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Anatomia e Fisiologia

2023
Luciano V. G. de Matheus M. Lima
Rezende
Pedro H. S. Moreira
Beatriz B. C.
Cavalcante Pedro T. M. Leão

Francisco M. R. Livia S. Silva


Filho
Diego O. M. C.
Gabriel G. Pinheiro Campos

Lis J. Zwecker Isabella V.


Cirqueira
Alina S. M. Freitas

Maria R. Miranda
João P. S. Medrado

João V. S. P. S.
Barros

Maria C. N. Freitas
Este livro foi idealizado pelos ligantes da Liga Acadêmica de
Oftalmologia da Bahia – Medicina FTC. Esta primeira edição
trata-se de um compilado das principais literaturas, com o
intuito de propagar o conhecimento da oftalmologia e facilitar
a vida dos estudantes de Medicina durante a graduação.
Introdução:
o A órbita é uma cavidade óssea localizada na parte anterior do crânio, que abriga o globo ocular e as estruturas associadas. A órbita
é constituída por uma estrutura óssea complexa que protege e suporta o globo ocular, além de abrigar nervos e vasos sanguíneos
essenciais para a função visual. A compreensão da anatomia e fisiologia da órbita é fundamental para o diagnóstico e tratamento
de patologias oculares e orbitárias.
• Anatomia da Órbita:
o A órbita é composta por quatro paredes ósseas: a parede medial, a
parede lateral, o teto e o assoalho. Cada parede óssea contém forames
e fissuras ósseas que permitem a passagem de nervos e vasos
sanguíneos. A parede medial contém o forame óptico, por onde passa o
nervo óptico, e a fissura orbitária superior, por onde passa o nervo
oculomotor, o nervo troclear e o ramo oftálmico do nervo trigêmeo. A
parede lateral contém a fissura orbitária inferior, por onde passa o nervo
infraorbitário e o ramo maxilar do nervo trigêmeo. O teto contém a
fissura orbitária superior e o forame supraorbitário, por onde passam o
nervo supraorbitário e os vasos sanguíneos correspondentes. O
assoalho contém o canal infraorbitário, por onde passam o nervo
infraorbitário e os vasos sanguíneos correspondentes.
▪ O teto consiste em dois ossos: A asa menor do esfenoide e a placa
orbital do osso frontal. Localiza-se subjacente à fossa craniana
anterior e ao seio frontal. Um defeito no teto da órbita pode causar
proptose pulsátil devido à transmissão da pulsação do fluído
cerebrospinal para a órbita.
▪ A parede lateral também consiste em dois ossos: Asa maior do
esfenoide e o zigomático. A metade anterior do globo ocular é
vulnerável ao trauma lateral, uma vez que se projeta para além da
margem orbital lateral.
▪ O assoalho consiste em três ossos: zigomático, maxilar e palatino. A
porção posteromedial do osso maxilar é relativamente fraca e pode
estar susceptível a fraturas.
.
▪ A parede medial consiste em quatro ossos: Maxilar, lacrimal,
etmoidal e esfenoidal.
▪ A fissura orbital superior liga o crânio e a órbita, entre as asas maior
e menor do osso esfenoide, onde passam estruturas importantes. A
porção superior contém os nervos lacrimal, frontal e troclear, bem
como a veia oftálmica superior.
• A porção inferior contém as divisões superior e inferior do nervo
oculomotor, os nervos abducentes e nasociliar e fibras
simpáticas do plexo cavernoso.
• A inflamação da fissura orbital superior e do ápice (síndrome de
Tolosa-Hunt) pode, dessa forma, resultar em uma infinidade de
sinais, incluindo oftalmoplegia e obstrução do fluxo venoso.
▪ A fissura orbitária inferior localiza-se entre a asa maior do esfenoide
e o maxilar, conectando a órbita às fossas pterigopalatina e
infratemporal.
• Fisiologia da Órbita:
o A órbita é responsável por proteger e suportar o globo ocular e abrigar
estruturas essenciais para a função visual. A estrutura óssea da órbita
fornece uma proteção mecânica contra lesões externas e a pressão
intraocular. A órbita também desempenha um papel importante na
manutenção do equilíbrio e na coordenação dos movimentos oculares,
através da interação entre os músculos extraoculares e os nervos que
inervam esses músculos. Os nervos e vasos sanguíneos que passam
pela órbita fornecem o suprimento sanguíneo e inervação para o globo
ocular, as pálpebras, a conjuntiva e a córnea. A compreensão da
fisiologia da órbita é essencial para o diagnóstico e tratamento de
patologias que afetam a função visual e a saúde ocular, como tumores
orbitários, doenças vasculares e neuropatias oculares.
• Referências:
1. Oftalmologia Clínica - Jack J. Kanski 8ª Edição
2. Yanoff & Ducker - Oftalmologia - 3Ed
3. Figura 1: Anatomia orbitária - KANSKI
Introdução:
A principal função das pálpebras é a proteção do globo ocular, mas também
participam do processo de lubrificação do mesmo, através da distribuição do
filme lacrimal durante o piscamento. Com espessura de 700µ a 800µ, a pele da
pálpebra é a mais delgada do corpo. A pálpebra superior estende-se
superiormente para a sobrancelha, que a separa da testa. A pálpebra inferior
se estende abaixo da borda inferior orbital, formando dobras onde o tecido
conjuntivo frouxo da pálpebra é justaposto ao tecido mais denso da bochecha.
A dinâmica palpebral e suas interações musculares são de suma importância
para a dinâmica e o seguimento com a anatomia dessa região. A elevação da
pálpebra é realizada principalmente pelo músculo elevador da pálpebra
superior, que se origina no ápice da órbita, passando anteriormente pelo
músculo reto superior se inserindo na placa tarsal. A via nervosa aferente é
composta por um ramo do trigêmeo (V par), e a eferente, pelo nervo facial (VII
par).
A placa tarsal é uma faixa de tecido conjuntivo denso e situa-se, posteriormente, à pele
e ao músculo orbicular, é uma região bem delimitada, firmemente aderida e de maior
consistência, além disso, tem outro fato importante, a presença das glândulas que
estabilizam o filme lacrimal.

Os cílios vão estar presentes na parte anterior da pálpebra orifícios e glândulas na parte
posterior, em toda a sua extensão, mas existe uma estrutura em especial, presente na
região nasal, de maior diâmetro, que é o orifício lacrimal, responsável pela drenagem.

Outro marco anatômico importante é a linha cinzenta, que tem relevância cirúrgica, por
dividir as lamelas em anterior e posterior, “resguardando” as glândulas e os orifícios,
que possuem uma fisiologia importante, para a saúde ocular.
HISTOLOGIA :
A pele palpebral é ainda dividida em duas porções:

· Porção orbitária (entre a porção tarsal e o rebordo orbitário);

· Porção tarsal (entre o bordo livre e o sulco órbito-palpebral).

A pele palpebral é formada por um epitélio estratificado queratinizado, com


elementos pilossebáceos na derme, alguns vasos sanguíneos e glândulas
sebáceas.

As pálpebras têm diferenças na estratigrafia de acordo com a porção avaliada,


sendo 4 camadas na porção tarsal e 7 camadas na região tarsal acima do
septo orbital. Na porção tarsal temos: (1) pele e tecido subcutâneo, (2) músculo
orbicular do olho, (3) tarso e (4) conjuntiva. Na porção proximal temos: (1) pele
e tecido subcutâneo, (2) músculo orbicular do olho, (3) septo orbital, (4)
gordura pós-septal ou orbital, (5) aponeurose do elevador da pálpebra superior,
(6) músculo de Müller e (7) conjuntiva
A epiderme consiste em quatro camadas de queratinócitos e também
melanócitos, células de Langerhans e células de Merkel. A partir da camada
superficial até a mais profunda, as quatro camadas da epiderme são:

1. A camada córnea (de queratina): camada fina, composta de células


mortas, planas e desprovidas de núcleo;

2. A camada de células granulares: uma ou duas camadas de células


planas ou em forma de diamante, contendo grânulos de cerato-hialina;

3. A camada de células escamosas: contendo cinco (5) células de


espessura, as quais têm formato poligonal e citoplasma eosinofílico abundante.
Suas bordas livres são unidas por desmossomos;

4. A camada de células basais: uma única fileira de células colunares. As


células basais contêm melanina derivada de melanócitos adjacentes
A derme é mais espessa que a epiderme, sendo composta de tecido
conjuntivo, vasos sanguíneos, linfáticos e fibras nervosas. Também fazem
parte da derme fibroblastos, macrófagos e mastócitos. Papilas (projeções
dérmicas ascendentes) interdigitam-se com as projeções dérmicas
descendentes (cristas de rede). Na pálpebra, a derme se situa sobre o músculo
orbicular. Os anexos cutâneos localizam-se profundamente na derme ou nas
placas tarsais

1. As glândulas sebáceas: situadas na carúncula ou nas unidades pilosas


da sobrancelha;

2. As glândulas meibomianas: glândulas sebáceas modificadas, localizadas


na placa tarsal. Cada glândula consiste em um ducto central com múltiplos
ácinos, sintetizando lipídios (meibo) que passam pelo ducto e formam a
camada externa do filme lacrimal;
3. As glândulas de Zeis: glândulas sebáceas modificadas, associadas aos
folículos ciliares;

4. As glândulas de Moll: glândulas sudoríparas modificadas que se


comunicam com um folículo ciliar, sendo predominantes na pálpebra inferior;

5. As glândulas sudoríparas écrinas: distribuídas em toda a pele da


pálpebra;

6. As unidades pilossebáceas: conjunto de folículos pilosos com suas


glândulas sebáceas.
Inervação:
É composta pelo ramo oftálmico (pálpebra superior) e maxilar (pálpebra
inferior) do V par (trigêmeo). O músculo levantador da pálpebra superior pelo
nervo oculomotor (III par) também leva fibras parassimpáticas pré-ganglionares
para o gânglio ciliar, além de inervar 5 músculos extra orbitários, que são tão
importantes para a motilidade. O nervo facial também tem relevância quanto
inervação, visto que é responsável pelo músculo orbicular.
Circulação e drenagem linfática:
A irrigação das pálpebras é feita por uma extensa malha vascular, formando
anastomoses entre ramos originados da artéria carótida externa (via face) e da
carótida interna (via órbita), permitindo uma excelente recuperação pós-
traumática na região.

O fluido linfático das pálpebras superiores é drenado para linfonodos pré-


auriculares, enquanto os das pálpebras inferiores para os submandibulares.
• Referências:
1. Oftalmologia Clínica - Jack J. Kanski 8ª Edição
2. Manual de Oftalmologia USP
INTRODUÇÃO:
O sistema lacrimal é responsável pela produção e condução da lagrima pelo
globo ocular, dentre tantas funções, uma das principais é a lubrificação de todo
o olho. Esse sistema é composto por: ponto lacrimal, canalículos, saco lacrimal
e ducto naso lacrimal. Em sua normalidade, as lágrimas são produzidas na
mesma proporção do que são evaporadas.
ANATOMIA:
1. Os pontos lacrimais estão localizados na borda posterior da margem
palpebral, na junção dos cinco sextos laterais que possuem cílios com um
sexto medial não ciliado. Eles podem ser vistos se fizer a quebra da porção
medial das pálpebras.

2. Os canalículos dispõem-se verticalmente na margem palpebral. Eles fazem


uma curva medial e dirigem-se horizontalmente até o saco lacrimal. Os
canalículos superior e inferior em geral se unem e formam o canalículo comum,
que se abre na parede lateral do saco lacrimal. Em alguns indivíduos, cada
canalículo abre-se separadamente. Uma pequena dobra de mucosa recobre a
junção do canalículo comum com Canalículo comum Saco lacrimal e Dueto
naso lacrimal.
3. A Localização do saco lacrimal é na fossa lacrimal, entre as cristas lacrimais
anterior e posterior. O saco lacrimal é separado do meato médio da cavidade
nasal pelo processo frontal da maxila.

4. A continuação do saco lacrimal é o dueto naso lacrimal, o mesmo se dirige


inferiormente, lateral e posteriormente para se abrir no meato nasal inferior
lateralmente e abaixo da concha nasal inferior. Esse dueto é aberto
parcialmente pela válvula de Hasner, que por sua vez, é uma prega da mucosa
FISIOLOGIA:
As lagrimas secretadas passam pela superfície ocular, durante esse trajeto,
uma quantidade de componente aquoso do filme lacrimal é dissipado. Isso
acontece por conta do tamanho da fenda palpebral, pelo piscar e pela
temperatura do ambiente externo que a pessoa se encontra. O que consegue
continuar, passa pelo seguinte trajeto.

1. O fluxo lacrimal segue ao longo das margens palpebrais superior e inferior e


entra nos canalículos superior e inferior por capilaridade e, possivelmente,
também por sucção.
2. Quando piscar, o músculo orbicular pré tarsal comprime a ampola, encurta e
comprime os canalículos horizontais e move os pontos lacrimais. Ao mesmo
tempo a porção lacrimal do músculo orbicular, que está aderida à fáscia do
saco lacrimal, contrai e comprime o saco, criando assim uma pressão positiva
que força a lágrima a descer pelo dueto naso lacrimal e para dentro do nariz.

3. Quando os olhos se abrem, os músculos relaxam, os canalículos e o saco


se expandem, criando uma pressão negativa que, com o auxílio da
capilaridade, conduz as lágrimas do olho para o saco lacrimal vazio.
Referências:
1. RIORDAN-EVA, P; WHITCHER, J. Oftalmologia Geral De Vaughan & Asbury. 17.ed.
Porto Alegre: AMGH, 2011.

2. KANSKI, JOHN J. e BOWLING, BRAD. Oftalmologia Clinica. Uma abordagem


sistemática 17 edição

3. Figura 7: https://www.infoescola.com/glandulas/glandula-lacrimal/

4. Figura 8:
https://app.uff.br/riuff/bitstream/handle/1/7317/Disserta%E7%E3o.pdf;jsessionid=0F6D
73D7077EE553C765995FDC467AD6?sequence=1
Introdução
A conjuntiva é uma membrana mucosa, transparente, que reveste posteriormente as

pálpebras e anteriormente a superfície do olho até a córnea. É altamente

vascularizada, sendo irrigada pelas artérias palpebral e ciliar anterior, e também possui

uma grande rede linfática. Ela possui um papel fundamental na proteção do olho

contra micro-organismos. As conjuntivites são as principais alterações de processo

inflamatório da conjuntiva. Podem ser de tipo viral, bacteriana, alérgica, química e

autoimune.
• Nas dobras superior e inferior, entre o globo ocular e as pálpebras, ela forma
um fundo de saco, denominado “fórnice/fórnix”.

• Nas pálpebras ela está aderida de maneira firme (conjuntiva palpebral), mas
na região do globo ocular está aderida de maneira mais frouxa (conjuntiva
tarsal), estando livre na região de fórnice.

• Então inflamações podem causar edema na região dos fórnices


(denominada na oftalmologia como "quemose") e da conjuntiva bulbar (globo
ocular).

Figura 9
• A conjuntiva é composta de uma camada epitelial e de um estroma. Na
camada epitelial encontramos as células caliciformes, responsáveis pela
secreção de mucina (importante componente do filme lacrimal). Outras
glândulas conjuntivais contribuem ainda na formação das camadas aquosa e
lipídica do filme lacrimal.

• A conjuntiva facilita o livre movimento do globo ocular e promove uma


superfície lisa para que as pálpebras deslizem sobre a córnea.
• A inervação sensorial é mediada via divisão oftálmica do nervo trigêmeo (V
par). A vascularização é predominantemente originada de ramos orbitários
com presença de anastomoses do sistema facial

Figura 10
• O epitélio é não queratinizado. As células caliciformes secretoras de muco estão
presentes no epitélio.

• O estroma (substância própria) consiste em tecido conjuntivo frouxo, ricamente


vascularizado. As glândulas lacrimais acessórias de Krause e Wolfring localizam-
se profundamente no estroma, sendo suas secreções componentes essenciais do
filme lacrimal.

• O tecido linfoide associado à conjuntiva (CALT) é importante para a iniciação e


regulação da resposta imune da superfície ocular. Consiste em linfócitos nas
camadas epiteliais, em vasos linfáticos e vasos sanguíneos associados, com
componente estromal de linfócitos e células plasmáticas, incluindo agregados
foliculares.
1. (Kanski – Oftalmologia Clínica)

2. (Oftalmologia USP Anatomia e Fisiologia)

3. Figura 9: https://www.passeidireto.com/arquivo/48849479/anatomia-conjuntiva

4. Figura 10: Medcurso 2022 - Oftalmologia


• A esclera é a estrutura que confere formato e proteção ao globo ocular, sendo
chamada de camada externa ou túnica fibrosa. É importante salientar que a esclera
é uma estrutura avascular, apesar de existirem vasos em sua superfície. Nela
ocorrem a fixação dos músculos extraoculares, além de ser perfurada pelo nervo-
óptico em sua região posterior, como também pelos demais nervos e vasos ao
decorrer de todo o globo. Além disso, em sua região anterior está a inserção da
córnea, separadas pela região do limbo.

• Existem algumas patologias que acometem essas estruturas, como a esclerite e a


episclerite. A esclerite é uma condição rara e mais grave que a episclerite, e que
possui em sua maioria caráter não-inflamatório, além de estar associada a
condições sistêmicas, podendo se manifestar unilateral ou bilateralmente de
poucos meses a anos. Por outro lado, a episclerite possui um caráter mais benigno
e autolimitado, causando apenas desconforto e irritação, sem provocar lesões
estruturais.
Cápsula de Tenon

• A cápsula de Tenon está localizada na superfície externa da esclera, sendo formada


por tecido conjuntivo do tipo I, III, V, VI e VIII, além de elastina, proteoglicanos e
glicoproteínas.

• A sua função, assim como a esclera, é de conferir proteção e forma. Elas acabam se
movendo praticamente juntas dentro da gordura orbitária. Essa estrutura fina de
revestimento ocular é inserida na esclera em sua região anterior, se fundindo com as
meninges na porção posterior, ao redor do nervo óptico. A capsula de Tenon é
separada da Esclera por um tecido virtual, o qual iremos chamar de episclera.
Figura 11: Inserções musculares e nervosas oculares na esclera.
• Os músculos extraoculares penetram primeiramente a capsula de Tenon e, por
conseguinte se inserem na esclera.
Esclera
• A esclera é a estrutura opaca e branca que reveste os cinco sextos posteriores
externos do globo ocular, sendo mais espessa na região posterior e delgada na
região anterior. Na região posterior, acaba sendo perfurada pelo nervo óptico,
região chamada de forame escleral posterior.

• A função da esclera é tão simplesmente de proteger o conteúdo interno do olho


contra traumas mecânicos, além de sustentar a conformação do globo ocular e as
demais estruturas.

Figura 12: Inserções vasculares e nervosas na esclera.


Episclera
• A episclera é uma região virtual, formada por tecido conjuntivo, que faz separação entre a
capsula de Tenon e a Esclera. Esta estrutura está superficialmente ligada a capsula de Tenon,
enquanto a sua região mais profunda se liga ao estroma escleral. Essa região possui ramos de
artérias, que acaba se tornando visível durante processos inflamatórios, conferindo o que
iremos atribuir a característica do olho vermelho.

Figura 13: A esclera e a episclera do olho.


Referências:

1. PUTZ, Carla. Oftalmologia: Ciências Básicas. 3.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.

2. RIORDAN-EVA, P; WHITCHER, J. Oftalmologia Geral De Vaughan & Asbury. 17.ed. Porto Alegre:
AMGH, 2011.

3. Figura 11: https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/olho

4. Figura 12: https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/olho

5. Figura 13: https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/olho

6. Figura 14: https://healthjade.net/episcleritis/


Introdução
A córnea é a principal estrutura responsável pela refração da luz que entra no olho e foca
a imagem na retina. Consiste em uma estrutura transparente, avascular e é responsável
por aproximadamente dois terços do poder refrativo do olho. É composta por cinco
camadas: epitélio, membrana de Bowman, estroma, membrana de Descemet e endotélio.

Figura 14: Camadas da córnea


o O epitélio é composto por uma camada única de células colunares basais que se ligam à
membrana basal subjacente através de hemidesmossomos, que também atuam como uma
barreira contra a entrada de fluídos e substâncias tóxicas na córnea. Acima dessa camada,
existem duas ou três camadas de células "aladas", seguidas por duas camadas de células
escamosas superficiais. Essas células têm micropregas e microvilosidades que ajudam na
aderência ao filme lacrimal. É importante para a manutenção da transparência, pois é altamente
organizado e não apresenta vasos sanguíneos
o A membrana de Bowman é uma camada acelular superficial do estroma que é formada por
fibras de colágeno. Possui importância para a resistência da córnea à lesões mecânicas.
o O estroma é a camada mais espessa da córnea, correspondendo a cerca de 90% de sua
espessura total. É composto por uma matriz extracelular rica em fibrilas de colágeno e
proteoglicanos, organizados de forma regular para manter a transparência da córnea. Os
queratócitos são células especializadas que sintetizam a matriz extracelular e mantêm a
organização das fibrilas de colágeno. Importante citar que a transparência da córnea nessa
região apesar das fibras de colágeno é mantida pela forma de disposição uniforme das fibras
de colágeno, que permite a passagem da luz sem dispersão.
o A membrana de Descemet é uma camada posterior da córnea composta por uma
rede de fibrilas de colágeno e glicoproteínas, depositada pelo endotélio. A membrana
de Descemet é importante para manter a forma da córnea e para a adesão do
endotélio.
o O endotélio é uma camada única de células hexagonais que reveste a face posterior
da córnea. Essas células têm uma função importante na manutenção da desidratação
da córnea e pela regulação do conteúdo de água do estroma. As células endoteliais
são capazes de bombear o excesso de água do estroma para dentro da câmara
anterior, mantendo a córnea em estado de desidratação.
o A córnea também é nutrida pela unidade do filme lacrimal, que é composto por água,
sais, proteínas e mucina. A mucina é produzida pelas células caliciformes do epitélio
conjuntival e ajuda a manter o filme lacrimal aderido à superfície da córnea.
o Em resumo o conjunto dessas camadas da córnea garantem sua transparência,
refratividade e capacidade de regeneração rápida em caso de lesão.
1. Oftalmologia Clínica - Jack J. Kanski 8ª Edição
2. Yanoff & Ducker - Oftalmologia - 3Ed
3. Figura 14: Oftalmologia Clínica - Jack J. Kanski 8ª Edição
• A íris é composta de tecido conjuntivo que contém fibras musculares, vasos
sanguíneos e células pigmentares. Na sua parte posterior existe uma camada de
células pigmentares que define a coloração da mesma. Em seu centro há uma
abertura, a pupila.

• Sua função é controlar a entrada de luz na retina e reduzir a lesão intra-ocular


provocada pela luminosidade.

• A dilatação da pupila é causada por contrações de fibras musculares lisas que são
inervadas pelo sistema nervoso simpático. Sua contração acontece quando um anel de
Figura 15 fibras musculares lisas em torno da pupila se contrai e esse anel é inervado pelo
sistema nervoso parassimpático.

• A pigmentação da íris reduz a lesão intra-ocular mediada pela luz. Olhos mais claros
(azuis, esverdeados…) tem uma predisposição maior a ocorrência de lesão.
O corpo ciliar é a estrutura que une a íris com a coróide. Tem a função de produzir o humor aquoso
e é ligado ao cristalino pela zônula.

A contração de fibras musculares presentes no músculo ciliar causa uma redução em sua
circunferência; reduzindo a tensão na zônula, fazendo com que a elasticidade natural do cristalino
gere um aumento em sua convexidade, proporcionando um melhor foco para a visão de perto ou
seja, o fenômeno de “acomodação”, controlado por fibras parassimpáticas do III par craniano.

O relaxamento das fibras é um processo passivo, aumentando a tensão na zônula, de forma que
aplaina o cristalino, gerando melhor visão para longe.

A região posterior do corpo ciliar une-se à retina através da ora serrata.


1. OFTALMOLOGIA USP - ANATOMIA E FISIOLOGIA.

2. Figura 15: OFTALMOLOGIA USP - ANATOMIA E FISIOLOGIA.


O cristalino é uma estrutura biconvexa com cerca de 9mm de diâmetro e 4mm de
espessura, o seu diâmetro anteroposterior aumenta gradativamente com a idade. É a
segunda lente do sistema refrativo, mais fraca que a córnea. Não é inervada, não possui
tecido conjuntivo ou vasos sanguíneos. O cristalino é encontrado no segmento anterior do
olho; sua superfície anterior é relacionada com a íris e está em contato com o humor
aquoso, já sua parte posterior relaciona-se com o humor vítreo, ambos são responsáveis por
sua nutrição. Está fixado 360° pelos ligamentos suspensores das fibras zonulares que o
conecta ao corpo ciliar. Divide-se histologicamente em camadas que serão discutidas nos
próximos tópicos

Figura 16: Estruturas do olho.


Cápsula
A cápsula do cristalino é uma membrana semipermeável (ligeiramente mais permeável que
uma parede capilar), que permite a passagem de água e eletrólitos. Apresentando-se 2
vezes mais espessa na cápsula anterior do que na posterior, o que a torna suscetível a
roturas durante a cirurgia de catarata.

Epitélio
Localizado logo abaixo da cápsula anterior e equatorial, não é encontrado junto à cápsula
posterior. Suas células sofrem mitose na região equatorial formando continuamente as fibras
Figura 17: Estruturas do cristalino em corte vertical. do cristalino, que inicialmente são nucleadas, mas perdem seus núcleos à medida que
afundam no córtex, formando camadas semelhantes às lamelas de uma cebola. A medida
que vão sendo formadas, as fibras vão perdendo seus núcleos, inserções capsulares,
interdigitações e membrana celular, sendo dirigidas ao núcleo do cristalino, onde se tornam
mais compactas
Zônula
O corpo ciliar (CC), resumidamente, consiste em uma zona anterior (Pars Plicata) e
uma zona posterior (Pars Plana). As fibras zonulares se originam na lâmina basal do
epitélio não pigmentado da zona anterior do CC. O músculo ciliar é composto por
uma combinação de fibras longitudinais, circulares e radiais. A função das fibras
circulares do músculo ciliar é contrair e relaxar as fibras zonulares que se originam
na Pars Plicata e se inserem na cápsula 360° ao redor do equador do cristalino.
Durante a acomodação, ocorre o relaxamento do músculo ciliar e afrouxamento das
fibras zonulares, com espessamento momentâneo do cristalino. Quando danificadas,
podem propiciar complicações intra e pós-operatórias na cirurgia de catarata

Figura 18: Estruturas do olho.


Referências:
1. Oftalmologia geral de Vaughan e Asbury, 17 ed.

2. Série Oftalmologia Brasileira, CBO, CRISTALINO E CATARATA, 3 ed.

3. Yanoff e Ducker, Oftalmologia, 3 ed.

4. Figura 16: Oftalmologia geral de Vaughan e Asbury, 17 ed.

5. Figura 17: Oftalmologia geral de Vaughan e Asbury, 17 ed.

6. Figura 18: Oftalmologia geral de Vaughan e Asbury, 17 ed.


Introdução:
A retina humana é uma estrutura altamente organizada e fina, o tecido neural
tem origem diencefálica, está presente em aproximadamente 75% da face
interna do globo ocular (estendendo-se desde a cabeça nervo óptico até a ora
serrata). A percepção de cores, contraste, profundidade e forma, ocorre no
córtex. Na maioria das áreas, a retina e o epitélio pigmentado da retina (EPR)
separam-se com facilidade para formar o espaço sub-retiniano, como ocorre no
descolamento de retina. Mas, no nervo óptico e na ora serrata, a retina e o
EPR estão firmemente aderidos, o que limita a dispersão do líquido sub-
retiniano no descolamento de retina.

Vítreo
O corpo vítreo é a estrutura anatômica que preenche o globo ocular, ocupando
80% do seu volume total. O vítreo preenche o espaço entre o cristalino e a
retina e é constituído por uma matriz tridimensional de fibras de colágeno tipo
II, um gel de ácido hialurônico e água. Apesar de 98% do complexo ser
constituído por água, a presença do ácido Hialurônico faz com que o vítreo
tenha uma viscosidade duas vezes maior que a da água. A superfície externa
do vítreo, conhecida como córtex, está em contato com o cristalino (córtex
anterior do vítreo) e é aderente em diferentes graus à superfície da retina
(córtex posterior do vítreo).
A porção central do vítreo possui uma organização frouxa, em que as fibras de
colágeno estão dispostas de modo esparso, separadas por moléculas de
hialuronato e água. Por outro lado, as fibras que se inserem na base vítrea,
apresentam maior concentração de colágeno e uma forte adesão à retina e à
pars plana, não podendo ser separadas mecanicamente desses tecidos.
Fatores como envelhecimento, hemorragia, inflamação, traumatismo, miopia e
outros processos frequentemente causam contração da matriz de colágeno
vítreo. O córtex posterior do vítreo, em seguida, separa-se das áreas de baixa
aderência à retina e pode produzir tração sobre as áreas de maior aderência.

Figura 19
Retina Neurossensorial

A retina converte a imagem luminosa em impulsos nervosos. É compreendida


pela retina neurossensorial e pelo epitélio pigmentar retiniano (EPR).

A retina neurossensorial se desenvolve a partir da parede interna do cálice


óptico embrionário, tendo, portanto, origem neuroectodérmica. Constitui a
túnica nervosa e mais interna do globo ocular. Estende-se desde a cabeça do
nervo óptico até a ora serrata, onde apresenta continuidade com o epitélio não
pigmentado da pars plana.

A espessura da retina neurossensorial varia desde 560 jum em sua porção


mais posterior, passando por 180 jum no equador, até atingir 100 jum na ora
serrata.
São nove as camadas da retina neurossensorial (figura 2, e cada uma será
brevemente descrita a seguir:

Figura 20: Corte histológico da retina mostrando suas camadas e estruturas


adjacentes: (A) camada de fibras nervosas; (B) camada de células ganglionares;
(C) camada plexiforme interna; (D) camada nuclear interna; (E) camada
plexiforme externa; (F) camada nuclear externa; (G) membrana limitante
externa; (H) camada de fotorreceptores; (I) epitélio pigmentar retiniano; (J)
coróide. A membrana limitante interna não é mostrada.
Camada de fotorreceptores: é a camada mais externa. Constituída pelo
segmento externo dos cones e bastonetes, repousa sobre as células do
epitélio pigmentar retiniano (EPR), com as quais estabelece íntima relação
anatômica e metabólica.

Membrana limitante externa: composta por plexos juncionais das células de


Müller, não é exatamente uma membrana, mas uma lâmina perfurada.
Encontra-se entre os segmentos internos e externos dos fotorreceptores.

Camada nuclear externa: esta camada é formada pelos segmentos internos


dos cones e bastonetes, onde se encontram os núcleos dessas células.
Camada plexiforme externa: é formada pela sinapse entre os axônios dos
fotorreceptores e os dendritos das células bipolares. Sua espessura é maior na
fóvea, onde as fibras mais centrais são mais longas e repousam radialmente
sobre as mais periféricas para alcançar as camadas internas, que estão
rebatidas perifericamente nessa região, formando, assim, a camada de Henle.
Esta camada é responsável pela configuração petaloide do edema macular
cistoide observado na angiofluoresceinografia de algumas maculopatias.

Camada nuclear interna: é constituída pelos núcleos das células bipolares,


horizontais, amácrinas e células de Müller. As células bipolares constituem o
segundo neurônio das vias ópticas, conectando os fotorreceptores as células
ganglionares. As células horizontais, localizadas mais externamente,
estabelecem conexões com os axônios dos fotorreceptores e com as células
bipolares adjacentes. As células amácrinas, mais internas, fazem sinapse com
os axônios das células bipolares e os dendritos das células ganglionares. As
células de Müller são responsáveis pela sustentação da retina sensorial. As
células encontradas nesta camada são as principais células gliais retinianas.
Camada plexiforme interna: formada pelas sinapses entre os axônios das
células bipolares e os dendritos das células ganglionares.

Camada de células ganglionares: contém os corpos celulares das células


ganglionares, que constituem o terceiro neurônio das vias ópticas. Possui
também processos das células de Müller e da neuróglia.

Camada de fibras nervosas: formada pelos axônios das células ganglionares.


Tem sua espessura aumentada no sentido posterior, onde suas fibras
convergem para formar o nervo óptico.
Membrana limitante interna: é a camada mais interna da retina, constituída de
prolongamentos das células de Müller. Estabelece íntima relação com a
hialóide, à qual se adere mais intensamente na base vítrea, na mácula, ao
redor da cabeça do nervo óptico e nas arcadas vasculares.

A região definida como mácula lútea é a zona posterior da retina sensorial, que
contém xantofila nos axônios dos fotorreceptores (pigmento amarelado). Os
principais pigmentos encontrados na mácula são a luteína e a zeaxantina, que
apresentam ação antioxidante e têm uma importante função de proteção dos
fotorreceptores contra o efeito adverso das reações fotoquímicas. Além disso,
esses pigmentos previnem contra o dano foto-oxidativo, uma vez que filtram a
luz azul.
Histologicamente, a mácula é definida como uma área que possui duas ou
mais camadas de células ganglionares, medindo aproximadamente 5,5 mm de
diâmetro.

A fóvea é a escavação central da mácula, ocupa 1,5 mm de diâmetro e é


responsável pela visão em alta definição de cores e formas. Tem sua
espessura reduzida porque nessa região as células bipolares e ganglionares
estão deslocadas perifericamente.

No centro da fóvea está a fovéola, uma depressão de 350 pm, desprovida de


capilares. A fóvea apresenta alta densidade de cones que têm seus segmentos
externos alongados e direcionados obliquamente, de modo que nessa área
não ocorrem sinapses. O centro da fovéola é denominado umbo.
A zona parafoveal é um anel de retina de 0,5 mm de largura que circunda a
fóvea. Nela estão presentes todas as camadas da retina. É nessa região que
se encontram as células das camadas externas, que fazem conexão com os
fotorreceptores da fóvea. A zona parafoveal apresenta, portanto, aumento de
espessura na camada nuclear interna e na camada de células ganglionares.
Finalmente, a zona perifoveal forma um anel de 1,5 mm de largura que
circunda a zona parafoveal e determina os limites da mácula.

Figura 21: Terminologia


anatômica da mácula e
preparações histológicas
correspondentes.
A circulação retiniana é responsável pela nutrição da retina interna, que se
estende até a porção interna da camada nuclear interna. A retina externa, que
abrange as camadas desde o EPR até a porção externa da camada nuclear
interna, tem suas necessidades metabólicas supridas pela coróide.

As artérias retinianas são, na verdade, arteríolas, já que não possuem lâmina


elástica ou camada muscular. A artéria central da retina, que é um ramo da
artéria oftálmica, penetra no nervo óptico em um ponto entre 6 e 15 mm
distante do globo ocular, na sua face inferior medial, e se projeta
anteriormente, emergindo no interior do globo ocular através da cabeça do
nervo óptico, onde se ramifica por dicotomização.

Constitui uma circulação terminal, não havendo anastomoses que permitam


compensação de um território eventualmente obstruído por outro adjacente.
As veias retinianas são constituídas de endotélio sustentado por tecido
conectivo, de uma camada muscular e fibroblástica bem como de uma camada
adventícia. Nos cruzamentos arteriovenosos, artérias e veias compartilham
uma camada adventícia comum, permitindo o esmagamento da veia em caso
de esclerose arteriolar. A veia central da retina sai do nervo óptico a mais ou
menos 12 mm do globo ocular, drenando diretamente para o seio cavernoso ou
unindo-se à veia oftálmica.

A rede capilar retiniana é constituída por dois leitos distintos: um,


predominantemente arterial, localiza-se na camada de fibras nervosas; o outro,
predominantemente venoso, situa-se na porção externa da camada nuclear
interna. Os capilares da retina, além de possuírem zonulae occludens, são
desprovidos de fenestrações, constituindo a barreira hematorretiniana interna.
Epitélio pigmentar da retina (EPR)
- O EPR tem origem neuroectodérmica, consiste em uma camada única de
células, localizada entre a membrana de Bruch e a retina neurossensorial.
Estende-se das margens do nervo óptico até a ora serrata, onde se torna
contínuo com o epitélio pigmentado da pars plana. Em sua porção apical, as
células do EPR se relacionam intimamente com os fotorreceptores através
de vilosidades que envolvem os segmentos externos dessas células.

- Os cones e bastonetes na camada de fotorreceptores transformam os


estímulos luminosos em impulsos nervosos que são conduzidos através das
vias visuais até o córtex visual occipital. Na região central da mácula, a
fóvea, há uma densidade maior de cones, enquanto na região periférica é
possível encontrar uma densidade maior de bastonetes. A fóvea é
responsável pela boa resolução espacial (acuidade visual) e pela visão em
cores, e ambas requerem alta intensidade de luz ambiente (visão fotópica) e
são melhores na fovéola, enquanto o restante da retina é utilizado
principalmente para movimentação, contraste e visão noturna (escotópica).
O extremo grau de especialização atingido pelos fotorreceptores ao longo do
processo evolutivo comprometeu a autossuficiência metabólica dessas células,
demandando o desenvolvimento de um tecido que pudesse suprir suas
carências. As células do EPR são vitais à manutenção metabólica dos cones e
bastonetes formando com estes, uma unidade funcional. Portanto, danos
causados ao EPR poderão afetar os fotorreceptores e, consequentemente a
função visual. Algumas das outras funções do EPR:

● Barreira hematorretiniana: o EPR faz parte da barreira hematorretiniana


externa.

● Absorção da luz: os melanossomos presentes no EPR atuam como


estabilizadores de radicais livres, reduzindo danos oxidativos por conta da
foto-oxidação decorrente do alto volume de fluxo sanguíneo coriocapilar. A
presença de grânulos de melanina permitem a absorção da luz, impedindo a
difusão da luz e melhorando a função visual.
● Transporte de nutrientes e manutenção do ciclo visual: transporta nutrientes
e íons entre os fotorreceptores e a coriocapilar. Devido à presença da
barreira hematorretiniana, as células da retina são extremamente
dependentes do transporte ativo de substâncias realizado pelo EPR. Há um
constante movimento de fluido no sentido do vítreo para a retina, gerado
pela pressão intraocular. As células do EPR são responsáveis pela remoção
desse fluido do espaço sub-retiniano através da bomba de sódio e potássio,
localizada em sua porção apical, e da bomba de cloreto-bicarbonato, na
região basal.

● Fagocitose: realiza o processo de fagocitose dos segmentos externos que


são produzidos pelos fotorreceptores. A falha da fagocitose está associada
com algumas doenças, como retinose pigmentar autossômica recessiva.

● Secreção: o EPR secreta diversos fatores para manutenção da integridade


estrutural da retina e da coriocapilar.
• Cicatrização: respondem prontamente ao dano tecidual, desempenhando
um papel importante na cicatrização de feridas. Como parte de seu caráter
epitelial, essas células são capazes de migrar, sofrer metaplasia ou atrofia e
se regenerar, determinando o aspecto oftalmoscópico das lesões
coriorretinianas.

A membrana basal das células do epitélio pigmentário da retina forma a


camada interna da membrana de Bruch, que é composta por uma matriz
extracelular especializada e pela membrana basal da coriocapilar como a sua
camada externa. As células do epitélio pigmentário da retina têm pouca
capacidade de regeneração.
CORÓIDE
A coróide consiste em: vasos sangüíneos, tecido conectivo e células
pigmentares. Está localizada entre a retina (camada interna) e a esclera
(camada externa). É responsável pelo aporte de oxigênio e de nutrição das
camadas externas da retina. Existe um espaço virtual entre a coróide e a
esclera, o qual pode ser preenchido por sangue ou por líquido seroso em
algumas patologias oculares.

A coróide se estende desde a cabeça do nervo óptico até o corpo ciliar, sendo
mais espessa no polo posterior, onde mede cerca de 220 pm, tornando-se
progressivamente mais fina até atingir 100 pm em seus limites anteriores.
Os vasos coroidianos estão dispostos em três camadas:

− A camada de Haller, ou de grandes vasos, é a mais externa, onde se


concentram os melanócitos, responsáveis pela variabilidade de
pigmentação do findus encontrada nas diferentes etnias.

− À medida que se dirigem internamente, os vasos vão se estreitando para


formar a camada de Sattler, ou de vasos médios.

− A coriocapilar é a camada mais interna, formada por capilares de grande


calibre (15 a 40 pm), sendo responsável pela nutrição do EPR e da retina
sensorial externa.
Referências:
1. Oftalmologia geral de Vaughan e Asbury, 17 ed.

2. Série Oftalmologia Brasileira, CBO, RETINA E VÍTREO, 3 ed.

3. Oftalmologia na prática clínica, Nehemy e Passos, 2015

4. Oftalmologia USP Anatomia e Fisiologia

5. Figura 19: Oftalmologia geral de Vaughan e Asbury, 17 ed.

6. Figura 20: Série Oftalmologia Brasileira, CBO, RETINA E VÍTREO, 3 ed.

7. Figura 21: Série Oftalmologia Brasileira, CBO, RETINA E VÍTREO, 3 ed.

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