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José Domingues
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1. Introdução
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1. Definição
História do Direito – disciplina que estuda as instituições e a vida jurídica do passado,
nos seus múltiplos aspetos normativos, práticos, científicos e culturais:
⎯ História das fontes do direito
⎯ História das instituições jurídicas
⎯ História do pensamento jurídico
⎯ História política e constitucional
2. Primeiros compêndios
Pasqual José de Melo Freire dos REIS – Historia Juris Civilis Lusitani,
1788 (1.ª edição)
Francisco Coelho de Sousa e SAMPAIO – Prelecções de Direito Patrio
Publico e Particular, Offerecidas ao Serenissimo Senhor D. João
Principe do Brasil. Coimbra, Real Imprensa da Universidade, 1793.
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I – Direito Peninsular
(antecedentes do direito português)
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I – Direito Peninsular
Sumário:
1. Direito primitivo ou pré-romano (Séc. V ao Séc. III a. C.)
2. Direito romano vulgar (Séc. I a. C. ao Séc. V)
3. Direito germânico (Séc. V ao Séc. VIII)
4. Direito muçulmano (711- invasão islâmica da Península Ibérica)
5. Direito da Reconquista Cristã (718 / 1492, conquista de Granada): o
direito franco
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(i) «os povos do sul da Península possuíam leis escritas em verso, com
seis mil anos (versos?) de antiguidade», prova de um direito oral/escrito.
Direito romano vulgar – «a falta de cultura jurídica dos povos das províncias e a
ausência de jurisconsultos especializados, que pudessem atingir a subtileza das
doutrinas romanas e facilitar a respetiva aplicação prática, conduziram à sua
incompreensão. Assim, as obras de direito clássico deixaram de ser utilizadas
diretamente e viam-se substituídas por comentários, resumos ou antologias, que delas
faziam juristas mais ou menos hábeis e preparados» (Almeida Costa, HDP, p. 98).
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DOTE (romano) – conjunto de bens que a mulher levava para o casamento para que,
através dos seus rendimentos, ajudasse o marido nas despesas da família e, ainda, para
que à morte do marido, a mulher dispusesse de bens para sobreviver. Estes bens eram-
lhe dados pelo seu pai, por algum amigo ou pela própria mulher.
3. Direito Germânico
Elemento germânico – surge na sequências das chamadas invasões bárbaras, de povos como
os Alanos, Vândalos, Suevos e Visigodos.
3. Direito Germânico
O Fuero Juzgo mantêm-se como direito vigente até ao séc. XIX, com a
aprovação do Código Civil Espanhol.
3. Direito Germânico
ORDÁLIO DO FERRO EM BRASA (Foro de Cuenca, Espanha):
Aquece-se o ferro até ficar em brasa;
O acusado lava a mão e enxuga-a perante todos;
Pega no ferro, caminha 9 passos e pousa-o devagar;
O sacerdote abençoa-lhe a mão;
O juiz cobre-lhe a mão com cera e envolve-a com um pano de linho.
Três dias depois examinava-se a mão;
Se não apresentasse sinais de cicatrização, era condenado
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3. Direito Germânico
CASAMENTO DE JURAS – é a forma não solene de casamento, também designada a furto e carateriza-se
pela troca de recebimentos ou palavras de presente efetuada fora da igreja e em qualquer lugar,
embora, por via de regra, na presença de testemunhas e, muitas vezes, na presença de um clérigo que
desempenhava as funções de testemunha qualificada e, porventura, até as de oficial público. O
casamento formal era designado casamento de bênção.
Casamento de juras é «uma espécie de casamento médio entre o de bênção e o de fama pública (...) em
que o mútuo consenso dos contraentes era firmado com juramento perante qualquer ministro de
culto (in manu clerici) mas em que não se dava o sacramento, porque, nesses foros, é considerado
diverso e inferior ao de bênção» (Alexandre Herculano).
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3. Direito Germânico
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4. Direito Muçulmano
TERÇA – é a quota (1/3) que o testador pode livremente dispor. Persistiu, no direito
português, até à reforma republicana de 31 de outubro de 1910.
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Lei de D. Afonso II (1211) – estabelece que se alguém quiser vender os seus bens
de avoenga (dos avôs), estes sejam, preferencialmente, vendidos aos irmãos ou aos
parentes mais chegados, de forma a resguardar o património familiar.
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II – Individualização do Direito Português
Sumário:
1. Localização temporal
2. Caracterização
3. Fontes de direito
4. Regime senhorial
5. Contratos de exploração agrícola e de crédito
6. Direitos banais
7. Vindicta privata.
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1. Localização temporal
Data de início – independência do reino de Portugal (Séc. XII):
1128 – Batalha de S. Mamede.
1140. 22 de março – primeiro documento escrito que prova o uso do título de rei por
parte de D. Afonso Henriques.
1143. 5 de outubro – Tratado de paz de Zamora.
1143. 13 de dezembro – Carta Claves regni de D. Afonso Henriques ao Papa Inocêncio
II.
c. 1143 – Leis das Cortes de Lamego (1.ª Lei Fundamental do reino).
1156. 1 de dezembro – decisão consensual entre Afonso VII e Afonso Henriques
1179. 23 de maio – Bula manifestis probatum.
Data de fim – reinado de D. Afonso III (1248-1279), no qual se iniciou a receção do direito
comum (romano-canónico) em Portugal.
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1. Localização temporal
O processo de independência do reino de Portugal (Séc. XII):
1128. 24 de junho – Após a vitória na batalha de S. Mamede, D. Afonso
Henriques toma conta do governo do Condado Portucalense, afastando sua mãe,
a condessa D. Teresa.
1140. 22 de março – Na doação da Albergaria das Gavieiras, feita por
Beneditino à Sé de Braga, D. Afonso Henriques consta oficialmente com o título
de rei (rex), dando um sinal evidente das suas intenções autonomistas; até à data,
este é o primeiro documento escrito que prova o uso do título de rei por parte de
D. Afonso Henriques.
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1. Localização temporal
O processo de independência do reino de Portugal (Séc. XII):
1143. 5 de outubro – No tratado de paz de Zamora, entre D. Afonso VII de Leão e D.
Afonso Henriques, assinado na presença do cardeal Guido de Vico, legado pontifício, o
primeiro reconhece o título de rei ao segundo, o que, no entanto, não implica um total
reconhecimento da independência de Portugal.
1143. 13 de dezembro – Carta Claves regni de D. Afonso Henriques ao Papa Inocêncio
II, com um juramento de fidelidade e de enfeudamento do reino de Portugal à Santa Sé,
para obter a chamada «liberdade romana», em que o monarca assume, em seu nome e
dos seus sucessores, o pagamento de um tributo anual de quatro onças de ouro, em
contrapartida da defesa e auxílio a prestar pela Santa Sé ao novo reino cristão.
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1. Localização temporal
O processo de independência do reino de Portugal (Séc. XII):
[c. 1143] – Ter-se-iam reunido as Cortes em Lamego, que, além da aclamação
da independência do Reino, teriam aprovado leis sobre a sucessão da coroa
portuguesa, leis da nobreza e leis de âmbito criminal. A ser verdadeira na sua
génese, esta seria a lei fundacional do Estado, aprovada em verdadeiras Cortes
constituintes, sendo o primeiro documento constitucional formal do novo país. A
partir de 1640 a “Lei de Lamego” passaria a ser assumida oficialmente como Lei
Fundamental do Reino em matéria sucessória, tendo estado em vigor quase dois
séculos, até ser “recebida” pela Constituição de 1822.
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1. Localização temporal
O processo de independência do reino de Portugal (Séc. XII):
1179. 23 de maio – A bula Manifestis probatum, do Papa Alexandre III, reconheceu formalmente a
independência do reino de Portugal, ficando subjacente uma certa subordinação de Portugal a Roma,
no quadro de então da suserania do Papa sobre os reinos cristãos. É o reconhecimento definitivo do
Estado português no seio da comunidade internacional.
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2. Caraterização
Direito de índole consuetudinária
Predomínio do direito foralengo
Surgimento das primeiras leis gerais portuguesas
Direitos banais, de base feudal
A justiça de vindicta privata (vingança privada)
Chegada a Portugal dos primeiros testemunhos do direito romano
“renascido” (fase da introdução ≠ da fase de receção)
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3. Fontes de direito
Fontes de direito oriundas do reino de Leão:
1. O costume
2. Os forais outorgados pelos monarcas anteriores
3. As leis das Cúrias e Concílios leoneses
4. O Código Visigótico
Fontes de direito dos monarcas portugueses:
1. Os forais outorgados pelos reis de Portugal
2. As leis gerais dos monarcas portugueses
3. Concórdias e concordatas
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4. Regime senhorial
Administrar justiça;
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4. Regime senhorial
Regime senhorial – Tipologias:
Couto – era um senhorio concedido por um documento (carta de couto) que
delimitava a terra com a colocação de marcos ou padrões, geralmente, a um
senhorio eclesiástico.
Honra – era um senhorio delimitado a favor de um fidalgo, passando a terra a
ser privilegiada e a não pagar tributo a el-rei.
Beetria – povoações que sacudiram o jugo sarraceno sem qualquer auxílio do
rei de Portugal ou de Leão, ficando assim com o privilégio de escolher o seu
próprio senhor.
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6. Direitos banais
Extintos por decreto de 20 de março de 1821:
Tributos devidos ao senhor pelo uso de determinados espaços agrícolas (os direitos sobre os
fornos, moinhos e lagares);
Privilégios comerciais (exclusivos de boticas e estalagens ou o privilégio de relego, que era
o exclusivo da venda do vinho do senhor durante grande parte do ano);
Obrigações pessoais (prestações em frutos, dinheiro, aves ou curazis [carne de porco]
impostas aos habitantes de qualquer povoação ou distrito a favor de algum senhorio, pelo
simples facto de viverem naquela terra, por terem nela casa ou eira, por casarem, por irem
buscar água às fontes públicas ou a elas levarem seus gados, por acenderem fogo, por terem
animais, etc…
Serviços com animais.
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7. Vindicta Privata
A vindicta privada (autotutela) consiste numa forma arcaica de tutela
privada em que, sobretudo em caso de morte ou desonra, o próprio
ofendido ou os seus parentes podiam fazer justiça pelas próprias mãos,
ou seja, «o próprio ofendido, ou os seus parentes, retribuem o mal
recebido por um mal equivalente».
A ação individual de repor o mal sofrido dava azo a imensas injustiças e
punha em causa o princípio da proporcionalidade das penas
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7. Vindicta Privata
Vindicta privada:
1211 – Lei de D. Afonso II contra a vindicta privada, aplicando uma coima de quinhentos soldos de
ouro aos prevaricadores.
1318.31 de julho – Lei de D. Dinis sobre a vindicta privada, proibindo que esta se praticasse sob a
forma de duelo nos locais onde estivesse a corte ou no âmbito de duas léguas ao redor.
1325. 11 de abril – Lei de D. Afonso IV contra a vindicta privada, invocando uma lei de seu avô (D.
Afonso III) e outra de seu pai (D. Dinis) e aplicando pena de morte aos transgressores da sua lei.
1327. 17 de março – Lei de D. Afonso IV sobre a vindicta privada, aplicável aos fidalgos do reino,
mas ressalvando-lhe o que por direito estivesse estabelecido para os duelos.
1521 – Título das Ordenações Manuelinas que estabelece a pena contra aqueles que fizessem justiça
pelas suas mãos.
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7. Vindicta Privata
“Constituição penal” da Idade Média portuguesa:
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Peregrinação académica
Os juristas portugueses versados em Ius commune:
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Sumário:
1. A expressão “renascimento do direito romano”
2. O pré-renascimento e os fatores determinantes do “renascimento”
3. “Renascimento” do direito romano:
3.1. Escola dos glosadores
3.2. Escola dos comentadores
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Prova que o Studium de Bolonha foi fundado por Irnério († ca. 1125):
No ano 1125, advogados, assessores da cúria papal, e talvez até os juízes papais
revelam uma preparação em direito romano que não é compatível com estudo
privado, este conhecimento só poderia ter sido alcançado numa escola de direito.
As referências constantes ao Digesto e ao Código não se compatibilizam com
um mero ensino privado.
O único lugar onde sabemos que a lei romana foi ensinada, na primeira metade
do século XII, é em Bolonha. Consequentemente, o Studium de Bolonha deve
ter nascido antes de 1125, no tempo de Irnério.
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Azo († ca. 1220) – obra principal, Summae de Azo (aos livros do CIC).
Henrique de Susa, o Hostiense († 1271) – obra principal, Summa às Decretais de Gregório IX,
Summa Aurea ou Summa Hostiense ou Copiosa (c. 1253)
Acúrsio († 1260/1263) – obra principal, Magna Glosa, Glosa Magistral, Glosa Ordinária, Glosa ou
Glosa de Acúrsio (1222-d.1234) [marca o expoente máximo e o declínio da Escola dos Glosadores]
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Bártolo de Sassoferrato († 1357) – obra principal, Consilia e Lectura aos livros do CIC
[ficou célebre o brocardo «nemo bonus jurista nisi bartolista» = ninguém é bom jurista se
não for bartolista].
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Collectio Hispana ou Collectio canonum ecclesiae Hispaniae (633) – foi a mais completa e
difundida compilação canónica divulgada na Península durante o período visigótico.
A Hispana existiu em Portugal em tradução árabe, em 1087 fazia parte dos bens do
bispo de Coimbra, D. Paterno (existem dois fragmentos na Torre do Tombo)
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2.1. Novas coletâneas do direito canónico
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2.1. Novas coletâneas do direito canónico
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2.1. Novas coletâneas do direito canónico
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2.1. Novas coletâneas do direito canónico
3. Penetração em Portugal
A receção canónica foi muito precoce, uma vez que a Igreja adotou de imediato o novo
direito, o que influenciou a sua receção em todos os reinos cristãos (inclusive Portugal)
1237 – Processo entre D. Sancho II e o bispo do Porto, com copiosa referência a fontes
do Ius commune, por parte dos juízes delegados do papa.
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A partir de Bolonha, o ius commune espalhou-se por toda a Europa. No entanto, esta difusão
não ocorreu em simultâneo em todos os reinos e regiões. Por isso, cada país tem a sua própria
história de receção do ius commune. Todavia, são fatores comuns de difusão:
Os livros
Os homens
As universidades
Fase de introdução
Não se trata de fases estanques e sucessivas, antes pelo contrário, existe uma certa
coincidência de fatores e uma inter-relação que faz com que cada fase surja imbrincada e
como complemento de outras fases. Por exemplo, o surgimento de livros de direito que
carateriza a fase de introdução vai-se repercutir em todas as fases seguintes.
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Fase da 1.ª receção – fase em que os textos jurídicos da romanística começam a ser
utilizados pelo rei e pelos juristas cultos da Corte, nomeadamente na tomada de
decisões legislativas gerais. Apesar do incontestado interesse suscitado pelo acervo
legislativo de D. Afonso II, produzido na Cúria de Coimbra de 1211, tudo leva a crer
que a fase de uma primeira receção do ius commune terá começado durante o
reinado de Afonso III, no curso da segunda metade do século XIII.
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Livros de direito
Peregrinação académica
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2.1. Fase de introdução 10
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1185. 8 de novembro – O bispo do Porto, D. Fernando Martins deixou à
Sé do Porto e à Sé de Braga: Decreto de Graciano, Instituta, Novelas , Autêntico,
Código, Digesto Velho, Digesto Novo, Digesto Esforçado, Sumas ao Decreto, à
Instituta e ao Código.
1188. outubro – No inventário dos bens do tesouro da Sé de Viseu
consta um Decreto.
1228. 5 de agosto – Testamento do arcebispo de Braga, D. Estêvão
Soares: Decreto, Código, Instituta e as Decretais antigas.
Elevado valor pecuniário – no século XIII, a venda dos livros do Corpus
Iuris Civilis era suficiente para a compra de um olival.
Hoje estão inventariados mais de 400 livros de Ius commune na Idade
Média, em Portugal.
2.1. Fase de introdução 10
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Os juristas versados em Ius commune:
Mestre Alberto, chanceler de D. Afonso Henriques, Mestre Julião,
chanceler de D. Afonso Henriques, D. Sancho I e D. Afonso II e
Mestre Vicente, chanceler de D. Sancho II.
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A receção canónica:
Inexistência de barreiras políticas, numa sociedade em que os seus
membros professam o mesmo culto e obedecem aos mesmos
preceitos legais estabelecidos pelo sumo líder espiritual;
O novo direito da Igreja mantém-se na senda da tradição canónica
anterior;
O facto de ser um direito universal e pontifício, que a Igreja
pretendeu que fosse superior a qualquer direito nacional.
2.1. Fase de introdução 10
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Indícios do foro canónico – trata-se de testemunhos que não garantem o
reconhecimento como fontes de direito, por parte do poder político régio:
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Cláusulas de exclusão
Fundação da Universidade
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2.2. Fase da primeira receção
Conforme acima dito, a receção do Ius commune exige um
reconhecimento tácito ou expresso por parte do poder político central,
não sendo suficientes os indícios referidos, quanto a:
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2.2. Fase da primeira receção
D. AFONSO III (1248-1279):
Cláusula de exclusão do fragmento "si quis in tantum"
do Código (Cód. 8.4.7): “Custume he en casa
delRey que aquela constituçom do Codigo que diz
unde uy siquys in tantum nom seja guardada”
Ressalvar da posse violenta "aquelles casos em que o
direito diz vim vi repelere licet. Que quer dizer: força per
força se tolheo" (Dig. 43.16.1.27)
Que não se alegue título de posse contrário ao
Direito comum: que "nenhuum seia theudo de alegar nem
a dizer o titolo da possissom ergo sse for en contrayro o
dereyto comum/Jus comune" (Cód. 8.4.7)
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2.2. Fase da primeira receção
D. DINIS (1279-1325):
Na concordata (1289) e na concórdia (1309) do reinado
de D. Dinis abundam as referências ao Ius commune.
[1279-1325] – Na lei sobre os casos em que os clérigos
são de jurisdição régia e devem responder perante ele ou
seu juiz encontram-se várias referências ao Decreto, às
Decretais e ao Digesto.
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2.2. Fase da primeira receção
D. AFONSO IV (1325-1357):
1352. 17 de dezembro – Na lei de D. Afonso IV sobre os
castigos dos clérigos existem referências constantes e
precisas a fragmentos canónicos das Decretais, do Livro Sexto
e das Clementinas.
1352. 3 de novembro – Cláusula geral de exclusão numa lei
de D. Afonso IV: “que nom deuemos de guardar os dictos dereytos
escriptos se nom enquanto ssom fundados em boa Razom e em prol dos
nossos ssubjectos”.
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2.2. Fase da primeira receção
FUNDAÇÃO DE UNIVERSIDADES:
Universidades consuetudinárias – surgiram espontaneamente, a partir da
evolução de escolas pré-existentes (monásticas, diocesanas ou
municipais).
Universidades de sucessão – formadas a partir do desmembramento ou
separação de outra universidade.
Universidades de privilégio – criadas por iniciativa régia, que
pressupunham o reconhecimento papal.
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2.2. Fase da primeira receção
1309 – Carta de privilégios outorgada por D. Dinis, para além dos dois
mencionados professores de direito canónico, prevê-se também um
professor de direito romano.
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2.2. Fase da primeira receção
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2.2. Fase da primeira receção
Sete Partidas de AFONSO X (Inventários de bibliotecas medievais):
1433-1438 – Biblioteca D. Duarte – Partida I.
1437 – Mosteiro de Santa Maria de Bouro – “Item huum liuro da primeira
partida per lingoajem”.
1462.maio.29 – Santa Maria do Olival (Tomar) – “Jtem outro liuro per lingoaJem
da primeira partida”.
1474 – Colegiada de Santo André de Mafra – “Item (…) da partida”.
1538 – Igreja de Santiago de Torres Novas – “Item huma Partida, a primeira”.
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2.2. Fase da primeira receção
Lei de D. Dinis sobre o direito de asilo nas igrejas: «com estas sentenças
sobreditas acordam mujtos direitos E outrosy a lley iiijº da primeira
partida Titollo xb (P1 11.4) ¶ E diz assy homes hi a que nom deuem
seer enparados em-na igreia E os podem ende sacar sem coima nhuma ./
assy como os ladroões manefestos E púbricos que teem os camjnhos E
matam os homens E os Roubam».
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2.2. Fase da primeira receção
Sete Partidas de AFONSO X (cláusulas de exclusão):
1382.julho.01 –carta de legitimação: “nom embargando as leys e
parrafos que falam em maneira dos Retos e desafiamentos nos liuros
das partidas no titollo dos Retos” (P7 3).
1430.dezembro.15 – Carta de quitação: “todos liuros de partida”;
1456.março.06 – Carta de quitação “todollos liuros de partida”;
1460.outubro.20 – Carta de quitação: “todollos liuros da
partida”.
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2.3. Fase da segunda receção
Sete Partidas de AFONSO X:
Aplicação no foro notarial (cláusula de exclusão).
1478.16 de novembro – Doação feita no burgo
de Alfena, com uma cláusula geral de exclusão:
«os ditos senhores doadores renumciaram quaees
quer lex e direitos canonicos e ciujes grosas e
openiõees de doutores foros façanhas
hordenaçoees custumes constituiçõees capitollos
de cortes jeraees ou especiaees partidas ou
hordenamentos ou outros quaees quer
estabelicimentos que em contrairo desto seja».
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2.2. Fase da primeira receção
SETE PARTIDAS – CÓDICES (2):
• Primeira Partida (BN Portugal).
• Terceira Partida (TT – Torre do Tombo).
SETE PARTIDAS – FRAGMENTOS (36):
• Primeira Partida – 4 fragmentos.
• Segunda Partida – 7 fragmentos.
• Terceira Partida – 17 fragmentos.
• Quinta Partida – 3 fragmentos.
• Sexta Partida – 3 fragmentos.
• Sétima Partida – 2 fragmentos.
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2.2. Descoberta recente (2022)
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J. Domingues
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J. Domingues
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2.3. Fase da segunda receção
As Cartas de Legitimação:
1292. 11 de março – Carta de D. Dinis:
«E se alguma ley ou dereyto ou custume hy a que contra esta
mha legitimaçom seja mando que lhy nom empeesca. E aynda
mando que lhy nom eempeesca aquela ley do Codigo que
fala en o titulo dos testamentos que nom som beym
feytos a qual ley se começa Conqueritur (Cód. 3.28.6) e o
autentico que se começa Novissima (I. 3.4.3)».
128
2.3. Fase da segunda receção
AS CARTAS DE LEGITIMAÇÃO:
1338. 6 de junho– Carta pela qual el-rei D. Afonso IV legitimou Vasco Martins Leitão:
“nom enbargando a ley generaliber Spuries (Dig. 50.2.3.2) e a lex spurij que som no digesto
Titulo de Decurionibus (Dig. 50.2.6.pr.) E muytas outras que deffendem e enbargam as onrras
aos assy nados (…) nom enbargando a ley que he no liuro dos feudos no Titolo de paçe
tenenda et eius uiolatoribus. no Capitolo primeiro similles. aduerssus militem (LF. 2.27)
nom enbargando a ley que e no Liuro dos Autenticos no Titolo quibus modis naturales.
Efficiuntur suj vltiam si quidem pers na siptiam collaçom (N. 89.XV) et autentica licet. que
he no Codigo no Titolo de Naturalibus liberis (Cód. 5.27.11.3) E o que dizem os doutores pela
ley si quis incesti que e no Codigo Titulo de incestijs (Cód. 5.5.6) E pela ley primeira no
Codigo no Titolo de Naturalibus liberis (Cód. 5.27.1) (…) nom enbargando o dicto. vltiam
sim quandem e a dicta Autentica licet com ssas grosas (I. 3.4.3)”.
129
2.3. Fase da segunda receção
PROCESSOS JUDICIAIS:
✓ 1416/1417 – Contenda judicial entre o rei D. João I e a Ordem do Hospital:
“ per dereito commum som seus in l. ulti(ma) C. ‘uel uela regalia’ (Cód.
2.15.2) e nom se pode nenhuum amdar contra el per presajem do tenpo nem
se pode chamar forçado in l. i. C. ‘de procu(ratoribus) et conducto(ribus)’
li(bro) XIº (Cód. 11.72.1) ……… em elle os reis fundon sua tençon per
dereito comum elles per sua actoridade podem mandar deribar qualquer
quanal que se em elle faça sem sua lecença e fazendo esto nom fazem força in
l. i. C. ‘de conducto(ribus)et procu(ratoribus)’ li(bro) XIº ” (Cód.
11.72.1).
130
2.3. Fase da segunda receção
PROCESSOS JUDICIAIS:
✓ 1420 – Contenda judicial sobre os foros régios de Ferreiros
(Vila Real): «e diz que Direito Comum he, que depois que o
homem, ou molher está em posse da couza por trinta annos
continoadamente, que nom he teudo de responder por ello»
(Cód. 7.39.3).
«…l(ege) i. § Heres (Dig. 36.1.1.16) et l(ege) Cogi § Inde
queritur (Dig. 36.1.16.3) ff. Ad Trebel(lianum)»
131
2.3. Fase da segunda receção
Sete Partidas de AFONSO X (vigência):
José AZEVEDO FERREIRA: “Teria tido este texto aplicação em Portugal?”
1361 – Concórdia: o clero queixa-se a el-rei contra os juízes régios que
aplicavam o direito das Sete Partidas em detrimento do direito canónico
1361.Abril.13 – os estudantes queixam-se do uso excessivo das Partidas no
foro judicial do Estudo Geral
A falta de fundamentação de direito nas sentenças judiciais é uma das causas
principais que justifica a escassez de referências às fontes legais
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132
2.3. Fase da segunda receção
Sete Partidas de AFONSO X (marginalia):
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133
2.3. Fase da segunda receção
Sete Partidas de AFONSO X (vigência):
Aplicação no foro judicial: 1396/97 – Processo de Alcácer do Sal (P3 7.15).
«he dirreito em na terceira partida e no titulo dos
emprazamentos Ley que se começa huum dos avisos do mundo e
etc em que diz que se alguum homem suspeitando que alguum outro o
queriia emprazar per razom d'algua cousa de que era theedor ou
emalheasse ante que fosse emprazado sobr'ella enganosamente a outro
que fosse mais poderoso de sy ou doutro senhoriio ou homem que
fosse mais escatimoso ou revoltoso mais que el por razom que ao outro
fosse mais enbargado o seu dirreito aguisando lhe que ouvesse
averssairo mais forte que assi. Em tal caso o que tal engano fezer que
nom valha e que seja em escolhença do demandador pera poder
demandar a el aquella cousa bem assy como se fosse em seu poder ou
ao outro a que fosse em alheada e que esta demanda pode fazer com
todollos danos e mazcabos que fezerem por esta razom».
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134
2.3. Fase da segunda receção
Sete Partidas de AFONSO X (vigência):
«huma lex que era scripta no quinto liuro da partida (P5 8.28) da
qual o theor tal he: Contractus infiteoticus em latin tanto quer dizer em
linguajem como pleito ou postura que he feita sobre cousa de raiz
que…»
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2.4. Fase do vernáculo jurídico
DOIS REGISTOS:
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Ordo
iudiciarius de
Tancredo
(Fragmentos)
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2.4. Fase do vernáculo jurídico
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2.4. Fase do vernáculo jurídico
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2.4. Fase do vernáculo jurídico 141
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142
2.4. Fase do vernáculo jurídico
1. [ca. 1426] – Declarações ao Código e Glosa, seguindo-se as que já estavam feitas para a
Opinião de Bártolo.
Por isso, mandou fazer uma declaração final para concordar o conteúdo da lei, das
glosas e da opinião de Bártolo (“por esto nos trabalhamos de fazer hüa decraraçom em cada
hüa ley e na grossa e no bartalo”);
2/16/2023
143
2.4. Fase do vernáculo jurídico
[d. 1426] – A partir da data do documento (18 de Abril de 1426), el-rei impõe que os
seus desembargadores, nos pleitos submetidos a julgamento que fossem subsumíveis
às leis e títulos em questão (“que caibham nas leix e titolos”), decidam de acordo com a
nova declaração apensa (“que per aquella decraraçom façam livrar os fectos”); caso não exista
tal declaração final, deem sentença de acordo com o que estava escrito na lei, na glosa
e na opinião traduzidas (“o julgaae pella guissa que he escripto posto que em ellas nom seja outra
decraraçom”)
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144
2.4. Fase do vernáculo jurídico
[a. 1404-1446] – Vigência efêmera: a acreditar que a primeira versão teria sido feita
pelo Doutor João das Regras (†1404), aliada ao facto de ser omitida na preleção de
fontes do Direito da Reforma das Ordenações de D. Afonso V (1446), é de crer
que tenha estado em vigor desde finais do século XIV até quase ao final da
primeira metade do século XV.
Numa carta régia de 15 de Dezembro de 1430: “liuros de bartollos E grossas per nos
sobrello fectos”.
2/16/2023
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3. Fundação da Universidade portuguesa
J. Domingues
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Fim
J. Domingues
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José Domingues
Universidade Lusíada
J. Domingues
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VI – A função judicial
Sumário:
1. Pluralismo judiciário
2. Controlo régio dos juízes
3. Tribunais superiores
3.1. Casa da Suplicação
3.2. Casa do Cível / Relação da Casa do Porto
3.3. Desembargo do Paço
4. Reforma liberal vintista
J. Domingues
2/16/2023
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1. Pluralismo judiciário
Desde a Idade Média que a justiça estava muito fragmentada:
pela justiça canónica e justiça civil
pela justiça local (juízes ordinários e juízes de fora), justiça senhorial (laica e
eclesiástica) e justiça régia
pelos diversos foros privativos:
Foros confessionais: clérigos, mouros e judeus; Tribunal do Santo Ofício
Foro dos moedeiros
Foro da Universidade de Lisboa/Coimbra
Foro da Companhia Geral dos Vinhos do Alto Douro
J. Domingues
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151
1. Pluralismo judiciário
Mecanismos de centralização régia da justiça e da administração:
Instituição dos meirinhos (D. Afonso III) e dos corregedores de comarca (D. Afonso
IV)
Envio de juízes de fora para diversos concelhos
Progressivo estabelecimento do direito de recurso para os tribunais régios das decisões
dos tribunais locais e senhoriais (sobretudo nos casos de penas mais severas)
Reserva do poder de correição para o rei, extensível aos domínios senhoriais
Controlo régio do exercício das funções dos magistrados
J. Domingues
2/16/2023
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2. Controlo régio dos juízes
3. Tribunais superiores
Desde a Idade Mé dia até à reforma judiciária de 1582, os tribunais superiores eram os
seguintes:
J. Domingues
2/16/2023
154
Casa da Suplicação:
Desembargo do Paço:
Foi criado no reinado de D. João II, mas só no reinado de D. Manuel I é que se
oficializou como tribunal superior do reino, com a publicação de regimento
próprio nas Ordenações Manuelinas (Liv. 1, Tít. 3).
J. Domingues
2/16/2023
161
A organização judiciária:
Fundação de um Supremo Tribunal de Justiça em Lisboa (art.º 191º)
Fim
J. Domingues
164
2/16/2023
José Domingues
Universidade Lusíada
J. Domingues
2/16/2023
165
(…)
2. 2. Lei mental
Princípios reguladores da transmissibilidade mortis causa dos bens da coroa:
Indivisibilidade: os bens doados pela Coroa não podiam ser divididos entre os herdeiros;
Masculinidade: só herda o filho varão, salvo se, por mercê especial, o rei consentir em que
os bens da coroa sejam herdados pela filha.
J. Domingues
2/16/2023
171
2. 2. Lei mental
1393. 15 de maio – primeira referência documental.
1434. 8 de abril – «D. Duarte pela graça de Deus rei de Portugal e do Algarve e
senhor de Ceuta, a quantos isto virem, fazemos saber que considerando nós em
como el-rei meu senhor e pai, cuja alma Deus haja, havia feito uma lei em sua
vontade sobre as terras da coroa do reino, a qual até gora nunca fora publicada
nem escrita e, por esta razão se metiam sobre ela muitas dúvidas e contendas em
nossa corte…»
J. Domingues
2/16/2023
172
2. 2. Lei mental
1513 (OM, Liv. II, Tít. 17) – «A qual lei por não estar incorporada e assentada em cada
um dos cinco livros das nossas reformações (…) nós a mandamos incorporar em este
segundo livro desta nossa nova compilação das leis e ordenações de nossos reinos, que ora
fazemos.
El-rei D. Duarte (…) fez escrever e pôr em sua chancelaria uma lei que se diz mental, por
ser primeiro feita segundo a vontade e intenção de el-rei D. João o primeiro, seu pai, meu
visavô, que em seu tempo se praticou, ainda que não fosse escrita».
Uma lei com quatro décadas de vigência, sem nunca ter sido formalmente escrita?
J. Domingues
2/16/2023
173
3. Contributo manuelino
Para além das Ordenações Manuelinas, D. Manuel mandou imprimir:
Regimento dos Oficiais das Cidades, Vilas e Lugares destes Reinos (1503/04)
3. 1. Assentos
Assentos (jurisprudência com força obrigatória geral):
3. 1. Assentos
Assentos (jurisprudência com força obrigatória geral):
«havemos por bem, que quando os desembargadores, que forem no despacho de
algum feito, todos ou algum deles, tiverem alguma dúvida em alguma nossa
ordenação do entendimento dela, vão com a dúvida ao regedor, o qual na Mesa
Grande, com os desembargadores que lhe bem parecer, a determinará, e
segundo o que aí for determinado se porá a sentença. [...] E a determinação que
sobre o entendimento da dita Ordenação se tomar mandará o Regedor escrever
no livro da Relação, para depois não vir em dúvida» [OM.1521 L. 5, T. 58, § 1]
J. Domingues
2/16/2023
176
3. 1. Assentos
Assentos (jurisprudência com força obrigatória geral):
Fim
J. Domingues
184
2/16/2023
José Domingues
Universidade Lusíada
J. Domingues
2/16/2023
185
Será que a deliberação (de compilar as leis) foi tomada nas Cortes de Coimbra de 1385?
J. Domingues
2/16/2023
189
Terá sido João das Regras, o famoso jurista das Cortes de Coimbra (1385)?
Sugestão dos autores do século XVIII; José BARBOSA, Catalogo das Rainhas de
Portugal (1727); Diogo Barbosa MACHADO, Biblioteca Lusitana (1747); Estatutos
Pombalinos da Universidade de Coimbra (1772); Autores do Demétrio Moderno ou
Bibliógrafo Jurídico Português (1781).
Se não fosse o prólogo das Afonsinas, também não sabíamos o nome dos seus compiladores!
J. Domingues
2/16/2023
193
3. Ordenações Afonsinas
A «reforma» ou «reforma nova» das Ordenações / os Livros da
Reforma das Ordenações:
3.1. Processo compilatório
- Início no reinado de D. João I
- Fase inconclusa no final do mesmo reinado
- João Mendes, retoma no reinado de D. Duarte
- Rui Fernandes, concluiu no reinado de D. Afonso V
3.2. A diferença de estilos redatoriais
3.3. Revisão e entrada em vigor
3.4. Hierarquia das fontes de direito
3.5. «Compromisso» de D. João II
J. Domingues
2/16/2023
197
J. Domingues
2/16/2023
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J. Domingues
2/16/2023
202
J. Domingues
2/16/2023
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J. Domingues
2/16/2023
209
Locais plausíveis:
Évora/Beja (séc. XV)
José Domingues
2/16/2023
211
Fragmentos em pergaminho
(únicos)
J. Domingues
2/16/2023
212
J. Domingues
2/16/2023
217
4. Ordenações Manuelinas
Sumário:
4.1. O Regimento dos oficiais das cidades, vilas e lugares
destes reinos (1503/04)
4.2.1. Data de início / processo de execução
4.2.2. Compiladores
4.3. As várias edições impressas das manuelinas
4.4. As reformas introduzidas
4.5. O alvará que mandou destruir as edições anteriores
4.6. Hierarquia das fontes de direito
J. Domingues
2/16/2023
218
J. Domingues
2/16/2023 219
1505 – «Mandou per homens doutos do seu conselho visitar e rever os cinco
livros das ordenações [...] nas quais mandou diminuir e acrescentar aquilo que
pareceu necessário pera bom regimento do reino e ordem da Justiça» [Damião
de GÓIS – Crónica de D. Manuel, Parte I, cap. 49].
J. Domingues
2/16/2023
221
1506. 9 de fevereiro – «Chanceler-mor e licenciado Rui da Grã, amigos, e bacharel João Cotrim
corregedor dos feitos civis em nossa corte, havemos por bem que nas Ordenações de nossos
reinos, em que ora por nosso mandado entendeis, ponhais nos títulos e lugares a isso
convenientes quaisquer sentenças, acordos ou determinações que tenhamos passadas ou
aprovadas nos feitos dos forais, assim nas tomadias e serventias como aposentadorias e outras
coisas que entre nossos povos e os senhorios se tratassem, para nos tais feitos não ser necessário
tirar-se sentença nem outras mais despesa, somente remeterem-se as tais coisas às leis e
ordenações gerais de nossos reinos, as quais desejamos muito vermos acabadas,
encomendamos-vos muito a conclusão disso». [J. A. DIAS, FH 8, 2020].
J. Domingues
2/16/2023
222
4.2.2. Compiladores
J. Domingues
2/16/2023
224
J. Domingues
2/16/2023
225
Reformas estruturais:
Reordenaram-se os cinco livros, transitando de uns para outros a legislação que melhor
se enquadrava à matéria de cada um
J. Domingues
2/16/2023
226
Legislação sobre as minorias étnicas, judeus e mouros, que foram expulsos do reino
pela lei de 1497
O título Das inquiriçom que ElRey Dom Donis mandou tirar per razom das honras e
coutos que os fidalgos fazião como nom deviam (OA, II, 65)
J. Domingues
2/16/2023
229
A célebre Lei Mental – «A qual lei, por não estar incorporada e assentada em
cada um dos cinco livros das nossas reformações e ser, para o que dito é, mui
proveitosa e necessária, nós a mandamos incorporar em este segundo livro
desta nossa nova compilação das leis e ordenações de nossos reinos, que ora
fazemos».
Ordenações extravagantes
J. Domingues
2/16/2023
230
J. Domingues
2/16/2023
232
J. Domingues
2/16/2023
233
6. Ordenações Filipinas
Foram preparadas dentro da tradição jurídica portuguesa:
1595 – conclusão das Ordenações, aprovadas pela lei de 5 de junho desse ano
J. Domingues
2/16/2023
237
6. Ordenações Filipinas
1643. 29 de janeiro – As Ordenações do reino foram
confirmadas por D. João IV, através da lei de 29 de
janeiro de 1643. O rei anunciou uma reforma futura,
reivindicada pelas Cortes, que não se concretizou.
6. Ordenações Filipinas
1695 – Edição das Ordenações do reino,
mandada imprimir por D. Pedro II
J. Domingues
2/16/2023
239
6.1. Filipismos
Filipismos – ausência de originalidade e outras lapsos cometidos na elaboração das
Ordenações filipinas:
J. Domingues
2/16/2023
240
Fim
J. Domingues
242
2/16/2023
IX – Renascença
José Domingues
Universidade Lusíada
J. Domingues
2/16/2023
243
IX – Renascença
Sumário:
1. Localização temporal e definição
2. Caracterização geral
3. Evolução do direito
4. Literatura jurídica
5. Humanismo jurídico
6. Ensino do direito em Portugal
J. Domingues
2/16/2023
244
1. Renascença
Renascença ou Renascimento (Séc. XVI) – movimento cultural que assinala o final
da Idade Média e a entrada na Idade Moderna, caraterizado pelo ressurgimento e
intensa revalorização da cultura da Antiguidade clássica (civilizações greco-romanas).
Não existe um consenso geral quanto à data para o fim da Idade Média, uma das
datas prováveis é a queda de Constantinopla e do Império Romano do Oriente,
em 1453.
As designações adotadas no Séc. XVI – “Renascença” e “Idade Média” –
pretendiam acentuar a ideia de que a Idade Média tinha sido a “Era das Trevas”
e do “obscurantismo” e que a Europa renascia de novo para uma época de
maior esplendor, a da civilização greco-romana.
J. Domingues
2/16/2023
245
2. Caracterização geral
Renascença, aspetos fundamentais:
Centralização do poder nas mãos dos reis, que vai confluir no Estado
vestefaliano de meados do Séc. XVII (Paz de Vestefália, 1648)
Teoria da soberania absoluta do rei (Jean Bodin)
Formação de Estados absolutos
Queda do sistema do feudalismo
Desenvolvimento urbano e comercial
Expansão ultramarina (Portugal e Espanha)
J. Domingues
2/16/2023
246
3. Evolução do direito
Surgimento de:
Escola dos Juristas Cultos
Escola dos Jurisconsultos Humanistas
Escola Histórico-Crítica
Escola Cujaciana
J. Domingues
2/16/2023
247
4. Literatura jurídica
Manteve-se a divisão medieval entre os civilistas e os canonistas, a que se veio juntar
a dos cultores do direito pátrio:
J. Domingues
2/16/2023
248
J. Domingues
2/16/2023
249
Alvares Pegas António da Gama Martins Caminha Antunes Portugal Nunes de Leão
J. Domingues
2/16/2023
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5. Humanismo Jurídico
Surge dos novos horizontes abertos pela cultura clássica e pela contestação ao método
jurídico dos comentadores:
“Mos italicus iura docendi” – método jurídico italiano, assente na interpretação e na
aplicação do direito romano aos problemas contemporâneos, através do comentário aos
textos do direito romano (Cino de Pistoia e Bártolo de Sassoferrato)
“Mos gallicus iura docendi” – método jurídico francês, que via com desconfiança o
método jurídico medieval dos comentadores e criou um novo método de ensino, que
privilegiou o expurgo das interpolações que tinham sido feitas aos textos originários do
Corpus Iuris Civilis, procurando alcançar a pureza primitiva do direito romano.
J. Domingues
2/16/2023
252
5. Humanismo Jurídico
“Mos gallicus”:
Para além do direito romano, também tinha em conta outros direitos vigentes,
dando lugar ao surgimento dos direitos nacionais
J. Domingues
2/16/2023
253
5. Humanismo Jurídico
Duas vertentes doutrinárias:
5. Humanismo Jurídico
Esta escola (ao contrário da dos Comentadores) teve início em Itália, mas atingiu o
seu maior desenvolvimento em França (Universidades de Bourges e Toulouse).
Principais representantes:
Alciato (1492-1550), italiano, considerado o fundador da Escola
Guillaume Budé (1467-1540), francês
Zasio (1461-1535), alemão
António de Gouveia (1510-1566), português, natural de Beja
Jacques Cujas ou Cujácio (1522-1590), considerado o seu expoente máximo
J. Domingues
2/16/2023
255
6. Ensino do direito
Antes da Fixação da Universidade em Coimbra (1537):
Desde o início da Universidade que o ensino do direito ocupa lugar de destaque
A bula De statu regni Portugaliae, de 9 de Agosto de 1290, refere
expressamente o ensino do «iure Canonici ac Civili» e a existência de um doutor
«in decretis» e um mestre «in decretalibus»
Na carta de privilégios, outorgada por D. Dinis no dia 15 de Fevereiro de 1309,
para além dos dois mencionados professores de direito canónico, prevê-se
também um professor «in legibus» (Direito romano).
J. Domingues
2/16/2023
256
6. Ensino do direito
Depois da Fixação da Universidade em Coimbra (1537):
Com a mudança da sede da Universidade, grosso modo, só passaram para
Coimbra os professores com crédito científico
Foram contratados professores estrageiros, ex. Martín de Azpilcueta ou Doutor
Navarro, Fábio Arcas de Narni e Ascânio Escoto
Algumas cátedras foram confiadas a portugueses que tinham estudado no
estrangeiro, ex. Manuel da Costa, Aires Pinhel e Heitor Rodrigues, diplomados
em Salamanca e para onde voltariam mais tarde
J. Domingues
2/16/2023
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6. Ensino do direito
Estatutos velhos:
Estatutos Manuelinos (1503), sucessivamente
reformados AUC
Estatutos Filipinos de 1591, revistos e confirmados por
Filipe II (1612) e de novo confirmados por D. João IV
(1653) AUC
Estatutos novos:
Estatutos Pombalinos de 1772. AUC
J. Domingues
2/16/2023
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6. Ensino do direito
Estatutos “velhos” da Universidade:
Na sua génese, de acordo com a bula de Nicolau IV, datada de 9 de agosto de
1290, a Universidade portuguesa (com sede em Lisboa) era composta por quatro
faculdades: Faculdade de Artes, Faculdade de Leis Canônicas, Faculdade de Leis
Civis e Faculdade de Medicina.
Estatutos “novos” da Universidade (1772):
A Universidade passa a comportar seis faculdades: Faculdade de Teologia,
Faculdade de Leis, Faculdade de Cânones, Faculdade de Matemática, Faculdade
de Filosofia e Faculdade de Medicina
J. Domingues
2/16/2023
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6. Ensino do direito
Decreto de D. Maria II, 5 de dezembro de 1836:
Homologou o plano de estudos apresentado por José Alexandre de Campos
(vice-reitor da Universidade de Coimbra) e assinado por Passos Manuel
(secretário de Estado dos Negócios do Reino), as Faculdades de Leis e Cânones
foram unidas numa só, que passou a designar-se Faculdade de Direito.
J. Domingues
2/16/2023
260
Fim
J. Domingues
261
2/16/2023
X – Segunda Escolástica
Francisco
de
Vitória
José Domingues
Universidade Lusíada
J. Domingues
2/16/2023
262
X – Segunda Escolástica
Sumário:
1. Caraterização geral
2. Autores mais representativos
3. O direito natural
4. Teoria da soberania popular:
4.1. O Assento dos três estados do reino de 1641
4.2. Direito de Resistência Coletivo da Nação
4.3. O pacto constituinte Liberal
J. Domingues
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1. Segunda Escolástica
A segunda Escolástica, Neoescolástica ou Escolástica Ibérica, também designada Escola de
Salamanca:
Fundada por Francisco de Vitória na Universidade de Salamanca
Trata-se de um movimento caraterizado por um enorme e multidisciplinar alcance
doutrinário
Abordou temas da teoria política, direito natural, direito internacional público (ius
gentium), filosofia, teologia, direito, etc…
Estendeu-se a Portugal e à Universidade de Coimbra, onde lecionaram alguns dos seus
maiores vultos (ex. Francisco Suarez)
A sua teoria da soberania popular serviu de fundamento à legitimidade do poder
político na Revolução de 1640
J. Domingues
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2. Autores representativos
Autores espanhóis:
Francisco de Vitória (1486-1546)
Domingos Soto (1495-1560)
Luís de Molina (1535-1600)
Francisco Suarez (1548-1617)
Autores portugueses:
Jerónimo Osório (1506-1580)
Serafim de Freitas (1570-1633) (respondeu à tese de H. Grócio sobre o Mare Liberum).
João Salgado de Araújo
J. Domingues
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3. O direito natural
Esta corrente também é designada por Escola Espanhola (ou Peninsular) de Direito
Natural:
Conceção teocêntrica do Estado e do direito
O direito natural provém da razão humana (humanismo jurídico) (ex. Fernando
Vásquez de Menchaca)
Criação do direito internacional público moderno (ex. a liberdade dos mares e a
legitimidade de ocupação dos territórios descobertos e a condição jurídica dos seus
habitantes autóctones)
Base doutrinária das modernas declarações de direitos humanos – Bartolomeu de las
Casas (1484-1566) deve ter sido dos primeiros autores a utilizar a expressão “direitos
humanos”, no sentido de direitos inalienáveis de todos os seres humanos.
J. Domingues
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J. Domingues
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«E pressupondo por coisa certa em direito que ao reino somente compete julgar e
declarar a legítima sucessão do mesmo reino, quando sobre ela há dúvida entre os
pretendentes, por razão de o rei último possuidor falecer sem descendentes, e eximir-
se também de sua sujeição e domínio quando o rei por seu modo de governo se fez
indigno de reinar. Porquanto, este poder lhe ficou quando os povos, a princípio,
transferiram o seu [poder] no rei para os governarem».
J. Domingues
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No caso de Portugal:
1245 – Afastamento de D. Sancho II do governo do reino.
1640 – Filipe III foi destituído pela força, por ter violado o pacto constitucional
das Cortes de Tomar (1581) – conforme consignado no Assento das Cortes de
1641: «por seu modo de governo se fez indigno de reinar».
J. Domingues
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Fim
J. Domingues
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José Domingues
Universidade Lusíada
J. Domingues
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J. Domingues
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J. Domingues
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3. Jurisprudência Elegante
Caraterização:
Desenvolveu-se particularmente na Holanda, na Universidade de Leiden
Trata-se de uma “deslocação” da Escola Humanista francesa para a Holanda,
muito derivada das lutas religiosas ocorridas em França, que levaram ao exílio
de mentes brilhante do direito
Carateriza-se pela preocupação de rigor das formulações jurídicas e dos
cuidados de expressão escrita, que deu origem à própria designação de Escola
dos Jurisconsultos Elegantes
J. Domingues
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3. Jurisprudência Elegante
Autores:
Johannes Voet (1647-1713)
Gerhard Noodt (1647-1725)
Westenberg
Johannes Voet
J. Domingues
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4. Iluminismo
Caraterização:
O Iluminismo ou Época das Luzes ou da Ilustração foi um movimento intelectual que
surgiu durante o século XVIII na Europa, que defendia o uso da razão ou as “luzes da
razão”, em contraposição à obscuridade própria, sobretudo, da Idade Média.
Do ponto de vista político, corresponde ao auge do absolutismo, que configurava a
ideia do Despotismo Esclarecido ou Despotismo Ilustrado – em que o monarca
concentra em si todos os poderes, mas devia ser uma pessoa bem preparada para tal.
Em Portugal corresponde sobretudo ao reinado de D. José I (1750-1777), com destaque
para a figura do marquês de Pombal
J. Domingues
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4. Iluminismo
Autores:
Em França, as ideias iluministas geraram o movimento cultural conhecido por Enciclopedismo:
Charles Scondat de Montesquieu (1689-1755)
Voltaire (François-Marie Arouet) (1695-1778)
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)
Denis Diderot (1713-1784)
Na Alemanha deram azo ao Classicismo:
Gotthold Ephraim Lessing (1729-1781)
Johann Gottfried Herder (1744-1803)
Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832)
J. Domingues
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5. Humanitarismo
Corrente derivada do Iluminismo, que carreou profundas reformas no âmbito do direito
penal:
Desvinculação do direito penal dos pressupostos religiosos
As sanções criminais passam a ter como fim a prevenção (geral e especial) do crime e a
defesa da sociedade
O direito penal limitado pela justiça e pela dignidade da pessoa humana:
Proporcionalidade entre os crimes e as penas
Eliminação das penas desumanas e degradantes, substituídas por penas de prisão
Passagem do processo inquisitório para o processo acusatório
J. Domingues
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5. Humanitarismo Beccaria
Autores:
Cesare Beccaria (1738-1794)
Gaetano Filangieri (1753-1788)
Charles de Montesquieu (1689-1755)
Pasqual de Melo Freire (1738-1798)
J. Domingues
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6. Positivismo Jurídico
Caraterização:
O Juspositivismo, em regra, contrapõe-se ao Jusnaturalismo
O direito identifica-se com a lei
A ordem jurídica constitui um todo acabado
Pressupõe um conjunto de códigos modernos, sistemáticos e completos – «a
razão escrita encontrada pelo poder legislativo omnipotente» [ALMEIDA COSTA]
Negação do costume como fonte de direito
Subalternização do papel da jurisprudência e da doutrina
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Proudhon
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Savigny J. Domingues
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J. Domingues
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Fim
J. Domingues
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José Domingues
Universidade Lusíada
J. Domingues
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J. Domingues
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1.1. Absolutismo
José Seabra da SILVA – Dedução Cronológica e Analítica, 1767:
J. Domingues
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Os dois primeiros anos os cursos jurídicos (Leis e Cânones) tinham as mesmas disciplinas e as
aulas eram lecionadas em comum. Só a partir do 3.º ano passava a haver currículos distintos para
os cursos de Leis e Cânones [Liv. II, Tít. II, cap. 3 e Tít. VII, cap. 1].
Por decreto régio de 5 de dezembro de 1836, que homologou o plano de estudos apresentado
por José Alexandre de Campos (vice-reitor) e assinado por Passos Manuel (secretário de Estado
dos Negócios do Reino), as Faculdades de Leis e Cânones foram unidas numa só, que passou a
designar-se Faculdade de Direito.
J. Domingues
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4. Novo Código
Iniciativa de reforma das Ordenações, o “novo Código”:
1778. 31 de março – Decreto de D. Maria I, que nomeou uma Junta de Ministros para o exame
e correção da legislação e para formalizar um Novo Código.
Esta iniciativa alimentou a querela de Ribeiro dos Santos e Melo Freire, em torno das Leis
Fundamentais do Reino.
Pascoal José de Melo FREIRE – O novo Código de Direito Publico de Portugal, Coimbra, 1844.
António Ribeiro dos Santos – Notas ao Plano do Novo Código de Direito Público de Portugal
do Dr. Pasqual José de Melo, feitas e apresentadas na Junta da Censura e Revisão pelo Dr.
António Ribeiro em 1789, Coimbra, 1844.
J. Domingues
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4. Novo Código
Pascoal José de Melo FREIRE (absolutista):
As primeiras e principais leis fundamentais do reino estão contidas nas próprias Cortes
de Lamego (c. 1143), mas apenas aquelas que concernem à sucessão do reino;
Nas leis fundamentais se compreendem a lei das Cortes do ano de 1674 (sobre a
regência do reino) e ainda a lei das Cortes do ano de 1697 (que suspendeu a aplicação
de um preceito das Cortes de Lamego).
J. Domingues
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4. Novo Código
António Ribeiro dos SANTOS (mais liberal) :
«as leis fundamentais primitivas e primordiais que ou se estabeleceram expressamente no
princípio da monarquia ou se supuseram como tais na sua instituição e formação» (…) «as leis
fundamentais posteriores que, por mútuo consentimento de nossos reis e dos povos, se
estabeleceram em Cortes ou fora delas, sobre as coisas essenciais do governo».
(i) a forma suprema do governo; (ii) a ordem de sucessão da coroa; (iii) a forma de exercício dos
direitos do soberano no direito particular português; (iv) o sistema da administração pública; (v)
os direitos e deveres dos particulares relativamente ao príncipe; (vi) os privilégios das ordens que
constituíam o Estado; (vii) o estatuto das cortes; (viii) o direito da fazenda pública; (ix) as
matérias de interesse público, como a população, a religião, a educação, a polícia, etc…
J. Domingues
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Fim
J. Domingues
311
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XIII – Liberalismo
José Domingues
Universidade Lusíada
J. Domingues
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XIV – Liberalismo
Sumário:
1. Revolução Liberal (1820)
1.1 Causas e objetivos da Revolução Liberal
1.2. Da sublevação no Porto à unificação nacional em Lisboa
1.3. Convocação e eleição das Cortes Constituintes
1.4. Regeneração política (principais reformas)
1.5. Constituição Política da Monarquia Portuguesa
1.6. Apagar a memória da Revolução
2. Liberalismo económico
3. Individualismo político
4. Cronologia breve
J. Domingues
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2. Da sublevação no Porto à
unificação nacional em Lisboa:
J. Domingues
2/16/2023 317
Conselho militar
23/24 agosto
Documentos
de 24 agosto
Porto
Documentos
de 24 agosto
Porto
J. Domingues
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322
J. Domingues
24/09/2020
323
Eleições constituintes
10 a 30 de dezembro de 1820
• Edital do Senado de Lisboa: “devendo o povo convocar-se
para a eleição que ali se acha designada, em cada uma
das paróquias, no dia 10 do corrente, pelas 9 horas da
manhã; ficando na inteligência de que deverão aparecer
naquele ato todos os homens, maiores de 25 anos,
seculares ou eclesiásticos seculares”.
J. Domingues
• Abolida a convocatória por classes
• Sufrágio masculino “tendencialmente
Cortes do universal”, maiores de 25 anos
• Representação nacional unitária e proporcional
Vintismo à população
• 1 deputado / 30.000 habitantes
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J. Domingues
Constituição de 1822
1. Preâmbulo: «Em nome da Santíssima e
Indivisível Trindade, as Cortes…»
2. Direitos fundamentais (no início do articulado)
3. Separação de poderes
4. Parlamento monocamaral
5. Recenseamento eleitoral
6. Eleições legislativas diretas
7. Eleições autárquicas / Presidente da Câmara
J. Domingues
2/16/2023
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• Conselho de Estado selecionado pelo rei, mas de entre lista tripla aprovado
nas Cortes
2. Individualismo político
Traços essenciais do constitucionalismo moderno:
Soberania constituinte da nação ou do povo, expressa numa constituição escrita
Governo representativo, através de um parlamento eleito – o poder político baseado no
consentimento dos cidadãos
Soberania popular
Separação de poderes, cabendo o poder legislativo ao parlamento
Reconhecimento e proteção de direitos e liberdades fundamentais (liberdade, propriedade,
segurança, etc.)
Submissão do poder executivo (o rei) à Constituição e à lei
J. Domingues
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3. Liberalismo económico
Extinção de privilégios corporativistas, clericais e nobiliárquicos
Ordem económica baseada nas leis do mercado, abolindo limites à livre circulação de produtos e à
instalação de empresas e mercados
Extinção dos direitos banais (decreto de 20 de março de 1821) – tributos devidos ao senhor pelo uso de
determinado espaços agrícolas, privilégios comerciais e obrigações e prestações feudais
serviços pessoais feitos pela própria pessoa ou com animais; os direitos dos fornos, moinhos e
lagares
os privilégios exclusivos de boticas e estalagens; o privilégio de relego [exclusivo da venda do vinho
do senhor durante grande parte do ano];
obrigações e prestações consistentes em frutos, dinheiro, aves ou curazis [carne de porco] impostas
aos habitantes de qualquer povoação ou distrito a favor de algum senhorio, pelo simples facto de
viverem naquela terra, por terem nela casa ou eira, por casarem, por irem buscar água às fontes
públicas ou a elas levarem seus gados, por acenderem fogo, por terem animais, etc…
J. Domingues
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3. Liberalismo económico
Fundação do Banco de Lisboa (mais tarde chamado Banco de Portugal)
Início do processo de desamortização
Início da aplicação da máquina a vapor na navegação do Tejo
Regulação dos forais, reduzindo determinadas contribuições
Fundação da Sociedade Promotora da Indústria Nacional
Abolição das portagens, com algumas exceções.
J. Domingues
2/16/2023
333
4. Cronologia breve
1823-1826 – Interregno constitucional
1826 – outorga da Carta Constitucional, por D. Pedro IV
1828 – D. Miguel convoca as Cortes tradicionais, onde foi aclamado rei absoluto
1828-1834 – Interregno constitucional
1832-1834 – Guerra civil
1836 – Setembrismo, reentrada em vigor da Constituição de 1822
1838-1842 – Constituição Política de 1838
1842 – Reposição em vigor da Carta Constitucional
1851 – Regeneração e sucessivos atos adicionais à Carta Constitucional
J. Domingues
2/16/2023
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Fim
J. Domingues
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José Domingues
Universidade Lusíada
J. Domingues
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Introdução
Das Ordenações aos Códigos:
J. Domingues
2/16/2023
338
2. Influências da codificação
As influências vieram sobretudo de França e de Espanha:
Em França, por lei de 16 de agosto de 1790, foi determinado a elaboração de «um código geral
de leis simples, claras e conformes com a Constituição», tendo-se depois promulgado um dos
primeiros códigos europeus: o Código Civil de Napoleão, de 1804.
J. Domingues
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3. Antecedentes: projeto constitucional
J. Domingues
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J. Domingues
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2/16/2023
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4.4. Costume
Séc. XII-1248 – Período do Direito consuetudinário e foralengo.
1248-1446 – Período do Direito comum (ius commune) – o costume começa a ceder primazia à
lei do monarca.
1446-1867 – Período das Ordenações – o costume, ao lado da lei e dos estilos da corte, é fonte
primária do Direito:
1769 – Lei da Boa Razão – o costume tinha que ter mais de 100 anos, ser conforme à boa razão
e não ser contrário à lei
1966 – Código Civil – refere os usos, como fonte mediata, e não o costume.
J. Domingues
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J. Domingues
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Fim
J. Domingues
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José Domingues
Universidade Lusíada
J. Domingues
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J. Domingues
2/16/2023
360
3. Contrarrevolução
O alvará de 5 de junho de 1824 veio revogar as medidas legislativas feitas a este
propósito no período vintista, determinando que «ficam os mesmos forais restituídos e
conservados interinamente no seu estado antecedente às inovações despóticas e
desorganizadoras que a este respeito fizeram as sobreditas Cortes; quanto, porém,
aos direitos a que chamaram banais, deverão considerar-se interinamente
suprimidos, enquanto a respeito destes não der as providências que me parecerem
mais justas».
J. Domingues
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1822. 3 de junho – as Cortes Constituintes fizeram profundas alterações ao regime dos forais
1824. 5 de junho – restabeleceu a vigência dos forais, mantendo a abolição dos direitos banais
1824. 5 de junho – criou uma Junta para a Reforma dos Forais, substituída pela Junta das
Confirmações Gerais (1 de fevereiro de 1825)
1846/47 – atualização das reformas de Mouzinho da Silveira e abolição definitiva dos forais
J. Domingues
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Fim
J. Domingues