N1 – Deficiência Física e psicomotricidade: Fundamentos e Práticas Pedagógicas

Grace Costa da Silva de Castro

O case apresenta a situação do aluno JMS, com 10 anos de idade, matriculado

no 4º ano do ensino regular. Tendo sido diagnosticado com ataxia de Friedreich aos 6
anos de idade, recebe acompanhamento especializado com psicomotricista e terapeuta
ocupacional desde então. JMS apresenta dificuldades motoras características como
fraqueza muscular; comprometimento da marcha, da coordenação oculomotora, de
acuidade visual e auditivai. O menino faz uso de óculos. É importante observar que lesões
medulares degenerativas são irreversíveis, progressivas e trazem prejuízos para a rotina
do indivíduo.
Adaptações no espaço físico são condição para garantir segurança,
autonomia, inclusão, enfim, qualidade de vida no dia a dia dessas pessoas. Atualmente, a
acessibilidade nos espaços públicos e de uso comum e inclusão das pessoas portadoras de
deficiência é assegurada e regulamentada por várias leis.ii
Para que JMS possa ter suas necessidades atendidas e garantidas as
possibilidades de aprendizagem, autonomia e interação social, os ambientes escolares
deverão ser organizados e equipados por meio de adaptações arquitetônicas que garantam
acessibilidadeiii incluindo instalação de rampas, corrimões, portas e corredores largos para
deslocamento com cadeira de rodas ou andadores e muletas, que eventualmente, auxiliam
na mobilidade. Caso seja necessário, lançar mão de outros tipos de ferramentas, como:
mobiliário adaptado com cadeira e mesa de trabalho que permitam postura confortável e
equilíbrio, apoio para os pés e segurança, além de tecnologias assistivas que possam
auxiliar na aprendizagem, tais como: teclados de computador multifuncional
(substituindo o teclado e mouse tradicionais) para facilitar escrita e a acuidade visual;
comunicação aumentativa e/ou alternativa e sistemas de controle de ambiente.
No ensino fundamental I (1º ao 5º ano) são desenvolvidas habilidades
relativas à comunicação oral e ao sistema da escrita alfabética, signos matemáticos,
registros artísticos, midiáticos e científicos, além de formas de representação espacial e
temporal. Nesta fase, as crianças adquirem autonomia intelectual, compreensão de
normas e valores sociais, desenvolvendo com mais clareza noções de cidadania. iv
Importante destacar que crianças portadoras de deficiências físicas podem ter afetadas as
áreas de cognição, bem como áreas afetivas, além das motoras. Com a idade de 10 anos
JMS deveria cursar o 5º ano do Ensino Fundamental. Neste caso, já existe uma pequena
defasagem série / idade. O apoio de profissional especialista em psicomotricidadev dará
o suporte à JMS na rotina escolar para desenvolver atividades que possibilitem seu
desenvolvimento integral, aprimorem o aspecto intelectual de JMS, resolvendo e
prevenindo situações que podem interferir na sua vida escolar.
A partir das considerações acima, compreendemos que educação inclusiva
requer adaptações para além do espaço físico da escola, o plano de trabalho precisa levar
em consideração fatores e aspectos sociais, culturais, de cognição a fim de oferecer para
o portador de deficiência física, de modo igualitário, suporte para as demandas afetivas,
desenvolvimento de habilidades e identificação de potencialidades cognitivas. Neste
caso, com estratégia pedagógica planejada com auxílio do psicopedagogo serão
estabelecidas as condições de interação e de aprendizagem para garantir o acesso de JMS
à instrução, possibilitar sua interação, autonomia e senso de cidadania.

i
https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cpd/arquivos/nota-
informativa-sas-ataxia-de-friedreich-1/view
ii
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2013.146-2015
iii
Lei 10.098 (Brasil, 2000). Roteiro de Estudos.
iv
http://portal.mec.gov.br/expansao-da-rede-federal/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-
2007048997/12624-ensino-fundamental-publicacoes; Constituição Federal de 1988 – Educação Especial
– pdf; Lei nº 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBN; Lei nº 9394/96 – LDBN
– Educação Especial – txt | pdf; Lei nº 8069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente – Educação Especial
– txt | pdf; Lei nº 10.098/94 – Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da
acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências;
Lei nº 7.853/89 – CORDE – Apoio às pessoas portadoras de deficiência – txt | pdf
; Decreto Nº 186/08 – Aprova o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de
seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007; Decreto nº 6.949 –
Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo
Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007; Decreto Nº 6.094/07 – Dispõe sobre a
implementação do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação; Decreto Nº 6.215/07 – Institui o
Comitê Gestor de Políticas de Inclusão das Pessoas com Deficiência – CGPD; Decreto Nº 6.214/07 –
Regulamenta o benefício de prestação continuada da assistência social devido à pessoa com deficiência
; Decreto nº 2.208/97 – Regulamenta Lei 9.394 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional;
Decreto nº 3.298/99 – Regulamenta a Lei no 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política
Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção, e dá outras
providências; Decreto nº 914/93 – Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência;
Decreto nº 3.952/01 – Conselho Nacional de Combate à Discriminação; Decreto nº 5.296/04 –
Regulamenta as Leis n° 10.048 e 10.098 com ênfase na Promoção de Acessibilidade; Decreto nº 3.956/01 –
(Convenção da Guatemala) Promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas
de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência;
v
Decreto Nº 6.571/08 – Dispõe sobre o atendimento educacional especializado;