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Estudo de caso para realização das atividades do Módulo “Autismo”

Dados coletados através da anamnese:


T. nasceu no dia 21 de maio de 2019 de uma gestação não planejada e completa,
de parto normal, com 48 cm e pesando aproximadamente 2,5kg. Durante a gravidez, não
ocorreram intercorrências graves, apenas um pequeno sangramento aos 4 meses de
gestação, que não ofereceu risco à gestante e ao bebê. Durante um exame morfológico
(USG) de rotina, foi identificado que havia alterações no feto. Apesar de ter sido
constatado alguma possível alteração, não foi possível identificar malformações,
infecções ou condições que podiam prejudicar a gestante ou o bebê. Sendo assim,
consideraram que o exame havia sido precipitado e errôneo. T. nasceu saudável, sem
relato de quadros infecciosos, traumatismos, toxicidade, desnutrição ou problemas de
pele.
Com relação ao desenvolvimento neuropsicomotor, T. andou com 1 ano e 1 mês,
e não engatinhou anteriormente. Sentou e firmou a cabeça por volta dos 6 meses de idade
e apresentou os primeiros balbucios também aos 6 meses. Atualmente T. não apresenta
comportamento verbal/vocal (não fala), mas já apresentou algumas vocalizações como
“dá” anteriormente, quando estava com aproximadamente 9 meses de idade, mas
“perdeu” essa habilidade posteriormente.
De acordo com relato dos cuidadores, a criança sempre dormiu muito e foi um
bebê “tranquilo” (sic). Mamou até os 3 meses e aceitou a mamadeira facilmente. Como
sua mãe voltou a estudar na faculdade, foi necessário inserir a mamadeira e T. não
apresentou resistência e/ou dificuldade com a transição. Atualmente, T. não tem restrição
alimentar e come diferentes alimentos, aceitando diversos tipos e texturas de comidas.
Os primeiros comportamentos atípicos e de atraso da criança foram observados
com aproximadamente 1 ano e meio de idade. A família observou falta de contato visual,
pouca interação e omissão da fala, sendo estas as principais queixas relatadas. Também
foram observadas perdas de habilidades neste período (próximo a 1 ano e 6 meses), o que
fizeram com que os cuidadores buscassem por orientações médicas.
T. já frequentou escola em período integral, passando por período de adaptação
de maneira tranquila e rápida. Atualmente, não está matriculado em nenhuma instituição
escolar.

*Material elaborado exclusivamente para alunos da Abaedu, sendo proibido o compartilhamento.


Referente às atividades de vida diária, T. não gosta de lavar a cabeça, tornando o
banho um evento custoso para a família. Nas atividades práticas do dia a dia, como se
alimentar, usar o banheiro e se vestir, a criança necessita de ajuda física. T. faz uso de
fralda, mas sinaliza quando quer evacuar.
T. costuma pegar na mão dos adultos para executar quaisquer tarefas por ele, seja,
por exemplo, para pegar um item na geladeira ou pegar um item de seu interesse, como
para uso do celular.
Com relação ao sono, T. dorme na cama de casal com sua mãe e não apresenta
dificuldades para dormir. Eventualmente dorme durante a tarde por longos períodos.
Os cuidadores observam que T. brinca pouco, sendo suas atividades preferidas
ficar andando na frente da casa e/ou de carro, ficar passando a mão na parede e assistir
vídeos no celular, tais como: Galinha Pintadinha; Baby Shark; Festa de Palavras e
músicas infantis, ainda que não permaneça muito tempo engajado.
Segundo a avó, T. tem riso fácil e gosta de carinho.

Dados coletados através de observação direta em ambiente domiciliar:


Estavam disponíveis no chão da sala alguns brinquedos como: encaixe de torre,
carrinho e brinquedo de personagem. Foi fornecido modelo para T. sentar-se ao chão e
brincar de colocar as peças junto a sua avó. Ele o fez adequadamente, brincando
funcionalmente com o objeto. Após colocar as peças, a avó retirou-as na intenção de
brincarem novamente, mas desta vez ele jogou a peça.
T. apresentou-se resistente à interação com a psicóloga, permanecendo mais
apático. Em determinado momento, ele deitou-se no sofá ao lado da avó e ficou
observando o ventilador. A criança ligou e desligou o ventilador algumas vezes, mas
quando solicitado para que parasse, seguiu a instrução.
Sentado no sofá, a avó ofereceu o seu celular e T. prontamente o pegou,
manuseando sozinho e colocando nos vídeos desejados. Observou-se que a criança
mudava rapidamente os vídeos, permanecendo pouco tempo engajado. Enquanto
manuseava o celular sentado no sofá, emitiu algumas estereotipias vocais. Ainda no sofá,
a avó ofereceu uma mamadeira, a criança demonstrou interesse e seguiu aos comandos
da avó para que se deitasse. Enquanto mamava, permaneceu assistindo ao celular
(desenhos de música) e assim que parou de mamar, ficou segurando a sua mamadeira
para cima, aguardando que alguém a pegasse. Como ninguém pegou, desistiu e colocou
a mamadeira ao seu lado.

*Material elaborado exclusivamente para alunos da Abaedu, sendo proibido o compartilhamento.


Após algum tempo no sofá, a avó retirou seu celular sem protestos ou recusas e T.
direcionou-se para o quintal. Neste momento, a criança ficou friccionando seu corpo na
parede chapiscada. Apresentou o comportamento de ir e voltar algumas vezes.
Posteriormente, já dentro de casa, T. achou a chave do carro que estava no móvel
próximo à televisão, pegou a chave e se direcionou para a área externa. A avó recusou-se
a sair com a criança de carro, explicando que não iriam passear naquele momento. T.
protestou e se jogou no chão, emitindo comportamento de choro e tentando levar a avó
para fora de casa, o que se estendeu por aproximadamente 3 minutos, cessando apenas
quando a avó novamente ofereceu o celular, quando rapidamente a criança se acalmou e
passou a assistir desenhos, sentado na poltrona da sala.
Enquanto assistia desenhos no celular, T. não respondeu às interações e instruções,
assim como não seguiu os comandos fornecidos pelos adultos. A avó retirou o celular e
T. foi para o chão e começou a chorar. Na tentativa de acalmá-lo, foi oferecido o celular;
T. pegou a mão da avó e levou até o celular para que esta pegasse o item, ainda que
conseguisse realizar tal movimento independentemente. Desta vez, a avó colocou um
desenho chamado “Festa das palavras” e T. agitou-se, colocando o celular no sofá e
correndo e rindo pelo corredor da casa.
Enquanto assistia a este desenho, a criança apresentou comportamento de agitação
e estereotipias motoras com as mãos, correndo e emitindo comportamentos motores
repetidamente. T. permaneceu engajado nestes comportamentos por 5 minutos, ainda que
demonstrasse cansaço físico (estava suando).
Não foi observado comportamento de apontar para itens desejados de maneira
independente.

Dados coletados através de observação direta em ambiente clínico:


Ao ser direcionado para a sala de avaliação, T. entrou no corredor da clínica e
ficou passando a mão na parede enquanto andava, sentindo a textura. Foi direcionado para
a sala de avaliação, olhou para os itens da sala, não se interessou pelos brinquedos e logo
abriu a porta para novamente passar a mão na parede, momento em que foi redirecionado
para a sala com o desenho “Festa das palavras” no celular. Apresentou estereotipia
motora enquanto assistia ao desenho, na topografia de correr até a poltrona e voltar,
estereotipia vocal de movimentos com a língua e ranger os dentes.
T. não apresentou interesse em alguns itens disponibilizados como: piano musical,
blocos, torre, encaixe de formas, quebra-cabeça. Demonstrou preferência pelo carrinho e

*Material elaborado exclusivamente para alunos da Abaedu, sendo proibido o compartilhamento.


pelo uso do celular (para assistir desenhos e vídeos). Permaneceu sentado à mesa somente
quando apresentado o desenho no celular.
A criança pouco explorou os itens disponíveis, tentou fazer os encaixes de formas
e, quando não conseguiu realizar de maneira independente, solicitou a mão da psicóloga
para ajudar (puxou-a pela mão). Passou as mãos em diferentes texturas como a calça,
camiseta e relógio da psicóloga. Buscou contato físico e colo, aceitou cócegas e, neste
momento, sorriu. Quando o desenho era pausado para solicitar demandas, levantava-se
em busca do item e não apontou sem ajuda física.
Com relação à comunicação verbal, T. balbuciou sons não inteligíveis, não
apontou para os itens de interesse, apenas buscou pela mão das psicólogas para solicitar
o que desejava. Não apresentou contato visual consistente quando chamado pelo nome e
demonstrou dificuldades em atenção compartilhada.
No decorrer da avaliação, ele demonstrou interesse pelo carrinho, brincando
inclusive com função, porém, apresentou comportamentos de protesto quando o item era
retirado.
Próximo ao término da avaliação, T. começou a correr próximo à porta e se escorar
nas paredes, ficava olhando atrás do armário da sala e retornava para assistir o desenho,
apresentando esses comportamentos repetidamente. Quando informado que estava na
hora de ir embora, ele ficou próximo à porta, aguardando para sair. Durante o percurso
da sala de avaliação até a recepção, novamente passou a mão pela parede.

*Material elaborado exclusivamente para alunos da Abaedu, sendo proibido o compartilhamento.

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