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DIREITO CIVIL

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Exame de Ordem
Damásio Educacional
Sumário
PARTE GERAL - PESSOAS...............................................................................................................................................3
PESSOA JURÍDICA ..........................................................................................................................................................7
DIREITO DA PERSONALIDADE .......................................................................................................................................8
PARTE GERAL – DOMICÍLIO ........................................................................................................................................10
BENS............................................................................................................................................................................11
TEORIA GERAL DO NEGÓCIO JURÍDICO ......................................................................................................................14
1. Vícios de Consentimento e Vícios Sociais ...............................................................................................................16
TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES (MODALIDADES DAR, FAZER E NÃO FAZER) .........................................................22
1. Modalidades de Obrigações de Dar, Fazer e Não Fazer .........................................................................................24
2. Obrigações Alternativas/Divisíveis e Indivisíveis/Solidariedade ............................................................................26
3. Obrigações/Pagamento Direto e Indireto ..............................................................................................................28
RESPONSABILIDADE CIVIL ...........................................................................................................................................35
CONTRATOS ................................................................................................................................................................40
1. Teoria Geral dos Contratos - Art. 421 ao 480 CC ....................................................................................................40
2. Contratos em espécies ...........................................................................................................................................43
EVICÇÃO E VÍCIOS REDIBITÓRIOS ...............................................................................................................................52
DIREITO DAS COISAS ...................................................................................................................................................54
Posse ...........................................................................................................................................................................58
USUCAPIÃO .................................................................................................................................................................61
GARANTIAS REAIS .......................................................................................................................................................63
DIREITO DE FAMÍLIA ...................................................................................................................................................66
ALIMENTOS .................................................................................................................................................................68
PODER FAMILIAR ........................................................................................................................................................71
SUCESSÃO LEGÍTIMA E SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA .................................................................................................73
MARCO CIVIL DA INTERNET LEI Nº 12.965 e LGPD Nº 13.709/2018 ..........................................................................81

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PARTE GERAL - PESSOAS

Personalidade: a personalidade consiste na aptidão para ser sujeito de direito e contrair obrigações.

Quem tem personalidade civil é sujeito de direito:

• Pessoas naturais (Personalidade da pessoa natural)

• Pessoas jurídicas

• Entes despersonalizados (exemplo: espólio)

I. Personalidade da Pessoa Natural (art. 2°, CC)

A personalidade da pessoa natural tem início a partir do nascimento com vida. Ao nascer, se o bebê respirar,
já é o suficiente para ter adquirido a personalidade.

A Teoria Natalista é a teoria adotada pelo Brasil, e não adota a Teoria do Mínimo.

OBS.: Anencefalia – também adquire a personalidade, pois aplica-se a Teoria Natalista.

A lei põe a salvo a 2ª parte do Art. 2º, CC.

II. Direitos do Nascituro

São protegidos os direitos do embrião gerado em gestação no ventre da mãe. A lei não protege o embrião
in vitro (decisão reconhecida pelo STF).

Atenção: Nascituro é diferente de Embrião.

Para ser considerado nascituro, depende do nascimento com vida. Os direitos ficam salvaguardados, sob
condição suspensiva, ou seja, nasceu com vida, adquire direitos.

III. Fim da Personalidade da Pessoa Natural

Se dá com o evento morte.

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O Código Civil, dispõe acerca das seguintes formas de morte:

• Morte real
• Morte presumida
➢ Sem declaração de ausência
➢ Com declaração de ausência

a) Morte Real:

Pressuposto: Quando se trata como morte real, há um corpo identificado, com o exato momento da morte. Isso é
relevante para a abertura da sucessão.

Momento: No Brasil, considera-se como morte real, a morte encefálica, diagnosticada. A partir daí cessará a
personalidade.

b) Morte Presumida (Art. 7º CC)

Pressuposto: Não ter corpo.

• Sem a decretação de ausência: Alguém em perigo de vida, de tal modo que a morte seja,
extremamente provável.

Exemplo: Desaparecido em campanha de guerra, feito prisioneiro, não encontrado até dois anos, após o término
da guerra.

O reconhecimento somente pode ser postulado judicialmente. O juiz determina a ausência, e uma data
aproximada de falecimento.

• Com decretação de ausência: A pessoa desaparece do seu domicílio.

Fases:

1º juiz faz a declaração de ausência – reconhece a figura do ausente.

2ª nomeia um curador – para os bens do ausente.

3ª sucessão provisória – prazo para a sucessão provisória: transmitindo provisoriamente os bens do


ausente, e o prazo vai depender de alguns critérios. Serão 2 prazos: 1 ou 3 anos:

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➢ Se o ausente não deixou procurador, o prazo será de 1 ano.

➢ Quando o próprio ausente deixar designado um procurador, a probabilidade de ele estar vivo é
maior, portanto, o prazo será de 3 anos.

4ª sucessão definitiva – trata-se de um longo processo de ausência para a confirmação da sucessão


definitiva e será de 10 anos a partir do trânsito em julgado.

Exceção: Se o ausente tiver completado 80 anos e as últimas notícias que se tiverem dele, tiverem sido há 5 anos,
o juiz poderá declarar a sucessão definitiva. O STJ reconhece que quando se aplica a exceção, vai direto para a
sucessão definitiva, não sendo necessário passar pela 3ª fase, da sucessão provisória.

c) Ausência (art. 22 ao 29 do CC)

Consiste no estado declarado, por decisão judicial da pessoa que se encontra em local incerto por longo
período.

Desaparecimento é noticiado ao juiz por qualquer interessado ou MP.

Na 1ª fase ocorre a curadoria – localização, arrecadação e avaliação, por cônjuge, ascendente ou


descendente.

OBS.: O cônjuge não poderá estar separado há mais de dois anos.

Poderá ser indicado um curador dativo, nomeado pelo juiz, se o ausente não deixou representante ou
procurador a ação de 1 ano e se deixou 3 anos.

Na 2ª fase ocorre a sucessão provisória – 10 anos

Nesta fase a posse dos bens será transmitida aos possíveis herdeiros.

Apenas o gozo e a fluição serão transmitidos.

Não poderão os herdeiros vender os bens

Se não for o CADI (cônjuge, ascendente, descendente ou irmão), qualquer outro interessado dependerá de
caução.

Se for do CADI fica com 100% dos frutos se for outro interessado com 50%

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Na 3ª fase ocorre a sucessão definitiva

Ocorre a transferência de bens aos herdeiros resolúvel.

Se o ausente retorna, adquire os bens no estado em que se encontra.

Essa fase pode ser antecipada, se o ausente desaparecer com 80 anos ou mais, e a última notícia de seu
desaparecimento for de 5 anos.

IV. Capacidade Civil

É a capacidade de fato para o indivíduo exercer sozinho os seus direitos. Não se confunde com capacidade
de direito para titularizar direitos.

a) Plenamente capazes

Maior de 18 anos; pessoa com deficiência (Lei 13.146/2015, Art. 6º Estatuto da Pessoa com Deficiência).

b) Plenamente Incapazes

• Absolutamente Incapaz Art. 3º CC – menor de 16 anos


• Relativamente Incapaz Art. 4º CC – maiores de 16 anos ou menores que 18 anos
• Ébrios habituais
• Viciados em tóxicos
• Pródigos
• Por causa transitória ou permanente não possa exprimir vontade

Obs.: Art. 5º - Emancipação

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PESSOA JURÍDICA

É o ente constituído pelo ser humano ou pela lei, que possui da ordem jurídica, personalidade distinta dos
seus membros ou instituidores, tendo assim, uma individualidade própria para ser titular de direitos e deveres (Art.
49 A, incluído no CC pela Lei 13.874/2019).

É possível desconsiderar a personalidade da pessoa jurídica, para estender as obrigações dela ao patrimônio
pessoal de seus membros, quando há fraude; casos de desvio de finalidade; confusão patrimonial; e outros (art. 50
do CC).

Art. 133 do CPC: permite a Desconsideração Inversa da Personalidade Jurídica (estender obrigações dos membros
para a PJ)

A administração da pessoa jurídica é exercida pelos administradores, nos limites previstos no Ato
Constitutivo ou Contrato Social dos seus poderes.

A administração coletiva das decisões se dá pela maioria dos presentes na assembleia, exceto quando há
previsão em contrário no Ato Constitutivo ou no Contrato Social.

Decai em 3 anos o direito de anular essas decisões, quando violarem o estatuto, a lei ou estiverem viciadas
(erro, dolo...).

A Lei 14.382/2022, inclui o art. 48-A no CC para permitir as assembleias virtuais.

A pessoa jurídica se classifica em:

a) Direito público: de direito interno - União, Estados, DF, Município, autarquias, inclusive associações
públicas, e demais entidades de caráter público criadas por lei).

b) Direito Público: de direito externo - Estados estrangeiros e todas as pessoas regidas pelo Direito
Internacional Público.

c) Direito Privado: Atenção - mudança com a lei 14.382/2022, associações civis, fundações privadas,
sociedades, organizações religiosas e partidos políticos.

O início da existência legal da pessoa jurídica de direito privado, começa com o registro do Ato Constitutivo
no órgão competente na Junta Comercial Estadual.

A existência legal da pessoa jurídica de direito público, começa com a lei que a criou.

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DIREITO DA PERSONALIDADE

Art. 11 ao 21 do CC.

Objetiva a proteção da integridade em todas as suas formas de pessoa natural.

Surgem após as grandes Guerras Mundiais, onde a integridade do ser humano foi vilipendiada.

Exemplos: Direito à vida, à integridade, ao corpo vivo, ao corpo morto, às partes separadas do corpo (órgãos e
tecidos), ao nome, à imagem, à honra, à intimidade, à vida privada etc. (rol exemplificativo).

Existem duas características básicas desses direitos:


• Intransmissíveis: Não podem ser transmitidos, são inalienáveis, impenhoráveis, incomunicáveis
etc.; e

• Irrenunciáveis: Não podem ser objeto de renúncia em contratos. Não se admitem imposição de
limitação voluntária. Salvo casos com previsão legal.

I. Tutelas Jurisdicionais

• Ação Cautelar: Tem como objetivo impedir a lesão de um direito da personalidade (ação de
natureza preventiva).
• Ação Indenizatória: Tem como objetivo pleitear uma indenização pela lesão do direito da
personalidade.

• Legitimidade para as Ações: Inicialmente, a vítima que é titular do direito da personalidade. No


caso de morte, a lei legitima para ajuizar as devidas ações: ascendentes, descendentes, cônjuge ou companheiro e
colaterais até 4° grau (legitimadas indiretas, pois pleiteiam em nome próprio) – da pessoa morta.
Sofrem dano em ricochete (atinge terceiros).

II. Proteção ao Corpo Vivo

É um direito da personalidade. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo
(indisponível), quando importar na diminuição permanente da integridade física ou contrariar os bons costumes.

Wannabes – querem amputar voluntariamente partes do corpo – é proibido.

Exemplo: Excessos de procedimentos que colocam a vida em perigo, passar dos limites (tatuagens, piercings, língua
de dragão, mutilações, gel estéticos, Ken humano etc.).

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III. Proteção do Corpo Morto

É válida, com o objetivo científico ou altruísta, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte,
para depois da morte.

Ato de Disposição – Permissão ou proibitivo

• Doação do corpo para faculdades estudá-los.


• Doação de órgãos e tecidos para fins de transplante.

➢ Consenso afirmativo: quando o ato for para permitir a doação.

➢ Consenso negativo: para proibir a doação.

Este ato pode não ter forma solene, imposta pela lei (instrumento particular, escritura pública, documentos
oficiais).

IV. Direito ao Esclarecimento e Morte Digna

Ninguém pode ser constrangido a se submeter, com risco de vida, a tratamento médico ou intervenção
cirúrgica.

Obriga o médico a dar ao paciente, o direito de escolha do seu tratamento, ainda que opte pelo que lhe
dará menos tempo de vida (consentimento informado).

É possível fazer a Diretiva Antecipada de Vontade (DAV). É feita para antecipar um momento de
inconsciência, onde a pessoa indica o que não quer passar (testamento vital), há disposição muito semelhante no
art. 11 do EPD.

V. Proteção ao Direito de Imagem

O art. 20 do CC, autoriza a pessoa a fazer o Requerimento Proibitivo, para proibir a transmissão de uma
palavra ou um escrito, publicação ou utilização da imagem de uma pessoa, desde que não tenha autorizado.

Exceções de inaplicabilidade desse artigo:


• Biografias não autorizadas.

• Questões relacionadas à internet, onde se aplica o Marco Civil (lei 12.965/2014), exceto conteúdo
erótico.

Quem pode requerer: A vítima, o morto, os descendentes, os ascendentes, o cônjuge e os companheiros (VEDADO
aos colaterais).

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PARTE GERAL – DOMICÍLIO

Existem dois princípios recepcionados pelo Código Civil que norteiam as regras frente ao domicílio, são eles:

Princípio da voluntariedade (liberdade de escolha): em regra, é a própria pessoa que escolhe o seu
domicílio;

Princípio da pluralidade de domicílios: uma mesma pessoa pode ter mais de um domicílio.

Formas de Domicílio:
i. Voluntário (artigo 70 e seguintes do Código Civil): é o local onde a pessoa natural estabelece
residência, com ânimo definitivo (intenção de permanência), o domicílio voluntário pode atingir ainda:
• A pessoa natural que tem mais de um domicílio residindo de forma alternada, com ânimo definitivo,
cabe a ela, a escolha do seu domicílio.

• A pessoa natural que não possui residência habitual, tem como domicílio o local em que for
encontrado.

Exemplo: Ciganos, moradores de rua, circenses.

ii. Profissional: é o local onde a profissões é exercida, sendo exercida em dois ou mais lugares, será
em qualquer um deles, sendo observado a relação que lhe corresponder.

Exemplo: A profissão é exercida na Avenida Paulista e na Rua da Liberdade - se eu te contratei na Avenida Paulista,
eu vou usar o seu domicílio da Avenida Paulista, observando a nossa relação.

iii. 3. Necessário/Legal: são hipóteses de pessoas em que a lei estabelece onde será o seu respectivo
domicílio (artigo 76 do código Civil), a saber:
a. os incapazes têm como domicílio, o domicílio dos seus representantes;

b. o servidor tem como domicílio o local onde permanentemente exerce suas funções;

c. o militar tem, em regra, como domicílio o local que está servido, ocorre que sendo militar da
marinha ou da aeronáutica, o domicílio será a sede de comando que estiver imediatamente subordinado;

d. o marítimo tem como domicílio o local em que o navio estiver matriculado;

e. o preso tem como domicílio o local em que está cumprindo a sentença, ou seja, apenas tem
domicílio necessário o preso definitivo.

iv. Contratual: nos contratos escritos, os contraentes podem pré-estabelecer o domicílio em que
exercerão seus direitos e obrigações com origem naquele instrumento.

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BENS

Conceito:

Bens são todas as coisas materiais ou não, que possuem algum valor econômico, podendo vir a ser objeto
de uma relação jurídica.

Para se considerar um bem como parte de uma relação jurídica, é preciso preencher alguns requisitos
básicos:

• Idoneidade

• Gestão econômica autônoma

• Subordinação jurídica ao seu titular

Os bens são divididos em:

• Bens considerados em si mesmos;

• Bens reciprocamente considerados e

• Bens quanto titular do domínio público e particulares.

I. Bens Considerados em Si Mesmo

a) Bens móveis: são todos aqueles que podem ser transportados através de movimentos forçados,
sem que sofra qualquer alteração da substância ou da destinação econômica-social ou por seus próprios
movimentos. Exemplo: eletrodomésticos; celular; roupas; livros; carros e vários outros.
b) Bens móveis por natureza: são todos aqueles que podem ser transportados naturalmente, por força
própria ou estranha. Exemplo: animais.
c) Bens móveis por determinação legal: são aqueles com fins legais, são os direitos reais sobre o
objeto móvel, assim como, os direitos pessoais patrimoniais e suas ações. Exemplo: o direito autoral sobre um
objeto móvel; desenhos industriais; obras artísticas.
d) Bens móveis por antecipação: são aqueles bens incorporados ao solo, mas tem o objetivo de
transformá-los em moveis. Pode-se dizer que, são os bens imóveis que surge uma vontade humana e que se
mobiliza em função de uma finalidade econômica.
e) Bens imóveis: são aqueles que não podem ser deslocados. Exemplos: apartamento; casas; túneis.
f) Bens imóveis por natureza: são aqueles que possuem o solo, a superfície, e os acessórios, além das
adjacências naturais. Exemplo: árvores, construções.

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g) Bens imóveis por acessão intelectual: são todos aqueles imóveis devido à vontade
intencionalmente do proprietário de determinado bem. Exemplo: máquinas agrícolas; tratores; arados; animais
ligados em determinada fazenda - todos são colocados no imóvel por seu devido proprietário, para assim serem
realizados os fins do desejo do empreendedor.
h) Bens imóveis por determinação legal: são aqueles que não podem ser móvel ou imóvel, porém,
para de fins de segurança jurídica o legislador considerá-lo imóvel. Exemplo: usufruto; habitação e outros, o penhor
agrícola e as ações que o asseguram; direito a sucessão aberta.
i) Bens individuais ou singulares: são aqueles que, mesmo em conjunto são independentes dos
demais bens ali presentes. Exemplo, um carro, um boi. Apesar de não fazer parte de uma concessionária ou uma
boiada, podem ser vendidos separadamente, não são dependentes concessionária ou da boiada.
j) Bens coletivos ou universais: são aqueles que, mesmo sendo compostos por muitas coisas
singulares, se consideram em conjunto, assim formando um todo, formando uma unidade, assim passa a ter
individualidade própria. Exemplo: floresta; rebanho; uma biblioteca.
k) Bens fungíveis: são bens móveis que podem ser trocados; substituídos por outro bem da mesma
espécie; quantidade e qualidade. Exemplo: dinheiro, roupas.
l) Bens infungíveis ou não fungíveis: são aqueles insubstituíveis; que não podem ser trocadas, porque
são únicas. Um bem infungível não tornara um bem fungível, mas um bem fungível, poderá tornar-se infungível no
momento em que o mesmo se tonar único ou com poucos exemplares.
m) Bens divisíveis: são aqueles que podem ser divididos; repartidos.
n) Bens indivisíveis ou não divisíveis: são aqueles que não podem ser divididos; separados;
fracionados, sem que lhes ocorra uma alteração na sustância. Exemplo: animais.
o) Bens corpóreos e incorpóreos: os bens corpóreos são todos aqueles que tem existência material.
Exemplo: uma casa; um livro; um terreno; uma roupa. Já os bens incorpóreos são os que não possuem uma
existência real, são relativos aos direitos que as pessoas físicas ou jurídicas possuem sobre as coisas, apresentando
valor econômico.
p) Bens consumíveis e inconsumíveis ou não consumíveis: os bens consumíveis são os que não duram
eternamente; são aqueles bens que vão se destruindo conforme são utilizados pelos seus donos. Exemplo:
alimentos; bebidas. Já os bens inconsumíveis, são os que possuem natureza durável, que podem ser utilizados por
um longo prazo, porque não se destroem rapidamente.

II. Bens Reciprocamente Considerados

a) Bens principais: são todos aqueles bens que não dependem de outro; são independentes.
b) Bens acessórios: são todos aqueles que a sua existência supõe a existência do principal. O acessório
é aquele que acompanha o principal em seu destino, quando um bem principal se extingue, logo, o bem acessório
também.
c) Frutos: são aquelas coisas produzidas em um determinado tempo, e se forem retirados não iram
afetar o valor da coisa em si. Como as frutas brotadas das árvores, os vegetais, as crias dos animais. É tudo aquilo
que o bem pode gerar e pode ser recolhido sem que afete o seu valor. O fruto tem sua origem dividida em: naturais
e os industriais (aqueles que são construídos pela mão do homem).

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d) Produtos: são aqueles que se extraídos de algo diminui a sua quantidade. Assim percebemos que
são diferentes dos frutos, porque sua colheita não diminui o valor e nem a substância, nos produtos já se diminui.

e) Pertenças: são os bens móveis que não constituindo partes integrantes como os frutos, produtos e
benfeitorias, estão afetados por uma forma duradoura ao serviço ou ornamentação do outro.
f) Benfeitorias: as benfeitorias podem ser necessárias, quando são feitas para a conservação
(pagamentos de impostos; obras); úteis, quando servem para criar condições ao uso de algo; ou voluptuárias,
quando são utilizadas para fins de beleza, como jardins.

III. Bens quanto ao Título do Domínio: Públicos e Particulares

O Código Civil no art. 98 considera públicos como “os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas
jurídicas de direito público interno. Já os particulares são definidos por exclusão “todos os outros são particulares
seja qual for a pessoa a que pertencerem”.

Em outras palavras, são aqueles que pertencem às pessoas jurídicas de direito público; políticos, à União;
aos Estados e aos Municípios.

Os bens particulares, são os que pertencem a pessoas naturais ou jurídicas de direito privado.

Os bens públicos são divididos em três:


• Públicos de uso comum do povo;
• Públicos de uso especial;
• Públicos dominicais.

IV. Outros Bens

a) Bens hereditários: são os que são transmitidos através da herança.


b) Bens imprescritíveis: são os que não estão sujeitos à usucapião.
c) Bens semoventes: são os que são constituídos por animais selvagens, domesticados ou domésticos.

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TEORIA GERAL DO NEGÓCIO JURÍDICO

a) Fato Jurídico – Fato + Direito

Fato importante (relevante) para o direito.

Todo fato jurídico, produz efeitos? Não, basta que seja ATO para surgir efeitos.

b) Fato Jurídico Natural ou Strictu Sensu

Características principais: ausência do elemento volitivo.

Exemplo: A chuva é elemento natural, mas se a chuva causar inundações e perdas, se tornará um fato jurídico

c) Ordinários

São eventos naturais e possíveis de ocorrer durante a vida.

Exemplos: Nascimento a morte.

d) Extraordinários

São eventos imprevisíveis e inevitáveis, como casos fortuitos ou de força maior.

Exemplo: Antes da escolha, o devedor não poderá alegar, perda da coisa incerta nem por caso fortuito ou de força
maior (art. 246 do CC).

“Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou


deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.”

O devedor em mora não pode alegar, perda ou esquivar-se de sua obrigação, por caso fortuito ou força
maior, se já estava em mora, a menos que comprove que a situação seria a mesma se não estivesse em mora (art.
399 do CC).

“Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da


prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de
força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar
isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação
fosse oportunamente desempenhada.”

e) Fato Jurídico Humano - Ato Jurídico Lato Sensu

Elemento volitivo (vontade): a conduta humana é importante para o direito.

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Ato Ilícito: é todo ato ao ordenamento jurídico, e não apenas a legislação, mas também a moral aos bons costumes,
e outros princípios do direito.

Abuso do direito: é um exercício excessivo de um direito, a ponto de violar, o direito de outra pessoa; abusivo com
intuito de prejudicar.

Ato Lícito: é todo ato que estiver de acordo com o ordenamento jurídico.

Ato Jurídico, strictu sensu: é a manifestação de vontade que produz efeitos impostos pela lei; o conteúdo e a
consequência são determinados pela lei.

Exemplo: Perfilhação, eu reconheço a paternidade, mas não quero pagar a pensão alimentícia. Não tem como isso
acontecer, pois está na lei.

Negócio Jurídico: a Lei é apenas o limite; é a manifestação de vontade que produz efeito desejado pelas partes,
dentro do limite legal.

Exemplo: O testamento é um negócio jurídico, manifestação de vontade.

ESCADA PONTEANA (ART. 104 DO CC)

EFICÁCIA

Condição: evento futuro e incerto

VALIDADE Termo: evento futuro e certo

Encargo: restrição de liberdade

EXISTÊNCIA Partes ou agentes: Outros


precisam de capacidade
Objeto: precisa ser lícito,
Agente possível, determinado ou
Objeto determinável
Forma Vontade: precisa ser
Vontade livre, haver
consentimento
Forma: tem de ser
adequada, prescrita ou
não proibida por lei

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“Art. 104, CC. A validade do negócio jurídico requer:

I - agente capaz;

II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

III - forma prescrita ou não defesa em lei.”

• Objeto: Lícito, possível, determinado ou determinável.

• Forma: Prescrita ou não defesa em lei.

• Vontade: Livre, consciente, não eivada de vícios de vontade (erro, dolo, coação, lesão e estado de perigo)

Obs.: Vícios sociais: Simulação e Fraude contra credores.

1. Vícios de Consentimento e Vícios Sociais

• Vícios de consentimento/Vontade: erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão.

• Vícios Sociais: Fraude contra credores.

O defeito está na manifestação de vontade. O prejudicado é sempre um contratante do negócio jurídico.

Nos vícios sociais, quem é o prejudicado é sempre o terceiro, quem não participa do negócio jurídico, como
por exemplo, na fraude contra credores.

O negócio jurídico deve ser livre de vícios.

a) Erro/ignorância: O erro é a falsa percepção da realidade. Já a ignorância é o completo


desconhecimento da realidade – Art. 138 do CC.

“Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações


de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido
por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do
negócio.”

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Consequências do erro para o negócio jurídico: anulável (anulabilidade); ação anulatória, prazo decadencial de 4
anos contados a partir do dia da celebração do negócio jurídico.

Classificação do Erro:

Erro substancial: o aspecto relevante é anulável (ex.: material do relógio - achou que era ouro e não era).

Erro acidental: o aspecto não determinado do negócio jurídico não será anulável (ex.: embrulho do relógio – achou
que era madeira e era de plástico).

b) Dolo – Art. 145 do CC: É o induzimento malicioso a erro. “Quem erra, erra sozinho”, no dolo, a
pessoa é induzida a errar.

“Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este
for a sua causa.”

Consequências do Dolo para o negócio jurídico: anulável (anulabilidade); ação anulatória, prazo decadencial de 4
anos contados a partir do dia da celebração do negócio jurídico.

Classificação do Dolo:

Dolo positivo: é aquele que consiste em uma ação/conduta comissiva, e é anulável.

Dolo negativo: é aquele que ocorre por omissão/conduta omissiva, é necessário que a pessoa tenha a informação
que foi omitida, e é anulável.

Dolo recíproco/bilateral: é aquele que ambos os contratantes agem com dolo e se enganam, permanece válido. O
negócio jurídico não será anulável. O dolo de um, compensa o dolo do outro.

c) Coação – Art. 151 do CC: é a pressão ou ameaça para que uma pessoa realize um negócio jurídico.
A ameaça deve ser séria (real) grave, causar fundado temor de dano e iminente. Pode recair sobre um bem ou
sobre uma pessoa.

“Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal


que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e
considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.

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Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família
do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve
coação.”

Consequências para o negócio jurídico: é anulável; ação anulatória; prazo decadencial de 4 anos a contar do dia
que cessar a coação.

OBS.: Art. 152 e 153 do CC.

“Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a


condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais
circunstâncias que possam influir na gravidade dela.”

“Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de


um direito, nem o simples temor reverencial.”

d) Estado de perigo – Art. 156 do CC: consiste na celebração de um negócio jurídico com onerosidade
excessiva, pois o contratante prejudicado precisava salvar a si próprio, um familiar ou um amigo íntimo de uma
situação de perigo de morte ou grave dano moral conhecida do outro contratante.

“Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido


da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano
conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente
onerosa.

Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do


declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias.”

Requisito Objetivo: onerosidade excessiva; quem analisará será o juiz e vai considerar o momento da celebração
do negócio jurídico, o que ocorrer depois não tem relevância.

Requisitos subjetivos:

• A situação de perigo.

• Deve ser conhecida de outro contratante.

Consequências para o negócio jurídico: anulabilidade; ação anulatória; prazo de 4 anos a contar da data da
celebração do negócio jurídico.

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e) Lesão – Art. 157 do CC: consiste na celebração de um negócio jurídico com onerosidade excessiva,
pois o contratante prejudicado se encontrava em situação de premente necessidade ou inexperiência.

“Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente


necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação
manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
§ 1 o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores
vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
§ 2 o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido
suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a
redução do proveito.”

Requisitos objetivos: onerosidade excessiva (prestação manifestamente desproporcional).

Requisito subjetivo: premente necessidade (de contratar) ou inexperiência (social, negocial, jurídica, técnica etc.)

Atenção! para que o negócio jurídico seja anulado não é necessário provar que a outra parte sabia.

Consequências: anulabilidade; ação anulatória; prazo de 4 anos a contar da data da celebração do negócio jurídico.

f) Fraude contra Credores – Art. 158 do CC: consiste na atuação maliciosa do devedor insolvente, ou
na iminência de assim se tornar, que se desfaz de seu patrimônio procurando não responder pelas obrigações
anteriormente assumidas. Ato de alienação ou doação com o objetivo de não pagar.

“Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de


dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à
insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos
credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.

§ 1 o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar


insuficiente.

§ 2 o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem


pleitear a anulação deles.”

Requisitos:
• Anterioridade da dívida/obrigação;

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• Evento danoso (reduzir a condição de insolvente);

• Conluio fraudulento ou ciência da fraude – este último requisito só precisa ser provado quando o
negócio jurídico for oneroso (compra e venda). Quando gratuito (doação), esse requisito é dispensado.

Consequências: anulabilidade; ação Pauliana; prazo de 4 anos contados a partir da data da celebração do negócio
jurídico.

g) Simulação – Art. 167 do CC: no CC /16 era uma espécie de vício do negócio jurídico. No CC/2002, o
legislador mudou a matéria de capítulo (invalidade do negócio jurídico). Deixou de ser vício e passou a ser causa de
nulidade do negócio jurídico.

“Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se


dissimulou, se válido for na substância e na forma.

§ 1 o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:

I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas


daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;

II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não


verdadeira;

III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.

§ 2 o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos


contraentes do negócio jurídico simulado.”

Conceito: é um negócio jurídico falso; a vontade interna (intenção) é uma e vontade externa (manifestada) é outra.

Simulação absoluta: tudo é mentira, sendo assim tudo é nulo.

Simulação relativa: nem tudo é mentira, logo nem tudo é nulo (princípio da conservação do negócio jurídico).

Consequências: o negócio jurídico será NULO (nulidade), ação declaratória de nulidade imprescritível.

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TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES (MODALIDADES DAR, FAZER E NÃO FAZER)

Obrigação é o vínculo jurídico de colaboração entre credor e devedor, na busca do adimplemento.

O credor tem o dever de facilitar, colaborar com a obrigação por parte do devedor.

Teoria do Adimplemento Substancial:

Enunciado 361 do CJF e Art. 475 CC.

“Enunciado 361, CJF:


O adimplemento substancial decorre dos princípios gerais contratuais,
de modo a fazer preponderar a função social do contrato e o princípio
da boa-fé objetiva, balizando a aplicação do art. 475.”

“Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução


do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em
qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.”

Resolução Contratual: se pagou, adimpliu substancialmente com o contrato. Sempre que o devedor adimplir
substancialmente com sua obrigação, o credor não poderá resolver o contrato.

O princípio do adimplemento substancial, é fundamentado na boa-fé objetiva, e afasta a resolução do


negócio quando o cumprimento foi realizado em grande monta, de modo substancioso, ou seja, se a parte
inadimplida é mínima em relação ao todo.

Deve avaliar a conduta do devedor, a pontualidade no pagamento, o saldo quitado, a satisfação e o


interesse do credor, que nasce do princípio da boa-fé objetiva.

Conforme previsão do art. 313, CC, o credor não pode ser obrigado a aceitar prestação diversa daquela
compactuada mesmo que mais valiosa.

“Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que


lhe é devida, ainda que mais valiosa.”

Regras fundamentais do direito obrigacional:

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a) Ad impossibila nemo tenetur (impossível ninguém está obrigado)

Se o cumprimento da obrigação se tornou impossível, a obrigação se extingue/resolve.

Houve culpa?

Se a impossibilidade ocorreu:

• Por culpa do devedor: Deve o equivalente à prestação + perdas e danos.

• Sem culpa do devedor: Não deve o equivalente, nem perdas e danos.

OBS.: se o credor receber algo, ele devolve, enriquecimento injustificável.

b) Favor debitoris (Favor do devedor)

O direito sabe que é muito mais difícil a posição de devedor, por isso sempre que possível, favorecerá o
devedor.

Regra: para propositura de ação, no silêncio, considera-se o domicílio do devedor.

Exceção: art. 237, § único do CC, havendo 2 ou mais lugares a escolher, a escolha caberá ao credor.

“Art. 237, Parágrafo único, CC. Os frutos percebidos são do devedor,


cabendo ao credor os pendentes.”

OBS.: efeito repristinatório da obrigação originária.

Se ressuscita a primeira obrigação, diante da evicção da coisa dada em pagamento – Art. 359 e 447 do CC.

“Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento,


restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação
dada, ressalvados os direitos de terceiros.”

“Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção.


Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em
hasta pública.”

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1. Modalidades de Obrigações de Dar, Fazer e Não Fazer

1) Obrigação de Dar

A obrigação de dar, consiste na entrega de uma coisa.

Regras gerais das obrigações de dar:

a) No Brasil, o contrato não transfere propriedade, bens móveis entrega da coisa e o bem imóvel com
o registro.

b) Quem sofre o prejuízo pela perda do bem é o dono.

c) Se o devedor não teve culpa na perda do bem, não pagará perdas e danos nem devolverá o
equivalente.

OBS: art. 279 do CC: se a obrigação for solidaria e houver culpa, todos devem restituir o equivalente, mas apenas o
culpado responderá por perdas e danos.

2) Obrigação de Dar Coisa Certa

Consiste na obrigação de dar coisa determinada.

Venda de Carro:

Exemplo: uma BMW de R$ 100.000,00 para entregar, o comprador pagou antes e o devedor ficou de fazer a
tradição, (de levar), mas no caminho foi assaltado e levaram o carro. O vendedor teve culpa? Não, não terá que
pagar por perdas e danos ao comprador. Mas como o carro já havia sido pego, terá que restituir o valor pago.

Distração:

Exemplo: Um carro de R$ 100.000,00 recebi pelo carro e ao ir entregar no local combinado, bati em um poste. tive
culpa? Sim, então terei que devolver o equivalente e perdas e danos - Art. 402 do CC.

Enchente:

Exemplo: Vendi o carro, entreguei, mas o comprador pede para deixar guardado até o dia seguinte na garagem.
Durante a noite acontece uma enchente e alaga tudo, inclusive o carro que estava na garagem, que havia sido
vendido também. Houve Culpa? Não, foi uma enchente, quem fica com o prejuízo é o dono, pois havia sido feita a
tradição.

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OBS: art. 237, § único do CC – A e B, fazem negócio de venda de uma vaca, e a vaca está prenha. Até a tradição os
bezerros serão do vendedor, após a tradição serão do comprador.

3) Obrigação de dar Coisa Incerta

Coisa incerta é aquela indeterminável, porém ao menos pelo gênero ou pela quantidade.

Concentração: é a escolha. Salvo disposição contraria a escolha cabe ao devedor.

“Genus no perit” – o gênero não perece, art. 246 do CC, antes da concentração, não o devedor alegar a
perda da coisa.

4) Obrigação de Fazer

O devedor é secundário, por isso no caso de mora na obrigação de fazer fungível, no caso de mora o credor
poderá pedir para o juiz que terceiro execute ou em caso de urgência o próprio credor pode fazer e ser ressarcido.

Obrigação de fazer infungível – personalíssimo.

O devedor foi escolhido por exclusividade, poderá cominar uma multa diária.

5) Obrigação de Não fazer

O devedor não SE abstém, de fazer algo que a lei ou contrato ele faria. Art. 250 e 251 do CC.

“Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa
do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a
não praticar.”

“Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara,


o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua
custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.

Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou


mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem
prejuízo do ressarcimento devido.”

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2. Obrigações Alternativas/Divisíveis e Indivisíveis/Solidariedade

a) Obrigações alternativas

É a obrigação que comporta duas ou mais prestações das quais somente uma será escolhida, para
pagamento ao credor e liberação do devedor.

Regras da escolha:

No silêncio, a escolha é do devedor, se as partes não combinarem, não pactuarem em contrato.

Se o terceiro indicado não escolher, o juiz escolherá.

Não pode o devedor obrigar o credor, a receber parte em uma prestação e parte em outra. Art. 252, §1º
do CC.

“Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se


outra coisa não se estipulou.

§ 1º. Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma


prestação e parte em outra.”

Se o credor aceitar, configura dação em pagamento.

No caso de coisa incerta, vai haver o momento da escolha, que, em regra, compete ao devedor.

Se a obrigação for periódica, a escolha se dá em cada período.

b) Obrigações Divisíveis e Indivisíveis

• Obrigação Divisível

É aquela que pode ser fracionada entre os vários sujeitos e como regra se divide por igual, entre os sujeitos
credores ou devedores, de acordo com o brocardo concurso partes fiunt.

Diante pluralidade de partes, será discutida se a obrigação é divisível ou indivisibilidade.

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• Obrigação Indivisível

Quando ela não pode ser fracionada por razões naturais ou por força de convenção. Ainda, por acordo de
vontade ou natural/física, critério financeiro, econômico ou utilitarista.

Se a utilidade da coisa, ao ser divisível perde a qualidade, a perda não terá como utilizar.

Consequências da indivisibilidade:

Pluralidade de devedores – cada um será obrigado pela dívida toda. E o devedor que pagou, se sub-roga no
direito do credor para cobrar os demais, art. 259 do CC, terá o direito de regresso.

“Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for
divisível, cada um será obrigado pela dívida toda.

Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito


do credor em relação aos outros coobrigados.”

Pluralidades de credores – poderá cada um deles exigir a dívida inteira, o pagamento, entretanto tem que
se dar a todos conjuntamente ou a só um desde que se mostre autorizado.

c) Solidariedade

A solidariedade consiste na concorrência de mais de um credor ou mais de um devedor; cada um com


direito ou obrigado com a dívida toda, art. 264 do CC.

“Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre


mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou
obrigado, à dívida toda.”

Impossibilidade de presunção, ou seja, nunca se presume a solidariedade, ou decorre de lei ou da vontade


das partes.

Modalidade de solidariedade:

• Solidariedade Ativa

Dois ou mais credores podem exigir ou receber a dívida toda. Não preciso pagar conjuntamente, o devedor
tem liberdade para pagar o credor que ele quiser, não precisa pagar a todos nem o com autorização.

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Essa liberdade fica limitada, até quando qualquer dos credores propõe ação de cobrança, aí a dívida terá
que ser paga a esse que propôs a ação.

Pode ser feito o pagamento fora dos autos, mas o mais seguro é pagar nos autos.

• Solidariedade passiva

Ocorre quando dois ou mais devedores, que estão obrigados, pela dívida toda.

Efeitos da solidariedade passiva:

A propositura de ação por parte de um credor contra um devedor solidário, nunca importará em renúncia
a solidariedade.

Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, ele responderá pela integralidade do
débito a aquele que pagar a dívida.

Exemplo: Fiadores, avalistas.

É permitido ao credor, sem renunciar a seu crédito; renunciar a solidariedade em favor de um, de alguns
ou de todos os devedores. Art. 282 do CC.

“Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um,


de alguns ou de todos os devedores.

Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais


devedores, subsistirá a dos demais.”

3. Obrigações/Pagamento Direto e Indireto

Obrigações:

a) Pagamento direto

Quem pode cumprir o pagamento, “solvens”: o devedor ou o terceiro interessado e o terceiro não
interessado.

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Pagamento pelo terceiro interessado: é aquele que efetiva ou potencialmente experimenta os efeitos do
inadimplemento.

Exemplo: O fiador.

Qual o efeito jurídico, sub-rogação (substituição)? O terceiro interessado paga no lugar do devedor paga,
subsidiário.

Efeitos pelo terceiro interessado:

Efeito sub-rogação: nos direitos do credor, passa a ser o credor do devedor de quem fez o pagamento.

O terceiro não interessado: não há sub-rogação.

O terceiro não interessado pode ser feito em nome próprio ou em nome do devedor. Mas se for feito no
nome do devedor não tem direito à regresso.

Já se o terceiro fizer em nome próprio tem direito de regresso.

Exceção: não autorizado ou desconhecimento pelo devedor e ele tivesse condição de pagar e o terceiro pagar, não
tem direito ao reembolso.

Quem recebe? O credor ou terceiro.

O pagamento para o terceiro é ineficaz.

Exceção: credor putativo – art. 308, 309 do CC.

“Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito


o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou
tanto quanto reverter em seu proveito.”

“Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido,


ainda provado depois que não era credor.”

Princípio da Prestação Exata:

O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.

Despesas com o pagamento e quitação não havendo previsão presume-se a cargo do devedor.

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b) Lugar do Pagamento

• Lugar do pagamento do devedor “querable”.

• Lugar do pagamento do credor “portable”.

Regra: não havendo previsão domicílio do devedor, obrigação querable.

Exceção: domicílio do credor obrigação portable, se for convencionado, previsto em lei e em razão da natureza ou
das circunstâncias.

c) Momento do Pagamento

Regra: Não havendo previsão, poderá o credor de exigir o pagamento imediato, art. 331 do CC.

Se houver prazo determinado só poderá cobrar a data do implemento da condição.

Art. 333: ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou
marcado: no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores bem hipotecado por outro credor.

Se a garantia cessar ou se tornar ineficiente e o devedor não substituir reforçar.

d) Pagamento Indireto

A extinção da obrigação se dá com o pagamento, que pode ser:

• Indireto (artigos 334 até 388 Código Civil): que é o cumprimento da prestação de forma diversa da
pactuada, podendo ser:

a) Consignação em pagamento (artigos 334 a 345 do Código Civil e 539 a 549 do Código de Processo
Civil trazendo o procedimento especial a ser adotado): depositar o objeto da prestação em juízo ou não, em razão
de uma impossibilidade por parte do credor;

Hipóteses com previsão no artigo 335 do Código Civil, são elas:

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I - Se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida
forma;

II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;

III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou
de acesso perigoso ou difícil;

IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;

V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

Requisitos de eficácia da consignação, serão:

I. Requisitos subjetivos:

A consignatória será dirigida contra o credor capaz de exigir o seu cumprimento, incluindo representante
legal ou mandatário;

O pagamento em consignação será feito por pessoa capaz de pagar, isto é, pelo próprio devedor, pelo seu
representante legal ou mandatário, ou por terceiro interessado ou não em nome do devedor.

II. Requisitos objetivos:

Quanto ao objeto: o adimplemento implica em entregar ao credor exatamente aquilo que foi pactuado e na
quantidade avençada, abrangendo ainda a totalidade da prestação devida, incluindo os frutos, juros e despesas.

Quanto ao lugar: deve ser consignado no local convencionado.

Quanto ao tempo: deve ser feito no tempo fixado, contudo, estando em mora, a consignação poderá ser feita com
a inclusão dos encargos da mora, não podendo o credor já ter ingressado com demanda para receber o
adimplemento da obrigação.

b) Sub-rogação;
c) Imputação do pagamento;
d) Dação;
e) Novação;
f) Compensação;
g) Confusão;

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h) Remissão.

Consignação em pagamento:

Formas: Judicial ou Extrajudicial.

Hipóteses e causas de pagamentos indiretos - art. 335 do CC.

Culpa do credor: não for buscar e não mandar buscar no lugar, condições devidas.

• Se recusa a receber, sem justificativa ou dar quitação.


• Se o credor for incapaz de receber.
• Se o credor for ausente ou desconhecido.
• Quando o credor residir em lugar incerto, não sabido ou perigoso ou de difícil acesso.
• Se perder litígio sobre o objeto do pagamento.
• Dúvida sobre para quem pagar.

Sub-rogação:

Substituição: art. 346 e seguintes do CC.

Legal: prevista em lei, pagamento por terceiro interessado.

Convencional: art. 347 do CC, credor recebe de terceiro interessado e expressamente transfere os direitos – 3º
empresta a quantia ao devedor sob condição de ficar sub-rogado.

“Art. 347. A sub-rogação é convencional:


I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente
lhe transfere todos os seus direitos;
II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para
solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-
rogado nos direitos do credor satisfeito.”

Efeitos: transfere-se todos os direitos e garantias.

Imputação:
Apontar, especificar, indicar, qual dívida está sendo paga.

Cabimento: 2 ou mais dívidas líquidas, vencidas e mesma natureza e mesmo credor.

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Quem faz a imputação? Cabe às partes – pode o credor ou devedor, imputar.

Imputação legal: art. 354 e 355 do CC.

“Art. 354. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro


nos juros vencidos, e depois no capital, salvo estipulação em contrário,
ou se o credor passar a quitação por conta do capital.”

“Art. 355. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação


for omissa quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e
vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e
vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa.”

Dívida liquida a que vence primeiro.

Mesmo vencimento imputa no mais onerosa.

Dação em pagamento:
• Cumprimento do pagamento com prestação diversa.
• Pode ou não aceitar.

Requisitos:
• Quando a dívida estiver vencida.
• Consentimento do credor.

Novação:
As partes podem pactuar pagamento; extinção da dívida anterior com novo contrato.

Com consentimento do credor.

Efeitos:
• Extinção da obrigação primitiva, a primeira obrigação.
• Extingue as garantias (novação sem consentimento do fiador).

Exceção: Salvo se previsão em contrário.

Compensação:
Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credores e devedores uma da outra, as duas obrigações
extinguem-se, até onde se compensem.

• Líquidas e vencidas, fungíveis.


• Compensação entre as partes.

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Exceção: fiador.

Confusão:
Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor.

Remissão = Perdão da dívida.

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RESPONSABILIDADE CIVIL

Responsabilidade Civil – Extracontratual – Art. 186 do CC

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

Base: Ato ilícito.

Principais requisitos da responsabilidade civil:

• Obrigatórios essenciais:

▪ Conduta voluntária;
▪ Nexo;
▪ Dano prejuízo.

• Eventual/acidental:

▪ Culpa;

Depende da modalidade de responsabilidade.

Elemento conduta voluntária:

Ação de omissão, fazer 3 perguntas:

✓ Havia dever jurídico?

✓ Ação era possível?

✓ Ação era suficiente?

Na voluntária, não exige intenção, discernimento, previsibilidade.

▪ Atos involuntários não geram responsabilidade civil.

Nexo de causalidade, vínculo. Liame, entre a conduta ou dano.

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Danos ou Prejuízo materiais/patrimonial.

Emergente: dano positivo, efetivamente perdeu.

Lucros cessantes: dano negativo, aquilo que deixou de lucrar.

Dano Moral/extrapatrimonial:

▪ Dano moral social/objetivo, dano a honra.

▪ Dano moral subjetivo; dor da alma, sofrimento.

Dano moral social ou dano à honra, pessoa jurídica pode sofrer dano moral objetivo.

Pode cumular danos. Dano Material + Dano material + Dano estético.

Dano moral subjetivo, independe de prova.

Outros danos:
▪ Dano estético (dano que resulta do enfeiamento, lesão visível ou não, independe do local, exige
dano permanente não possível a irreverção). Súmula 387, STJ, que prevê o dano estético.

“Súmula 387 - É lícita a cumulação das indenizações de dano estético


e dano moral.”

▪ Dano por perda de uma chance

Perdeu a chance, requisitos:


Provável; Indenização inferior aos lucros cessantes;

Perdeu uma chance de obter lucro ou benefícios.

Jurisprudência: Programa Show do Milhão.

Culpa eventual:
É genérica em sentido estrito; violação do dever de cuidado, negligência, imprudência na responsabilidade
civil, deixar de cuidar, pode reduzir a indenização.

É diferente de dolo queria causar, à intenção a indenização será integral.

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Modalidades de responsabilidade civil:

Responsabilidades objetivas: conduta + nexo + dano independe de culpa.

Responsabilidade subjetiva: conduta + nexo + dano culpa.

Regra: subjetiva.

Exceção: objetiva, art. 927 do CC.

Hipóteses de casos expressos previstos em lei, teoria do risco, quando a atividade normalmente pelo autor
do dano implicar por sua natureza, risco para direitos de outrem.

Por ato de terceiro: alguém responde por danos causados por terceiro, art.932 do CC.

Pais pelos filhos menores;

Filhos emancipados respondem também, tutor ou curador;

Empregador por terceiros.

Tem direito de ação regressiva aquele que pagar por terceiro.

Exceção: descendente, absoluta ou relativamente incapaz, não tem direito de regressão.

Responsabilidade objetiva por ato de terceiro: art. 932 e 933 do CC – pais pelos filhos menores, mesmo que
emancipados, por curador, pelos pupilos, e curatelados, empregador por seus empregados.

Se seu animal atacar alguém o dono do animal tem responsabilidade objetiva.

Ruína de prédios, e das coisas, exemplos: vasos, latas e outros objetos a responsabilidade é objetiva, pelos danos
causados, responde pelos danos.

Indenização – art. 944 do CC.

“Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.


Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade
da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a
indenização.”

O juiz pode reduzir o valor da indenização, se ver a proporcionalidade entre culpa e valor da indenização.

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Responsabilidade Civil Contratual:

1) Indagar se a responsabilidade civil é contratual ou extracontratual (subjetivo exige culpa se for


objetivar independe de culpa).

2) Indagar se o inadimplemento foi involuntário ou foi culposo.

3) Indagar se o inadimplemento é absoluto ou relativo.

Se o inadimplemento foi com ou sem culpa da parte - se foi sem culpa, é inadimplemento involuntário ou
fortuito, se causado pela parte, será o inadimplemento voluntário, culposo.

Inadimplemento é absoluto ou relativo, é o interesse do credor se não tem interesse absoluto, se o credor,
ainda há interesse somente o atraso é relativo.

Inadimplemento Absoluto (fortuito/sem culpa):

Regra: A obrigação se resolve (não tem responsabilidade).

Exceção: Art.393 do CC - responde se expressamente houver cláusula se responsabilizando, -cláusula de assunção


de responsabilidade.

É vedada nos contratos de adesão.

Inadimplemento Absoluto Culposo:

Responsabilidade contratual: responde por perdas e danos.

Prazo prescricional: 10 anos para exercer sua pretensão.

Prescrição (art. 189 e seguintes, CC):

É a parte da pretensão (art. 189 do C.C).

Prescrição – prazos previstos em lei.

Não pode ser alterada pelas partes.

Preceito de ordem pública, por isso o juiz pode reconhecer de ofício.

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A renúncia ocorre somente após a consumação, não se admite a renúncia prévia.

Prazos prescricionais podem ser suspensos, impedidos e interrompidos.

Prazos Prescricionais – art.205 e 206 do CC, parte geral

Art. 205 – A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não fixar prazo menor.

Prazo geral subsidiário, quando se aplica, quando prescricional e a lei não fixar o prazo menor.

Art. 206 – Prazos específicos vai de 1 a 5 anos os prazos.

Focar nos § 2º (alimentos) anos, §4º e §5º, art. 206 do CC.

Decadência (art. 207 e seguintes, CC):

A decadência também está diretamente ligada ao decurso do tempo. Ocorre que nos casos de decadência,
o que o sujeito perde é o direito material, caso não o utilize dentro de determinado prazo.

Em outras palavras, o indivíduo tem o direito, mas como não formalizou o pedido para sua realização dentro
de determinado período de tempo, o direito caduca.

Os prazos de decadência podem ter origem na lei ou em acordos entre as partes envolvidas, sendo que os
referidos prazos estão dispostos em diversas partes do Código Civil.

Diferentemente da prescrição, o prazo decadencial não pode ser impedido, suspendido ou interrompido.

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CONTRATOS

1. Teoria Geral dos Contratos - Art. 421 ao 480 CC

Acontecimento capaz de gerar algo que consta na norma, em sentido amplo, estrito; definidos em lei e
negócio jurídicos, que consistem em atos humanos e pessoas jurídicas, através de decisões e efeitos que aquele
negócio vai gerar, sendo esses unilaterais ou bilaterais ou plurilaterais (conceito de contratos). Ou fatos jurídicos
em sentido estrito sem intervenção humana.

Contratos bilateral ou plurilateral: exigem sempre acordo de duas ou mais vontades, requisitos validade dos
negócios, agente capaz, comportamentos que são reconhecidos atos a gerar – art. 117 e 104.

Requisitos de validade de ordem objetiva.

Princípio de contratar ou da autonomia privada:

• Prerrogativa que o sujeito tem através dos contratos.

• Aspectos da autonomia contratar ou não, liberdade de escolha, definição do conteúdo.

• Limitações obrigatório observar as cláusulas, bons costumes, proteção ao contratante vulnerável.

Princípio do Consensualismo:

• O vínculo contratual se forma no instante em que ocorre o acordo de vontade dos contratantes.

Exceções: nos contratos formais solenes, como os de imóveis, escrito e por escritura pública.

• Contratos reais – só se consideram celebrados os instantes que um dos contratantes entrega a


outro a coisa que após deverá ser devolvida (contrato real, empréstimo de mútuo (dinheiro) ou empréstimo por
comodato (casa).

Princípio da Relatividade:

• Só geram direitos e obrigações aos próprios contratantes e seus sucessores, não vinculam terceiro.

• Contrato de Estipulação a favor de terceiro - seguro de vida (beneficiário) contratos com eficácia
real, aqueles que devem ser respeitados por terceiros, ainda que não tenham sido os celebrantes.

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• Exceção: art. 576, CC e art. 8º, Lei do Inquilinato, contrato de locação por prazo determinado
contiver cláusula de vigência e for levado a registro, será obrigatória a observância dele por quem vier adquirir o
imóvel alugado.

Princípio da força obrigatória ou Pacta Sunt Servanda:

• Boa-fé do contrato faz lei entre as partes, não se admite única vontade direito de arrependimento
em qualquer contrato, art. 49, CDC.

• Execução forçada, obrigação de fazer, não fazer, obrigação assumida.

• O juiz não pode alterar seu conteúdo, em regra.

• Revisão em contrato é possível que ofenda a ordem pública, ou cláusulas abusivas ou vulnerável.

• Art. 421 e 421, CC: liberdade econômica, não haver intervenção, somente a intervenção mínima do
estado, somente de forma excepcionais.

“Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função


social do contrato. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019)
Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o
princípio da intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão
contratual. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)”

“Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários


e simétricos até a presença de elementos concretos que justifiquem o
afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos
previstos em leis especiais, garantido também que: (Incluído pela Lei
nº 13.874, de 2019)
I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos
para a interpretação das cláusulas negociais e de seus pressupostos de
revisão ou de resolução; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e
observada; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e
limitada. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)”

Princípio da função social:

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• Art. 421, CC.

• Aspectos interno e externo – o direito deve contribuir com o interesse social.

• Perde o bem e a proteção, se for deixar de aplicar a função social.

• O contrato deverá ser justo.

• Os contratos não podem ofender os interesses da coletividade.

Princípios da Boa-fé objetiva:

• Art. 422, CC.

“Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na


conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de
probidade e boa-fé.”

• Boa-fé objetiva, cuidados e cautelas, comportamento proativo.

• Padrão de conduta que se impõe aos contratantes afins de que atuem com respeito a honestidade,
cuidado, cooperação e lealdade.

• Funções interpretativa – os contratos devem ser interpretados que as partes estão de boa-fé.

• Função criativa, deveres anexos, secundários, informação.

• Função de controle, proíbe o abuso de direitos, nenhum direito deve ser de forma abusiva.

Teoria dos atos próprios:

• Exemplos de abuso.

• Não comportamento contraditório.

• Supressão – perda de direito e surrectio, nascimento surgimento de direito.

• Não pode exigir que o outro cumpra, o que não foi cumprido.

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• Alguém sofre uma sanção e o dano é amplificado, por má-fé da vítima.

2. Contratos em espécies

i. Contrato de Compra e Venda - Art. 481 a 532 do CC

Consiste no contrato em que o vendedor se compromete a transferir a propriedade de um bem móvel (com
a tradição) ou imóvel (registro de título), mediante o pagamento do preço em dinheiro ao comprador.

Elementos essenciais:

Partes: comprador e devedor.

Obs.: devem ser capazes civilmente.

Coisa: o objeto da compra e venda podendo ser móvel ou imóvel.

Obs.: deve ser lícito, possível, determinado ou determinável.

Preço: oneroso, deve ser em dinheiro, pois se não teremos contrato de troca ou permuta, art. 533, CC.

“Art. 533. Aplicam-se à troca as disposições referentes à compra e


venda, com as seguintes modificações:

I - salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por


metade as despesas com o instrumento da troca;

II - é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e


descendentes, sem consentimento dos outros descendentes e do
cônjuge do alienante.”

Ver: Art. 486 e 487 do CC, que permite fixação do preço a taxa do mercado ou de bolsa, índices ou parâmetros
determináveis.

“Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de


mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar.”

“Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou


parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação.”

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Pode ser o preço fixado em moeda estrangeira? Sim, podem, mas o pagamento não (deverá ocorrer em moeda
nacional).

O preço poderá ser determinado por terceiro, por avaliação, porém, não pode ser deixado ao arbítrio
exclusivo de uma das partes, (cláusula pague o que quiser).

Vontade: o contrato deve estar isento de vício (erro, dolo, coação etc.).

Pactos adjetos a compra e venda: cláusulas especiais só podem inserir na compra e venda.

ii. Retrovenda - Art. 505 a 508 do CC

“Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de


recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o
preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive
as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua
autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias.”

“Art. 506. Se o comprador se recusar a receber as quantias a que faz


jus, o vendedor, para exercer o direito de resgate, as depositará
judicialmente.

Parágrafo único. Verificada a insuficiência do depósito judicial, não


será o vendedor restituído no domínio da coisa, até e enquanto não
for integralmente pago o comprador.”

“Art. 507. O direito de retrato, que é cessível e transmissível a


herdeiros e legatários, poderá ser exercido contra o terceiro
adquirente.”

“Art. 508. Se a duas ou mais pessoas couber o direito de retrato sobre


o mesmo imóvel, e só uma o exercer, poderá o comprador intimar as
outras para nele acordarem, prevalecendo o pacto em favor de quem
haja efetuado o depósito, contanto que seja integral.”

Cláusula em que o vendedor se reserva o direito de reaver, em certo prazo, de no máximo 3 anos, o imóvel
alienado, restituindo ao comprador o preço, mas as despesas por ele realizado, inclusive as empregadas no
melhoramento do imóvel, como as benfeitorias necessárias.

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Cláusula de direito de recompra do imóvel, venda sobre condição resolutiva, se o vendedor no prazo de 3
anos o comprador não tem o que fazer.

Só possível utilizar na compra e venda de bem imóvel no prazo máximo de 3 anos.

O direito da cláusula é intransmissível Inter vivos, mas se o transmite aos herdeiros do vendedor.

iii. Perempção ou Preferência - Art. 513 a 520 do CC

Cláusula determina que o comprador de bem móvel ou imóvel fica obrigado a oferecê-lo ao vendedor
quando desejar vender ou fazer dação em pagamento.

iv. Reserva de domínio - Art. 521 a 528 do CC

Cláusula onde se estipula que o bem móvel e infungível continua sendo de propriedade do vendedor, até
que o preço seja quitado.

“Art. 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si


a propriedade, até que o preço esteja integralmente pago.”

“Art. 522. A cláusula de reserva de domínio será estipulada por escrito


e depende de registro no domicílio do comprador para valer contra
terceiros.”

“Art. 523. Não pode ser objeto de venda com reserva de domínio a
coisa insuscetível de caracterização perfeita, para estremá-la de outras
congêneres. Na dúvida, decide-se a favor do terceiro adquirente de
boa-fé.”

“Art. 524. A transferência de propriedade ao comprador dá-se no


momento em que o preço esteja integralmente pago. Todavia, pelos
riscos da coisa responde o comprador, a partir de quando lhe foi
entregue.”

“Art. 525. O vendedor somente poderá executar a cláusula de reserva


de domínio após constituir o comprador em mora, mediante protesto
do título ou interpelação judicial.”

“Art. 526. Verificada a mora do comprador, poderá o vendedor mover


contra ele a competente ação de cobrança das prestações vencidas e

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vincendas e o mais que lhe for devido; ou poderá recuperar a posse da
coisa vendida.”

“Art. 527. Na segunda hipótese do artigo antecedente, é facultado ao


vendedor reter as prestações pagas até o necessário para cobrir a
depreciação da coisa, as despesas feitas e o mais que de direito lhe for
devido. O excedente será devolvido ao comprador; e o que faltar lhe
será cobrado, tudo na forma da lei processual.”

“Art. 528. Se o vendedor receber o pagamento à vista, ou,


posteriormente, mediante financiamento de instituição do mercado
de capitais, a esta caberá exercer os direitos e ações decorrentes do
contrato, a benefício de qualquer outro. A operação financeira e a
respectiva ciência do comprador constarão do registro do contrato.”

v. Contrato de Empréstimos

Fundamento legal: artigos 579 a 592 do Código Civil.

Existem dois tipos de empréstimos, chamados comodato e mútuo.

a) Comodato – Art. 579 a 585 do CC

Trata-se de empréstimo gratuito de bem infungível (aquele que não pode ser substituído por outro de
mesma espécie, qualidade e quantidade), móvel ou imóvel, no qual o comodante transfere a posse direta ao
comodatário por prazo determinado.

“Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não


fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto.”

“Art. 580. Os tutores, curadores e em geral todos os administradores


de bens alheios não poderão dar em comodato, sem autorização
especial, os bens confiados à sua guarda.”

“Art. 581. Se o comodato não tiver prazo convencional, presumir-se-


lhe-á o necessário para o uso concedido; não podendo o comodante,
salvo necessidade imprevista e urgente, reconhecida pelo juiz,
suspender o uso e gozo da coisa emprestada, antes de findo o prazo
convencional, ou o que se determine pelo uso outorgado.”

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“Art. 582. O comodatário é obrigado a conservar, como se sua própria
fora, a coisa emprestada, não podendo usá-la senão de acordo com o
contrato ou a natureza dela, sob pena de responder por perdas e
danos. O comodatário constituído em mora, além de por ela
responder, pagará, até restituí-la, o aluguel da coisa que for arbitrado
pelo comodante.”

“Art. 583. Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com


outros do comodatário, antepuser este a salvação dos seus
abandonando o do comodante, responderá pelo dano ocorrido, ainda
que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior.”

“Art. 584. O comodatário não poderá jamais recobrar do comodante


as despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada.”

“Art. 585. Se duas ou mais pessoas forem simultaneamente


comodatárias de uma coisa, ficarão solidariamente responsáveis para
com o comodante.”

Sujeitos:

• Comodatário: pessoa que recebe a coisa;

• Comodante: pessoa que empresta.

OBS.: Empréstimo é um contrato gratuito, contrato oneroso seria a locação.

Comodato Ad Pompam Vel Ostentationem

É o empréstimo de bem fúngivel que se torna infúngivel por disposição contratual. Utilizado normalmente
para enfeites e ornamentação.

O Código estabelece obrigações do comodatário e do comodante, que se não forem cumpridas autorizam
a resolução do contrato (extinção do contrato), cumulada com perdas e danos se houver culpa.

Exemplo: o comodatário deve conservar a coisa como se fosse sua.

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OBS.: A culpa a ser analisada é um concreto, ou seja, pela pessoa e não pela população comum.

O uso do bem deve ser feito de acordo com os termos do contrato;

As despesas de conservação são do comodatário (luz, água, troca de lâmpada, dentre outros);

Havendo risco de perecimento, o bem emprestado deve ser salvado antes dos pertencentes ao
comodatário, sob pena de responsabilidade, ainda que por caso fortuito ou força maior.

Exemplo: na hipótese da minha casa pegar fogo e eu tenho a chance de entrar nela para salvar um bem, este deve
ser o objeto do comodato.

Para a retomada do bem não devolvido, cabe ação de reintegração de posse no caso de bem imóvel e busca
e apreensão no caso de bem móvel.

b) Mútuo – Art. 586 a 592 do CC

É o contrato de empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele
recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade.

Exemplo: dinheiro.

Mútuo Feneratício:

Trata-se do empréstimo de dinheiro, poderá ser oneroso, tratando de uma exceção à regra (dependente
de previsão contratual quanto ao montante de juros, pois o artigo 581 do Código Civil estabelece presunção de que
são devidos juros, mas as partes devem estabelecer quórum, não podendo haver abusividade).

ATENÇÃO! as instituições financeiras não estão abarcadas pela Lei da Usura que prevê o máximo de juros que pode
ser cobrado, segundo a Súmula 596 do STF.

“Súmula 596, STF:

As disposições do Decreto 22.626/1933 não se aplicam às taxas de


juros e aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por
instituições públicas ou privadas, que integram o Sistema Financeiro
Nacional.”

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vi. Contrato de Seguro – Art. 757 a 802 do CC

Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir interesse
legítimo do segurado, relativo à pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados.

Ou seja, o segurador se compromete a garantir ao segurado a indenização contra eventuais riscos


referentes a uma pessoa ou coisa, em caso de ocorrência de um sinistro.

Partes: Seguradora e Segurado.

Elementos:

• Prêmio: é a contribuição periódica, determinada e moderada, fixada pelas partes - pago pelo
segurado em troca do risco assumido pela seguradora.

• Risco: é um evento futuro e incerto de acontecer, que tem a capacidade de causar prejuízos e
prejudicar os interesses do segurado.
• Indenização: é a importância a título de compensação e reparação que é paga pela seguradora ao
segurado, como forma de recompor o prejuízo econômico sofrido e decorrente do risco assumido no contrato. Para
isso, é preciso comprovar a ocorrência do fato e a prova do dano.

• Apólice: é o documento que comprova o contrato; é a apólice que comprova a existência do acordo
e a existência da obrigação de pagamento do prêmio pelo segurado e o dever de eventual indenização pela
seguradora.

vii. Contrato de Fiança - Art. 818 a 838 do CC

Pelo contrato de fiança, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor,
caso este não a cumpra.

Considera-se como objeto de todo contrato de fiança é a dívida que se quer garantir.

O contrato somente terá efeito quando a obrigação principal se tornar exigível, admitindo, o legislador, que
se possa estipular a garantia fidejussória em face de débito futuro, embora, neste caso, o fiador não seja
demandado senão depois que se fizer certa e líquida a obrigação do principal devedor.

Espécies:

• Convencional: decorre de um acordo celebrado entre as partes.

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• Legal: decorre de um preceito legal.

• Judicial: determinada pelo juiz.

Extinção: a fiança poderá ser extinta por todas as causas que extinguem os contratos em geral, assim como por
atos praticados pelo credor, conforme disposição do artigo 838, do CC.

viii. Contrato de Corretagem - Art. 722 a 729 do CC

“Art. 722. Pelo contrato de corretagem, uma pessoa, não ligada a


outra em virtude de mandato, de prestação de serviços ou por
qualquer relação de dependência, obriga-se a obter para a segunda
um ou mais negócios, conforme as instruções recebidas.”

“Art. 723. O corretor é obrigado a executar a mediação com diligência


e prudência, e a prestar ao cliente, espontaneamente, todas as
informações sobre o andamento do negócio. (Redação dada pela Lei
nº 12.236, de 2010)

Parágrafo único. Sob pena de responder por perdas e danos, o


corretor prestará ao cliente todos os esclarecimentos acerca da
segurança ou do risco do negócio, das alterações de valores e de
outros fatores que possam influir nos resultados da incumbência.
(Incluído pela Lei nº 12.236, de 2010)”

“Art. 724. A remuneração do corretor, se não estiver fixada em lei,


nem ajustada entre as partes, será arbitrada segundo a natureza do
negócio e os usos locais.”

“Art. 725. A remuneração é devida ao corretor uma vez que tenha


conseguido o resultado previsto no contrato de mediação, ou ainda
que este não se efetive em virtude de arrependimento das partes.”

“Art. 726. Iniciado e concluído o negócio diretamente entre as partes,


nenhuma remuneração será devida ao corretor; mas se, por escrito,
for ajustada a corretagem com exclusividade, terá o corretor direito à
remuneração integral, ainda que realizado o negócio sem a sua
mediação, salvo se comprovada sua inércia ou ociosidade.”

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“Art. 727. Se, por não haver prazo determinado, o dono do negócio
dispensar o corretor, e o negócio se realizar posteriormente, como
fruto da sua mediação, a corretagem lhe será devida; igual solução se
adotará se o negócio se realizar após a decorrência do prazo
contratual, mas por efeito dos trabalhos do corretor.”

“Art. 728. Se o negócio se concluir com a intermediação de mais de


um corretor, a remuneração será paga a todos em partes iguais, salvo
ajuste em contrário.”

“Art. 729. Os preceitos sobre corretagem constantes deste Código não


excluem a aplicação de outras normas da legislação especial.”

Pelo contrato de corretagem, uma pessoa, não ligada a outra em virtude de mandato, de prestação de
serviços ou por qualquer relação de dependência, obriga-se a obter para a segunda um ou mais negócios, conforme
as instruções recebidas.

Partes:

• Corretor de imóveis: é a pessoa responsável em fazer a intermediação.

• Comitente: é a pessoa que contrata o serviço do corretor de imóveis.

Observação – Cláusula de exclusividade: garante ao corretor que seja privativo dele a intermediação do imóvel, ou
seja, não poderá ser contratado outros corretores.

Atenção! a profissão de corretor de imóveis é regulada através da Lei nº 6.530/78. Inclusive, o artigo 729 prevê
que os preceitos nele constantes não excluem a aplicação de outras normas da legislação especial.

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EVICÇÃO E VÍCIOS REDIBITÓRIOS

a) Vícios Redibitórios - art. 441 e seguintes do CC

É o vício ou defeito oculto da coisa que a torna impropria ao uso que se destina ou lhe reduz o valor
consideravelmente o valor, de modo que o NJ não teria sido celebrado se o adquirente tivesse ciência dele.

Exemplo: Comprou uma Tv e não funciona, o defeito está na coisa.

Requisitos:

o O negócio jurídico, deve ser comutativo e oneroso (compra e venda), doação onerosa com encargo.

Atenção! A doação pura, não pode reclamar (“cavalo dado não se olha os dentes”).

O defeito deve ser considerável.

Exemplo: Comprou um celular e não conecta a internet.

O defeito deve ser oculto, não conhecido do adquirente.

Exemplo: Quem comprou não sabia, embora o conhecimento do defeito por parte do alienante para caraterização
para o vício redibitório, caso presente o adquirente poderá reclamar além do vício, pedido de perdas e danos, agiu
com culpa, com intenção de prejudicar.

o Deve ser defeito e não desgaste natural do bem.

Exemplo: Comprou um carro com 160 mil km rodados e o motor fundiu, é desgaste natural do bem, não seria se o
carro zero fundisse o motor com 5 mil km.

Opções do adquirente:

Abatimento proporcional no preço – (ação quanti minoris).

Desfazimento do negócio jurídico – (ação redibitória).

Podendo ser acumulado pedido de indenização de pardas e danos, caso prove que a outra parte tinha
ciência do vício.

b) Evicção - art. 447 e seguintes do CC

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É sempre a perda da coisa por força da decisão judicial ou ato administrativo, fundado em motivo jurídico
anterior, que confere o bem a outrem.

Exemplo: Comprou um carro roubado foi parado em uma blitz e o carro foi apreendido e voltará para o dono, foi
por um ato administrativo.

O defeito está no direito, comprou de quem não era o dono do objeto.

A pessoa que sofrer a evicção, o evicto poderá exercer direito de regresso em face do alienante.

Em regra, a responsabilidade do alienante é a mais ampla possível art. 450 do CC.

Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que
pagou:

I - À indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;

II - À indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção;

III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.

Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se
evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.

Contudo o CC permite que as partes aumentem, diminuam ou excluam a responsabilidade pela evicção.

Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela
evicção.

Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se está se der, tem direito o evicto
a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.

Comum em contratos, existirem de cláusulas de exclusão em contrato, prejudique o adquirente.

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DIREITO DAS COISAS

Direitos das Coisas - Direito Real Sobre Coisa Alheia

Princípio da elasticidade: é possível transferir o direito real e certos atributos do direito de propriedade.

Art. 1228 do CC – Direito de propriedade: usar, gozar, dispor e reivindicar a coisa.

“Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da


coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente
a possua ou detenha.

§ 1 o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com


as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam
preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a
flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio
histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.

§ 2 o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer


comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de
prejudicar outrem.

§ 3 o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de


desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse
social, bem como no de requisição, em caso de perigo público
iminente.

§ 4 o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel


reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-
fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas
nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e
serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico
relevante.

§ 5 o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa


indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença
como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.”

O proprietário pode passar o direito da coisa à outra pessoa, em parte somente em usar e gozar da coisa,
por exemplo no caso de usufruto.

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Classificação:

• Direitos reais sobre coisas alheias


• Direitos reais de fruição
• Direito de superfície
• Servidões
• Usufruto
• Habitação
• Concessão de direito real de uso e concessão de uso para moradia
• Direito real de laje
• Direitos Reais de garantia: hipoteca, penhor e anticrese

Direito Real de superfície: art. 1.369 do CC.

“Art. 1.369. O proprietário pode conceder a outrem o direito de


construir ou de plantar em seu terreno, por tempo determinado,
mediante escritura pública devidamente registrada no Cartório de
Registro de Imóveis.

Parágrafo único. O direito de superfície não autoriza obra no subsolo,


salvo se for inerente ao objeto da concessão.”

O proprietário concede direito sobre a superfície por prazo determinado, direito de plantar ou construir
sobre a superfície, a concessão pode ser onerosa ou gratuita.

Características: não autoriza obras no subsolo, salvo se inerentes a obra.

O direito de superfície poderá ser sucedido? O proprietário pode vender? O prazo determinado terminou a quem
pertencerá o imóvel construído na superfície concedida?

O direito real de superfície é transferível e alienar.

É direito transmissível, transmite-se aos herdeiros.

O proprietário poderá vender o imóvel e o direito de superfície acompanha o imóvel.

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Quem terá direito ao imóvel construído? O acessório segue o principal, o dono do imóvel é do imóvel e ficará com
a construção, independentemente não terá que indenizar, salvo estipulação em contrato no direito de superfície.
Art. 1.395 do CC.

“Art. 1.395. Quando o usufruto recai em títulos de crédito, o


usufrutuário tem direito a perceber os frutos e a cobrar as respectivas
dívidas.

Parágrafo único. Cobradas as dívidas, o usufrutuário aplicará, de


imediato, a importância em títulos da mesma natureza, ou em títulos
da dívida pública federal, com cláusula de atualização monetária
segundo índices oficiais regularmente estabelecidos.”

Usufruto: art. 1390 e seguintes do CC

O proprietário concede em usufruto, o direito de posse, uso e gozar.

Pode ser sobre bens móveis, imóveis e bens incorpóreos (direitos autorais).

Características:

Sempre temporário, pode estabelecer prazo, termo, condição e se extingue com a morte do usufrutuário.

Em favor de pessoa jurídica, poderá ser concedido o usufruto, qual o prazo, de conceção e se não existir
prazo se extinguirá máximo de 30 anos, da data do exercício.

Se o usufrutuário morrer não se transmite aos herdeiros, tem natureza personalíssima.

Não pode ser alienado pelo usufrutuário, mas pode ser cedido, alugado.

Extinção do usufruto:

A renúncia, o não uso do bem, destruição da coisa, por prazo, termo e morte.

Pode ser concedido a uma ou mais pessoas. Se um dos dois falecer não acresce aos demais, pode cobrar
aluguel, pela parte do falecido que o sobrevivente continua a usar, os 100% do bem.

Direito de acrescer: quando o usufruto for concedido para duas ou mais pessoas, consequência extingue a parte do
falecido, não acresce a do outro, salvo estipulado.

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Caso de destruição da coisa, casa desabou extingue o usufruto, mas se caso reconstrua, o usufruto continua,
depende se for por parte do proprietário constitui o direito do usufrutuário, não restabelece, mas se for por seguro,
o direito restabelece.

Sem culpa o proprietário não é obrigado a reconstruir se não tiver culpa.

Direito de laje: art. 1.510-A do CC

“Art. 1.510-A. O proprietário de uma construção-base poderá ceder a


superfície superior ou inferior de sua construção a fim de que o titular
da laje mantenha unidade distinta daquela originalmente construída
sobre o solo. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)

§ 1 o O direito real de laje contempla o espaço aéreo ou o subsolo de


terrenos públicos ou privados, tomados em projeção vertical, como
unidade imobiliária autônoma, não contemplando as demais áreas
edificadas ou não pertencentes ao proprietário da construção-base.
(Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)

§ 2 o O titular do direito real de laje responderá pelos encargos e


tributos que incidirem sobre a sua unidade. (Incluído pela Lei nº
13.465, de 2017)

§ 3 o Os titulares da laje, unidade imobiliária autônoma constituída em


matrícula própria, poderão dela usar, gozar e dispor. (Incluído pela Lei
nº 13.465, de 2017)

§ 4 o A instituição do direito real de laje não implica a atribuição de


fração ideal de terreno ao titular da laje ou a participação proporcional
em áreas já edificadas. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)

§ 5 o Os Municípios e o Distrito Federal poderão dispor sobre posturas


edilícias e urbanísticas associadas ao direito real de laje. (Incluído pela
Lei nº 13.465, de 2017)

§ 6 o O titular da laje poderá ceder a superfície de sua construção para


a instituição de um sucessivo direito real de laje, desde que haja
autorização expressa dos titulares da construção-base e das demais

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lajes, respeitadas as posturas edilícias e urbanísticas vigentes. (Incluído
pela Lei nº 13.465, de 2017)”

O proprietário da superfície concede a superfície inferior ou superior, laje unidades autônomas, por prazo
definitivo.

Direitos Reais de Garantias:

Disposições gerais – art. 1419 e Art. 1421 e 1428 do CC.

Hipoteca – Recai sobre bens imóveis.

Penhor – Recai sobre móveis e anticrese sobre frutos de imóveis.

Posse

Fundamento: Pacificação social – toda posse é protegida.

Poder de fato sobre a coisa. Juridicamente falando, possuidor é aquele que tem de fato parcial ou
integralmente algum dos poderes do proprietário.

Desdobramento da posse:

Possibilidade de coexistência da posse: art. 1.197 do CC legitimidade de proteção.

• Contato posse direta – contato físico direto. Exemplo: locatário;

• Contato posse indireta - aquele que tem contato indireto. Exemplo: locador.

OBS.: O possuidor direto que está na coisa, pode proteger inclusive contra o indireto, o locatário proteger contra o
locador.

Exemplo: O locatário não está pagando o aluguel, mas o locador que é o dono do imóvel, entra troca a fechadura
e o locatário é esbulhado. Em tese, deveria ser uma ação de despejo e não o fez, então o locatário poderá entrar
com a ação possessória contra o locador.

Posse e detenção:

• Posse tem proteção.

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• Detenção não tem proteção.

É difícil de diferenciar o proprietário, do possuidor e do detentor. É necessário ter um critério para


diferenciar, e a lei que vai apontar os casos de detenção.

Posse degradada, uma detenção.

Casos de detenção:

a) Situação de subordinação ou dependência – art. 1108: (fâmulo da posse – caseiro), pagamento


não é requisito, depende da subordinação.

b) Atos de permissão ou mera tolerância – art. 1208: temporário.

c) Atos de violência ou clandestinidade (às escuras), enquanto essas não cessarem – art. 1208,
última parte.

“Art. 1.108. Pago o passivo e partilhado o remanescente, convocará o


liquidante assembléia dos sócios para a prestação final de contas.”

“Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou


tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos,
ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a
clandestinidade.”

Espécies de Posse:

a) Posse justa e Injusta – art. 1.200, CC

“Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou


precária.”

Quando não tiver os vícios opostos no art. 1.200, será posse justa.

Posse injusta é aquela adquirida com violência, clandestinidade e precariedade.

Relação de quebra de confiança, é a precariedade, retenção de algo que deveria ser devolvido.

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Exemplo: O locador pede ao locatário que saia e o locatário não quer sair, e quando chega o prazo, não devolve,
quebra a confiança e virá precarista.

b) Posse de Boa-fé e de Má-fé

Estar de má-fé há conhecimento do vício.

A pegou a coisa de clandestinidade e B compra a posse clandestina e após algum tempo, B vende à C que
de boa-fé não sabia da clandestinidade.

Frutos:

Boa-fé tem direito a todos, inclusive os pendentes.

Já a de má-fé perde tudo inclusive os colhidos.

Indenização:

De boa-fé só responde pelos danos, provar culpa, se houver culpa de forma subjetiva.

De má-fé responde independente de culpa.

Benfeitorias:

De boa-fé deverá ser ressarcido de tudo.

De má-fé só das benfeitorias necessárias.

c) Esbulho, Turbação ou Ameaça

• Esbulho: perda completa da posse - ação de reintegração.

• Turbação: difícil de exercer a posse, o exercício da posse difícil - ação de manutenção de posse.

• Ameaça: é o risco de perder a posse - ação de interdito proibitório.

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USUCAPIÃO

É uma forma de aquisição originária da propriedade ou de outros direitos reais, mediante o exercício
prolongado da posse e o cumprimento de certos requisitos.

Gera um novo direito de propriedade sobre o direito de propriedade anterior.

A matrícula anterior é invalidada e a nova será uma escritura nova.

Exemplo: O imóvel tinha uma hipoteca, e se surgir a usucapião, vem puro nem onerado, o novo direito sobre a
propriedade desse bem, faz com que se extingue o proprietário anterior e a hipoteca que gravava ele.

Tem requisitos para a usucapião.

• Exercício prolongado da posse, o prazo varia sobre os bens imóveis

De 2 a 5 anos, usucapião do abandono conjugal do lar família, por exemplo será de 2 anos.

Bens Móveis: de 3 a 5 anos.

• Animus Domini - ter a intenção de ser dono.

Locatários, comandatários, caseiros (mero detentor, fâmulo da posse) não podem usucapir pois não tem a
intenção de ser dono.

• Posse mansa e pacífica (não contestada por quem de direito Proprietário do bem)

• Posse Ininterrupta, não é possível somar posses de prazos.

• Justo título e Boa fé, são exigidos na usucapião ordinária, todas as demais modalidades dispensam
este requisito, presunção absoluta de justo título e boa fé.

Modalidades:

a) Usucapião ordinária: art. 1.242 do CC, que deverá apresentar contrato de compra e venda com
justo título e boa-fé por dez anos.

“Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que,


contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por
dez anos.

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Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o
imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro
constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde
que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou
realizado investimentos de interesse social e econômico.”

b) Usucapião extraordinária: dispensa o justo título e boa-fé, art. 1.238: aquele que por 15 anos
adquirir a propriedade sem interrupção, sem oposição, será reduzido para 5 anos se o possuidor houver
estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.

Dica: Nas modalidades ordinárias e extraordinárias não há limite ao tamanho do imóvel.

c) Usucapião Especial Urbana: art. 1.240 do C.C, possuidor de imóvel de área urbana de até 250 m2,
por 5 anos ininterruptos, para a família sem oposição, utilizando desde que não seja proprietário de outro imóvel
urbano ou rural.

d) Usucapião Especial Rural: art. 1.239 também, tem limite de metragem, 5 anos ininterruptos, não
superior a 50 hectares

e) Usucapião Especial urbana por abandono do Lar, art. 1240-A, aquele que exercer por 2 anos
ininterruptamente, sem oposição, posse direta até 250 m2, cuja propriedade dívida com ex-cônjuge ou
companheiro que abandonou o lar, utilizando para moradia ou de sua família adquirir-lhe à domínio integral, desde
que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

Não pode usucapir de forma imóvel de herança.

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GARANTIAS REAIS

As garantias reais são aquelas que garantem o cumprimento de determinada obrigação por meio de bens
móveis ou imóveis. Em outras palavras, trata-se de é um acordo de segurança entre o credor e o devedor.

As garantias reais consistem em: penhor, hipoteca e anticrese.

a) Penhor – Art. 1.431 e seguintes do CC

O penhor consiste na garantia real atrelado à coisa móvel- um bem móvel é transferido do devedor para o
credor como garantia do pagamento.

Assim, até que a quitação seja realizada pelo devedor, o bem fica com o credor. O bem dado em garantia
pode ser do devedor ou de terceiro.

Exemplo: Se uma pessoa quiser tomar um empréstimo e não possuir nenhum imóvel como forma de garantia, é
possível entregar suas joias para garantir a operação. Esse é o penhor de joias. Porém, ainda existe o penhor rural,
industrial e de veículos.

Obs.: Ainda que as espécies de penhor sigam a mesma lógica, eles possuem prazos diferentes.

Exemplo: Os veículos em penhor têm prazo de dois anos.

O penhor é um direito real acessório de garantia, uma vez que está vinculado à uma dívida que é o principal.

Requer a tradição do bem ao credor, que fica depositado junto à credora.

É indivisível, pois a garantia perdurará até a liquidação total do débito e o contrato é solene, porque se faz
por instrumento público ou particular.

Espécies:

• Convencional: O credor, de antemão, recebe como garantia um bem, cujo objetivo é de assegurar
o pagamento de uma dívida.

• Legal: Independe do acordo de vontades, mas se sujeita à homologação judicial e visa proteger
certas pessoas, como hospedeiros, fornecedores de alimentos e locadores.

b) Hipoteca – Art. 1.473 e seguintes do CC

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A hipoteca é um direito real de garantia sobre bens imóveis.

É feita através de um contrato acessório que dependente de um contrato principal. Por exemplo, o
empréstimo, é um contrato principal e, quem empresta, pega em garantia hipotecária um imóvel (contrato
acessório).

O objeto da hipoteca são, em regra, os bens imóveis e os respectivos acessórios que, em razão do princípio
da gravitação jurídica, seguem o principal.

Segundo o art. 1.473 do Código Civil, também podem ser objeto de hipoteca:

I – os imóveis e os acessórios dos imóveis conjuntamente com eles;


II – o domínio direto;
III – o domínio útil;
IV – as estradas de ferro;
V – os recursos naturais a que se refere o art. 1.230, independentemente do solo onde se acham;
VI – os navios;
VII – as aeronaves;
VIII – o direito de uso especial para fins de moradia;
IX – o direito real de uso;
X – a propriedade superficiária;
XI – os direitos oriundos da imissão provisória na posse, quando concedida à União, aos Estados, ao Distrito
Federal, aos Municípios ou às suas entidades delegadas e respectiva cessão e promessa de cessão.

A hipoteca poderá ser:

i. Convencional: é aquela que nasce da manifestação de vontade por meio de um contrato. O contrato de
hipoteca, para ser registrado, deve apresentar o valor da dívida, o número de parcelas, o valor de cada parcela, os
juros e demais encargos.

ii. Legal: é imposta pelo ordenamento jurídico, independente da vontade das partes (art. 1.489 do CC).

“Art. 1.489. A lei confere hipoteca:

I - às pessoas de direito público interno (art. 41) sobre os imóveis


pertencentes aos encarregados da cobrança, guarda ou administração
dos respectivos fundos e rendas;

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II - aos filhos, sobre os imóveis do pai ou da mãe que passar a outras
núpcias, antes de fazer o inventário do casal anterior;

III - ao ofendido, ou aos seus herdeiros, sobre os imóveis do


delinqüente, para satisfação do dano causado pelo delito e pagamento
das despesas judiciais;

IV - ao co-herdeiro, para garantia do seu quinhão ou torna da partilha,


sobre o imóvel adjudicado ao herdeiro reponente;

V - ao credor sobre o imóvel arrematado, para garantia do pagamento


do restante do preço da arrematação.”

iii. Judicial: é aquela que surge em virtude do registro de sentença condenatória ao pagamento de valores ou
bens.

c) Anticrese – Art. 1.506 e seguintes do CC

A anticrese consiste no direito real de garantia estabelecido em favor do credor e com a finalidade de
compensar a dívida do devedor, por meio do qual este entrega os frutos e rendimentos provenientes do imóvel.

Isso quer dizer que o credor retém a posse do bem e retira dos frutos deste o valor necessário para a
quitação de seu crédito.

O bem dado em anticrese pode ser hipotecado. Porém, raramente o credor aceita a hipoteca de bem já
gravado por anticrese. Além disso, traz ao credor a dificuldade de ter, ele mesmo, que colher os frutos para a
satisfação do seu crédito.

A anticrese é indivisível, uma vez que na hipótese de imóvel pertencente a dois ou mais proprietários, estes
não poderão dá-lo em garantia, a não ser em caso de comum acordo. Neste caso, aplica-se a regra geral que rege
os direitos reais de garantia.

A extinção da anticrese se dá pelo adimplemento da dívida; pelo perecimento do bem; e pela caducidade,
ou seja, pelo fim do prazo estipulado ou atingido o prazo máximo de quinze anos.

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DIREITO DE FAMÍLIA

Casamento Civil:

Conceito: União civil entre duas pessoas com objetivo de estabelecer plena comunhão devida.

Poligamia não é admitida.

Do mesmo ou do sexo diferentes, o STF reconheceu em 2011 e o CNJ regulamentou a questão baixando
provimento, para registro em cartórios.

Procedimento solene, de pessoas naturais.

Casamento é a celebração, e é sempre gratuita.

Já a Habilitação, que é o procedimento, o registro e a 1ª certidão, são pagos.

Exceção: declaração de pobreza, a gratuidade é total.

Habilitação:

É o procedimento administrativo que tem como objetivo, verificar a regularidade de um casamento


pretendido.

É uma decisão administrativa, se caso decidir impedir o casamento.

Objetivos da habilitação: verificar a capacidade matrimonial, idade núbil mínimo 16 anos.

Proibido mesmo em caso de gravidez, menor de 16 anos.

Com 16 anos ou 17 anos, precisa do consentimento dos pais, poderá pedir para o juiz, na recusa dos pais.

Verificar: inexistências de impedimentos (art. 1521 do CC), não pode se casar.

Situações em que o casamento é proibido: se celebrado será considerado nulo, e a ação cabível será a ação
declaratória de nulidade e esta ação é imprescritível.

Não confundir: hipóteses de casamento nulo e anulável (art. 1550 do CC), ação anulatória, decadencial.

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Verificar: inexistência de causas suspensivas (art. 1523 do CC), não devem se casar.

O casamento não será proibido; poderá sofrer uma sanção, celebrado com a imposição do regime da
separação obrigatória de bens.

OBS.1: As partes podem solicitar ao juiz, a não aplicação da sanção, provando inexistência de confusão matrimonial
ou de sangue.

OBS.2: Poderão proceder com a alteração do regime de bens, após o prazo, sendo que a causa não existe mais.

Dissolução do casamento:

1ª separação jurídica: rompe o vínculo conjugal; e 2º o divórcio: rompe o vínculo matrimonial.

Antes da EC 66/2010, tinha prazo para separação de 2 anos (separação de fato) e 1 ano de separação
jurídica ou 1 ano de separação de corpos.

Após a EC 66/2010, a separação deixou de ser requisitos para o divórcio.

Hoje não há requisitos, basta a vontade de um dos cônjuges, e não se discute culpa - é um direito
potestativo puro, bastando a vontade de uma das partes.

Entretanto o procedimento de separação não foi extinto, pela Emenda Constitucional é uma opção para
quem quiser utilizar.

União Estável:

Relação pública (conhecido pela sociedade), continua (estável) e duradoura (não tem prazo mínimo) entre
duas pessoas, com o objetivo de estabelecer plena comunhão de vida.

Coabitação e procriação, não precisa morar juntos e ter filhos, o juiz irá analisar, mas não são requisitos.

O que separa um namoro (tem um sonho de união) da união estável (já estão colocando em prática).

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ALIMENTOS

Os alimentos consistem no direito a qualquer necessidade básica que o ser humano possui para sobreviver
– o conceito não se resume a “comida”.

Assim, para o Direito Civil, tudo aquilo que é indispensável para o desenvolvimento da pessoa, é
considerado “alimentos”.

Exemplo: Habitação, escola, vestuário, alimentação.

a) Obrigação de Alimentar

Nos termos do art. 1.695, do CC:

“São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes nem pode prover, pelo seu
trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclama pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu
sustento”.

O artigo preceitua que os alimentos devem ser arcados por aqueles que possuem condições para pagar
alimentos, devendo ser considerada a necessidade do alimentando.

Obs.: Deve sempre haver um equilíbrio na relação da condição financeira de quem paga e a necessidade de quem
recebe. Lembrando que a Ação de Alimentos nunca produz coisa julgada, portanto, quanto a necessidade do
alimentado ou a situação financeira do alimentante se alterarem, pode-se instaurar a Ação Revisional de Alimentos.

b) Quem tem o dever de pagar Alimentos

• Parentes: art. 1.694 - os parentes, os cônjuges ou companheiros podem pedir uns aos outros
alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender as
necessidades de sua educação.

• Casos de homicídio: art. 948, II - prestação de alimentos a quem o morto os devia, levando-se em
consideração a duração provável da vida da vítima.

• Ofensa física: art. 950 - em caso de ofensa física, a vítima tem sua capacidade funcional diminuída.

c) Classificação

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• Provisórios: são os alimentos provenientes de ação de separação, divórcio e alimentos.

• Regulares: são os alimentos pagos de forma periódica.

d) Características

• Pessoal e intransferível

• Irrenunciável

• Não há possibilidade de restituição

• Impenhoráveis

• Não há possibilidade de compensação

• Não há possibilidade de transação

• Imprescritível

• Pode variar de acordo com a situação econômica do alimentante ou do alimentando

• Periodicidade no pagamento

• Pode ser dividida entre vários parentes

e) Espécies de Alimentos Prestados

• Aos filhos menores (art. 1.703)

“Art. 1.703. Para a manutenção dos filhos, os cônjuges separados


judicialmente contribuirão na proporção de seus recursos.”

• Aos filhos maiores, pais e irmãos

• Em razão do casamento (art. 1.702 e 1.704 do CC)

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“Art. 1.702. Na separação judicial litigiosa, sendo um dos cônjuges
inocente e desprovido de recursos, prestar-lhe-á o outro a pensão
alimentícia que o juiz fixar, obedecidos os critérios estabelecidos no
art. 1.694.”

“Art. 1.704. Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a


necessitar de alimentos, será o outro obrigado a prestá-los mediante
pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido declarado culpado
na ação de separação judicial.

Parágrafo único. Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de


alimentos, e não tiver parentes em condições de prestá-los, nem
aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será obrigado a assegurá-los,
fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência.”

• Em razão da união estável

f) Alimentos Gravídicos

A Lei n° 11.804/08, disciplina acerca do direito de prestar alimentos para a mulher gestante e para o
nascituro.

Consistes sobretudo e, valores compatíveis para cobrir as despesas no período de gravidez, da concepção
ao parto, e até mesmo as referentes à alimentação, assistência médica etc.

Na aplicação da Lei de Alimentos, serão utilizados subsidiariamente o Código de Processo Civil e a Lei de
Alimentos (Lei nº 5.478/68).

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PODER FAMILIAR

O poder familiar consiste na responsabilidade e na autoridade legal de tomar decisões a respeito de ações
da vida pública dos filhos menores de idade, que não podem ser seguramente exercidos por estes em função da
idade jovem.

O poder familiar está previsto a partir do artigo 1.634 do Código Civil:

“Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar,
que consiste em, quanto aos filhos:

I – dirigir-lhes a criação e a educação;


II – exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584;
III – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;
IV – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior;
V – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência permanente para outro
Município;
VI – nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou
o sobrevivo não puder exercer o poder familiar;
VII – representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e assisti-
los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento;
VIII – reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
IX – exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição.”

O poder afmiliar é, ao mesmo tempo, um direito e um dever.

É um direito no sentido de ser uma capacidade a ser exercida em nome dos filhos, mas é um dever no
sentido de não ser opcional.

O poder familiar se encerra no desenvolvimento da maioridade, que ocorre ao se completar 18 anos de


idade, ou na emancipação dos filhos.

Há, ainda, os casos de destituição do poder familiar, que acontecem por decisão judicial.

A destituição é fruto de atos de negligência, violência ou incapacidade de exercer esta responsabilidade.

Nos termos legais, as condições de retirada judicial do poder familiar são previstas no artigo 1.638 do CC:

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“Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe
que:

I – castigar imoderadamente o filho;


II – deixar o filho em abandono;
III – praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
IV – incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo
antecedente.
V – entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção.
Parágrafo único. Perderá também por ato judicial o poder familiar
aquele que:
I – praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder
familiar:
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou
seguida de morte, quando se tratar de crime doloso envolvendo
violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à
condição de mulher;
b) estupro ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de
reclusão;
II – praticar contra filho, filha ou outro descendente:
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou
seguida de morte, quando se tratar de crime doloso envolvendo
violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à
condição de mulher;
b) estupro, estupro de vulnerável ou outro crime contra a dignidade
sexual sujeito à pena de reclusão.”

Poder Familiar x Emancipação

A emancipação constitui o ato em que se antecipa a capacidade civil. Assim, a emancipação rompe
antecipadamente com o poder familiar.

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SUCESSÃO LEGÍTIMA E SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA

A sucessão pode ocorrer por determinação legal ou por vontade das partes.

Sucessão legítima ou ab intestato: é aquela que decorre da lei, que enuncia a ordem da vocação hereditária e
presume a vontade do autor da herança.

Sucessão testamentária: tem origem em ato de última vontade do morto, trata-se de mecanismo que prestigia o
exercício da autonomia privada.

Atenção! A sucessão é regida pela Lei vigente ao tempo de abertura, que se dá com a morte. Nesta ocasião é que
ocorre a transmissão da herança, por meio da saisine (art. 1784 da CC) pelo qual o direito sucessório se incorpora
ao patrimônio dos sucessores que passam a ter direito adquirido e imune a retroatividade de lei posterior.

OBS.: Se o falecido deixar cotas de uma sociedade aos seus herdeiros, todos eles em condomínio serão detentores
das ações, possuindo legitimidade para postular a extinção (dissolução) da sociedade familiar – STJ Informativo 315
Resp. 650.821/AM.

Classificação dos Herdeiros:

Legítimos: Descendentes, Ascendentes, Cônjuge /companheiro, colateral até 4º grau, herdam por lei.

Testamentários: se houver testamento.

Herdeiros Necessários têm a proteção da legitima, composta pela metade do falecido autor da herança (art. 1789
e 1846 do CC) Descendentes, Ascendentes, Cônjuge/Companheiro.

Aceitação e Renúncia

O herdeiro é obrigado a receber o patrimônio, ou poderá escolher qual bem quer ficar?
Não, a herança é um patrimônio, antes da partilha é um complexo entre obrigações e deveres, não pode
dividi-lo, por força de lei.

Ninguém é obrigado a ser herdeiro contra sua vontade, porém não se pode renunciar ou aceitar parte da
herança (art. 1808 do CC).

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A aceitação da herança poderá ser:

Expressa: Feita por declaração escrita do herdeiro, por meio de instrumento público ou particular.

Tácita: Resulta dos atos próprios na qualidade de herdeiro.

OBS.: Não confundir com o Art. 1.805 §1º do CC, atos oficiosos, conservatórios e administração temporária não
configuram aceitação tácita.

Presumida: art. 1807 do CC. O interessado, passados 20 dias da abertura da sucessão, pode solicitar ao juiz que
determine prazo não maior que 30 dias para que o herdeiro se manifeste se aceitará ou não a herança.

Renúncia à herança:

Deve ser expressa por termo judicial ou instrumento público (art. 1.806 do CC).

Na renúncia não há direito de representação.

Renúncia Abdicativa: (art. 1.805, §2º do CC) o herdeiro diz simplesmente que não quer a herança, havendo cessão
pura e simples a todos os herdeiros, o quinhão do que renunciou volta para o monte e será igualmente repartido
entre todos.

Renúncia Translativa: se renuncia em favor de alguém, ocorre quando o herdeiro cede seus direitos em favor de
determinada pessoa, nesse caso, como há um negócio jurídico de transmissão, incidirá ITCMD.

Sucessão Legítima:

Direito de representação – Alguém representa aquele que deveria suceder. Só existe na sucessão legítima,
nunca na testamentária, o que pode ocorrer na testamentária é a substituição se prevista pelo testador.

Cuidado! não há representação na renúncia.

OBS.: Conforme previsão do art. 1.851 do CC, para que ocorra a representação, aquele que receberia a herança
deve estar impossibilitado (pré-morte, deserdação ou indignidade).

Não há direito de representação, na linha ascendente (art. 1.852 do CC).

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Avó (viva)

Pai + 05.05.2021 mãe (viva)

Piccelli + 04.04.2022

O exemplo não tem descendentes, passa para ascendentes, dentro de uma classe os de graus mais
próximos excluem os de grau mais remotos, a herança será da mãe e não da avó.

A regra é que os descendentes representarão. Todavia, pode acontecer de representar o filho do irmão
chamado sobrinho em concorrência com o outro irmão (art. 1.853 do CC).

Bisavó+

Avó+

Pai + mãe+

Piccelli +04.04.2022--------------------------irmão 1 + 05.05.21-----------irmão 2(vivo)

Filho 1+ filho 2 + sobrinhos 1(vivo)


Neto 1+

Vivos somente um irmão e um sobrinho, que irão concorrer conforme o art. 1.853 do CC., representando o
irmão com o sobrinho 50% para cada um deles.

Vocação Hereditária (art. 1.829 do CC):

• Descendentes
• Ascendentes
• Cônjuge/companheiro
• Colateral até 4º grau

Regras de ouro das sucessões:

Existindo herdeiros de uma classe, não serão chamados os da classe seguinte.

Exemplo: Se tem filhos, não herdarão os pais.

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Dentro de uma classe, a existência dos parentes de grau mais próximo, exclui a de grau mais remoto
(observando o direito de representação do art. 1.836 §1º do CC).

Exemplo: Se tem filhos, não serão chamados os netos.

Não confundir herança com meação, a meação decorre do casamento.

Exemplo: Sou casado por regime de comunhão de bens, receberá por meação.

Atenção 1: A depender do regime de bens o cônjuge poderá concorrer com ascendentes ou descendentes, mas
nunca com os colaterais.

Atenção 2: O cônjuge não concorre no regime de comunhão universal de bens, separação obrigatória (art. 1.641
do CC) ou comunhão parcial, se houver bens particulares.

Sucessão de Descendente:

• Há representação.

• Quem herda por representação, recebe por estirpe e não por cabeça.

• Se todos os descendentes forem do mesmo grau, nesse caso, receberão por cabeça e não por
estirpe. (art. 1835 do CC).

Exemplo1:

Mãe
Piccelli +-------------irmão

Filho+ filho +
Neto3 Neto 1 Neto 2

Exemplo2:
Mãe

Piccelli +-------------irmão

Filho+ filho +

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Neto3 Neto 1 Neto 2+
Bisneto 1, Bisneto 2

Nesse exemplo 1, tem dois irmãos pré-mortos e três netos vivos, todos do mesmo grau, ficariam com 1/3
cada um deles, divisão por cabeça.

No caso do exemplo 2 se um desses netos fosse pré-morto, a parte dele seria dividido para os bisnetos
havendo 2 bisnetos, divide 1/3 para os netos vivos e o 1/3 do neto morto, que seria dividido em duas partes para
os bisnetos, como são de graus diferentes não recebem por cabeça e sim por estirpe.

Sucessão de Ascendente:

• Não há representação.

• Se pai e mãe são pré-mortos, traça-se a linha do Art. 1836, §2º do CC.

50% 50%
Bisavô
Avô avó avô avó

Pai + mãe+
Eu+

Bisavô
Avô avó avô avó

Pai + mãe 100%


Eu+

OBS.: Cônjuge por direito próprio, herda em qualquer regime.

O cônjuge não herdará se estiver divorciado, separado judicialmente ou extrajudicialmente ou ainda separado de
fato a mais de 2 anos.

Atenção! Conforme art. 1830 do CC, a menos que esteja separado de fato a 2 anos e prove que a convivência se
tornou impossível sem culpa dele.

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Sucessão do Cônjuge e/ou Companheiro

Não confundir sucessão com meação. A meação vem primeiro, com a observância do regime de bens,
conferindo o patrimônio a quem é devido, após a meação, deve ser aplicada a sucessão que é a divisão de bens
(patrimônio) do falecido.

O cônjuge herda em 3º lugar na ordem da vocação hereditária.

• 1º lugar: descendentes concorrendo com o terceiro lugar, a depender do regime de bens, não
havendo descendentes partimos para o segundo lugar;

• 2º lugar: ascendentes, concorrendo com o terceiro lugar, independente do regime de bens, não
havendo ascendentes, a integralidade irá para o terceiro lugar, sem concorrência:

• 3º lugar: cônjuge, não havendo;

• 4º lugar: colaterais até o quarto grau.

ATENÇÃO! O cônjuge pode concorrer com os descendentes, a depender do regime de bens (artigo 1829 do Código
Civil). Assim, ele não irá concorrer nos regimes da comunhão universal de bens, na separação obrigatória e na
comunhão parcial de bens, em não havendo bens particulares, mas irá concorrer nos regimes da comunhão parcial
de bens, em havendo bens particulares (concorrendo apenas nos particulares), separação convencional.

ATENÇÃO! O cônjuge concorre com os ascendentes, independente do regime de bens.

OBSERVAÇÃO: O herdeiro testamentário pode ser:

• a título universal: aquele que herda percentual do patrimônio;

• a título singular: quando herda uma coisa certa, sendo chamado de terceiro legatário.

Capacidade Testamentária

Se divide em:

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• ativa (artigos 1857 e 1860): traz a informação de quem pode fazer testamento, sendo todos aqueles
com mais de 16 anos, independentemente de autorização ou assistência e todos aqueles (maiores de 16 anos) com
discernimento;

A capacidade deve estar presente no momento de testar, sendo que a incapacidade superveniente não
invalida o testamento.

• passiva: quem pode ser herdeiro testamentário. Todos os herdeiros legítimos (aqueles que herdam
por lei) tem capacidade para ser herdeiro testamentário, mas nem todos os testamentários podem ser legítimos.

Os herdeiros legítimos podem ser as pessoas já nascidas e ainda vivas e o nascituro, os herdeiros
testamentários podem ser as pessoas já nascidas e ainda vivas, o nascituro, filiação eventual (filho de pessoa
indicada pelo testador), pessoa jurídica e pessoa jurídica na forma de fundação.

Exemplo: futuro filho da minha irmã.

OBS.: Quanto a filiação eventual, o Código Civil estabelece o prazo de 2 anos da abertura da sucessão (morte) para
a concepção da prole indicada.

Conteúdo Do Testamento:

O testamento pode conter questões patrimoniais ou não, sendo por exemplo, instrumento idôneo para
reconhecimento de paternidade, nomeação de tutor dos filhos em caso de falecimento, deserdação (hipóteses
previstas expressamente em lei).

Aquele que possui herdeiros necessários (descendentes; ascendentes e cônjuge), pode dispor de apenas
50% do patrimônio.

Formas de Testamento Proibida

Principais delas:

a. testamento simultâneo: um único testamento para mais de uma pessoa;

b. testamento correspectivo: quando o testamento é feito em retribuição;

c. testamento captatório: sob condição de testar em favor de terceiro.

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Formas de Testamento Possíveis

Se divide em:

1. Ordinários: pode ser:

a. testamento público: é aquele lavrado perante o tabelião na presença de duas testemunhas (não
podem ser os herdeiros testamentários).

OBS.1: Surdo pode fazer testamento público se ele souber ler, e a leitura será feita por pessoa por ele designada.

OBS.2: Para o cego, é exigido que seja por meio de testamento público e deve ser lido duas vezes, uma pelo tabelião
e a outra por uma das testemunhas.

b. testamento cerrado, secreto, místico: ele apenas será aberto com a morte do testador, é entregue
fechado para o tabelião na presença de duas testemunhas (que não sabem o conteúdo do testamento, apenas
conhece que houve a feitura do testamento).

c. testamento particular: escrito pelo próprio testador, lido e assinado na presença de 3 testemunhas.

2. especiais ou extraordinárias: são assim designados, pois podem ser feitos a bordo do navio,
aeronave, em campanha, perante a autoridade competente, sendo necessária duas testemunhas, se dividem em:

a. Marítimo;

b. Aeronáutico;

c. Militar.

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MARCO CIVIL DA INTERNET LEI Nº 12.965 e LGPD Nº 13.709/2018

Marco Civil da Internet:

Conceito: É a lei que regula a utilização da internet no Brasil, criando uma moldura de direitos e deveres para os
usuários e para os provedores da rede, com base nos direitos e liberdades constitucionais.

Provedores:

Conexão: São os responsáveis por estabelecer os meios para o acesso do usuário à internet ou de qualquer
modalidade - banda larga, banda fixa ou banda larga móvel 3G,4G, 5G etc.

Aplicação: São os responsáveis pelas informações ou conteúdos, pelas páginas e funcionalidades que podem ser
acessadas, à internet facebook, youtube etc.

Princípios Básicos:

Neutralidade: Preservação e garantia da neutralidade de rede.

Trata-se de um princípio de arquitetura de rede que endereça aos provedores de acesso, o dever de trará
os pacotes de dados que trafegam em suas redes de forma isonômica, não os discriminando em razão de seus
conteúdos ou origem.

Guarda de Registros de Conexão:


Também chamado de Login de acesso, são o conjunto de informações referente à data e hora de início e
término de uma conexão à internet, endereço do IP utilizado, esse conjunto de informações deverá ser guardado
pelos provedores pelo prazo de 1 ano para futuros pedidos judiciais.

Art. 13: Cabe ao administrador de sistema autônomo respectivo o dever de manter os registros de conexão, sob
sigilo em ambiente controlado e de segurança pelo prazo de 1 ano

Guarda de Registro de acesso às aplicações, art. 5º, VIII.

Art. 15 – o provedor de aplicação manter o sigilo prazo de 6 meses.

Liberdade de expressão: Art. 220, §2º, CF: é vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e
artística.

Responsabilidade por danos decorrentes gerados decorrentes de conteúdos gerados por terceiros:
Art. 18 Marco da Internet – O provedor de conexão à internet não será responsabilizado civilmente por
danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros.

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Violência, agressão, ofensas etc.

Art. 19 e §1º – Com o intuito de assegurar a liberdade, somente poderá ser responsabilizado civilmente
quando houver uma ordem judicial específica, por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros, serviços e
dentro do prazo assinalado, tornar indisponível o conteúdo como infringir, ressalvando as disposições legais em
contrário, sob pena de nulidade.

Art. 20 – Deve haver o contraditório para que ocorra o disposto no art. 19.

Art. 21 – Vingança pornográfica, fotos e vídeos íntimos, conteúdo sexual não será necessária a autorização
judicial, somente notificação pelo participante ou seu representante legal, no limite de seus limites técnicos e seus
serviços.

LGPD 13.709/18:
Dado pessoal é informações relacionadas a pessoa natural identificada ou identificável.

Dados pessoal sensível: dados pessoais sobre origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política,
filiação políticas, doenças.

Art. 11: O tratamento de dados pessoais sensíveis, quando o titular autoriza para a finalidade específica, o provedor
deve destacar com clareza qual será o tratamento de dados.

Princípio da finalidade:
Quem adquire tem que realizar o tratamento, a finalidade que motivou e justificou sua coleta, ou seja,
quem informa os dados, tem o direito de saber previamente e em detalhes o que será feito com as informações.

Princípio da Adequação:
Provedor só poderá utilizar os dados para aquela finalidade.

Necessidade:
Limitação do tratamento ao mínimo necessário para a realização de suas finalidades, com abrangência dos
dados pertinentes.

Livre acesso:
Garantia aos titulares, de consulta facilitada e gratuita sobre a forma e a duração do tratamento, o que tem
de dados armazenados.

Consentimento:
Manifestação livre, informada e inequívoca pela qual o titular concorda com o tratamento de seus dados.

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