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FICHAMENTO

PROFISSÃO EDUCADOR SOCIAL

Há uma dificuldade em especificar as funções de educador social em


decorrência da multiplicidade das suas atividades, decorrentes de contextos
sociais diversos e da complexidade das atribuições administrativas
decorrentes das instituições que “cuidam” e monitoram o trabalho do educador
social. Romans cita A. Petrus 1, 1993, p.206 que sintetiza a função do
educados social: ( p.115)
1) Função detectora e de análise dos problemas sociais e suas causas.
2) Função de orientação e de relação institucional.
3) Função relacionante e dialogante com os educandos.
4) Função reeducativa em seu sentido mais amplo, mas nunca reeducação
clínica.
5) Função organizativa e participativa da vida cotidiana e comunitária.
6) Função de animação grupal e comunitária.
7) Função promotora de atividades socioculturais.
8) Função formativa, informativa e orientadora.
9) Função docente social.
10)Função econômica/ social.
Románs afirma que todo trabalho educativo requer uma relação de
colaboração e envolvimento da pessoa que solicita os serviços, já que
predispõe à tomada de consciência das dificuldades, ao desbloqueio das
interferências que interceptam seu desenvolvimento, a uma progressiva
aceitação de si mesma, ao processo de integração social e à obtenção de
capacidades e de habilidades que lhe permitam maior autonomia e
independência pessoal.
(116)

O educador social possui um perfil polivalente que contemple uma instituição


contratadora para a prestação de serviço, um território específico e uma equipe
que integrará esses profissionais. É importante ressaltar qual setor da
população que será contemplado, os objetivos a serem alcançados, os
recursos disponíveis e as metodologias que serão aplicadas.
Románs compreende competências como o “ conjunto de conhecimentos,
habilidades e qualidades que permitem a uma pessoa realizar bem as tarefas
encomendadas’ p 125 . A partir desse conceito, o autor propõe três

1
Petrus, A. Educacion social y perfil del educador social, em Sáez ( comp.). El educador social, Murcia,
Universidad de Murcia, 1993.
competências que justificam essa definição: conhecimentos, capacidades e
atitudes.
Em relação ao pilar Conhecimentos, poderíamos mencionar os
conhecimentos gerais que contemplam os conhecimentos necessários que
cada pais apresenta para a formação profissional básica do educador social
como o diploma de Educador Social que vigora na Espanha.
O pilar Conhecimentos específicos se referem aos conhecimentos que
são requeridos pelas entidades contratantes , pensando na nossa realidade de
pesquisa, o que os equipamentos CRAS e CREAS estipulam como atividades
inerentes a esse profissional O autor menciona que é necessário ter
conhecimento de algumas informações que balizam esse trabalho como
algumas atividades específicas da sua rotina, conhecimento do meio, como o
perfil da população atendida, bem como as atividades que a rede oferece como
as atividades associativas.
È necessário que o educador social conheça as metodologias
desenvolvidas, que se referem ao saber fazer, o que engloba tanto as suas
funções e atribuições, os fatores exitosos ou limitadores que esbarram na
atuação do educador social.
O autor utiliza a definição do Dicionário de tecnologia da educação para
definir capacidades: “ termo geral para designar a qualidade, a competência, a
a habilidade que uma pessoa possui para realizar determinadas tarefas ou
atividades.” P.126 e evidencia que o educador social deverá possuir:
capacidade de elaborar projetos educativos, capacidade de intervir no plano
educativo, capacidade de trabalhar em equipe, capacidade de formação
contínua e capacidade para gerir recursos ( p. 126 e 127).
Além dessas capacidades, o autor traz R.Pérez para relatar as habilidades
sociais, que na psicologia organizacional são denominadas de competências
comportamentais como comunicação, trabalho em equipe e negociação.
“ O exercício profissional do educador social se baseia na orientação, na
melhoria, no enriquecimento e nas contribuições para os processos educativos
dos demais, quer dizer, fundamentalmente sua atividade profissional repousa
nas interações com os usuários e usuárias dos serviços, aspectos que
requerem não apenas o conhecimento das técnicas, recursos e métodos, como
também, e principalmente, a capacidade de empatia, escuta e resposta em sua
relação profissional”.

Romans diz que se a educação social for compreendida como “gatilho” para
a mudança social em vez de mera reprodutora da ideologia dominante, faz-se
necessário “mortes” e “processos de luto” de alguns aspectos como nos faz
lembrar Ciampa em Morte e vida Severina
O papel transformador proposto para o educador social nem sempre é
percebido porque alguns educadores sociais não manifestam seus desejos e
ações em decorrência da manutenção da empregabilidade. Como diz o ditado:
manda quem pode, obedece quem tem juízo. Como a profissão está sendo
construída, comportamentos de transformação, mudança, podem ser
compreendidos como falta de profissionalismo.. Diante a precariedade das
condições laborais, o autor apresenta predicados, adjetivos para caracterizar
papéis que nos dizeres de Ciampa são re-postos, haja vista que o papel
pressuposto seria de uma pessoa crítica, autônoma, que visa trabalhar o
protagonismo dos atendidos a partir de uma educação libertadora, que afasta
dos parâmetros bancários estabelecidos pelo sistema capitalista.

O autor agrupa alguns papéis de educador social: o educador social resignado-


apresenta um comportamento permanente e passivo mediante as atividades da
sua profissão; não enxerga perspectiva de melhora no seu trabalho. O
educador social tecnicizado demonstra comportamento técnico, metódico,
seguindo criteriosamente os pressupostos científicos.
O educador social conformista é aquele considerado medíocre, pois exerce
somente atividades relacionadas ao protocolo laboral, se adaptando aos
contextos e metodologias da instituição mantenedora. O educador criativo,
também denominado de realista demonstra proatividade com o contexto e
público atendido, ampliando suas ações com a equipe e gestão de trabalho.

Para que a educação social contribua para o desenvolvimento integral das


pessoas e da comunidade, os educadores tem que ter um perfil ativo e
reflexivo, que transforme a realidade. O autor menciona Girox (1991) que utiliza
o conceito de educadores transformativos para representar aqueles que
utilizam a criatividade nos processos reflexivos da sua prática profissional.

Romans aponta alguns impasses no trabalho do educador e da educadora


social: p.135
1) Indefinição do campo de trabalho e das diferentes versões sobre o
conceito de “intervenção educativa”
2) A superposição de tarefas com outros profissionais.
3) A especialização, ainda não muito específica, de conhecimentos em
algumas áreas e setores que precisam de intervenções mais
especializadas.
4) As tensões entre “veteranos”, sem estudos universitários e com
experiência de trabalho, e os universitários, com estudos e sem
experiência nesse campo.
5) O desgaste psicológico, produto do trabalho e do contato direto com
pessoas que sofrem problemas de inadaptação, de exclusão social, de
perturbações.
6) As irregularidades nas contratações, tanto em níveis de retribuição
econômica como de permanência nas instituições.
7) Os problemas de relação e coordenação entre instituições públicas e
privadas, ou entre administrações locais e centrais.
8) A defesa do âmbito de trabalho frente a outros perfis, cuja atividade se
orienta para o mesmo campo de ação.
9) A instabilidade dos postos de trabalho dependentes quase sempre dos
recursos públicos que se destinam a este fim.
10)A fraca rentabilidade dos esforços realizados, quando os mesmos
objetivos educativos provêm de administrações distintas e com
orientações não-coincidentes.
A pergunta: O que o CRAS e CREAS entendem como educação socialw

Romans defende que para o planejamento da atividade formativa seja


necessário aprofundar sobre o perfil educador social, conhecendo suas
atribuições ( funções e tarefas), assim para a legitimidade das suas
competências.

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