Você está na página 1de 7

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

LARA SANTOS DE AGUILAR

CLAUDIA ANDUJAR
Trabalho de Fotografia - professor Eduardo Queiroga

Belo Horizonte
2023
Biografia
Filha de mãe suíça e pai hungaro judeu, Claudia Andujar (nascida
Claudine Haas) nasce na Suíça, em 12 de junho de 1931, e muda-se para a
Hungria, onde vive sua infância. Com o início da Segunda Guerra Mundial,
o pai de Claudia é deportado junto de outros judeus para campos de
concentração. Fugindo da guerra, Claudia e sua mãe voltam à Suíça. Em
1948, Andujar transfere-se para Nova York. Lá, se casa com Julio Andujar,
um refugiado da guerra civil espanhola, de quem Claudia herda o
sobrenome. O casamento não dura muito e, em 1955, Claudia vai para São
Paulo e se naturaliza brasileira.

Já no Brasil, por não falar português, Andujar encontra na fotografia uma


forma de estabelecer contato com a população e a cultura locais. Ela viaja
pela América Latina e começa a publicar suas fotografias em revistas
brasileiras e internacionais. Em 1971, uma edição especial da revista
Realidade sobre a Amazônia a conduziu até os Yanomami. Essa viagem
representou o grande divisor de águas em sua carreira e em sua vida.
Claudia vive entre Roraima e Amazonas e dedica-se a registrar a cultura
Yanomami, sendo assistida por bolsas das fundações Guggenheim e
Fapesp. Claudia fotografa os Yanomamis, seu cotidiano, sua cultura,
buscando mostrá-la ao mundo.

Nos anos 1990, com a chegada dos garimpeiros, peões do desmatamento,


as terras Yanomamis são invadidas, exploradas e destruídas. Em 1978,
Claudia é enquadrada na lei de Segurança Nacional pelo governo militar e
é expulsa do território indpigena pela Funai.

Junto de Carlo Zacquini, Claudia cria a ONG Comissão pela Criação do


Parque Yanomami, que promove campanhas pela demarcação das terras
Yanomami, que ocorre apenas em 1992.

O trabalho de Claudia Andujar, sobretudo sua série Genocídio do


Yanomami: morte do Brasil, exibida pela primeira vez no Museu de Arte
de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) em maio de 1989, se tornou
uma ferramenta de denúncia dos crimes contra os Yanomamis e da luta e
resistência destes em busca de sua sobrevivência e preservação de sua
cultura.
Série: Sonhos Yanomami (2002)
Uma série de caráter documental e ao mesmo tempo estético, Sonhos
Yanomami possui 18 fotografias resultadas de experimentação e
ressignificação de trabalhos anteriores de Andujar, construídos em mais
de 20 anos de convívio com os Yanomami. Foram utilizadas sobreposições
digitais de negativos da floresta, fotomontagens e demais recursos que
possibilitaram no resultado final a interação entre o real e o onírico,
realçando a relação dos indígenas com a floresta e seus rituais.

A forma como Andujar registrou o povo Yanomami expressa os aspectos


subjetivos, imagéticos e sensoriais presentes na cultura Yanomami. A
sobreposição de fotos da floresta Amazônica e imagens dos indígenas,
mostrando-os como uma só coisa, promove a intensa sensação de
unidade e infinitude.
Na fotografia acima, o corpo do indígena mesclado a uma árvore sugere a
união e a relação íntima entre Yanomamis e a natureza. A foto gera uma
viagem imersiva no observador, promovendo reflexões acerca da
importância de preservar e compreender melhor culturas de povos
indígenas, sobretudo a Yanomami (o foco dessa pesquisa fotográfica).

A forma como Claudia fotografou os Yanomami é considerada inovadora


uma vez que não apenas registra seu cotidiano e costumes; vai muito
além, conseguindo capturar nas imagens aspectos não visíveis a olho nu,
podendo apenas ser sentidos e experienciados.
As décadas de convivência e os laços afetivos construídos entre os
Yanomami e a artista possibilitaram um trabalho muito mais pessoal.
Andujar conseguiu imagens sensoriais, que extrapolam o real e
transmitem a ideia de transcendência presente na cultura indígena.

Escolhi focar o presente trabalho na série Sonhos pelo caráter onírico,


sensorial que geralmente me atrai em obras artísticas. A foto acima foi a
primeira da série que observei e me encontrei imerso no contraste entre
as silhuetas e sombras escuras e o branco da água - que, a partir da
fotomontagem, foi rotacionada e colocada de uma maneira não
convencional. O resultado final da obra conta uma história para aqueles
que se dispõem a observá-la com atenção.

A seguir, mais obras que fazem parte da série Sonhos:

Você também pode gostar