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Variantes linguísticas e

dialetos

(Estudos Linguísticos, parte 2)

Prof. André Cecílio - Colégio Santo Agostinho


Signos
• Elementos dotados de
significação compartilhada
ou construída

Língua
• Tipo de linguagem verbal (à Comunicação
qual podem se associar Cultura
elementos não verbais)
dotada de traços culturais e Signos
identitários. Identidade

Linguagem
Sociedade

Não verbal Verbal

Língua
LÍNGUA

Identidade Diversidade
Toda língua é
necessariamente
variável
Cultura

Estruturas
e padrões
Os níveis de variação

Modalidade
•Oral
•Escrita

A língua Registro
•Formal
varia em •Informal

Dialeto
•Regional,
social...
MODALIDADE (ORAL OU ESCRITA)
Está ligada ao gênero do discurso em uso! Há gêneros de natureza:
▪ Oral: conversa, telefonema, aula, palestra, defesa oral, debate etc.
▪ Escrita: carta, crônica, editorial, receita, poema, romance, artigo científico, tirinha,
O que é mais mensagem instantânea etc.
formal, a fala ou a ▪ Oralizada: telejornal, juramento, peça de teatro etc.
escrita? ▪ Transcrita: depoimento, transcrição de falas, atas etc.

REGISTRO (FORMAL OU INFORMAL)


▪ Está ligado à Situacionalidade, ao contexto de produção do discurso.
▪ O registro linguístico independe da modalidade e é gradativo:
Informal
Formal
Quanto mais Quanto mais formal,
informal, mais mais próximo do
distante da ideal proposto pela
Gramática Gramática
Normativa Normativa
O que é um dialeto?
Conceito
Dialeto é toda variante linguística de um
importante! idioma estruturada e difundida por um grupo.
Apresenta características lexicais, fonéticas,
sintáticas e pragmáticas próprias, mas ainda
possui grande grau de cognatos, de modo que
se mantenha a capacidade de compreensão
entre comunidades diferentes.
Léxico

Língua
Sintaxe

Dialetos
Fonolo Dialeto
gia

Práticas
linguísti
cas
Nível lexical
• Variação no uso e no significado de palavras ou
expressões
Mas como se Nível morfológico
estruturam • Variação no emprego de classes gramaticais, como os
pronomes
essas Nível fonológico
variantes? • Variações na pronúncia e nos fonemas presentes

Nível sintático
• Variações em questões de regência, concordância,
colocação pronominal etc.
A língua apresenta
diversas variantes
relacionadas ao
tempo, ao espaço e a
organizações sociais
etc

Tipos de variantes
Elas se organizam em
categorias/ níveis:

• Diafásico;
• Diatópico;
• Diastrático;
• Diacrônico.
Variante de • Diz respeito às modificações percebidas no
Época ou idioma quando comparados momentos
distintos na história da língua.
Temporal

Séc. XX
Vossemecê → Vosmecê → Você → cê
Séc. XV
Variação percebida na manifestação da língua entre
falantes de gerações diferentes, mesmo em uma mesma
época

• E aí, broto? Cê tá uma brasa! • Poxa, crush, por que não


Variante me nota?

Etária ou • Ai, ele é um pão!


• Ô ranço de gente
Geracional • Essa patota do barulho vai
biscoiteira!
estourar a boca do balão
com confusões do arco da • Gado demais...
velha!
• Xia!
• E aí, chapa, vamos botar pra
quebrar?
• Se pá eu vou na resenha!
• Pombas! Vamos dar o fora • Pelas!
porque os tiras estão
chegando!
A variante socioeconômica se relaciona a
fatores como grau de escolaridade do
indivíduo ou de um grupo.
A tua saudade corta
Como aço de naváia
O coração fica aflito
Bate uma, e a outra faia
E os zóio se enche d'água
Que até a vista se atrapáia, ai ai
Folclore do Pantanal
Variante
Também se relaciona aos reflexos que as
Socioeconômica ou diferentes práticas culturais ou identitárias de
um grupo deixam no campo da língua.
cultural Colou dois manos
Um acenou pra mim
De jaco de cetim
De tênis, calça jeans
Ei Brown, sai fora
Nem vai, nem cola
Não vale a pena dar ideia nesses tipo aí
Ontem à noite eu vi na beira do asfalto
Tragando a morte, soprando a vida pro alto Racionais MCs
Ó os cara só o pó, pele o osso
• O gênero é, também, um traço identitário. Por isso, ele
também deixa marcas em relação às práticas
Variante de linguísticas.

gênero
• Chegou a poc!
• Amigues
• Resenha com os parças

• BALADINHA TOP
Variante
regional

Mapa das isoglossas brasileiras

As áreas delimitadas pelas linhas


apresentam características linguísticas
semelhantes
“Uma língua é um dialeto com exército e marinha”
- Max Weinreich
Pierre Bourdieu e o capital simbólico
▪ O espaço social como um campo de lutas em que os
atores elaboram estratégias que permitem manter ou
melhorar sua posição e seu prestígio.

▪ “O capital simbólico, com as formas de lucro e de


poder que assegura, só existe na relação entre as
propriedades distintas e distintivas como corpo
correto, língua, roupa, mobília (...) e indivíduos ou
grupos dotados de esquemas de percepção e de
apreciação que os predispõem a reconhecer (...) essas
propriedades, ou seja, a instituí-los como estilos
expressivos, formas transformadas e
irreconhecíveis das posições nas relações de
força.” (Bourdieu)
“Para uma prática ou uma propriedade funcionar como símbolo
de distinção basta que seja posta em relação a qualquer uma
das práticas ou das propriedades que lhe são praticamente
substituíveis num certo universo social; portanto, que seja
recolocada no universo simbólico das práticas e das
propriedades que, funcionando na lógica específica dos
sistemas simbólicos, a das separações diferenciais, retraduza
as diferenças econômicas em marcas distintivas, signos de
“Tudo bem, distinção ou em estigmas sociais.
mas que falar O símbolo de distinção, arbitrário como o símbolo linguístico,
assim é feio, recebe as determinações que o fazem parecer como
necessário à consciência dos agentes apenas de seu
é!” pertencimento às relações de oposição constitutivas do
sistema de marcas distintivas que é característico de uma
formação social. Isso explica por que, sendo essencialmente
relacionais (a palavra distinção já o mostra), os símbolos de
distinção, que podem variar completamente conforme o
contraponto social a que se opõem, são ainda assim
percebidos como atributos inatos de uma “distinção
natural”.” (Bourdieu)
▪ O sistema simbólico da língua também é um
terreno de disputas, no qual há símbolos de
distinção (capital simbólico).

▪ A valorização de uma variante (e de seu uso, A língua também


dos falantes que a empregam e dos contextos
em que ela se manifesta) em detrimento das é um campo de
demais caracteriza essa distinção e também disputas!
contribui para a estigmatização (e
consequente desvalorização) das demais
variantes (e de seus usuários, contextos,
produções etc) O uso de sistemas simbólicos compartilhados
em um meio social para reafirmar e
naturalizar posição de dominação de um
grupo perante outro constitui a violência
simbólica
As variantes da língua refletem as relações sociais
existentes na sociedade em que ela se insere!
A variante de
prestígio é a
variante do
poder
O falante, ao fazer uso de uma variante, carrega consigo as
marcas sociais do grupo que ela representa.
Preconceito
Linguístico
▪ Se um determinado grupo é
socialmente estigmatizado, a
variante utilizada por ele
também carrega essa
discriminação.
Não existe peleumonia e
nem raôxis!
A dinâmica entre línguas também
reflete relações históricas, sociais e
culturais
Delivery
Até pra telepizza
É um exagero.
Há quem negue?
Um povo com vergonha
Da própria língua
Já está entregue.

(Veríssimo, F)

O prestígio a determinadas formas reflete o que se


valoriza e o que se desvaloriza em termos de cultura e
identidade
Isso também se
reflete na dinâmica
entre culturas
Um caso de “vira-latismo”
linguístico?
Atenção! Não é só o inglês!

▪ De acordo com a época ou


mesmo com o universo
comunicativo em que se insere,
os estrangeirismos
predominantes podem ter
outras origens.
Nem só no
Brasil!

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