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Materiais de Proteção do

complexo dentinopulpar

Prof. Ms. Mariana Evangelista Santos


Doutoranda e Mestra em Ciências
Odontológicas (UFPB)
Espe. Dentística Restauradora (COESP)
Materiais de Proteção do complexo dentinopulpar
Retomando alguns conceitos...

Elemento Dental:

Cora e raiz

Esmalte: É o tecido mais mineralizado do organismo humano e a


sua extrema dureza se deve ao alto conteúdo inorgânico, composto
por 97% de cristais de fosfato de cálcio sob a forma de
hidroxiapatita (Ca10(PO4)6(OH)2), carbonato, sódio,
cloreto,magnésio, potássio e flúor, no meio a 1% de matéria
orgânica de natureza basicamente proteica, com poucos lipídios e
carboidratos e 2% de água.

Dentina: é um tecido conjuntivo, avascular e mineralizado que forma


o corpo do dente estando entre o esmalte e a cavidade pulpar.
É constituído por 70% de matéria inorgânica, 20% de matéria
orgânica (fibras colágenas) e 10% de água.

Polpa: A polpa dental é um tecido vivo que se encontra no interior


do dente. É composta por vasos sanguíneos, nervos e células que
desempenham um papel fundamental na saúde bucal.
Materiais de Proteção do complexo dentinopulpar

Mas o que é o complexo dentinopulpar?

A especialização do tecido conjuntivo da polpa deve-se às


células dispostas na sua periferia, os odontoblastos,
responsáveis pela formação da matriz orgânica da dentina,
que se mineraliza e recobre a polpa.

Essa relação de interdependência de dentina e polpa faz com


que esses tecidos sejam entendidos e reconhecidos como
integrantes de um mesmo complexo, o complexo
dentinapolpa . Eventos que ocorrem na dentina repercutem
na polpa e vice-versa.

Lamers, et al., 2022


Materiais de Proteção do complexo dentinopulpar
Introdução

Cárie dentária

Como definido por Pitts et al.,a cárie


dentária é uma doença dinâmica,
multifatorial e mediada por biofilme, que
resulta em processos de desmineralização
e remineralização dos tecidos dentários,
culminando com o sinal clínico – a lesão
cariosa. Além disso, a doença cárie é
influenciada por outros fatores de risco,
como genética, estilo de vida e aspectos
socioeconômico-culturais.

MAGALHÃES, 2021
Materiais de Proteção do complexo dentinopulpar
Introdução
Cárie dentária

Cárie dentária

MAGALHÃES, 2021
Materiais de Proteção do complexo dentinopulpar
Introdução

Profundidade

Fundamental visualizar radiograficamente a profundidade de uma


lesão cariosa antes de se iniciar o tratamento. A cavidade poder ser
classificadas em:

1- Superficial,
2- Rasa,
3- Média,
4- Profunda
5- Bastante profunda

REIS, 2021
Materiais de Proteção do complexo dentinopulpar
Introdução

Da instalação da lesão de cárie até o selamento da interface dente-restauração, são vários os fatores
responsáveis pelos efeitos adversos à polpa. Uma vez que em cavidades profundas perde-se o efeito protetor da
dentina contra as lesões pulpares, faz-se necessário o uso de materiais com características específicas.

Objetivo da aula

Orientar o cirurgião-dentista e o estudante de Odontologia na escolha dos diferentes tipos de materiais para uso
como protetores do complexo dentinopulpar, apresentando suas composições químicas, propriedades,
características de manipulação e indicações clínicas.

REIS, 2021
Materiais de Proteção do complexo dentinopulpar
Termos empregados

Reação de presa

Reação química que leva ao endurecimento do material.

Tempo de mistura

Tempo disponível para o clínico manipular o material, a fim de misturar seus componentes de forma homogênea,
antes de sua inserção na cavidade.

Tempo de trabalho

Tempo transcorrido do início da mistura até a inserção na cavidade.

Tempo de presa inicial

Tempo transcorrido do início da mistura do material até o material alcançar propriedades suficientes para resistir
à deformação permanente.

REIS, 2021
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Termos empregados

Tempo de presa final

Tempo transcorrido do início da mistura do material até que ele alcance o máximo de suas propriedades
mecânicas.

Restauração provisória

Restauração realizada com um material de inserção rápida e fácil, porém com menos propriedades mecânicas,
para selar e restaurar a cavidade entre sessões clínicas de tratamento ou para atuar como um curativo para
reduzir a inflamação pulpar. Pode ser de curta duração (até 1 semana) e de longa duração (até 1 ano).

REIS, 2021
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Termos empregados

REIS, 2021
Materiais de Proteção do complexo dentinopulpar
Quais são os requisitos do material ideal?

1. Ser bom isolante térmico e elétrico

2. Ter propriedades bactericidas e/ou bacteriostáticas

3. Apresentar adesão às estruturas dentais

Adesão : é a ação ou efeito de aderir, de apoiar e de passar a fazer parte de alguma coisa, ou a ação
ou efeito de aderir, de colar.

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Quais são os requisitos do material ideal?

4. Estimular a recuperação das funções biológicas da polpa, favorecendo a formação de uma barreira

mineralizada

5. Favorecer a formação de dentina terciária ou esclerosada, particularmente remineralizando a dentina

desmineralizada no fundo cavitário

Dentina terciária: é um tipo de dentina que é formada em resposta a fatores externos.


Dentina esclerosada: A dentina esclerosada é uma camada de dentina formada por reação a um
agente agressor crônico, como carie, trauma ou até mesmo um material de proteção colocado pelo
dentista.

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Quais são os requisitos do material ideal?

6. Ser inofensivo para a polpa, ou seja, não provocar lesões pulpares

7. Ser biologicamente compatível com o complexo dentinopulpar, mantendo a vitalidade do dente

8. Apresentar resistência mecânica suficiente aos esforços de condensação e contração de polimerização dos

materiais restauradores

Condensação: O termo “condensar” tem origem no latim “condensare”, que significa “tornar denso”
ou “tornar compacto”.
Contração de polimerização:

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Quais são os requisitos do material ideal?

9.Inibir a penetração de íons metálicos no dente, diminuindo a descoloração ao longo do tempo, causada por

restaurações metálicas

10.Evitar ou diminuir a infiltração de bactérias ou toxinas bacterianas na dentina e polpa

11.Ser insolúvel no ambiente bucal.

Fonte: https://www.dentist-manila.com/glossary/amalgam/ REIS, 2021


Materiais de Proteção do complexo dentinopulpar
Importante salientar...

Não existe um único material com todos os requisitos descritos, portanto, dependendo da situação

clínica e contrariando a tendência atual de simplificação técnica, muitas vezes é necessário mais de

um material para garantir uma restauração duradoura, funcional e estética, e que, acima de tudo,

tenha o compromisso de manter a vitalidade pulpar.

REIS, 2021
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Indicação do material protetor...

1. Profundidade da cavidade,

2. Diagnóstico da condição pulpar

3. Material restaurador definitivo

Classificação do material protetor

1. Materiais para selamento

2. Forramento

3. Base cavitária

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Viscosidade: é a propriedade física que


caracteriza a resistência de um fluido
ao escoamento.

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Classificação do material protetor

Selamento

Vernizes cavitários

Sistemas adesivos

Utilizados em cavidades rasas e médias;


São líquidos ou cimentos de baixa viscosidade.
Produzem uma película protetora extremamente fina (1 a 50 μm) e revestem a estrutura dentária recém-cortada ou desgastada durante o preparo
cavitário.
A vedação da embocadura dos túbulos dentinários e dos microespaços que se formam entre o material restaurador e as paredes circundantes da
cavidade é o principal objetivo desse tipo de material.

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Classificação do material protetor

Selamento

Esses materiais devem reduzir a permeabilidade da dentina, prevenindo a infiltração de fluidos e bactérias, e reduzindo

possíveis trocas moleculares e iônicas (p. ex., íons metálicos) entre o material restaurador e a superfície dentinária.

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Classificação do material protetor

Base

Cimento de ionômero de
vidro (CIV) convencional
ou modificado por resina;
cimento de óxido de zinco
e eugenol, MTA
modificado, resina de
baixa viscosidade

Cavidades médias a profundas, usa-se uma base seguida de um selamento.


Os agentes utilizados para a base cavitária são geralmente comercializados na forma de pó e líquido, que, depois de misturados, formam uma
película mais espessa (> 1 mm)

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Classificação do material protetor

Base
Cimento de ionômero de
vidro (CIV) convencional
ou modificado por resina;
cimento de óxido de zinco
e eugenol, MTA
modificado, resina de
baixa viscosidade

FUNÇÕES:
Proteger o material de forramento, que, em geral, tem baixas propriedades mecânicas
Proteger contra estímulos térmicos e elétricos
Reconstruir parte da dentina perdida, diminuindo o volume de material restaurador definitivo.
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Classificação do material protetor

Forramento

Os materiais que se apresentam na forma de pó e líquido, ou na forma de duas pastas, que após serem misturadas e inseridas
no dente formam uma película fina, com cerca de 0,2 a 1 mm de espessura.
Função
Proteger a polpa das agressões externas ou estimular a formação da barreira de dentina mineralizada quando a polpa foi
exposta.
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Classificação do material protetor

Forramento

O hidróxido de cálcio [Ca(OH)2],


MTA (agregado trióxido mineral)
MTA modificado, cimento de óxido de
zinco e eugenol tipo IV

Dadas as suas baixas propriedades mecânicas.


Os materiais para forramento devem ser bioativos para induzir a reparação da polpa e reduzir os efeitos tóxicos e deletérios dos
materiais restauradores definitivos em cavidades profundas.
Devem também apresentar características bactericidas e/ou bacteriostáticas para reduzir a quantidade de bactérias viáveis que
porventura estejam presentes ou infiltrem a região da interface entre o dente e a restauração
REIS, 2021
Materiais de Proteção do complexo dentinopulpar
Resumindo...

REIS, 2021
Materiais de Proteção do complexo dentinopulpar
Resumindo...

Profundidade biológica determinar a sequência de materiais a serem usados, ela por si só não define quais
materiais de proteção serão empregados para cada uma das camadas.

REIS, 2021
Materiais de Proteção do complexo dentinopulpar
Materiais para selamento

Sistema adesivo Verniz cavitário

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Materiais para selamento
Verniz cavitário

O verniz cavitário foi muito utilizado em associação com o amálgama e é


contraindicado sob restaurações de resina composta

1. Não têm capacidade de adesão à estrutura dentária.

2. Além disso, os vernizes têm componentes que inibem ou dificultam a


polimerização da resina composta.

Desuso:

Grande solubilidade quando comparados com os sistemas adesivos.

Os vernizes cavitários estão disponíveis em 2 frascos:

o verniz propriamente dito e solvente.


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Materiais para selamento
Verniz cavitário

O verniz é composto por uma resina natural (copal) extraída de uma


planta ou uma resina sintética, como a nitrocelulose, que é, então,
dissolvida em um solvente orgânico (acetona, clorofórmio, éter,
dimetilcetona e álcool etílico, entre outros)

Manipulação e aplicação

Microbrush
Único sentido
Camada homogênea
Jato de ar por 30 segundos para evaporar o solvente
Aplicar duas camadas

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Materiais para selamento

Propriedades
Baixa proteção contra os choques térmicos e elétricos

Inibir a infiltração de bactérias ou toxinas bacterianas na dentina e polpa, e reduzir a penetração de


íons metálicos na dentina

Diminuindo a descoloração dentinária ao longo do tempo

Diminuir infiltração marginal

Os sistemas adesivos os materiais de eleição para substituição dos vernizes e


proteção do complexo dentinopulpar sob as restaurações de amálgama REIS, 2021
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Materiais para forramento

Hidróxido de cálcio

MTA

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Materiais para forramento
Hidróxido de cálcio

O material para forramento mais utilizado é o hidróxido de cálcio,


sendo considerado o padrão ouro para os estudos de
biocompatibilidade pulpar.

Cimento de hidróxido de cálcio, formas:

(Dentística)

1. Pó (pró-análise) (PA),
2. Duas pastas (quimicamente ativado),
3. Pasta única fotoativada.

O hidróxido de cálcio é um pó branco com pH altamente alcalino


(em torno de 12,5) e com alta solubilidade em água.

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Materiais para forramento
Hidróxido de cálcio

Indicação e mecanismo de ação

O cimento de hidróxido de cálcio é um material bioindutor e, dessa


forma, pode ser empregado em casos de exposição pulpar direta
ou indireta onde houver uma espessura de dentina remanescente
menor que 0,5 mm. Em espessuras acima de 0,5 mm, o uso do
hidróxido de cálcio é desnecessário

Em contato direto com a polpa, o hidróxido de cálcio se dissocia em


íons cálcio (Ca+) e hidroxila (OH–), produzindo uma cauterização
química superficial do tecido pulpar em razão do seu alto pH.

O meio alcalino gerado pelo hidróxido de cálcio é propício para a


deposição mineral. Esse material estimula a diferenciação de
Odontoblasto é uma célula responsável
células mesenquimais indiferenciadas em odontoblastos que pela síntese ou produção da dentina.
passam a secretar uma matriz mineralizada, conhecida como
“ponte de dentina” na região da exposição REIS, 2021
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Materiais para forramento
Hidróxido de cálcio

Indicação e mecanismo de ação

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Materiais para forramento
Hidróxido de cálcio

Indicação e mecanismo de ação

Há estimulação de alguns fatores de crescimento e enzimas como a


fosfatase alcalina, que estimula a liberação de fosfato, resultando
na formação de fosfato de cálcio, o principal componente da
hidroxiapatita.

A dentina depositada é uma dentina terciária reparadora.

Em razão das propriedades de alta solubilidade, baixa


resistência mecânica e falta de adesão às estruturas dentais
não se recomenda que esse material de forramento fique
exposto nas margens cavitárias, e que ele seja
preferencialmente coberto por um material para base
cavitária antes da inserção da restauração definitiva.
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Materiais para forramento
Hidróxido de cálcio

Hidróxido de cálcio PA: pó ou como uma pasta ao misturá-lo com
algumas gotas de soro fisiológico, água de cal.

Manipulação:
pó – diretamente no local,
Água de cal: 1g para 10 ml de água destilada.

Hidróxido de cálcio
Pasta única (fotoativado)
Polimeriza com a ação da luz visível no espectro do azul. Consistem
em hidróxido de cálcio e sulfato de bário dispersos em uma matriz
de uretano dimetacrilato, além de iniciadores ativados pela luz.

Manipulação:
diretamente no local + fotativar.

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Materiais para forramento
Hidróxido de cálcio
Duas pastas
Misturas das pastas, gerando uma reação ácido-base, formando
uma sal básico.

Pasta catalisadora: hidróxido de cálcio e outros componentes como


a metilcelulose (agente espessante), outros reagentes (cloreto de
cálcio, óxido de zinco e estearato de zinco), agentes
radiopacificantes (óxido de bário e óxido de titânio), antibiótico
sintético (sulfonamidas) e carga inorgânica (dióxido de silício).

A pasta base contém salicilatos, sendo o metil-salicilato o mais


comum. É comum também a pasta base conter carga inorgânica,
fosfato de cálcio e outros óxidos metálicos.

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Materiais para forramento
Hidróxido de cálcio
Duas pastas
Manipulação:
Espátula 24.

Proporção de 1:1

Tempo de mistura 10 seg.

Inserção na cavidade:
aplicador de hidróxido de
cálcio.

O tempo de trabalho:2 a 3 min.

Tempo de presa inicial: 7 min.

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Materiais para forramento
Hidróxido de cálcio
Duas pastas

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Materiais de Proteção do complexo dentinopulpar

Material Vantagem Desvantagem

Hidróxido de cálcio Formação de barreira de dentina Causa redução de volume pulpar


pela necrose superficial
Fácil manuseio
Alta solubilidade
Baixo custo
Baixas propriedades mecânicas
Propriedades antibacterianas
Baixa capacidade de vedação da
Muitos estudos clínicos de eficácia interface

Requer uso de base

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Materiais para forramento

Hidróxido de cálcio

MTA

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Materiais para forramento
AGREGADO TRIÓXIDO MINERAL (MTA)

Um pó composto por óxidos minerais e íons

Desenvolvido com base em cimento de Portland desenvolvido na engenharia civil.

Classificados como de primeira ou segunda geração.

A utilização do cimento de primeira geração em seres humanos é contraindicada em razão da exposição a


riscos desconhecidos por substâncias tóxicas que podem estar presentes na sua fórmula.

As indicações e propriedades dos MTAs variam entre marcas.

MTAs podem ser subdivididos em: restauradores ou reparadores e endodônticos ou seladores, sendo
estes últimos mais empregados na Endodontia.
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Materiais para forramento
AGREGADO TRIÓXIDO MINERAL (MTA)
Reação de presa

Ocorre na presença de umidade.

Envolve a hidratação das partículas de silicato tricálcico e dicálcico para formar um


gel de silicato de cálcio hidratado que envolve as partículas de silicato de cálcio junto
com a formação de hidróxido de cálcio.

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Materiais para forramento
AGREGADO TRIÓXIDO MINERAL (MTA)
Reação de presa

Por ser considerado um material bioativo, ou seja, que estimula a


formação de cemento, osso e dentina, o MTA tem sido muito usado para
a reparação de lesões periapicais, perfurações intrarradiculares e de furca
na Endodontia.
Já em dentística, o material é empregado como capeamento pulpar
direto e indireto (mesmas situações do hidróxido de cálcio).

O MTA induz a formação de uma barreira de dentina quando em contato


com a polpa como em dentes humanos decíduos e permanentes. O pH
básico também ativa a fosfatase alcalina, uma enzima que estimula a
liberação de fosfato inorgânico. Os íons fosfato livres reagem com os
íons cálcio resultando na formação de fosfato de cálcio, o principal
componente da hidroxiapatita.

É consenso que os resultados com o MTA quando em contato


com a polpa são superiores aos obtidos com hidróxido de
cálcio puro.
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Materiais para forramento
AGREGADO TRIÓXIDO MINERAL (MTA)
Manipulação

Pó e um líquido.

Proporção de manipulação depende do fabricante:

Pó de MTA e água destilada.

Tempo de manipulação: 30 seg. Espátula flexível.

Consistência de massa de modelar com brilho úmido.

O MTA deve ser aplicado com um aplicador de MTA ou de amálgama e


condensado com calcadores pequenos de amálgama ou espátula de
inserção umedecidos com água destilada.

Tempo de presa variável: 10 min e 2h.

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Materiais para forramento
AGREGADO TRIÓXIDO MINERAL (MTA)
Propriedades

Pode ser aplicado em ambiente úmido


MTA é altamente alcalino, sendo bactericida.

O MTA forma uma estrutura sólida após sua presa, com


solubilidade bem inferior à do hidróxido de cálcio e a do cimento
de óxido de zinco e eugenol após 21 dias.
Em relação às propriedades mecânicas, o MTA se assemelha aos
cimentos de óxido de zinco e eugenol .
Dificuldade de inserção é a consistência final arenosa de
algumas marcas comerciais.

Recentes revisões sistemáticas da literatura, que compilam os


resultados de diversos estudos clínicos, mostram a superioridade do
MTA em relação ao cimento de hidróxido de cálcio

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Material Vantagem Desvantagem

MTA Formação de barreira de dentina Presa lenta, exceto nos MTAs


sem perda de volume pulpar modificados

Menor solubilidade que o Possibilidade de descoloração


hidróxido de cálcio dental quando formulado com
óxido de bismuto
Melhores propriedades mecânicas
que o hidróxido de cálcio Alto custo

Não necessita de campo seco para Requer uso de base


aplicação

Propriedades antibacterianas

Muitos estudos clínicos de eficácia

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Material Vantagem Desvantagem

Biodentine® (MTA modificado) Formação de barreira de dentina Necessita de mais estudos clínicos
sem perda de volume pulpar
Alto custo
Menor solubilidade que o MTA

Maiores propriedades mecânicas


entre os materiais de capeamento,
semelhante à da dentina

Não causa descoloração dental

Propriedades antibacterianas

Pode ser usado como agente de


capeamento (direto e indireto),
base e/ou restaurador provisório
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Materiais para forramento
AGREGADO TRIÓXIDO MINERAL (MTA)
Propriedades

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Materiais para base

Cimentos de oxido de zinco com e sem eugenol

CIV

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Materiais para base

Cimentos de oxido de zinco

Cirurgia e periodontia: cimento cirúrgico;

Endodontia: cimento obturador de canal radicular;

Prótese: agente para cimentação provisória e material de moldagem;

Dentística: base cavitária abaixo de restaurações de amálgama, porém são mais


empregados como restauradores provisórios.

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Materiais para base

Cimentos de oxido de zinco e eugenol

Tipos
De acordo com a finalidade de uso, os cimentos de óxido de zinco e eugenol podem ser classificados
em quatro tipos:

•Tipo I: cimentação provisória


•Tipo II: cimentação definitiva
•Tipo III: bases ou restaurações provisórias de longa duração
•Tipo IV: forramento.

Tipos
Presença ou ausência de eugenol

• Com eugenol
• Sem eugenol

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Materiais para base

Cimentos de oxido de zinco com eugenol


A reação de presa dos cimentos de óxido de zinco e eugenol envolvem uma reação de quelação entre
o óxido de zinco e o eugenol. Na presença de água, esses compostos formam uma matriz de
eugenolato de zinco.

Após a presa, o material pode ter suas ligações internas rompidas e, consequentemente, liberar o
eugenol para o meio quando estiver em contato com água.

A liberação, particularmente do eugenol, é fundamental para as atividades antimicrobianas e anti-


inflamatórias desse material. REIS, 2021
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Materiais para base

Cimentos de oxido de zinco com eugenol

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Materiais para base

Cimentos de oxido de zinco com eugenol


Manipulação

Materiais em forma de pasta/pasta devem ser manipulados à semelhança do que foi indicado para o cimento
de hidróxido de cálcio.

Inserção espátula de inserção (1).

A maioria dos materiais classificados como tipo III, ou seja, para restaurações provisórias e bases, é
apresentada na forma de pó e líquido, ou seja, em frascos separados ou em cápsulas pré-dosadas.

Proporção: 1:1 (pó/líquido)

Tempo de manipulação de 40 a 60 segundos.

Tempo de trabalho de 2 a 3 min.

A massa obtida deve ser homogênea, com aspecto pouco brilhante e com consistência de massa de modelar
firme.

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Materiais para base

Cimentos de oxido de zinco com eugenol


Manipulação

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Materiais para base

Cimentos de oxido de zinco com eugenol


Manipulação

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Materiais para base

Cimentos de óxido de zinco sem eugenol

Estes cimentos são formulados em pasta única e não requerem manipulação antes da inserção na
cavidade. Possuem muitos componentes semelhantes aos cimentos de óxido de zinco tradicionais,
exceto o eugenol. São recomendados e muito utilizados como restauradores provisórios e podem ser
usados antes de restaurações definitivas com materiais poliméricos, pois por não conterem eugenol,
não inibem a polimerização dos monômeros presentes nas resinas compostas.

Esses materiais não têm os efeitos anti-inflamatórios e sedativos dos cimentos de óxido de zinco e
eugenol e, portanto, não são indicados em situações em que essas propriedades são desejáveis. São
mecanicamente mais fracos e mais solúveis e considerados restauradores provisórios de curta duração.
São muito empregados como restauradores provisórios entre sessões de tratamento endodôntico.

REIS, 2021
Materiais de Proteção do complexo dentinopulpar
Referências
Materiais de Proteção do complexo dentinopulpar
Vamos sedimentar o conteúdo?

Materiais especializados são usados na cavidade preparada para proteger a polpa de irritantes térmicos ou
químicos.

Com relação aos materiais para proteção do complexo dentinopulpar, corrija as proposições a seguir:

A Vernizes cavitários são indicados como materiais de proteção pulpar em restaurações de resina composta.

B O hidróxido de cálcio é antimicrobiano, estimula a formação de dentina secundária e deve ser aplicado em
todas as paredes cavitárias até a margem da restauração.

C Materiais para forramento cavitário devem ser resistentes o suficiente para suportar forças durante a confecção
de restaurações diretas e durante o ato mastigatório.

D Após a sua presa, o cimento de óxido zinco eugenol apresenta maior resistência à compressão do que o
cimento de hidróxido de cálcio, quando ambos são utilizados como base cavitária.
Materiais de Proteção do complexo dentinopulpar
Vamos sedimentar o conteúdo?

Cimentos à base de hidróxido de cálcio são utilizados direta ou indiretamente para a proteção do complexo
dentinopulpar, por sua capacidade de manter a vitalidade pulpar e estimular a formação de dentina reparadora.

A Certo
B Errado

A proteção do complexo dentinopulpar, marque a alternativa correta:

A é desnecessária.
B previne recidiva de cárie.
C prejudica a estética.
D reduz a sensibilidade pós-operatória.
E impede a adesão do material restaurador.
Materiais de Proteção do complexo dentinopulpar
Vamos sedimentar o conteúdo?

Fale quais são os requisitos de material ideal de proteção do complexo dentinopulpar?

O complexo dentino-pulpar é formado por dentina mineralizada, pré-dentina não mineralizada e polpa dentária,
que é um tecido conjuntivo frouxo altamente especializado. A proteção desse complexo pode ser realizada por
meio de materiais específicos em vários contextos da Odontologia. Pode ser considerada como propriedade ideal
de um material utilizado para proteção do complexo dentino-pulpar a capacidade de

A inibir a penetração de íons metálicos das restaurações de amálgama.

B apresentar módulo de elasticidade diferente da dentina.

C interferir na polimerização das resinas compostas.

D ser altamente solúvel em ambientes ácidos.


Materiais de Proteção do
complexo dentinopulpar

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