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01

01.
Fundos de
Investimento em
Participações
A indústria de fundos

A indústria de fundos brasileira está em


constante desenvolvimento e, dentre as
diversas classes de fundos, há aqueles
de maior acesso (fundos de renda
fixa, ações, multimercado, cambial e
previdência), conhecidos também como
fundos de investimento mútuos, e outro
grupo de acesso mais restrito (fundos
de investimento imobiliário – FII –, fundos
de investimento em participações – FIP
– e fundos de investimento em direitos
creditórios – FIDC), conhecidos também
como fundos de investimento estruturados.

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Os fundos de investimento estruturados,
além de serem uma alternativa de
diversificação para os investidores, ao
mesmo tempo, constituem uma importante
ferramenta de financiamento para
empreendedores. Empresas de qualquer
porte ou constituição jurídica podem levantar
recursos no mercado financeiro e de capitais,
junto a um ou mais fundos estruturados.

Já deu para perceber que você precisa


se inteirar do assunto, não é mesmo?

Então vamos! Neste curso você vai aprender


sobre os fundos de investimento em
participações – FIP, que são regulados pela
ICVM 578 e são destinados a investidores
qualificados

Conceito

Você já deve conhecer os fundos de


ações, que investem no mínimo 67% do
seu patrimônio em ações das empresas
listadas na bolsa de valores. E um fundo
que pode investir em todas as empresas,
sejam listadas em bolsa ou não? É isso
que faz um FIP, investe, no mínimo 90%
do patrimônio do fundo, em empresas de
qualquer tamanho e constituição jurídica.
As possibilidades são tantas que é mais fácil
dizer em que um FIP não pode investir.
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Os FIP só não podem investir diretamente em
imóveis e em direitos creditórios, para isso
existem os outros fundos estruturados (FII e
FIDC). Fora isso, um FIP investe em ações, bônus
de subscrição e debêntures de sociedades
anônimas, de capital aberto ou fechado, em cotas
de sociedades limitadas e em quaisquer títulos ou
valores mobiliários conversíveis em ações ou cotas.
Na prática, qualquer empresa pode ser investida.

Isso é muito importante, porque permite que


empreendedores encontrem alternativa de
financiamento em qualquer etapa de suas
empresas. Captar recursos via emissão de ações
em bolsa é o objetivo da maioria dos empresários,
mas para isso é preciso ter uma empresa já
consolidada, geralmente de grande porte, com
demonstrações financeiras auditadas e muitas
outras exigências que são muito distantes da
realidade da maioria das empresas.

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Enquanto há algumas centenas de ações
de companhias abertas na bolsa de valores,
há centenas de milhares de empresas na
economia real e que não estão listadas
na bolsa. Essas empresas e empresários
também precisam de financiamento para os
seus projetos e podem encontrar em um FIP
o parceiro investidor que precisam. Mas um
FIP não é apenas um investidor, não aporta
apenas dinheiro, a regulamentação impõe
uma obrigação que o diferencia dos demais
tipos de fundo.

IMPORTANTE!
Além de investir, um FIP precisa efetivamente
participar das decisões da empresa investida, com
efetiva influência na política estratégica e gestão.

A participação nas decisões estratégicas


da empresa pode acontecer de diversas
formas. O FIP pode ser o acionista
controlador da empresa investida, celebrar
contrato ou acordo de acionistas que
estabeleçam a influência do fundo nas
políticas e decisões da empresa, ou ainda
com a indicação de um profissional para
fazer parte do conselho de administração.

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Com isso, além de dinheiro, um FIP ajuda a empresa
a melhorar a sua gestão, estabelecer melhores
processos e ter acesso a profissionais experientes.
Essa obrigação, de participar do processo decisório, é
dispensada em alguns casos:

• Se o investimento originalmente feito


pelo fundo na empresa seja reduzido a
menos da metade e passe a representar
menos de 15% do capital social da
empresa investida. Isso vai ocorrer caso
o fundo seja diluído, isto é, se houver um
aumento de capital e outros investidores
(possivelmente outros FIP) entrarem
na sociedade, ou se o FIP vender uma
fração da sua participação na empresa.

• Se o valor contábil do investimento


tenha sido reduzido a zero. Para tanto
é preciso que os cotistas aprovem essa
redução de valor.

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• Se a empresa investida for listada
em bolsa em segmento especial de
mercado de acesso, que assegure
padrões elevados de governança
corporativa, desde que corresponda
a até 35% do capital subscrito do
fundo. Atualmente esse é o caso do
segmento Bovespa Mais, na B3.

Outro ponto importante é que as empresas investidas


precisam se comprometer com práticas rígidas de
governança corporativa, o que contribui ainda mais para que
implementem boas estratégias de gestão.

Para o investidor, cotista do FIP, há a possibilidade de investir


em empresas de diversos segmentos, portes e maturidade,
com segurança jurídica, transparência, administração e
gestão profissional.

IMPORTANTE!
FIPs são sempre constituídos como condomínios fechados,
com prazo determinado e somente investidores qualificados
ou profissionais podem ser cotistas.

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Portanto não é permitido fazer resgates
em FIP, o cotista que quiser sair do
investimento deve encontrar um comprador
para as suas cotas, o que nem sempre
é simples pois raramente as cotas são
negociadas em bolsa. É também por isso
que o fundo, geralmente, tem prazo para
terminar, pois como alternativa à baixa
liquidez das cotas existe o vencimento do
fundo, ocasião em que os ativos terão sido
vendidos e o dinheiro dos cotistas devolvido
em forma de rendimentos e amortização.

Para investir é preciso participar da emissão de


novas cotas de um fundo ou comprá-las no mercado
secundário, de bolsa (quando listadas) e de balcão.
A emissão de cotas acontece via ofertas públicas ou
emissões privadas (quando a CVM dispensa a realização
de oferta pública). A negociação no mercado secundário
pode acontecer em bolsa ou balcão organizado, mas a
maioria dos fundos não está listado nesses mercados.

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Mesmo os que estão listados, como não
podem ser negociados por investidores
comuns, não costumam ter grande liquidez
e volume de negociação de cotas.

ATENÇÃO!
Em geral, o investidor em FIP tem
horizonte de longo prazo e sabe que pode
ter que carregar o investimento até o
encerramento do fundo, conforme o prazo
determinado no regulamento.

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02
02.
Regulação
essencial
Todo fundo tem um administrador, no caso
dos FIP o administrador deve ser instituição
financeira ou empresa autorizada pela CVM
para administração profissional. Geralmente
são bancos, corretoras ou distribuidoras de
valores mobiliários.

ATENÇÃO!
Investir em empresas via FIP é juridicamente seguro, pois
a propriedade das empresas investidas fica bem delimitada
e apartada do patrimônio do gestor e dos cotistas.

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O patrimônio não pertence ao administrador, de forma
que mesmo que a instituição que o administra venha a
falir, os bens do fundo não serão alcançados pelos seus
credores, pois não pertencem ao administrador e sim ao
fundo, que tem CNPJ próprio.

O mesmo pode-se dizer em relação aos cotistas, o


patrimônio do fundo não responde por obrigações dos
cotistas e nem estes por obrigações relacionadas às
empresas investidas. A principal responsabilidade do
cotista investidor é pagar pelas cotas que subscreveu e
seu risco é unicamente financeiro.

Prestadores de Serviços

O administrador fiduciário é responsável


por tudo o que compreenda o
funcionamento e a manutenção do fundo,
mas ele pode contratar serviços de
terceiros, se preferir.

Portanto, além de um administrador


fiduciário, um fundo pode contar ainda com
os seguintes prestadores de serviços:

• Gestor – pessoa ou empresa autorizada


pela CVM, que fará a gestão dos ativos
integrantes da carteira do fundo,
conforme a política de voto do gestor e
a política de investimentos definida no
regulamento.

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• Consultor – pessoa, empresa ou
departamento (do administrador)
especializado em um determinado
mercado que será contratada para
auxiliar o gestor e/ou administrador
para tomar decisões de análise e
seleção de ativos para integrarem
a carteira do fundo.

• Escriturador – empresa autorizada


pela CVM para prestar serviços de
escrituração de cotas do fundo, isto é,
manter controle sempre atualizado de
quem são os cotistas de um fundo, os
direitos que cada um possui e eventuais
restrições. É o escriturador, por
exemplo, que informa quais os cotistas
terão direito a receber os rendimentos
distribuídos por um fundo.

• Custodiante – empresa autorizada pela CVM para prestar


serviços de custódia, ou seja, de maneira resumida é o
custodiante responsável pela guarda de bens e valores
mobiliários em nome dos cotistas e do fundo.

• Auditor independente – empresa de auditoria


responsável por auditar as demonstrações financeiras
de um fundo. Como diz o nome, deve ser empresa
independente registrada na CVM, sem ligações com os
demais prestadores de serviços.

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Em alguns casos, quando se pretende listar
as cotas do FIP para negociação em bolsa ou
balcão organizado, o fundo pode contratar
também os serviços de distribuição de cotas
e de formador de mercado, que é um agente
que garante liquidez mínima, com ofertas de
compra e venda das cotas.

Todo fundo tem um regulamento, que guia


e delimita a atuação do administrador e
gestor. As possibilidades de investimento
de um FIP são muito amplas e, por isso, a
regulamentação desses fundos é igualmente
ampla, genérica. Sendo assim, o regulamento
do fundo tem papel crucial na definição dos
termos específicos de cada FIP.

IMPORTANTE!
Prazo de duração - Como visto, FIP não permite
resgates e nem sempre as cotas são negociadas
em bolsa, há casos, inclusive, em que o regulamento
proíbe a transferência de cotas. Portanto, o prazo
de duração é um indicativo de quando o investidor
espera reaver o seu investimento. Alterar o prazo
de duração de um FIP só é possível se os cotistas
aprovarem em assembleia geral.

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O público alvo de um FIP é, ao menos,
investidores qualificados, porém o
regulamento pode definir que somente
investidores profissionais possam
ser cotistas de um fundo específico. A
escolha tem importantes implicações e se
justifica conforme a estratégia e política de
investimentos de um fundo.

Uma das principais diferenças está nas


classes de cotas. Todo FIP pode ter uma
ou mais classes de cotas com direitos
diferentes. Se o FIP for destinado a
investidores qualificados, a diferença de
direitos fica limitada a estabelecimento
de taxas de administração e gestão
diferenciadas entre as classes e a ordem
de recebimento das distribuições de
rendimentos e amortizações. É o que se
chama de subordinação de cotas.

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Sênior

Subordinada
Mezanino

Subordinada Jr.

A subordinação de cotas permite separar bem os cotistas por perfil, pois


cada classe de cotas representa uma relação de retorno e risco
diferente. Na prática há classes que recebem primeiro, chamadas de
cotas sênior e outras que recebem depois, as subordinadas. Ou seja, se
subordinam às demais classes. Didaticamente, é como se a rentabilidade
de um fundo funcionasse como uma cascata.

Quando o fundo tem valores a distribuir, eles fluem primeiro


para as cotas seniores, até que estas recebam o valor limite
estabelecido, em seguida para as cotas subordinadas. Pode
haver mais de uma classe de cotas subordinadas, as que
recebem por último são chamadas de cotas júnior.

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IMPORTANTE!
Essa estrutura segrega riscos porque quando algo
sai errado e o fundo não recebe todos os valores que
esperava receber, são as cotas subordinadas que
são afetadas primeiro.

Quando um fundo for destinado apenas a investidores


profissionais, o regulamento pode prever outras diferenças
de direitos econômicos e financeiros entre as cotas, além
das permitidas aos fundos para investidores qualificados.

Estratégia de investimento
e política de investimento

Por exemplo, as características das empresas que poderão


ser investidas pelo fundo estarão estabelecidas no objetivo
e na política de investimentos do regulamento do fundo,
a possibilidade de prestar fiança ou aval (que pode levar
a alavancagem do fundo) também deve estar prevista
em regulamento, a autorização de investimentos que
configurem conflito de interesses, o prazo de vencimento,
se o fundo vai distribuir rendimentos (embora não seja
obrigatório) e de que forma e até casos mais específicos
como a permissão ou proibição da negociação das cotas
em mercados de bolsa ou balcão organizados.

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Comitê de Investimentos (se houver)

O regulamento pode permitir a criação de conselhos


consultivos ou comitês técnicos e de investimentos
para auxiliar nas decisões do administrador e gestor. A
composição e a atribuição dos membros também ficam
definidas no regulamento de cada fundo. Não há um padrão,
mas conselhos e comitês costumam receber como membros
representantes dos cotistas, auxiliando no alinhamento de
interesses entre investidores e gestores.

ATENÇÃO!
Podem ser cobradas taxas de administração, gestão,
performance, consultoria, ingresso e/ou saída. A cobrança é
livre, mas deve ficar claramente estabelecida no regulamento.
É comum que administração e gestão sejam um percentual
(ao ano) do patrimônio líquido do fundo, respeitado um valor
mínimo mensal. A forma de cobrança é livre, mas é comum
que administração e gestão sejam estabelecidas como o
maior valor entre um mínimo mensal ou um percentual sobre
o valor do patrimônio líquido do fundo.

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Investimentos no exterior

Outro item importante definido no


regulamento é a possibilidade de
investimentos no exterior. Como regra geral
a CVM permite investimento de até 20%
no exterior, que pode chegar até 100% no
caso de fundos multiestratégia destinados
apenas a investidores profissionais.

Portanto, o regulamento também


confere segurança aos cotistas, que
conhecem todos os critérios de tomada de
decisão do administrador e gestor, taxas,
prazo, riscos, tudo prévia e claramente
estabelecido. Mudança desses termos que
constam no regulamento só são possíveis
em assembleia de cotistas e sendo
aprovadas por maioria qualificada, ou seja,
cotistas que representem mais de 50%
das cotas emitidas.

ATENÇÃO!
A ICVM 578 impõe vedações que são
comuns para todos os administradores e
gestores de FIP.

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Classificação dos FIP

Os FIP são classificados pela CVM


conforme o porte ou o tipo das empresas
que investem.

Quanto ao porte, serão classificados como


capital semente, empresas emergentes ou
multiestratégia.

Quanto ao tipo, em Infraestrutura (FIP-IE) e


Produção Econômica intensiva em Pesquisa,
Desenvolvimento e Inovação (FIP-PD&I),
estes dois últimos contam com vantagens
tributárias.

As empresas investidas por FIP devem se


comprometer com elevadas práticas de
governança corporativa e abster-se de
outras práticas.

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As obrigações e vedações são
estabelecidas pela CVM, o
comprometimento de seguir
ou abster-se de práticas vai
variar conforme o tamanho das
empresas investidas, medido
pela receita bruta anual. As
práticas obrigatórias são:

• Proibido a existência e emissão de


partes beneficiárias.
• Aderir à câmara de arbitragem
para solucionar eventuais
conflitos societários.

• Estabelecer mandato unificado de


até dois anos para todo o conselho
de administração (quando existir).
• Caso venha a fazer um
IPO para listar ações em


bolsa, aderir a segmento de
Dar visibilidade, divulgar o teor de listagem que exija práticas de
contratos com partes relacionadas, governança, no mínimo, iguais
acordos de acionistas e programas a estas.
de opções de aquisição de ações
da empresa.
• Ter suas demonstrações
contábeis auditadas
anualmente por auditores
independentes.
IMPORTANTE!
Empresas com faturamento até
R$ 16.000.000,00 não precisam
atender essas exigências.

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Vejamos a classificação dos FIP e as
implicações para as empresas investidas:

FIP capital semente

Podem investir em sociedades limitadas ou


companhias que tenham faturamento anual de até
R$ 16.000.000,00. Uma vez investida por um FIP e a
partir do momento que o faturamento anual da empresa
superar o valor de R$ 16.000.000,00 as empresas
investidas devem se comprometer a:

• dar visibilidade, divulgar o teor de


contratos com partes relacionadas,
acordos de acionistas e programas
de opções de aquisição de ações da
empresa;

• ter suas demonstrações contábeis


auditadas anualmente por auditores
independentes; e

• caso venha a fazer um IPO para listar


ações em bolsa, aderir a segmento
de listagem que exija práticas de
governança, no mínimo, iguais a estas.

Caso o faturamento anual da empresa


supere o valor de R$ 300.000.000,00 a
empresa passa a se comprometer com
todas as exigências de governança.

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FIP empresas emergentes

Podem investir em companhias que tenham


faturamento anual de até R$ 300.000.000,00. As
empresas que recebem investimentos de um FIP
empresas emergentes devem:

• dar visibilidade, divulgar o teor de contratos com


partes relacionadas, acordos de acionistas e
programas de opções de aquisição de ações da
empresa;

• ter suas demonstrações contábeis auditadas


anualmente por auditores independentes; e

• caso venha a fazer um IPO para listar ações em bolsa,


aderir a segmento de listagem que exija práticas de
governança, no mínimo, iguais a estas.

IMPORTANTE!
Caso o faturamento anual da empresa
supere o valor de R$ 300.000.000,00 a
empresa passa a se comprometer com
todas as exigências de governança.

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FIP multiestratégia

Podem investir em sociedades ou


companhias de qualquer porte. As
empresas por ele investidas devem seguir as
práticas de governança corporativa conforme
a faixa de receita bruta anual, exatamente
como definido para os FIP capital semente e
empresas emergentes.

FIP Infraestrutura (FIP-IE) e Produção


Econômica intensiva em Pesquisa,
Desenvolvimento e Inovação (FIP-PD&I)

Têm pequenas diferenças em relação aos


outros tipos. Esses fundos devem ter, no
mínimo, 5 cotistas e nenhum deles pode
deter mais de 40% das cotas ou receber
mais de 40% dos rendimentos. Além disso,
como os nomes demonstram, as empresas
investidas pelos FIP devem atuar com
projetos ou com financiamento a pesquisa e
desenvolvimento para os setores de energia,
transporte, água e saneamento básico,
irrigação ou outras áreas consideradas
prioritárias pelo Governo Federal. Como
incentivo pelo investimento em infra, os
investidores gozam de benefícios fiscais.

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IMPORTANTE!
Além dessas classificações, a ANBIMA
também trata de classificar e atribuir
tipos aos FIPs, diferenciando-os entre
restritos e diversificados.

FIPs Restritos

São considerados restritos os FIPs em que pelo menos


metade das cotas pertençam a um único cotista ou a um
grupo ligado por parentesco ou sociedades.

FIPs Diversificados

Não havendo concentração de cotistas o FIP é considerado


como diversificado e classificado entre três tipos:

• tipo 1 - se o fundo tiver um conselho de supervisão;

• tipo 2 - se, além do conselho, houver comitê


de investimentos cujos membros sejam todos
profissionais da administradora ou gestora;

• tipo 3 - quando houver conselho e comitê, em que


ocorra participação de membros independentes.

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Tributação

A incidência e a alíquota do imposto de renda


variam conforme o tipo de fundo, tipo de
investidor e alocação de carteira do fundo.

A regra geral para investidores residentes é de


imposto de renda de 15% sobre rendimentos
e ganhos de capital auferidos pela venda
ou amortização de cotas, igualmente para
pessoas físicas ou jurídicas.

Nos FIP Infraestrutura (FIP-IE) e Produção


Econômica intensiva em Pesquisa,
Desenvolvimento e Inovação (FIP-PD&I)
não há incidência de imposto de renda para
investidores pessoas físicas. As pessoas
jurídicas são tributadas em 15%.

IMPORTANTE!
Já investidores estrangeiros são
isentos do imposto de renda
sobre rendimentos e ganhos de
capital.

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Exceções

Caso o FIP tenha menos do que 67% do


patrimônio líquido investido em ações,
debêntures conversíveis em ações ou
direitos de subscrição de ações, a tributação
será como a de renda fixa, começando em
22,5% e decaindo até 15% após dois anos.

Caso o FIP Infraestrutura (FIP-IE) ou


Produção Econômica intensiva em
Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
(FIP-PD&I) tenha mais do que 5% do
patrimônio alocado em títulos de dívida
que não sejam debêntures conversíveis
em ações, não se aplica a isenção de
imposto de renda e a regra passa a ser
a geral. Além disso, caso algum cotista
isoladamente detenha mais de 40% das
cotas ou dos rendimentos, esse cotista
não será beneficiado, tendo que pagar
imposto de renda conforme a regra geral.

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03
03.
Na Prática
Você já deve ter ouvido falar em private
equity, venture capital, seed money e
coisas assim. Todos esses são, na prática,
fundos de investimento em participações.

Ações de empresas listadas em bolsa são


consideradas públicas, não que pertençam ao
setor público, mas como todas as informações
sobre essas empresas são públicas e como
qualquer pessoa pode investir nas ações, diz-
se que são de capital público

Já as empresas não listadas são


consideradas como de capital privado, pois
não estão disponíveis para que qualquer um
possa investir. Como os FIP investem muito
nessas empresas não listadas na bolsa,
são chamados de fundos de private equity
(capital privado).

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Embora seja o maior segmento, em
patrimônio líquido, dentre os fundos
estruturados, FIP não é um produto popular,
até porque não pode ser acessado por
investidores comuns. A maioria dos FIPs
possuem poucos cotistas. Mas há alguns
que têm suas cotas listadas em bolsa,
alcançando quantidade relevante de cotistas,
principalmente fundos de infraestrutura.

Os segmentos de atuação são os mais


variados. Dentre os FIPs mais disponíveis
para investidores o setor imobiliário é um
dos destaques.

IMPORTANTE!
FIP não pode investir em imóveis, mas pode investir
em empresas do segmento imobiliário, e o fazem com
frequência, pois são estruturas bastante adequadas
para financiar o desenvolvimento imobiliário, isto é, a
construção de imóveis.

Desenvolvimento é a atividade mais arriscada e lucrativa do


setor imobiliário. O investimento inicial é alto e o retorno, se
ocorrer, só vem em longo prazo, após construção e venda dos
imóveis. Em geral, o investidor de FIP, por ser qualificado ou
profissional, tem perfil de risco adequado e capacidade para

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carregar o investimento por longo prazo. Não raro, após o
término, os imóveis são vendidos para FIIs para que estes os
aluguem, e então encontram investidores de perfil moderado
mais interessados na renda periódica e a liquidez maior.

Mas como você já percebeu, qualquer empresa é passível de


ser investida por um FIP e, na prática, muitas das empresas
que você conhece e utiliza no seu dia-a-dia já receberam
investimentos de FIP, encontrando mais do que apenas
financiamento para projetos, experiência para melhorar seus
processos e expandir os negócios.

Boa parte das empresas por trás


dos aplicativos que você utiliza no
seu celular são investidas por FIP.
O aplicativo de táxi, o de carona,
o de entregas de comida, o de
compras de supermercado, o de
finanças pessoais e investimentos,
o banco digital e muitos outros.
Além dos produtos e serviços que
você utiliza ou conhece, tipo a rede
de academias, aquela linha de
alimentos naturais, a rede de clínicas
médicas populares, a rede de móveis
e decoração, a rede de agência de
viagens, o fast food, o conjunto
habitacional, a concessionária da
rodovia, enfim, empresas de todos
os tipos e tamanhos.

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A forma de investir depende
principalmente de o FIP ser ou não listado
em bolsa.

• Quando listado basta o investidor


qualificado ter conta em uma corretora de
valores e comprar cotas durante a oferta
pública ou negociando na bolsa. Não há
um padrão a respeito de distribuição
de rendimentos, portanto é preciso ler
atentamente o regulamento do fundo
antes de investir.

• Já o acesso a fundos não listados,


quando direcionados a investidores
pessoas físicas, geralmente se dá nos
segmentos de alta renda de bancos,
gestoras e family offices.

Os riscos envolvidos são principalmente


decorrentes das atividades das empresas
investidas e serão maiores conforme o
tamanho, segmento de atuação ou fase de
desenvolvimento de cada negócio. Se caso
as perdas do fundo superarem o valor do
patrimônio líquido, ou seja, se o patrimônio
do fundo ficar negativo, os cotistas podem
ser obrigados a aportar novos recursos
no fundo por meio de chamada de capital.
Nesses casos o novo investimento não é
opcional e sim obrigatório.

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DICA
Empresas iniciantes, as chamadas
startups, são mais arriscadas. Em
muitos casos tais empresas não
são lucrativas quando recebem o
investimento, o nível de falência de
empresas em estágio inicial é bem
alto. Empresas de médio e grande
porte já são mais consolidadas e
oferecem menor risco de falência,
ainda assim o resultado dos
investimentos pode ser insatisfatório
ou mesmo levar a prejuízos.

Perfil do investidor em FIP

O perfil ideal de investidor é o arrojado, que


busque alternativas de diversificação além
dos investimentos tradicionais no mercado
de ações, no Brasil ou no exterior e que seja
capaz de suportar a ausência de liquidez,
prazo longo e todos os demais riscos
envolvidos.

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Daqui para
frente é
com você!
Agora você já conhece as principais
características de um FIP e já deve ter
percebido que tem muito mais o que
explorar e descobrir! Continue estudando,
seja curioso! Descubra quais são as
empresas que você conhece que são
investidas por FIP, leia o regulamento de
alguns fundos, entenda como eles investem
e de onde obtém os retornos.

Procure também pelos FIP listados


em bolsa e entenda a dinâmica das
distribuições de rendimentos e negociação
das cotas. Os FIP ainda têm muito espaço
para crescer. Você também!

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