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ESTUDO DE CASO
Questão 1: Quais fatores levaram o consumo de cerveja sem álcool aumentar no Brasil?
Questão 2: O levantamento citado na reportagem - da Euromonitor para o Sindicerv (Sindicato
Nacional da Indústria da Cerveja) - se encaixa em qual tipo de pesquisa?
Questão 3: Se vocês fossem o time de marketing da cervejaria citada, quais estratégias de
marketing vocês adotariam para alcançar o seu consumidor de maneira satisfatória?
UOL Economia
15/07/2023 04h00
Atualizada em
17/07/2023 13h55
A cerveja zero álcool tem ganhado novos entusiastas no Brasil, principalmente depois da
pandemia de covid-19. Em quatro anos, o consumo praticamente triplicou e a expectativa é que
o volume anual chegará a 1 bilhão de litros em 2027, puxado por jovens com menos de 30 anos
que procuram ter um estilo de vida mais saudável.
O aumento do consumo de cerveja zero álcool ainda tem gosto de novidade. Algumas das
grandes marcas só lançaram há poucos anos suas versões para conquistar o consumidor sóbrio.
A Itaipava e Brahma estrearam nesse nicho em 2011 e 2013, respectivamente. A Heineken 0.0.
começou a ser vendida no Brasil em 2020. Já a Budweiser sem álcool só foi lançada em 2022.
Hoje, há pelo menos dez rótulos disponíveis para o consumidor.
Só foi após a pandemia de covid-19 que as vendas dispararam de vez. Em 2019, as cervejeiras
comercializaram 140 milhões de litros da bebida com baixo ou nenhum teor alcoólico, segundo
levantamento da Euromonitor para o Sindicerv (Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja).
Em 2022, o volume saltou para 393 milhões de litros, um crescimento de 38% frente ao ano
anterior. Para 2023, a previsão é que o país atinja a marca de venda de 480 milhões, o que
representará uma alta anual de 24%.
Mesmo em alta, a bebida ainda tem uma fatia pouco expressiva no consumo total de cerveja.
Mesmo se a projeção de novo crescimento dois dígitos em 2023 se confirmar, a cerveja zero
álcool representará só 3% dos 16,1 bilhões de litros previstos para o mercado cervejeiro
brasileiro no ano.
A cerveja zero também está ligada a um estilo de vida mais equilibrado. Quem afirma é o
diretor de inovações da Ambev, Gustavo Castro, que tem no portfólio a Brahma, Budweiser e
Corona sem álcool. A bebida ainda tem um público restrito —como pessoas com restrições de
saúde, grávidas ou puérperas—, mas aos poucos começa a ganhar mais espaço.
A cerveja sem álcool tem chegado em bares e festas, onde a oferta de álcool predomina. A
bebida também tem estado presente em situações como almoços durante o expediente de
trabalho ou após exercícios físicos. Outro local de consumo são os estádios de futebol—a
legislação de São Paulo e Rio Grande do Sul proíbe a cerveja alcoólica.
Entretanto, a ideia de ingerir uma bebida sem álcool ainda enfrenta resistência de certos
públicos. Se pessoas de 40 anos para cima torcem o nariz, a geração mais jovem olha para a
cerveja zero como uma possibilidade de diversão, de acordo com a gerente de marketing da
Estrella Galicia no Brasil, Luiza Cajado.
Quem escolhe uma cerveja zero na boca dificilmente é por não gostar da versão original. O
assessor de imprensa Vítor Risso, 25, parou de consumir bebida alcoólica no início da
pandemia por causa do uso de medicação contínua. Três anos depois, ele diz que a decisão foi
um acerto.
Jovem passou a beber cerveja sem álcool por escolha, e não mais por necessidade. Hoje, Risso
diz que consegue apreciar o sabor de uma cerveja gelada sem se preocupar com a ressaca da
manhã seguinte. Outro ponto positivo em sua avaliação é a quantidade de calorias abaixo da
opção com álcool, importante para manter o peso.
Ele diz que às vezes tem dificuldade de encontrar bebida em todos os lugares. Quando está em
confraternizações com amigos, seja nos bares de São Paulo ou em outras cidades, a alternativa
que lhe resta é procurar a opção zero no comércio mais próximo para não brindar com o copo
vazio.
“Eu nunca tive um paladar muito desenvolvido para cerveja. Mas quando comecei a tomar
cerveja sem álcool, eu consegui notar melhor as diferenças de marcas, de texturas, sabores,
coisa que quando tinha a presença do álcool eu não conseguia. O sabor é mais intenso, mais
perceptível”. Vítor Risso, consumidor de cerveja sem álcool.
A cerveja zero costuma ser ligeiramente mais cara do que a versão com álcool. O preço base de
uma lata de Estrella Galicia zero é R$ 5,50 (R$ 0,50 a mais do que a com álcool). A Heineken
coloca ambas as opções com o mesmo preço: R$ 5,29 a lata. O valor da compra, no entanto,
varia de acordo com o estabelecimento.
O preço mais alto é justificado pelo custo extra de produção. Durante a fabricação, existe o
processo de retirada do álcool, uma etapa adicional que envolve mais maquinário e tecnologia.
O analista de pesquisa sênior de bebidas, tabaco e cannabis da Euromonitor, Rodrigo de
Mattos, avalia que a cerveja sem álcool acaba pesando no bolso da geração Z, que tem menos
poder de compra em relação às demais.
Além de democratizar o acesso, outro desafio é conquistar novos públicos. O gerente sênior da
Heineken 0.0 no Brasil, Igor Castro de Oliveira, afirma que o principal avanço na produção da
cerveja zero álcool nos últimos anos foi criar uma bebida que seja fiel à receita da cerveja, mas
que não tente criar um novo sabor. Falta mais pessoas tentarem descobrir essa mudança no
paladar, diz ele.
“A geração Z é quem tem menos dinheiro para despender disso. Eu acho que existe um
potencial inexplorado de se ter uma cerveja zero álcool mais barata para o público em geral”.
Rodrigo de Mattos, analista da Euromonitor.
REFERÊNCIAS
ECONOMIA; Cerveja zero álcool ganha adeptos entre jovens e consumo triplica em 4 anos.
Disponível em: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2023/07/15/cerveja-zero-alcool-ganha-
espaco-publico-jovem.htm . Acesso em: 16 jan 2024.