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FACULDADES INTEGRADAS DO EXTREMO SUL DA BAHIA

ITALO DO CARMO
JOSELITA LIMA
UALLACE SANTOS

TRABALHO ARGUMENTATIVO: A IRA DE UM ANJO

EUNÁPOLIS, BA
2019
ITALO DO CARMO
JOSELITA LIMA
UALLACE SANTOS

TRABALHO ARGUMENTATIVO: A IRA DE UM ANJO

Trabalho acadêmico apresentado à


disciplina de Psicologia do curso de
Enfermagem, das Faculdades
Integradas do Extremo Sul da Bahia,
sob a orientação do professor Alison
Souza.

EUNÁPOLIS, BA
2019
SUMÁRIO

1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO FILME...............................................................
03
2 EMBASAMENTO TÉORICO.......................................................................... 0
3 ANÁLISE E CORRELAÇÃO ENTRE O FILME E TEORIA...........................
4 CONCLUSÃO..............................................................................................
5 REFERÊNCIAS...........................................................................................
1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO FILME

O filme caracterizado como drama, conta uma história verídica de uma garota
chama Beth Thomas de apenas sete anos, que foi violentada pelo próprio pai e
negligenciada pela mãe, que ao ser internada com quadro de pneumonia se
negava a obter o tratamento necessário, ocasionando assim, o seu óbito.

A história é contada tanto em formato de filme como em documentário e em


ambos existem alguns momentos que são intragáveis e em outros momentos
você se choca com a perversidade de uma criança de apenas sete anos. Beth,
no filme, possui o nome de Catherine, uma menina que já mostra desde nova
um desvio de conduta, com a forma de manipulação dos adultos ao redor e
como ela consegue influenciar e maltratar o irmão e os animais.

Catherine e seu irmão Erik são adotas por um casal, que ao decorrer do tempo
vai percebendo a personalidade sombria da menina, mesmo achando que era
apenas devido a sua nova casa e adaptação a nova família, porém, a menina
continuava da mesma forma. Após algumas situações de agressividade, mal
tratos com o irmão e com o cachorro da casa, os pais adotivos decidem
procurar ajuda a partir da assistente social, com o intuito de entender o porque
das atitudes de Cath.

Contudo, a assistente alega não poder expor detalhes da vida das crianças e
nem mesmo da sua família biológica e também do porque as crianças terem
passados por tantos pais adotivos sem sucesso. Após o apelo dos pais, a
assistente relata o passado das crianças.

Dando assim início pra uma dura e longa jornada para a nova família enfrentar.
Durante a narrativa, Catherine mostra a todo tempo seu conflito com o irmão e
posteriormente com o pai adotivo. Ela demonstra um comportamento cruel,
sem remorsos.
A garota é apresentada a família e conhecidos, e da mesma forma com os
pais, a criança começa a mostra um lado não comum entre as crianças. Há
uma cena em que a menina senta no colo do próprio avô e chega a dizer para
ele que ele pode fazer o que quiser com ela, pois ela é muito “quente”,
referencia usada pelo pai biológico quando a violentava.

Após esta ocorrência, os pais voltam a conversar com a assistente, que desta
vez, decide explanar sobre a existência de uma irmã mais velha, fazendo com
que a mãe a procure para conversar sobre a menina. Chegando lá, depois de
pagar, a garota decide contar que Cath sofria abuso do pai ainda quando era
um bebê. O que levou aos pais à um novo direcionamento para cuidar das
crianças.

Em um momento do filme, a menina chega a empurrar o irmão da escada e


após isso, começa a bater a sua cabeça contra o chão até seus pais chegam
para socorrer o garoto que já estava sangrando. São diversas as cenas as
quais Catherine demonstra agressividade, principalmente contra a figura
masculina, evidenciando o comportamento paranoide persecutório, ao querer
matar o pai e todos os meninos, não demonstrando nenhum tipo de afetividade
por qualquer outro ser vivo. Essa característica fria e premeditada é um dos
sintomas de uma criança com desvio de conduta.

Os pais optam então por entender e ajudar Catherine a curar ou melhorar do


seu comportamento, indo em busca de tratamento com a terapeuta. Em uma
das conversas com a terapeuta, a garota conta tudo que já fez e fala sobre a
vontade de matar os pais esfaqueados enquanto dormiam.

A terapeuta então chama os pais e conversa sobre as sessões com a criança e


o relato da mesmo sobre mata-los, deixando horrorizados por saber que a filha
tem o desejo de mata-los. Dai então, começam a fazer várias sessões para ver
ate onde a raiva da garota pode ir e como vai ser o melhor jeito para trata-la.
2 EMBASAMENTO TEÓRICO

2.1 TRANSTORNO DO APEGO REATIVO

2.1.1 Definições e características

Com início antes dos cinco anos de idade, a característica essencial do


Transtorno de Apego Reativo é uma ligação social acentuadamente
perturbada e inadequada ao nível de desenvolvimento na maioria dos
contextos e associada ao recebimento de cuidados amplamente patológicos.
Tem caráter raro em comparação a outras patologias (BALDAÇARA, 2015).

Existem duas formas da patologia se apresentar: tipo inibido e desinibido. No


primeiro a criança fracassa em iniciar ou responder à maior parte das
interações sociais de uma forma adequada a seu nível de desenvolvimento. A
criança demonstra um padrão de respostas inibidas, hipervigilantes ou
altamente ambivalentes. No tipo desinibido, existe um padrão de vinculações
difusas (MOLIN, 2018).

A perturbação não é explanada excepcionalmente por um atraso no


desenvolvimento (por ex., como no Retardo Mental) e não satisfaz os critérios
para um Transtorno Invasivo do Desenvolvimento. A criança evidencia uma
sociabilidade indiscriminada ou falta de seletividade na escolha das figuras de
vinculação (ARIANNE, 2013).

Por definição, esta condição está adjunta a cuidados vastamente patológicos


que podem surgir de forma negligenciada persistente em relação às
necessidades emocionais básicas da criança por conforto, estimulação e
afeto; negligencia persistente em relação as necessidades físicas básicas da
criança; ou mudanças recorrentes de quem cuida primariamente da criança,
impedindo a formação de vínculos estáveis. Os cuidados patológicos
supostamente respondem pela perturbação na interação social (ARIANNE,
2013)

2.1.1.1 Achados laboratoriais associados

O exame físico e condições medicas gerais associadas são os principais


achados. O exame físico pode documentar condições medicas associadas
como atraso de crescimento, evidencias de abuso físico que possivelmente
contribuem para as dificuldades em cuidar da criança ou que decorrem destas
dificuldades (ARIANNE, 2013).

2.1.1.2 Curso

O curso parece modificar, dependendo de fatores individuais na criança e em


seus responsáveis, da gravidade e da duração da privação psicossocial
associada, bem como da natureza da intervenção. O início do Transtorno de
Apego Reativo comumente se situa nos primeiros anos de vida e, por
definição, ocorre antes dos 5 anos de idade. Uma melhora considerável ou
remissão pode ocorrer com o oferecimento de um ambiente com apoio
apropriado. De outro modo, o transtorno segue um curso contínuo (SANTOS,
2016).

2.1.2 Critérios Diagnósticos para 313.89 Transtorno de Apego Reativo na


Infância

A. Ligação social acentuadamente perturbada e inadequada ao nível de


desenvolvimento na maioria dos contextos, iniciando antes dos 5 anos e
evidenciada por (1) ou (2): (1) fracasso persistente em iniciar ou responder de
maneira adequada ao nível de desenvolvimento à maior parte das interações
sociais, manifestado por respostas excessivamente inibidas, hipervigilantes
ou altamente ambivalentes e contraditórias (por ex., a criança pode responder
aos responsáveis por seus cuidados com um misto de aproximação, esquiva
e resistência ao conforto, ou pode apresentar uma vigilância fixa)(ONZI;
GOMES, 2015).

(2) vinculações difusas, manifestadas por sociabilidade indiscriminada, com


acentuada incapacidade de apresentar vinculações seletivas adequadas (por
ex., familiaridade excessiva com pessoas relativamente estranhas ou falta de
seletividade na escolha das figuras de vinculação) (ARIANNE, 2013).

B. A perturbação no critério A não é explicada unicamente por atraso no


desenvolvimento (como no Retardo Mental) e não satisfaz os critérios para
Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (MERCADANTE; GAAG;
SCHWARTZMAN, 2006).

C. Cuidados patogênicos, evidenciados por pelo menos um dos seguintes


critérios: (1) negligência persistente em relação às necessidades emocionais
básicas da criança por conforto, estimulação e afeto; (2) negligência
persistente quanto às necessidades físicas básicas da criança; (3) repetidas
mudanças de responsáveis primários, evitando a formação de vínculos
estáveis (por ex., mudanças frequentes de pais adotivos) (MERCADANTE;
GAAG; SCHWARTZMAN, 2006).

D. Existe uma suposição de que os cuidados no Critério C são responsáveis


pela perturbação comportamental no Critério A (por ex., as perturbações no
Critério A começaram após os cuidados patogênicos no Critério C).
Especificar tipo: tipo inibido o Critério A1 predomina na apresentação clínica;
tipo desinibido o Critério A2 predomina na apresentação clínica
(MERCADANTE; GAAG; SCHWARTZMAN, 2006).

Achados laboratoriais consistentes com desnutrição podem estar


presentes. Neste subtipo, a perturbação predominante na reatividade social é
o fracasso persistente em iniciar e responder à maioria das interações sociais
de um modo adequado ao nível de desenvolvimento (ARIANNE, 2013).
2.1.3 Etiologia

Uma criança com transtorno de apego reativo não pode ser curada
totalmente, mas algumas medidas podem ajudar a criança a se desenvolver e
vir a ser maduro e responsável. Há diversas causas que causam a este
transtorno de apego em crianças e se não forem tomadas medidas cautelosas
para impedi-lo, pode ocorrer complicações futuras. Quando um bebê é
ignorado e não recebe os cuidados adequados e nem atenção, desenvolve
uma antipatia para com os pais e cuidadores e futuramente conforme a
criança cresce, ele (a) pode achar que é difícil estabelecer relações de
confiança com as pessoas ao redor (COSTA; RIBEIRO, 2016).

A criança diagnosticada com transtorno de apego reativo não consegue


estabelecer um vínculo com os pais ou com o cuidador. Não há uma etiologia
concreta que cause essa desordem, mais há um conjunto de fatores que
levam a criança a desenvolver e que é modificado de caso para caso. A
infelicidade da mãe grávida durante a gravidez também pode desenvolver
essa doença em um bebê; o mais aceito é que o comportamento hostil de um
cuidador/ pais é a razão para o transtorno de apego reativo em crianças
(ARIANNE, 2013).

O comportamento hostil e ressentido dos pais ou cuidador reflete no


desenvolvimento cerebral da criança, e a mesma não se sente segura na
companhia dos pais, vivenciando a falta de apego. Se o cuidador não se
comporta bem, a criança tende a se restringir socialmente com consequente
dificuldade de se relacionar com as pessoas ao redor. Uma criança em um
orfanato também pode desenvolver um transtorno de apego reativo devido
não receber muitas vezes o amor e cuidado que receberia em um lar, além de
muitas vezes serem submetidas a um comportamento severo (ARIANNE,
2013).
Os sintomas do transtorno de apego reativo iniciam muito cedo, mesmo antes
da criança atingir cinco anos de idade. A criança também que carece de
atenção dos pais, no caso de houverem outros problemas na família; um filho
de pais com história de doenças mentais é também suscetível a desenvolver
esta desordem (COSTA; RIBEIRO, 2016).

Conforme Arianne (2013):

Esta perda de sentimentos por parte da criança/adulto resulta em


vergonha, raiva, falta de confiança, um medo mórbido de se apegar
alguém, uma incapacidade de compreender o pensamento de causa
e efeito e uma necessidade compulsiva de controlar todas as
situações. Os casos extremos são normalmente causados por
negligência crônica na infância, seguido por anos de instabilidade,
uma combinação muito comum para crianças que vivem em lares
adotivos.

Estas crianças, sem intervenção adequada, possuem poucas chances de


construírem relacionamentos significativos. Na assistência social, muitos vão
de orfanato para orfanato, e isso é devido a gravidade dos problemas de
comportamento da criança, porém, cada mudança agrava ainda mais a
condição. Crianças com Transtorno Reativo de Apego são mestres em rejeitar
os cuidadores e em destruir pontes (MACMILLAN, 2011).

Eles acabam sendo colocados como inadaptáveis e normalmente passam


suas infâncias inteiras em um sistema projetado para ser temporário, no caso,
o orfanato. O extremo deste distúrbio inclui crianças violentar, destrutivas,
perigosas e sociopatas (MACMILLAN, 2011).

O desenvolvimento cerebral em crianças negligenciadas é desigual das


crianças saudáveis. As experiências no início da vida têm um impacto
tremendamente importante no desenvolvimento do cérebro. No córtex
cerebral por exemplo, traumas ou falta de estimulação durante a infância
levam ao subdesenvolvimento dos neurotransmissores nessa região
(SANTOS, 2016).
Por conseguinte, o córtex cerebral é realmente menor em crianças abusadas
e negligenciadas do que em crianças saudáveis. Crianças traumatizadas
secretam quantidades anormalmente altas de hormônios de estresse, que
têm uma miríade de efeitos adversos a longo prazo. Devido a isso, a sua
etiologia não é somente física mais também neurológica (ARIANNE, 2013).

2.1.4 Os sintomas de Transtorno de apego reativo

Em bebês, os sinais e sintomas principais são: choro e evita qualquer


bajulação dos pais; o bebê nunca sorrir e esta sempre com um humor ruim;
normalmente os bebês reagem quando você os deixa sozinhos, mas bebês
com transtorno de apego reativo não mostram quaisquer sinais; o bebê evita
contato visual e não reage ou faz qualquer ruído quando as pessoas estão ao
redor (GIVIGI, 2018).

Os sintomas de Transtorno de apego reativo em crianças podem surgir acima


de 3 anos de idade e adultos com as seguintes apresentações: Essas
crianças evitam estranhos, e qualquer cuidado ou o amor vindo deles;
pessoas com esse transtorno são difíceis de lidar e muitas vezes se
comportam de forma agressiva. Há muitas vezes uma exibição de um
sentimento de raiva e ressentimento para com os outros; as pessoas com
este transtorno são observadores argutos, mas nunca participam de qualquer
discussão; eles sempre escondem suas emoções e nunca compartilham seus
sentimentos com os outros (GIVIGI, 2018).

Os sinais podem ser por vezes contraditório. O comportamento é classificado


em dois tipos: comportamento inibido e desinibido. No comportamento inibido,
a criança se isola do mundo social e se mantém longe de estranhos. No tipo
de desinibido, as crianças e adultos com este transtorno muitas vezes
procuram a atenção dos outros (GIVIGI, 2018).
2.1.5 Tratamentos para o Transtorno de Apego Reativo

Com o tratamento adequado, as crianças com transtorno de apego reativo


podem ser reabilitadas e se ajustarem dentro da família e sociedade. Obtendo
a intervenção por parte de um terapeuta qualificado juntamente com
cuidadores e pais dedicados, as crianças normalmente apresentam sinais de
melhora considerável em questão de meses (ARIANNE, 2013).

Segundo Arianne (2013):

No entanto, as tradicionais terapias cognitivas / comportamentais


são ineficazes no tratamento da doença, e em alguns aspectos
contraproducentes, assim como são os métodos típicos utilizados
pelos pais. Sem tratamento adequado, as crianças com apego
comprometido continuam a lutar contra as aproximações.

Devido ao diagnostico difícil e pouca informação sobre problemas


psicológicos, apenas uma pequena porcentagem das crianças que
necessitam de tratamento especializado para a doença está efetivamente
recebendo. Os cuidadores/pais carecem de treinamento especial para que o
tratamento seja eficaz. Muitas vezes os pais adotivos perdem a fé nos
profissionais de saúde mental e de assistência social, e consequentemente
em suas habilidades de serem pais. Eles se sentem impotentes e sem
esperança (ANSANELLE; ROSA; ARNAZI, 2015).

2.1.5.1 Intervenção Precoce

Como a maioria das doenças, a prevenção e intervenção precoces são as


melhores soluções. Os cuidadores/pais e a criança devem desempenhar um
papel ativo durante o tratamento do transtorno (ARIANNE, 2013).
Os tipos de tratamentos mais aceitos para distúrbios de apego incluem:

 Terapia de aconselhamento para as crianças e seus cuidadores/pais;


 Tratamento de saúde mental (envolvendo medicamentos ou não) para
os cuidadores/pais de crianças que estejam mais debilitados
emocionalmente;
 Terapia de família;
 Palestras que enfatizem os cuidados físicos e emocionais que se deve
ter com as crianças;
 Manter a criança em um ambiente doméstico saudável e aconchegante;
 Exibir afeição física e verbal sem medo de recusas pela
criança, buscando desenvolver sentimentos como empatia, compaixão
e sensibilidade;
 Medicamentos quando necessário, para diminuir a hiperatividade, “raiva
explosiva”, ou outras comorbidades- quando devidamente
diagnosticadas (ARIANNE, 2013).

Se o transtorno de apego faz com que a criança a se comportar de uma


maneira que coloca a mesma ou outras pessoas em risco, um médico ou um
psicólogo pode recomendar tratamento hospitalar (ONZI; GOMES, 2015).

2.2 TEORIA DO APEGO

O desenvolvimento socioemocional das crianças em seu primeiro ano de vida,


ou primeira infância, é influenciado pela forma de cuidado proporcionado pelos
seus cuidadores primários. De acordo com a Teoria do Apego e o seu
precursor, John Bowlby, o cuidado materno durante a infância de um indivíduo
é essencial para estimular o seu desenvolvimento psíquico até a idade adulta
(GOMES; MELCHIORI, 2011).

Segundo Bowlby, o papel do apego se conjetura nas ações de um indivíduo


para alcançar ou conservar proximidade com outro indivíduo. A função basal
atribuída a esse comportamento é biológica, corresponde a uma necessidade
de proteção e segurança. Lembra ainda que o comportamento do apego não é
herdado, o que se herda é o seu potencial, ou tipo de código genético, que
permite à espécie desenvolver melhores resultados adaptativos, e evoluir ao
longo da vida (GOMES; MELCHIORI, 2011).

As experiências com os primeiros cuidadores começam o que, em tempo futuro


se generalizará como uma percepção sobre si mesmo, sobre os outros e sobre
o mundo. Para Bowlby, os cuidados primários são essenciais para a base de
todos os relacionamentos íntimos futuros (DALBEM; DELL’AGLIO, 2005).

Pode-se finalizar, portanto, que os cuidados primários durante a infância,


principalmente na relação com a mãe, são fundamentais para que o
funcionamento dos modelos internos se desenvolva da forma mais sadia
possível (CÂMARA; FERNANDES, 2015).

Logo, o envolvimento afetivo e cognitivo determina o jeito que a criança irá


representar mentalmente as suas figuras de apego, tanto de si mesma como
do ambiente, partilhando essas mesmas representações na fase adulta. Essas
representações se baseiam nas experiências vivenciadas em condições físicas,
psicológicas e ambientais (CÂMARA; FERNANDES, 2015).
3 ANÁLISE E CORRELAÇÃO ENTRE O FILME E TEORIA

Tanto o filme quanto o documentário apresentam a clara devastação emocional


e psíquica que o abuso infantil pode causar no ser humano. Ainda que retrate
um caso de severas complicações, o filme é também um alerta. Ambos
chocam bastante, entretanto, o documentário retrata um a realidade forte, com
depoimentos e trechos das entrevistas realizadas com Beth e seu psicólogo,
Dr. Ken Magid. Nele Beth descreve o abuso do pai e suas crueldades em
detalhes.

O que surpreende, além das atrocidades que a menina cometeu, foi a frieza
com que ela relata cada ato. Beth conta que machucou seu irmão e que
desejava matar seus pais, com a calma de como se estivesse contando que
passou um dia no parque. Claramente se observa um perfil de psicopatia na
menina.

Tudo que advém na infância nos marca profundamente, por isso é muito
importante um desenvolvimento saudável nessa primeira fase da vida. O
problema é que, às vezes, isto não acontece e os problemas se revelam ou
intensificam após muitos anos. Foi o que aconteceu com Beth Thomas, que
sofreu uma série de circunstâncias na sua vida que lhe renderam distúrbios as
quais a mesma ficou conhecida mundialmente.

A história de Beth Thomas nos faz refletir sobre a importância de uma


educação saudável. Neste caso, podemos ver como os abusos podem
desencadear consequências terríveis. Também nos mostra que a terapia
psicológica pode ser muito eficaz, mesmo em casos de extrema gravidade.

A teoria do apego é comprovada quando se colocado o filme e como foi as


relações desde de bebê da Beth. Desde da morte da sua mãe e negligencia da
mesma perante aos filhos e ela mesma e os abusos do pai, mostrando para a
criança o não sentimento das coisas. Para a criança, aquela situação estava
normalizada e para a mesma, não havia sentimentos positivos, já que ela não
vivenciou isso. Por isso, a falta de empatia e remorso estavam tão presentes
neste caso.
4 CONCLUSÃO

Desta maneira, é visualizado como a referencia dos pais ou cuidadores são


importantes para o crescimento e desenvolvimento infantil, já que segundo as
teorias expostas neste trabalho, a forma como se é tratado e cuidado desta
criança, vai influenciar no modo como a mesma enxerga o mundo e lida com
problemas e com outras pessoas.

O filme, apesar de intenso e mostrar casos extremos, reflete muito sobre o


tema e como devemos lidar com situações como estas. Vale a conclusão de
que é necessário maiores pesquisas sobre o tema e maior quebra de tabu
referente a psicologia, já que a personagem principal do filme e da vida real
conseguiu viver sua vida graças ao tratamento intenso de psicólogos e outros
profissionais da área, além da sensibilidade dos pais.
5 REFERÊNCIAS

ARIANNE, T. Transtorno de Apego Reativo na Infância. Psicologado, v.5, n.6,


2013.

ANSANELLE, A; ROSA, E; ARZANI, L. Transtorno De Conduta E A


Repercussão Na Família. Unisalesiano, v.3, n.4, 2015.

BALDAÇARA, L. Transtornos Mentais. Leonardo Baldaçara, v. 3, n.5, 2015.

CÂMARA, M; FERNANDES, V. Prejuízos da Ausência Materna no


Desenvolvimento Infantil. Psicologado, v. 4, n.2, 2015.

COSTA, P; RIBEIRO, P. O conceito de ambivalência sob a perspectiva da


psicanálise winnicottiana. Nat. hum., v. 18, n. 2, 2016.

DALBEM, J; DELL'AGLIO, D. Teoria do apego: bases conceituais e


desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento. Arq. bras.
psicol., v. 57, n. 1, 2005 .

GIVIGI, L. Espinosa Educador: Pistas Para Uma Pedagogia Da Multidão.


Universidade Federal Fluminense, v.3, n.6, 2018.

GOMES, A; MELCHIORI, L. A teoria do Apego no Contexto da Produção


Cientifica Contemporânea. Editora UNESP, v. 2, n.5, 2011.

MACMILLAN, H. Maus-tratos na infância. Enciclopédia sobre


Desenvolvimento na Primeira Infância, v.45, n.2, 2011.

MERCADANTE, M. T; GAAG, J; SCHWARTZMAN, S. Transtornos invasivos do


desenvolvimento não-autísticos: síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da
infância e transtornos invasivos do desenvolvimento sem outra
especificação. Rev. Bras. Psiquiatr., v. 28, 2006
MOLLIN, E. O caderno de Wassily: um estudo sobre a violência na clínica
psicanalista. 2018, 314f. Dissertação (Tese em psicologia), Universidade de
São Paulo, São Paulo, 2018.

ONZIN, F; GOMES, R. Transtorno Do Espectro Autista: A Importância Do


Diagnóstico E Reabilitação. Caderno pedagógico, v. 12, n. 3, 2015.

SANTOS, G. Privação precoce e tardia da figura do pai e tendência


antissocial infantil. 2016, 134f. Dissertação (Mestre em ciências),
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016.

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