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LAUDO PERICIAL

Cigarrinha-do-milho: entenda o que é enfezamento e seu controle | MAIS SOJA - Pensou Soja,
Pensou Mais Soja

RODRIGO DOS SANTOS


CREA-PR: 156652/D
Visto SC: 174417-9

PRODUÇÃO ANTECIPADA DA PROVA Nº 5000201-26.2021.8.24.0001/SC


REQUERENTE: PAULO ROBERTO BRAZ FIORESE
REQUERIDO: DU PONT DO BRASIL S A
REQUERIDO: COOPERATIVA AGROINDUSTRIAL ALFA
REQUERIDO: CORSAGRO COMERCIO E REPRESENTACOES LTDA
REQUERIDO: COAMO AGROINDUSTRIAL COOPERATIVA
DATA DE ENTREGA: 15/02/2021
SUMÁRIO

I – OBJETIVO ............................................................................................................. p. 3

II – QUESITOS PARTE AUTORA – HIBRIDO P1225 e P2719................................ p.


4

III – QUESITOS COOPERATIVA ALFA.................................................................. p.


13

IV – QUESITOS DU PONT........................................................................................ p.
27

V – CONCLUSÂO..................................................................................................... p. 47

VI – ENCERRAMENTO............................................................................................ p.
47
I - OBJETIVO

O presente trabalho tem por objetivo responder aos quesitos, para dirimir os conflitos e
dúvidas que possa haver entre as partes e auxiliar a tomada da decisão da lide,
constituindo-se do conjunto de procedimentos técnicos necessários da área agronômica
destinados a levar à instância elementos de prova necessária à PRODUÇÃO
ANTECIPADA DE PROVA, na forma de Perícia Judicial (Laudo Técnico), em
conformidade com as normas aplicáveis e a legislação específica pertinente.
Na realização do trabalho, o planejamento envolveu o estudo prévio do processo, nos
autos Nº 5000201-26.2021.8.24.0001/SC tomando ciência do conteúdo e das
abordagens dadas pelos quesitos das partes, permitindo e facilitando o exame dos
documentos necessários.
Foi realizada uma diligência em caráter de urgência e acompanhado pelas empresas
Pioneer com seu representante técnico Jose Madaloz e assistente técnico da Coamo
Cristiano Lorandi Sbaraini, juntamente com o produtor Paulo Fiorese, para solicitação
de provas e documentos com informações em 29 de janeiro de 2021, dirigida ao Autor:
PAULO ROBERTO BRAZ FIORESE, solicitando entrada na área plantada dos
Híbridos P1225 e P2719, materiais como: plantas e espigas de milho.
No entanto, os documentos já descritos nos autos, novamente foram estudados. Assim,
as informações com caráter técnico aplicado e especifico, foram avaliadas nos objetos
estudados em particular do perito, que contribuíram com as conclusões apresentadas nas
respostas de cada quesito.
É necessário esclarecer que, desde os sinais de falhas a parte autora procurou a
executada para entendimento e solução do problema como comentada no segundo
parágrafo da página 4, Evento 1 dos autos (I – SINTESE FÁTICA).

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II – QUESITOS PARTE AUTORA – HIBRIDO P1225 e P2719

1 – Inicialmente o expert pode descrever o local e suas coordenadas geográficas em que


a perícia judicial está sendo realizada?
R: Linha Preto Abelardo Luz.
Coordenadas geográficas P1225: -26.513289, -52.456906
Coordenadas geográficas P2719: -26.503337, -52.463899

2 - Existem evidentes sinais de falhas na formação dos grãos das espigas de milho e na
lavoura em questão dos híbridos ora questionados?
P1225

P2719

2.1 – Esta ocorrendo o amarelecimento das folhas apicais?

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2.2 – Existem plantas com estatura inferior do padrão da lavoura nos híbridos? Qual a
diferença? Explique.
R: Foi constatado plantas com estaturas menores, identificadas como plantas dominas
efeito que pode ser causado pela profundidade de plantio, mas também plantas com
encurtamento entrenó sintoma do enfezamento.

2.3 – Existem plantas acamadas precocemente, ainda na fase de polinização?

2.4 – Esta ocorrendo podridão radicular nas plantas? Se sim, contribui como o
acamamento? Ainda, existem plantas com o sistema radicular apodrecido? Se sim,
podem ser arrancadas do solo ao menor esforço?
R: Plantas debilitadas ao simples encostar de braço caem ao chão principalmente no
hibrido P1225 e menos no P2719. O sistema de raiz totalmente deteriorado com um
simples esforço arranca a planta.

2.5 – Existem colmos atacados por fungos? Se sim, de quais espécies?


R: No hibrido P1225 foram identificados visualmente PYTHIUM, o qual se limita ao
primeiro nó da planta, e GIBERELA com a base do colmo ficando de cor palha com
tecidos internos degradados de coloração rosa avermelhada. FUSARIUM, são
alterações da coloração externa do colmo nos primeiros entrenós, internamente o tecido
fica com consistência de isopor. No Hidrido P2719 foram observados PYTHIUM e
FUSARIUM.

2.6 – Pode-se dizer que quando o colmo é deteriorado a planta não desenvolve e,
portanto, a espiga não pode ser colhida?
R: A planta fica com aparência de murcha, altera a coloração das folhas, morte
prematura, essa deterioração acaba levando a planta ao acamamento ou quebramento
precoce. A espiga fica exposta ao solo, dificilmente a máquina colhedora vai conseguir
colher essas espigas.

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2.7 – Existem espigas com a palha atacada expondo os grãos ao meio ambiente e, assim,
ficando totalmente desprotegidas a umidade e outros fatores climáticos?

3 - Se a resposta for afirmativa, considerando o período de cultivo, houve algum fator


climático relevante que pudesse justificar as falhas encontradas?
R: Mesmo que possa ter ocorrido um baixo volume chuva nos meses de setembro e
outubro, o dano que prevalece nos híbridos é proveniente de ataques de pragas
(cigarrinha), esses ataques causaram na planta de milho um distúrbio ou desequilíbrio
no metabolismo desregulando seu processo normal.

4 - Existe estação meteorológica com registro automático dos dados climáticos diários
na propriedade e/ou no município, e é possível extrair seus dados para conferência?
R: Sim, pelo menos duas estações meteorológicas, Epagri e Estação ADAMA 163.

5 - Qual a localização destas estações (distância aproximada) das lavouras em questão?


R: A Estação Adama 163 fica localizada na fazenda Nancy, até a propriedade em
questão 22 km. Estação Epagri problemas de funcionamento Linha canhadão.

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6 - Existem outros produtores de milho na região, que semearam o (s) mesmo (s)
híbrido (s), na mesma época e condições, e que relatam o mesmo problema de
produção?
R: Sim, existem vários relatos de maiores perdas de produtividade em função do hibrido
P1225 e também do P2719.

7 - Existem produtores de milho na região ou na propriedade em questão, que semearam


milhos ou híbridos de milho diferentes do (s) ora questionado (s), sob as mesmas
condições, e que apresentam produção normal (dentro do esperado)?
R: Sim. Alguns produtores fizeram a opção por híbridos diferentes, plantados na mesma
época, mas apresentando um nível de tolerância maior para enfezamento. Na mesma
propriedade foi plantado uma faixa do hibrido P3016 como mostra as fotos abaixo.

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8 – Em relação ao quesito anterior, pode o Sr. Perito informar quais híbridos, com a
localização aproximada (propriedade rural)?
R: Dekalb - DKB 230, sendo duas áreas avaliadas, a primeira área plantada na
localidade Bom Sucesso – Abelardo Luz e a segunda área localizada na Linha Pinheiro
Marcado Ouro Verde, Nidera - NS 45 localizada na Lâmina – Abelardo Luz, Syngenta -
MAXIMUS localizado na Linha Criciúma – Abelardo Luz e Agroeste - AS 1757,
Eduardo Momesso Fazenda Mangueira de Pedra e Jarbas Cassiano Neuls Fazenda São
Gerônimo, além do hibrido P3016 que foi plantado no meio do hibrido P1225 na
propriedade em questão.

9 - As técnicas agrícolas, tratos culturais, empregados nesta lavoura são condizentes


com lavouras onde se espera alta produtividade de milho?
R: Sim, todo o planejamento da produção agrícola empregado está atribuído as altas
produtividades da propriedade. Segundo o produtor sempre produziu acima dos 200
scs/há do hibrido que sempre plantava da empresa Pioneer (P1630) esse ano ele plantou
dois híbridos novos da mesma empresa os quais se remete o dano (P1225 e P2719).

10 - Qual a área de milho semeada com esta semente (detalhar o nome da semente
cultivada de forma individual)?
R:A área plantada de 58,5 hectares com o hibrido P1225 VYHR e 22,5 hectares
plantado de P2719.

11 - Pode o Sr. Perito descrever (ou se preferir) anexar fotografias comparativas de uma
espiga de milho normal, bem como da planta, sem afetações com uma decorrente da(s)
semente(s) híbrida(s) ora questionadas?
P1225

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P2719

12- Pode o Sr. Perito descrever o aspecto das espigas e da própria planta encontrada(s)
na lavoura em questão, (geometria da espiga, encurvamento das mesmas, linearidade
das carreiras de milho, falhas na polinização na ponta das espigas e no seu todo)?
Anexando registros fotográficos e amostragem no campo quantificando eventuais
defeitos.
R: Seguem as espigas colhidas das parcelas (P) avaliadas dos híbridos P1225 e P2719.
P1225

P1 P2 P3

P4 P5

9
P2719

P1 P2 P3

P4 P5

13 - Pode o Sr. Perito afirmar que haverá redução na produtividade da lavoura em


função dos problemas encontrados, e/ou, se na colheita isso já ocorre?
R: Sim, pelos problemas que foram encontrados por este perito na avaliação dos dois
híbridos.

14 - Se sim, é possível estimar estas perdas em sacas de milho detalhando-se a perda por
ha?
R: O método utilizado para estimar a produção de milho é baseado no desenvolvimento
da regra de cálculo “Corn Yield Calculador”, publicada pela Universidade de Illinois
nos Estados Unidos.
Planilha do hibrido P1225, no dia da perícia 29/01/2021 foi feito uma estimativa de
produção de 86 sacas de milho por hectares, devido a ação da chuva e vento que
ocorreram logo nos próximos dias várias plantas ainda continuaram a cair. O produtor
teve que antecipar a colheita, finalizou a colheita 08/02/21 do hibrido P1225 com uma
média de 85 sacas por hectares.

Amost Repetiç Grão Fileiras Planta Plant plant Grão Kg/ sc/
ra ão por por s/ as / as / / há há
Fileir espiga Parcel há m espig
a a a
Espiga 01 14,5 20 18 36000 1,80 289 3641 61
1 Espiga 02 12,1 18 18 36000 1,80 218 2747 46
Espiga 03 32,6 18 18 36000 1,80 586 7384 123

Espiga 01 15,5 16 23 46667 2,33 248 4051 68


2 Espiga 02 19,3 16 23 46667 2,33 309 5047 84

10
Espiga 03 35,8 16 23 46667 2,33 572 9343 156

Espiga 01 13,3 14 19 37333 1,87 186 2430 41


3 Espiga 02 14,7 18 19 37333 1,87 264 3450 57
Espiga 03 40,7 18 19 37333 1,87 733 9578 160

Espiga 01 18,8 16 17 34000 1,70 301 3582 60


4 Espiga 02 20,9 16 17 34000 1,70 334 3975 66
Espiga 03 38,1 16 17 34000 1,70 609 7247 121

Espiga 01 16,3 16 16 32667 1,63 261 2984 50


5 Espiga 02 16,2 18 16 32667 1,63 291 3327 55
Espiga 03 36,6 20 16 32667 1,63 732 8369 139
Max 40,7 20 23 46667 2,33 733 9578 160
Min 12,1 14 16 32667 1,63 186 2430 41
Media 23,0 17 19 37333 1,87 396 5144 86
Total

No quadro de resumo da colheita do P1225 tem uma carga que falta de milho do hibrido
de 169,78 sacas que foram calculados sobre o total liquido de 4.802,72, sendo total
liquido final de 4.972,5 sacas de milho.
Planilha do hibrido P2719, no dia da perícia 29/01/2021 foi feito uma estimativa de
produção média de 111 sacas de milho por hectares, esse material de milho ainda se
encontrava em processo de maturação fisiológica, já mostrava perdas e com as chuvas e
ventos que acometiam a cultura certamente que os danos serão maiores que o estimado
até o dia da colheita.
O produtor finalizou a colheita no dia 03/02/21 do hibrido P2719 com uma média de
100 sacas por hectares de média como informa no resumo da colheita.

Amost Repetiç Grão Fileiras Planta Plant plant Grão Kg/ sc/
ra ão por por s/ as / as / / há há
Fileir espiga Parcel há m espig
a a a
Espiga 01 18,0 12 29 58000 2,90 216 4385 73

11
1 Espiga 02 28,7 12 29 58000 2,90 344 6983 116
Espiga 03 28,6 14 29 58000 2,90 400 8120 135

Espiga 01 14,9 14 27 54667 2,73 208 3980 66


2 Espiga 02 30,3 14 27 54667 2,73 424 8113 135
Espiga 03 37,6 14 27 54667 2,73 527 10083 168

Espiga 01 12,2 16 27 53333 2,67 195 3640 61


3 Espiga 02 34,4 14 27 53333 2,67 482 8997 150
Espiga 03 36,9 14 27 53333 2,67 517 9651 161

Espiga 01 6,9 16 25 50667 2,53 111 1968 33


4 Espiga 02 33,3 12 25 50667 2,53 399 7076 118
Espiga 03 41,7 14 25 50667 2,53 584 10356 173

Espiga 01 17,1 12 25 50000 2,50 205 3588 60


5 Espiga 02 17,3 16 25 50000 2,50 277 4848 81
Espiga 03 28,6 16 25 50000 2,50 458 8015 134
Max 41,7 16 29 58000 2,90 584 10356 173
Min 6,9 12 25 50000 2,50 111 1968 33
Media 25,8 14 27 53333 2,67 356 6653 111
Total

No quadro de resumo da colheita tem uma carga que não é do hibrido P2719 de 169,78
sacas que foram calculados sobre o total liquido de 2.436,50, sendo total liquido final de
2.266,72 sacas de milho.

15 – Pode o Sr. Perito, informar se a(s) semente(s) fora(m) utilizada(s) de forma


adequada e dentro do prazo razoável pra o plantio, considerando a retirada do depósito
da requerida e inserção ao solo?
R: As sementes do P1225 foram retiradas no dia 13/07/2020 da Corsagro, da
Cooperativa Alfa 12 e 30/09/2020 plantado a partir do dia 24/08/2020. As sementes do
P2719 foram retiradas no dia 08/09/2020 da Coamo plantado a partir do dia 09/09/2020.
Todas as sementes foram guardadas no barracão da propriedade afim de proteger sua
integridade até o momento do plantio.
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16 – O Sr. Perito pode informar se a requerida realizou antes da entrega dos produtos
testes validados, com a presença do requerente, destinados a análise de verificação de
qualidade fisiológica dos lotes do(s) híbrido(s) ora questionado(s), adquiridos pelo
autor?
R: Não, segundo o produtor somente forneceram as notas fiscais dos produtos.

17 – É possível precisar a data do plantio do híbrido?


R: hibrido P1225: 24 a 30/09/2020
hibrido P2719: 09 e 10/09/2020
18 – Queira o senhor Perito informar o período indicado para semeadura do híbrido.
R: O milho foi plantado entre os meses de agosto e setembro, visando o maior potencial
produtivo das plantas.
Segundo a pesquisadora Jane Machado da Embrapa Milho e Sorgo, a melhor época de
plantio vai da segunda quinzena de setembro até meados de outubro, neste período as
condições climáticas favorecem o desenvolvimento das plantas pela maior incidência de
sol em dias mais longos.

19 – Queira o senhor Perito informar o período de colheita.


Os híbridos de milho P1225 e P2719 segundo recomendação no Dia do Campo Virtual -
Portfólio de Milho – Sul, 26 de março de 2020 por Tiago Salvador é de 130 a 135 dias
para P1225 e 127 dias para o P2719.
As áreas com o P1225 já foram finalizadas a colheitas na data de 08/02/2021, já o
P2719 finalizado a sua colheita 03/02/2021. Neste caso da morte das plantas prematura
dos híbridos a colheita precisou ser antecipada e colhidos com uma umidade alta e
também para evitar um número maior de plantas que seriam perdidas pela ação de
chuva e ventos.

20 – É possível afirmar que foram seguidas todas as recomendações/orientações a


respeito do manejo para plantio e cultivo das sementes, principalmente utilização de
defensivos agrícolas para manejo de insetos?
R: O produtor seguiu como de costume adquiriu todos insumos, e seu manejo de
adubação e inseticidas visaram o ataque de percevejo e lagarta no milho, ele ainda relata
que não foi alertado que poderia haver ataque de cigarrinha ainda mais por serem
híbridos novos no mercado.

21 – Levando-se em consideração todos os fatores apontados, qual a causa associada à


falha no desenvolvimento da planta e consequentemente da produção?
R: A ocorrência do aumento da população da cigarrinha na cultura do milho, associada
a uma estiagem nos meses de setembro e outubro.

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22 – O Senhor perito pode informar, acaso esteja na colheita do cereal, qual a
produtividade média por hectare, e se estes estão abaixo ou acima dos padrões para
este(s) híbrido(s).
R: Na área parcialmente colhida do hibrido P2719 a produtividade média foi de 100
sacas por hectare. Esse hibrido tem um teto produtivo alto. O hibrido P1225 fechou uma
produtividade média de 85 sacas por hectares. Sendo os dois híbridos colhidos bem
abaixo do esperado pelo agricultor e estão fora dos padrões de produtividade.

23 – Qual a expectativa de produção do híbrido(s) em questão?


R: A expectativa do produtor era colher próximo dos resultados da safra passada (236
scs - 19/20), a realidade dele foi de 85 sacas por hectares no P1225 e o hibrido P2719
foi de 100 sacas por hectare.

24 – É possível afirmar que a suscetibilidade a doenças da semente hibrida do milho,


decorre da alteração genética que tem em visão a produtividade da lavoura, ou seja, a
produtora privilegia a produção final em detrimento da estabilidade do grão dentro da
cadeia produtiva.
R: Existe uma suscetibilidade dos hibrido em questão principalmente ao complexo de
enfezamento, muito mais evidenciada no P1225 e um pouco menos no P2719. Não é
possível afirmar se a empresa tem focado somente em produção e deixado a parte de
doenças de lado, por que cada hibrido de milho é avaliado pela sua produção e
resistência ou tolerância a doenças nos ensaios de campo antes de serem
comercializados.

25 – A existência de produção consistente de outra variedade de milho, dentro da


mesma microrregião e condições, é indicativo de falhas na cadeia do(s) hibrido(s) ora
questionado(s) ?
R: Não necessariamente, cada hibrido de milho tem sua tecnologia.

26 – É possível afirmar, levando em consideração todas as informações já prestadas,


que a semente de milho híbrido ora questionado detém uma falha em sua genética /
estrutura que lhe torna suscetível à pragas?
R: Quanto as plantas dos híbridos P1225 e P2719 ter mostrado uma suscetibilidade ao
ataque da cigarrinha, fico provado em fotos e ainda pode se dizer que a tecnologia
existente para enfezamento é muito baixa ou nula.

27 - É possível afirmar que a venda do híbrido ora questionado foi recomendado pela
empresa produtora para a região da lavoura da parte autora, mesmo conhecendo os
riscos com a suscetibilidade a cigarrinha?

14
R: A recomendação do hibrido foi em função da sua produtividade, das campanhas de
marketing e dos dias de campo, com relação aos riscos de suscetibilidade para
cigarrinha do milho, em momento algum foi informado para o produtor principalmente
na hora da compra da semente.

28 - Qual a ocorrência de cigarrinha em território nacional e em nossa região?


R: São mais comuns nas regiões quentes do território nacional, onde se cultiva o milho
em mais de uma safra no ano. Na nossa região sempre existiu, mas nem todas as
cigarrinhas que chegam em uma lavoura de milho jovem são infectantes com
enfezamentos (molicutes).

29 - A cigarrinha é uma praga antiga?


R: A origem de Dalbulus maidis pode ser rastreada até os teosintos parentes do milho.
Todos os membros do gênero Dalbulus DeLong usam o milho e os teosintos (Zea spp.),
ou gramíneas proximamente relacionadas (Tripsacum spp.), como seus hospedeiros
primários (NAULT, 1990). A adoção do milho como hospedeiro por D. maidis parece
ter ocorrido quando o milho foi domesticado dos seus primeiros parentes teosintos,
influenciando sua biologia e comportamento (NAULT, 1990).
No Brasil, a cigarrinha Dalbulus maidis (Delong & wolcott) (Hemiptera: Cicadellidae)
é responsável pela transmissão de molicutes (bactérias), enfezamento pálido
(Spiroplasma kunkelii Whitcomb et al. (corn stunt spiroplasma) e do enfezamento
vermelho (maize bushy stunt phytoplasma), além de um vírus Maize rayado fino vírus.
Alguns pesquisadores como (KITAJIMA et al. 1976; KITAJIMA; VAN DER
PAHLEN, 1977; KITAJIMA; COSTA, 1982), relatam ter sido encontrada em vários
estados brasileiros, porém com baixa incidência.
No Brasil se encontra em todos os estados que podem variar de 16 m a 1628 m de
elevação, várias armadilhas e coletas foram feitas nos últimos anos para identificação da
praga que confere um grande dano econômico para a cultura do milho.

30 - Existem híbridos no mercado que estejam semeados este ano e que são tolerantes a
cigarrinha e com produtividade normal?
R: Os híbridos da Dekalb (DKB 230), Agroeste (AS 1757), Syngenta (Maximus),
Nidera (NS45) apresentaram uma certa tolerância a cigarrinha.

31 - Pode-se dizer que as características genéticas da planta a tornam suscetível a


cigarrinha?
R: Sim, visto que em outras propriedades pesquisadas como provas tiveram híbridos
sendo plantados no meio das áreas com o hibrido P1225. Em todas elas os híbridos
como P3016 se mostraram mais tolerante ao ataque da cigarrinha.

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32 - Pode o senhor Perito informar se as práticas de manejo utilizadas pela parte autora
seriam suficientes para conter ou minimizar fatores ocasionadores de dano pela
cigarrinha se a semente fosse de alto vigor, sanidade e produtividade (boa qualidade)?
R: Os manejos utilizados não foram suficientes, visto que se tivessem funcionado o
dano não estaria estabelecido nas áreas dos híbridos P1225 e 2719, mesmo assim o
produtor seguiu as recomendações visando o controle de percevejo. Quanto a qualidade
da semente não se questiona, pois, a cultura germinou de forma uniforme, como mostra
as fotos abaixo.

16
33 - Pode o senhor Perito informar se as práticas de manejo utilizadas pela parte autora
seriam suficientes para conter ou minimizar os tratores ocasionadores de dano se o
hibrido fosse tolerante ao ataque de cigarrinha?
R: Sim, se os híbridos fossem tolerantes a cigarrinha a produção seria diferente com
certeza, mesmo com essa tolerância o manejo para cigarrinha teria que ser adotado.

34 – Existe alguma orientação de manejo integrado pelas requeridas para conter a


cigarrinha?
R:

III – QUESITOS COOPERATIVA ALFA

1) Como ocorre o processo de transmissão dos complexos de enfezamentos para plantas


de milho?
R: Quando a cigarrinha D. maidis se alimenta de plantas de milho infectadas com
molicutes, adquire esses patógenos, que infectam e se multiplicam nesse inseto-vetor,
atingindo as glândulas salivares (ALIVIZATOS; MARKHAM, 1986; OZBEK et al.,
2003). Após um período latente, de três a quatro semanas, em que ocorre esse processo
de infecção e multiplicação dos molicutes, variável dependendo da temperatura
ambiente, a cigarrinha passa a transmiti-los, cada vez que se alimenta de plântulas de
milho sadias (NAULT, 1980; MOYA-RAYGOZA; NAULT, 1998).
Tanto para o milho quanto a cigarrinha Dalbulus maidis podem ser simultaneamente
infectados por Spiroplasma kunkelii e por maize bushy stunt phytoplasma sendo a
consistência da transmissão simultânea de ambos e a manifestação de sintomas
característicos do enfezamento-pálido e/ou do enfezamento-vermelho variam para
diferentes isolados, sob influencia da temperatura ambiente (BASCOPÉ-
QUINTANILLA, 1977; OLIVEIRA etal., 2007, 2015a).

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2) Como ocorre a migração e dispersão da praga ao longo das regiões e entre lavouras?
R: Essencialmente o milho e a cigarrinha Dalbulus maidis são os hospedeiros dos
molicutes, que se perpetuam e se disseminam por meio da migração da cigarrinha
Dalbulus maidis, de lavouras com plantas adultas doentes para lavouras com plântulas
sadias (OLIVEIRA et al., 2002ª).
A cigarrinha migra, atingindo longas distâncias, transportando os molicutes para
infectar plântulas de milho em novas lavouras (OLIVEIRA et al., 2002a).

3) Como foi o manejo de inverno (pré-plantio) e como é feito a rotação de culturas do


produtor?
R:

4) Sabendo da capacidade da praga em reinfestar áreas tratadas a partir do seu entorno


sem manejo, como foi à adoção do controle químico dessas áreas adjacentes?

5) Existe relação de incidência de complexo de enfezamento e demais fungos


causadores de podridão de colmo e espigas?
R: Os patógenos oportunistas como Fusarium, Carvão Comum, Pythium, Diplodia e
Giberela tem relação de incidência na planta de milho (colmo e espiga), por que esses
patógenos encontram uma planta debilitada devido ao enfezamento, aproveitam a
condição para se estabelecer, alguns sintomas observados no campo:

6) Quando se dá a inoculação do vírus e sua expressão na planta?


R: A infecção se dá principalmente no início do desenvolvimento da planta, nas fases
iniciais, com sintomas que evoluem e se manifestam na fase de produção. Os sintomas

18
são mais severos quando a inoculação do patógeno ocorre no início do desenvolvimento
da planta (COSTA et al., 1971; SABATO et al., 2015).
A presença dos patógenos não só afeta a cultura do milho, mas também interfere
fisiologicamente nas cigarrinhas. Isso porque são capazes de se multiplicar na planta e
no inseto vetor (QUINTANILLA-BASCOPÉ, 1977; NAULT, 1980; OZBEK et al.,
2003). Este processo se inicia com a cigarrinha se alimentando do floema de plantas
doentes. Após entrar no sistema digestivo os molicutes percolam as membranas do
epitélio do mesêntero e alcançam a hemocele e partir daí circulam pelo corpo do inseto
(SUZUKI et al., 2006).
Os patógenos são capazes de se multiplicar em diversos órgãos, em especial nas
glândulas salivares e após um período de latência o inseto vetor é capaz de inoculá-los
em plantas sadias durante o processo de alimentação, sendo esta capacidade mantida
durante todo o seu ciclo de vida (CHRISTENSEN et al.., 2015). Essa capacidade,
porém, afeta somente o indivíduo, não havendo evidências de transmissão transovariana
(de fêmeas para progênie) (GONZALES; GÁMEZ, 1974; ALIVIZATOS;
MARKHAM, 1986).
O tempo de aquisição e transmissão varia entre o espiroplasma e o fitoplasma. Para S.
kunkelii, a aquisição ocorre após uma hora de alimentação (ALIVIZATOS;
MARKHAM, 1986) e a latência pode variar entre 17 a 23 dias (NAULT, 1980). A
inoculação também ocorre em uma hora (MARKHAM; ALIVIZATOS, 1983) e o
espiroplasma possui a capacidade de retenção no inseto vetor de aproximadamente 42
dias (ALIVIZATOS; MARKHAM, 1986).
As condições de temperatura também podem afetar essa interação, segundo Sabato et al.
(2014), temperaturas entre 18ºC e 30ºC facilitam o desenvolvimento do espiroplasma e
manifestação dos sintomas de Enfezamento pálido. Quanto ao fitoplasma o tempo de
aquisição é maior, duas horas, e a capacidade de inoculação é de meia hora de
alimentação (LEGRAND; POWER, 1994), com período latente de 22 a 28 dias
(NAULT, 1980). A retenção no inseto vetor varia de 29 até 48 dias (MOYA-
RAYGOZA, 1998). Em relação ao vetor, ninfas adquirem com maior facilidade e
fêmeas são mais eficientes na transmissão (NAULT, 1998). Já para o vírus da risca
(MRFV), Pires et al. (2006) obtiveram resultados onde o pico da taxa de transmissão foi
no período latente de 15 dias, com posterior decréscimo dessa capacidade, corroborando
com resultados obtidos por Gamez (1980).

7) Existe período latente entre a inoculação e a expressão dos sintomas característicos?


R: O período latente dos molicutes, nas plantas e a expressão de sintomas da doença
também podem ser afetados pela temperatura (NAULT, 1980; SABATO et al., 2014).
Após um período latente, de três a quatro semanas, em que ocorre esse processo de
infecção e multiplicação dos molicutes, variável dependendo da temperatura ambiente, a
cigarrinha passa a transmiti-los, cada vez que se alimenta de plântulas de milho sadias
(NAULT, 1980; MOYA-RAYGOZA; NAULT, 1998).

19
8) Existem híbridos resistentes? Se sim, estes híbridos podem apresentar perdas mesmo
sem sintomas?
R: Existem híbridos tolerantes que apresentaram uma tolerância maior para o ataque da
cigarrinha. Por exemplo hidridos como: AG8780, AS1666, AS 1757, MAXIMUS, NS
45, DKB 230. Esses híbridos apresentaram produções um pouco abaixo que na safra
19/20 muito em função do regime climático em comparação a esse ano. Sobre a questão
de doenças, também apresentaram enfezamento e risca, mas tiveram uma produção
melhor em comparação a produção do AG9025.

9) Existe um documento comprovando a qualidade fisiológica da semente? Se sim,


quais os índices de germinação e vigor?
R: Os padrões de qualidade da semente como informado pelo produtor nas notas fiscais,
foram comparados pelo termo de Certificado da Semente mostram-se dentro do padrão
expedido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

20
10) Com relação ao estabelecimento (estande) de plantas está dentro do recomendado
para o referido híbrido?
R: O produtor plantou a recomendação de 4 plantas por metro (80mil), 3,8 plantas
nascidas (76 mil). O plantio seguiu a recomendação técnica no catálogo dos produtos
P1225 e P2719.

11) Medidas de manejo de controle químico adotadas de forma isolada na propriedade


podem ser efetivas para o controle da praga?
R: A cigarrinha tem alta mobilidade e seu controle depende de um conjunto de ações
simultâneas que fazem parte do Manejo Integrado de Pragas. Enfrentá-la vem sendo um
desafio que nos mostra a importância de estudos detalhados que foquem nas complexas
interações entre diferentes agentes e fatores que compõem o MIP. Somente o controle
químico não é indicado, outras ações são necessárias como a eliminação de tigueras,
tratamento de semente.

12) Quanto à responsabilidade na realização do manejo para essa praga, a fim de evitar
problemas com enfezamento nas plantas de milho, cabe a quem compra ou a quem
vende o produto (sementes)?

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R: O manejo da praga cabe ao produtor (comprador) realizar, mas cabe também ao
vendedor da semente acompanhar, monitorar e posicionar o manejo mais indicado, visto
que quem está incentivando o produtor a adquirir a semente é o vendedor e no momento
da aquisição da semente o produtor deveria ser alertado para a suscetibilidade da planta
do hibrido de milho.

13) O referido produtor cultivou esse híbrido em safras passadas? Se sim, ele constatou
problema semelhante ao reclamado? Qual ou quais foram as produtividades obtidas
naquelas safras?
R: Não, o produtor cultiva o hibrido P1630 nas suas lavouras, com uma média na safra
passada 19/20 de 220 scs/há. Houve problema com polinização, a ocorrência de
problemas da cigarrinha não teve na safra de 19/20.

14) Esta praga pode sobreviver ou abrigar-se em hospedeiros alternativos?


R: A cigarrinha se alimenta quase que exclusivamente de plantas de milho, porém
estudos afirmam que na ausência da planta, o inseto vetor pode se alimentar também de
hospedeiros alternativos do gênero Zea (teosintos) e Tripsacum, porém essas plantas
não ocorrem naturalmente no Brasil. Também podem entrar em diapausa ou migrar para
outras regiões onde encontrarão alimento (NAULT, 1980; FILGUEIRAS, 2016;
RAMOS, 2016).

15) Existem riscos para outras culturas presentes na paisagem agrícola para esta praga?
R: A sobrevivência das espécies de insetos durante a ausência de seu hospedeiro
principal (milho) pode envolver basicamente três caminhos: diapausa que é um tipo de
dormência encontrada em insetos causada por uma alteração na programação genética,
em resposta a estímulos ambientais, que pausa ou retarda o desenvolvimento
(MASAKI, 1980; DENLINGER, 1986, LEATHER et al., 1993), utilização de
hospedeiros alternativos (braquiária, sorgo , milheto, trigo) (BARNES, 1954; NAULT,
1985) ou migração (RANKIN, 1985; DANTHANARAYANA, 1986; DRAKE;
GATEHOUSE, 1995; GATEHOUSE, 1997).

16) Qual o histórico de ocorrência desse pato-sistema no estado e na região desta


lavoura?
R: Em regiões infestadas, não é indicado fazer a sobreposição de culturas, pois ocorre
incremento populacional da praga vetor do enfezamento, e aumenta as chances de
ocorrer surtos epidêmicos dessas doenças, podendo atingir extensas áreas e causando
prejuízos significativos na lavoura. Surtos epidêmicos já ocorreram na safra de 1994/95
no sudeste de Goiás e na safra 2005/06 no oeste de Santa Catarina e norte do Rio
Grande do Sul (SABATO & OLIVEIRA, 2010).

22
Relato da Engenheira Agrônoma da Epagri Ana Luiza Meneghini, “É uma praga que a
gente sempre conviveu aqui no estado, mas não em grandes manifestações como este
ano. Isso é decorrente da ausência do inverno rigoroso do ano passado, que geralmente
impede a eclosão dos ovos da cigarrinha. Podendo ficar até seis meses sem se alimentar,
se não houver um inverno rigoroso ela poderá ser um problema também para a próxima
safra”, destacou.
http://www.guiatemabelardoluz.com.br/noticias/7869-equipe-da-epagri-apresenta-
problemas-causados-pela-cigarrinha-na-safra-de-milho?fbclid=IwAR109hWscuI-
5hrAvnGyyTWVfa-PxSkLx8yVrKYLxFv6Bnl7c1VFuERgmJU

A matéria do site da Epagri de 21/05/2017 remete a EMBRAPA relatando que


disponibiliza informações sobre a cigarrinha do milho, não especifica em Santa Catarina
mais em diversas regiões do país.

http://www.cidasc.sc.gov.br/blog/2017/05/21/site-reune-informacoes-sobre-doencas-
que-tem-causado-prejuizos-aos-produtores-de-milho/

17) Existe histórico de perda relacionado com esse problema na região desta lavoura?
R: Não, nas safras passadas teve problemas relacionado a deficiência na polinização das
espigas. O problema de enfezamento para a região para esta safra.

18) Quais foram os fatores que possam ter contribuído para a explicação na evolução
das populações do inseto vetor e na porcentagem de plantas sintomáticas?
R: As condições climáticas contribuíram para o aumento da população da cigarrinha.
Uma estiagem que atingiu região nos meses de setembro e outubro, como mostra os
dados abaixo:

23
19) Considerando que sempre houve presença deste inseto (Dalbulus maidis) nos
milharais da região, á dados de monitoramento de insetos infectivos na população de
campo?
R: A primeira tabela abaixo descreve o número médio de cigarrinha Dalbulus maidis
(Cicadellidae) por amostra, coletadas com redes entomológicas em lavouras de milho
em vários estados brasileiros, entre eles Santa Catarina entre 2005 a 2007. A segunda
tabela descreve as localidades de coleta de cigarrinha em milho na região Sul do Brasil
e no estado de Santa Catarina.

24
25
26
20) Qual a efetividade do Tratamento de sementes (Inseticida) e do controle químico na
aplicação em pós-emergência dentro do período crítico?
R: Não existe um nível de controle, ou seja, diferentemente do controle de lagarta e
percevejo no milho a cigarrinha é um problema sério, mas que existe manejo. Desta
forma o manejo integrado de pragas é bastante recomendado, o controle genético de
milho que mostram maior tolerância ao enfezamento, porém ainda não existem
materiais de milho 100 % tolerante ou resistente. O manejo deve ser encarrado da
seguinte forma, dividir a cultura em 3 fases: A fase crítica vai da emergência da planta
até V4 (plantas com a quarta folha expandida), a segunda fase com menos prejuízos vai
de V4 até o florescimento, e a terceira fase do florescimento em diante quase não se tem
dano. O melhor horário para a pulverização para a cigarrinha que é um inseto diurno,
são consideradas as pulverizações no início da manhã, final da tarde e a noite quando a
cigarrinha está com menor mobilidade. Algumas indicações é o uso da redução da
janela de plantio, evitar plantas como sorgo e milheto que podem afetar a dinâmica da
população das cigarrinhas, CHARLES MARTINS pesquisador da Embrapa Milho e
Sorgo, 2020.
Alguns tratamentos na eficiência de inseticidas no controle de Dalbulus maidis,
mostram eficiências > 80% até duas semanas após a emergência do milho, como:
Tiodicarbe + Imidacloprido, Clotianidim, Imidacloprido em tratamento de semente e
Cipermetrina + Tiametoxam em pulverização (MARTINS et al., 2008). Apenas os
controles químicos não asseguram a redução da incidência do enfezamento (OLIVEIRA
et al., 2007).

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21) Híbridos que na safra atual se comportem como tolerantes e/ou resistentes ao
complexo de enfezamento podem perder essa característica na próxima safra?
R: A utilização de cultivares de milho com resistência genética aos enfezamentos pode
minimizar os danos por essas doenças. É recomendável diversificar as cultivares para
evitar possível seleção de variantes desses patógenos e causar quebra da resistência.

22) Quanto ao complexo de enfezamento, quais são suas variações e quantas delas cada
cigarrinha (Dalbulus maidis) podem estar contaminada e consequentemente quantas
variações podem ser transmitidas para a planta de milho por cada uma delas?
R: Enfezamentos são causados por molicutes, dois microrganismos da classe
Mollicutes, comumente denominados molicutes, são agentes causais das doenças do
milho denominadas enfezamentos: Spiroplasma Kunkelii (Mollicutes –
Spiroplasmataceae) (WHITCOMB et al., 1986) e Maize bushy stunt fitoplasma (MBS –
fitoplasma) (BEDENDO et al., 1997). Essas microrganismo geralmente conhecido por
espiroplasma e por fitoplasma, segundo a pesquisadora Elizabeth de oliveira Sabato da
Embrapa Milho e Sorgo.
Ao infectar a plântulas de milho, o espiroplasma multiplica-se primeiro nas raízes
(GUSSIE et al., 1995). Já a dinâmica do fitoplasma não é conhecida, porem esse
molicute foi observado em grande quantidade em células das raízes de plantas de milho
com enfezamento-vermelho por BASCOPE-QUINTANILLA (1977).
As cigarrinhas podem estar infectadas com um ou com os dois enfezamentos (pálido e
vermelho), além de transmitir uma virose (risca).

Enfezamento Pálido (espiroplasma): é caracterizado por estrias cloróticas claras da


base até o ápice das folhas.

Enfezamento Vermelho (Fitoplasma): apresenta como característica, descolorações


e/ou avermelhamento foliar, espigas pequenas, com poucos ou sem grãos. A planta
também pode tombar, em decorrência do crescimento deficiente das raízes e do ataque
por fungos, principalmente em áreas com alta umidade no solo, Elizabeth de Oliveira
Sabato, da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG).

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Virose: RISCA ou Raiado (Maize rayado fino vírus, MRFV), os sintomas dessa virose
nas plântulas de milho ocorrem entre 8 e 14 dias após a inoculação. Os sintomas iniciais
consistem na ocorrência de pontos cloróticos, manchas ou linhas-curtas, distribuídas de
forma uniforme, na parte superior da folha. Essas riscas com o passar do tempo
coalescem ao longo da nervura, formando riscas com mais de 10 centímetros.
As perdas na produção de milho por causa da ocorrência dessa virose variam de 10 % a
100%, dependendo do ambiente e do estádio em que a planta foi infectada e das
características genéticas do hospedeiro (MORA; VASQUEZ, 2007; SHURTLEFF,
1989; ZAMBRANO et al., 2014; GÁMEZ, 2015).

CONTROLE

Uma das alternativas para escapar dessas doenças (enfezamento), ao menos em regiões
onde o inverno é frio, com temperaturas baixas, inadequadas para o desenvolvimento da
cigarrinha e dos molicutes, é evitar a semeadura tardia do milho, utilizando de cultivares
de milho com resistência genética ao enfezamento, podem minimizar os danos.
Tratamento de semente de milho com inseticidas específicos, registrados no Ministério
da Agricultura para o controle da cigarrinha Dalbulus maidis. Eliminação de plantas
tigueras. Utilização de cultivares de milho com tolerância.
Para virose o controle pode ser obtido através do desenvolvimento e utilização de
cultivares de milho com resistência genética ao MRFV em germoplasma de milho
(BUSTAMANTE et al.,1998).

23) Quantos indivíduos da cigarrinha (Dalbulus maidis) são necessários para infectar
uma planta de milho?

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R: O prejuízo da cigarrinha não está relacionado ao tamanho ou quantidade da
população, mas ao número de cigarrinhas de estão contaminadas pelos patógenos
(molicutes) dentro da população.

24) Um híbrido considerado tolerante e/ou resistente a enfezamento, significa que isso
se estende para todas as variações do patógeno do vírus?
R: Não, na planta essa tolerância pode ser vista também em menor escala aos ataques,
um fato acompanhado por este perito foi o hibrido AG8780 afim de comparação, que
mostrou um nível de tolerância para os enfezamentos, mas, no entanto, a planta
apresentou a virose (risca) mostrando assim que visualmente a tolerância não se estende
para todas as variações do patógeno um ou outro sintoma vai se manifestar.

25) Existe alguma legislação que controle e/ou impeça a comercialização de híbridos
não resistentes ao complexo de enfezamento?
R: Não, mas a informação para a suscetibilidade deveria ser clara, visto que esses danos
na cultura do milho não estão acontecendo exclusivamente nesta safra e esses dois
híbridos (P1225 e P2719) são novos no mercado.

26) Existe alguma legislação que obrigue a empresa detentora do híbrido a fornecer um
laudo de atestado fitossanitário das sementes?
R: Em relação ao enfezamento não especifica, mas essa desobrigação não quer dizer que
as empresa não poderiam fornecer informações dos seus híbridos para os fornecedores
da semente para orientar os produtores.

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IV – QUESITOS DU PONT

1. Queira o Sr. Perito informar qual é o lote das Sementes P1225 e P2719 utilizadas
pelo Autor em sua plantação;
R: Hibrido P1225 Lote: 02P4345124 e 02P4391293.
R: Hibrido P2719 Lote: 02P4328557.

2. Pedimos ao Sr. Perito que solicite o Laudo de Germinação referente ao lote das
sementes P1225 e P2719 utilizadas na plantação do Autor;

31
32
3. Pedimos ao Sr. Perito que analise o Laudo de Germinação fornecido e aclare se, à luz
da Instrução Normativa nº 45/2013 do MAPA, ele certifica que as sementes P1225 e
P2719, do lote utilizado pelo Autor, têm germinação adequada.
R: O problema em questão não compete a germinação da semente, visto que nas notas
fiscais, descreve nos dados do produto germinação e pureza estão dentro dos parâmetros
da Normativa nº 45/2013 do MAPA. Outra informação disponibilizada são fotos do
início da lavoura logo após a emergência do milho com o estande de plantas normal,
assim como mostra a foto dos híbridos:

4. O senhor perito poderia nos informar a quantidade de sementes por metro que o
Autor semeou? E baseado no espaçamento entre linhas, qual a população final de
plantas por hectare? Justifique ambas as respostas.
R: O produtor plantou a recomendação de 4 plantas por metro (80mil), 3,8 plantas
nascidas (76 mil). O plantio seguiu a recomendação técnica no catálogo dos produtos
P1225 e P2719;

5. O senhor perito poderia nos informar se a Corteva fornece no seu site ou em guias de
híbridos a população ideal de plantas por híbrido, época (safra) e por região?
R: Sabendo que as áreas em questão estão a 800 metros de altitude, a semente foi
recomendada.

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6. Analise o Sr. Perito a informação disponibilizada no site da Corteva, relativo aos
híbridos P1225 e P2719, e informe, considerando a data de plantio e a região em que foi
semeado, se a população final de plantas estabelecidas na lavoura do Autor está dentro
da recomendação da Corteva?
R: Pela recomendação no catálogo da semente o plantio seguiu a partir do dia 24 a
30/09/2020 para o hibrido P1225, para o hibrido P2719 plantio a partir 09 a 10/09/2020
com estande final de plantas ter ficado em média 76 mil plantas por hectare está dentro
do aceitável.

7. Queira o senhor perito esclarecer e indicar quais são as consequências fisiológicas das
plantas de milho quando há alta densidade de plantas por hectare, maior do que a
recomendada.
R: Pequenas variações na densidade da cultura do milho podem ter grande influência no
resultado final, o que determina a população ideal é o próprio material de milho. Um
número muito alto de população pode gerar uma competição entre as plantas por
nutrientes além de água e luz. Além do rendimento de grãos afetado, o aumento da
densidade de população pode afetam a quantidade de espiga por plantas, tamanho da
espiga, diâmetro do colmo aumentando a susceptibilidade ao acamamento, quebramento
e o aumento na ocorrência de doenças principalmente de colmo.

8. O Acamamento da plantação pode ocorrer em razão da alta densidade de plantas por


hectare, ante à competição entre as plantas por nutrientes, água e luz?
R: Sim, como comentado no quesito anterior.

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9. Na região em questão, já é de conhecimento dos agricultores os problemas causados
pela cigarrinha do milho (Dalbulus maidis), transmissores do complexo de enfezamento
e viroses. Pedimos ao senhor perito que explique quais são os sintomas característicos
do complexo de enfezamento e virose e os manejos necessários para minimizar os
problemas.
R: Enfezamentos são causados por molicutes, dois microrganismos da classe
Mollicutes, comumente denominados molicutes, são agentes causais das doenças do
milho denominadas enfezamentos: Spiroplasma Kunkelii (Mollicutes –
Spiroplasmataceae) (WHITCOMB et al., 1986) e Maize bushy stunt fitoplasma (MBS –
fitoplasma) (BEDENDO et al., 1997). Essas microrganismo geralmente conhecido por
espiroplasma e por fitoplasma, segundo a pesquisadora Elizabeth de oliveira Sabato da
Embrapa Milho e Sorgo.
Ao infectar a plântulas de milho, o espiroplasma multiplica-se primeiro nas raízes
(GUSSIE et al., 1995). Já a dinâmica do fitoplasma não é conhecida, porem esse
molicute foi observado em grande quantidade em células das raízes de plantas de milho
com enfezamento-vermelho por BASCOPE-QUINTANILLA (1977).

Enfezamento Pálido (espiroplasma): é caracterizado por estrias cloróticas claras da


base até o ápice das folhas.

Enfezamento Vermelho (Fitoplasma): apresenta como característica, descolorações


e/ou avermelhamento foliar, espigas pequenas, com poucos ou sem grãos. A planta
também pode tombar, em decorrência do crescimento deficiente das raízes e do ataque
por fungos, principalmente em áreas com alta umidade no solo, Elizabeth de Oliveira
Sabato, da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG).

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Virose: RISCA ou Raiado (Maize rayado fino vírus, MRFV), os sintomas dessa virose
nas plântulas de milho ocorrem entre 8 e 14 dias após a inoculação. Os sintomas iniciais
consistem na ocorrência de pontos cloróticos, manchas ou linhas-curtas, distribuídas de
forma uniforme, na parte superior da folha. Essas riscas com o passar do tempo
coalescem ao longo da nervura, formando riscas com mais de 10 centímetros.
As perdas na produção de milho por causa da ocorrência dessa virose variam de 10 % a
100%, dependendo do ambiente e do estádio em que a planta foi infectada e das
características genéticas do hospedeiro (MORA; VASQUEZ, 2007; SHURTLEFF,
1989; ZAMBRANO et al., 2014; GÁMEZ, 2015).

CONTROLE

Uma das alternativas para escapar dessas doenças (enfezamento), ao menos em regiões
onde o inverno é frio, com temperaturas baixas, inadequadas para o desenvolvimento da
cigarrinha e dos molicutes, é evitar a semeadura tardia do milho, utilizando de cultivares
de milho com resistência genética ao enfezamento, podem minimizar os danos.
Tratamento de semente de milho com inseticidas específicos, registrados no Ministério
da Agricultura para o controle da cigarrinha Dalbulus maidis. Eliminação de plantas
tigueras. Utilização de cultivares de milho com tolerância.
Para virose o controle pode ser obtido através do desenvolvimento e utilização de
cultivares de milho com resistência genética ao MRFV em germoplasma de milho
(BUSTAMANTE et al.,1998).

a) Explique por que o Complexo de Enfezamento causa quebramento de colmo na


cultura do milho.
R: As plantas infectadas com esses patógenos têm internódios mais curtos, menos
raízes, e produzem menos grãos que as plantas sadias. As plantas infectadas com
espiroplasma e fitoplasma apresentam menores quantidades absorvidas de nutrientes, e
maior conteúdo de água nos tecidos. (OLIVEIRA et al., 2002c, 2005).
A infecção por espiroplasma reduz a absorção de magnésio pelas plantas de milho
(OLIVEIRA et al., 2002c) e causa alterações ultraestruturais, danificando os
cloroplastos dos tecidos foliares (NOME et al., 2009).
A seca precoce das plantas, no estádio de enchimento de grão (OLIVEIRA et al., 1998,
2002b).

36
10. Pede-se ao Sr. Perito que requeira ao Autor a apresentação de todas as notas fiscais,
relatórios de aplicação e receituários dos agrotóxicos dos produtos usados por ele na
plantação em discussão.

a) Pautado na documentação prevista no item acima, queira o senhor perito informar se


foi feito manejo com inseticida na lavoura. Se sim, quais produtos, em que doses, e em
quais fases do milho foram feitas as aplicações? Justifique, apresentando os documentos
que embasam a conclusão desse Il. Perito.

Dados do Hibrido P2719

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38
Dados do Hibrido P1225

39
40
11. O senhor perito poderia nos informar quais produtos estão registrados no Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para controle da cigarrinha do milho
(Dalbulus maidis), na cultura do milho?

Produto Químico Ingrediente Ativo Produto Biológico Ingrediente Ativo


Adage 350 FS Tiametoxam Atrevido Beauveria bassiana isolado IBCB 66
Bold Acetamiprido, Fenpropatrina AUIN Beauveria bassiana isolado IBCB 66
Connect Beta-ciflutrina, Imidacloprido Ballvéria Beauveria bassiana isolado IBCB 66
Cropstar Imidacloprido, Tiodicarbe Bassi Control Beauveria bassiana isolado IBCB 66
Cruiser 350 FS Tiametoxam BeauveControl Beauveria bassiana isolado IBCB 66
Cruiser 600 FS Tiametoxam Beauveria JCO Beauveria bassiana isolado IBCB 66
Cruiser Opti Lambda-Cialotrina, Tiametoxam Beauveria Oligos WP Beauveria bassiana isolado IBCB 66
Curbix 200 SC Etiprole BioBassi Beauveria bassiana isolado IBCB 66
Daniato Acefato BioBVB Beauveria bassiana
alfa-cipermetrina (piretróide) +
Entigris Dinotefuram (neonicotinóide) Bioveria WP Beauveria bassiana isolado IBCB 66
Galil SC Bifentrina, Imidacloprido Bouveriz WP Biocontrol Beauveria bassiana isolado IBCB 66
Gaucho FS Imidacloprido BOVENAT Beauveria bassiana isolado IBCB 66
Imidacloprid Nortox Imidacloprido Bovéria-Guard Beauveria bassiana isolado IBCB 66
ÍMPARBR Tiametoxam Boveria-Turbo Beauveria bassiana isolado IBCB 66
Inside FS Clotianidina Boveril Cana Beauveria bassiana isolado IBCB 66
Much 600 FS Imidacloprido Bovettus ORG Beauveria bassiana isolado IBCB 66
Orthene Plus Acefato Corvair Beauveria bassiana isolado IBCB 66
Perito 970 SG Acefato Dux Beauveria bassiana isolado IBCB 66
Picus Imidacloprido EcoBass Beauveria bassiana isolado IBCB 66
Polytrin Cipermetrina, Profenofós EXCELLENCE MIG-66 Beauveria bassiana isolado IBCB 66
Polytrin 400/40 EC Cipermetrina, Profenofós Exterminador Bio Beauveria bassiana isolado IBCB 66
Poncho Clotianidina Granada Beauveria bassiana isolado IBCB 66
Racio Acefato Latria Beauveria bassiana isolado IBCB 66
Saluzi 600 FS imidacloprido (neonicotinóide) Octane Isaria fumosorosea cepa ESALQ 1296
Sectia 350 Tiametoxam
Siber Imidacloprido
Sombrero Imidacloprido
Sperto Acetamiprido, Bifentrina
Talisman Bifentrina, Carbosulfano
Vivantha Tiametoxam

12. Queira o senhor perito informar quantas aplicações de inseticida, em média, são
necessárias para o controle da cigarrinha do milho (Dalbulus maidis) transmissores do
complexo de enfezamento e viroses? Justifique.
R: Não existe um nível de controle, ou seja, diferentemente do controle de lagarta e
percevejo no milho a cigarrinha é um problema sério, mas que existe manejo. Desta
forma o manejo integrado de pragas é bastante recomendado, o controle genético de
milho que mostram maior tolerância ao enfezamento, porém ainda não existem
materiais de milho 100 % tolerante ou resistente. O manejo deve ser encarrado da
seguinte forma, dividir a cultura em 3 fases: A fase crítica vai da emergência da planta
até V4 (plantas com a quarta folha expandida), a segunda fase com menos prejuízos vai

41
de V4 até o florescimento, e a terceira fase do florescimento em diante quase não se tem
dano. O melhor horário para a pulverização para a cigarrinha que é um inseto diurno,
são consideradas as pulverizações no início da manhã, final da tarde e a noite quando a
cigarrinha está com menor mobilidade. Algumas indicações é o uso da redução da
janela de plantio, evitar plantas como sorgo e milheto que podem afetar a dinâmica da
população das cigarrinhas, CHARLES MARTINS pesquisador da Embrapa Milho e
Sorgo, 2020.
Alguns tratamentos na eficiência de inseticidas no controle de Dalbulus maidis,
mostram eficiências > 80% até duas semanas após a emergência do milho, como:
Tiodicarbe + Imidacloprido, Clotianidim, Imidacloprido em tratamento de semente e
Cipermetrina + Tiametoxam em pulverização (MARTINS et al., 2008). Apenas os
controles químicos não asseguram a redução da incidência do enfezamento (OLIVEIRA
et al., 2007).

13. Informe o senhor perito se os híbridos P1225 e P2719 têm recomendação de plantio
para a região do plantio do Autor?
R: Os híbridos P1225 e P2719 foi recomendado para região do produtor, sabendo que a
área tem 800 metros de altitude.
Segundo o posicionamento técnico dos híbridos tem a recomendação para a região Sul,
ao mesmo tempo descreve não recomendado (NR) para Terras Baixas <700m e Terras
Altas >700m, a área em questão também poderia ser considerada Terras Altas por ter
em média 800m.

P1225

42
P2719

14. Queira o Sr. Perito informar quais são os possíveis motivos para que uma plantação
não tenha o resultado esperado?
R: Período de seca, alta população, baixo manejo de plantas daninhas, falta de controle
de fungicida e inseticida, semente de baixa qualidade, sem tratamento de semente, falta
de adubação de base correta, correção do solo, profundidade de plantio, velocidade de
plantio, são motivos que uma plantação de milho não tenha o resultado esperado.

15. Considerando que a semente é um insumo biológico, pode-se afirmar que seu
desempenho, eficácia e produtividade estão diretamente correlacionados com as suas
interações com o ambiente (solo, água, insolação, temperatura, etc.) e com as práticas de
manejo (adubação, controle de praga, controle de doenças, controle de plantas daninhas,
tratamento de sementes, etc.)?

43
R: Sim, a semente é dependente das interações com meio ambiente associados a uma
pratica de manejo correto.

16. Queira o Sr. Perito esclarecer se a inobservância das corretas práticas de manejo e
armazenamento das sementes influenciam no resultado da plantação.
R: Não tiveram relação com a situação que se encontra as áreas plantadas e seus
resultados de danos.

17. Queira o senhor perito informar qual foi a adubação de plantio e cobertura utilizada
pelos Autor. Quais foram as fórmulas e doses utilizadas? Justifique apresentando os
documentos que embasaram a sua conclusão.
R: Dados informados pelo produtor de plantio e cobertura P1225.

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a) O Autor possui análise recente de fertilidade do solo? Se positiva a resposta, qual a
conclusão dessa análise? Apresente-a
R: Não informado

b) O Senhor perito poderia nos explicar, tendo em mãos a análise de solo e a adubação
feita pelo Autor, se a adubação realizada atende as exigências nutricionais da cultura do
milho? Houve excesso ou falta de algum nutriente? Qual(is)?

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R: A recomendação realizada pelo produtor atende as exigências da cultura do milho.

c) Aclare o Senhor Perito o que o desbalanço nutricional pode causar na cultura


do milho.
R: Um desbalanço nutricional entre o Nitrogênio e o Potássio, principalmente excesso
de nitrogênio proporcionam o aumento das podridões de colmo.

d) Dependendo do nutriente que estiver em falta ou excesso, pode causar falência de


colmo ocasionando assim o quebramento de plantas?
R: O acamamento muitas vezes causa a ruptura dos tecidos, o que interrompe a
vascularização do colmo e impede a recuperação da planta; afeta a estrutura anatômica
essencial para o transporte de água e nutrientes e, quanto mais cedo se manifestar no
ciclo de vida da planta, menor serão o rendimento e a qualidade dos grãos (Zanatta &
Oerlecke, 1991).
O quebramento e o acamamento são fenômenos complexos, e sua expressão depende de
fatores genéticos, inter-relacionados com fatores do clima, do solo, das práticas culturais
adotadas (Cruz et al., 2003) e de danos causados por pragas e doenças. Entre os
principais agentes que promovem acamamento e quebramento destacam-se o vento e a
chuva (Easson et al., 1993).
O potássio (K) é o nutriente mais absorvido em quantidades pelo milho ficando atrás
somente do nitrogênio, possui ainda uma relação com a resistência física da planta. Em
solos que suprem a demanda de K da planta, a cultura tem redução dos problemas de
colmo e tombamento. Outro micronutriente importante para a planta de milho é o silício
(Si), atua no aumento da produção de culturas acumuladoras do elemento, como arroz,
trigo e milho, por meio da melhoria da arquitetura da planta, diminuição do
acamamento e aumentando da taxa fotossintética; diminuindo a transpiração, as perdas
agrícolas por déficit hídrico durante a ocorrência de veranicos; indução de resistência
mecânica, diminuindo a incidência de fungos e doenças e estresses bióticos e abióticos
(EMBRAPA).

18. Queira o Sr. Perito informar se a região do plantio do Autor ficou sem chuvas por
um período relevante. Apresentar relatório/documento que embasou a resposta.
R: Dados climatológicos da Estação de meteorologia 163, houve um período de chuvas
acumulado nos meses de agosto (109,4 mm), setembro (56,6 mm), outubro (44,4 mm),
novembro (115,6 mm), dezembro (209,2 mm) e janeiro (376,8 mm).

46
19. Queira o Sr. Perito informar se a ausência de chuvas auxilia na proliferação da
cigarrinha do milho (Dalbulus maidis);
R: Os crescentes prejuízos causados pela cigarrinha do milho se devem a sucessão dos
cultivos de milho (milho sobre milho), proporcionando maior permanência das plantas
no campo juntamente com as mudanças climáticas poderão levar ao agravamento dos
prejuízos causados pelos enfezamentos, pois são esperados o aumento dos enfezamentos
em regiões onde a temperatura média for mais alta (Oliveira et al., 2009). No estado do
Piauí e em Minas Gerais, menores abundâncias de Dalbulus maidis foram observadas na
safra de verão e as maiores ocorrência no milho irrigado (MENESES, 2015; OLIVEIRA
et al., 2015).
Em condições entre 26 e 32 ºC, o ciclo biológico de Dalbulus maidis completa-se em
torno de 24 dias. Temperaturas acima de 17°C durante a noite e 27°C durante o dia,
facilitam a multiplicação dos molicutes e a manifestação dos sintomas nas plantas.
Abaixo de 20 ºC não ocorre eclosão, porém, os ovos continuam viáveis, aguardando
condições favoráveis (26 a 29 ºC) (Embrapa, 2016).
A doença é mais frequente nos locais mais quentes e onde há cultivo de milho em safras
consecutivas (Embrapa).

20. Queira o Sr. Perito esclarecer se, na região da plantação do Autor, houve alta
incidência de cigarrinhas do milho (Dalbulus maidis);
R: Sim, todas as áreas visitadas por este perito tiveram incidência de cigarrinha do
milho.

21. Queira o Sr. Perito, com base nas reportagens indicadas no rodapé, indicar se a alta
incidência da cigarrinha do milho na atual safra na região da plantação do Autor é de
conhecimento dos agricultores e tem caráter extraordinário;
https://www.agrolink.com.br/noticias/alta-incidencia-da-cigarrinha-do-milho-coloca-
produtores-em-alerta-emsc- e-rs_444222.html; acessado em 15.1.2021;
http://rbatv.com.br/noticia/cigarrinha-do-milho-31179; acessado em 15.1.2021.
https://www.epagri.sc.gov.br/index.php/2020/12/29/alta-incidencia-de-inseto-vetor-de-
doencas-preocupaprodutores- de-milho-de-santa-catarina/; acessado em 15.1.2021

R: Segundo o produtor este é o primeiro ano de ataque da cigarrinha do milho nas


lavouras, assim como foi surpresa para ele os outros produtores próximos e até mesmo
mais distantes sofrem com os mesmos prejuízos nesta safra. “Todas as notícias e
matérias divulgadas por estes órgãos são dos dias 29 e 30/12/2020, nesta época os
milharais já estavam em fase de milho verde na maioria das lavouras, quando o dano já
está estabelecido é mais fácil falar, preventivamente ninguém falou ou orientação dos
fornecedores quando a suscetibilidades da semente”, comenta o produtor.

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22. Queira o Sr. Perito afirmar se a proliferação da cigarrinha do milho (Dalbulus
maidis) na plantação do Autor pode decorrer de plantações próximas de outros
agricultores.

48
R: A cigarrinha está presente praticamente em todas as lavouras de milho.

23. Queira o Sr. Perito esclarecer se, na região da plantação do Autor e no período que
foi realizado o plantio, apenas o controle químico da cigarrinha do milho (Dalbulus
maidis) é suficiente para controle da praga;
R: A recomendação que foi passada para o agricultor não foi de forma eficiente, assim
como os pesquisadores da Embrapa Elizabeth Sabato e Charles Martins relatam, apenas
o controle químico não é o suficiente, algumas medidas devem ser adotas.

24. Em caso negativo, queria o Sr. Perito indicar quais são as outras medidas de manejo
para controle da cigarrinha do milho;
R: Eliminação de plantas tigueras, tratamento de semente, híbridos de milho tolerantes
ao enfezamento, monitoramento da lavoura nos estádios iniciais, utilizar inseticidas
registrado no ministério da agricultura para o controle de Dalbulus maidis, reduzir a
janela de plantio, rotação de princípios ativos para não criar resistência.

25. Considerando a alta incidência da cigarrinha do milho na região e na safra atual,


queira o Sr. Perito esclarecer se é necessário a prática de medida de manejo integrada,
em um contexto regionalizado;
R: Precisa ser adotado planejamento de plantio, controle das áreas de tigueras como um
todo. À medida que o manejo integrado de pragas e boas práticas forem adotados de
forma regional visaram diminuir os prejuízos gerados na cadeia de milho.

26. Queira o Sr. Perito informar se a rotação de culturas auxilia na prevenção da


proliferação da cigarrinha do milho (Dalbulus maidis); a. Em caso positivo, queira o Sr.
Perito confirmar se o Autor, nas safras passadas, realizou o plantio de outras culturas.
Apresentar documentação que embasou a conclusão deste il. Perito;
R: A rotação de cultura contribui para a redução da proliferação da cigarrinha visto que
o principal hospedeiro é a cultura do milho.
Seguem notas fiscais abaixo fornecidas pelo produtor Paulo Fiorese, atestando a rotação
de cultura:

27. Queira o Sr. Perito consultar a embalagem, as informações disponibilizadas no site


da Corteva e o manual dos híbridos P1225 e P2719, e responder se existe a promessa de
que tal semente é resistente à cigarrinha do milho (Dalbulus maidis);
R: Os híbridos P1225 e P2719 tem uma alta susceptibilidade a cigarrinha, no catálogo
do produto não descreve resistência ou tolerância para cigarrinha.

28. Queira o Sr. Perito esclarecer se a presença de enfezamento do milho, como praga
externa que é, está mais relacionada com as práticas de manejo e riscos do negócio;
R: O enfezamento é uma doença transmitida por um inseto chamado de cigarrinha do
milho (Dalbulus maidis) contaminado pelo microrganismo Molicutes (bactéria) que na

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sua contaminação transmite enfezamento pálido, enfezamento vermelho e uma virose
chamada de risca. A presença do enfezamento no milho se deu pela suscetibilidade que
alguns híbridos de milho apresentaram nesta safra de 2020/2021 a exemplo P1225,
P2501, 2719 e AG 9025 são os híbridos que apresentaram os maiores danos pelo ataque
da cigarrinha. Neste caso se o produtor fosse alertado no momento da compra da
semente para os riscos do enfezamento e suscetibilidade da planta, poderia ter realizado
o manejo diferente para o enfrentamento da cigarrinha.

29. Queira o Sr. Perito esclarecer se, em anos anteriores, a presença de cigarrinha do
milho, na região da plantação do Autor, era um problema conhecido pelos agricultores.
Justificar a resposta e apresentar documentos correlatos;
R: Não era um problema conhecido pelo agricultor, visto que na safra passada 19/20
esse produtor em questão obteve uma média de 220 scs/há, se tivessem a presença da
cigarrinha com certeza esses valores de produção não seriam alcançados.

30. Queira o Sr. Perito, com base em estudos elaborados por órgãos imparciais,
principalmente pelo Epagri, indicar se, na safra 2020/2021, houve uma incidência de
cigarrinha na região da plantação do Autor;
R: Em 29 de dezembro a Epagri fez uma matéria “Alta incidência de inseto-vetor de
doenças preocupa produtores de milho de Santa Catarina”, para os estados de Santa
Catarina e Rio Grande do Sul.
https://www.epagri.sc.gov.br/index.php/2020/12/29/alta-incidencia-de-inseto-vetor-de-
doencas-preocupa-produtores-de-milho-de-santa-catarina/

No 02/02/2021, na câmara municipal de vereadores de Abelardo Luz a Epagri realizou


uma reunião “Equipe da Epagri apresenta problemas causados pela cigarrinha na safra
de milho”.
http://www.guiatemabelardoluz.com.br/noticias/7869-equipe-da-epagri-apresenta-
problemas-causados-pela-cigarrinha-na-safra-de-milho?fbclid=IwAR109hWscuI-
5hrAvnGyyTWVfa-PxSkLx8yVrKYLxFv6Bnl7c1VFuERgmJU

a. Em caso positivo, queira o Sr. Perito afirmar se esta alta incidência de cigarrinha é
excepcional na região.
R: Não, relatos de ataques também em outros estados.

b. Queira o Sr. Perito esclarecer se na região da plantação, em anos anteriores (período


de 2015 até 2020), havia registros de órgãos imparciais, como o Embrapa e o Epagri,
relacionados à incidência de cigarrinhas do milho em volumes análogos aos ocorridos
nesse ano; Justifique e apresente documentações que embasam a resposta.
R: Relato da Engenheira Agrônoma da Epagri Ana Luiza Meneghini, “É uma praga que
a gente sempre conviveu aqui no estado, mas não em grandes manifestações como este
ano. Isso é decorrente da ausência do inverno rigoroso do ano passado, que geralmente

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impede a eclosão dos ovos da cigarrinha. Podendo ficar até seis meses sem se alimentar,
se não houver um inverno rigoroso ela poderá ser um problema também para a próxima
safra”, destacou.
http://www.guiatemabelardoluz.com.br/noticias/7869-equipe-da-epagri-apresenta-
problemas-causados-pela-cigarrinha-na-safra-de-milho?fbclid=IwAR109hWscuI-
5hrAvnGyyTWVfa-PxSkLx8yVrKYLxFv6Bnl7c1VFuERgmJU

A matéria do site da Epagri de 21/05/2017 remete a EMBRAPA relatando que


disponibiliza informações sobre a cigarrinha do milho, não especifica em Santa Catarina
mais em diversas regiões do país.

http://www.cidasc.sc.gov.br/blog/2017/05/21/site-reune-informacoes-sobre-doencas-
que-tem-causado-prejuizos-aos-produtores-de-milho/

31. Queira o Sr. Perito confirmar se há híbridos de milho com características distintas
entre si, independentemente da marca e empresa produtora/desenvolvedora; Em caso
positivo, é obrigação da produtora de sementes garantir que o híbrido seja resistente à
pragas, como por exemplo a cigarrinha do milho?
R: Existem híbridos de milho com diferentes tecnologias e produtividades aliadas ao seu
ciclo de maturidade. Dentro das tecnologias que cada hibrido pode oferecer algumas
como Leptra, HX, Liberty Link, RR, Agrisure Vip 3 estão estampadas na placa
informativa do hibrido bem como na sua embalagem, nenhuma tecnologia dessas
confere resistência a cigarrinha, conforme abaixo:
A tecnologia Leptra®, devido ao seu amplo espectro, é hoje a melhor opção para
auxiliar no controle das principais lagartas que atacam a cultura do milho, como a
lagarta-do-cartucho, lagarta-elasmo, lagarta-do-trigo, broca-da-cana-de-açúcar, lagarta-
eridania, lagarta-da-espiga e lagarta-rosca. É uma excelente escolha para agricultores
que desejam mais segurança e rentabilidade na sua lavoura (PIONEER).

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Fonte: site Pioneer.
Herculex®I é utilizada no controle de alguns insetos lepdopteros (lagartas) que atacam a
cultura do milho. A tecnologia Herculex®I oferece tolerância à aplicação de herbicidas
formulados com Glufosinato de Amônio, registrado no Brasil para aplicação em pós-
emergência do milho, com a marca Liberty®, o que representa mais uma alternativa no
controle de plantas daninhas. Desta forma, a tecnologia Herculex ®I caracteriza-se como
sendo mais uma ferramenta no controle de pragas e plantas daninhas (PIONEER).
Liberty Link consiste na tolerância ao herbicida glufosinate (BAYER).
Roundup Ready 2 toleram aplicações pós-emergentes do herbicida registrado para este
uso*, que contenha como ingrediente ativo o glifosato, sem nenhuma redução no
rendimento potencial do híbrido (PIONEER).
Agrisure Viptera 3 é a mais completa biotecnologia para o controle das principais
espécies de lagartas que atacam a cultura do milho, entre elas cartucho, espiga, rosca e
elasmo (Syngenta).

Assim como a empresa coloca como benefícios os sistemas de raiz e colmo excelentes
(imagem logo abaixo), nessa safra de 20/21 não se caracterizou benefício.

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Por não ter um aviso a cigarrinha do milho no catálogo, não quer dizer que não poderia
ser orientado quanto a sua suscetibilidade por parte da produtora da semente ao
produtor, assim como é falado da sua produção acima das 250 sacas por hectare como
vantagem a exemplo no Dia de Campo Virtual – Sul, 27 de março de 2020 por Tiago
Salvador, deveriam falar também como desvantagem a sua suscetibilidade a cigarrinha.
https://www.youtube.com/watch?v=PTo1HCD_X5Q&t=396s

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