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Delfina José Nharre

Educação como prática de liberdade em Paulo Freire:

-principio de superação da pedagogia tradicional em Moçambique

Curso de Licenciatura em Ensino de Filosofia com Habilitações em Ética

Universidade Rovuma
Cabo Delgado
2023
1I

Delfina José Nharre

Educação como prática de liberdade em Paulo Freire:

-principio de superação da pedagogia tradicional em Moçambique

Projecto a ser entregue ao Departamento de


Letras e Ciências Sociais para fins de
elaboração da Monografia Científica.

Supervisora: Estefânia Frederico Joaquim

Universidade Rovuma
Cabo Delgado
2023
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II

Índice
Introdução...................................................................................................................................3

1. Tema: educação como prática de liberdade em Paulo Freire: principio de superação da


pedagogia tradicional em Moçambique......................................................................................4

2. Delimitação da pesquisa.........................................................................................................4

3. Problemas de investigação......................................................................................................4

4. Justificativa.............................................................................................................................5

5. Objectivos...............................................................................................................................6

5.1. Objectivo Geral:...................................................................................................................6

5.2. Objectivos Específicos:........................................................................................................6

6. Tese e argumentos...................................................................................................................6

6.1. Argumento I: causas do défice epistemológico...................................................................6

6.2. Argumento II: a necessidade de novas metodologias de ensino..........................................7

6.3. Argumento III: a educação libertadora como paradigma de superação da pedagogia


tradicional .................................................................................................................................7

6.4. Argumento IV: a reformulação das políticas de ensino.......................................................7

7. Fundamentação teórica...........................................................................................................8

8. Metodologia............................................................................................................................7

9. Estrutura da monográfica......................................................................................................12

Referências bibliográficas.........................................................................................................14
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Introdução

O presente trabalho é um projecto de pesquisa para monografia, do curso de filosofia da


Universidade Rovuma. Tem como tema: educação como prática de liberdade em Paulo Freire:
princípio de superação da pedagogia tradicional em Moçambique.

Paulo Freire nasceu em Recife, Pernambuco no ano de 1921 e faleceu em 1997, foi um
educador brasileiro, criador de um método inovador para alfabetização de adultos. Ao mesmo
tempo que alfabetizava trazia um exercício de cidadania por meio de debates. O autor procura
orientar educador a conscientizar e capacitar a população, de modo que ela não seja
facilmente manipulada. Isto é, que desenvolva a consciência crítica.

O objectivo da pesquisa é de procurar soluções a partir do pensamento de Freire sobre a


educação libertadora, no sentido de melhorar a prática educativa no contexto moçambicano. 0
Moçambique ainda se encontra sob a influência dos antigos sistemas de ensino, a educação
bancária, daí que se mostra imprescindível a contribuição de Freire para superar o alto índice
de alfabetização, através da centralidade do ensino no aluno e a democratização do ensino.

Quanto a estrutura, o projecto está organizado da seguinte maneira: tema, delimitação da


pesquisa, problemas de investigação, justificativa, objectivos, tese, argumentos, revisão
teórica e fundamentação teórica.
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1. Tema: educação como prática de liberdade em Paulo Freire: princípio de superação da


pedagogia tradicional em Moçambique

2. Delimitação da pesquisa

A pesquisa que se pretende levar a cabo encontra-se na área de filosofia da educação e será
circunscrita com base no pensamento do filósofo brasileiro Paulo Freire, sobre a necessidade
de uma educação como prática de liberdade, em prol da superação da pedagogia tradicional
ainda vigente em Moçambique.

Paulo Freire é um filósofo da actualidade que tem reflectido sobre a situação actual da
educação, que se encontra mergulhada em uma situação em que precisa combater o
analfabetismo, uma posição daqueles que aprendem de forma passiva, e não conseguem
compreender o horizonte das suas capacidades intelectuais. Freire vê como o objectivo maior
da educação, conscientizar o aluno, isso significa, em relação as parcelas desfavorecidas da
sociedade, leva-las a entender sua situação de oprimidas e agir em favor da sua libertação.
Pretende-se contextualizar a pesquisa em uma perspectiva Moçambicana, visto que os
problemas descritos por Freire são semelhantes a nossa realidade de oprimidos.

Como se pode facilmente deduzir, sob ponto de vista disciplinar, o tema enquadra-se na
cadeira de Filosofia da educação.

3. Problemas de investigação

O estudo sobre o desenvolvimento histórico da educação começa com as formas de educação


tradicional, cada sociedade, independentemente do nível de desenvolvimento teve as suas
formas de educação tradicional, maior parte dessas sociedades conseguiram modernizar o
nível de educação para responder as necessidades pelas quais tiveram ao longo dos tempos.

Moçambique sempre caracterizou-se pela fraca qualidade de ensino, devido a era colonial,
onde o ensino não abrangia de forma significativa ao povo Moçambicano, sendo que o povo
simplesmente aprendia o que era a vontade do colonizador. Isso contribuiu para que até os
dias de hoje, a educação tradicional bancaria esteja presente na consciência dos que viveram
naquelas épocas, influenciando directa ou indirectamente na maneira de pensar da geração
actual. Partindo do pressuposto que outros países conseguiram desenvolver o seu sistema de
ensino colocando o educando no centro desse processo para a sua conscientização e colheram
resultados positivos, evidenciando que este é uma desafio que Moçambique pretende alcançar,
a questão que se coloca é a seguinte:
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Até que ponto, a educação libertadora em Paulo Freire pode constituir um princípio de
superação da pedagogia tradicional em Moçambique?

4. Justificativa

Para esta pesquisa, as razões são de duas ordens, pratica e teórica.

Com efeito, no âmbito prático, a Investigadora se questiona o facto de que Moçambique,


sendo um país com diversas potencialidades culturais, minerais, que precisam ser exploradas
sob ponto de vista de pesquisa local, se mantem dependente de outros países para desenvolver
literaturas nacionais, descobertas e exploração de recursos minerais e florestais são realizadas
por instituições internacionais, evidenciando a incapacidade do sistema nacional de ensino em
responder a essas necessidades porque ainda estamos vivenciando um sistema de ensino
tradicional, em que não há modernização do ensino rumo ao progresso.

No âmbito teórico a investigadora, ao longo da sua formação, realizou trabalhos de pesquisa


no âmbito da cadeira de filosofia da educação, que foram amadurecendo o seu interesse nesta
área da filosofia, Dentre as pesquisas, as que mais chamaram atenção foram as de Pestalozzi,
que cativava a todos para a causa de uma educação capaz de atingir o povo, num tempo em
que o ensino era privilégio exclusivo. Foi finalmente a leitura da obra pedagogia do oprimido
de Paulo Freire que se acharam um leque de perspectivas e soluções para ultrapassar o
problema da educação tradicional rumo a educação libertadora.

Nota-se também a importância de investigar sobre a situação actual da educação, a


necessidade de actualizar o currículo de ensino e centrar o ensino no educando, para que os
alunos possam explorar as suas capacidades intelectuais e habilidades praticas que se
encontram submersas na mente dos homens moçambicanos.

Tanto o âmbito teórico envolve o âmbito académico, que se caracteriza pela necessidade de
expandir o conhecimento que existe sobre essa área de pesquisa, para servir de base para as
futuras pesquisas.
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5. Objectivos

5.1. Objectivo Geral:

 Compreender a educação como prática de liberdade e como um principio para


superação da pedagogia tradicional em Moçambique;

5.2. Objectivos Específicos:

 Apresentar a biografia, influências, obras de Paulo freire;


 Propor o pensamento pedagógico de Paulo freire, como caminho para a
democratização e conscientização da educação;
 Confrontar o pensamento de Paulo freire com os seus críticos;

6. Tese e argumentos

A educação para a liberdade só será possível mediante a implementação do método de


alfabetização e democratização do ensino.

6.1. Argumento I: causas do défice epistemológico

Diante de qualquer problema, a pergunta que se coloca é a seguinte: qual é a sua causa? O que
provocou? Para a dificuldade em superar a educação tradicional, as causas podem ser:
internas e externas.

As causas internas envolvem a mentalidade supersticiosa de povo moçambicano, movido pelo


excessivo apego a tradição e pelo medo da mudança rumo ao progresso, o apego a ideia de
que o mais velho fala e os mais novos simplesmente escutam e não tem nada a dizer se não
aprender com os mais velhos, esses pensamentos são cultivados como valores não apenas
morais, mas são levados ao nível do conhecimento, em que o professor também cresce com a
superstição de que tudo sabe, enquanto o aluno é consumido pelo ódio, fazendo crescer a sua
passividade diante do processo de aprendizagem.

As causas externas envolvem e reflectem a ordem do mundo ocidental em que Moçambique


ficou refém: a escravatura, a colonização e globalização. É um facto que os colonizadores
incutiram no seio dos moçambicanos, a ideia de que são inferiores em relação os portugueses,
o moçambicano cresce então com a mentalidade de que é incapaz de pensar por si, e isso se
reflecte até hoje, ao adequar a sistema de ensino consoante a agenda ocidental, numa altura
que o povo ainda vive das amaras do analfabetismo e sente a necessidade de saber para depois
fazer.
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6.2. Argumento II: a necessidade de novas metodologias de ensino

Conhecendo as causas que dificultam a superação do método tradicional de ensino em


Moçambique, se torna necessário procurar novas formas ou métodos de ensino capazes de
superar o problema, portanto a proposta de Freire se torna necessário para ultrapassar a
dificuldade em questão, isso porque permite educar para a liberdade, autonomia e
desenvolvimento do espírito crítico e reflexivo do educando.

6.3. Argumento III: a educação libertadora como paradigma de superação da pedagogia


tradicional

Todo o sonho sempre é alimentado por uma utopia, porque é a partir da utopia que
materializamos aquilo que nos parece possível e alcançável, daí que a implementação de uma
educação democrática rumo a liberdade de pensar do educando, deve ser visto como um
sonho possível de materializa-lo. Devemos criar em nós a crença de que a emancipação do
cidadão moçambicano a nível do conhecimento é alcançável.

6.4. Argumento IV: a reformulação das políticas de ensino

Visto que existe a necessidade de orientar-se por uma ambição para superar este problema do
analfabetismo e do défice epistemológico em nosso contexto social moçambicano, essa
ambição só será possível mediante alguns desafios: reformulação das políticas de ensino
(reformulação do plano curricular, democratização do ensino, implementação do método de
alfabetização).

7. Fundamentação teórica

O pensamento de Freire sobre a educação como prática da liberdade constitui um paradigma


para escapar do estado de opressão que o individuo analfabeto se encontra, com isso o
oprimido precisa ir em busca da sua liberdade e autonomia de pensamento.

Três obras são essenciais para entender o contexto do pensamento de Freire "pedagogia do
oprimido", "pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido" e a obra
"educação como prática da liberdade". Os conceitos chaves do pensamento freiriano são os
de, educação bancária, educação dialógica e libertadora; e a democratização do ensino.

Na obra pedagogia do oprimido Freire enfatiza o conceito de educação bancaria, que se refere
a uma prática de ensino que reproduz a sociedade opressora, em que o educador se coloca em
posição superior, de dono do saber, um saber que se transfere, deposita nos educandos.
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"Na medida em que esta visão “bancária” anula o poder criador dos educandos ou o
minimiza, estimulando sua ingenuidade e não sua criticidade, satisfaz aos interesses
dos opressores: para estes, o fundamental não é o desnudamento do mundo, a sua
transformação" (Freire, 2020, p. 83).

Aos educandos, os recipientes, não resta outra coisa a não ser arquivar os depósitos,
memorizá-los, sem qualquer possibilidade de pensar autenticamente e de criar. Só lhes resta
se adaptar.

A educação tradicional, chamada de educação bancaria, é opressiva e não permite que os


educandos se desenvolvam de maneira crítica e reflexiva.

É importante destacar que nem todos os educadores que praticam a educação bancária sabem
que estão a seu serviço, já que também são fruto dessa mesma concepção de educação.

Ao transcorrer da obra pedagogia do oprimido, Freire propõe uma educação dialógica e


libertadora em que segundo Dantas, (2020) "É no diálogo que os seres humanos se encontram
e se reconhecem seres humanos". É no diálogo que conquistam o mundo e se libertam a si
mesmos e uns aos outros. Assim, sendo o diálogo uma actividade tipicamente humana,
nenhum ser humano é o dono da palavra, da mesma forma que nenhum ser humano pode ser
proibido de pronunciá-la.

Esse tipo de prática educativa se fundamenta em uma relação horizontal entre educador e
educandos, superando a contradição entre os dois. Nesse contexto, educadores e educandos,
por meio do diálogo e em comunhão, se tornam educadores-educandos e educandos-
educadores, mediados pelo mundo.

"[…] o educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em
diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa […]" (Freire, 2020, p. 96).

Não se trata, porém, de excluir a autoridade do educador, mas de reconhecer que o verdadeiro
acto educativo, que não sirva à alienação e sim à libertação, não pode ser feito com base na
transferência de conhecimentos. A educação libertadora se funda no diálogo e na prática
reflexiva e transformadora.

A pedagogia da esperança é uma continuação da obra pedagogia do oprimido, após Freire


semear as bases de uma nova forma de educação capaz de superar a tradicional, a esperança, é
ressaltada por Freire, como um elo entre os sonhos e a realidade.
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Freire retoma a questão do diálogo, como forma de superar os traumas vividos na pedagogia
do oprimido:

O diálogo entre professoras ou professores e alunos ou alunas não os torna iguais, mas
marca a posição democrática entre eles ou elas. Os professores não são iguais aos
alunos por n razões, entre elas porque a diferença entre eles os faz ser como estão
sendo. Se fossem iguais, um se converteria no outro. O diálogo tem significação
precisamente porque os sujeitos dialógicos não apenas conservam sua identidade, mas
a defendem e assim crescem um com o outro. O diálogo, por isso mesmo, não nivela,
não reduz um ao outro. Nem é favor que um faz ao outro. Nem é tática manhosa
envolvente, que um usa para confundir o outro. Implica, ao contrário, um respeito
fundamental dos sujeitos nele engajados, que o autoritarismo rompe ou não permite
que se constitua. (Freire, 1997, citado por Sousa, 2021).

E é por isso que Freire enfatiza que a figura do professor é mais do que um simples professor,
ele é um alfabetizador e acima de tudo um educador.

Partindo de um princípio de que o educando trás consigo a “experiência feito”, que segundo o
autor é um conhecimento já adquirido da pessoa, é fundamental o educador estabelecer uma
troca dessas experiências. Mas que não seja uma estagnação nessa primeira etapa, que através
dessa abordagem a discussão cresça por meio de uma elaboração de conhecimento conjunto.
Dai que o autor afirma que:

“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo; os homens educam-se entre si,
mediados pelo mundo” (Freire,1992 citado por Resenha 2012).

Mediante alguns aspectos da Pedagogia do Oprimido, que norteiam a Pedagogia da


Esperança, tais como alfabetização para vida, luta de classes, educação crítica, leitura de
mundo, linguagem no processo de mudança, percebe-se que a esperança, motivo dessa obra, é
a mesma que o autor possuía ao escrever a Pedagogia do Oprimido, a necessidade de centrar a
educação no oprimido, o educando.

Na obra educação como prática de liberdade, sua principal linha de pensamento é a concepção
de uma educação democrática, que se baseia na importância do diálogo.

Por isso o sucesso na proposta pedagógica de Freire, uma educação voltada para uma
conscientização, democracia e diálogo. “[...] a dialogação implica na responsabilidade social e
política do homem. Implica num mínimo de consciência transitiva, que não se desenvolve nas
condições oferecidas pelo grande domínio.” (Freire, 1976, p. 70).

Entretanto, o que caracterizou este período, foi o mutismo do homem, a sua não participação
na solução dos problemas comuns.
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Isto se deve ao tipo de colonização que tivemos, a exploração económica, a submissão


ao seu senhor, ao proprietário das terras. Que decorria de acomodação, ajustamento e
não integração, uma sociedade fechada. Freire destaca “poder exacerbado a que foi se
associando sempre submissão. Submissão de que decorria, em consequência,
ajustamento, acomodação e não integração. (Freire, 1967, p. 74).

Em que a acomodação exige uma dose mínima de criticidade. A integração, pelo contrário,
exige um máximo de razão e consciência. É o comportamento característico dos regimes
flexivelmente democráticos. O problema do ajustamento e da acomodação se vincula ao do
mutismo, o homem não dialoga. Esta foi a característica de toda a nossa vida colonial, o
homem sempre foi esmagado pelo poder dos senhores das terras, nunca teve a sua
organização na vida comum.

No terceiro capítulo “Educação versus Massificação”, Paulo Freire busca respostas à luz de
uma pedagogia que pudesse auxiliar a sociedade brasileira a construir sua democracia. Para
tanto, era necessária uma educação que desenvolvesse a criticidade.

De acordo com Freire (1967):

Estávamos convencidos, e estamos, de que a contribuição a ser trazida pelo educador


brasileiro à sua sociedade em “partejamento”, ao lado dos economistas, dos
sociólogos, como de todos os especialistas voltados para a melhoria dos seus padrões,
haveria de ser a de uma educação crítica e criticizadora. De uma educação que tentasse
a passagem da transitividade ingénua à transitividade crítica, somente como
poderíamos, ampliando e alargando a capacidade de captar os desafios do tempo,
colocar o homem brasileiro em condições de resistir aos poderes da emocionalidade da
própria transição. Armá-lo contra a força dos irracionalismos, de que era presa fácil,
na emersão que fazia, em posição transitivante ingénua. (pp.85-86).

Dessa forma, teria que ser uma educação ousada que transformasse a postura do sujeito no
enfrentamento de problemas, apoiando no debate para a tomada de consciência. Uma
educação que se apartasse de modelos importados, do elitismo, da memorização de conceitos,
promovendo a criatividade e o pensamento crítico. Uma educação não mais arbitrativa,
antidemocrática, mas sim democrática que apoiasse no diálogo como forma de construção do
conhecimento e além de tudo que levasse em conta as discussões dos problemas económicos e
da realidade social brasileira. Para Freire, (1967):

Cada vez mais nos convencemos, aliás, de se encontrarem na nossa inexperiência


democrática, as raízes deste nosso gosto da palavra oca. Do verbo. Da ênfase nos
discursos. Do torneio da frase. É que toda esta manifestação oratória, quase sempre
também sem profundidade, revela, antes de tudo, uma atitude mental. Revela ausência
de permeabilidade característica da consciência crítica. E é precisamente a criticidade
a nota fundamental da mentalidade democrática. (p. 95).
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Para Freire só seria possível formar uma mentalidade democrática por meio de um novo
modelo educacional que consentisse ao homem aquisição de autonomia no debate dos
problemas sociais. Era necessário desenvolver um pensamento democrático, pois à medida
que iam surgindo novas influências, o país dirigia para uma ascensão de pensamento popular.
Diante das influências da televisão, do rádio que acentuavam as percepções populares era
necessário promover uma conscientização por meio da educação.

No último capítulo do livro: “Educação e Conscientização”, Paulo Freire apresenta um


resumo do que foi o método de educação popular que visava atender a uma formação de
qualidade para a educação, o autor criticou a escola brasileira existente, propondo um método
diferente de ensinar, os círculos de cultura o qual afastava qualquer hipótese de uma
alfabetização puramente mecânica.

Estávamos, assim, tentando uma educação que nos parecia a de que precisávamos.
Identificada com as condições de nossa realidade. Realmente instrumental, porque
integrada ao nosso tempo e ao nosso espaço e levando o homem a reflectir sobre sua
ontológica vocação de ser sujeito. E se já pensávamos em método activo que fosse
capaz de criticizar o homem através do debate de situações desafiadoras, postas diante
do grupo, estas situações teriam de ser existenciais para os grupos. Fora disso,
estaríamos repetindo os erros de uma educação alienada, por isso instrumental. (Freire,
1967, p.106).

Assim sendo, o método da educação popular colocou a alfabetização do homem brasileiro,


em posição de tomada de consciência, na emersão que fizera no processo de nossa realidade.
Um trabalho que promoveu a ingenuidade em criticidade, ao mesmo tempo em que ocorria a
alfabetização.

8. Metodologia

A presente pesquisa será bibliográfica, pois, basear-se-á em manuais escritos e publicados do


autor em causa. Contará também da leitura dos comentaristas e seus críticos. Tratar-se-á duma
recolha de dados ou informações em diversas literaturas filosóficas espalhadas em várias
fontes Bibliográficas, para além da Internet.

Dois métodos serão amplamente essenciais para esta pesquisa: o método dialéctico e
fenomenológico; visto que segundo (Lakatos & Marconi, 1993 citados por Silva, 2002, p. 27)
“o dialéctico é um método de interpretação dinâmica e totalizante da realidade. Considera que
os fatos não podem ser considerados fora de um contexto social, político, económico”, as
contradições na analise dos factos, permitem a busca por novas soluções.
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E o método fenomenológico que segundo (Gil, 1999, citado por Silva, 2002, p. 27).
“preocupa-se com a descrição directa da experiência tal como ela é. A realidade é construída
socialmente e entendida como o compreendido, o interpretado, o comunicado. Então, a
realidade não é única: existem tantas quantas forem as suas interpretações e comunicações”.

9. Estrutura da monográfica

A monografia que pretendesse ser elaborada, obedecera a seguinte estrutura:

Capitulo I: Abordagem bibliográfica de Paulo Freire

1.1. Vida familiar e académica de Paulo Freire


1.2. Influências
1.3. Obras

Capitulo II: Educação como prática da liberdade em Paulo Freire

2.1. Conceitos básicos:

2.1.1. Educação

2.1.2. Diálogo

2.1.3. Liberdade

2.2. Pedagogia tradicional

2.3. Educação bancária

2.4. Diferença entre pedagogia do oprimido e a educação dialógica e libertadora

2.5. Pedagogia da esperança

2.6. Educação enquanto prática de liberdade

2.7. Sociedade em transição

2.8. Sociedade fechada e inexistência democrática

2.9. Educação versus massificação

2.10. Educação e conscientização

Capitulo III: Os críticos ao pensamento de Paulo Freire

3.1. Os prós-Freireanos

3.1.1. Lauro de Oliveira Lima

3.1.2. Moacir Gadotti


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3.2. Os Contra-Freireanos

3.2.1. Sandra Cavalcanti

3.2.2. Gabriel Tebaldi

3.3. Apreciação crítica a contribuição de Freire


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Referências bibliográficas

Dantas, E. (3 de Novembro de 2020). Resenha pedagogia do oprimido de Paulo Freire.


Histórias em mim. Disponível em:
https://www.historiasemmim.com.br/2020/11/03/resenha-pedagogia-do-oprimido/

Gadotti, M. (1987) Pensamento Pedagógico Brasileiro. São Paulo, Ática.

Freire, Paulo (1967). Educação como prática da liberdade. São Paulo: Paz e Terra.

___________(1987).Pedagogia do oprimido. 27ª ed. São Paulo: Paz e Terra.

___________ (1992). Pedagogia da Esperança: Um reencontro com a pedagogia do


oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Resenha do Livro: pedagogia da esperança (um reencontro com a pedagogia do oprimo).


Pedagogia ao pé da letra. 2012. Disponível em:
<http//pedagogiaaopedaletra.com/resenha-do-livo-pedagogia-da-esperanca/>. Acesso em:
19 de Abril de 2023.

Silva, Edna Lúcia. (2002). Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação/Edna Lúcia


da Silva, Estera Muszkat Menezes. – 3. ed. rev. atual. – Florianópolis: Laboratório de
Ensino a Distância da UFSC.

Sousa, Rui (1 de Novembro de 2001). Pedagogia da esperança revisitada. Revista espaço


académico (231): 258-272. ISSN 1519-6186. Consultado em 19 de Abril de 2023.

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