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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ DO TRABALHO DA __ ª VARA DO

TRABALHO DA COMARCA DE .../CE

NOME DO RECLAMANTE, nacionalidade, estado civil, profissã o, portador do RG nº


xxxxxxxxxxxxx, inscrito no CPF sob o nº xxx.xxx.xxx-xx, e-mail, residente e domiciliado na
Rua ..., nº ..., bairro ..., CEP xxxxxx, Cidade/UF, por meio dos seu advogado que esta
subscreve, nos termos da procuraçã o (anexa), vem, com fulcro no art. 840 da CLT, perante
a Vossa Excelência, propor a presente:
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
Em face de NOME DA RECLAMADA, inscrita sob CNPJ de nº xxxxxxxxxxxxx, com endereço
na Avenida ..., nº ..., CEP: xxxxxx, Bairro: ..., e-mail, pelos motivos de fato e de direito a seguir
expostos:
DA JUSTIÇA GRATUITA
Requer o autor, nos moldes do Art. 98 do CPC/15 e do art. 790, §º 4 da CLT, a concessã o dos
benefícios da Assistência Judiciá ria Gratuita, em sua totalidade, por tratar-se de pessoa
pobre na acepçã o jurídica do termo, cuja situaçã o econô mica nã o permite arcar com as
custas e despesas processuais, sem prejuízo alimentar pró prio ou de sua família.
DA SÍNTESE DO CONTRATO DE TRABALHO
O Reclamante foi admitido pela Reclamada no dia xx de xxxx de xxxx, para exercer o cargo
de ..., percebendo atualmente no valor R$ xxxxx.
O Reclamante cumpre uma jornada de 44 (quarenta e quatro) horas semanais, de segunda
a sexta.
Tendo em vista os argumentos jurídicos a seguir apresentados, interpõ e-se a presente
Reclamaçã o Trabalhista no intuito de serem satisfeitos todos os direitos do Reclamante
(que serã o fielmente indicados a baixo).
Apesar de o reclamante ainda fazer parte do quadro de funcioná rios da reclamada, a
empresa nã o tem sido uma boa empregadora, visto que tem atrasado os salá rios de forma
contínua e irresponsá vel, bem como nã o tem feito o repasse, de forma devida, dos valores à
título de FGTS. Inclusive, o reclamante está sem receber os valores dos salá rios de junho e
do valor integral de agosto.
Assim, tendo em vista que o empregador tem descumprido, de forma reiterada, com
seus deveres, vem o reclamante pugnar pela rescisão indireta do contrato de
trabalho.
DO DIREITO
DO SALDO DE SALÁRIO
O Reclamante continua trabalhando até o presente momento (até o momento do protocolo
desta petiçã o) por isso deve receber a título de saldo de salá rio R$ xxxxx, visto que
trabalhou mais de uma quinzena nesse mês.
E, conforme já explanado, a reclamada tem atrasado os salá rios da reclamante
constantemente, de modo que se pugna pela rescisã o do contrato de trabalho.
DOS VALORES EM ATRASO
Conforme mencionado anteriormente, o reclamante ainda nã o recebeu os valores dos
salá rios de junho e de agosto, totalizando no valor de R$ xxxxxxx.
DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO
Tendo em vista a pretensã o da rescisã o indireta do contrato de trabalho, tem-se que há
inexistência por parte da empregada de justa causa para a rescisã o do seu contrato de
trabalho, surgindo para a Reclamante o direito ao Aviso Prévio indenizado, uma vez que o §
1ºdo art. 487 da CLT estabelece que a nã o concessã o de aviso prévio pelo empregador dá
direito ao pagamento dos salá rios do respectivo período, integrando-se ao seu tempo de
serviço para todos os fins legais.
Dessa forma, o período de aviso prévio indenizado proporcional do autor, corresponde a xx
dias (x anos de serviço).
O reclamante faz jus, portanto, ao recebimento do Aviso Prévio indenizado no valor de R$
xxxxx.
DAS FÉRIAS VENCIDAS E PROPROCIONAIS + 1/3
O reclamante tem direito a receber o período completo de férias, acrescido do terço
constitucional, em conformidade com o art. 146, pará grafo ú nico da CLT e art. 7º, XVII da
CF/88.
O pará grafo ú nico do art. 146 da CLT, prevê o direito do empregado ao período de férias de
forma proporcional ao período trabalhado.
Sendo assim, tendo em vista que o reclamante nã o gozou férias esse ano, e que já
completou mais um ciclo de período aquisitivo no dia xx/xx/xxxx, tem-se que há um valor
integral à título de férias, bem como a proporçã o de x/12 de férias a ser custeada pela
reclamada, constituindo o montante de R$ xxxxxx, adicionado o terço constitucional no
valor de R$ xxxxx se dar o valor de R$ xxxxx.
DO 13º SALÁRIO PROPORCIONAL
As leis 4090/62 e 4749/65 preceituam que o décimo terceiro salá rio será pago até o dia 20
de dezembro de cada ano, sendo ainda certo que a fraçã o igual ou superior a 15 dias de
trabalho será havida como mês integral para efeitos do cá lculo do 13% salá rio.
O empregado nada recebeu a título de 13º no presente ano, e projetando o aviso prévio
indenizado para o mês de setembro, tem-se que há uma proporçã o de xx/12 do 13º salá rio
a ser custeada pela reclamada, que constituem o montante de R$ xxxxx.
DO FGTS + MULTA DE 40%
Diz o art. 15 da lei 8036/90 que todo empregador deverá depositar até o dia 7 de cada mês
na conta vinculada da empregada a importâ ncia correspondente a 8% de sua remuneraçã o
devida no mês anterior.
Sendo assim, Vossa Exa., deverá condenar a Reclamada a efetuar os depó sitos
correspondentes a todo o período laborado, porquanto a reclamada depositou somente
alguns meses os valores a título de FGTS em favor do Reclamante (comprovante em anexo).
Além disso, por conta da rescisã o indireta do contrato de trabalho, deverá ser paga uma
multa de 40% sobre o valor total a ser depositado a título de FGTS, de acordo com § 1º do
art. 18 da lei 8036/90 c/c art. 7º, I, CF/88.
Resultando o valor restante de: R$ xxxx, aplicando a multa dos 40% resulta no valor de
R$ xxxx.
MULTA DO ART. 477 DA CLT
Por conta da rescisã o indireta do contrato de trabalho deve-se ser aplicado a multa prevista
no art. 477 da CLT, que impõ e o pagamento de uma multa equivalente a um mês de salá rio
revertida em favor do Reclamante, conforme § 8º do mesmo artigo.
Resultando o valor de R$ xxxx.
MULTA DO ART. 467 DA CLT
A reclamada deverá pagar ao Reclamante, no ato da audiência, todas as verbas
incontroversas, sob pena de acréscimo de 50%, conforme art. 467 da CLT, transcrito a
seguir:
“Art. 467. Em caso de rescisã o de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o
montante das verbas rescisó rias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data
do comparecimento a Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de
pagá -las acrescidas de cinquenta por cento. ”
Dessa forma, protesta o Reclamante pelo pagamento de todas as parcelas incontroversas na
primeira audiência, o que equivale vale dizer que a reclamada deverá depositar na conta do
autor o valor de: R$ xxxx, caso nã o deposite os valores incontroversos na audiência
inaugural.
DO SEGURO DESEMPREGO
Tendo em vista o pedido e o consequente deferimento do término do contrato de trabalho
mediante instituto da rescisã o indireta, é devido ao Reclamante o direito de se habilitar no
programa do governo denominado de “Seguro Desemprego”, visto que preenche os
requisitos legais para tanto. Dessa forma requer desde já as guias legais para habilitaçã o no
seguro desemprego ou documento aná logo proferido por este juízo (ou seja, com a mesma
força das guias de seguro desemprego), para que o mesmo possa gozar do benefício citado.
De forma alternativa, requer-se a condenaçã o da reclamada para que ela indenize o
Reclamante no valor de R$ xxxx, montante esse que corresponde ao benefício total (cinco
parcelas referentes aos meses trabalhados) de todas as guias relativas ao referido seguro.
HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS
Requer-se a título de honorá rios sucumbenciais o valor R$ correspondente a 15% do valor
da causa.
RESCISÃO INDIRETA
A rescisã o indireta do contrato de trabalho é regulada pelo art. 483 da CLT, senã o vejamos:
Art. 483. O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida
indenizaçã o quando:
a) forem exigidos serviços superiores à s suas forças, defesos por lei, contrá rios aos bons
costumes, ou alheios ao contrato;
b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierá rquicos com rigor excessivo;
c) correr perigo manifesto de mal considerá vel;
d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato;
e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato
lesivo da honra e boa fama;
f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima
defesa, pró pria ou de outrem;
g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar
sensivelmente a importâ ncia dos salá rios.
§ 1º - O empregado poderá suspender a prestaçã o dos serviços ou rescindir o contrato,
quando tiver de desempenhar obrigaçõ es legais, incompatíveis com a continuaçã o do
serviço.
§ 2º - No caso de morte do empregador constituído em empresa individual, é facultado ao
empregado rescindir o contrato de trabalho.
§ 3º - Nas hipó teses das letras d e g, poderá o empregado pleitear a rescisã o de seu contrato
de trabalho e o pagamento das respectivas indenizaçõ es, permanecendo ou nã o no serviço
até final decisã o do processo.
Conforme a alínea d, a reclamante/empregada poderá requerer a rescisã o indireta do seu
contrato de trabalho quando o empregador nã o cumprir com as obrigaçõ es
contratuais/legais em favor do mesmo.
A doutrina e jurisprudência assentaram de forma pacífica que a ausência de depó sito de
FGTS, atraso reiterado de pagamento de salá rio e parcelamento do salá rio sã o motivos para
o deferimento da extinçã o do contrato de trabalho mediante o instituto da rescisã o
indireta.
Seguem jurisprudências (a ausência de depó sito de FGTS, atraso reiterado de pagamento
de salá rio e parcelamento do salá rio), que corroboram o que foi dito acima:
RESCISÃO INDIRETA. O atraso reiterado no pagamento dos salários, principal obrigação do empregador e fonte
de subsistência do trabalhador, aliado à irregularidade na realização dos depósitos ao FGTS, são faltas
suficientes a inviabilizar a continuidade do contrato de trabalho e justificar a declaração da rescisão indireta, nos
termos do art. 483, d, da CLT. Acórdao do processo 0020082-30.2016.5.04.0204 (RO). Data: 08/03/2018.Órgão
julgador: 4ª Turma. (grifei).
RESCISÃO INDIRETA. ATRASO NO PAGAMENTO DE SALÁRIOS. A mora da empregadora no pagamento dos
salários do autor durante a contratualidade caracteriza descumprimento das obrigações básicas decorrentes do
contrato de trabalho, incidindo a previsão da alínea d do art. 483 da CLT. Acórdao do processo 0020461-
35.2016.5.04.0021 (RO). Data: 15/12/2017. Órgão julgador: 2ª Turma. (Grifei).
RESCISÃO INDIRETA. ATRASOS REITERADOS NO PAGAMENTO DE SALÁRIO. É grave a falta cometida pela
empregadora, porquanto o trabalhador depende do salário para suprir as suas necessidades vitais básicas. A
alegação de inexistência de recursos não exime a reclamada da observância da lei. A empresa deve cumprir sua
principal obrigação em relação aos empregados, realizando o pagamento de salários pelo serviço prestado, o que
não se verifica no caso dos autos, em que a reclamada atrasou de forma reiterada a contraprestação devida à
reclamante. Recurso da reclamada desprovido no aspecto. Acórdao do processo 0020648-73.2016.5.04.0011 (RO)
Data: 26/10/2017. Órgão julgador: 4ª Turma. (grifei).
RECURSO ORDINÁRIO. SANATÓRIO BELEM. DESPEDIDA INDIRETA. ATRASO DE SALÁRIOS. O reiterado atraso e
fracionamento no pagamento dos salários caracteriza infração grave do empregador, pelo descumprimento à
sua obrigação principal, caracterizando conduta que autoriza a denúncia contratual cheia por parte dos
empregados, com base na alínea d do art. 483 da CLT. Recurso desprovido no aspecto. Acórdao do processo
0021215-93.2015.5.04.0026 (RO). Data: 26/10/2017. Órgão julgador: 7ª Turma. (grifei).
RESCISÃO INDIRETA. ATRASO NO PAGAMENTO DO FGTS. O inadimplemento contumaz dos depósitos do FGTS é
circunstância suficiente para a rescisão indireta do contrato de trabalho por justa causa do empregador,
atraindo a incidência do artigo 483, d, da Consolidação das Leis do Trabalho. Recurso do reclamante provido.
Acórdao do processo 0020345-83.2015.5.04.0661 (RO). Data: 20/04/2017. Órgão julgador: 4ª Turma. (grifei).
RECURSO DE REVISTA. RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO - AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO
FGTS. A ausência de recolhimento do FGTS constitui motivo para a rescisão indireta do contrato de trabalho, de
acordo com o artigo 483 , alínea d, da Consolidação das Leis do Trabalho . Recurso de revista conhecido e
desprovido. TST - RECURSO DE REVISTA RR 14069620105030131 1406-96.2010.5.03.0131 (TST).
RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO. MORA SALARIAL. CONFIGURAÇÃO. Não é necessário que o
atraso no pagamento dos salários se dê por período igual ou superior a três meses, para que se configure a mora
salarial justificadora da rescisão indireta do contrato de trabalho (DL 368/1968, art. 2º, § 1º). O atraso no
pagamento de salários por dois meses já autoriza a rescisão indireta do contrato de trabalho por culpa do
empregador, fundado no art. 483, alínea d da CLT. Recurso de Revista de que se conhece e a que se dá
provimento. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista nº TST-RR-13000-94.2007.5.06.0401,
em que é Recorrente EVANDRO MODESTO SOBRINHO e Recorrida GIPSOCAR LTDA. (grifei).
RECURSO DE REVISTA. 1. RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO. MORA SALARIAL. Para fins de
rescisão indireta do contrato de trabalho, ante a natureza alimentar do salário, não é necessário que ocorra
atraso igual ou superior a três meses, para que seja caracterizada a mora salarial contumaz. Recurso de revista
conhecido e desprovido- (RR-123000-19.2006.5.17.0005, Ac. 3ª Turma, Rel. Ministro Alberto Luiz Bresciani de
Fontan Pereira, DEJT 9/10/2009). (grifei).
RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO. MORA SALARIAL. Entende-se que o conceito de mora
contumaz, previsto no art. 2º, § 1º, do decreto-lei nº 368/68, destina-se apenas a nortear procedimentos de
natureza fiscal, não interferindo nos regramentos atinentes à rescisão do contrato de trabalho. Assim,
desnecessário que, apenas após o decurso de três meses de inadimplência salarial, configure-se a mora salarial
capaz de ensejar rescisão indireta. Recurso de Revista conhecido e não provido- (RR-172400-29.2007.5.18.0008,
Ac. 2ª Turma, Rel. Ministro José Simpliciano Fontes de F. Fernandes, DEJT 25/9/2009).
RECURSO DE REVISTA. RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO. MORA SALARIAL. O quadro fático
delineado no acórdão recorrido revela que, à época do ajuizamento da presente ação, o reclamado devia ao
reclamante dois meses de salário e uma parcela da gratificação natalina. O Tribunal Regional considerou que o
atraso salarial inferior a três meses não caracteriza falta grave do empregador, apta a ensejar a rescisão indireta do
contrato de trabalho. Tal decisão ofende o artigo 483, d , da CLT, pois restou evidente o descumprimento de
importante obrigação contratual por parte do empregador. Considerando-se que o salário tem natureza
alimentar, não é razoável exigir do empregado que suporte três meses de trabalho sem a competente paga,
para, só depois, pleitear em juízo a rescisão do contrato, por justa causa do empregador. O atraso salarial de
apenas um mês já é suficiente para causar grandes transtornos ao trabalhador, que se vê privado de sua única
ou principal fonte de renda e, consequentemente, fica impedido de prover o sustento próprio e de seus
familiares, bem como de honrar seus compromissos financeiros. O conceito de mora contumaz, estabelecido no
§ 1º do artigo 2º do Decreto-Lei nº 368/1968, destina-se apenas a nortear procedimentos de natureza fiscal e
penal, não interferindo nos regramentos atinentes à rescisão do contrato de trabalho- (RR-771212/2001, Ac. 7ª
Turma, Rel. Ministro Pedro Paulo Teixeira Manus, DJ 5/9/2008). (grifei)
ECURSO ORDINÁRIO OBREIRO. AUSÊNCIA DE DEPÓSITOS DE FGTS. DANO MORAL. OCORRÊNCIA. Faltando o
empregador com os depósitos na conta vinculada do reclamante, situação que culminou com a impossibilidade
daquele trabalhador adimplir prestações de financiamento imobiliário em atraso, a lesão ultrapassa os limites do
simples incômodo, caracterizando violação dos direitos da personalidade do hipossuficiente. Há, portanto, afronta
à dignidade do obreiro, em razão da quebra da boa-fé contratual, dando azo à reparação nos termos do art. 186 do
Código Civil.
(TRT-7 - RO: 00006202120165070005, Relator: EMMANUEL TEOFILO FURTADO, Data de Julgamento: 04/10/2018,
Data de Publicação: 05/10/2018)
MORA SALARIAL. IRREGULARIDADE RECOLHIMENTO DO FGTS. DANO MORAL CONFIGURADO. A retenção dos
salários, além do não recolhimento do FGTS, constitui falta grave patronal capaz de acarretar prejuízos e
aborrecimentos ao empregado, criando-lhe constrangimentos no âmbito pessoal, familiar e social, dado o caráter
alimentar da verba, obrigação principal a ser honrada a tempo e modo pelo empregador, e dada a angústia relativa
à continuidade, ou não do pacto laboral. Nessa linha de raciocínio, é possível concluir que o autor passou por
dificuldades em razão do atraso no pagamento de seu salário, sendo certo que esse descaso da reclamada no
cumprimento de suas obrigações trabalhistas, maculou os direitos de personalidade (honra, imagem) do
reclamante.
(TRT-3 - RO: 00112897020155030041 0011289-70.2015.5.03.0041, Relator: Convocada Ana Maria Espi Cavalcanti,
Oitava Turma)
Conforme comprovado de plano, a reclamada pratica todas as condutas acima citadas que possibilitam o
deferimento por meio do juízo competente da extinção do contrato de trabalho, mediante o instituto da rescisão
indireta do contrato de trabalho.

Mediante documento denominado “FGTS”, podemos comprovar que a reclamada deixou de


depositar por um determinado tempo os valores a título de FGTS a favor do Reclamante, o
mesmo pode ser dito acerca do fracionamento da remuneraçã o, bem como do atraso
reiterado do pagamento das verbas salariais (documento comprobató rio denominado
“extrato caixa”).
Dessa forma, inaldita altera pars requer-se a extinçã o do contrato de trabalho para que seja
liberado os valores a título de FGTS e a liberaçã o das guias de seguro desemprego, bem
como seja a reclamada condenada a arcar com todas as verbas requestadas na exordial.
DO ATRASO NO PAGAMENTO DE SALÁRIOS
O atraso no pagamento de salá rios, também configura motivo relevante para se requerer a
rescisã o indireta, vejamos julgados sobre o tema:
RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO. ATRASO NO PAGAMENTO DOS SALÁRIOS. O atraso contumaz
no pagamento dos salários caracteriza justa causa do empregador, capitulada na alínea d do art. 483 da CLT,
autorizando a denúncia do contrato pelo empregado. Sentença mantida. (...)"(Processo 00378-2009-332-04-00-7
(RO) -Redator:HUGO CARLOS SCHEUERMANN - Data:01/10/2009-
Origem:2ª Vara do Trabalho de São Leopoldo)
(...) ATRASOS NO PAGAMENTO DE SALÁRIOS. RECISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO. Atrasos no
pagamento dos salários, mormente de forma reiterada, justificam a rescisão indireta do contrato de trabalho, não
se configurando como força maior as dificuldades financeiras da empregadora. (...)" (Processo 00673-2008-662-04-
00-9 (RO) -Redator:MARIA INÊS CUNHA DORNELLES - Data:26/08/2009-
Origem:2ª - Vara do Trabalho de Passo Fundo)

Vejamos que, descumprimento de obrigaçõ es legais e contratuais bá sicas decorrentes do


contrato de trabalho enseja o reconhecimento da chamada RECISÃ O INDIRETA. Logo,
visualizamos que no caso a empregadora nã o cumpriu com as obrigaçõ es de efetuar o
pagamento dos salá rios no prazo estipulado em lei.
DO DANO MORAL
Sã o de fá cil percepçã o os danos sofridos pelo autor, salá rios por meses vêm sendo
parcelados, bem como, atrasados, ocasionando verdadeiro tormento na vida da obreira,
que vende a sua força de trabalho sem receber sequer seu salá rio.
É de se imaginar que no momento em que o empregador deixar de pagar salá rio, atrasa ou
parcela, prejudica em demasia a vida particular e social do trabalhador.
O reclamante tem despesas a arcar, trabalha todo o dia para se sustentar, porém com a
negligencia da ré, precisa buscar socorro de familiares para cumprir as suas obrigaçõ es.
Enquanto a ré deixa de pagar salá rio, atrasa e parcela, as contas do autor vã o se
acumulando, taxa de á gua, luz, alimentaçã o, vestuá rio, medicamentos, transporte, são
despesas permanentes e que não podem esperar a vontade da reclamada em
cumprir com a sua obrigação.
Comportamento adotado pela reclamada fere em demasia a honra e a personalidade do
reclamante, que se vê em uma situaçã o humilhante, de desamparo, de baixa autoestima,
pois recebe cobranças, atrasa contas, nã o tem condiçõ es de adquirir o que deseja, mesmo
sendo uma pessoa batalhadora e cumpridora de seus deveres.
Excelência, o reclamante cumpre com o seu horá rio de trabalho, labora durante todo o dia,
chega em casa cansado, porém sequer tem condiçõ es de manter uma vida digna, tudo por
culpa exclusiva da reclamada.
É pacífico na Justiça laboral que a falta de condiçõ es financeiras/crise financeira do
empregador nã o é motivo e nã o autoriza sob nenhuma hipó tese o atraso, parcelamento e
suspensã o do pagamento dos salá rios, porém, diga-se de passagem, sequer isso acontece
no caso em tela, pois os rendimentos da reclamada continuam os mesmos, ou
melhores, haja visto o grande número de alunos matriculados e a constante
efetivação de novas matrículas na escola.
Ou seja, o comportamento da reclamada é injustificado, ilegal, fere a personalidade do
empregado, que se vê “sem saída”, desamparado e humilhado, pois o salá rio, fruto de seu
trabalho, deixou de ser pago corretamente há tempos, bem como, nã o foi pago, no ú ltimo
mês.
A Lei 13.467/2017 passou a prever o dano extrapatrimonial decorrente da relaçã o de
trabalho (art. 223-A), sendo que o que causa este dano é a açã o ou omissã o que ofenda a
esfera moral ou existencial da pessoa física ou jurídica (art. 223-B), sendo cediço que um
dos bens tutelados inerentes a pessoa natural é a sua saú de nos termos do art. 223-C da
CLT, sabendo-se que a indenizaçã o extrapatrimonial aqui requerida nã o exclui a material
(art. 223-F).
Conforme tal dispositivo, para aferiçã o dos danos extrapatrimoniais, o juiz considerará :
Art. 223-G. Ao apreciar o pedido, o juízo considerará: (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
I - a natureza do bem jurídico tutelado; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
II - a intensidade do sofrimento ou da humilhação; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
III - a possibilidade de superação física ou psicológica; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
IV - os reflexos pessoais e sociais da ação ou da omissão; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
V - a extensão e a duração dos efeitos da ofensa; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
VI - as condições em que ocorreu a ofensa ou o prejuízo moral; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
VII - o grau de dolo ou culpa; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
VIII - a ocorrência de retratação espontânea; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
IX - o esforço efetivo para minimizar a ofensa; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
X - o perdão, tácito ou expresso; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
XI - a situação social e econômica das partes envolvidas; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
XII - o grau de publicidade da ofensa. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
Sendo que ao analisar os elementos acima citados, deverá o juiz atribuir grau de ofensa e com isso, atribuir limite
para a condenação, senão vejamos:
§ 1º Ao julgar procedente o pedido, o juízo fixará a reparação a ser paga, a cada um dos ofendidos, em um dos
seguintes parâmetros, vedada a acumulação: (Redação dada pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
I - para ofensa de natureza leve - até três vezes o valor do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social; (Redação dada pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
II - para ofensa de natureza média - até cinco vezes o valor do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social; (Redação dada pela Medida Provisória nº 808, de 2017). (grifei).
III - para ofensa de natureza grave - até vinte vezes o valor do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social; ou (Redação dada pela Medida Provisória nº 808, de 2017)
IV - para ofensa de natureza gravíssima - até cinquenta vezes o valor do limite máximo dos benefícios do Regime
Geral de Previdência Social.
Importante citar corpo da Sú mula 104 do Tribunal Regional do Trabalho desta Regiã o:
Súmula nº 104 - ATRASO REITERADO NO PAGAMENTO DE SALÁRIOS. DANO MORAL. INDENIZAÇÃO DEVIDA.
O atraso reiterado no pagamento dos salários gera presunção de dano moral indenizável ao empregado. (grifei)

Em relaçã o a todo o exposto, importante citar entendimento uníssono do Egrégio Tribunal


Regional do Trabalho da 4º Regiã o in verbis:
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INADIMPLEMENTO DE SALÁRIOS. Demonstrado o inadimplemento de
salários, o dano moral existe in re ipsa, sendo inegável a angústia gerada ao empregado, que, por omissão ilícita
da empregadora, se viu incapaz de satisfazer as suas presumidas obrigações. Acordão do processo 0000884-
09.2013.5.04.0205 (RO). Data: 01/09/2016. Órgão julgador: 2a. Turma. (grifei).
DANOS MORAIS. MORA SALARIAL. Hipótese em que se adota o entendimento predominante no Tribunal
Superior do Trabalho, no sentido de que a mora contumaz ou atraso reiterado no pagamento dos salários
devidos ao obreiro, compreendendo-se como tal, em média, o atraso por três meses ou mais, gera dano moral in
re ipsa. Entendimento também expresso na Súmula 104 deste Tribunal. Acórdao do processo 0020606-
10.2015.5.04.0027 (RO) Data: 19/10/2016
Órgão julgador: 8ª Turma (grifei).
ATRASO NO PAGAMENTO DOS SALÁRIOS. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. DANO IN RE IPSA. O atraso
reiterado no pagamento de salários enseja o pagamento de indenização por dano moral, independentemente
da comprovação da existência e extensão do dano, uma vez que este é presumido, em virtude do caráter
alimentar do salário. Acórdao do processo 0021739-72.2014.5.04.0205 (RO)
Data: 08/08/2016. Órgão julgador: 9ª Turma. (grifei).
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ATRASO DE SALÁRIOS. Por força da
Lei 13.015/2014, que exige a uniformização da jurisprudência no âmbito de cada tribunal regional, este TRT
firmou o entendimento de que a mora salarial reiterada presume a caracterização do dano moral, sem que haja
necessidade de prova de algum abalo ou transtorno específico vivenciado pelo trabalhador, justamente por ser
o salário fonte básica de subsistência do empregado e de sua família. Adoção da Súmula 104 deste TRT. Recurso
ordinário do reclamante provido. Acórdao do processo 0020953-39.2016.5.04.0211 (RO). Data: 19/05/2017. Órgão
julgador: 7ª Turma.
Dessa forma, requer-se a título de dano moral o valor relativo à ofensa de natureza média, no valor em até cinco
vezes o último salário contratual do ofendido, nos termos do art. 223-G, § 1º, II da CLT, totalizando no valor de
R$5.225,00 (cinco mil, duzentos e vinte e cinco mil reais).

TUTELA DE URGÊNCIA
O Novo Có digo de Processo Civil dispõ e no livro V, da parte geral, sobre a tutela provisó ria,
que tem como espécies a tutela de urgência e a tutela de evidencia. Nos termos do art.
300, a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.
O primeiro requisito resta preenchido, uma vez que todas as alegações estão
devidamente comprovadas pela documentação que instrui a peça.
Por sua vez, o perigo do dano está de plano evidenciado, uma vez que as verbas de natureza
alimentar nã o estã o sendo pagas conforme estipula a lei em favor do reclamante.
Os documentos acostados aos autos confirmam a tese de rescisã o indireta arguida pela
parte autora, principalmente os documentos denominados de “extratos caixa 2018 a 2019
e FGTS”. A antecipaçã o dos efeitos da tutela nada mais é que a realizaçã o da justiça em
momento oportuno.
Dessa forma, pede-se que haja a rescisã o do contrato de trabalho mediante o instituto da
rescisã o indireta do contrato de trabalho, inaudita altera pars, liberando de imediato os
valores constantes a título de FGTS e as guias de seguro desemprego.
DOS VALORES
Nesse tópico, é bom inserir uma planilha discriminando todos os valores pedidos na
RT.
DOS PEDIDOS
Isso posto, requer:
a) O recebimento da presente reclamató ria, determinando a notificaçã o da Reclamada para
que querendo compareça na audiência de conciliaçã o, apresentando a defesa que tiver,
bem como o depoimento pessoal do seu representante legal, sob pena de revelia e
confissã o;
b) Que lhe sejam concedidos os benefícios da Justiça Gratuita.
c) A declaraçã o da rescisã o indireta do contrato de trabalho, com fulcro na alínea D do
artigo 483 da CLT;
d) A condenaçã o da reclamada no pagamento de todas as verbas, tais como saldo de salá rio,
13º salá rio proporcional, aviso prévio de 39 dias, férias proporcionais + abono de férias de
1/3 proporcional, ainda, pagamento de multa correspondente a 40% de todo o valor que
deveria ter sido depositado na conta vinculada do FGTS da reclamante, como as multas dos
arts. 477 e 467 da CLT, e de todas outras que estã o denominadas no tó pico denominado
“dos valores”;
e) Que seja determinado à reclamada que efetue a liberaçã o das guias decorrentes da
rescisã o indireta do contrato de trabalho, tais como, o Seguro Desemprego, sob pena de
condenaçã o ao pagamento de indenizaçã o substitutiva no valor equivalente;
g) A condenaçã o da reclamada para pagamento dos FGTS (s) em atraso, bem como a multa
de 40% já descrimina nessa exordial, afim de que o empregador comprove os depó sitos, e
que de forma alternativa requer-se o ofício a Caixa Econô mica Federal para que envie os
depó sitos de FGTS em nome da reclamante;
h) Seja a reclamada condenada ao pagamento de custas processuais e honorá rios
sucumbenciais, nã o sendo os mesmos inferiores a 15% do valor da condenaçã o;
i) A total procedência da demanda, nos termos em que foi proposta, para a final condenar a
Reclamada ao pagamento de todo o postulado, acrescidos de juros e correçã o monetá ria.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, sobretudo,
oitiva de testemunhas e depoimento do preposto da Reclamada, ainda, mediante produçã o
de prova documental e pericial se necessá ria.
Dá-se à presente ação o valor de R$ xxxx.
Nestes termos,
Pede e aguarda deferimento.
Cidade/UF, xx de xxxxx de xxxx.
ADVOGADO
OAB/UF Nº XXXXX

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