitana. Portugal surge como uma nação
filha da Reconquista. Teve que lutar pela sua própria sobrevivência
contra o inimigo islâmico, e foi forjada na cruzada pela expansão
do Reino de Cristo. Não tendo onde mais lutar na terra, foi lutar no
mar. Assim, as navegações portuguesas foram animadas pelo
mesmo espírito das cruzadas. As caravelas que saiam da costa
lusitana tinham a Cruz da Ordem de Cristo em suas velas, e os
primeiros colonos do Brasil foram padres que vinham para cá com
o objetivo de catequizar os indígenas. A vocação de Portugal foi
ser nação missionária, propagando a Fé para os povos que não
conheciam o Evangelho.

Esta vocação sempre foi indissociável da Coroa Portuguesa.


Geração após geração, os monarcas portugueses herdavam a
missão de auxiliar a Igreja em seu papel salvífico. O Brasil mesmo
foi obra de grandes monarcas, como Dom Manuel I, Dona Maria I e
Dom João VI. Sendo a família o instrumento mais eficiente para a
transmissão de valores, é evidente que a manutenção hereditária
da Coroa é elemento fundamental da unidade histórica da nação

O Brasil deve recuperar esta vocação. Se colocando sob o


Reinado de Cristo, a Terra de Santa Cruz deve ser a ponta de
lança nesta guerra espiritual e política.
Credo Legionário

Afirmamos a Fé na Santíssima Trindade, Deus Uno e Trino;

Afirmamos a Fé na encarnação da Segunda Pessoa da Santíssima


Trindade, que se fez homem em Jesus Cristo Nosso Senhor;

Afirmamos a Fé no caráter salvífico da paixão de Sua paixão;

Afirmamos a Fé na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica, corpo


místico de Cristo vertida do flanco de nosso Senhor em sua paixão,
única religião verdadeira;

Afirmamos a Realeza de Nosso Senhor Jesus Cristo sobre todos


os homens, famílias e nações, obtida pela união hipostática com
Deus e por conquista através de seu sacrifício infinito na cruz; esta
Realeza dá-se pela subordinação essencial dos poderes civis ao
Corpo Místico de Cristo, a Santa Madre Igreja;

Afirmamos o dever de todo católico de levantar a bandeira da


Realeza de Cristo sobre as sociedades e lutar abertamente por ela,
apesar de toda improbabilidade que o mundo possa apresentar;

Afirmamos a Fé na vitória de Cristo sobre as hostes infernais no


fim dos Tempos; na completação do número dos eleitos e no juízo
universal; na conversão da Igreja em Jerusalém Celeste e na
Glória Eterna de Deus reinante sobre novos céus e nova terra;

Afirmamos a família como a célula mais fundamental da nação, em


sua constituição natural: homem e mulher unidos em laço
matrimonial para a procriação;
Afirmamos o caráter sacramental conferido por Nosso Senhor
Jesus Cristo ao matrimônio cristão, elevando-o em sacralidade e
dignidade;

Afirmamos a necessidade dos homens de se organizarem em


sociedades visando um fim comum, levando à formação de corpos
intermediários que rejam a vida social de forma ordenada ao bem
comum e a Fé;

Afirmamos a necessidade de famílias e corpos intermediários de


uma mesma localidade se organizarem na instituição natural do
município, visando seu governo em ordem ao bem comum e à Fé;

Afirmamos o estado como união orgânica entre famílias, corpos


intermediários e municípios que compartilham de laços de fé e
história;

Afirmamos as finalidades do Estado de promover o bem comum e


auxiliar a Igreja, promovendo a paz e garantindo os meios
necessários para a felicidade terrena e a salvação eterna;

Afirmamos novamente a Realeza de Cristo sobre a nação, pois


uma nação que não se ajoelha perante Cristo é como um corpo
sem alma; se torna carniça para demônios e se degenera até sua
completa aniquilação;

Afirmamos a superioridade da monarquia enquanto regime para


governar a nação devido à unidade que esta traz, sendo mais
conveniente que a democracia e a aristocracia;

Afirmamos a proveniência divina de toda autoridade civil, do pai de


família ao soberano da maior nação;
Afirmamos a Coroa como laço nacional que une todos os corpos
sociais em uma nação coesa e ordenada ao bem comum;

Afirmamos o legado histórico desta Terra de Santa Cruz, herdado


da Reconquista Ibérica e das Navegações Portuguesas, que
tiveram por finalidade a expansão do Reinado de Cristo;

Afirmamos nossa tradição monárquica ibérica iniciada na


Reconquista, que fundou esta Terra de Santa Cruz; e se manteve
viva através de Dona Isabel, a Redentora, que, mesmo sem o
exercício do governo, guardou o Trono do Brasil e reafirmou seu
caráter indissociável à Fé cristã; e repousa hoje sobre Dom
Bertrand;

Afirmamos o caráter criminoso e revolucionário do golpe de 1889,


que lutou contra as poucas instituições civis que continuavam
nossa tradição;

Afirmamos que esta tradição monárquica é justificada por seu


dever de manter a vocação católica da nação; e sem esta
finalidade, não encontraria razão de ser; é dever de todo detentor
do trono desta Terra de Santa Cruz de lutar com todos os meios
disponíveis pela restauração do Reinado Social de Nosso Senhor
Jesus Cristo; sem a luta por esta bandeira, o soberano não pode
exercer plenamente sua autoridade e receberá o devido juízo de
Deus por não ter cumprido o dever que esta autoridade traz;

Viva Cristo Rei

Glória à Santíssima Trindade

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