Império Romano-Germânico. • No entanto, o Sacro Império Medieval enfrentava duas grandes dificuldades para se consolidar como uma unidade política: - A primeira dificuldade era a multiplicidade de centros de poder, PERGUNTAS NORTEADORAS: como reinos, senhorios, comunas, 1) Quais as características diferenciais organizações religiosas e corporações do Estado medieval? de ofício, todos orgulhosos de sua 2) Como se dá a relação entre fé e independência e autoridade. razão para Agostinho? 3) Em que consiste a concepção - A segunda dificuldade era a agostiniana de Cidade de Deus e própria relação entre o Imperador e a cidades dos homens? Igreja, com imperadores que tentavam 4) Como Agostinho desenvolveu seu influenciar assuntos eclesiásticos e argumento sobre Justiça e injustiça a papas que tentavam controlar tanto partir da crítica ao argumento assuntos espirituais quanto temporais ciceroniano? (políticas) 5) Como Tomás de Aquino compreendia a justiça e o pecado • Assim, embora formalmente o Sacro originais? Império fosse a unidade política 6) Em que consistem os conceitos de superior, na prática, havia dificuldades Bem Comum e de Sumo Bem para significativas em relação à autoridade Tomás de Aquino? e à hierarquia. 7) Qual a relação ente poder temporal e poder espiritual, segundo Tomás de Aquino? Estado medieval: invasões bárbaras e Estado medieval: feudalismo • Invasões bárbaras: novos costumes, cristianismo estimulando as próprias regiões • O Cristianismo aspirava à invadidas a se afirmarem como universalidade, promovendo a ideia de independentes. igualdade entre as pessoas, mesmo - Ordem (governos) precária, as que ainda não eram cristãs. improvisação de chefias, abandono ou transformações • A Igreja Católica buscava estimular de padrões tradicionais, a unidade política através da formação constante situação de guerra, do Império da Cristandade, indefinição de fronteiras exemplificado pelo título de Imperador políticas concedido pelo Papa Leão III a Carlos • Feudalismo: dificuldade do comércio ▪ Influências Filosóficas: experimentou em se desenvolver e valorização da o maniqueísmo (politeísmo, existência posse de terra. Os laços poderiam do Bem e do Mal) e o neoplatonismo ocorrer por meio da: vassalagem, (influenciado por Plotino). Sua benefício e da imunidade conversão ao cristianismo ocorreu em Milão, onde conheceu Santo
As origens da filosofia Ambrósio.
▪ Obras Notáveis: cristã: - "Contra os Acadêmicos" (388). - "A Trindade" (399-419). ▪ São Paulo: a concepção de uma - "Confissões" (397). religião independente do judaísmo e - "A Cidade de Deus" (413-427). universal (não apenas de um povo, mas de todo o Império, de todo o mundo conhecido). Fé e Razão: “Não há judeu, nem grego, nem ▪ Acredita-se que a presença de uma escravo, nem homem livre, nem alma racional é essencial para a homem, nem mulher: todos sois um no crença. Cristo Jesus” Gálatas 3: 28 ▪ A fé é necessária para complementar ▪ As condições de possibilidade de a razão, especialmente quando uma religião universal: língua comum, confrontada com o desconhecido. cultura hegemônica, projeto de ▪ Agostinho postula que tudo no Império. mundo, incluindo nossos ▪ Consolidação com batismo de pensamentos, foi criado por Deus, o Constantino (337) e religião oficial do que implica que ao conhecer a Império Romano (391). criação, podemos entender melhor o Criador. Vida e obra de Santo ▪ Através da filosofia e da contemplação da criação, o homem Agostinho: pode vislumbrar parte do plano divino, ▪ Aurélio Agostinho (354-430), nasceu revelando insights sobre o propósito no norte da África, na região da da existência. Numídia. Filho de pai pagão e mãe cristã, converteu-se ao cristianismo no Cidade de Deus e Cidade final de sua vida. ▪ Educação e Carreira: estudou dos Homens: retórica e latim, inspirado por Cícero. ▪ Agostinho fala sobre duas cidades: Foi professor de retórica em Cartago, uma terrena, focada no amor próprio Roma e Milão. e na glória dos homens, e outra ▪ Vida Religiosa: fundou uma celestial, dedicada ao amor a Deus e comunidade religiosa em Tagaste. à busca pela glória divina. Tornou-se sacerdote e, mais tarde, bispo em Hipona. ▪ Ele descreve os seres humanos multidão de seres racionais associado como divididos entre aqueles que pela concordância comum das coisas vivem de acordo com as normas que ama", onde Deus e justiça não humanas e aqueles que vivem de influenciam na definição do que é um acordo com as leis divinas. povo ou república, bastando ▪ Essas duas cidades coexistem na considerar o que esse conjunto de vida terrena, mas serão separadas no pessoas ama. juízo final. ▪ Agostinho discute como construir (In)Justiça uma sociedade com base no objetivo ▪ Agostinho conclui que é injustiça não comum de alcançar a felicidade e a servir a Deus porque é natural que o paz, tanto individualmente quanto em superior domine sobre o inferior, já conjunto. que o inferior não consegue moderar a si mesmo. ▪ Ele argumenta que a justiça não é algo inerente às cidades terrenas, pois Argumento os interesses dos homens entram em
ciceroniano: República conflito, e nenhuma cidade busca
sempre o bem supremo. ▪ Cícero via a justiça como o ▪ A justiça é encontrada apenas na fundamento da república, definindo-a Cidade de Deus, que não se confunde como "a coisa do povo" e o "povo" com nenhuma cidade terrena. como "a união de muitos, associada ▪ Consequentemente, a injustiça é pela concordância no direito e pela definida como não servir a Deus, e é utilidade comum". considerado justo que o superior ▪ Ele argumentava que direito (ius) e domine sobre o inferior, pois o inferior justiça (iustitia) não podem ser não consegue se moderar. separados, pois onde não há justiça, não pode haver direito verdadeiro. ▪ Agostinho concordava com Cícero e concluía que sem justiça, não há Contexto histórico: a possibilidade de uma associação Baixa Idade Média baseada no direito, logo, sem justiça, direito, ou povo, não pode haver ▪ Flandres e Itália: Desenvolvimento república. de artesanato, comércio e imigração. ▪ Agostinho argumentava que o erro ▪ Surgimento de Cidades na Itália: de Cícero não foi sua crença em Florença, Bolonha, Milão, Pádua, Deus, mas sim sua definição entre outras, que serão importantes equivocada de povo, ligada à definição para o Renascimento. de justiça. ▪ Novas Relações Sociais: Surgimento ▪ Agostinho propunha uma nova das corporações de ofício. definição de povo como "o conjunto da ▪ Universidades e Ordens Religiosas: para refutar o protestantismo e seu Aparecimento das universidades e pensamento teológico influenciou criação das ordens religiosas profundamente a Igreja Católica. franciscanas e dominicanas no século XIII. ▪ Propósito das Ordens Religiosas: Tomás de Aquino: justiça Franciscanos e dominicanos dedicados ao mundo leigo e à original, pecado original conversão de pagãos e hereges, ▪ Adão recebeu um presente especial diferindo das ordens monásticas. de Deus chamado justiça original, que ▪ Demanda por Educação: o ajudava a se submeter a Deus e Necessidade de formação de uma manter a ordem correta em sua vida. elite para combater heresias e para ▪ Ao pecar, Adão rejeitou esse atender às demandas de governo e presente e causou uma desordem na administração pública. humanidade, chamada pecado original. ▪ Educação Baseada no Trivium e ▪ O pecado é uma falha que impede o Quadrivium: Ênfase na educação homem de alcançar o bem supremo, inicial com base no Trivium (gramática, pois ele perde a capacidade de ver e dialética e retórica) e Quadrivium desfrutar de Deus. (aritmética, geometria, astronomia e ▪ O homem não tem naturalmente os música), culminando no conhecimento recursos para alcançar o bem teológico. supremo e precisa da ajuda de Deus, chamada graça divina. Vida e obra de São ▪ Inicialmente, essa ajuda veio na forma da justiça original, dada por Tomás de Aquino: Deus através de Adão. Após o ▪ Vida de Tomás de Aquino pecado, essa ajuda veio através de (1221-1274): nasceu em Roccasecca, Jesus Cristo, que permitiu que a fé Itália, e entrou para a ordem removesse o obstáculo do pecado dominicana apesar da resistência de original. sua família. - Foi professor na Universidade de Paris de 1252 a 1259, onde começou Bem comum e Sumo bem a escrever com base em suas aulas. ▪ Aristóteles e Tomás de Aquino - Sua obra foi censurada em Paris defendiam que toda associação em 1277 devido à influência da humana busca um bem, sendo a filosofia de Aristóteles. cidade a mais abrangente delas, voltada para o bem comum, o mais fundamental de todos os bens. ▪ Legado de Tomás de Aquino: ▪ O intelecto humano identifica o bem canonizado em 1323 e declarado mais próximo da natureza humana, doutor da Igreja no Concílio de Trento em 1567. Considerado fundamental cabendo à vontade escolher agir de conferida a Pedro por Cristo, pertence acordo com esse bem. ao poder espiritual. ▪ A tarefa do governante é propiciar a vida segundo a virtude, conduzindo o ▪ Visão de Tomás de Aquino: governado ao fim adequado. diferentemente de Agostinho, Tomás ▪ O fim do homem, enquanto ser de Aquino integra a dimensão religiosa político, é o bem comum, mas este na política, enfatizando que o bom não é o último fim nem da comunidade governo deve ajudar o homem a nem do homem, que é a felicidade ou alcançar não apenas o bem comum, fruição divina. mas também o sumo bem ou a fruição ▪ O homem, por si só, não pode de Deus. alcançar esse fim e depende do auxílio divino, sendo que apenas ▪ Subordinação do Poder Temporal: Jesus Cristo, por ser humano e divino, inicia-se a discussão sobre a pode governar além da natureza subordinação do poder temporal ao humana. poder espiritual. O Papa, encarregado ▪ Jesus Cristo entregou o ministério de do cuidado do fim último da vida
😁 seu reino ao Papa, como Vigário de humana, possui direito sobre todos os Cristo, e não aos reis temporais. bens intermediários.
▪ Justificação do Governo Temporal:
Poder temporal e Poder o governo temporal do rei é justificado na medida em que lida com aspectos espiritual próprios da natureza humana. Ambos os poderes, temporal e espiritual, são ▪ Busca do Bem Comum: o homem, de considerados legítimos e necessários acordo com sua natureza, é destinado por Tomás de Aquino. à busca do bem comum, guiado pelo poder temporal que se subordina ao ▪ Coexistência dos Poderes: a que é próprio da natureza humana. coexistência dos poderes temporal e espiritual é vista como legítima, ▪ Fim Além do Bem Comum: além do cabendo à história posterior bem comum, o homem, ao considerar determinar as áreas de atuação de a ordem da natureza como reflexo da cada poder e a forma como podem vontade divina, percebe um fim que coexistir. transcende sua natureza: o sumo bem.
▪ Fé e Sumo Bem: atingir o sumo bem
só é possível através da fé em um Deus salvador. O cuidado desse processo, expresso na vontade divina