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ANÁLISE LITERÁRIA - VIDAS SECAS.

A obra ''Vidas Secas'' retrata a vida difícil de uma família de retirantes no sertão nordestino
durante a seca dos anos 1930. A obra reflete a pobreza, opressão e privação enfrentadas
pelos habitantes da região, destacando a escassez de recursos, a desigualdade social, a
exploração, a falta de perspectivas e a influência da religiosidade. Graciliano Ramos
apresenta um retrato crítico e realista do sertão, denunciando as injustiças e defendendo a
necessidade de transformações sociais e políticas para uma vida mais digna e justa.

O autor descreve o sertão como o período de purgatório no qual os personagens em


questão estão subjugados ao sofrer, tendo em vista que a vida dos mesmos são tratados
como condenados às intempéries da seca. Graciliano também descreve o sertão sob a
percepção de Fabiano como um fardo que o protagonista tem que carregar, mostrando na
fala do mesmo para Seu Tomás da Bolandeira em seus ponderamentos, que aquele
conhecimento em que ele tanto se dedicava de nada serviria quando a seca chegasse.

O personagem principal é relatado como um personagem ignorante e sem escolaridade, por


isso em situações quando o mesmo era confrontado, não detinha a desenvoltura de se
defender diante da situação. Além da imagem construída de um indivíduo duro e rígido,
sobretudo com seus filhos, é marcado pela luta diária pela sobrevivência, enfrentando a
fome, a seca e a exploração. Já a esposa de Fabiano, Sinhá Vitória é apresentada e
destacada pelo modo o qual encara as adversidades da sua vida, criando-se a figura de
uma mulher aguerrida, corajosa e determinada. Retratada por seu letramento, habilidade
essa que garantiria a manutenção da sua família. O filho mais novo de Fabiano e Sinhá
Vitória é apresentado como uma criança frágil e vulnerável ao longo do enredo, sofredor
das consequências da pobreza e da falta de acesso às condições basilares. Congruente a
quaisquer crianças da mesma faixa etária, o garoto é dotado da curiosidade e inocência,
características que explicam a esperança dele em cessar aquelas hostilidades e
dificuldades que os cercam. E a Baleia, a cadela da família, desempenha um papel
fundamental na obra, representando a lealdade e a sobrevivência. Ela é retratada como
uma figura companheira e protetora, que permanece ao lado da família mesmo diante das
adversidades. Sua fidelidade e apego demonstram a importância das relações afetivas e do
apoio mútuo para enfrentar as dificuldades da vida no contexto da obra.

Tratando-se da presença da cachorra Baleia, manifesta-se como uma figura de lealdade e


companhia para a família, vinculando os personagens com a natureza hostil do sertão
nordestino. Caracterizada pela fidelidade à família, trazendo momentos de afeto e alívio em
meio à dureza da vida no sertão. Trata-se de uma personagem que desperta empatia no
leitor, pois, assim como os demais membros da família, sofre as consequências da pobreza,
da fome e da seca. A cadela depende da caça e da busca por alimento para se sustentar,
assim como os outros personagens dependem das poucas oportunidades oferecidas,
contribuindo para a construção de um retrato realista e sensível e denotando as conexões
que permeiam a coexistência dos personagens abordados.

E por fim, em relação ao contexto sociocultural do sertão nordestino no período da seca dos
anos 1930. As relações de poder e hierarquia presentes na sociedade sertaneja, onde as
pessoas mais vulneráveis são subjugadas e humilhadas. A falta de perspectivas de
melhoria e a sensação de impotência permeiam a vida dos personagens, que se veem
presos em um ciclo de pobreza e desesperança. Além da influência da religiosidade e das
superstições no cotidiano, isto é, a busca nas crenças religiosas para com uma forma de
suportar as adversidades e encontrar alguma esperança em meio à dura realidade.

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