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Histórico da soja

e introdução à
fenologia

Fenologia e grupos de maturação da soja

Professor:
Dr. Gustavo Adolfo de Freitas Fregonezi
(Professor UNIFIL)
Objetivo: Caracterizar as fases fenológicas da cultura da soja, além dos grupos de
maturação para facilitar a comunicação dos envolvidos na cadeia produtiva, podendo-
se planejar as práticas de manejo, visando maximizar o potencial produtivo.

Introdução
Toda planta produz moléculas orgânicas (açúcares), através da fotossíntese, e
quando associados aos nutrientes inorgânicos absorvidos do solo, são capazes de
elaborar os carboidratos, proteínas e lipídeos que constituem sua massa seca.
O desenvolvimento e consequentemente o rendimento da soja são resultados
da interação entre o genótipo (potencial genético dos cultivares) com o ambiente (solo,
clima, entre outros), o que denominamos de fenótipo. O potencial máximo de
produção é determinado geneticamente e é obtido somente quando as condições
ambientais são ótimas.
Muitos fatores ligados ao desenvolvimento e rendimento da soja são oferecidos
pela natureza, como água, oxigênio, luz e dióxido de carbono. Entretanto, com a
utilização de práticas de manejo já comprovadas pela ciência, os produtores
modificam o ambiente de produção, na tentativa de atingir o potencial máximo de
rendimento, o que é observado em concursos de produtividade (CESB), com valores
que chegam a 149 sacos de soja por hectare, sendo que a produtividade média no
Brasil não atinge 60 sacos por hectare.
Fica claro que maiores produtividades só serão alcançadas quando o ambiente
for modificado para atender as necessidades da planta de soja nos diferentes estádios
de desenvolvimento. Para isso é importante conhecer a duração entre os estádios de
desenvolvimento, o número de folhas, a altura das plantas, regiões de cultivo e datas
de semeadura.
É consenso que a fenologia da soja se divide em fase vegetativa (V) e
reprodutiva (R). Subdivisões da fase vegetativa são designadas numericamente como
V1, V2, V3, até Vn (representa o último nó vegetativo formado), além dos dois
primeiros estádios que são designados como VE - emergência e VC - estádio de
cotilédone. A fase reprodutiva apresenta oito subdivisões ou estádios, representados
por R1, R2, R3, R4, R5, R6, R7 e R8. As fases vegetativas podem ocorrer
separadamente ou em conjunto com a fase reprodutiva, dependendo do tipo de
crescimento (determinado ou indeterminado).
A escolha do grupo de maturação também determina o sucesso e/ou fracasso
do cultivo de soja. Nos trópicos, a produção só foi possível através da seleção de
cultivares indeterminados cujo período juvenil é longo (grupo de maturação entre 8 a
10) permitindo o crescimento, pois o florescimento precoce não acontece.

Estádios fenológicos da soja


As características de uma planta jovem de soja podem ser visualizadas na
figura 1. É possível observar a raiz pivotante, suas ramificações, os nódulos, as folhas
cotiledonares, as folhas unifolioladas e o primeiro trifólio, além das gemas axilares e
apical.

Figura 1. Planta jovem de soja Fonte: IPNI

A representação da fenologia da soja segundo Fehr e Caviness (1977) é


dividida em duas fases: vegetativa (V) e reprodutiva (R). As fases vegetativas são
denominadas de V1, V2, V3, até Vn (“n” representa o número do último nó vegetativo
formado), além dos dois primeiros estádios que são designados como VE
(emergência) e VC (estádio de cotilédone). Já a fase reprodutiva apresenta oito
estádios - R1, R2, R3, R4, R5, R6, R7 e R8. As representações numéricas e os nomes
de cada fase da fenologia da soja se encontram na Tabela 1.

Tabela 1. Estádios vegetativos e reprodutivos da soja1.

Estádios vegetativos Estádios reprodutivos


VE - Emergência R1 - Início do florescimento
VC - Cotilédone R2 - Pleno florescimento
V1 - Primeiro nó R3 - Início da formação das vagens
V2 - Segundo nó R4 - Plena formação das vagens
V3 - Terceiro nó R5 - Início do enchimento das sementes
* R6 - Pleno enchimento das vagens
* R7 - Início da maturação
V(n) - enésimo nó R8 - Maturação plena
1 No campo de soja, cada estádio específico V ou R é definido somente quando 50% ou mais das
plantas estão naquele estádio. Fonte: Fehr e Caviness (1977)

A partir do estádio fenológico VC, os estádios vegetativos (V) são definidos e


numerados à medida que as folhas dos nós superiores estão completamente
expandidas, o que ocorre quando os folíolos não estão enrolados, nem dobrados, ou
seja, as bordas dos folíolos não mais se tocam (Figura 2).

Figura 2. Trifólio de soja não expandido (A) e expandido (B). Fonte: IPNI, Embrapa, Zanella

Na fase VC, os cotilédones (órgãos de armazenamento na forma de folhas


(modificadas) surgem no nó abaixo do primeiro nó vegetativo (folhas unifolioladas –
utilizada como bases para caracterização da fenologia). Mesmo quando as folhas
cotiledonares e unifolioladas são perdidas, a posição dos nós ainda podem ser
visualizadas, através das cicatrizes que permanecem marcando o local onde essas
folhas cresceram. A partir das cicatrizes ou do nó da folha unifoliolada é possível
identificar qual estádio fenológico a planta se encontra.
O estádio V3, é definido quando as plantas apresentam dois trifólios
completamente desenvolvidos ou a presença de 3 nós e assim sucessivamente até
emissão do último nó ou trifólio que pode finalizar o crescimento com uma gema
dormente (hábito de crescimento indeterminado) ou com um racemo floral
(crescimento determinado).
A fase reprodutiva R1, ocorre com a abertura das primeiras flores e R2 é
considerado pleno florescimento. Nos estádios R3 e R4 ocorre o crescimento das
vagens e de R5 até R8 ocorre o enchimento e maturação dos grãos.

Germinação e Emergência (VE e VC)


A inoculação de sementes de soja é recomendada mesmo em áreas onde já
foram cultivadas com soja anteriormente pois: ocorre competição entre as espécies
de bactérias fixadoras de N2 com outros microrganismos, os custos são reduzidos não
atingindo 1% do custo total, além é claro dos incrementos observados na
produtividade.
A soja deve ser semeada a uma profundidade entre 3 e 7 cm, sendo que a
profundidade depende do tipo de solo e das condições climáticas no momento da
semeadura. A plântula de soja sofre durante a emergência com semeaduras mais
profundas e alguns cultivares são sensíveis, pois a temperatura mais baixa pode
reduzir o crescimento e a disponibilidade de nutrientes proveniente dos cotilédones.
Toda semente inicia a germinação quando absorve água por osmose, em
quantidades que equivalem a 50% de sua massa. Este processo é denominado de
embebição e se caracteriza pelo crescimento da radícula, também chamada de raiz
primária, cuja função é fixar a plântula no solo. Este fenômeno é considerado
irreversível e uma vez iniciado não pode ser interrompido. Por isso é muito importante
as condições climáticas no momento da semeadura, pois a falta de umidade no solo
pode reduzir o elongamento do hipocótilo, comprometendo a emergência e o estande
da cultura.
Da raiz primária ocorre a formação das raízes laterais em momento anterior a
emergência, onde o elongamento do hipocótilo em direção a superfície do solo, ergue
os cotilédones até sua completa expansão, fase considerada VE. O estádio fenológico
denominado VE demora até uma semana após a semeadura, e depende das
condições de umidade, de temperatura e da profundidade de semeadura (Figura 3).
A fase de cotilédones se inicia quando o hipocótilo se elonga, levando os
cotilédones para fora do solo, que se dobram para baixo. Neste momento o epicótilo
é exposto e dele irá formar as folhas jovens, a haste e gema apical de onde serão
originados os novos ramos, trifólios e flores (Figura 3). Após o estádio de abertura
dos cotilédones (VC), a expansão das folhas unifolioladas, marcam o início dos
estádios vegetativos (V).
As reservas armazenadas nas folhas cotiledonares conseguem atender a
demanda das plantas jovens durante aproximadamente 10 dias, após o início da
emergência. Somente após este período é que as plantas iniciam a absorção de
nutrientes do solo. Durante este período (VE e VC), os cotilédones perdem até 70%
da sua massa seca e a perda de um cotilédone não reduz a taxa de crescimento da
planta, mas a perda dos dois cotilédones no estádio VE, pode reduzir a produtividade
em até 9%.

Figura 3. Germinação, emergência e fases iniciais de crescimento de soja.


Estádios Vegetativos (V1 a Vn)
Os estádios vegetativos podem ser observados na figura 4. Importante frisar
que o primeiro nó é considerado aquele que originam as folhas unifolioladas. No
estádio V1 (Figura 5), caracterizado quando as folhas simples (unifolioladas) estão
completamente expandidas, a fotossíntese das folhas em desenvolvimento é
suficiente para atender as necessidades das plantas. Entre os estádios de VC e V5, é
originado um novo trifólio a cada 5 dias, e a partir de V5, aumenta a taxa de
crescimento e cada 3 dias um novo trifólio é formado. Este ritmo de crescimento
aproximado, é observado até Vn nas cultivares de crescimento determinado e nas
cultivares de crescimento indeterminado até o estádio R5, quando o número máximo
de nós vegetativos é alcançado.

Figura 4. Descrição dos estádios vegetativos da soja Fonte: Embrapa


No estádio V2 a planta apresenta dois nós, e as folhas unifolioladas e o primeiro
trifólio se encontram completamente expandidas (Figura 4). As características das
plantas citados no texto, será com base nas cultivares indeterminadas (mais
cultivadas no Brasil) e nesta fase as plantas atingem entre 15 a 20 cm de altura. No
estádio V2 as raízes laterais proliferam-se rapidamente nos primeiros 15 cm de solo
entre as linhas de plantas (Figura 1).

Figura 5. Planta de soja em estádio V2 e V3. Fonte: Stoller, IPNI, Zanella

Neste estádio, suas raízes já se encontram ramificadas e são infectadas com


bactérias de Bradyrhizobium japonicum que desenvolvem estruturas denominados de
nódulos (Figuras 1 e 6). Dentro de cada nódulo existem milhões de bactérias que
através da fixação biológica de nitrogênio (FBN) transformam o gás N 2 presente na
atmosfera do solo e indisponível às plantas em produtos nitrogenados disponíveis,
chegando a significar mais de 80% de todo nitrogênio utilizado pelas plantas. Como
parte da simbiose, as plantas fornecem os carboidratos necessários atender a
demanda das bactérias.
Os nódulos que fixam nitrogênio apresentam internamente a coloração rosa ou
vermelha, pela presença de leghemoglobina que reduz a pressão de O 2 no interior
dos nódulos aumentando a eficiência da nitrogenase, enzima responsável pela FBN.
Quando não está ocorrendo a FBN sua coloração é branca, marrom ou verde (Figura
7).
A formação de nódulos pode ser visualizada logo no estádio VE, contudo, a
fixação de nitrogênio começa a ser significativa a partir dos estádios V2 a V3. O
número de nódulos formados e a quantidade de nitrogênio fixada aumenta até o início
da fase de enchimento de grãos (estádio R5), quando se inicia o processo de
senescência e diminui bruscamente.

Figura 6. Raiz da soja na fase V2 (A) e nódulos radiculares (B). Fonte: IPNI, Embrapa.

Figura 7. Nódulos ativos (coloração rosa) e inativos (coloração esverdeada) em raiz de soja. Fonte:
Gassen.

As plantas em V3 apresentam de 18 a 23 cm de altura e três nós, com presença


de dois trifólios além das folhas unifolioladas completamente expandidas (Figura 4 e
5). As plantas em V5 apresentam-se com aproximadamente 25 a 30 cm de altura e
possuem cinco nós, quatro trifólios além das folhas unifolioladas completamente
expandidas (Figura 4 e 8).
Figura 8. Planta de soja em estádio V5 e V6. Fonte: IPNI.

A inserção formada entre a haste principal e o pecíolo foliar é chamado axila


(Figura 1), onde estão as gemas axilares, formadas por tecidos meristemáticos
semelhantes aos existentes na gema apical presente no ápice da haste principal.
Cada gema axilar pode permanecer dormente, originar um ramo vegetativo ou uma
inflorescência, denominada de racemo, constituída por um “cacho” de flores que,
posteriormente serão transformados em vagens. A formação dos racemos, se iniciam
no estádio V5, uma semana antes do início do florescimento. Neste mesmo estádio
(V5), as raízes já ocupam completamente o espaço situado na entrelinha da cultura
de soja.
A definição do número total de nós que uma planta de soja pode produzir ocorre
no estádio V5. Em cultivares de soja com hábito de crescimento indeterminado, as
mais cultivadas no Brasil, o potencial de formação de nós é sempre maior que o
número total observado no fim do seu ciclo.
As plantas no estádio V6 atingem entre 30 a 35 cm de altura. Nesse estádio,
com seis nós, apresentam 5 trifólios completamente expandidos, sendo observado
nesse estádio a senescência das folhas unifolioladas e dos cotilédones (Figura 4 e 8).
A partir de V6, novos estádios vegetativos são observados em média, a cada 3
dias até o último estádio vegetativo que nas cultivares de crescimento determinado é
caracterizado pela presença de um racemo e nas cultivares de crescimento
indeterminado pela presença de uma gema dormente.
Estádios Reprodutivos (R1 a R8)
São oito os estádios reprodutivos da soja e podem ser divididos em quatro
fases, sendo que R1 e R2 indicam o florescimento; R3 e R4 o crescimento da vagem;
R5 e R6 o desenvolvimento do grão e R7 e R8 a maturação (Figura 9 e 10). O
crescimento vegetativo e a produção de novos nós podem ser interrompidos no
florescimento pleno – R2 (crescimento determinado) ou continuar durante a fases
reprodutiva (crescimento indeterminado).

Crescimento da Desenvolvimento do
Florescimento Maturação
vagem grão
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8
Figura 9. Relação de estádios reprodutivos com florescimento, crescimento da vagem,
desenvolvimento dos grãos e maturação.

Figura 10. Estádios Reprodutivos da soja. Fonte: Embrapa

O desenvolvimento geral e a duração dos períodos de crescimento vegetativo,


florescimento, crescimento da vagem (desenvolvimento do legume) e
desenvolvimento do grão (enchimento de grãos), em cultivares determinadas e
indeterminadas, podem ser observados na Figura 11.
Figura 11. Caracterização do desenvolvimento vegetativo (V) e reprodutivo (R) em genótipos de soja
com tipo de crescimento determinado e indeterminado. Fonte: Thomas (2018)

As plantas no estádio R1 (Figura 12) apresentam de 38 a 46 cm de altura e


entre 7 e 10 nós (V7 a V10). O número de nós em cada estádio reprodutivo dependerá
das condições ótimas para o desenvolvimento das plantas. O florescimento nas
cultivares indeterminados, começam entre o terceiro e o sexto nó da haste principal,
dependendo do estádio fenológico no momento do florescimento, progredindo para o
terço superior e inferior (Figura 12).
O florescimento nos ramos, se iniciam alguns dias depois da haste principal. Já
no racemo, o florescimento começa da base para o topo e como consequência, as
vagens da base do racemo se desenvolvem mais rápido do que as vagens do ápice
(Figura 13). O crescimento vertical da raiz aumenta em R1 e continuam com taxas
elevadas até os estádios R4 a R5. Já proliferação dos pelos radiculares e das raízes
secundárias é grande durante esse período, principalmente nos primeiros 30 cm de
profundidade.
O pleno florescimento é atingido no estádio R2, apesar de continuar após este
estádio fenológico (Figura 12). As plantas neste estádio apresentam de 43 a 56 cm de
altura e estão nos estádios V8 a V12. É importante salientar que nessa fase, a planta
acumula cerca de 25% de sua massa seca, chega a 50% de sua altura final e deve
ter formado metade do número total de nós.

Figura 12. Planta de soja em estádio R1 e R2. Fonte: IPNI

Figura 13. Início do florescimento nos racemos -R1 (A) e crescimento das vagens (B). Fonte: IPNI
Em R2 a taxa de FBN aumenta rapidamente, coincidindo com o aumento na
taxa de acúmulo de massa seca (Figura 14) e nutrientes. O sistema radicular, no
estádio R2 completa seu desenvolvimento lateral, sendo o crescimento direcionando
para baixo, dependendo de características relacionadas com a fertilidade de solo,
como ausência de acidez e compactação.

Figura 14. Acúmulo de massa seca em soja. Fonte: IPNI.

No estádio R3 as plantas atingem altura entre 58 a 81 cm e se encontram nos


estádios V11 a V17 (Figura 15). Neste estádio é comum encontrar crescimento das
vagens, flores murchas, flores abertas e botões florais na mesma planta,
comportamento característicos do hábito de crescimento indeterminado. As vagens
em início de desenvolvimento são denominadas popularmente como “canivetinhos”.
Figura 15. Estádio Fenológico R3. Fonte: IPNI.

As plantas no estádio fenológico R4 atingem 70 a 100 cm de altura e se


encontram nos estádios V13 a V20. A vagem atinge o ápice do seu crescimento e se
inicia o desenvolvimento da semente. Neste estádio é possível verificar que as vagens
do terço inferior atingem o tamanho final (Figuras 16).

Figura 16. Estádio Fenológico R4. Fonte: IPNI

No estádio fenológico R5, as plantas atingem entre 75 a 110 cm de altura e


chegam a ter de 15 a 23 nós (V15 a V23). Esse período é caracterizado pelo
enchimento dos grãos (Figuras 17). Neste estádio a planta atinge o máximo
desenvolvimento: altura, número de nós, área foliar, taxa de fixação de nitrogênio
atinge o seu auge e as sementes iniciam um período de rápido acúmulo de massa
seca e nutrientes. Neste estádio começa a translocação dos nutrientes para o
enchimento dos grãos que continua constante até metade do estádio R6, quando
atingem 80% de seu tamanho final.
As plantas em R6 (Figura 18) chegam a ter de 80 a 120 cm de altura, com 16
a 25 nós (V16 a V25). O crescimento é finalizado entre R5 e R6, entretanto é possível
observar um pequeno acréscimo no número de nós de R5 para R6.
Os grãos em R6 são caracterizados por apresentar largura igual à da cavidade
da vagem, mas é comum encontrar grãos de todos os tamanhos (Figura 18). Nesse
estádio o peso total das vagens da planta é máximo e o crescimento dos grãos ainda
é muito rápido.

Figura 17. Estádio Fenológico R5. Fonte: IPNI, Syngenta

Figura 18. Estádio Fenológico R6. Fonte: IPNI.


O amarelecimento das folhas começa logo após R6 e continua
acentuadamente até R8. A senescência e queda foliar inicia-se nos terços inferiores
das plantas e passando pelo terço médio e por último no terço superior, onde se
encontram os tecidos mais jovens.
O estádio R7 (Figura 19), denominado de maturidade fisiológica ocorre quando
finaliza o acúmulo de massa seca, sendo identificado quando a coloração dos grãos
se torna amarelo, embora este processo não seja uniforme nos cultivares
indeterminados. Nesta fase fenológica os grãos possuem todas as partes necessárias
para iniciar a próxima geração, entretanto ainda apresentam entre 50 a 60% de
umidade.
No estádio R8, 95% das vagens apresentam-se maduras (Figura 19),
sendo necessários ainda mais alguns dias para que a soja atinja a umidade de
armazenamento, entre 13 e 14%.

Figura 19. Estádios Fenológicos R7 e R8. Fonte: IPNI, Syngenta


Escala Fenológica da soja
A escala fenológica completa da soja pode ser visualizada na figura 20, onde é
possível observar as siglas e os nomes de cada estádio de desenvolvimento.

Figura 20. Escala fenológica da soja

Grupos de Maturação
Recentemente no Brasil a classificação das cultivares de soja de ciclo
superprecoce, precoce, semiprecoce, médio e tardio foram substituídos pelos grupos
de maturação, que permitem uma maior precisão na determinação de ponto de
colheita do cultivar, além de melhorar a comparação e a escolha das cultivares.
Para efeito de comparação podemos definir numericamente as cultivares,
sendo número abaixo de 6.0, definidas como superprecoces, entre 6.0 a 6.5, as
precoces, números próximos a 7.0, denominadas de ciclo normal (semiprecoces e
médias) e números próximos ou igual a 10, definidas como cultivares tardias (Figura
21).
Para a cultura da soja, quanto menos luz houver, mais rapidamente ela entrará
em estágio reprodutivo (florescimento). Portanto a escolha do grupo de maturação
depende da região de cultivo. Em regiões próximas ao Equador (latitude 0), os dias
são mais curtos no verão e a soja floresce mais cedo, reduzindo o desenvolvimento
vegetativo e o potencial produtivo das cultivares mais precoces que apresentam
hábitos de crescimento determinado. Este comportamento está relacionado ao
fotoperíodo, sendo necessário para amenizar tal situação, a utilização de cultivares
com período juvenil mais longo, ou seja, cultivares com hábito de crescimento
indeterminado, aliados a cultivares que apresentam grupo de maturação entre 8 e 10,
o que permitem um maior tempo para o desenvolvimento vegetativo.

Figura 20. Distribuição dos grupos de maturação de cultivares de soja no Brasil, em função da
latitude. Fonte: Alliprandini et al. (2009).

Nas regiões equatoriais brasileiras são cultivadas plantas do Grupo de


Maturação mais tardias, entre 8.0 e 10.0 com hábito de crescimento indeterminado.
Na região centro-sul do Brasil, que se estendem dos estados do Rio Grande do Sul
até São Paulo predominam cultivares de grupos de maturação variando de 5 a 7,
enquanto que na região dos cerrados dos grupos de 7 a 8.5 (Figura 21).
Uma mesma cultivar pode apresentar variações de ciclo em diferentes regiões.
Cultivares precoces no oeste do Paraná, apresentam duração do ciclo variando
de 117 a 123 dias, no norte do estado o ciclo será menor do que 115 dias, enquanto
que no centro-sul do estado o ciclo será maior do que 125 dias. Desta forma é possível
observar variação de até duas semanas no ciclo de uma mesma cultivar quando
comparamos regiões próximas umas das outras. Portanto, o ciclo de uma cultivar em
latitudes baixas será menor do que em latitudes maiores.
Referências bibliográficas

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