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UN (2006). Secretary General Study on Violence Against Children at http://www.unviolencestudy.org/
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Convenção dos Direitos da Criança (Resolução nº19/90) MISAU (2006). Estratégia e Plano de Ação de Saúde Mental. República de Moçambique: Maputo.
15
Lei nº 29/2009 sobre a Violência Doméstica Praticada Contra as Mulheres.
16 18
MMAS (2008). Plano Nacional de Prevenção e Combate à Violência contra a Mulher (2008-2012). República de MMAS (2008). Plano Nacional de Prevenção e Combate à Violência contra a Mulher (2008-2012). República de
Moçambique. Moçambique.
17 19
MICS (2008). Inquérito de Indicadores Múltiplos; UNICEF/Inquérito de Indicadores Múltiplos (2008). MMAS (2008). Plano Nacional de Prevenção e Combate à Violência contra a Mulher (2008-2012). República de
Sumário. Moçambique.
A OMS caracteriza o abuso sexual de crianças como uma das formas Em Moçambique, no seguimento da crescente preocupação internacional
extremas de maus tratos infantis. Segundo a mesma o abuso sexual de pela proteção dos direitos das crianças como um problema de direitos
crianças tem vários níveis de gravidade dependendo do contacto físico e humanos e saúde pública, a proteção das crianças vítimas de abuso
proximidade da vítima ao abusador, da frequência dos atos e do apoio sexual tornou-se um aspecto importante da agenda governativa e um dos
familiar e social da vítima. Neste sentido, verifica-se que quanto maior o fenómenos de maior preocupação e reconhecimento político atual44.
contacto físico, a proximidade do abusador à vítima, e a frequência do
abuso maior o seu nível de gravidade e maior o impacto no bem estar e Apesar da constante e histórica dificuldade de obter dados estatísticos e
desenvolvimento saudável da criança. A gravidade do impacto do abuso estudos sobre a incidência de abuso sexual infantil que se pode explicar
está ainda relacionado com a existência ou não de apoio familiar e pelo seu carácter familiar, recentemente, em Moçambique, foram
comunitário à vítima41. desenvolvidos vários estudos na área, em particular na incidência,
atitudes e percepções face ao abuso sexual de crianças em diferentes
Em Moçambique, historicamente, o abuso sexual de crianças tem sido um zonas rurais e urbanas do país, com destaque para o abuso sexual nas
fenómeno “silencioso” e “taboo”, um dos mais difíceis de resolver e com escolas.
as maiores consequências para as suas vítimas42. Primeiro, a maioria dos
atos de abuso sexual de crianças acontecem, independentemente das Ainda com o objectivo de facilitar a compreensão, planificação e ação
sociedades e estratos sociais, no próprio meio familiar (incesto) e nacional na prevenção e resposta à violência contra crianças, neste caso
educacional das crianças. Ironicamente, os autores da maioria dos crimes no controle e tolerância zero a todas as formas de abuso sexual contra
sexuais no país são frequentemente os mesmos responsáveis por prestar crianças, nesta revisão seguimos a classificação dos dois tipos de abuso
à criança os seus direitos básicos de viver e desenvolver-se num ambiente sexual de acordo com a proximidade da vítima ao abusador: abuso sexual
livre de violência, de lhes proporcionar amor e carinho e protege-las do tipo intrafamiliar (por parte de um membro da família) e o abuso
económica e fisicamente43. Esta dura realidade leva a que muitas crianças sexual extrafamiliar (por parte de alguém externo à família). Ambas
estejam particularmente vulneráveis e condicionadas ao “silêncio” e a ser implicam uma dinâmica de proteção da criança inadequada e um crime.
vitima de danos físicos e emocionais irreversíveis. Em segundo lugar,
igualmente preocupante, é o facto de as crianças não terem consciência
e/ou capacidade de entender que estão a ser vítimas de abuso e no limite
41
OMS XXX
42
FDC (2008). Violência Contra Menores em Moçambique. Revisão de Literatura.
http://www.fdc.org.mz/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=100&Itemid=106&lang=en
43
Declaração dos Direitos da Criança; OMS ().Preventing child maltreatment: a guide to taking action and
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generating evidence, Kula, (2008) ; MMAS (2005). Plano Nacional de Ação para a Criança - PNAC (2005-2010)
O abuso sexual de crianças é uma das maiores preocupações a nível Segundo a análise dos dados casos que deram entrada nos Gabinetes de
mundial. Segundo a Organização Mundial de Saúde os dados disponíveis Atendimento à Mulher e Criança de Maputo, Sofala e Inhambane entre
mostram que, de uma maneira geral, no mundo, 5-10% de meninos 2004-2005 no âmbito da violência sexual constatou-se que existiram 453
abuso e 20% das meninas são abusadas sexualmente.45 As crianças são casos de onde se destacam 125 casos de violação sexual de menores de
frequentemente abusadas por alguém que elas conhecem, e muitas vezes 12 anos, 211 casos de violação sexual e 91 casos de estupro. As autoras
um membro da própria família.46 salientaram ainda o facto de se verificar que este tipo de crimes é
resolvido no âmbito familiar mediante cobrança de multas, mesmo no
Em Moçambique caso de um crime público como uma violação de um menor de 12 anos. É
de acrescentar que estes números não refletem a incidência real já que só
Em Moçambique, são vários os dados estatísticos e os estudos que 6% foram reportados e que a grande maioria dos casos não foi reportado
salientam a magnitude da vulnerabilidade da criança a abusos sexuais de pelos pais ou responsáveis adultos da crianças abusadas sexualmente
vária ordem, e nos mais variados contextos. mas encaminhadas diretamente do hospital para a polícia o que reflete a
mentalidade de proteção destas formas de violência contra crianças.
No último ano, só no Hospital Central de Maputo o serviço de Medicina Concluindo a análise dos dados indica que o tipo de crime/caso mais
Legal recebeu mais de xxx casos de crimes sexuais contra crianças. frequente dirigido contra crianças foi a violação sexual no caso das
crianças serem do sexo feminino (mais de 200 casos) e OCVS para ambos
Os dados estatísticos do atendimento dos Centros de Reabilitação os sexos.48
Infanto-Juvenil (CERPIJ) do Hospital Central de Maputo, indica que cerca
149 meninas (112 e 37 em Maputo) e 22 meninos (20 e 2 em Maputo) Em 2005 a Save the Children da Noruega publicou o relatório dum estudo
atendidos entre 2009 e 2010 foram vitimas de violação sexual. O facto de realizado sobre o abuso sexual de raparigas nas escolas de Moçambique,
ser registarem menos casos de 2009 para 2010 é coincidente com nomeadamente formas de abuso, atitudes e percepções de raparigas
mudanças estruturais no Centro e serviços prestados. afectadas e não afectadas pelo tema e atores sociais que direta ou
indiretamente estavam relacionados com o processo. Das 950 raparigas
Os dados do Inquérito Nacional sobre Saúde Reprodutiva e estudantes que participaram no estudo oito a dezasseis porcento (8 a
Comportamento Sexual dos Jovens e Adolescentes de 2002 indicam que 16%) reportaram ter sofrido abuso sexual em algum momento das suas
47
Inquérito Nacional sobre Saúde Reprodutiva e Comportamento Sexual dos Jovens e Adolescentes - INJAD (2002).
48
45
WHO (2005). World Health Organization violence prevention activities, 2000-2004. Prepared for UNESCO's mid- Arthur, Maria José; Mejia, Margarita (2006). Coragem e impunidade. Denúncia e tratamento da violência
term report on the International Decade for a Culture of Peace and Non-violence for the Children of the World doméstica contra as mulheres em Moçambique. Women and Law in Southern Africa (WLSA) Moçambique, Cap. II, p.
February 2005. Available at: http://www3.unesco.org/iycp/Report/WHO.pdf 63-92.
46
UN (2006). Secretary General Study on Violence Against Children at http://www.unviolencestudy.org/
56
Bower, Carol; Niang, Cheikh Ibrahima. Child Sexual Abuse in Sub-Saharan Africa – A Review of the Literature. East,
Central and Southern Health Community (ECSA-HC), 2010.
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Bower, Carol; Niang, Cheikh Ibrahima. Child Sexual Abuse in Sub-Saharan Africa – A Review of the Literature. East,
Central and Southern Health Community (ECSA-HC), 2010.
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Save the Children (2005). Study Reporto n Se xual Abuse of Girls in Mozambican Schools, Maputo.
65 ECPAT International (2007). Confronting the Commercial Sexual Exploitation of Children in Africa.
67
Disponível electronicamente: ECPAT International (2001). The Commercial Sexual Exploitation of Children in Southern Africa.
68
http://www.ecpat.net/EI/Publications/Journals/Confronting_CSEC_ENG.pdf ECPAT International (2001). The Commercial Sexual Exploitation of Children in Southern Africa.
66 69
BAGNOL, Brigitte e Ernesto Chamo (2003).‘Titios e Catorzinhas: Pesquisa exploratória sobre ‘sugar daddies’ na Terre des Hommes (1999). Prostitution, Sexual Abuse and child Labour in Mozambique. Mozambique in ECPAT
Zambézia (Quelimane e Pebane)’. DFID/PMG Mozambique.. International (2001). The Commercial Sexual Exploitation of Children in Southern Africa.
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In ECPAT International (2001). The Commercial Sexual Exploitation of Children in Southern Africa.
Igualmente preocupante são as implicações desta realidade para saúde A estruturas sociais e familiares em Moçambique pressupõem que o
destas crianças e jovens e para a saúde dos seus filhos. Por exemplo, adulto tem o domínio sobre a criança e que o homem é superior à
segundo os resultados do INS de 200387, os níveis de escolarização da mulheres e tem deste modo domínio sobre ela89. Estas crenças e atitudes
mãe estão correlacionados negativamente com o estado de desnutrição culturais afectam as relações conjugais e familiares decorrentes do CP. O
(crónica, aguda e insuficiência do peso) das crianças com menos de cinco lugar particular de inferioridade e submissão que a rapariga casada
anos (exemplo: a subnutrição crónica decresce com o aumento de nível prematuramente ocupa na relação conjugal e na família impede-a de
de escolaridade da mãe). negociar relações sexuais seguras, a fazer opções acerca das suas
necessidades de saúde reprodutiva e muitas vezes fica limitada á decisão
A acrescentar, a prevalência do HIV e SIDA em Moçambique é elevada e
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Support to Education Sector Strategic Plan (2005). Multifaceted Challeneges: A Study on the Barriers to Girls’ ECPAT International. Confronting the Commercial Sexual Exploitation of Children in Africa, 2007 at
Education. Mozambique. http://www.ecpat.net/EI/Publications/Journals/Confronting_CSEC_ENG.pdf
87 89
Instituto Nacional de Estatísticas de Moçambique (INS), 2003. MMAS (2008). Plano nacional de Acção para aPrevenção e Combate à Violência Contra a Mulher (2008-2012).
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Loforte, A. (2008, Fevereiro). Dinâmicas familiares e percepções de pobreza e género em Moçambique. “Outras
Vozes” nº 22 .
Apesar da escassa literatura ao longo dos anos, os resultados têm sido Em 2005, o Centro de Estudos Africanos, da Universidade Eduardo
persistentes no que concerne à existência de várias formas de tráfico Mondlane, foi solicitado pelas diversas organizações da sociedade civil
humano há mais de um século, particularmente entre a Europa e África e para investigar os contornos e consequências do tráfico de pessoas em
entre os países do Sul de África91. Moçambique, em particular, tráfico de crianças e mulheres. Neste
contexto Carlos Serra publicou os resultados deste estudo sobre tráfico
Magnitude do Problema de crianças (Tatá-Mamã Tatá-Papá) e salientou que na generalidade,
existem três tipos de tráfico de pessoas: 1) prostituição para exploração
No Mundo sexual em África do Sul; 2) trabalho forçado (eventualmente disfarçado
por relações de parentesco); 3) extração de órgãos para fins mágicos ou
Em Moçambique cirúrgicos94 e que este fenómeno é agravado pela precariedade social e a
vulnerabilidade das fronteiras em Moçambique 95 . Entre as diversas
Em Moçambique, são vários os estudos desenvolvidos que confirmam a conclusões dos estudos realizados neste âmbito salienta-se o facto de
inclusão de crianças em formas de tráfico nacional e internacional. Um haver um quadro legal que, hoje prevê expressamente o crime de tráfico
estudo em 1990 pela Anti-Slavery International (ASI) confirmou que de pessoas, e pode ser efetivamente aplicado ao conjunto de práticas
crianças de Moçambique foram traficadas para a África do Sul onde eram criminosas perpetradas pelas redes de tráfico. No entanto, a realidade,
vendidas para atividades sexuais. Em 1991, a mesma organização relatou com ou sem leis, é outra e “vigora um espécie de lei do silêncio”, “a
que pelo menos quinze casos de jovens e crianças que foram traficadas passividade tem sido a característica principal em relação aos casos de
de Moçambique para a África do Sul para serem concubinas92. crimes praticados relacionados com o tráfico de pessoas96.” O principal
problema é, mais do que a legislação, a implementação dessas leis na
Em 2000, a ONG Molo Songololo desenvolveu um estudo sobre o comunidade e na sociedade. Serra (2007) salienta que existe um desafio
fenómeno de tráfico humano na África do Sul e constatou que as maior do que a legislação, o desafio de “passar das palavras à
principais vítimas traficadas eram mulheres e crianças oriundas de vários ação”(p.24), isto é, garantir a efetiva implementação dos instrumentos
países em África, inclusive de e para Moçambique93. legais. Existem atualmente leis suficientes e “bonitas” no entanto a
91
International Organization for Migration (2003). Seduction, Sale and Slavery: Trafficking in Women and Children
94
for Sexual Exploitation in Southern Africa. Serra, Carlos (2006). Tatá papá, tatá mamã: tráfico de menores em Moçambique. Imprensa Universitária.
92 95
Anti-Slavery International (1990) in International Organization for Migration (2003). Seduction, Sale and Slavery: Serra, Carlos e FDC (s.d.) Tráfico de Pessoas em Moçambique. Da retórica das palavras à dinâmica da acção.
Trafficking in Women and Children for Sexual Exploitation in Southern Africa. Disponível electronicamente:
93
Molo Songololo, (2000) in International Organization for Migration (2003). Seduction, Sale and Slavery: Trafficking http://www.fdc.org.mz/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=100&Itemid=106&lang=en
96
in Women and Children for Sexual Exploitation in Southern Africa. Idem, p. 5.
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98
Idem, p.24 Neste contexto de inquietação sobre o tráfico e as suas consequências
Instituto Nacional de Estatísticas (2010). Inquérito Integrado à Força de Trabalho: Relatório sobre o Trabalho
Infantil em Moçambique. devastas para as suas vítimas, em 2008, a Liga Moçambicana dos Direitos
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Serra, Carlos e FDC (s.d.) Tráfico de Pessoas em Moçambique. Da retórica das palavras à dinâmica da acção. Humanos realizou uma Revisão de Literatura sobre tráfico de partes de
(disponível electronicamente:
http://www.fdc.org.mz/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=100&Itemid=106&lang=en;
100
Instituto Nacional de Estatísticas (2010). Inquérito Integrado à Força de Trabalho: Relatório sobre o Trabalho
103
Infantil em Moçambique. U.S. State Department (2010). Trafficking in Persons Report 2010, p.243.
101 104
Organização Internacional para a Migração (OIM), 2002/2003. U.S. State Department (2010). Trafficking in Persons Report 2010.
102 105
U.S. State Department (2010). Trafficking in Persons Report 2010. Serra, Carlos (2006). Tatá papá, tatá mamã: tráfico de menores em Moçambique. Imprensa Universitária.
106 107
Liga Moçambicana dos Direitos Humanos (2008). Tráfico de Partes de Corpo em Moçambique e na África do Sul. Liga Moçambicana dos Direitos Humanos (2006). Relatório Anual Sobre Direitos Humanos de 2004.
108
Disponível electronicamente. English and Portuguese. Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade (2011). Sob a Poeira da Estrada” e "Mwana - Um Olhar.
112
Organização Mundial de Saúde (2002). Relatório Mundial sobre a Violência e Saúde. Disponível:
http://www.who.int/violence_injury_prevention/violence/world_report/outline/en/index.html
Quanto às práticas comuns mais violentas e que comprometem o No inquérito específico sobre a violência contra mulheres em
cumprimento da legislação legal estão o casamento prematuro/precoce; Moçambique desenvolvido pelo Ministério da Mulher e da Ação Social em
favores sexuais em troca de bens; resolução de conflitos de forma 2004, foram apontados como factores de proteção ao ciclo de violência
informal e apaziguadora sem punição para os perpetradores; e ritos de geracional e obstáculos a mudanças para fora de situações de violência “o
iniciação e cujos factores socioculturais, na sociedade moçambicana, baixo nível de escolarização”, a “dependência económica” e os
promovem o casamento das raparigas logo após a primeira menstruação “preconceitos socioculturais de relações de poder baseados em
e antes da primeira relação sexual113. desigualdades de género”.
No que se refere às atitudes comunitárias face a criança destacam-se as Em Moçambique prevalece a mentalidade de aceitação da violência no
atitudes de aceitação do trabalho infantil para apoio económico da meio familiar e contra a mulher o que faz com que esta seja bastante
família, no entanto ao contrário o envolvimento de crianças em comum (MMAS, 2004, p.38). Consequentemente, as vitimas sentem-se
atividades sexuais para fins comerciais em Moçambique, com exceção de incapazes de lutar pelos seus direitos e ao invés de denunciarem os casos
algumas zonas como Ressano Garcia em que parece haver maior à policia tendem a buscar apoio no seio da familia e nos mecanismos
aceitação para a situação, é visto com algo vergonhoso e é entendido que informais e tradicionais de aconselhamento cuja resolução de conflitos
a criança é a responsável por ter escolhido essa via para ganhar dinheiro, está fora da instituição oficial e legal (policia e tribunais). Constata-se que
independente das suas circunstâncias. Estas crianças, e as suas famílias, “As mulheres preferem procurar apoio de um familiar chegado ao invés
passam a ser vistas com repulsa e são imediatamente rejeitadas e da polícia, o que quer dizer que os mecanismos tradicionais e informais
desrespeitadas pela comunidade, levando á estigmatização e isolamento
114
ECPAT International (2001). The Commercial Sexual Exploitation of Children in Southern Africa.
113 115
Sónia Nhantumbo-Divage; José Divage & Miguel Marrengula (2010). Casamentos prematuros em Moçambique: MMAS (2008). Plano Nacional de Prevenção e Combate à Violência contra a Mulher (2008-2012). República de
Contextos, tendências e realidades, Moçambique: Maputo.
Resultados indicam ainda que as escolas em Moçambique estão longe de Como consequência muitos casos continuam por ser denunciados. Por
ser um ambiente seguro para as crianças que as frequentam, exemplo: quando as vitimas ficam grávidas dos abusadores espera-se que
particularmente porque entre os abusadores constam professores e estes casem com as raparigas e tomem responsabilidades pelo bebé e
estudantes. pela família. É comum que as próprias famílias e comunidades não
atendam aos efeitos emocionais do abuso sexual no desenvolvimento
O estudo desenvolvido em 2007 pela Save the Children no âmbito das saudável das crianças.117
percepções da comunidade (adultos e crianças) na Província da Zambézia
de Moçambique no que diz respeito ao abuso sexual e á exploração de Relativamente à ocorrência de casamentos prematuros ou gravidezes
crianças em casa e pela família, na comunidade e nas escolas conclui que indesejadas entre crianças/adolescentes têm ainda várias implicações na
as comunidades tendem a caracterizar “abuso” pelo uso da força. Neste desigualdade de acesso à educação formal e conclusão nos vários níveis
sentido, quando uma criança participa “voluntariamente” numa atividade de ensino escolar entre rapazes e raparigas.
sexual a comunidade não aprova necessariamente o ato mas também não
o considera abuso sexual. Por exemplo: é culturalmente aceite e Relativamente ao tráfico de pessoas e crianças: Entre as razões apontadas
desculpabilizava pelos membros da comunidade que as crianças para o facto de haver tantos casos de tráfico de pessoas e crianças estão:
participem em atividades sexuais com um adulto em troca de algum bem a pobreza e vulnerabilidade das fronteiras. Acrescentam que é
económico ou status social a não ser que o adulto falhe e desrespeite a importante não esquecer o tráfico interno particularmente considerando
transação acordada entre as partes. De certo não tomam em que este não é menos grave e atinge ainda mais famílias e é
consideração a incapacidade de uma criança tomar a responsabilidade e perigosamente muitas vezes encoberto por práticas culturalmente ditas
entender as implicações dessas atividades sexuais como a possibilidade como legítimas.
de engravidar, ou infecção HIV/AIDS. De entre os obstáculos salientados
pelos membros da comunidade para não denunciarem os casos de abuso Os casos de violência e abuso sexual são raramente reportados buscando
estão essencialmente a credibilidade da policia relativamente à sua apoio a nível familiar e comunitário. A sua origem assenta sobretudo num
capacidade de resolver casos e punição legal dos autores dos crimes, o sistema social, económico, político e religioso patriarcal baseado em
medo da vitima de represálias por parte do abusador e a destruição da valores, tradições e crenças normativas hierárquicas e discriminatórias de
sua reputação (individual e da família) ao nível da comunidade. O estigma poderes de homens sobre mulheres. 118
social e a rejeição social particularmente por membros masculinos da
comunidade é um elemento de grande pressão social que promove o 117
Save the Children (2007). Proteger as Crianças: atitudes comunitárias em relação ao abuso sexual de crianças nas
“silêncio”. O entendimento das consequências emocionais e psicológicas zonas rurais de Moçambique.
nas crianças é ignorado o que pode ser explicado em grande parte pela 118
Loforte, A. M. (2009). Os movimentos sociais e a violência contra a mulher em Moçambique: marcos de um
percurso. “Outras Vozes” nº 27, Junho.
Prevê-se que as mudanças nas práticas culturais e tradicionais Um outro aspecto a salientar é a lucro das redes de tráfico organizado e
comunitárias seja possível quando motivada por beneficiários do sistema as penalidades para este tipo de crimes. Estima-se que o crime
patriarcal (agentes de mudança) que dispõem de maior poder e impacto organizado de tráfico humano é um dos crimes com maior lucro a nível
sobre a decisão de alteração dos valores culturais (homens sobre mundial, somente ultrapassado pelo tráfico de drogas e tráfico de armas,
mulheres, velhos sobre jovens, líderes). Os interesses económicos, e que ao contrário de ser severamente punido como no caso dos crimes
políticos, de saúde e sexuais destes condicionam as iniciativas de organizados de tráfico de drogas ou armas.
mudança ou não das práticas. O sucesso é maior quando os atores da
mudança são sensibilizá-los na superação de estereótipos de género e V.6. Antecedentes de Violência na Família
consideram a mudança necessária e pertinente. Promove-se a sua
participação como promotores e ativistas da mudança difundindo a No âmbito da compreensão da violência familiar vários estudos tem vindo
mensagem entre os jovens, eles próprios importantes estando mais a salientar as consequências graves da violência familiar quer ao nível do
despegados da cultura e determinando, no presente e futuro, a indivíduo quer no seu desenvolvimento futuro saudável. Uma das
reprodução ou eliminação das mesmas (Blanco & Domingos, 2008). consequências graves que tem sido enumerada é o facto da violência
familiar/doméstica ter impacto na vivência interpessoal das suas vítimas,
Também no que concerne ao tráfico humano é consensual que entre os com destaque para o carácter geracional da violência. Conclui-se que
principais factores protetores apontados para a existência e frequência muitos perpetradores foram outrora vitimas de violência familiar e a
do tráfico em África estão as vulnerabilidades criadas pela Guerra, violência familiar/doméstica é na maioria das vezes uma manifestação ou
pobreza, falta de recursos económicos (fome), nível de escolarização consequência da exposição direta ou indireta (testemunhar violência
baixa, desemprego, e falta de oportunidades para a maioria das
populações. Em particular, as mulheres estão particularmente
vulneráveis, que se deve ao facto de muitas terem sido anteriormente
119
International Organization for Migration (2003). Seduction, Sale and Slavery: Trafficking in Women and Children
for Sexual Exploitation in Southern Africa’. Disponível electronicamente:
120
MMAS (2008). Plano Nacional de Acção para a Prevenção e Combate à Violência Contra a Mulher (2008-2012).
República de Moçambique.
121
Matthew J Breiding a, Avid Reza b, Jama Gulaid c, Curtis Blanton b, James A Mercy a, Linda L Dahlberg a,
Nonhlanhla Dlamini d & Sapna Bamrah (2011). Risk factors associated with sexual violence towards girls in
Swaziland. Dísponível eletronicamente: http://www.who.int/bulletin/volumes/89/3/10-079608/en/
122
Craig M. Allen, Chung M. Lee (1993). Family of Origin Structure and Intra/Extrafamilial Childhood Sexual
Victimization of Male and Female Offenders. Journal of Child Sexual Abuse, Volume 1, Issue 3, 1993, Pages 31 – 46.
123
UNICEF (2007). Guia Prático para Jornalistas. Cobertura jornalística sobre a violência, abuso sexual e exploração
da criança. Disponível electronicamente:
http://www.unicef.org/mozambique/Guia_para_jornalistas_violencia_contra_criancas_190607.pdf
VI.1. Consequências na Saúde Física e Psicológica De um modo geral, “o tipo de reação dos pacientes é determinado pela
sua estrutura psicológica. A sua personalidade, destacando-se a
Segundo o relatório Mundial sobre a Violência e Saúde (2002) personalidade pré-mórbida ou a existência de perturbação psicológica
desenvolvido e publicado pela Organização Mundial de Saúde e de entre anterior” (RECAC, 2010).
as várias formas de violência examinadas (abuso sexual e negligência por
124 126
WHO (2002). World report on violence and health (WRVH). Disponível eletronicamente: WHO (2005). World Health Organization violence prevention activities, 2000-2004. Prepared for UNESCO's mid-
http://www.who.int/violence_injury_prevention/violence/world_report/chapters/en/index.html term report on the International Decade for a Culture of Peace and Non-violence for the Children of the World
125
WHO (2004). February 2005. Available at: http://www3.unesco.org/iycp/Report/WHO.pdf
128
WHO (2005). World Health Organization violence prevention activities, 2000-2004. Prepared for UNESCO's mid-
É de acrescentar que apesar de se reconhecer que a violência sexual é um term report on the International Decade for a Culture of Peace and Non-violence for the Children of the World
problema de saúde pública grave que ocorre em todo o mundo, com um February 2005. Available at: http://www3.unesco.org/iycp/Report/WHO.pdf
129
Osório, C. (2004). Algumas reflexões sobre a abordagem de género nas políticas públicas sobre o HIV/SIDA.
impacto profundo saúde na física, mental e bem-estar social das vítimas a “Outras Vozes”, nº 6, Fevereiro; Silva, T. C., & Andrade, X. (2005, Fevereiro). Feminização do Sida em Moçambique:
A cidade de Maputo, Quelimane e distrito de Inhassunge na província da Zambézia como estudos de caso. “Outras
curto e a longo prazo estes são muitas vezes subestimados e na maior Vozes”, nº 10, Fevereiro.
130
WHO (2005). World Health Organization violence prevention activities, 2000-2004. Prepared for UNESCO's mid-
term report on the International Decade for a Culture of Peace and Non-violence for the Children of the World
127
OMS (2002). Relatório Mundial sobre a Violência e Saúde February 2005. Available at: http://www3.unesco.org/iycp/Report/WHO.pdf
http://www.who.int/violence_injury_prevention/violence/world_report/outline/en/index.html
133
WHO (2004). Costs for Interperssonal Violence.
134
WHO (2004). Costs for Interperssonal Violence.
135
Peter Barss et al. Injury Prevention: An International Perspective – Epidemiology, Surveillance and Policy, Oxford
University Press. 1988.
Dos aspectos mais recomendados e salientados ao longo da literatura Ao longo dos estudos salientou-se ainda a necessidade de se criarem
destacam-se os seguintes: treino de capacitação para oficiais legais e para protocolos que definem com claridade os mecanismos de resposta às
profissionais que trabalhem na área; punição dos perpetradores; questões sociais de violência, abuso e exploração sexual de mulheres e
educação do público em geral sobre os seus direitos e responsabilidades crianças, em particular aquelas que são encobertas por atitudes, crenças
e sobre as consequências da violência e do abuso sexual no e valores aceites pela sociedade moçambicana e que se reflete em
desenvolvimento saudável dos indivíduos e entraves ao progresso práticas culturais comuns desiguais entre géneros, e que comprometem o
económico do país; desenvolver programas que alcancem em particular desenvolvimento saudável das crianças (ex: tráfico interno de crianças
as famílias mais desfavorecidas e com baixo níveis de escolaridade; para trabalho infantil136), e a responsabilização dos sectores e atores
estratégias de comunicação apropriadas para as comunidades pela envolvidos no processo, pela necessidade de desresponsabilização das
utilização de técnicas comunitárias de destaque (ex: ativismo, teatro); crianças de atividades pelas quais têm sido responsáveis e acusadas de
questionamento de mitos e práticas culturais e tradicionais violentas; a estarem envolvidas como envolvimento de crianças em atividade sexuais
necessidade de mais estudos e investigações quantitativas e qualitativas para fins comerciais137 ou para atingir determinados fins, etc.
sistematizadas na área para melhor compreensão da dimensão do
problema; maior participação dos media na divulgação, informação e Os media desempenham um papel fundamental na prevenção e
promoção da proteção da mulher e da criança; desenvolver programas educação informação de qualidade (fiáveis) dos indivíduos. Esta
que asseguram a continuidade escolar, principalmente da raparigas; informação deve incluir e uma contextualização e divulgação das Leis de
promover a igualdade de géneros; a necessidade de programas de apoio proteção e informar sobre os Direitos das Mulheres e particularmente das
e reabilitação a vítimas de violência e abuso pela criação de instalações
apropriadas para receber e atender estes casos; cooperação e
136
comunicação efetiva entre iniciativas governamentais e não Serra, Carlos & FDC (s.d.) Tráfico de Pessoas em Moçambique. Da retórica das palavras à dinâmica da acção..
Disponível electronicamente:
governamentais locais e internacionais que trabalhem com o tema; http://www.fdc.org.mz/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=100&Itemid=106&lang=en
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ECPAT International (2001). The Commercial Sexual Exploitation of Children in Southern Africa.
Os Media e a Violência
Os esforços têm indicado um aumento significativo no número de Para ajudar a assegurar que mulheres e crianças que foram abusadas
mulheres e crianças que denunciam à Polícia a violência que estão a sexualmente têm acesso a cuidados adequados, a OMS começou uma
sofrer. Entre 2006 e 2010 foram mais de 82 mil casos de violência iniciativa em 2001 para fortalecer a resposta do sector saúde à violência
denunciados à polícia, dos quais mais de 17 mil eram contra crianças. É sexual. Esta iniciativa inclui a elaboração de diretrizes para a prestação de
importante ressaltar que os registos de casos de violência apenas assistência aos sobreviventes de violência sexual e das orientações para o
refletem o número de vítimas que buscam ajuda da polícia, enquanto que cuidado médico-legal às vítimas de violência sexual foram lançados em
a grande maioria ainda fica em silêncio.154 2004. 155 Neste sentido, em Moçambique foi aprovado do protocolo
médico de assistência às vítimas de violência sexual de forma a que este
IX.3. Operacionalização das Políticas e Estratégias do Ministério da atendimento seja imediato (menos de 72h) no sentido de considerar os
Saúde (MISAU) aspectos médicos, jurídicos e psicológicos que a situação requer.
Apesar dos esforços e iniciativas no sentido de operacionalização das O Centro de Reabilitação Psicológica Infantil e Juvenil (CERPIJ), tal
estratégias e planos de ação do Ministério da Saúde a falta de recursos como refere o próprio nome, está vocacionado para o
económicos como técnicos de saúde especializados, com destaque para atendimento de crianças e jovens/adolescentes (2-18 anos de idade)
psiquiatras e psicólogos clínicos leva a que muitas das iniciativas e com problemas do foro psicológico (cognitivos, sociais e de
estratégias não tenham a oportunidade de ser implementadas. Destaca- comportamento) e outros que afectam o seu desenvolvimento físico
e mental saudável e na sua plenitude.
se a falta de recursos e técnicos para o Fortalecimento do serviço 'CERPIJ
- Centro de Reabilitação Psicológica Infanto-Juvenil' e do SAAJ, Atualmente existem três Centros de Reabilitação Psicológica Infantil e
implementação do “Plano Estratégico para Prevenção e Controlo do Juvenil (CERPIJ) a nível nacional e provincial: Maputo, Beira e Nampula.
Trauma e Violência 2011-2015” no que se refere a crianças, em particular
a criação de um sistema de base de dados. Acrescenta-se a necessidade Nestes Centros, os pacientes podem contar com o apoio de uma equipe
de monitorar estas iniciativas particularmente na maneira em que estão multidisciplinar constituída por psicólogos, psiquiatras e neurologista. A
intervenção possível com os pacientes/crianças vai desde o
de facto articuladas com os outros sectores, como se tem visto como
aconselhamento, psicoterapias ocupacionais, cognitivo-comportamentais
necessário.
e outras até a intervenção com psicofármacos. Como exemplo e que
usaremos como modelo o CERPIJ de Maputo em termos de serviços
IX.4. Percurso da Vítima de Violência e o Atendimento Integrado clínicos conta com uma equipa multidisciplinar e com o trabalho dos
seguintes profissionais de saúde: Psicólogos especializados em:
Neste âmbito, o Ministério do Interior criou em 2000 os “Gabinetes de psicopedagogia, educação especial e reabilitação, psicologia infantil,
Atendimento”. Unidades especializadas da policia de assistência a vítimas psicologia juvenil e do adolescente, educação sexual e reprodutiva e
de violência e abuso sexual. psicologia clínica; Psiquiatras; Pediatras; Terapeutas da fala; Logopedas
(ergoterapeuta); Enfermeiros. O atendimento de pacientes neste serviço
apesar de não ser exclusivo e especializado para o atendimento de
IX.5. Mecanismos de Colecta de Dados vítimas de violência tem o objectivo de atender todas as situações que
comprometam o desenvolvimento saudável e harmonioso de cada
criança. Apoia essencialmente pacientes com sinais evidentes de
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MISAU (2004). Relatório de Recolha e Análise de Dados: Casos Clínicos de 2004 - Motivos das Consultas e
Diagnóstico Centros de Reabilitação Psicológica Infantil e Juvenil (CERPIJ) do Hospital Central de Maputo. Maputo.
Em matéria de saúde reprodutiva, todos os pacientes que passam pela Adicionalmente, existe também um grupo de apoio a pacientes
consulta recebem uma sessão de aconselhamento inicial com as seropositivos que promove a troca de experiências e suporte psicossocial
enfermeiras, que farão os devidos encaminhamentos para os médicos entre os próprios jovens. Este grupo é coordenado pelos psicólogos mas
e/ou psicólogos conforme o caso. São também as enfermeiras que são os jovens que propõem os temas a serem discutidos uma vez que se
acompanham todos os casos de planeamento familiar e fornecem trata também de um espaço para esclarecimento de dúvidas. Este grupo
gratuitamente contraceptivos para os pacientes. Os jovens e adolescentes realiza ainda acompanhamento domiciliário dos jovens e adolescentes
podem ainda tirar partido do material educativo que cada SAAJ possui na HIV positivos.
sala de espera, que pode incluir vídeos.
Atualmente existem vários SAAJs espalhados por todo o país e em todas
Em termos de ginecologia e obstetrícia, as jovens têm acompanhamento as províncias. Por sua, vez, cada província possui ainda vários SAAJs
durante todo o período pré-natal com direito a todos os exames espalhados pelos Distritos com maior população. No total estão
complementares disponíveis. Para além dos casos de gravidez, todas as disponíveis aos adolescentes e jovens moçambicanos mais de 65 SAAJs no
patologias neste âmbito podem ser acompanhadas pelos médicos de país. No entanto, tal como em outras áreas da saúde existe uma grande
serviço. falta de profissionais especializados e recursos económicos suficientes
para realizar muitas das atividades que se prestam realizar à partida.
Também são efectuados aconselhamento pré e pós-teste HIV. No
aconselhamento pré-teste, são as enfermeiras que recebem os pacientes.
Para os casos em que o teste HIV é positivo, os pacientes são transferidos
para as consultas de psicologia para fazerem o aconselhamento pós teste
e acompanhamento dos casos graves.
Os CERPIJ são Centros que apesar de não serem especializados e Tal como previsto no âmbito deste estudo focamos as recomendações
unicamente direcionados ao atendimento à criança vítima de violência e finais no sentido de atingir os objectivos específicos: 1) como melhorar a
abuso sexual podem, pela natureza do serviço que oferecem, conseguir identificação e reabilitação de crianças vítimas de violência e abuso
prestar o apoio multidisciplinar médico, psicológico e psicossocial que sexual, e vítimas indiretas de violência doméstica em Moçambique; 2)
estas necessitam. No entanto, a capacitação destes profissionais e um como reforçar a colaboração entre os organismos governamentais e os
foco nesses programas de apoio à vítima de violência e abuso sexual, serviços de apoio à criança e à mulher da sociedade civil no sentido de
incluindo encaminhamento de casos em que são vítimas de violência um atendimento integrado. Todas as atividades propostas têm o
doméstica pode melhorar a eficácia do seu serviço e proporcionar a objectivo de reabilitar as vítimas de violência e abuso sexual e as suas
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OMS (2002). Relatório Mundial sobre a Violência e Saúde.
http://www.who.int/violence_injury_prevention/violence/world_report/outline/en/index.html