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Sephora Marchesini

10856@por.ulusiada.pt
 1.º Ponto Escrito 20 de março 9h

 2.º Ponto Escrito 23 de abril 12h

 1.ª Frequência 14 de junho 15h

 Exame 2.ª Época 10 de julho 15h


TERÇA QUARTA

9h PRÁTICA – B TEÓRICA – ABCD


(anf. 2) (anf. 4)
10h Gabinete 7 Gabinete 7 - Atendimento

11h Gabinete 7 PRÁTICA – CD


(303)
12h TEÓRICA – ABCD PRÁTICA – A
(anf. 4) (235)
13h

14h (208) (anf.4)

15h (208) (208)

16h (208) (anf.4)

17h (anf.2) (235)

18h Gabinete 7 – Atendimento

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Semana Aulas P Assunto
12 a 16 fev 1 1 Noção jurídica | A morte (comoriência e morte presumida)

19 a 23 fev 2, 3 2 Objeto da Sucessão | Distinção de Sucessores (herdeiros e legatários)


26 fev a 01 4, 5 3 Pressupostos da vocação sucessória | Sucessão Legal - Sucessão legítima
mar Abertura da Sucessão (chamamento ou vocação sucessória) – Capacidade sucessória | Indignidade | Deserdação
04 a 09 mar 6, 7 4 Abertura da Sucessão (chamamento ou vocação sucessória) – Aceitação e Repúdio
Representação
11 a 16 mar 8, 9 5 Abertura da Sucessão (chamamento ou vocação sucessória) – Transmissão | Direito de Acrescer |Substituição Direta | Subs.
fideicomissária
Sucessão legitimária - Cálculo do Valor da Herança | Liberalidades inoficiosas
18 a 23 mar 10, 11 6 Revisão| 1.º Ponto Escrito
25 a 29 mar PÁSCOA
01 a 05 abr 12,13 7 Sucessão legitimária - Liberalidades inoficiosas | Tutela da Legítima
08 a 12 abr 14, 15 8 Colação | Sucessão Voluntária - Sucessão Contratual

15 a 19 abr 16, 17 9 Sucessão Voluntária - Sucessão testamentária – Forma | Requisitos, Vícios, Invalidade
22 a 26 abr 18, 19 10 2.º Ponto Escrito | Correção
29 abr a 03 20 Sucessão Voluntária - Sucessão testamentária – Interpretação | Conteúdo | FERIADO
mai
06 a 10 mai Queima - Aulas Práticas
13 a 17 mai 21 , 22 11 Sucessão Voluntária - Sucessão testamentária – Conteúdo, Cláusulas Acessórias | Revogação, Caducidade, Substituições
20 a 24 mai 23, 24 12 Petição de Herança, Habilitação, Herança Indivisa | Administração de Herança |Encargos da Herança
27 a 31 mai 25, 26 13 Alienação da Herança | Liquidação da Herança | Partilha, Ineficácia da Partilha, Processo de Inventário (Extrajudicial e Judicial)
Seman Terça Quarta
a
12 a Carnaval 1 - Teórica - ABCD
16 fev 1 - Prática – CD
1 - Prática – A
19 a 1 - Prática – B 3 - Teórica - ABCD
23 fev 2 - Teórica - ABCD 2 - Prática – CD
2 - Prática – A
26 fev 2 - Prática – B 5 - Teórica - ABCD
a 01 4 - Teórica – ABCD 3 - Prática – CD
mar 3 - Prática – A
04 a 3 - Prática – B 7 - Teórica - ABCD
09 6 - Teórica – ABCD 4 - Prática – CD
mar 4 - Prática – A
11 a 4 - Prática – B 9 - Teórica - ABCD
16 8 - Teórica – ABCD 5 - Prática – CD
mar 5 - Prática – A
18 a 5 - Prática – B 11 - Teórica – ABCD 1.º PONTO ESCRITO
23 10 - Teórica – ABCD REVISÃO 6 - Prática – CD Correção
mar 6 - Prática – A Correção
Semana Terça Quarta

01 a 05 abr 6 - Prática – B Correção 13 - Teórica - ABCD


12 - Teórica - ABCD 7 - Prática – CD
7 - Prática – A
08 a 12 abr 7 - Prática – B 15 - Teórica - ABCD
14 - Teórica – ABCD 8 - Prática – CD
8 - Prática – A
15 a 19 abr 8 - Prática – B 17 - Teórica - ABCD
16 - Teórica – ABCD 9 - Prática – CD – Revisão
9 - Prática – A – Revisão
22 a 26 abr 9 - Prática – B – Revisão 19 - Teórica – ABCD Correção
18 - Teórica – ABCD 2.º PONTO ESCRITO 10 - Prática – CD
10 - Prática – A
29 abr a 03 mai 10 - Prática – B Feriado
20 - Teórica – ABCD
06 a 10 mai Prática – B Queima Teórica – ABCD Queima
Teórica – ABCD Queima Prática – CD Queima
Prática – A Queima
13 a 17 mai 11 - Prática – B 22 - Teórica - ABCD
21 - Teórica - ABCD 11 - Prática – CD
11 - Prática – A
20 a 24 mai 12 - Prática – B 24 - Teórica - ABCD
23 - Teórica – ABCD 12 - Prática – CD
12 - Prática – A
27 a 31 mai 13 - Prática – B 26 - Teórica - ABCD
25 - Teórica – ABCD 13 - Prática – CD
13 - Prática – A
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“Como referia Pereira Coelho nas suas lições de Direito das Sucessões «[e]xtinguindo a personalidade
jurídica do falecido (…), a morte abre uma crise nas relações jurídicas de que ele era titular e que devem
sobreviver-lhe. Essas relações desligam-se do seu primitivo sujeito, à morte deste, e até que se liguem a
novo sujeito é necessário que ocorra – ou há possibilidade de ocorra – uma série de actos ou factos que se
encadeiam num processo mais ou menos longo. É o complexo desses actos ou factos, comummente
designado fenómeno sucessório ou fenómeno da sucessão por mortes, que constitui objecto do Direito das
Sucessões (…)»” - CAD (21) Artigo 68.º
Termo da personalidade jurídica
1. A personalidade cessa com a morte. […]

Artigo 2024.º
Noção
Diz-se sucessão o chamamento de uma ou mais pessoas à titularidade das relações jurídicas patrimoniais de uma pessoa falecida e a consequente devolução
dos bens que a esta pertenciam.

Conjunto de Direitos e Obrigações que não se extinguem com a morte

Aquisição
Morte do Abertura da Vocação ou Herança Jacente Aceitação da definitiva dos bens
Sucessão Chamamento
de cuius 2046.º herança pelos sucessores
2031.º sucessório
2050.º

A morte é a causa
da aquisição de
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situações jurídicas.
Sistema individualista e familiar, mas tem elementos do sistema socialista

“O fim último do fenómeno sucessório é a «atribuição dos bens de uma pessoa falecido a certos destinatários»” - RLX (24)
Desafio: ordenação do acesso aos bens do falecido

Propriedade Família Estado


Os 3 sistemas ou modelos sucessórios
Individualista Familiar Socialista
Ou Capitalista
Reconhecimento da propriedade privada e Conexão com a família (património familiar) Conexão com Estado – domínio da propriedade
autonomia privada coletiva
Ampla liberdade de dispor dos bens Herdeiros os familiares. Liberdade de testar Transmissibilidade dos bens pessoais é limitada.
(testar) --» “permitir ao proprietário dos limitada (Ex.: testar somente sobre os bens não “estreita-se o circulo de herdeiros legítimos e
bens escolher livremente os sucessores em advindos da sua família) legitimários, põem-se restrições à liberdade de
melhores condições de continuar a sua testar a favor de outras pessoas, agrava-se a
exploração ou aproveitamento” – LMTML carga fiscal imposta aos sucessores” – Pereira
(16) Coelho (CAD – 25)
Sucessão testamentária prevalece sobre a Sucessão legitimária Sucessão legal prevalece sobre a sucessão
sucessão legítima (Pedido de resanoble prevalece sobre a sucessão testamentária testamentária
financial provision)
Common law (EUA/Inglaterra) Direito Germânico (Portugal no período *Abolição da sucessão por morte no Decreto de
Pombalino com a Lei de 9 de setembro de1766 abolição das heranças de 27 de abril de 1918 na
que limitava os testamentos a favor de Rússia soviética (vigência curta e pouco efetiva)
instituições religiosas em prejuízo de herdeiros Família poderia administrar até 10 mil rublos, o restante
legítimos) era do Estado.

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https://exame.com/casual/7-bilionarios-que-nao-deixarao-sua-fortuna-para-os-filhos/

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De cunho germânico
De origem romana

 Sistema individualista e familiar, mas tem elementos do sistema socialista


Sucessão por morte pode ser legal Sucessão por morte pode ser voluntária
QUOTA INDISPONÍVEL - LEGÍTIMA QUOTA DISPONÍVEL
Baseia-se na lei – 2027.º Baseia-se em negócio jurídico (Testamento ou Doação por morte –
2026.º)
Legítima Herdeiros Legitimária (67.º e 68.º CRP – proteção Sem Herdeiros Legitimários, ou estando dentro do limite da quota
da família) disponível pode o autor da sucessão dispor.

2133.º – quando o autor da Cônjuges, descendentes e os ascendentes – 1874.º Testamento – 2179.º ss. Contrato (Doação) 2028.º e 1700.º ss.
sucessão não se manifesta e 2157.º
previamente sobre a atribuição dos Benefício a certos sucessores – Herdeiros
seus bens Legitimários (“conservar no seio da família um
património para o qual todos contribuíram;
(Inclui o Estado – não numa ideia assegurar a permanência e coesão do agregado
de socialização da propriedade mas familiar e o cumprimento do dever de assistência
sim com a finalidade de não haver recíproca (arts. 1874.º e 2009.º CC” – RLX (31))
bens no abandono)
Quota Indisponível (legítima) – o autor da sucessão Liberalidade (inter vivos ou mortis causa) limitada a 1/3, ½ ou 2/3 da
não pode dispor – 2156.º herança (2158.º - 1262.º) conforme herdeiros legitimários
Inclui bens deixados e bens doados (“restituição
fictícia dos bens doados”)

Há tributação em sede de Imposto Não há tributação em sede de Imposto de Selo Há tributação em sede de Imposto de Selo (*exceto o unido de facto
de Selo sobrevivo que tenha sido designado como sucessor testamentário)
(ex.: irmãos, primos, tios,
sobrinhos…)
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1. PRINCÍPIO DA PROPRIEDADE PRIVADA
 Artigo 62.º n.º1 CRP “A todos é garantido o direito à propriedade privada e à sua transmissão
em vida ou por morte, nos termos da Constituição”

2. PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO DA INSTITUIÇÃO FAMILIAR*


 Artigo 36.º CRP Família, casamento e filiação
 Artigo 67.º CRP Família
 Artigo 2133.º Classes de sucessíveis
 Artigo 2156.º Legítima

3. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA PRIVADA


Possibilidade de realizar negócios jurídicos mortis causa (efeitos após a morte do doador) –
testamentos (2179.º ss) ou pactos sucessórios (2028.º)

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Artigo 2024.º
Noção
Diz-se sucessão o chamamento de uma ou mais pessoas à titularidade das relações jurídicas
patrimoniais de uma pessoa falecida e a consequente devolução dos bens que a esta pertenciam.

 Trata do chamamento e da consequente devolução de bens sem esclarecer os conceitos (2032.º e 2055), e parece excluir as situações/questões de repúdio da herança e da
herança insolvente;
 Ao acolher ambas as perspetivas (chamamento e transmissão), torna o regime equívoco e gera confusões: noutras partes do CC refere-se a sucessão como transmissão, ou
como aquisição por morte. Controverso – 2024.º e 2030.º n.º2

 Crítica ao artigo 2024.º:


o Sucessão ocorre apenas por morte? (ex.: Ignora a sucessão inter vivos --» c595.º Sucessão por dívida, 1058.º Sucessão na posição de senhorio…)
o Sucessão de pessoa coletiva? Não há falecimento e sim extinção.
o Somente sucessão patrimonial? refere-se apenas a relações jurídicas patrimoniais ou engloba matérias de direitos pessoais (ex.: direitos de personalidade, investigação da
paternidade, etc.)

- Não se trata apenas de “devolução dos bens”… é um processo sucessório que implica a ocorrência de diversos factos jurídicos:

“devolução dos bens”:


 Dívidas do falecido (2068.º, 2070.º) SUCESSÃO --» Fenómeno jurídico complexo composto de várias fases
 Aquisição de um direito novo, que não existia no património do falecido – ex.: usufruto testamentário
 Um perdão de dívida (é uma liberalidade mortis causa e não uma transmissão)
 Doações inter vivos, bens doados ou despesas feitas a favor de descendentes podem ser “restituídas (colação)…
 Encargos que são constituídos após a morte – ex.: despesas com funeral.

Sucessão engloba situações jurídicas não patrimoniais


O âmbito da sucessão é impreciso: refere-se apenas a relações jurídicas patrimoniais ou engloba matérias de direitos pessoais (ex.: direitos de personalidade, investigação da
paternidade, etc.)??Ainda que do 2024.º a 2030.º faça referência apenas a parte patrimonial

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 1. O conceito romano
- SUCCESSIO que deriva do verbo SUCCEDERE --» ir para debaixo de/vir para o lugar de, tomar o lugar de, vir depois, vir em seguida -
(RCS - 19)

- visava, portanto, todas as situações nas quais, por morte, era necessário determinar quem substituía o de cuius na titularidade do seu
património.

 2. A figura jurídica e o seu desenvolvimento


Sucessão é uma transmissão ou um chamamento?
Os bens que se deslocam do património de uma pessoa para outra ou o sucessor que é chamado para ocupar o lugar?

Nesta dicotomia encontramos o primeiro problema do conceito de sucessão:


(a) saber quem substitui o de cujus na titularidade dos direitos transmissíveis [chamamento], ou
(b) determinar como se transmitem os bens [transmissão]

Diferença que surgirá na redação do CC relativamente ao conceito de sucessão:


 Pires de Lima defendeu: “Dá-se sucessão quando uma ou mais pessoas vivas são chamadas à titularidade das relação jurídico-patrimoniais”
(RCS - 17) ou seja, é o chamamento de uma ou mais pessoas à titularidade das relações jurídico-patrimoniais de uma pessoa morta (com vista ao
subingresso nas mesmas) [chamamento]
 Galvão Telles propunha: “Quando alguém falece, todos os seus direitos e obrigações que não sejam intransmissíveis por morte se transferem a
uma ou mais pessoas” (RCS - 17) [transmissão]
“vã tentativa em relação ao direito moderno contrapor sucessão e transmissão. Não corresponde às realidades sociológicas e jurídicas actuais sustentar que em
certos casos uma pessoa toma a posição de outra de tal maneira que fica com os seus direitos como se fora ela própria, sem verdadeiramente «adquirir», sem
interpor um fenómeno de «transmissão»” Galvão Telles – LMTML (53)

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1. Conceito genérico
 No conceito romano (mesmo ao longo da sua evolução) e nos debates da Comissão Revisora, tinha-se apenas em vista a
sucessão mortis causa

 Mas suceder (substituir alguém/subingressar numa posição jurídica) é mais do que isso: sucede-se nos cargos ou nos
contratos, não apenas por morte.

2. Sucessão em vida | inter vivos


“resulta de um acto jurídico, normalmente um negócio jurídico, realizado em vida do autor da sucessão e que constitui a causa
jurídica da aquisição” – MLTML (54)

3. Sucessão por morte* | mortis causa


“na sucessão por morte, os efeitos jurídicos apenas se produzem por morte do autor da sucessão, sendo assim a morte causa
jurídica da aquisição” – MLTML (54)

*Casos de atos em vida que só terão efeitos com a morte --» testamento e o pacto sucessório (doações por morte são proibidas
pelo 946.º, mas podem ser realizadas através do testamento)

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Sucessão por Morte Sucessão em Vida
Regras do Livro V do CC Regras dos institutos próprios
*(Efeitos sucessórios também são encontrados nos
artigos 1106.º, 1113.º, e 496.º n.º2, assim como em leis
avulsas como Lei n.º7/2001)
MORTE como causa/concausa da modificação ato jurídico translativo de direito ou obrigação, que
subjetiva na titularidade dos bens. consubstancia um negócio outorgado entre o antigo e o
novo titular e de que resulta a transmissão – Morte não
tem relevo
Negócio mortis causa e Negócio inter vivos com Negócio inter vivos
efeitos post mortem (evento morte é a condição para
produção de determinados efeitos jurídicos) *Atenção a proibição dos contratos sucessórios – 2028.º
n.º2 e 946.º n.º1.
Testamento Ex.: Compra e venda, cessão da posição contratual

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Negócios inter vivos com efeitos post mortem
Negócio jurídico é celebrado em vida, mas alguns dos seus efeitos são diferidos
para o momento da morte do autor da sucessão
Produz efeitos antes da morte do doador, atribuindo ao donatário a nua
• Doação com reserva de usufruto – 958.º propriedade dos bens doados – o usufruto apenas se transmite com a morte

Produz efeitos antes da morte do doador, no entanto, o donatário só tem um pleno

• Doação com reserva do direito de dispor – 959.º


direito de propriedade sobre os bens doados no momento da morte do doador.

Termo suspensivo, morte do doador |divergência doutrinária 946.º - PC proibida,


• Doação cum moriar - 2028.º ML nula, PLeAV a morte não é a causa da doação

Termo suspensivo, morte do doador tem de ser anterior a do


• Doação si praemoriar – 274.º donatário|divergência doutrinária 946.º

• Partilha em vida – 2029.º


Doação ao presumido herdeiro legitimário que fica com o encargo de pagar os demais
imediatamente com a doação ou após --» diferente da colação

• Doação por morte para casamento - 946.º n.º1 | 2028.º e 1700.º ss (não o 1761.º
que trata de doação em vida)

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“A sucessão não se limita, aliás, as situações jurídicas substantivas, já que as situações jurídicas
processuais, como o direito de instaurar ou prosseguir acção judicial podem igualmente ser objecto de
sucessão” – LMTML (69)

OBJETO:
 Situações jurídicas patrimoniais ("consequente devolução dos bens que a esta pertenciam." - 2024.º)

- Direitos subjetivos
 direitos absolutos, direitos reais, direitos de autor, direitos de propriedade
intelectual
 direitos relativos: como direito de crédito, direito de indemnização (ex.:
perda da vida do autor da sucessão)
- Poderes potestativos
- Obrigações e Sujeições
- Situações jurídicas processuais (instaurar ou prosseguir ação judicial)

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Regra é que todos os direitos são objeto de sucessão,
mas há casos que não podem ser objeto da sucessão,

Artigo 2025.º
Objeto da sucessão Causa de extinção das situações jurídicas por morte
1. Não constituem objecto de sucessão as relações
jurídicas que devam extinguir-se por morte do NATURAL LEGAL NEGOCIAL
respectivo titular, em razão da sua natureza ou por
força da lei.
2. Podem também extinguir-se à morte do titular, por Proteção post mortem dos direitos de personalidade (71.º n.º1 ss) – não é um fenómeno de transmissão
vontade deste, os direitos renunciáveis. por morte desses mesmos direitos, é apenas uma forma jurídica de tutela da memória da pessoa falecida
Artigo 2026.º
Títulos de vocação sucessória
A sucessão é deferida por lei, testamento ou contrato. Direito de autor enquanto não cair em domínio público (57.º n.º1/51.º n.º 2* CDA DL n.º 63/85 de 14 de março)
– não é que os sucessores passem a ser titulares deste direito, apenas se beneficiam da proteção
(direito de reivindicar a paternidade da obra não pode ser objeto de sucessão)
 Situações pessoais – ex.: direitos de personalidade, funções legalmente atribuídas (ex.: cargo público/administração de uma sociedade/as
NATURAL responsabilidades parentais/a tutela…) atribuição a faculdade de intentar ações relativamente ao estado de família (ex.: anular perfilhação 1862.º,
intentar ou prosseguir ação de impugnação de paternidade/maternidade – 1825.º e 1844.º)
 Situações patrimoniais intuitu personae – ex.: Casos de extensão de legitimidade processual aos herdeiros – 1862.º, 1825.º e 1844.º
(uma transferência mortis causa de determinadas faculdades ligadas à tutela dos
- O direito real de uso e habitação – 1485.º e 1488.º
direitos da personalidade |benefício da legitimação processual para defesa da
- O direito de usufruto – 1443.º, 1444.º e 1476.º n.º1 a)
memória do falecido, não é um fenómeno sucessório
LEGAL - Testamentaria – 2334.º
- O direito de dispor de bens doados quando o doador tenha reservado para si esta faculdade – 959.º n.º1
- O direito do beneficiário da renda vitalícia – 1238.º
- O direito de alimentos e a correspondente obrigação – 2013.º, n.º1 a)
- Transmissão do direito de arrendamento urbano para fins habitacionais - 1106.º n.º1
- O direito convencional de preferência – 420.º

 Causa negocial – resulta da vontade do autor da sucessão (direito tem de ser renunciável – ex.: renúncia ao direito de servidão 1569.º n.º1 d)
NEGOCIAL

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 Transmissão por morte do arrendamento (1106.º Não | 1113.º SIM)
 Seguro de vida* (451.º | direito à prestação tem como fonte no contrato a
favor de terceiro celebrado) Cumprimento de um contrato oneroso
Para as contribuições feitas à companhia de seguro é aplicável a colação (2104.º ss), redução e
imputação das doações (2168.º ss) e a impugnação pauliana (610.º e ss) (! mas não sob o valor
total do prêmio) – 450.º
Gomes da Silva vê o seguro de vida como uma possibilidade de alargar a liberdade testamentária
(“fraude à lei de origem legal”)
Não implica diminuição do património hereditário

 Pensão de sobrevivência e o subsídio por morte


 Indemnização por morte (495.º e 496.º n.º 2, 3, e 4)
Artigo 496.º
Danos não patrimoniais
1 - Na fixação da indemnização deve atender-se aos danos não patrimoniais que, pela sua gravidade, mereçam a tutela do direito.
2 - Por morte da vítima, o direito à indemnização por danos não patrimoniais cabe, em conjunto, ao cônjuge não separado de pessoas e bens e aos filhos ou outros
descendentes; na falta destes, aos pais ou outros ascendentes; e, por último, aos irmãos ou sobrinhos que os representem.
3 - Se a vítima vivia em união de facto, o direito de indemnização previsto no número anterior cabe, em primeiro lugar, em conjunto, à pessoa que vivia com ela
e aos filhos ou outros descendentes.
4 - O montante da indemnização é fixado equitativamente pelo tribunal, tendo em atenção, em qualquer caso, as circunstâncias referidas no artigo 494.º; no caso
de morte, podem ser atendidos não só os danos não patrimoniais sofridos pela vítima, como os sofridos pelas pessoas com direito a indemnização nos termos dos
números anteriores.

Artigo 68.º n.º 1 “A personalidade cessa com a morte”


Faleceu sem ter proposto a ação - Sucessores tem direito? (Antunes Varela, Oliveira Ascensão, Ribeira de Faria e Pamplona Corte-Real)
Trata-se de um dano pessoal… Direito a indemnização não chegou a ser adquirido para poder transmitir
para os herdeiros (indemnização meramente punitiva e não ressarcitória)

SOLUÇÃO!
Para Galvão Telles, Almeida Costa, Menezes Cordeiro, Menezes de Leitão:
Vida: é um bem jurídico, se lesado, tem direito a indemnização (momentum mortis vitae tribuitur – momento da morte é o último momento da vida), que pelo 2024.º
transmite-se aos herdeiros. Dano morte pela via sucessória e não pelo artigo 496.º n.º 2,3,4 (direito próprio dos familiares).

“direito de indemnização (rectius, compensação) por danos não


patrimoniais tem um conteúdo patrimonial que, embora ainda não  Apesar do dano não ter natureza patrimonial, integra-se no artigo 2025.º
concretizado é concretizável, pelo que se deve incluir no âmbito do
 Trata-se de uma ação declarativa de condenação e não constitutiva.
objeto da sucessão” – RLX (58)

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Artigo 496.º
Artigo 495.º Danos não patrimoniais
Indemnização a terceiros em caso de morte ou lesão corporal 1 - Na fixação da indemnização deve atender-se aos danos não patrimoniais que, pela sua
1. No caso de lesão de que proveio a morte, é o responsável gravidade, mereçam a tutela do direito.
obrigado a indemnizar as despesas feitas para salvar o lesado e 2 - Por morte da vítima, o direito à indemnização por danos não patrimoniais cabe, em
todas as demais, sem exceptuar as do funeral. conjunto, ao cônjuge não separado de pessoas e bens e aos filhos ou outros descendentes; na
2. Neste caso, como em todos os outros de lesão corporal, têm falta destes, aos pais ou outros ascendentes; e, por último, aos irmãos ou sobrinhos que os Enumeração
direito a indemnização aqueles que socorreram o lesado, bem como representem. Taxativa
os estabelecimentos hospitalares, médicos ou outras pessoas ou 3 - Se a vítima vivia em união de facto, o direito de indemnização previsto no número
entidades que tenham contribuído para o tratamento ou assistência
Não cabe
anterior cabe, em primeiro lugar, em conjunto, à pessoa que vivia com ela e aos filhos ou aplicação
da vítima. outros descendentes. analógica
3. Têm igualmente direito a indemnização os que podiam exigir 4 - O montante da indemnização é fixado equitativamente pelo tribunal, tendo em atenção,
alimentos ao lesado ou aqueles a quem o lesado os prestava no em qualquer caso, as circunstâncias referidas no artigo 494.º; no caso de morte, podem ser
cumprimento de uma obrigação natural. atendidos não só os danos não patrimoniais sofridos pela vítima, como os sofridos pelas
pessoas com direito a indemnização nos termos dos números anteriores.

Atenção! Ao analisar o artigo 496.º é necessário distinguir danos sofridos pela própria vítima e os sofridos por outras pessoas

Danos atribuídos pelo 495.º e 496.º n.º2,3,4 nascem diretamente na esfera jurídica dos seus titulares – não resultam de qualquer espécie de sucessão

Danos não patrimoniais sofridos pela própria vítima Danos não patrimoniais sofridos por outras pessoas
Pedido deduzido pelas pessoas referidas no 496.º n.º2 e 3, em nome do 496.º n.º2 e 3 – Enumeração taxativa de quem são as pessoas (a título
falecido. próprio)
Danos não patrimoniais que a vítima sofreu (dano da privação da vida) Danos não patrimoniais que sofreram pela perda da vítima (ex.: desgosto,
sofrimento…)
Direito de indemnização tem natureza patrimonial (integra 2025.º) e por Não é uma questão sucessória – direito que nasce na esfera jurídica
isso irá ser transmitido por via sucessória destas pessoas
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 Diretivas Antecipadas de Vontade
 Destino post mortem dos seus órgãos

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Declaração Testamento de Testamento
Vital Vida Biológico (ITA)
Instrução escrita para guiar os
cuidados médicos em caso de doença
terminal ou dano irreversível, a ser Cláusulas
Testamento do
Declaração de
aplicada quando a pessoa não Testamentárias
Paciente
Cuidados
sobre a Vida Saúde
consegue manifestar a vontade.
Declaração
Patient
Testamento Vital Prévia dos Designation of
Advocate
Pacientes Surrogate
+ Designation
Terminais
Mandato Duradouro
OU Procurador de Procurador de Power of
Medical Power
Cuidados de Saúde of Attorney
Cuidados de Attorney for
Saúde Health Care

Diretiva Declaração
Instruções
Médica/ para Antecipada de
prévias (ESP)
Médicos Tratamento

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Testamento Vital
+
Mandato Duradouro
OU Procurador de
Cuidados de Saúde

Physician Orders Do-not-


for Life-Sustaining resuscitate (DNR)
Organ and tissue
Treatment (POLST) DNR Form, DNR
donation
(MOLST/MOST/POST/TPO Directive, Comfort
PP) One

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• 1969 Living Will – 1991 Patient SelfDetermination Act (PSDA)
• Programa – “Making Your Wishes Known: Planning Your Medical Future”

• Associación Pro Derecho a Morir Dignamente, iniciou o debate já em 1986


• Lei 41/2002 - “instrucciones previas”.
• Real Decreto 124/07 criação do Registro Nacional de Instrucciones

• Código Civil (2009) “Patientenverfügungen”

• Lei 160/2001 de 17 de novembro


• Lei 4.263/2007 da Província de Rio Negro - Lei federal 26.529/2009
• Lei 8.473/2009, de 3 de abril – “Voluntad Anticipada”

• Comitê Nacional de Bioética - Dichiarazioni Anticipate di Trattamento – “testamento biológico”


• Caso Eluana Englaro
• Comune de Massa, Toscana – recolha de manifestações
• APP - “The Last Wishes”

• “Living wills for people who will to live”

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Parecer n.º 59/CNECV/2010

“… doente morra como consequência da história natural da sua doença”


“Não é necessária uma declaração antecipada […] para que deva ser considerada a boa prática médica e ética a recusa da obstinação
terapêutica, isto é, a não realização de tratamento fútil u obstinado…”

Lei de Bases dos Cuidados Paliativos (Lei n.º 52/2012)

d) «Obstinação diagnóstica e terapêutica» os procedimentos diagnósticos e terapêuticos que são desproporcionados e fúteis, no
contexto global de cada doente, sem que daí advenha qualquer benefício para o mesmo, e que podem, por si próprios, causar
sofrimento acrescido;

Regulamento de Deontologia Médica (2016)


Artigo 65.º O fim da vida
1 — O médico deve respeitar a dignidade do doente no momento do fim da vida.
2 — Ao médico é vedada a ajuda ao suicídio, a eutanásia e a distanásia.
Artigo 66.º Cuidados Paliativos
1 — Nas situações de doenças avançadas e progressivas cujos tratamentos não permitem reverter a sua evolução natural, o médico
deve dirigir a sua ação para o bem -estar dos doentes, evitando a futilidade terapêutica, designadamente a utilização de meios de
diagnóstico e terapêutica que podem, por si próprios, induzir mais sofrimento, sem que daí advenha qualquer benefício.
Artigo 67.º Morte
[…] 3 — O uso de meios extraordinários de manutenção de vida deve ser interrompido nos casos irrecuperáveis de prognóstico
seguramente fatal e próximo, quando da continuação de tais terapêuticas não resulte benefício para o doente.
4 — O uso de meios extraordinários de manutenção da vida não deve ser iniciado ou continuado contra a vontade do doente.
5 — Não se consideram meios extraordinários de manutenção da vida, mesmo que administrados por via artificial, a hidratação e a
alimentação ou a administração por meios simples de pequenos débitos de oxigénio suplementar.

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Lei n.º 25/2012, de 16 de julho
Registo Nacional do Testamento Vital (RENTEV)
Testamento Vital e Procurador de Cuidados de Saúde

Portaria n.º 96/2014, 5 de maio - Regulamentação

Portaria n.º 104/2014, 15 de maio – Modelo de Diretiva Antecipada de Vontade

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Portaria n.º 104/2014 – Modelo de Diretiva Antecipada de Vontade

 Diretivas Antecipadas de Vontade (DAV)


 Identificação do Outorgante
 Pretendo nomear meu Procurador de Cuidados de Saúde
 Pretendo nomear meu Procurador de Cuidados de Saúde suplente
Situação Clínica em que a DAV Produz Efeitos
Cuidados de Saúde a receber/não receber
Médico (opcional)
Notário / Funcionário RENTEV
Validação

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Procedimentos e medicamentos extraordinários
(prolongam a vida biológica do paciente, sem garantir a qualidade de vida)
 Ressuscitação cardiopulmonar,
 Respiração artificial;
 Grandes procedimentos cirúrgicos;
 Diálise;
 Quimioterapia;
 Radioterapia;
 Pequenas cirurgias que não servirão para dar conforto ou aliviar a dor;
 Exames invasivos;
 Antibióticos;
 Nutrição e hidratação artificiais (?)

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 Colheita e aproveitamento de órgãos e tecidos do cadáver pode levantar muitas questões

 Em Portugal GOMES DA SILVA foi o primeiro a teorizar sobre a questão.

 Cadáver vai desaparecer e por isso o uso não afeta dignidade e sacralidade se for utilizado para
cura e alívio de outro ou para desenvolvimento do conhecimento da ciência.

 Algumas questões:

- Prolongamento da vida biológica com a finalidade de colheita ou investigação –


“culturas artificias de «mortos-vivos»” PPV/PLPV (93)
- CONSENTIMENTO para doação - Europa com perspetiva puramente solidarista
Lei n.º12/93 de 22 de abril
Colheita e transplante de órgãos
Artigo 10.º
Potenciais doadores
1 - São considerados como potenciais dadores post mortem todos os cidadãos nacionais e os apátridas e estrangeiros residentes em Portugal que não tenham
manifestado junto do Ministério da Saúde a sua qualidade de não dadores.
2 - Quando a indisponibilidade para a dádiva for limitada a certos órgãos ou tecidos ou a certos fins, devem as restrições ser expressamente indicadas nos respectivos
registos e cartão.
3 - A indisponibilidade para a dádiva dos menores e dos incapazes é manifestada, para efeitos de registo, pelos respectivos representantes legais e pode também ser
expressa pelos menores com capacidade de entendimento e manifestação de vontade.

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http://www.ipst.pt/files/TRANSPLANTACAO/DOACAOETRANSPLANTACAO/brochura_RENNDA.pdf

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Patrimônio virtual, além de ser
constituído por fotos, vídeos,
áudios, games, músicas, filmes,
centenas de mensagens
particulares, também inclui
moedas virtuais, senhas de
banco e outras informações ou
páginas de perfis que, por
exemplo, podem servir a uma
campanha publicitária e gerar
receita ao seu titular.

Patrimônio digital -» com


significância económica (Direito
de Autor)
https://www.facebook.com/help/103897939701143/
 BGH III ZR 183/17, de 12 de julho de 2018
 Tribunal de Milão, 9 de fevereiro de 2021, R. G. 44578/2020
Carta Portuguesa de Direitos Humanos
na Era Digital - Lei n.º 27/2021

Artigo 18.º
Direito ao Testamento Digital
1 - Todas as pessoas podem manifestar antecipadamente a sua vontade no que concerne à disposição dos seus conteúdos e dados pessoais, designadamente
os constantes dos seus perfis e contas pessoais em plataformas digitais, nos termos das condições contratuais de prestação do serviço e da legislação
aplicável, inclusive quanto à capacidade testamentária.
2 - A supressão póstuma de perfis pessoais em redes sociais ou similares por herdeiros não pode ter lugar se o titular do direito tiver deixado indicação em
contrário junto dos responsáveis do serviço.
Ou até depois!
- filiação judicialmente estabelecida depois;
Designação Sucessória Fixada no momento da abertura da sucessão - perfilhação no testamento;
- Inseminação post mortem

Artigo 2032.º
Chamamento de herdeiros e legatários
1. Aberta a sucessão, serão chamados à titularidade das relações jurídicas do falecido aqueles que gozam de prioridade na hierarquia dos sucessíveis, desde que
tenham a necessária capacidade.
2. Se os primeiros sucessíveis não quiserem ou não puderem aceitar, serão chamados os subsequentes, e assim sucessivamente; a devolução a favor dos últimos
retrotrai-se ao momento da abertura da sucessão.

“A designação não faz assim verdadeiramente parte do fenómeno jurídico


Títulos designativos e sua hierarquia sucessório, uma vez que se verifica antes de ocorrer a abertura da
sucessão. Não obstante, acaba por constituir um pressuposto desse
Lei Testamento Contrato fenómeno, atribuindo durante a vida do de cuiús uma expectativa de lhe vir
a suceder, sendo por isso atraída para a órbita da sucessão” - LMTML (88)

Sucessão Legitimária Sucessão Legítima Sucessão Voluntária Neg. Bilateral


2156.º
Sucessão legal 2131.º e 2027.º • Contratual – 2028.º n.º1
Neg. Unilateral
• Testamentária – 2179.º
Regime Imperativo Regime Supletivo

 “Expetativa jurídica fortemente titulada”  “simples esperança de facto de poderem vir a suceder”

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Sucessão Sucessão Sucessão Sucessão
legitimária legítima testamentária contratual

Decorre da expressão da Decorre de acordo de


Fontes Deferida por lei (2026.º) Deferida por lei (2026.º) vontade (2179.º) vontades (2028.º)
unilateral bilateral

Não pode ser afastada unilateral, revogável


Pode ser afastada pelo bilateral, irrevogável
Caracterização pelo de cujus (2027.º) (2179.º) irrenunciável
beneficiando, por isso, de
de cujus (2027.º) (1701.º)
proteção legal Carácter supletivo (2311.º)

Porção de bens de que o Bens em relação aos No âmbito da q.


a.s. não pode dispor quais o a.s. não dispôs disponível (existindo) Bens que não ofendam
Âmbito (quota legítima ou validamente (com respeito pelas doações eventual legítima
indisponível – 2156.º) (podendo fazê-lo) mortis causa)

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 Abertura da Sucessão -» no momento da morte 2031.º
 Sucessores do de cuius -» os que são chamados e que aceitam 2030.º|2050.º

Artigo 2030.º
Espécies de sucessores
1. Os sucessores são herdeiros ou legatários. HERDEIROS
2. Diz-se herdeiro o que sucede na totalidade ou numa quota do património do falecido e legatário o que sucede
em bens ou valores determinados.
3. É havido como herdeiro o que sucede no remanescente dos bens do falecido, não havendo especificação destes.
4. O usufrutuário, ainda que o seu direito incida sobre a totalidade do património, é havido como legatário. LEGATÁRIOS
5. A qualificação dada pelo testador aos seus sucessores não lhes confere o título de herdeiro ou legatário em
contravenção do disposto nos números anteriores.

“A distinção tem origem no Direito Romano, em que a distinção era clara, sendo o herdeiro investido numa
qualidade pessoal e tendo o legado um caráter estritamente patrimonial” - RLX (81)
 Ex.: Garrafeira, Biblioteca, Recheio da casa, Estabelecimento Comercial, Usufruto (2030.º n.º4)-» estes bens não estão concretamente
determinados, mas figuram certos BENS DETERMINADOS (estejam especificados ou não) - o sucessor será LEGATÁRIO
 HERDEIRO – sucede a QUOTA-PARTE
Distinção é essencial na sucessão voluntária
(Testamentária e Contratual). Na sucessão legal
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt caso de legado é o artigo 5.º n.º1 da Lei n.º 7/2001
CASO: Herança ou Legado

Qualifique as
disposições/sucessores  2030.º n.º2 – Herdeiro x Legatário

B faleceu em 2020  C – usufruto – LEGADO, sucessão em


No seu testamento incluiu as bens ou valores determinados – um
seguintes disposições: direito limitado
 M – imóvel – LEGADO – em substituição
a) Deixou a C, seu funcionário, o
da legítima 2165.º (n.º2 perda do direito
usufruto vitalício do
à legítima) – excesso na quota disponível
estabelecimento comercial que
do Autor da sucessão.
possuía
b) Deixa a única filha M a quinta  E – deixa metade do remanescente da
do Douro, em substituição da quota disponível é HERANÇA – sem
legítima especificação dos bens
c) Deixa ao tio E metade do
remanescente da sua quota  T – LEGADO - sucessão em bens ou
disponível valores determinados.
d) Deixa a T, amiga de infância 5
mil euros
 Só com herdeiros?

 Só com legatários?
Herdeiros Legatários
Bens sucessíveis [Bens Indeterminados] Totalidade ou quota-parte da herança – “remanescente dos [Bens Determinados] “sucede em bens ou valores determinados”
bens do falecido, não havendo especificação destes” SUCESSÃO SINGULAR mortis causa
SUCESSÃO UNIVERSAL mortis causa
Sujeito Herdeiro Legitimário ou Legítimo Pode ser um terceiro

Encargos com a Encargos da herança --» Herança responde pelas dívidas do falecido e demais Responsáveis pelos encargos com o legado 2276.º (exceto se toda a herança for
Herança encargos (não o património próprio do herdeiro) 2068.º, 2071.º, 2097.º, 2098.º distribuída em legados – 2277.º)
Usufrutro como legado – 2072.º
*Legado como encargo da herança 2068.º / 2265.º - 2278.º (pagamento rateado)
Enquanto os encargos da herança não forem satisfeitos, os bens da herança não Junto dos credores da herança gozam de preferência sobre os credores pessoais dos
respondem por dívidas dos herdeiros herdeiros – 2070.º n.º1
Direito de exigir Somente co-herdeiros têm o direito de exigir a partilha – 2101.º n.º1 Não são considerados interessados diretos 1085.º n.º1 al. A CPC
partilha Legatários não tem direito de exigira partilha* (os bens e/ou valores são
determinados) - apenas recorrer à ação de divisão de coisa comum 1412.º
*Caso de usufruto*
*O inventário pode ser exigido por qualquer interessado nesta - 1313.º CPC - o que
inclui o legatário, credores, etc.)
Direito de Co-herdeiros têm direito de acrescer (2137.º n.º2 e 2301.º n.º1) Só gozam do direito de acrescer quando nomeados para o mesmo objeto estando
acrescer limitado a este objeto – 2302.º n.º1
Oponibilidade Não há herdeiros a termo (suspensivo ou resolutivo) – 2243.º n.º2 Pode o autor da sucessão nomear o legatário a termo inicial (2243.º n.º1) e
de termo excecionalmente a termo final (disposição de um direito temporário – 2243.º n.º2 in
fine)
Direito de Co-herdeiros tem direito de preferência (direito é sobre o quinhão ou quota até a Legatários nomeados conjuntamente para um bem, após sucessão são
Preferência partilha) – 2130.º n.º1 comproprietários – 1409.º n.º1 (preferência do co-legatários dentro do objeto do
legado)
Legitimidade Legitimidade para requerer as providências previstas no artigo 71.º n.º2 Sem legitimidade para requerer as providências previstas no artigo 71.º n.º2
71.º n.º2
Outros efeitos Apenas os herdeiros podem: As reduções por inoficiosidade recaem primeiramente sobre os herdeiros
Sofrer sanções por sonegação de bens (2096.º) testamentários (2171.º)
Requerer providências face aos direitos de personalidade do autor da sucessão
(71.ºn.º2)
Gozam do direito de aceitar ou repudiar heranças de sucessíveis
chamados sem a haver aceitado ou repudiado (2058.º n.º1)
*Testamento e contrato não são títulos de vocação sucessória e sim negócios jurídicos que
atribuem a qualidade de sucessível antes da morte do de cuius.
Artigo 2026.º *Vocação em si ocorre somente no momento da abertura da sucessão.
Títulos de vocação sucessória
A sucessão é deferida por lei, testamento ou contrato
* A Lei não é um facto designativo em si, pois para ser aplicada é necessário que haja um facto
como casamento, parentesco, ou mesmo negócio jurídico. De modo que o testamento e pactos
sucessórios só são eficazes conforme a lei.

Factos designativos
Negociais Não Negociais
Testamento e Pacto Sucessório - Sucessão Casamento, Parentesco, adoção, cidadania
Testamentária e a Sucessão Contratual portuguesa.

Facto designativo não atribuem em definitivo a qualidade de sucessível --» somente no momento da abertura da sucessão

“Por exemplo, a designação resultante da sucessão legítima pode ser afectada se ocorrer a celebração de um testamento que
institui uma designação sucessória prevalente. Da mesma forma, se o autor da sucessão celebrar casamento, os seus
descendentes vão ter mais um herdeiro concorrente à sucessão. Precisamente por esse motivo nem todas as designações
sucessórias se irão converter em vocação, só ocorrendo tal com a designação sucessória prevalecente no momento da morte do
autor da sucessão.” - LMTML (88-89)

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Artigo 2027.º
Espécies de sucessão legal
A sucessão é legal é legítima ou legitimária, conforme possa ou não ser afastada pela vontade do seu autor.

Artigo 2156.º
Legítima
Entende-se por legítima a porção de bens de que o testador não pode dispor, por ser legalmente destinada aos herdeiros legitimários.

Artigo 2168º
Liberalidades inoficiosas
1 - Dizem-se inoficiosas as liberalidades, entre vivos ou por morte, que ofendam a legítima dos herdeiros legitimários.
2 - Não são inoficiosas as liberalidades a favor do cônjuge sobrevivo que tenha renunciado à herança nos termos da alínea c) do n.º 1 do artigo 1700.º, até à parte da herança
correspondente à legítima do cônjuge caso a renúncia não existisse.

Artigo 1701º
Irrevogabilidade dos pactos sucessórios
1. A instituição contratual de herdeiro e a nomeação de legatário, feitas na convenção antenupcial em favor de qualquer dos esposados, quer pelo outro esposado, quer por terceiro, não
podem ser unilateralmente revogadas depois da aceitação, nem é lícito ao doador prejudicar o donatário por actos gratuitos de disposição; mas podem essas liberalidades, quando feitas
por terceiro, ser revogadas a todo o tempo por mútuo acordo dos contraentes. […]

Artigo 1705.º
Disposições por morte a favor de terceiro, com carácter contratual
1. À instituição de herdeiro e à nomeação de legatário feitas por qualquer dos esposados em favor de pessoa certa e determinada que intervenha como aceitante na convenção
antenupcial é aplicável o disposto nos artigos 1701.º e 1702.º, sem prejuízo da sua ineficácia se a convenção caducar. […]

Artigo 2179º
Noção de testamento
1. Diz-se testamento o acto unilateral e revogável pelo qual uma pessoa dispõe, para depois da morte, de todos os seus bens ou de parte deles.
2. As disposições de carácter não patrimonial que a lei permite inserir no testamento são válidas se fizerem parte de um acto revestido de forma testamentária, ainda que nele não
figurem disposições de carácter patrimonial.

Artigo 2131º
Abertura da sucessão legítima
Se o falecido não tiver disposto válida e eficazmente, no todo ou em parte, dos bens de que podia dispor para depois da morte, são chamados à sucessão desses bens os seus herdeiros legítimos.
Verificar se a quota Irrevogabilidade dos pactos
disponível não extrapolou Sucessão Legitimária Sucessão Voluntária
sucessórios – prevalece sobre a
para a indisponível: 2156.º • Contratual – 2028.º n.º1
designação testamentária (mesmo
Liberalidades inoficiosas • Testamentária – 2179.º
Regime Imperativo que tenha sido feito antes do PS)

Sucessão Legitimária
Apenas Herdeiros
2156.º
Legitimários - sem dispor da
quota disponível Regime Imperativo

Sem Herdeiros Legitimários Sucessão Voluntária Sucessão Legítima


tendo disposto sobre parte • Contratual – 2028.º n.º1 2131.º e 2027.º
dos bens. • Testamentária – 2179.º
Regime Supletivo

Sem Herdeiros Legitimários Sucessão Voluntária


tendo disposto sobre todos os • Contratual – 2028.º n.º1
bens. • Testamentária – 2179.º

Sem Herdeiros Legitimários e Sucessão Legítima


sem ter feito qualquer 2131.º e 2027.º
disposição em vida. Regime Supletivo

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“Fala-se em sucessíveis para indicar as pessoas beneficiárias do facto designativo, devendo distinguir-se entre sucessíveis
designados, quando ainda não se verificou a abertura da sucessão, e sucessíveis chamados, quando em relação ao mesmos já
se verificou o chamamento, em consequência da morte do de cuius” - LMTML (87)

 Legítima (é protegida – 2156.º) pode ser colocada em causa --» Disposição


mortis causa ou doação em vida
 Herdeiros Legitimários (2157.º “o cônjuge, os descendentes e os ascendentes”)
em vida do autor da sucessão podem reagir contra os atos destes quando
possam prejudicar o seu património.
“direito ao direito de suceder” –

“o legitimário, em vida do autor da sucessão, é apenas titular de uma mera expectativa jurídica, que não se confunde com um
direito subjectivo, mas que, por ser juridicamente tutelada, lhe permite reagir contra actos do autor da sucessão que o visem
prejudicar” - LMTML (92)
Paulo Cunha | LMTML (91)

Ausência -» Curadoria Provisória 91.º | Curadoria Definitiva 99.º


“Por outro lado, se o autor da sucessão não pode afetar a legítima
Incapacidade -» Maior Acompanhado 141.º através das doações em vida, não está impedido de celebrar
negócios de alienação onerosos e gastar o dinheiro assim adquirido
Arguir simulação -» 242.º n.º2 (877.º) em consumos pessoais” - LMTML (91)
Herdeiros só poderão
Consentimento dos Herdeiros para Partilha em vida -» 2029.º requerer as medidas
Sephora Marchesini - 10856@por.ulusiada.pt do 138.º e ss (Maiores
Acompnhados)
Artigo 2031.º
“A abertura da sucessão não deve ser confundida com a
Momento e lugar morta do de cuius, uma vez que conceptualmente constitui
A sucessão abre-se no momento da morte do seu autor e no lugar do último domicílio dele. antes um efeito desta” - LMTML (95)

Artigo 2032.º
Chamamento de herdeiros e legatários
1. Aberta a sucessão, serão chamados à titularidade das relações jurídicas do falecido aqueles que gozam de prioridade na hierarquia dos sucessíveis, desde que tenham a
necessária capacidade.
2. Se os primeiros sucessíveis não quiserem ou não puderem aceitar, serão chamados os subsequentes, e assim sucessivamente; a devolução a favor dos últimos retrotrai-se ao
momento da abertura da sucessão.

 A vocação sucessória (o chamamento) tem lugar no momento da abertura da sucessão (2032.ºn.º1), altura em que têm de conferir-se os
respetivos pressupostos (titularidade da designação sucessória prevalente, personalidade jurídica, capacidade sucessória)

 Os efeitos da aceitação e repúdio (2050.º n.º2, 2062.º e 249.º) da herança ou legado retroagem ao momento da abertura, não podendo a mesma
ocorrer antes do momento da abertura.

 A partilha retroage ao momento da abertura da sucessão (2119.º)

 Só depois da abertura podem os sucessores celebrar atos de alienação dos bens (2124.º ss., 2062.º ss, 2249.º)

 O valor dos bens é o do momento da abertura - para efeito do cálculo da legítima (2162.º n.º1), para os bens doados sujeitos à colação (2109.º
n.º1), e eventual redução por inoficiosidade (2168.º)

 Os efeitos sucessórios são regulados pela lei vigente ao momento da abertura da sucessão (12.º)

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Artigo 82.º Código de Processo Civil
Domicílio voluntário geral Artigo 72.º-A
Artigo 2031.º 1. A pessoa tem domicílio no lugar da Matéria Sucessória
Momento e lugar sua residência habitual; se residir 1 - Em matéria sucessória é competente
A sucessão abre-se no momento da morte do seu autor e no lugar do último domicílio dele. alternadamente, em diversos lugares, o tribunal do lugar da abertura da
tem-se por domiciliada em qualquer sucessão.
deles. 2 - Se, no momento da sua morte, o
REGULAMENTO (UE) N.o 650/2012 DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO 2. Na falta de residência habitual, autor da sucessão não tiver residência
de 4 de julho de 2012 considera-se domiciliada no lugar da habitual em território português, é
sua residência ocasional ou, se esta não competente o tribunal em cuja
Considerando (23)
puder ser determinada, no lugar onde circunscrição esse autor teve a sua
Tendo em conta a mobilidade crescente dos cidadãos e a fim de assegurar a boa se encontrar. última residência habitual em território
administração da justiça na União e para assegurar uma conexão real entre a nacional.
sucessão e o Estado-Membro em que a competência é exercida, o presente 3 - Se o tribunal competente não puder
Artigo 2070.º ser determinado com base no disposto
regulamento deverá prever como fator de conexão geral, para fins de Entrega do legado nos números anteriores, mas o autor da
determinação da competência e da lei aplicável, a residência habitual do falecido Na falta de declaração do testador sucessão tiver nacionalidade portuguesa
no momento do óbito. A fim de determinar a residência habitual, a autoridade que sobre a entrega do legado, esta deve ou houver bens situados em Portugal, o
ser feita no lugar em que a coisa legada tribunal competente é:
trata da sucessão deverá proceder a uma avaliação global das circunstâncias da se encontrava ao tempo da morte do a) Havendo imóveis, o tribunal da
vida do falecido durante os anos anteriores ao óbito e no momento do óbito, tendo testador e no prazo de um ano a contar situação dos bens, ou, situando-se os
em conta todos os elementos factuais pertinentes, em particular a duração e a dessa dada, salvo se por facto não imóveis em circunscrições diferentes, o
imputável ao onerado se tornar tribunal da situação do maior número;
regularidade da permanência do falecido no Estado em causa, bem como as
impossível o cumprimento dentro desse ou
condições e as razões dessa permanência. A residência habitual assim determinada prazo; se, porém, o legado consistir em b) Não havendo imóveis, o tribunal de
deverá revelar uma relação estreita e estável com o Estado em causa tendo em dinheiro ou em coisa genérica que não Lisboa.
conta os objetivos específicos do presente regulamento. exista na herança, a entrega deve ser
feita no lugar onde se abrir a sucessão, Aditado pelo seguinte diploma: Lei n.º
dentro do mesmo prazo 117/2019, de 13 de Setembro

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https://www.dgsi.pt/jtrc.nsf/8fe0e606d8f56b22802576c0005637dc/c088571
87c80257e35004f0b09?OpenDocument

Ac. TRC de 21/04/2015


Proc. n.º 40/12.7TBMIR.C1
 1. No inventário instaurado para partilha da herança aberta por
morte de um cidadão com nacionalidade portuguesa podem e devem
ser objecto de relacionação e partilha os bens por ele deixados no
estrangeiro, sejam eles móveis ou imóveis, atento o princípio da
unidade e universalidade da herança.
2. Uma vez que por força do disposto nos art.ºs 25 e 62 do C. Civil tal
partilha é regulada pela lei pessoal do “de cujus”, nada obsta a que
nesse inventário se adjudiquem aos herdeiros os quinhões que
incluam aqueles bens, ainda no Estado em que os mesmos se situem a
respectiva decisão não possa ser aí reconhecida e executada
Artigo 2024.º
Noção
Diz-se sucessão o chamamento de uma ou mais pessoas à titularidade das relações jurídicas patrimoniais de uma
pessoa falecida e a consequente devolução dos bens que a esta pertenciam.

Tese Autores Explicação


Tese da autonomia dos dois • Pires de Lima “devolução sucessória é uma consequência do chamamento e da aceitação da
conceitos • Gomes da Silva herança” – (CD) LMTML (100)
• Cristina Dias
Tese da identidade entre os dois • Galvão Telles “chamamento à sucessão e devolução da sucessão constituem expressões
conceitos • Pamplona Corte-Real sinónimas, tanto faz dizer que alguém é chamado a certa sucessão como afirmar
que essa sucessão lhe é devolvida” – (GT) LMTML (100)
Tese que os dois conceitos • Pereira Coelho “Haveria assim apenas uma diferença de perspectiva, já que enquanto que a
exprimem diferentes • Carvalho Fernandes vocação se refere ao chamamento de pessoas, a devolução toma por base a
perspetivas da mesma realidade • Jorge Duarte Pinheiro aquisição de situações jurídicas” - LMTML (100)
Tese da diferenciação em função • Oliveira Ascensão “vocação é a atribuição do direito de suceder e significa o mesmo que o
dos sucessores chamamento. Devolução é a fase que se verifica em princípio em beneficio de quem
tem título de herdeiro, quando se dá a colocação dos bens à disposição do
chamado” - (OA) LMTML (101)
*Transmissão do 1255.ºsó para herdeiros, já que os legatários adquiriam a posse a partir
do herdeiros

LMTML (101) – 2032.º n.º2, 2037.ºn.º1, 2055.º, 2125.º n.º 2, 2239.º n.º1, 2294.º devolução aparece identificada como vocação –
“a vocação é susceptível de ser encarada através de duas vertentes: a vertente pessoal (chamamento) e a vertente patrimonial, através da atribuição das
correspondentes situações jurídicas patrimoniais (devolução), e ambas se referindo ao art. 2024.º”

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CHAMAMENTO
DOS
Designação Abertura da Vocação
Morte HERDEIROS E
Sucessória Sucessão Sucessória
LEGATÁRIOS
2032.º

Pode ter lugar a uma vocação subsequente |


vocação diferida, vocação condicional e vocação a
Pressupostos da Vocação Sucessória - 2032.º: termo – 2032 .º n.º2

 Titularidade da designação sucessória prevalente; Artigo 2032.º


Chamamento de herdeiros e legatários
1. Aberta a sucessão, serão chamados à titularidade das relações
 A existência de personalidade jurídica e sobrevivência jurídicas do falecido aqueles que gozam de prioridade na
hierarquia dos sucessíveis, desde que tenham a necessária
 A capacidade sucessória capacidade.
2. Se os primeiros sucessíveis não quiserem ou não puderem
aceitar, serão chamados os subsequentes, e assim
sucessivamente; a devolução a favor dos últimos retrotrai-se ao
momento da abertura da sucessão.

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CASO: Personalidade Jurídica
Estamos perante um contrato de mandato (modalidade do contrato de
prestação de serviços) com representação, nos termos do artigo 1157º
(conceito) e 1178º. Sempre que uma pessoa promete a outra a sua colaboração
jurídica, pondo à disposição dela a sua capacidade de agir no mundo do
Meses antes de morrer, António direito, contratando com terceiros ou praticando outros atos jurídicos em face
deles, constitui-se um vínculo de mandato. Na simples qualidade de
mandatou (1157º) e outorgou mandatário, o agente age por conta do mandante mas em nome próprio. Neste
procuração (262º) a Bento para que caso, haveria mandato com poderes representativos (fornecidos pela
procuração, um negócio jurídico unilateral), logo Bento atuaria por conta e em
este vendesse a sua casa de férias nome do mandante.
no Algarve (1178º - mandato com
Nota: mandato – contrato; procuração – nj unilateral, com consequências
representação). Após a morte graves ao nível de um hipotético incumprimento.
António, Bento pretende saber se Contudo, estamos perante uma relação jurídica patrimonial que, ainda que
pessoal, é objeto da sucessão, nos termos do artigo 2024º. Contudo, ainda que
ainda tem poderes de fosse relação jurídica patrimonial, por exemplo, por via da sua remuneração –
representação. ilidição da presunção legal do 1158º nº1, por exemplo, se Bento for agente
imobiliário -, o contrato de mandato envolve, ainda duas dificuldades:
• A representação é duplamente “intuitu personae”, logo, classificável como
“não transmissível”, pois com a morte do titular não há ninguém para ser
representado, e nunca poderia o ex-representante do de cujos representar os
herdeiros. Isto liga-se ao 2º problema…
• O mandato caducou com a morte do mandante (1174º a)) no momento em
que seja conhecida do mandatário, ou quando da caducidade não possam
resultar prejuízos para o mandante ou seus herdeiros, salvo se o mandato for
também conferido no interesse do mandatário ou de terceiros, como o direito a
uma prestação se este tiver contra o mandante uma qualquer pretensão
relativa à realização do negócio (1175º - o que levanta também problemas
quanto à sua revogação – 1170º).

Assim sendo, tudo indica que Bento não mais gozará de poderes de
representação do de cujos.
Artigo 66.º
Começo da personalidade
1. A personalidade adquire-se no momento do
nascimento completo e com vida.
 Titularidade da designação sucessória prevalente: 2. Os direitos que a lei reconhece aos
nascituros dependem do seu nascimento.
Não são todos os designados sucessíveis chamados Artigo 68.º
Hierarquia: sucessão legitimária (quota indisponível) | designados à título contratual, Termo da personalidade
1. A personalidade cessa com a morte.
testamentários (quota disponível) e os legítimos (quando não há legitimários, ou quando não 2. Quando certo efeito jurídico depender da
houve disposição total/eficaz da quota disponível) sobrevivência de uma a outra pessoa, presume-
se, em caso de dúvida, que uma e outra
faleceram ao mesmo tempo.
3. Tem-se por falecida a pessoa cujo cadáver
 A existência de personalidade jurídica e sobrevivência: não foi encontrado ou reconhecido, quando o
desaparecimento se tiver dado em
Artigos 66.º n.º1 e 68.º n.º1 (nascido e sem ter falecido) circunstâncias que não permitam duvidar da
*nascituros já concebidos a altura da abertura da sucessão e dos concebidas por inseminação post mortem morte dela.
(66.º n.º2 e 2033.º n.º1), e designação testamentária com vocação diferida de nascituros não concebido Artigo 2033.º
(2033.º n.º2) Princípios gerais
1 - Têm capacidade sucessória, além do
Estado, todas as pessoas nascidas ou
 A capacidade sucessória: concebidas ao tempo da abertura da sucessão,
não excetuadas por lei, bem como as pessoas
Indignidade* e a Deserdação concebidas, nos termos da lei, no quadro de
um procedimento de inseminação post
*Determinada por lei – exceto casos de pessoas inidóneas mortem.
*Indignidade não é falta de capacidade e sim uma ilegitimidade. 2. Na sucessão testamentária ou contratual
têm ainda capacidade:
a) Os nascituros não concebidos, que sejam
filhos de pessoa determinada, viva ao tempo
da abertura da sucessão;
b) As pessoas colectivas e as sociedades
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Artigo 66.º
Começo da personalidade
1. A personalidade adquire-se no momento do
nascimento completo e com vida.
2. Os direitos que a lei reconhece aos nascituros
dependem do seu nascimento.
Artigo 68.º
Termo da personalidade
1. A personalidade cessa com a morte.
2. Quando certo efeito jurídico depender da
sobrevivência de uma a outra pessoa, presume-se,
em caso de dúvida, que uma e outra faleceram ao
mesmo tempo.
3. Tem-se por falecida a pessoa cujo cadáver não foi
encontrado ou reconhecido, quando o
desaparecimento se tiver dado em circunstâncias
que não permitam duvidar da morte dela.
 Aquisição da personalidade jurídica -» 66.º n.º2 | 2033.º n.º2 Artigo 2033.º
Princípios gerais
1 - Têm capacidade sucessória, além do Estado,
 Procriação artificial após a abertura da sucessão -» 2033.º e 2046.º todas as pessoas nascidas ou concebidas ao tempo
da abertura da sucessão, não excetuadas por lei,
bem como as pessoas concebidas, nos termos da lei,
 Atribuição da herança ou legado a favor de nascituros não no quadro de um procedimento de inseminação post
mortem.
concebidos 2. Na sucessão testamentária ou contratual têm
ainda capacidade:
a) Os nascituros não concebidos, que sejam filhos de
 Personalidade jurídica das pessoas coletivas pessoa determinada, viva ao tempo da abertura da
sucessão;
b) As pessoas colectivas e as sociedades.
 Sobrevivência em relação ao de cuius Artigo 2046.º
Noção
1 - Diz-se jacente a herança aberta, mas ainda não
aceita nem declarada vaga para o Estado.
2 - Existindo consentimento para a possibilidade de
inseminação post mortem, nos termos da lei, a
herança do progenitor falecido mantém-se jacente
durante o prazo de três anos após a sua morte, o
qual é prorrogado até ao nascimento completo e
com vida do nascituro caso esteja pendente a
realização dos procedimentos de inseminação
permitidos nos termos da lei.

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Artigo 66.º  Nascituro --» não nasceu mas foi concebido
Começo da personalidade
1. A personalidade adquire-se no momento do nascimento completo e com vida.
 Conceturos --» não foi concebido ainda
2. Os direitos que a lei reconhece aos nascituros dependem do seu nascimento. (simples expectativas)

“O nascimento é apenas mais um facto relevante na vida da pessoa” - PPV/PLPV (77)

“O nascituro não é, pois, objeto do direito. Como pessoa humana viva, o nascituro é pessoa jurídica” - PPV/PLPV (78)

“A personalidade jurídica das pessoas humanas tem início concomitantemente com o início da sua vida e existência
enquanto pessoas” - PPV/PLPV (79)

Autor Conceção
Eduardo dos Santos e Concebido ou não beneficia da vocação (fica dependente do seu nascimento)
Capelo de Sousa
Pereira Coelho e Vocação somente de nascituros já concebidos (personalidade jurídica reduzida)
Cristina Araújo
Leite Campos Personalidade jurídica desde a conceção, portanto nascituros concebidos são chamados a sucessão, e os bens são transmitidos
ainda que não chegue a haver o nascimento com vida
Carvalho Fernandes Vocação retroage a data da abertura, incluindo os nascituros concebidos, contudo a sucessão só se concretiza com o
nascimento (direito sem sujeitos)
Luís Manuel Teles “uma vez que a aquisição da personalidade jurídica depende do nascimento completo e com vida, apenas nesse momento se
Menezes de Leitão concretiza a vocação, ainda que esta retroaja ao momento da abertura da sucessão” – LMTML (104)

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https://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.php?artigo_id=903A0002&nid=903&tabela=leis&pagina=1&ficha=1&so_miolo=&
nversao=#artigo

Lei n.º32/2006 de 26 de julho Artigo 23.º


Procriação Medicamente Assistida Paternidade
Artigo 22.º 1 - Se, em virtude da inseminação realizada nos termos previstos nos artigos
Inseminação post mortem anteriores, resultar gravidez da mulher inseminada, a criança que vier a
1 - De forma a concretizar um projeto parental claramente estabelecido e consentido, e decorrido o prazo nascer é havida como filha do falecido.
considerado ajustado à adequada ponderação da decisão, é lícito, após a morte do marido ou do unido de facto: 2 - Se a inseminação post mortem ocorrer em violação do disposto nos
a) Proceder à transferência post mortem de embrião; artigos anteriores, a criança que vier a nascer é havida como filha do
b) Realizar uma inseminação com sémen da pessoa falecida. falecido, sem prejuízo do disposto nos n.os 3 e 7.
2 - O estabelecido no número anterior é aplicável aos casos em que o sémen seja recolhido, com base em fundado 3 - Cessa o disposto no número anterior se, à data da inseminação, a mulher
receio de futura esterilidade, para fins de inseminação da mulher com quem o homem esteja casado ou viva em união tiver contraído casamento ou viver há pelo menos dois anos em união de
de facto e o dador vier a falecer durante o período estabelecido para a conservação do sémen. facto com homem que, nos termos do artigo 14.º, dê o seu consentimento a
3 - O sémen recolhido com base em fundado receio de futura esterilidade, sem que tenha sido prestado tal ato, caso em que se aplica o disposto no n.º 3 do artigo 1839.º do Código
consentimento para a inseminação post mortem, é destruído se a pessoa vier a falecer durante o período estabelecido Civil.
para a respetiva conservação. 4 - O disposto no número anterior não prejudica o direito de conhecimento
4 - O prazo referido no n.º 1 não deve ser inferior a seis meses, salvo razões clínicas ponderosas devidamente da identidade genética por parte da criança que vier a nascer.
atestadas pelo médico que acompanha o procedimento. 5 - Existindo consentimento para a possibilidade de inseminação post
5 - Os procedimentos devem iniciar-se no prazo máximo de três anos contados da morte do marido ou unido de facto, mortem, a herança do progenitor falecido mantém-se jacente durante o
podendo realizar-se um número máximo de tentativas idêntico ao que está fixado para os centros públicos. prazo de três anos após a sua morte, o qual é prorrogado até ao nascimento
6 - A inseminação com sémen do marido ou do unido de facto, bem como a implantação post mortem de embrião, só completo e com vida do nascituro caso esteja pendente a realização dos
pode ocorrer para a concretização de uma única gravidez da qual resulte nascimento completo e com vida. procedimentos de inseminação permitidos nos termos do n.º 5 do artigo 22.º
7 - É assegurado, a quem o requerer, acompanhamento psicológico no quadro da tomada de decisão de realização de 6 - Nos casos previstos no número anterior, a herança é posta em
uma inseminação post mortem, bem como durante e após o respetivo procedimento administração, nos termos da legislação aplicável.
Artigo 22.º-a 7 - A realização de procedimentos de inseminação post mortem sem
Requisitos do consentimento parai nseminação post mortem consentimento do dador e que prejudiquem interesses patrimoniais de
1 - O consentimento para a inseminação post mortem referido no n.º 1 do artigo 22.º deve ser reduzido a escrito ou terceiros, designadamente direitos sucessórios, faz incorrer os seus autores
registado em videograma, após prestação de informação ao dador quanto às suas consequências jurídicas. no dever de indemnizar, sem prejuízo da efetivação da responsabilidade
2 - O consentimento referido no número anterior pode constar do documento em que é prestado o consentimento criminal prevista na presente lei.
informado previsto no artigo 14.º, desde que conste de cláusula autónoma.
3 - O documento de prestação de consentimento autorizando a inseminação post mortem referido nos números Artigo 42-A.º
anteriores é comunicado ao Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida para efeitos do seu registo Procriação post mortem sem consentimento
centralizado. Quem, com a intenção de obter ganho próprio ou de causar prejuízo a
alguém, participar em ato de inseminação com sémen do marido ou do
 Lei em 2006 -» admissibilidade legal da transferência post mortem do embrião unido de facto após a morte deste, bem como à transferência post mortem
de embrião, sem o consentimento devido, é punido com pena de prisão até
 Lei em 2019 -» admissibilidade legal também na inseminação post mortem em sentido restrito 2 anos ou multa de 240 dias.
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https://tviplayer.iol.pt/programa/alexandra-
borges/5c4b427d0cf2adafd003503a/video/5e3851d20cf2c472ec723e53

3 de fevereiro de 2020

Repercussão do caso levou a


Publicação da Lei n.º 72/2021 de 12
de novembro que resultou:

 Na alteração dos artigos 22.º e 23.º


e os artigos 22.º-A e 42.º-A foram
aditados à Lei n.º 32/2006, de 26
de julho.

 Na alteração dos artigos 2033.º e


2046.º do Código Civil

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https://www.dn.pt/edicao-do-dia/18-fev-2020/pode-uma-viuva-engravidar-do-marido-11832331.html
https://cnnportugal.iol.pt/angela-ferreira/angela-ferreira/inseminacao-pos-morte-acabou-o-
impasse-mulheres-ja-podem-recorrer-a-todas-as-tecnicas-para-
engravidar/20220622/62b3382d0cf2ea367d4271d6

18/02/2020

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Artigo 2033.º Artigo 1839.º
Princípios gerais Fundamento e legitimidade
1 - Têm capacidade sucessória, além do Estado, todas as pessoas nascidas 1. A paternidade do filho pode ser impugnada pelo marido da mãe, por esta,
ou concebidas ao tempo da abertura da sucessão, não excetuadas por lei, pelo filho ou, nos termos do artigo 1841.º, pelo Ministério Público.
bem como as pessoas concebidas, nos termos da lei, no quadro de um 2. Na acção o autor deve provar que, de acordo com as circunstâncias, a
procedimento de inseminação post mortem. paternidade do marido da mãe é manifestamente improvável.
2. Na sucessão testamentária ou contratual têm ainda capacidade: 3. Não é permitida a impugnação de paternidade com fundamento em
a) Os nascituros não concebidos, que sejam filhos de pessoa determinada, inseminação artificial ao cônjuge que nela consentiu.
viva ao tempo da abertura da sucessão;
b) As pessoas colectivas e as sociedades.
Contém as alterações dos seguintes diplomas:
- Lei n.º 72/2021, de 12/11
 Oliveira de Ascensão contrário --» Qualidade de sucessível
legítimo ou legitimário deveria ocorrer no prazo de 300 dias
após a abertura da sucessão para afastar o risco de uma
Artigo 2046.º
partilha indefinidamente alterada.
Noção
 Carvalho Fernandes acompanhou, mesmo após a
1 - Diz-se jacente a herança aberta, mas ainda não aceita nem declarada
vaga para o Estado.
publicação da Lei da PMA (previa em 2006 a
2 - Existindo consentimento para a possibilidade de inseminação post admissibilidade legal da transferência post mortem do
mortem, nos termos da lei, a herança do progenitor falecido mantém-se embrião)
jacente durante o prazo de três anos após a sua morte, o qual é
prorrogado até ao nascimento completo e com vida do nascituro caso  Pamplona Corte-Real, Jorge Duarte Pinheiro com base no
esteja pendente a realização dos procedimentos de inseminação princípio da não discriminação em função do nascimento,
permitidos nos termos da lei. concordam com a atribuição de direitos sucessórios ainda
Contém as alterações dos seguintes diplomas: que após os 300 dias.
- Lei n.º 72/2021, de 12/11

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Nascituro já concebido não é coisa, não é víscera, é PESSOA!

 Enquanto não for concebido (952.º) a administração cabe a pessoa viva de quem este seria filho,
ou se incapaz do seu representante legal - 2240.º n.º1
 Quando concebido a administração dos bens é por quem administraria caso já tivesse nascido –
2240.º n.º2
Código de Processo Civil
Artigo 2240.º
Lei n.º41/2013 de 26 de junho
Administração da herança ou legado a favor de nascituro Artigo 1092.º
1. O disposto nos artigos 2237.º a 2239.º é aplicável à herança deixada a Suspensão da Instância
nascituro não concebido, filho de pessoa viva; mas a esta pessoa ou, se ela for 1 - Sem prejuízo do disposto nas regras gerais sobre suspensão da instância, o juiz deve
incapaz, ao seu representante legal pertence a representação do nascituro em determinar a suspensão da instância:
[…]
tudo o que não seja inerente à administração da herança ou do legado.
c) Se houver um interessado nascituro, a partir do conhecimento do facto nos autos e até
2. Se o herdeiro ou legatário estiver concebido, a administração da herança ou ao nascimento do interessado, exceto quanto aos atos que não colidam com os interesses
do legado compete a quem administraria os seus bens se ele já tivesse nascido. do nascituro
[…]

 Controvérsias quanto a partilha em casos de nascituros não concebidos (conceturos).

 Suspensão da instância no processo de inventário -» CPC 1092.º n.º1 al. c) “Se houver um interessado
nascituro, a partir do conhecimento do facto nos autos e até ao nascimento do interessado, exceto quanto
aos atos que não colidam com os interesses do nascituro.”, nada refere aos casos de nascituros não
concebidos.

 Não é claro como deve ocorrer a partilha em casos de estar contemplado no testamento ou pacto
sucessório a referência a nascituros não concebidos.
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Solução Explicação Autor
Comunhão Partilha somente quando haja certeza que não surgem mais filhos – bens em Itália por Stolfi
temporária comunhão indivisa. Castro Mendes e
Administração pelos herdeiros já nascidos. Pamplona Corte-Real
obrigatória
Risco de partilhar, e os conceturos após não terem património por já ter sido
dissipado pelos herdeiros com vida a data da partilha.
• Problema segundo LMTLM – Afeta profundamente os demais herdeiros
Partilha Partilha deve ser feita entre os nascidos e nascituros, e calcular-se os conceturos – Cunha Gonçalves
aproximativa partilha conforme a expetativa e posteriormente se necessário fazer as devidas
correções
• Problema segundo LMTLM – puramente especulativo os cálculos
Partilha sob Partilha logo após a abertura da sucessão, mas fica sujeita a condição resolutiva no Itália Ricci
condição resolutiva caso de ocorrer nascimento completo e com vida do interessado (Parecer C.N. José Tavares e Pereira
35/2012 SJC-CT do IRN) Coelho
• Problema segundo LMTLM – implica constituição sob condição de todos os direitos
de propriedade dos herdeiros (1307.º n.º1), afetando a disponibilidade dos bem
(274.º) para proteção do interesse de um herdeiro que pode nunca existir
Atribuição de um Partilha poderá ser imediata, cabendo a aplicação do 2029.º n.º2 “ Se sobrevier ou se Guilherme de Oliveira e
direito a tornas tornar conhecido outro presumido herdeiro legitimário, pode este exigir que lhe seja Jorge Duarte Pinheiro
composta em dinheiro a parte correspondente.”
• LMTLM é favorável afinal o 1127.º e 1128.º do CPC permitem anulação da partilha
por preterição de um dos herdeiros.

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https://www.dgsi.pt/jtrl.nsf/33182fc732316039802565fa00497eec/19a8c04
bbc80258a7b003be4f8?OpenDocument

Ac. TRL de 23/11/2023


Proc. n.º 6248/22.0T8LSB.L1-2
 I. O facto de a gramática do artigo 2033.º do CC atribuir “capacidade sucessória”, na sucessão testamentária ou
contratual, a “nascituros não concebidos”, e de o artigo 66.º do mesmo código afirmar que a personalidade se
adquire no momento do nascimento completo e com vida e que os “direitos que a lei reconhece aos nascituros”
dependem do seu nascimento, exige um esforço hermenêutico de compatibilização das duas normas.
II. Esse esforço conduz-nos a considerar que o artigo 2033.º, n.º 2, do CC não atribui capacidade em sentido
técnico-jurídico a “nascituros não concebidos”, pois estes não passam de um conceito ideado sem qualquer
existência material ou personalidade jurídica; o sentido da norma é o de permitir que pessoas nascidas após o
óbito do de cujus possam beneficiar de deixas por morte, por respeito à vontade do falecido.
III. Os conceturo não são pessoas, não têm personalidade jurídica, não são suscetíveis de ter direitos,
não podem estar numa ação, pelo que não pode haver ilegitimidade processual por preterição de
“litisconsórcio com conceturo”.
IV. Os comproprietários de um imóvel – entre os quais, necessariamente, não se incluem conceturo, pese embora
quota parte desse imóvel tenha sido deixada em testamento aos “filhos não concebidos” de um desses
comproprietários –, necessariamente pessoas (existentes e vivas, passem os pleonasmos), têm o direito de exigir a
divisão do mesmo imóvel.
V. A forma de respeitar a vontade do testador passa por constituir como património autónomo, temporariamente
sem dono, a parte destinada aos futuros filhos da pessoa x, se vierem a existir.
VI. Tal património autónomo será administrado, nos termos do disposto no artigo 2240.º do CC, pela pessoa a
favor de cujos conceturo foi feita a deixa, até que lhe nasça o primeiro futuro filho ou até que se torne certo que
não o terá.
Será está disposição válida? Quais é que são os
pressupostos da capacidade sucessória?
1º - Morte
2º - Sobrevivência de um dos herdeiros
3º - Personalidade jurídica, em principio quem é
CASO: conceturo

capaz tem personalidade jurídica


4º - Capacidade dos herdeiros 5º - designação
Maria Antónia pretende incluir
prevalecente (filhos têm designação sobre netos).
no seu testamento a seguinte
Conforme o artigo2033º os conceturos têm uma
cláusula: “Deixo ao filho que a
capacidade sucessória mais restrita, pois só na
minha Amiga Letícia venha um
sucessão voluntária (que é testamentária ou
dia a ter o quadro de pintura À
contratual) é que se admite que os conceturo
óleo da sala” Será está
tenham capacidade sucessória. Na sucessão legal os
disposição válida?
conceturo não têm capacidade sucessória.

Como tal, uma vez que estamos num caso de


sucessão voluntária, mais especificamente
testamentária, a disposição é válida ainda que do
artigo 66º - retiramos que os nascituros (já foi
concebido), nem os conceturo (ainda não foi
concebido) têm personalidade. O 66.º n.º2 indica
que os direitos que a lei reconhece aos nascituros
depende do seu nascimento (“Direitos sem sujeito”)
 Socidades civis tem personalidade jurídica?
 Independentemente o artigo 2033.º n.º1 e 2 alínea b) faz referência a “As
pessoas colectivas e as sociedades.”
 Fundações constituídas por Testamento --» reconhecimento só ocorre após a
morte do instituidor, e por isso adquire a personalidade jurídica após, mas
ainda assim não afeta o seu reconhecimento.
*LMTML (109) considera tal situação não ser aplicado em relação a pessoa
coletiva não constituída a data da abertura da sucessão.

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 Sucessível não pode ter falecido antes ou ao mesmo tempo que o autor da sucessão.
Artigo 68.º
Termo da personalidade Comoriência
1. A personalidade cessa com a morte.
2. Quando certo efeito jurídico depender da sobrevivência de uma a outra pessoa, presume-se, em caso de dúvida, que uma e outra faleceram ao mesmo tempo.
3. Tem-se por falecida a pessoa cujo cadáver não foi encontrado ou reconhecido, quando o desaparecimento se tiver dado em circunstâncias que não permitam duvidar
da morte dela.

Artigo 114.º
Requisitos
1. Decorridos dez anos sobre a data das últimas noticias, ou passados cinco anos, se entretanto o ausente houver completado oitenta anos de idade, podem os interessados a
que se refere o artigo 100.º requerer a declaração de morte presumida.
2. A declaração de morte presumida não será proferida antes de haverem decorrido cinco anos sobre a data em que o ausente, se fosse vivo, atingiria a maioridade.
3. A declaração de morte presumida do ausente não depende de prévia instalação da curadoria provisória ou definitiva e referir-se-á ao fim do dia das últimas notícias que
dele houve.
Artigo 114.º
Efeitos Ausência
A declaração de morte presumida produz os mesmos efeitos que a morte, mas não dissolve o casamento, sem prejuízo do disposto no artigo seguinte.

 Durante a curadoria provisória (89.ºss) e a curadoria definitiva (99.º ss) os bens do


ausente são entregues aos seus representantes (94.º-110.º), e por isso o ausente pode
ser chamado à sucessão
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https://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/56a6e7121657f91e80257cda00381fdf/3237a9f
6f280258824003c59c1?OpenDocument

Ac. TRP de 07/03/2022


Proc. n.º 4787/08.4TBGDM-B.P1
 I - A anulação da partilha, prevista e regulada no artigo 1127º do Código de Processo Civil, visa produzir um efeito constitutivo,
relativamente ao próprio ato de partilha, destruindo-o e aniquilando os respetivos efeitos, ao afetar irremediavelmente a sua
validade; daí que, por evidentes razões de segurança jurídica - reforçadas por estarmos perante um ato coberto pela força do caso
julgado, associado à sentença homologatória da partilha -, tal anulação só tenha cabimento nas situações definidas de forma
taxativa na lei, sendo, nessa medida, insuscetíveis de extensão analógica.
II - Assim, de acordo com o citado normativo, a partilha confirmada por sentença transitada em julgado, somente pode ser anulada
quando tenha havido preterição ou falta de intervenção de algum dos co-herdeiros e se mostre que os outros interessados
procederam com dolo ou má-fé, seja quanto à preterição, seja quanto ao modo como a partilha foi preparada.
III - Dá-se a preterição, quando o cabeça de casal deixe de indicar como herdeiro alguém que tem essa qualidade,
ocorrendo a falta de intervenção quando, posteriormente às declarações do cabeça-de-casal - mas ainda antes do
trânsito em julgado da sentença homologatória da partilha -, alguém adquire a qualidade de herdeiro e não chega a
intervir no processo de inventário.
IV - Os poderes e deveres emergentes da filiação só são atendíveis depois do estabelecimento voluntário ou judicial do vínculo -
rectius, depois da inscrição desse facto no registo civil.
V - No entanto, o legislador, no artigo 1797º do Código Civil, aceitou o caráter simplesmente declarativo (e não constitutivo) do
estabelecimento dessa filiação, razão pela qual se considera que a filiação jurídica recua ao tempo em que começa a filiação
biológica.
VI - Essa eficácia retroativa não é, contudo, absoluta, existindo razões de vária ordem que justificam o estabelecimento de limites a
essa retroação, mormente para proteção da confiança e da segurança jurídica dos cidadãos, defendendo-os contra o perigo de se
ver atribuir aos seus atos passados ou às situações transatas efeitos jurídicos com que não podiam razoavelmente contar.
VII - Deste modo, na hipótese de a filiação ser (legalmente) estabelecida já após o terminus do inventário – o que
determina que o herdeiro não adquiriu esta qualidade a tempo de participar na divisão hereditária – não há lugar à
anulação da partilha aí realizada por preterição ou falta de intervenção desse herdeiro, assistindo-lhe, todavia, o
direito à composição da sua quota hereditária em processo a intentar contra os demais herdeiros do seu progenitor.
Verificar se a quota Irrevogabilidade dos pactos
disponível não extrapolou Sucessão Legitimária Sucessão Voluntária
sucessórios – prevalece sobre a
para a indisponível: 2156.º • Contratual – 2028.º n.º1
designação testamentária (mesmo
Liberalidades inoficiosas • Testamentária – 2179.º
Regime Imperativo que tenha sido feito antes do PS)

Sucessão Legitimária
Apenas Herdeiros
2156.º
Legitimários - sem dispor da
quota disponível Regime Imperativo

Sem Herdeiros Legitimários Sucessão Voluntária Sucessão Legítima


tendo disposto sobre parte • Contratual – 2028.º n.º1 2131.º e 2027.º
dos bens. • Testamentária – 2179.º
Regime Supletivo

Sem Herdeiros Legitimários Sucessão Voluntária


tendo disposto sobre todos os • Contratual – 2028.º n.º1
bens. • Testamentária – 2179.º

Sem Herdeiros Legitimários e Sucessão Legítima


sem ter feito qualquer 2131.º e 2027.º
disposição em vida. Regime Supletivo

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Artigo 2131.º
Abertura da sucessão legítima
Se o falecido não tiver disposto válida e
eficazmente, no todo ou em parte, dos bens de que
podia dispor para depois da morte, são chamados à
sucessão desses bens os seus herdeiros legítimos.
Artigo 2132.º
Categorias de herdeiros legítimos
São herdeiros legítimos o cônjuge, os parentes e o
Estado, pela ordem e segundo as regras constantes
do presente título.
Artigo 2133.º
Classes de sucessíveis
1. A ordem por que são chamados os herdeiros, sem
“Tradicionalmente considerava-se que a sucessão legítima correspondia à vontade presumida do de cuius, sendo as classes de prejuízo do disposto no título da adopção, é a
seguinte:
sucessíveis hierarquizadas de acordo com a ordem natural dos seus afectos … Hoje em dia essa concepção está, porém, a) Cônjuge e descendentes;
ultrapassada, não sendo a sucessão legitima encarada como uma sucessão testamentária presumida, mas antes como uma b) Cônjuge e ascendentes;
c) Irmãos e seus descendentes;
opção legislativa" - LMTML (177-178) d) Outros colaterais até ao quarto grau;
e) Estado.
2. O cônjuge sobrevivo integra a primeira classe de
sucessíveis, salvo se o autor da sucessão falecer sem
 Ocorre a título supletivo. descendentes e deixar ascendentes, caso em que
integra a segunda classe.
3. O cônjuge não é chamado à herança se à data da
morte do autor da sucessão se encontrar divorciado
 Aplicada quando disposição testamentária for considerada inválida ou separado judicialmente de pessoas e bens, por
sentença que já tenha transitado ou venha a

(2308.º ss), for revogada (2310.ºss) ou caducar (2317.º), ou mesmo na transitar em julgado, ou ainda se a sentença de
divórcio ou separação vier a ser proferida
posteriormente àquela data, nos termos do n.º 3 do
parte dos bens da herança que não tiverem sido incluídos pelo artigo 1785.º

testador.
Artigo 1785.º
Legitimidade
1 - O divórcio pode ser requerido por qualquer dos
cônjuges com o fundamento das alíneas a) e d) do

 Herdeiros Legítimos - 2132.º (membro da união de facto não é considerado


artigo 1781.º; com os fundamentos das alíneas b) e
c) do mesmo artigo, só pode ser requerido pelo
cônjuge que invoca a alteração das faculdades
herdeiro legítimo, apenas tem direito pelo 2020.º) mentais ou a ausência do outro.
2 - Quando o cônjuge que pode pedir o divórcio for
maior acompanhado, a ação pode ser intentada por

 Hierarquização dos sucessíveis legítimos:


ele ou, quando tenha poderes de representação,
pelo seu acompanhante, obtida autorização judicial;
quando o acompanhante seja o outro cônjuge, a ação
 Preferência de classes pode ser intentada em nome do titular do direito de
agir por qualquer parente deste na linha reta ou até

 Preferência de graus de parentesco


ao 3.º grau da linha colateral ou pelo Ministério
Público.
3 - O direito ao divórcio não se transmite por morte,
 Divisão por cabeça mas a acção pode ser continuada pelos herdeiros do
autor para efeitos patrimoniais, se o autor falecer
na pendência da causa; para os mesmos efeitos,
pode a acção prosseguir contra os herdeiros do réu

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Artigo 2133.º
Classes de sucessíveis
1. A ordem por que são chamados os herdeiros,
sem prejuízo do disposto no título da adopção, é
a seguinte:
a) Cônjuge e descendentes;
b) Cônjuge e ascendentes;
c) Irmãos e seus descendentes;
d) Outros colaterais até ao quarto grau;
Preferência de classes e) Estado.
2. O cônjuge sobrevivo integra a primeira classe
A deixa dois filhos e o pai, os filhos são da primeira classe e o pai da segunda classe. Preferência é da primeira classe, por isso de sucessíveis, salvo se o autor da sucessão
apenas os filhos serão chamados. falecer sem descendentes e deixar ascendentes,
caso em que integra a segunda classe.
Se apenas um dos filhos repudiasse, e não tivesse descendentes, o outro teria o direito de acrescer. 3. O cônjuge não é chamado à herança se à data
O pai só poderia ser chamado se ambos os filhos (seus netos) tivessem repudiado, e não tivessem descendentes. da morte do autor da sucessão se encontrar
divorciado ou separado judicialmente de pessoas
e bens, por sentença que já tenha transitado ou
Preferência de graus de parentesco venha a transitar em julgado, ou ainda se a
sentença de divórcio ou separação vier a ser
Dentro de cada classe os parentes de grau mais próximo preferem aos degraus mais afastados. proferida posteriormente àquela data, nos
A tem dois filhos e um neto, ambos são descendentes, mas os filhos são de grau mais próximo. Neto só seria chamado em caso termos do n.º 3 do artigo 1785.º.
de ser filho de um terceiro filho pré-morto a data da abertura da sucessão, através do direito de representação (2138.º). Artigo 2134.º
Preferência de classes
Ou no caso do pai repudiar a herança, e assim o neto ser chamado também pelo direito de representação. Os herdeiros de cada uma das classes de
sucessíveis preferem aos das classes imediatas
Artigo 2135.º
Divisão por cabeça Preferência de graus de parentesco
Dentro de cada classe os parentes de grau mais
Exceções: próximo preferem aos de grau mais afastado.
Artigo 2136.º
Sucessão entre cônjuge e mais de 3 descendentes (2139.º n.º1 segunda parte) -» quota do cônjuge não pode Sucessão por cabeça
ser inferior a 1/4 Os parentes de cada classe sucedem por cabeça ou
em parte iguais, salvas as excepções previstas
Sucessão entre cônjuge e ascendentes (2142.º n.º1) -» não se aplica a divisão por cabeça. Serão 2/3 ao cônjuge e neste código.
1/3 para os ascendentes dividirem por cabeça. Artigo 2137.º
Ineficácia do chamamento
Sucessão de irmãos germanos* e unilaterais (2146.º) -» irmãos germanos herdam o dobro de cada um dos 1. Se os sucessíveis da mesma classe chamados
outros simultaneamente à herança não puderem ou não
quiserem aceitar, são chamados os imediatos
*Colaterais que sejam duplamente parentes continuam a receber por cabeça - 2148.º sucessores.
2. Se, porém, apenas algum ou alguns dos
Direito de representação (2138.º) -» Divisão por cabeça não prejudica o direito de representação (cabeça =
sucessíveis não puderem ou não quiserem aceitar,
estirpe 2044.º n.º1) nos casos de descendentes e irmãos e os respetivos descendentes (2140.º e 2145.º) a sua parte acrescerá à dos outros sucessíveis da
mesma classe que com eles concorram à herança,
sem prejuízo do disposto no artigo 2143.º.
Artigo 2148.º
Duplo parentesco
A partilha faz-se por cabeça, mesmo que algum
dos chamados à sucessão seja duplamente
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Relação de Sangue

Artigo 1578.º Artigo 1579.º


Noção de Parentesco Elementos do Parentesco
Parentesco é o vínculo que une duas pessoas, em consequência de uma delas descender da outra ou de ambas O parentesco determina-se pelas gerações que vinculam os
procederem de um progenitor comum. parentes um ao outro: cada geração forma um grau, e a
série dos graus constitui a linha de parentesco.

Artigo 1580.º
Linhas de Parentesco
Geração 1 3.º Grau 1. A linha diz-se recta, quando um dos parentes descende
do outro; diz-se colateral, quando nenhum dos parentes
descende do outro, mas ambos procedem de um progenitor
comum.
Geração 2 2.º Grau 2. A linha recta é descendente ou ascendente:
descendente, quando se considera como partindo do
ascendente para o que dele procede; ascendente, quando
se considera como partindo deste para o progenitor.

Artigo 1581.º
Geração 3 1.º Grau Cômputo do graus
1. Na linha recta há tantos graus quantas as pessoas que
formam a linha de parentesco, excluindo o progenitor.
2. Na linha colateral os graus contam-se pela mesma
Geração 4 forma, subindo por um dos ramos e descendo pelo outro,
mas sem contar o progenitor comum.

Artigo 1582.º
Limites do Parentesco
Geração 5 1.º Grau Salvo disposição da lei em contrário, os efeitos do
parentesco produzem-se em qualquer grau na linha recta e
até ao sexto grau na colateral.

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 Sucessão do cônjuge e dos descendentes
1.ª Classe
 Cônjuge deixa de integrar a primeira classe se o autor não deixar descendentes, passando a integrar a
segunda classe com os ascendentes.
 Concurso de cônjuge e filhos -» acautelar o ¼ do cônjuge quando mais de 3 descendentes
 Sem cônjuge, filhos herdam e divide-se por cabeça.

 CÔNJUGE
 Cônjuge não será chamado em caso de inexistência (1628.º e 1630.º), nulidade (1625.º), anulabilidade do casamento (1631.ºss) - atentar ao regime
do casamento putativo, que se o cônjuge estiver de boa-fé, poderá intervir a sucessão em caso da morte ocorrer antes do trânsito em julgado da
sentença de anulação (1647.º e 1648.º).
 Cônjuge também não terá direito em caso de celebrar novo casamento após a declaração da morte presumida (116.º), caso se comprove que a morte
ocorreu posteriormente ao casamento (118.º).
 Na separação judicial de bens e na separação de facto conserva o direito de suceder.

 DESCENDENTE
 Filiação:
 Mãe -» resulta do facto do nascimento (1796.º n.º1), estabelecido com declaração de maternidade (1803.º e ss),
averiguação oficiosa (1808.º) ou reconhecimento judicial (1814.º)
 Pai -» presunção de paternidade (1826.ºss), de perfilhação (1849.º) averiguação oficiosa (1864.º) ou reconhecimento
judicial (1869.ºss)
 Equiparado aos filhos é a Adoção constituída por sentença já proferida à data da morte do autor da sucessão (1973.º n.º1) -
JDP defende que é somente após o trânsito em julgado, LMTML não.
 Estabelecimento da filiação -» posterior a morte e mantém o direito sucessório pelo efeito retroativo (1797.º n.º2)

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Artigo 1797.º
Atendibilidade da filiação
1. Os poderes e deveres
Sucessão do cônjuge e dos ascendentes emergentes da filiação ou do
parentesco nela fundado só são
2.ª Classe atendíveis se a filiação se
encontrar legalmente
estabelecida.
Cônjuge com 2/3 e 1/3 para os ascendentes 2. O estabelecimento da filiação
tem, todavia, eficácia retroactiva.
Apenas ascendentes aplicam-se as regras de preferência de graus e de sucessão por cabeça (2142.º n.º3) Artigo 1856.º
Perfilhação de filho falecido
A perfilhação posterior à morte do
-Cônjuge só tem direito a suceder se mantiver o vínculo do casamento. filho só produz efeitos em favor
dos seus descendentes.
-Ascendentes só sucedem se o vínculo de filiação estiver estabelecido, ainda que em data posterior (retroatividade do Artigo 1856.º
1797.º n.º2). Perfilhação de filho falecido
1. Se não houver descendentes e o
*Estabelecimento da filiação após o falecimento só produz efeitos aos descendentes -» os ascendentes ficam impedidos de autor da sucessão deixar cônjuge e
serem chamados a essa sucessão ou à sucessão dos seus descendentes. ascendentes, ao cônjuge
pertencerão duas terças partes e
**Inibição das responsabilidades parentais não exclui os pais inibidos de serem chamados à sucessão dos seus filhos. aos ascendentes uma terça parte
da herança.
2. Na falta de cônjuge, os
Sucessão exclusiva do cônjuge ascendentes são chamados à
totalidade da herança.
3. A partilha entre os ascendentes,
3.ª Classe nos casos previstos nos números
anteriores, faz-se segundo as
regras dos artigos 2135.º e 2136.º.
Divergência doutrinária -» Ausência de Ascendentes total ou de grau mais próximo?
Artigo 2144.º
- Pires de Lima, Antunes Varela, Carvalho Fernandes, Capelo de Sousa, Jorge Duarte Pinheiro -» exclusiva do cônjuge se não Sucessão do cônjuge, na falta de
descendentes e ascendentes
houver um único ascendente independentemente do grau, em face do 2143.º sobre o direito de acrescer. Na falta de descendentes e
- Oliveira de Ascenção contraria, entende que o 2143.º só é aplicável as ascendentes que estão concorrendo a sucessão, de ascendentes, o cônjuge é chamado
à totalidade da herança.
modo que, em caso de repúdio do único ascendente, acresce para o cônjuge, e não para os ascendentes de grau anterior.
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Artigo 2133.º
Classes de sucessíveis
1. A ordem por que são chamados os herdeiros,
sem prejuízo do disposto no título da adopção, é a seguinte:
a) Cônjuge e descendentes;
b) Cônjuge e ascendentes;
c) Irmãos e seus descendentes;
d) Outros colaterais até ao quarto grau;
e) Estado.
2. O cônjuge sobrevivo integra a primeira classe
de sucessíveis, salvo se o autor da sucessão
falecer sem descendentes e deixar ascendentes, caso em
que integra a segunda classe.
3. O cônjuge não é chamado à herança se à data da morte
do autor da sucessão se encontrar divorciado ou separado
judicialmente de pessoas e bens, por sentença que já tenha
Sucessão dos irmãos e seus ascendentes transitado ou venha a transitar em julgado, ou ainda se a
sentença de divórcio ou separação vier a ser
4.ª Classe proferida posteriormente àquela data, nos termos do n.º 3
-Irmãos e representativamente os filhos destes (2133.º n.º1 e 2145.º) do artigo 1785.º
Artigo 2145.º
-Divisão por cabeça (2136.º) entretanto irmão germanos são privilegiados (2146.º). Regra geral
Na falta de cônjuge, descendentes e ascendentes, são
Faltando os irmãos são chamados os respetivos descendentes – sobrinhos (3.º grau), sobrinhos-netos (4.º chamados à sucessão os irmãos e, representativamente, os
grau), sobrinhos-bisnetos(5.ºgrau), sobrinhos-trinetos (6.º grau)*... descendentes destes.
Artigo 2146.º
*limite do 1582.º ou sem limite pelo 2042.º (DM) Irmãos germanos e unilaterais
Concorrendo à sucessão irmãos germanos e irmãos

Sucessão dos outros colaterais até ao quarto grau


consanguíneos ou uterinos, o quinhão de cada um dos
irmãos germanos, ou dos descendentes que os representem,
é igual ao dobro do quinhão de cada um dos outros.
-Tios, tios-avós e os primos direitos. Artigo 2147.º
-Preferência de graus, primeiro os tios. Entretanto se concorrerem tios-avós e primos direitos, são ambos, Outros colaterais até ao quarto grau
Na falta de herdeiros das classes anteriores, são chamados à
por não haver preferência de grau entre eles. sucessão os restantes colaterais até ao quarto grau,
*duplo parentesco não influencia (2148.º). Ex: apenas primos concorrendo, um primo é tanto do lado paterno como do lado preferindo sempre os mais próximos.
Artigo 2148.º
materno (irmão do pai casou com a irmã da mãe), ainda assim herda por cabeça como os demais. Duplo parentesco
A partilha faz-se por cabeça, mesmo que algum dos
chamados à sucessão seja duplamente parente do falecido

Sucessão do Estado
Artigo 2152.º
Chamamento do Estado
Na falta de cônjuge e de todos os parentes sucessíveis, é
Bens não podem ficar sem sucessor, e por isso ficam com o Estado. chamado à herança o Estado.
Lei refere que o Estado em relação à herança tem os mesmos direitos e obrigações que os demais Artigo 2153.º
Direitos e obrigações do Estado
herdeiros (2153.º), contudo possui algumas limitações, como não poder repudiar (2154.º) O Estado tem, relativamente à herança, os mesmos direitos
e obrigações de qualquer outro herdeiro.
Através de processo judicial - Declaração judicial de Herança vaga para o Estado. (até a Artigo 2155.º
Desnecessidade de aceitação e impossibilidade do
declaração do 2155.º a herança é jacente 2046.º) repúdio
A aquisição da herança pelo Estado, como sucessor legítimo,
opera-se de direito, sem necessidade de aceitação, não
podendo o Estado repudiá-la

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•68.º n.º2 Comoriência
CASO: Sucessão Legítima
A não sucede a B, nem B a A.

A filho de X, irmão de D. A --» único herdeiro é o ascendente, 2.ª


classe sucessória, seu pai 2133.º n.º1 al.
b)

A é pai de B, que é casado Fica afastado D, por integrar a terceira


classe – preferência das classes 2134.º
com C. X recebe a totalidade

B --» o cônjuge C e ascendente X são


A e B morreram no chamados, ambos na segunda classe
(2133.º n.º1 al. b)

mesmo acidente. A não sucede B, pela comoriência


D tio não sucede a B, integrante da 4.ª
classe sucessória, sendo afastado pela 2.ª
classe devido a regra de preferência de
Indique o passo a passo classes 2134.º

da sucessão de A e B C e X repartem a herança de B - divisão


2161.º n.º2, cônjuge com 2/3 e
ascendente 1/3

C recebe 2/3 de B
X recebe 1/3 de A
CASO: Sucessão Legítima

O Apadrinhamento Civil não produz efeitos


Antes da morte de Zeferino, este e sucessórios legais. Como tal, com a morte de
Teodoro pretendiam apadrinhar Zeferino, Catarina não seria chamada à
Catarina, jovem de 16 anos, órfã de sucessão como herdeira legitimária, nem
pai, que reside no colégio em que o como herdeira legítima. Isto não impede,
último exerce a sua profissão como contudo, que Zeferino, em vida, pudesse
psicólogo. fazer um testamento em que dispusesse
Em caso de morte do Zeferino, parte da sua herança a Catarina. Deste
Catarina seria chamada à respetiva modo, a afilhada poderia ser herdeira
sucessão aquando da sua morte? testamentária de Zeferino nos termos dos
artigos 2179º e seguintes do CC.
• 2133.º - Sucessíveis
- B e C --» Prioritários

2031.º Abertura
- G --» 2.ª Classe
CASO: Sucessão Legítima
• 2133.º n.º 1 a) e 2135.º

da Sucessão de •
Cônjuge e Descendente

2139.º Partilha entre Cônjuge e


A 3 descendentes

¼ do total • Quota disponível não foi


utilizada, se fosse, estava
limitada a 1/3 – 2159.º

Sobrevive – B • Cálculo entre cônjuge e filhos é


dividir =, desde que o cônjuge
esposa, C,D, E, 25 mil euros
receba pelo menos1/4 – 2139.º

F que são
filhos, G é neto,
filho de F, e X e
Y seus pais.
¾ para os 4
filhos

100 mil euros 75 mil /4 -» 23.333,00 euros cada


•Se D morre, recebe a
herança C, E, F.
CASO: Sucessão Legítima
 Na Sucessão por morte de
D, quem são os herdeiros? •Quando D morre os
ascendentes já tinham
falecido, não tem cônjuge
 D é filho de A e B. nem descendentes,
passamos então para os
 A tem umo de outro irmãos, nos termos do
relacionamento C, casado artigo 2146º, herdeiros de
com Z, e um neto G. D são: C, irmão
consaguíneo E, irmãs
 E é irmão de E.
germano e F, irmão
 B tem outro fi filhlho de um uterino.
relacionamento anterior F.
De acordo com o 2146.º, E
vai herdar o dobro de C e
C, E, F recebem igualmente? F.

Herança de 100 mil euros. Total de 100 mil


E ½ - 50 mil
C e F ½ - 25 mil cada

Total de 100 mil, divididos


por 3 --» 33.333,33 euros
cada
Artigo 2033.º
Capacidade sucessória
1 - Têm capacidade sucessória, além do Estado, todas as pessoas nascidas ou concebidas ao tempo da abertura da sucessão, não excetuadas por lei, bem como as pessoas concebidas, nos
termos da lei, no quadro de um procedimento de inseminação post mortem.
2. Na sucessão testamentária ou contratual têm ainda capacidade:
a) Os nascituros não concebidos, que sejam filhos de pessoa determinada, viva ao tempo da abertura da sucessão;
b) As pessoas colectivas e as sociedades.

Lei

 CAPACIDADE SUCESSÓRIA – limitada em função da fonte de designação Contrato

Testamento

 Sentido amplo – “capacidade para suceder a toda e qualquer pessoa”


 Sentido restrito – “toma-se em consideração apenas a idoneidade para suceder a
certa e determinada pessoa”

Deveria ser “Ilegitimidade” - afinal a capacidade refere-se as incapacidades, supostamente, dirigem-se a deficiências
naturais das pessoas e dirigem-se à proteção da própria pessoa, do incapaz

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Artigo 2034.º
Não basta prática dos Incapacidade por indignidade
factos, é necessário a Carecem de capacidade sucessória, por motivo de indignidade:
condenação efetiva – a) O condenado como autor ou cúmplice de homicídio doloso, ainda que não consumado, contra o autor da sucessão ou contra o seu cônjuge, descendente, ascendente,
2035.º* adoptante ou adoptado;
b) O condenado por denúncia caluniosa ou falso testemunho contra as mesmas pessoas, relativamente a crime a que corresponda pena de prisão superior a dois anos,
2201.º para anulação qualquer que seja a sua natureza;
do testamento c) O que por meio de dolo ou coacção induziu o autor da sucessão a fazer, revogar ou modificar o testamento, ou disso o impediu;
também releva para d) O que dolosamente subtraiu, ocultou, inutilizou, falsificou ou suprimiu o testamento, antes ou depois da morte do autor da sucessão, ou se aproveitou de algum
indignidade desses factos.
Autores Posicionamento
Oliveira Ascensão e João Lemos Tipicidade delimitativa
 Situações que geram a indignidade: Esteves Cabe integração para abranger outros casos –
4 situações (2034.º) -» Rol taxativo ou exemplificativo? (Necessidade de reforma*) analogia legis e não uma analogia iuris

Galvão Telles, Pamplona Corte-Real, Enumeração taxativa (uma norma excecional,


Carvalho Fernandes, Jorge Duarte uma pena civil e por isso é aplicável o princípio
 Casos em que a indignidade tem de ser declarada: Pinheiro, Cristina Araújo Dias da legalidade)

Não é automática, tem de ser declarada na própria sentença condenatória penal ou na ação instaurada para o efeito.
P/ Oliveira Ascensão (Capelo de Sousa) não são todos os casos [alíneas a) e b)] que necessitam de Ação judicial (2036.º) face o artigo 30.º n.º4 CRP –
“somente” quando entrou na posse dos bens ou quando já houve habilitação de herdeiros (analogia com 287.º).
 Prazo 2036.º: dois anos a contar da abertura da sucessão | um ano a contar da data da condenação (a e b) ou das causas previstas em c) e d) – P/ Oliveira Ascensão os prazos
só se aplicam em caso de precisar entrar com a ação judicial, caso contrário a indignidade pode ser invocada a todo tempo
 Legitimidade: autor da sucessão, os presuntivos herdeiros legitimários antes da abertura | após é qualquer dos herdeiros | Se o indigno for único herdeiro
cabe ao MP intentar.

 Natureza da Ação do 2036.º:


 Antunes Varela - Caráter constitutivo
 Oliveira Ascensão - Ação de apreciação – 2037.º resulta em uma partilha inexistente. Ação de condenação, já que se aplica quando o indigno já recebeu os bens

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Autores Posicionamento
Leite Campos Indignidade é um regime geral – cede perante um regime especial como o da deserdação
Oliveira Ascensão Na sucessão legitimária só se aplica a título supletivo, quando não foi possível recorrer a deserdação
Pereira Coelhos Indignidade é figura geral aplicável à sucessão legitimária, e o regime da deserdação não é um regime especial.
Capelo de Sousa
Pamplona Corte-Real Indignidade se aplica aos herdeiros legitimários, sendo dispensada a ação nos casos em que já haver deserdação por parte do autor
da sucessão

Artigo 2037.º
Efeitos da indignidade
1. Declarada a indignidade, a devolução da sucessão ao indigno é havida como inexistente, sendo ele considerado, para todos os efeitos, possuidor de má fé dos respectivos bens.
2. Na sucessão legal, a incapacidade do indigno não prejudica o direito de representação dos seus descendentes.

 Efeitos da Indignidades
Inexistente a eventual vocação sucessória – a seguir é preciso verificar:
- Direito de representação a favor dos descendentes – 2042.º n.º1
• Exceto na sucessão testamentária (2041.º n.º1) em que pode ter eventuais substitutos (2042.º n.º2 alínea a) e 2281.º) ou pelo direito de acrescer (2301.º, 2302.º,
2304.º)
Discussão doutrinária se
caberia ou não Direito de
Artigo 2038.º acrescer no caso da
Reabilitação do indigno reabilitação tácita.
1. O que tiver incorrido em indignidade, mesmo que esta já tenha sido judicialmente declarada, readquire a capacidade sucessória, se o autor da sucessão Pamplona Corte-Real
expressamente o reabilitar em testamento ou escritura pública. considera que sim.
2. Não havendo reabilitação expressa, mas sendo o indigno contemplado em testamento quando o testador já conhecia a causa da indignidade, pode ele suceder Oliveira Ascensão e
dentro dos limites da disposição testamentária. Carvalho Fernandes
Reabilitação tácita consideram que não nos
termos do n.º2 do artigo
 Reabilitação do indigno e seus limites: 2038.º n.º2

O autor da sucessão tem de expressamente reabilitar em testamento e escritura pública – 2038.º n.º1
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http://www.gde.mj.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/4dcf9cf3d9f78ac9802584
5db2?OpenDocument

Ac. STJ de 17/12/2019


Proc. n.º 590/17.9T8EVR.E1.S2
1 - Retira-se do art. 2037.º, do CC, que o efeito fundamental da declaração de indignidade
é impedir que o indigno venha a tornar-se sucessor: fazer com que a vocação que operou a
seu favor seja havida como inexistente.
II - A indignidade sucessória não opera automaticamente. Por isso, a posição jurídico-
sucessória de outro herdeiro legal do de cujus apenas se consolida com a declaração
judicial de indignidade do chamado que praticou atos delituosos contra o autor da
sucessão ou alguns dos seus familiares mais próximos.
III - Quanto ao ulterior destino dos bens a que seria chamado o indigno, no caso de
sucessão legal e de o indigno não ter descendentes, há que chamar os outros herdeiros
legais do de cujus.
IV - Segundo o art. 322.º a prescrição dos direitos da herança apenas se preenche depois
de decorrido um período de tempo razoável entre a determinação do sucessível e a
imputação desses direitos a determinada pessoa.
V - A suspensão respeita, neste caso, não ao início ou ao curso da prescrição, mas ao
respetivo termo. Outro herdeiro legal, apenas podendo ser chamado à titularidade das
relações jurídicas do de cujus depois da declaração de indignidade, dispõe de seis meses,
após a sua aceitação da herança, para acionar o devedor.
https://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/0a1c5dbe7191b5ae802576
d005?OpenDocument

Ac. STJ de 07/01/2010


Proc. n.º 104/07.9TBAMR.S1
1 - O art.2033º, nº1 do CCivil estabelece um princípio geral de capacidade sucessória passiva, sendo
que um sucessor é um beneficiário, é alguém que vê ingressar no seu património os bens de quem
morreu.
2 – Há, todavia, e no que à sucessão legal diz respeito, duas situações em que, na perspectiva
relacional entre quem morre e quem lhe vai suceder, a lei não suporta de todo em todo a
transmissão beneficente – que o autor da sucessão ( ou os seus mais próximos ) tenha sido vítima por
parte do ( original ) sucessor de um atentado à vida, ou de um atentado grave ao seu património
moral, através da utilização ínvia da máquina da justiça.
3 – A regra é, portanto, a da capacidade ( art.2033, nº1 do CCivil ); no que à sucessão legal se
reporta, a excepção são – e são apenas, taxativamente – as excepções previstas nas alíneas a ) e b )
do art.2034º.
4 – No mais, ficará no património da vítima a “punição civil” da perda da capacidade sucessória: na
sucessão legítima dispondo livremente dos seus bens, usando o mecanismo da sucessão
testamentária; na sucessão legitimária, utilizando o mesmo mecanismo para deserdar o seu
agressor, nas situações previstas no art.2166º do CCivil.
5 – Não pode todavia reconhecer-se capacidade sucessória a um pai que violou uma filha de 14 anos,
a obrigou a abortar aos 15 anos, após cumprir a pena de prisão em que foi condenado persistiu na
ofensa a sua filha ( que nuca lhe perdoou ) e se vem habilitar à herança desta sua filha por morte
dela aos 29 anos, em acidente de viação – reconhecer-lhe essa capacidade seria manifestamente
intolerável para os bons costumes e o fim económico e social do direito de lhe suceder e portanto
ilegítimo, por abusivo, esse mesmo direito.
https://www.dgsi.pt/jtrl.nsf/33182fc732316039802565fa00497eec/c2b98e7a253eec2880258a
0465?OpenDocument

Ac. TRL de 05/12/2023


Proc. n.º 2150/22.3T8TVD.L1-7
1 – Em face do teor dos artigos 623.º e 624.º do Código de Processo Civil) a factualidade dada como assente quanto aos pressupostos
da punição, aos elementos do tipo legal e quanto às formas do crime, num processo penal, por homicídio, em que foi arguido aquele
que é agora Réu num processo civil (em que se pede a sua indignidade para suceder à vítima), tem também aqui de se considerar
assente, por – quanto a este - constituir uma presunção inilidível (quanto a terceiros seria ilidível).
II – O artigo 2033.º, n.º 1, do Código Civil estabelece um princípio geral de capacidade sucessória passiva, sendo que um sucessor é um
beneficiário que vê ingressar no seu património os bens daquele que morreu.
III – O artigo 2034.º, alínea a), descreve um elenco de situações taxativo pelo que, à face desta norma, não pode ser considerado
indigno relativamente a seu pai, aquele que, tendo embora praticado factos que integram o tipo penal de homicídio doloso,
qualificado, na pessoa deste último, foi absolvido do crime ao ser julgado inimputável.
IV - Mas se assim é, a Ordem Jurídica, como um todo, tem mecanismos que lhe permitem evitar situações que possam ser tidas ou
consideradas pela sociedade como inaceitáveis, repugnantes ou intoleráveis, impedindo – por exemplo – que alguém que tenha sido
declarado inimputável e esteja a cumprir uma medida de segurança, mas não tenha qualquer limitação civil (nomeadamente com o
regime do maior acompanhado), herdar todo o património da sua própria vítima.
V - É para essas situações extremas, limite, que existe o abuso de direito, aqui configurado como exercício abusivo do direito de
exercer a vocação sucessória ou como exercício abusivo do direito de aceitar a herança.
VI – Considerado o Réu penalmente inimputável, em termos penais, na morte do pai, mas sem quaisquer limitações em termos de
capacidade civil, deve este ver paralisado, considerado abusivo e tido como ilegítimo, o exercício do direito de aceitar a herança
daquele que matou, uma vez que seria considerado chocante, violador da consciência jurídica de qualquer um/a e contrário aos bons
costumes, que alguém com capacidade sucessória (nos termos dos artigos 2033.º, 2030º, 2133.º, alínea b) e 2157.º), tenha provocado
directamente o funcionamento da condição (morte do pai, de cuius) de que dependia a sua concretização, ao ser ele a determinar o
momento em que se abriu a sucessão (artigo 2031.º e 2032.º) e ao ser ele o único beneficiário do acto ilícito que praticou
Instituto típico da
sucessão legitimária.
Artigo 2166.º
Deserdação (aplicável a sucessão legítima e
1. O autor da sucessão pode em testamento, com expressa declaração da causa, deserdar o herdeiro legitimário, privando-o da legítima, quando se a testamentária.
verifique alguma das seguintes ocorrências: Quanto a contratual aplica-se
a) Ter sido o sucessível condenado por algum crime doloso cometido contra a pessoa, bens ou honra do autor da sucessão, ou do seu cônjuge, ou de 1705.º n.º3 e 970.º n.º3)
algum descendente, ascendente, adoptante ou adoptado, desde que ao crime corresponda pena superior a seis meses de prisão;
b) Ter sido o sucessível condenado por denúncia caluniosa ou falso testemunho contra as mesmas pessoas;
c) Ter o sucessível, sem justa causa, recusado ao autor da sucessão ou ao seu cônjuge os devidos alimentos. Deserdação por
2. O deserdado é equiparado ao indigno para todos os efeitos legais. Testamento
 Deserdação por Testamento
 Identificar o motivo – nos termos do artigo 2166.º - se não fizer, ou indicar causa distinta das referidas no
2166.º será NULA Deserdação condicional – caso ainda não tenha ocorrido a condenação
 1.ª Causa - Condenação: no momento da feitura do Testamento por aplicação analógica do
2035.º n.º1 (Pamplona Corte-Real e Jorge Duarte Pinheiro)
 Crimes contra vida - artigo 131.º e ss do CP.
 Crimes contra a honra – excluídos 180.º/181.º do CP exceto se publicitada a calúnia (183.º do CP) ou agravado (184.º do CP)
 Crimes contra os bens
– Todos contra propriedade 203.º e ss do CP, exceto 216.º alteração dos marcos.
– Contra o património, 217.º e ss do CP, exceto 220.º (burla para obtenção de alimentos, bebidas ou serviços), e os crimes contra
patrimónios a partir do 227.º SS do CP
 2.ª Causa – Condenação:
 365.º e 360.º do CP
 3.ª Causa: Problemática*
Não é necessário a condenação pelo 250.º do CP
“esta causa, porém é absurda; porque o pedido de alimentos pressupõe a falta absoluta de bens e meios de subsistir (…). Ora, quem possui bens de que
pretende deserdar [o herdeiro legitimário] não carece, evidentemente, de alimentos nem pode exigi-los” – Cunha Gonçalves – LMTML (117)

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http://www.gde.mj.pt/jtrl.nsf/33182fc732316039802565fa00497eec/653ccc1b6bd89f9880257
b1dc7?OpenDocument

Ac. TRL de 14/02/2008


Proc. n.º 361/2008-8
 1. A possibilidade de, em testamento, o autor da sucessão
deserdar o herdeiro legitimário, nos termos do artigo 2166º nº 1
alª c) do Código Civil, emerge só a partir da existência de um
vínculo jurídico do herdeiro ao dever de prestar alimentos ao
autor da sucessão, reportado a data anterior à da outorga do
testamento;
2. A expressão “alimentos devidos” contida no artigo 2166º nº 1
alª c) do Código Civil refere-se a uma obrigação alimentar já
concretamente fixada, por acordo ou judicialmente.
3. Assim, só se justifica a deserdação desde que pré definida a
obrigação de alimentos, nos termos acabados de referir.
https://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/f56f458e041cce3f8025823c
82?OpenDocument

Ac. STJ de 22/02/2018


Proc. n.º 94/14.1T8CTB.C1.S1
 I Com a deserdação, o testador priva o sucessível da legítima, baseado numa
circunstância excecional taxativamente prevista na lei.
II. A causa da deserdação tem de ser declarada expressamente no testamento e
pode ser impugnada, contenciosamente, pelo sucessível preterido, nos dois anos
seguintes à abertura do testamento.
III. Ao identificar-se a causa da deserdação com o atentado contra a vida, quando
apenas se verificou uma ofensa à integridade física, expressou-se uma causa
inexistente de deserdação, justificando a sua impugnação.
IV. Na coação moral, surpreendem-se três elementos: a ameaça de um mal, a
ilicitude da ameaça e a intencionalidade.
V. A circunstância da testadora recear que a colocassem num lar, não prova que
tivesse sido ameaçada ilicitamente, nem o internamento em lar, em si, é um mal
https://www.dgsi.pt/jtrc.nsf/-/EF3E9856EB4BEB6380257F16003B298C

Ac. TRC de 17/11/2018


Proc. n.º 659/04.0TBPCV-A.C1
 1- A prova de que o de cujus vendeu alguns bens da herança para não os deixar
ao filho herdeiro, não é, formal e substancialmente, bastante para se concluir
que estamos perante um ato ilícito de deserdação – artº 2166º do CC – que
acarrete, no processo de inventário, a nulidade das vendas.
2.- Existindo deserdação que o herdeiro considere ilegal, tem de a impugnar
nos termos do artº 2167º do CC; inexistindo, resta-lhe atacar o negócio, vg. por
apelo aos vícios gerais da vontade - artº 240º do CC.
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António tem dois filhos do primeiro casamento
com Benta: Carlos e Diana. Diana é casada com
Eduardo. O casal tem três filhos: Fernando,
Gustavo e Hélia. Carlos vive em união de facto com
Igor. O casal tem uma filha adotiva: Joana. A atual
CASO: Deserdação

mulher de António, Luísa, tem um filho de um


casamento anterior com Nélio: Marcos.

Dois anos depois da morte de António e já


realizada a partilha da herança, veio a descobrir-se
que Carlos apontou uma arma a António e o
forçou a modificar o seu testamento de forma a o
favorecer. Avisou o pai que se não fizesse o novo
testamento ou posteriormente o alterasse “o
matava”.
a) Diana entende que o irmão, Carlos, “foi
deserdado porque cometeu um crime”. Terá
razão?
b) Carlos defende que foi reabilitado porque o
pai fez o testamento depois de ter sido
ameaçado, pelo que, nos termos do art.
2038.º, não era incapaz de suceder.
c) Carlos foi efetivamente favorecido no
testamento, tendo ficado com um montado
cuja cortiça vendeu por um terço do seu valor
de mercado, apenas para fazer um jeito a um
amigo que precisava de uma forma de ganhar
dinheiro fácil. Diana entende que a herança
deve reclamar o valor pelo qual a cortiça
deveria e poderia ter sido vendida.
d) Carlos entende que a irmã não pode suceder
a António porque esta foi condenada por
tentativa de homicídio de Marcos, filho de
Luísa, a viúva de António. Tem razão?
A) Crime de coação e ameaça. Conforme o artigo 2043.º e 2166.º. Deserdação teria de ter
sido previamente prevista pelo António em Testamento (há autores que admitem a
deserdação antes da condenação – o 2166º diz que tem de ter sido condenado por algum
António tem dois filhos do primeiro casamento crime doloso)
CASO: Deserdação cont.
com Benta: Carlos e Diana. Diana é casada com Ou seja, para estar verificada a deserdação é necessário que o autor da sucessão,
Eduardo. O casal tem três filhos: Fernando, enquanto Testador indique quem deserda e indique o motivo pelo qual deserda, devendo o
Gustavo e Hélia. Carlos vive em união de facto com motivo estar elencado no 2166.º
Igor. O casal tem uma filha adotiva: Joana. A atual
mulher de António, Luísa, tem um filho de um
casamento anterior com Nélio: Marcos. B) Carlos tem razão, visto que ainda que o 2038º nº1 refira a possibilidade de uma
reabilitação expressa, o autor da sucessão quando vai ao Notário fazer o testamento ou
escritura publica, pode se entender determinar que a pessoa que foi considerada
Dois anos depois da morte de António e já
indigna seja seu herdeiro. E no n.º2 do mesmo artigo há a possibilidade da reabilitação
realizada a partilha da herança, veio a descobrir-se tácita, que é o caso. Entretanto atenta-se que o Carlos receberá aquilo que tem o nome
que Carlos apontou uma arma a António e o dele no testamento, para o resto (como herdeiro legitimário) é indigno.
forçou a modificar o seu testamento de forma a o Isso se considerarmos que o pai já tinha conhecimento da ameaça e só depois fez o
favorecer. Avisou o pai que se não fizesse o novo testamento.
testamento ou posteriormente o alterasse “o
matava”. C) Trata-se da possibilidade de se entrar com a ação para reconhecer a indignidade
a) Diana entende que o irmão, Carlos, “foi de um dos herdeiros, visto que os demais só tomaram conhecimento do crime após
deserdado porque cometeu um crime”. Terá dois anos.
razão? Aqui deve-se atentar ao prazo para obter a ação de indignidade temos o artigo 2036º
b) Carlos defende que foi reabilitado porque o que nos dá 2 anos a contar da abertura da sucessão ou dentro de um ano a contar
pai fez o testamento depois de ter sido quer da condenação pelos crimes que a determinam, quer do conhecimentos das
ameaçado, pelo que, nos termos do art. causas de indignidade previstas nas alíneas c) e d) do artigo 2034º. A doutrina
2038.º, não era incapaz de suceder. levanta algumas questões sobre esta questão do prazo. Oliveira Ascensão pensa que o
c) Carlos foi efetivamente favorecido no prazo só começa a decorrer quando o indigno tem os bens em sua posse. Isto é
testamento, tendo ficado com um montado defendido assim pois para Oliveira Ascensão não há um negocio jurídico cumprido
cuja cortiça vendeu por um terço do seu valor antes de tal facto acontecer, faz isto por analogia ao regime da anulabilidade do artigo
de mercado, apenas para fazer um jeito a um 287º.
amigo que precisava de uma forma de ganhar
dinheiro fácil. Diana entende que a herança Se a indignidade for reconhecida, conforme se verifica no 2037.º n.º1, Carlos seria
possuidor de má fé, e por isso, nos termos do 1271º Carlos deverá restituir todos os
deve reclamar o valor pelo qual a cortiça
frutos por ele vendidos, e não só, deve Carlos responder também pelo que Diana
deveria e poderia ter sido vendida.
podia ter obtido se fosse uma proprietária diligente, neste caso será o valor da cortiça
d) Carlos entende que a irmã não pode suceder
no mercado à altura da venda.
a António porque esta foi condenada por
tentativa de homicídio de Marcos, filho de
Luísa, a viúva de António. Tem razão? D) Nos termos do 2034.º alínea a), Marcos não está contemplado, visto ser
enteado (afim na linha reta). Contudo é importante atentar a posição dos
Tribunais em casos semelhantes através do abuso de direito
Artigo 2050.º
Efeitos
1. O domínio e posse dos bens da
herança adquirem-se pela aceitação,
independentemente da sua
apreensão material.
2. Os efeitos da aceitação
retrotraem-se ao momento da
abertura da sucessão.
Artigo 2249.º
3 Sistemas de aquisição sucessória: Aceitação e repúdio do legado
Por Investidura É extensivo aos legados, no que lhes
for aplicável, e com as necessárias
Pressupõe ato de autoridade que investe o sucessor no domínio e posse dos bens (antigo adaptações, o disposto sobre a
Direito Pretório Romano) aceitação e repúdio da herança.

Automática
Qualidade de sucessor por efeito da lei (princípio da saisine – direito consuetudinário 1259 - contrariando regras
de investidura dos senhores feudais) 724.º

Por Aceitação
Pressupõe um ato de aceitação, uma declaração negocial do sucessor em sentido favorável à sucessão (Direito
Romano – herdeiros não necessários que precisavam de um ato de aceitação). Com Direito Justinianeu esta
modalidade se alastrou à todos os herdeiros.

Opção em Portugal -» 2050.º a 2061.º

(Pelo Alvará de 9 de novembro de 1754 – tempo de Marques de Pombal – consagrou o princípio de saisine, 2011.º
do CC 1867, hoje se verificava regime de aceitação nos 2018.º ss e especialmente em 2041.º )

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Artigo 2050.º
Efeitos
1. O domínio e posse dos bens da herança adquirem-
se pela aceitação, independentemente da
sua apreensão material.
2. Os efeitos da aceitação retrotraem-se ao momento
Sucessão Contratual - automática da abertura da sucessão.
Artigo 945.º
Aquisição é automática, exceto se houver uma condição suspensiva - já que aceitou a doação Aceitação da doação
quando o de cuius era vivo 945.º n.º1. 1. A proposta de doação caduca, se não for aceita em
vida do doador.
Não poderá ser revogada unilateralmente após a morte do de cuius. 2. A tradição para o donatário, em qualquer
Donatário adquire a propriedade dos bens ou direitos, podendo extinguir somente por momento, da coisa móvel doada, ou do seu título
representativo, é havida como aceitação.
abandono ou repúdio. 3. Se a proposta não for aceita no próprio acto ou
não se verificar a tradição nos termos do número
anterior, a aceitação deve obedecer à forma
Caso de Transmissão - automática prescrita no artigo 947.º e ser declarada ao doador,
sob pena de não produzir os seus efeitos
No caso de transmissão por morte do arrendamento não habitacional é automático (1113.º Artigo 1113.º
n.º1), ocorre apenas uma mera comunicação da transmissão (1113.º n.º2). Mas podem os Morte do arrendatário
1 - O arrendamento não caduca por morte do
sucessores renunciarem a transmissão do arrendamento. arrendatário, mas os sucessores podem renunciar à
transmissão, comunicando a renúncia ao senhorio no
prazo de três meses, com cópia dos documentos
Herança pelo Estado – investidura comprovativos da ocorrência.
2 - É aplicável o disposto no artigo 1107.º, com as
2154.º e 2155.º -» Pendência de sucessão que não cessa por ato de aceitação. necessárias adaptações.
Cessa com a sentença da declaração de herança vaga para o Estado (938.º e 939.º CPC) Artigo 2154.º
Desnecessidade de aceitação e impossibilidade de
repúdio
A aquisição da herança pelo Estado, como sucessor
legítimo, opera-se de direito, sem necessidade de
aceitação, não podendo o Estado repudiá-la.
Artigo 2154.º
Declaração de herança vaga
Reconhecida judicialmente a inexistência de outros
sucessíveis legítimos, a herança é declarada vaga
para o Estado nos termos das leis de processo.
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Artigo 2050.º
Efeitos
1. O domínio e posse dos bens da herança
adquirem-se pela
aceitação, independentemente da
sua apreensão material.
 Aquisição sucessória depende de uma declaração negocial - ACEITAÇÃO - 2050.º e 2. Os efeitos da aceitação retrotraem-se ao
momento da abertura da sucessão.
2249.º Artigo 2249.º
Aceitação e repúdio do legado
É extensivo aos legados, no que lhes for
 Ato jurídico unilateral – singular em relação de cada herdeiro (2051.º pode ser aceita aplicável, e com as necessárias adaptações, o
disposto sobre a aceitação e repúdio da
por todos ou só por alguns) herança.
Artigo 2051.º
Formas de aceitação
 Não cabe aceitação por condição ou termo (2054.º n.º1) Sendo vários os sucessíveis, pode a herança
ser aceita por algum ou alguns deles e
repudiada pelos restantes.
Artigo 2054.º
 É NULA (294.º) a aceitação a aceitação parcial (2054.º n.º2) somente nos casos Aceitação sob condição, a termo ou parcial
1. A herança não pode ser aceita sob condição
previstos em lei. nem a termo.
 Por lei e testamento -» aceita/repudia um, é igual para outro 2. A herança também não pode ser aceita só
 Por lei, e mais tarde sabe do testamento – poderá aceitar primeiro e repudiar o segundo, ou vise e versa. em parte, salvo o disposto no artigo seguinte.
Artigo 2055.º
 Herdeiro legitimário chamado também pelo testamento – pode repudiar a quota disponível, e ficar com a legítima Devoluções Testamentária e legal
1. Se alguém é chamado à herança,
simultânea ou sucessivamente, por
 Os efeitos da aceitação retrotraem-se ao momento da abertura da sucessão (2050.º testamento e por lei, e a aceita ou repudia
por um dos títulos, entende-se que a aceita
n.º2) ou repudia igualmente pelo outro; mas pode
aceitá-la ou repudiá-la pelo primeiro, não
obstante a ter repudiado ou aceitado pelo
segundo, se ao tempo ignorava a existência
 Se não quiser aceitar poderá repudiar (2051.º). do testamento.
2. O sucessível legitimário que também é
chamado à herança por testamento pode
repudiá-la quanto à quota disponível e
aceitá-la quanto à legítima.

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Artigo 2050.º
Efeitos
1. O domínio e posse dos bens da herança
adquirem-se pela aceitação, independentemente
 Com aceitação --» Aquisição da propriedade dos objetos da sucessão e da sua apreensão material.
2. Os efeitos da aceitação retrotraem-se ao
momento da abertura da sucessão.
a posse ("independentemente da sua apreensão material") que retroage a Artigo 2182.º
Carácter pessoal do testamento
data da abertura da sucessão (2050.º n.º2) – poderá ser toda a herança 1. O testamento é acto pessoal, insusceptível de
ou uma quota ideal quando há pluralidade de herdeiros. ser feito por meio de representante ou de ficar
dependente do arbítrio de outrem, quer pelo que
*Em caso de Legado, se for dispositivo bastará a aceitação para que haja a aquisição da toca à instituição de herdeiros ou nomeação de
legatários, quer pelo que respeita ao objecto da
propriedade, no caso de Legado Obrigacionais será exigido o cumprimento para adquirir. herança ou do legado, quer pelo que pertence ao
cumprimento ou não cumprimento das suas
disposições.
2. O testador pode, todavia, cometer a terceiro:
 Não há previsão legal da aceitação ter de ser um ato pessoal a) A repartição da herança ou do legado, quando
institua ou nomeie uma generalidade de pessoas;
(em relação a fazer o testamento é sim um ato pessoal 2182.º)! b) A nomeação do legatário de entre pessoas por
Poderá ser por mandatário, exigindo-se poderes especiais (ultrapassam aquele determinadas.
3. Nos casos previstos no número antecedente,
a administração ordinária 1159.º n.º1). qualquer interessado tem a faculdade de
requerer ao tribunal a fixação de um prazo para a
*Representação legal (menores) – 2.º n.º1 b) do Decreto-Lei n.º 272/2001: 1938.º n.º1 c), repartição da herança ou do legado ou nomeação
do legatário, sob a cominação, no primeiro caso,
139.º, 1971.º n.º1, 1889.º n.º1 l) de a repartição pertencer à pessoa designada para
*Maior acompanhado pode por si, desde que não esteja limitado por sentença (145.º n.º2). o efeito pelo tribunal e, no segundo, de a
distribuição do legado ser feita por igual pelas
*Não se exige autorização do cônjuge para aceitar herança (1683.º n.º1) pessoas que o testador tenha determinado.
Artigo 1159.º
Extensão do mandato
1. O mandato geral só compreende os actos de
administração ordinária.
2. O mandato especial abrange, além dos actos
nele referidos, todos os demais necessários à sua
execução.

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 Prazo de 10 anos* do conhecimento do chamamento para 2059.º n.º1 Artigo 2059.º
Caducidade
 Condição suspensiva – prazo inicia a partir da verificação da condição 1. O direito de aceitar a herança caduca ao fim de
dez anos, contados desde que o sucessível tem
conhecimento de haver sido a ela chamado.
(2059.º n.º1) 2. No caso de instituição sob condição suspensiva,
o prazo conta-se a partir do conhecimento da
 Substituição fideicomissária - a partir do conhecimento da morte do verificação da condição; no caso de
substituição fideicomissária, a partir do
fiduciário ou da extinção da pessoa coletiva (2059.º n.º2) conhecimento da morte do fiduciário ou
da extinção da pessoa colectiva.

 *Actio Interrogatoria (2049.º) - ordenada notificação pelo tribunal Artigo 2049.º


Notificação dos herdeiros
1. Se o sucessível chamado à herança, sendo
conhecido, a não aceitar nem repudiar dentro dos
quinze dias seguintes, pode o tribunal, a
 IRREVOGÁVEL (2061.º) - se depois não quiser, poderá abandonar requerimento do Ministério Público ou de
qualquer interessado, mandá-lo notificar para, no
prazo que lhe for fixado, declarar se a aceita ou
ou renunciar aos seus direitos. repudia.
2. Na falta de declaração de aceitação, ou não
sendo apresentado documento legal de repúdio
dentro do prazo fixado, a herança tem-se por
aceita.
3. Se o notificado repudiar a herança, serão
notificados, sem prejuízo do disposto no artigo
2067.º, os herdeiros imediatos, e assim
sucessivamente até não haver quem prefira a
sucessão do Estado.
Artigo 2061.º
Irrevogabilidade
A aceitação é irrevogável.

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Artigo 2056.º
Formas de aceitação
1. A aceitação pode ser expressa ou tácita.
2. A aceitação é havida como expressa quando nalgum documento escrito o sucessível
chamado à herança declara aceitá-la ou assume o título de herdeiro com a intenção de
a adquirir.
3. Os actos de administração praticados pelo sucessível não implicam aceitação tácita da
herança.
 Aceitação pode ser EXPRESSA (2056.º n.º1) ou FICTA (2049.º Artigo 2049.º
Notificação dos herdeiros
n.º2, 2057.º n.º2 | 217.º n.º1). 1. Se o sucessível chamado à herança, sendo conhecido, a não aceitar nem repudiar dentro
dos quinze dias seguintes, pode o tribunal, a requerimento do Ministério Público ou de
qualquer interessado, mandá-lo notificar para, no prazo que lhe for fixado, declarar se a
aceita ou repudia.
 Aceitação TÁCITA -» sucessível praticar atos de administração 2. Na falta de declaração de aceitação, ou não sendo apresentado documento legal de
repúdio dentro do prazo fixado, a herança tem-se por aceita.
da herança ou legado (permitindo a tomada de providências 3. Se o notificado repudiar a herança, serão notificados, sem prejuízo do disposto no artigo
2067.º, os herdeiros imediatos, e assim sucessivamente até não haver quem prefira a
relativas à sucessão) não implica a aceitação (2056.º n.º3). sucessão do Estado.
Artigo 217.º
Declaração expressa ou declaração tácita
1. A declaração negocial pode ser expressa ou tácita: é expressa, quando feita por palavras,
escrito ou qualquer outro meio directo de manifestação da vontade, e tácita, quando se
 Diferente será nos casos de alienar ou onerar os bens que deduz de factos que, com toda a probabilidade, a revelam.
2. O carácter formal da declaração não impede que ela seja emitida tacitamente, desde que
integram a a sucessão (217.º) -» ressalvado o caso de alienação a forma tenha sido observada quanto aos factos de que a declaração se deduz.
Artigo 2057.º
da herança gratuita em benefício de todos aqueles que a ela Casos de aceitação tácita
1. Não importa aceitação a alienação da herança, quando feita gratuitamente em benefício
caberiam se o alienante repudiasse (2057.º n.º1). de todos aqueles a quem ela caberia se o alienante a repudiasse.
2. Entende-se, porém, que aceita a herança e a aliena aquele que declara renunciar a ela, se
o faz a favor apenas de algum ou alguns dos sucessíveis que seriam chamados na sua falta.
Artigo 2052.º
 Aceitação pura e simples (2052.º n.º1) ou aceitação a benefício Aceitação em benefício de inventário
A aceitação a benefício de inventário faz-se requerendo inventário, nos termos previstos em
de inventário (2053.º) -» diferença reflete na responsabilização lei especial, ou intervindo em inventário pendente.
Artigo 2053.º
perante os encargos da herança (2068.º e 2071.º), na qual a aceitação Aceitação a benefício do inventário
A aceitação a benefício de inventário faz-se requerendo inventário, nos termos previstos em
beneficiária implica nos encargos respetivos dos bens inventariados, já lei especial, ou intervindo em inventário pendente.
Artigo 2068.º
aqueles que aceitam pura e simplesmente, precisam provar que não há Responsabilidade da Herança
A herança responde pelas despesas com o funeral e sufrágios do seu autor, pelos encargos
na herança valores suficientes para cumprir com os encargo. com a testamentaria, administração e liquidação do património hereditário, pelo pagamento
das dívidas do falecido, e pelo cumprimento dos legados.
*Para incapazes, MP pode entender que se aplica a aceitação beneficiária Artigo 2071.º
Responsabilidade do herdeiro
(2102.º n.º2 b)) 1. Sendo a herança aceita a benefício de inventário, só respondem pelos encargos respectivos
*Não cabe aceitação a benefício de inventário em caso de aceitação de legado. os bens inventariados, salvo se os credores ou legatários provarem a existência de outros
bens.
2. Sendo a herança aceita pura e simplesmente, a responsabilidade pelos encargos também
não excede o valor dos bens herdados, mas incumbe, neste caso, ao herdeiro provar que na
herança não existem valores suficientes para cumprimento dos encargos
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Artigo 2062.º
Efeitos do repúdio
Os efeitos do repúdio da herança retrotraem-se ao
momento da abertura da sucessão, considerando-se
como não chamado o sucessível que a repudia, salvo
Ato jurídico unilateral – singular em relação de cada herdeiro (2051.º pode ser aceita para efeitos de representação.
por todos ou só por alguns) Artigo 2064.º
Repúdio sob condição, a termo ou parcial
1. A herança não pode ser repudiada sob condição
nem a termo.
Os efeitos do repúdio (Herdeiro ou Legatário) --» a rejeição do chamamento 2. A herança também não pode ser repudiada só em
sucessório, há a detruição da vocação e o chammento dos subsequentes, ou seja, parte, salvo o disposto no artigo 2055.º.
Artigo 2249.º
consideram-se como não chamados, exceto se couber direito de representação Aceitação e repúdio do legado
(2032.º n.º2 | 2062.º segunda parte) É extensivo aos legados, no que lhes for aplicável, e
com as necessárias adaptações, o disposto sobre
a aceitação e repúdio da herança.
Artigo 294.º
Retrotraem-se ao momento da abertura da sucessão (2062.º) Os negócios celebrados contra a lei
Os negócios jurídicos celebrados contra disposição
legal de carácter imperativo são nulos, salvo nos
Não cabe repúdio por condição ou termo (2064.º n.º1) casos em que outra solução resulte da lei.
Artigo 2055.º
Devoluções Testamentária e legal
É NULO (294.º) o repúdio parcial (2064.º n.º2) salvo as situações do 2055.º . 1. Se alguém é chamado à herança, simultânea ou
sucessivamente, por testamento e por lei, e a aceita
ou repudia por um dos títulos, entende-se que a
Não há previsão legal de ter de ser um ato pessoal. Poderá ser por mandatário, aceita ou repudia igualmente pelo outro; mas pode
aceitá-la ou repudiá-la pelo primeiro, não obstante
exigindo-se poderes especiais (ultrapassam a administração ordinária 1159.º n.º1). a ter repudiado ou aceitado pelo segundo, se ao
*Representação legal (menores) – 2.º n.º1 b) do Decreto-Lei n.º 272/2001: tempo ignorava a existência do testamento.
1889.º n.º1 j), 1935.º n.º1. 2. O sucessível legitimário que também é chamado à
herança por testamento pode repudiá-la quanto à
*Maior acompanhado pode por si, desde que não esteja limitado por sentença (145.º n.º2 e em caso de herança quota disponível e aceitá-la quanto à legítima.
com bens imóveis obrigatório autorização do tribunal 145.º n.º3). Artigo 1159.º
*Se exige autorização do cônjuge para repúdio de herança ou legado (1683.ºn.º2), exceto se o regime aplicável Extensão do mandato
1. O mandato geral só compreende os actos de
for de separação de bens.
administração ordinária.
2. O mandato especial abrange, além dos actos nele
referidos, todos os demais necessários à sua
execução.
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Artigo 2063.º
Forma
O repúdio está sujeito à forma exigida para a alienação da herança
Artigo 2126.º
Forma
1- Sem prejuízo do disposto em lei especial, a alienação de herança ou
de quinhão hereditário é feita por escritura pública ou por documento
particular autenticado se existirem bens cuja alienação deva ser feita
por uma dessas formas.
 É um ato formal 2063.º sujeito a forma exigida para alienação da 2 - Fora dos casos previstos no número anterior, a alienação deve
herança (2063.º |2126.º) – bens imóveis cabe escritura pública ou constar de documento particular.»
Artigo 217.º
documento autenticado, já se forem bens móveis pode ser por documento Declaração expressa e declaração tácita
1 . A declaração negocial pode ser expressa ou tácita: é expressa,
escrito. quando feita por palavras, escrito ou qualquer outro meio directo de
manifestação da vontade, e tácita, quando se deduz de factos que, com
toda a probabilidade, a revelam.
 Apesar de ser um ato formal poderá ser TÁCITO (217.º n.º2) e FICTO (2057.º 2. O carácter formal da declaração não impede que ela seja emitida
tacitamente, desde que a forma tenha sido observada quanto aos factos
n.º1) de que a declaração se deduz.
Artigo 2057.º
Casos de aceitação tácita
1. Não importa aceitação a alienação da herança, quando feita
 Prazo de 10 anos* do conhecimento do chamamento para 2059.º n.º1 gratuitamente em benefício de todos aqueles a quem ela caberia se o
 Condição suspensiva – prazo inicia a partir da verificação da condição (2059.º alienante a repudiasse.
2. Entende-se, porém, que aceita a herança e a aliena aquele que
n.º1) declara renunciar a ela, se o faz a favor apenas de algum ou alguns dos
 Substituição fideicomissária - a partir do conhecimento da morte do fiduciário ou sucessíveis que seriam chamados na sua falta.
Artigo 2059.º
da extinção da pessoa coletiva (2059.º n.º2) Caducidade
1. O direito de aceitar a herança caduca ao fim de dez anos, contados
 *Actio Interrogatoria (2049.º) - ordenada notificação pelo tribunal desde que o sucessível tem conhecimento de haver sido a ela chamado.
2. No caso de instituição sob condição suspensiva, o prazo conta-se a
partir do conhecimento da verificação da condição; no caso de
 IRREVOGÁVEL (2066.º) substituição fideicomissária, a partir do conhecimento da morte do
fiduciário ou da extinção da pessoa colectiva.
Artigo 2066.º
Irrevogabilidade
 Anulação do repúdio não irá configurar a sua aceitação. O repúdio é irrevogável.
Artigo 71.º
Ofensa a pessoas já falecidas
1. Os direitos de personalidade gozam igualmente de protecção depois
 Facto de ter repudiado não impede que continue tendo da morte do respectivo titular.
2. Tem legitimidade, neste caso, para requerer as providências
legitimidade para requerer a proteção dos direitos de previstas no n.º 2 do artigo anterior o cônjuge sobrevivo ou qualquer
descendente, ascendente, irmão, sobrinho ou herdeiro do falecido.
personalidade do falecido (71.º n.º2) 3. Se a ilicitude da ofensa resultar de falta de consentimento, só as
pessoas que o deveriam prestar têm legitimidade, conjunta ou
separadamente, para requerer providências a que o número anterior se
refere.
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Artigo 606.º
Direitos sujeitos à sub-rogação
Sub-rogação dos Credores 1. Sempre que o devedor o não faça, tem o
credor a faculdade de exercer, contra
terceiro, os direitos de conteúdo
patrimonial que competem àquele,
excepto se, por sua própria natureza ou
 O repúdio não impede que o(s) Credor(es) do Herdeiro venha(m) aceitar disposição da lei, só puderem ser exercidos
pelo respectivo titular.
a herança em nome dele (2067.º n.º1). 2. A sub-rogação, porém, só é permitida
quando seja essencial à satisfação ou

 Prazo de 6 meses a contar do conhecimento do repúdio para aceitar garantia do direito do credor.
Artigo 2067.º
Sub-rogação dos credores
(2067.º n.º2) 1. Os credores do repudiante podem
aceitar a herança em nome dele, nos
termos dos artigos 606.º e seguintes.
2. A aceitação deve efectuar-se no prazo

606.º regime geral da sub-rogação x 2067.º n.º1 regime de sub-rogação na de seis meses, a contar do conhecimento
do repúdio.
3. Pagos os credores do repudiante, o
sucessão: remanescente da herança não aproveita a
este, mas aos herdeiros imediatos.
 Não é a substituição pelo credor numa quota cuja o devedor omitiu, e sim Artigo 610.º
Requisitos gerais
uma destruição dos efeitos do ato (repúdio) que o devedor praticou. Os actos que envolvam diminuição da
garantia patrimonial do crédito e não
 Aqui não há reversão dos bens ao património do devedor, e sim, após o sejam de natureza pessoal podem ser
impugnados pelo credor, se concorrerem as
pagamentos dos credores do repudiante, o remanescente da herança vai para circunstâncias seguintes:
a) Ser o crédito anterior ao acto ou, sendo
posterior, ter sido o acto realizado
os herdeiros imediatos (2067.º n.º2) dolosamente com o fim de impedir a
satisfação do direito do futuro credor;
*Para LMTML (359) esta configuração se aproxima mais da impugnação b) Resultar do acto a impossibilidade, para
o credor, de obter a satisfação integral do
pauliana 610.º ss do que da sub-rogação (606.º). seu crédito, ou agravamento dessa
impossibilidade

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Artigo 246.º
Falta de consciência da declaração e coacção física
A declaração não produz qualquer efeito, se o
declarante não tiver a consciência de fazer uma
declaração negocial ou for coagido pela força física a
emiti-la; mas, se a falta de consciência da declaração foi
devida a culpa, fica o declarante obrigado a indemnizar
o declaratário.
Artigo 253.º
Dolo
“a aceitação e o repúdio não constituem verdadeiros negócios jurídicos, uma vez que a lei apenas admite a 1 . Entende-se por dolo qualquer sugestão ou artifício
sua celebração, mas já não a estipulação dos seus efeitos. São-lhes, no entanto, aplicáveis por força do art. que alguém empregue com a intenção ou consciência de
induzir ou manter em erro o autor da declaração, bem
295.º as regras dos negócios jurídicos, como, por exemplo, as relativas à capacidade das partes e à falta ou como a dissimulação, pelo declaratário ou terceiro, do
vícios da vontade, podendo consequentemente os mesmos ser anulados caso tenha sido realizados com erro do declarante.
algum vício." - LMTML (354) 2. Não constituem dolo ilícito as sugestões ou artifícios
usuais, considerados legítimos segundo as concepções
dominantes no comércio jurídico, nem a dissimulação do
 Anulável quando há falta de consciência da declaração ou coação física - erro, quando nenhum dever de elucidar o declarante
resulte da lei, de estipulação negocial ou daquelas
246.º concepções.
Artigo 2060.º
 Anuláveis em caso de dolo ou coação (253.º n.º1), mas não cabe anulação Anulação por dolo ou coacção
em caso de erro simples(2060 e 2065.º) A aceitação da herança é anulável por dolo ou coacção,
mas não com fundamento em simples erro.
“A exclusão da anulação por erro explica-se pelo facto de o mesmo ser relativo ao próprio herdeiro, o que
Artigo 2065.º
torna a anulação da aceitação ou do repúdio injusta para os demais interessados. Acresce que a sucessão Anulação por dolo ou coacção
mortis causa tem carácter gratuito e o herdeiro não responde em princípio para além das forças da herança" O repúdio da herança é anulável por dolo ou coacção,
- LMTML (354) mas não com fundamento em simples erro.
Artigo 255.º
Coacção moral
1 . Diz-se feita sob coacção moral a declaração negocial
 Anuláveis em caso da aceitação ou repúdio resultarem de coação moral determinada pelo receio de um mal de que o declarante
(ameaça ilícita de um mal ao herdeiro para obter a dele a declaração) - foi ilicitamente ameaçado com o fim de obter dele a
declaração.
255.º 2. A ameaça tanto pode respeitar à pessoa como à honra
ou fazenda do declarante ou de terceiro.
3. Não constitui coacção a ameaça do exercício normal
Anulação tem como efeito a extinção desses atos com eficácia retroativa -» de um direito nem o simples temor reverencial.
NÃO resulta em declaração tácita no sentido do ato oposto!

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Artigo 2054.º
Aceitação sob condição, a termo ou parcial  Chamamento do Herdeiro e do Legatário não
1. A herança não pode ser aceita sob condição nem a termo.
2. A herança também não pode ser aceita só em parte, salvo o disposto no artigo
pode implicar uma aquisição parcial da
seguinte. herança ou legado.
Artigo 2250.º
Indivisibilidade da vocação
1. O legatário não pode aceitar um legado em parte e repudiá-lo noutra parte; mas  Também se aplica nos casos de
pode aceitar um legado e repudiar outro, contanto que este último não seja onerado
por encargos impostos pelo testador.
PLURALIDADES DE TÍTULOS
2. O herdeiro que seja ao mesmo tempo legatário tem a faculdade de aceitar a SUCESSÓRIOS
herança e repudiar o legado, ou de aceitar o legado e repudiar a herança, mas
também só no caso de a deixa repudiada não estar sujeita a encargos.

Artigo 2055.º
Exceções
Devolução testamentária e legal
1. Se alguém é chamado à herança, simultânea ou sucessivamente, por testamento e 1. Sucessão contratual
por lei, e a aceita ou repudia por um dos títulos, entende-se que a aceita ou repudia 2. Aquisição por sucessão legitimária e por testamento – 2055.º n.º1,
igualmente pelo outro; mas pode aceitá-la ou repudiá-la pelo primeiro, não obstante segunda parte
a ter repudiado ou aceitado pelo segundo, se ao tempo ignorava a existência do 3. Aquisição por sucessão legitimária e por testamento – 2055.º n.º2
testamento. 4. Transmissão do direito de suceder – 2058.º n.º2
2. O sucessível legitimário que também é chamado à herança por testamento pode 5. Quando há pluralidade de legados – 2250.º n.º1 segunda parte
repudiá-la quanto à quota disponível e aceitá-la quanto à legítima.
6. Quando há atribuição de legado e de herança – 2250.º n.º2
Artigo 2058.º
Transmissão 7. Direito de acrescer no testamento – 2306.º
1. Se o sucessível chamado à herança falecer sem a haver aceitado ou repudiado,
transmite-se aos seus herdeiros o direito de a aceitar ou repudiar.
2. A transmissão só se verifica se os herdeiros aceitarem a herança do falecido, o que
os não impede de repudiar, querendo a herança a que este fora chamado.

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• Sucessão contratual – 2055.º
Ex.: Sucessão contratual é a aceitação antes da abertura de sucessão. Pode, portanto, depois de aberta sucessão repudiar, não
sendo obrigado a aceitar a herança/legado por lei ou testamento.
• Aquisição por sucessão legitimária e por testamento – 2055.º n.º1, segunda parte e n.º2
Ex.: Se repudiar a legítima, e após ter conhecimento do testamento, não será automático o repúdio quanto ao testamento.
Ex: Possibilidade de poder recusar ser beneficiado pelo de cuius em relação aos demais herdeiros legitimários. Aceitando apenas a
legítima e afastando a quota disponível.
• Transmissão do direito de suceder – 2058.º n.º2
Ex.: Ao aceitar a herança do pai, não impede que repudiem ao do avô.
• Quando há pluralidade de legados – 2250.º n.º1 segunda parte
Ex.: Possibilidade de aceitar um legado e não o outro, desde que não repudie o que seja onerado.
“o legatário que foi contemplado com um imóvel e com um depósito bancário pertencente ao testador pode repudiar o imóvel e aceitar o depósito bancário.
Tal já não sucederá, porém, no caso de um imóvel estar sujeito a um encargo de pagar uma renda a favor de um familiar do testador.” – LMTML (122)
• Quando há atribuição de legado e de herança – 2250.º n.º2
Ex.: Ao receber herança e legado pode repudiar um ou outro, desde que não haja deixa sujeita de encargos. Neste caso ou aceita
ambas ou repudia ambas, não podendo optar por aceitar apenas a sem encargos.
• Direito de acrescer no testamento – 2306.º
Ex.: Não pode repudiar apenas a parte acrescida (automaticamente adquirida). Exceto se a mesma for sujeita a encargos especiais,
sendo possível o seu repúdio

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 Vocação originária e subsequente
 Vocação pura e condicional, termo e modal
 Vocação una e múltipla
 Vocação direta e indireta
 Vocação imediata e derivada
 Vocação comum e anómala

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Artigo 2032.º
Chamamento de herdeiros e legatários
1. Aberta a sucessão, serão chamados à titularidade das relações jurídicas do falecido aqueles que gozam de prioridade na hierarquia dos sucessíveis, desde que tenham
a necessária capacidade.
2. Se os primeiros sucessíveis não quiserem ou não puderem aceitar, serão chamados os subsequentes, e assim sucessivamente; a devolução a favor dos últimos
retrotrai-se ao momento da abertura da sucessão.

 Originária --» No momento da morte 2032.º n.º1

 Subsequente p/ Jorge Duarte Pinheiro (Galvão Telles contraria, referindo uma “devolução suspensa”)--»
 Quando o sucessível primeiramente designado não querer ou não puder aceitar a herança ou legado -
Seria Originária para
2032.º n.º2 Leite Campos/Capelo
de Sousa/ Eduardo
 Vocação da pessoal singular que ainda não tenha nascido à data da abertura da sucessão – 66.º n.º2
Santos
 Vocação sucessível instituído ou nomeado sob condição suspensiva a qual só corre na data da verificação
da condição – 2229.º
 Vocação do fideicomissário, que só é chamado após a morte do fiduciário (2293.º n.º1) Seria Originária para
Pereira
Coelho/Capelo de
Sousa

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“A vocação diz-se pura quando não está sujeita a qualquer cláusula acessória. Pelo contrário, a
vocação diz-se impura quando se encontra sujeita a cláusula acessória, como a condição, o
termo, ou o modo” – LMTML (125)

 Sucessão legal --» Pura


 Sucessão Voluntária (Testamentária ou contratual) --» Pode ser pura ou
condicional, a termo ou modal. Regulamentação
Regulamentação
especial - Testamento
especial - Contratual
Regulamentação
geral

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 UNA --» apenas um sucessível é chamado para suceder num único título de vocação, numa
única qualidade sucessória.
 MÚLTIPLA --» vários sucessíveis ou se o sucessível é chamado a suceder mais de um título
de vocação ou na dupla qualidade de herdeiro ou legatário (quase todos os casos).

 Legatário já não é possível ser una --» não é uma sucessão universal / não recebe todo o
património hereditário.
Se há legatário, pressupõe a existência de outros herdeiros/legatários

MÚLTIPLA:
 Chamamento com mesmo sucessível por vários títulos ou qualidades
Ex.: Herdeiro legítimo e testamentário (múltiplos títulos) | Herdeiro testamentário e Legatário (mesmo título,
pluralidade de qualidade)

 Chamamento dos vários sucessíveis da mesma qualidade por um só título


Ex.: Vários irmãos, ambos herdeiros (sucessão plural)

 Chamamento dos vários sucessíveis da mesma ou de qualidades diferentes por vários


títulos
Desafio – (in)divisibilidade do direito de aceitar/repudiar
Ex.: Aceitar por um título ou qualidade e repudiar por outro, atentar ao 2055.º

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 Direta --» Relação entre o sucessível e o de cuius (REGRA)
 Indireta --» “quando o chamamento do sucessível toma por base, não apenas a sua relação com o de cujus,
mas também a sua posição perante um terceiro que, não entrando na sucessão serve de ponto de referência
para vocação” – LMTML (127)

Indireta ocorre quando o sucessível prioritário não possa* (não sobrevivência| morte presumida| indignidade |
deserdação) ou não queira (Repúdio) aceitar a herança, sendo então chamado o sucessível subsequente.
*Não é vocação indireta os casos de morte posterior ao de cuius – será transmissão do direito de suceder.

Indireta não ocorre somente quando a anterior é resolvida/realizada, pois a mesma pode nem chegar a ocorrer
– ex.: caso de pré-morte***
“em todos estes institutos se verifica a situação de o
VOCAÇÃO INDIRETA: sucessível subsequente só ser chamado no caso de o
 Substituição direta – 2281.º ss sucessível anterior não poder ou não querer aceitar a
 Direito de representação – 2039.º ss sucessão (arts. 2281.º, 2039.º e 2301.º), vindo nesse
 Direito de acrescer – 2137.º n.º2, 2157.º e 2301.º ss caso o chamado indirectamente a ocupar na sucessão a
mesma posição que competia ao sucessível inicial (arts.
2284.º, 2039.º e 2307.º)” – LMTML (128)

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“A vocação diz-se imediata quando é adquirida originariamente pelo chamado, sendo considerada derivada
quando foi transmitida para o chamado após uma prévia aquisição do direito de suceder por outro de cuius–
LMTML (128)

 Só será derivada se houver a transmissão do direito de suceder – 2058.º

Artigo 2058.º
Transmissão
1. Se o sucessível chamado à herança falecer sem a haver aceitado ou repudiado, transmite-se aos seus herdeiros o direito de a aceitar ou repudiar.
2. A transmissão só se verifica se os herdeiros aceitarem a herança do falecido, o que os não impede de repudiar, querendo a herança a que este fora chamado.

DERIVADA não se confunde com INDIRETA


 Indireta --» ocorre uma aquisição originária
prioritário não possa (não sobrevivência| morte presumida| indignidade | deserdação) ou não queira (Repúdio) aceitar a herança

 Derivada --» ocorreu uma aquisição originária/prévia por outrem, e depois foi transmitida por morte ao chamado subsequente.
Falecimento posterior ao de cuius

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 COMUM --» ORIGINÁRIA, PURA, DIRETA, IMEDIATA
 ANÓMALA --» SUBSEQUENTES, IMPURAS, INDIRETAS OU DERIVADAS

Casos de Vocação ANÓMALAS:


VOCAÇÃO DERIVADA
 Transmissão do direito de suceder
 Substituição direta VOCAÇÃO INDIRETA

 Direito de representação VOCAÇÃO INDIRETA

 Direito de acrescer VOCAÇÃO INDIRETA

 Substituição fideicomissária VOCAÇÃO SUBSEQUENTE

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Artigo 2039.º  Vocação Indireta
Noção
Dá-se a representação sucessória, quando a lei chama os
descendentes de um herdeiro ou legatário a ocupar a posição
daquele que não pôde ou não quis aceitar a herança ou o
legado.
 ≠ da transmissão do direito de suceder
sucessível chamado à herança falecer sem a haver aceitado ou repudiado

prioritário não possa (não sobrevivência| morte  Aqui o representado não chegou a ser chamado
presumida| indignidade | deserdação) ou não ou rejeitou o chamamento sucessório
queira (Repúdio) aceitar a herança
 Enquanto na transmissão há dois
“uma forma de vocação indirecta que chamamentos, aqui há apenas um!
abrange os descendentes e os adoptados,
permitindo-lhes ocupar a posição do seu  Na sucessão legal e na sucessão testamentária
ascendente ou adoptante que não quis ou (2040.º), e um caso na sucessão contratual
não pôde aceitar a herança ou legado. (1703.º n.º2)
Este é o único caso em que a lei favorece
os descendentes perante o cônjuge”
LMTML (135)

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 Sucessão Legal direito de representação tem sempre lugar.

Artigo 2042.º
Representação na sucessão legal  Se aplica apenas em relação aos filhos e irmãos do autor da
Na sucessão legal, a representação tem sempre lugar, na linha
recta, em benefício dos descendentes de filho do autor da
sucessão.
sucessão e, na linha colateral, em benefício dos descendentes
de irmão do falecido, qualquer que seja, num caso ou noutro,
o grau de parentesco.  Não é possível invocar direito de representação no caso
de ascendentes e cônjuge!
Pode ultrapassar o limite do 4.º grau

Ex.: Se o cônjuge falecer antes do autor da sucessão, não


Artigo 2037.º podem seus filhos, por meio do direito de representação,
Efeitos da indignidade
1. Declarada a indignidade, a devolução da sucessão ao indigno suceder em seu lugar.
é havida como inexistente, sendo ele considerado, para todos
os efeitos, possuidor de má fé dos respectivos bens.
2. Na sucessão legal, a incapacidade do indigno não prejudica o Ex.: Se há apenas avós paternos vivos, não pode os tios
direito de representação dos seus descendentes.
maternos do de cuius, pelo direito de representação
sucederem os avós maternos.

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•Com a morte de E abre-se a sucessão
CASO: Direito de Representação
2031.º

•Sobrevive-lhe F a cônjuge, G a filha, e o


avô A.

•Sucessíveis Prioritários na sucessão


legitimária - cônjuge e descendente –
Sucessão Legítima

2156.º, 2157.º e 2133.º n.º1 a).

•O Avô é afastado por ter descendentes


E, de cuius, é filho de C, 2134.º
que é filho de A. •Legítima será dividida por cabeça 2136.º e
2139.º n.º1, ½ para F e ½ para G.
E é casado com F, e G é
•G repudia – 2137.º n.º2 -se não houver
sua filha. lugar a representação, acrescerá à dos
outros sucessíveis da mesma classe.
C é pré-falecido e G
•A será chamado? Em concurso com
repudia cônjuge 2142.º?

•Sim! Repúdio = não ser chamado, e


retroage a data da abertura da sucessão -
2062.º

•F concorre à sucessão com A 2133.º n.º1


al.b) (A é ascendente de segundo grau) -» A
repartição não se faz por cabeça e sim 1/3
Ascendentes e 2/3 para cônjuge.
•Sucessão legitimária – art 2156.º, 2157º,
2133.º, 2135.º - são herdeiros legitimários
A, viúvo, faleceu em 2005 os descendentes B,C,D

deixando sobrevivos dois •Sem dívidas, sem doações, massa da


herança é de 180mil (2156.º e 2162.º,

filhos, B, D e os netos E e F, 2159.º), 2/3 QI, ou seja 120 mil é legítima


objetiva e 60mil é a quota disponível.
CASO: Direito de

filhos de B, e o neto G filho


Representação

•Partilha cônjuge e descendentes 2136.º e

de C, pré-falecido, e H, I e J,
2159 n.º2 -» 2/3 por cabeça, 3

•B, D, C receberiam cada um 40mil, mas C é


filhos de Duarte. pré-falecido.

A dispôs a sua quota •E, F, H, I, J, G são em um primeiro


momento afastados, por apesar de serem da
disponível a Associação Classe dos descendentes 2134.º, são
afastados pelo grau de parentesco 2135.º
Humanitária dos •B repudia a herança (2062.º), mas cabe o

Bombeiros Voluntários da direito de representação por E e F. Vão


receber na posição do pai (40 mil /2),

sua Terra. tratando-se de uma vocação indireta.

B repudiu, C deserdou G.
•H, I, J continuam afastados 2135.º. D
recebe os 40 mil por vocação direta.

Proceda a partilha de •G foi deserdado por C, já falecido. Mas a


deserdação não impede o direito de
herança tendo em conta representação, e por isso, assume a estirpe
do pai C (2043.º). Trata-se de uma vocação
que os bens deixados indireta.

totalizam 180 mil euros. •Quanto a quota disponível, vai


integralmente para a Associação (60 mil)
Quota
Disponível
180 mil euros
 Primeiros pressuposto:
Artigo 2041.º
Representação na sucessão testamentária ≠ da sucessão legal (amplamente aplicado), na sucessão testamentária o
1. Gozam do direito de representação na sucessão direito de representação está limitado aos casos de pré-morte (morte
testamentária os descendentes do que faleceu antes do presumida) ou repúdio.
testador ou do que repudiou a herança ou o legado, se não
houver outra causa de caducidade da vocação sucessória.
2. A representação não se verifica: Não se aplica nos casos de indignidade.
a) Se tiver sido designado substituto ao herdeiro ou legatário;
b) Em relação ao fideicomissário, nos termos do n.º 2 do artigo  Segundo pressuposto:
2293.º; Disposições testamentárias caducam (2317.º), exceto em casos de pré-morte
c) No legado de usufruto ou de outro direito pessoal.
ou repúdio que caiba direito de representação.

Artigo 2317.º  Terceiro pressuposto:


Casos de caducidade
As disposições testamentárias, quer se trate da instituição de herdeiro, Herdeiro/legatário tem de ter deixado descendentes ou adotados
quer da nomeação de legatário, caducam, além de outros casos:
a) Se o instituído ou nomeado falecer antes do testador, salvo havendo
representação sucessória;  Quarto pressuposto:
b) Se a instituição ou nomeação estiver dependente de condição Testador não pode ter disposto contrário ao direito de representação (2041.º
suspensiva e o sucessor falecer antes de a condição se verificar;
c) Se o instituído ou nomeado se tornar incapaz de adquirir a herança ou
n.º2) – designado um substituto ao herdeiro/legatário, esteja em causa um
o legado; fideicomissário. Direito de representação assenta numa
d) Se o chamado à sucessão era cônjuge do testador e à data da morte vontade hipotética do testador
deste se encontravam divorciados ou separados judicialmente de pessoas
e bens ou o casamento tenha sido declarado nulo ou anulado, por
sentença já transitada ou que venha a transitar em julgado, ou se vier a
ser proferida, posteriormente àquela data, sentença de divórcio,
separação judicial de pessoas e bens, declaração de nulidade ou anulação *Não se verifica em caso de legado de usufruto ou outro direito pessoal –
do casamento; 2041.º n.º2 alínea c)
e) Se o chamado à sucessão repudiar a herança ou o legado, salvo
havendo representação sucessória.

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Artigo 1703.º  Aplica-se somente nos casos de doação mortis
Capacidade dos pactos sucessórios
1. A instituição e o legado contratuais em favor de qualquer dos causa feita por terceiro para casamento – somente
esposados caducam não só nos casos previstos no artigo 1760.º, mas
ainda no caso de o donatário falecer antes do doador.
para os filhos daquele casamento (entende-se
2. Se, porém, a doação por morte for feita por terceiro, não caduca aplicável aos filhos adotados, e aos filhos do casal
pelo predecesso do donatário, quando ao doador sobrevivam
descendentes legítimos daquele, nascidos do casamento, os quais
antes do casamento).
serão chamados a suceder nos bens doados, em lugar do donatário.

 Restrição (tratamento especial de uma prole)


 Direito de representação pode resulta da vontade do terceiro que “delimitou”,
ser afastado na convenção favoreceu a união daquele casal – não contrária o
36.º n.º4 CRP.
antenupcial – substituição
direta em casos de pré-morte
Não se coloca o caso de repúdio, já que há a
aceitação em vida do autor da sucessão/doador.

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 Desigualdades de graus sucessórios com pluralidade de estirpes
Artigo 2045.º
Extensão da  2135.º é afastado conforme 2138.º
representação
A tem os filhos B e C, C é pré-morto, e tem os filhos D e E.
A representação tem
lugar, ainda que todos D e E são netos, e irão suceder a A, junto de B.
os membros das várias
estirpes estejam, B ½ e D e E ¼ cada
relativamente ao autor
da sucessão, no mesmo  Igualdade de graus sucessórios com pluralidade de estirpes
grau de parentesco, ou
exista uma só estirpe.  A tem os filhos B e C, B e C são pré-morto. B deixa os filhos D e E, e C os filhos F, G e H.
 D, E, F, G e H são netos, e vão suceder a A – afastada regra 2135.º e 2136.º
D e E ¼ cada
F, G e H 1/6 cada
Se D for indigno perante A, sua parte vai para E ½
 Unidade de estirpes

 A tem o filho B, B é pré-morto, e tem o filho C.


 C herda o total

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CASO: Direito de Representação
para descendentes!

A casado com B, sofreram um


acidente e faleceram em
simultâneo.

Sobrevive-lhe os filhos C e D, e
os irmãos E (germano) F e G
(consanguíneos)

C repudia e herança.

Caberia direito de
Representação por C e D de B
na sucessão de A?
2042.º e 2044.º
2159.º n.º2
Artigo 2058.º
Transmissão
1. Se o sucessível chamado à herança falecer sem a haver aceitado ou repudiado, transmite-se aos seus herdeiros o direito de a aceitar ou repudiar.
2. A transmissão só se verifica se os herdeiros aceitarem a herança do falecido, o que os não impede de repudiar, querendo a herança a que este fora chamado.

Transmissão ocorre:
1. Chamamento de alguém a uma sucessão (transmissão)
2. Falecimento do chamado sem que esse tenha aceite a herança ou legado (transmissão do direito de suceder)
3. Chamamento dos herdeiros do primitivo chamado
4. Aceitação por aqueles dessa sucessão

--» Não se verifica transmissão na Sucessão Contratual – beneficiário da doação mortis causa tem de aceitar a proposta de
doação em vida do doador – 945.º n.º1 – aceitação feita na própria convenção antenupcial – 1700.º

Falecimento do sucessível tem de ocorrer após a abertura da sucessão. O direito de aceitar ou repudiar a herança ou legado se
transmita aos outros herdeiros.
*Chamamento transmissário --» Necessário ter capacidade sucessória em relação ao transmitente e em relação ao primitivo de cuius – primeira e segunda vocação.
*Caso de vocação indireta?
Para Galvão Telles e Pamplona Corte-Real, sim, mas Oliveira Ascensão e Antunes Varela, Jorge Duarte Pinheiro, Luiz Menezes de Leitão, não! Consideram ser uma dupla
transmissão, de modo que só seria necessário verificar os pressupostos da vocação aquando da segunda abertura da sucessão.

Não se trata de uma vocação indireta, pois na primeira vocação o transmissário aceitou a herança do primitivo de cuius conforme o 2058.º n .º2 (diferente do que ocorre na vocação
indireta). Além disso o requisito da existência do chamado é em relação a segunda e não a primeira. Sendo possível uma pessoa não nascida (sem personalidade jurídica) a data da
primeira abertura de sucessão, pode suceder esta, por no momento da segunda abertura da sucessão já preencher todos os pressupostos relativa as duas (capacidade sucessória)
– 2037.º n.º2

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http://www.dgsi.pt/jtrg.nsf/-/54639B78441E22BB80257E96004975FB

Ac. TRG de 11/06/2015


Proc. n.º 1502/06.0TBVRL-A.G1
 Tendo o inventariado falecido e deixado como seus herdeiros a mulher e os pais, que
morreram posteriormente sem exercer o seu direito de aceitar ou repudiar a sucessão, a filha
destes e irmã do inventariado é interessada na partilha não por direito de representação, mas
por transmissão do direito de suceder.
CASO: Direito de Transmissão

A casado com B, com os filhos


C (casado com D) e E.

Em um passeio a família sofre


um acidente.

A morre de imediato, B no dia


seguinte e C dois dias depois.

Património de A vai para


quem?
"preenchimento de uma quota vaga"
 Sucessão legal -» 2137.º n.º2 e 2157
 Sucessão testamentária -» 2301.º a 2307.º
 Sucessão contratual -» 944.ºn.º1 e 2 caso de doação mortis causa efetuadas em conjunto ou constituição de usufruto por doação mortis causa.

Conforme a categoria de sucessão será aplicado diferentemente.

Direito de acrescer só funciona dentro de cada título – não se beneficia em caso de pré-morte, incapacidade ou repúdio do herdeiro testamentário -»
ocorre a caducidade da deixa 2317.º a) b) c) e e)
Pressupostos:
1. Designação simultânea de vários sucessíveis da mesma classe para sucederem a herança / legado
2. Impossibilidade de aceitação ou repúdio da herança por parte de algum ou alguns desses sucessíveis
3. Inexistência do direito de representação - 2039.º ss. e 2138.º

Direito de acrescer estrito X Direito de não decrescer

 Direito de acrescer estrito -» novo chamamento indireto a favor do beneficiário, novo título de vocação sucessória

 Direito de não decrescer -» título permanece o mesmo, não há uma vocação indireta, e sim uma expansão do objeto inicial do objeto inicial pelo
facto de outros herdeiros/legatários não puderem ou não quererem aceitar a herança ou legado.

*A parte que a acresce se dá por efeito da lei, não cabe a aceitação (repúdio de parte somente nos termos 2306.º)

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Artigo 2137.º
Ineficácia do chamamento
Pressupostos: 1. Se os sucessíveis da mesma classe chamados
simultaneamente à herança não puderem ou não
 Designação simultânea de vários sucessíveis da mesma classe para sucederem a quiserem aceitar, são chamados os imediatos
sucessores.
2. Se, porém, apenas algum ou alguns dos
herança sucessíveis não puderem ou não quiserem aceitar, a
sua parte acrescerá à dos outros sucessíveis da
 Impossibilidade de aceitação ou repúdio da herança por parte de algum ou alguns mesma classe que com eles concorram à herança,
sem prejuízo do disposto no artigo 2143.º.
Artigo 2139.º
desses sucessíveis Regras gerais
1. A partilha entre o cônjuge e os filhos faz-se por
Sucessão legal tem um funcionamento diferente – 2139.ºn.º2 e 2159.º n.º2 (não é direito de acrescer em caso de pré cabeça, dividindo-se a herança em tantas partes
quantos forem os herdeiros; a quota do cônjuge,
morte do cônjuge em concurso com os filhos) porém, não pode ser inferior a uma quarta parte da
herança.
*Em caso de indignidade e deserdação, caberia o direito a acrescer? 2. Se o autor da sucessão não deixar cônjuge
sobrevivo, a herança divide-se pelos filhos em
PCR e JDP, LMTML sim, OA equipara a pré-morte, inexistente. partes iguais
Ex.: Dois filhos, um indigno - legítima reduz de 2/3 para ½ em caso de apenas um filho ou acresce ficando 2/3 para o irmão não Artigo 2143.º
Sucessão do cônjuge, na falta de descendentes
indigno? Na falta de descendentes sucede o cônjuge, sem
prejuízo do disposto no capítulo seguinte
 Inexistência do direito de representação - 2039.º ss. e 2138.º Artigo 2143.º
Acrescer
Se algum ou alguns dos ascendentes não puderem
ou não quiserem aceitar, no caso previsto do n.º 1
Acrescer dentro de cada título --» Aplicação é diferente: do artigo anterior, a sua parte acresce à dos outros
ascendentes que concorram à sucessão; se estes não
existirem, acrescerá à do cônjuge sobrevivo
 Acrescer funciona dentro da mesma classe de sucessíveis – 2137.º n.º2 – na falta de um descendente, a sua Artigo 2157.º
parte acresce à dos outros descendentes e do cônjuge. Herdeiros legitimários
São herdeiros legitimários o cônjuge, os
 No caso de cônjuges e ascendentes 2133.º n.º2, segunda classe, o direito de acrescer dá-se prioritariamente aos descendentes e os ascendentes, pela ordem e
segundo as regras estabelecidas para a sucessão
outros ascendentes, só passando ao cônjuge se estes faltarem 2143.º. legítima.
Artigo 2301.º
 Na ausência de cônjuge | descendentes | ascendentes -» não é direito de acrescer –2139.º n.º2, 2141.º, 2144.º Direito de acrescer entre herdeiros
1. Se dois ou mais herdeiros forem instituídos em
Questões: partes iguais na totalidade ou numa quota dos
Nos casos do direito de acrescer entre cônjuge e descendentes quando a parte do Cônjuge tem de ser acautelada (superior a dos descendentes) bens, seja ou não conjunta a instituição, e algum
Ex: Cônjuge e 6 descendentes. ¼ Cônjuge e 1/8 para cada filho. deles não puder ou não quiser aceitar a
Se um filho não puder ou não quiser, seu 1/8 acresce por cabeça ou cônjuge recebe proporção dupla? OA aplica o 2301.º n.º2 para justificar a aplicação em proporção.
herança, acrescerá a sua parte à dos outros
Nos casos de cônjuges e ascendentes, se estes impossibilitados de aceitar ou se repudiam, caberia o chamamento dos ascendentes de segundo grau ou se aplicaria direto ao cônjuge? herdeiros instituídos na totalidade ou na quota.
AV entende que o cônjuge só é chamado na totalidade conforme 2144.º se não existirem quaisquer descendentes e ascendentes. Já OA entende que do 2143.º o acrescer será apenas 2. Se forem desiguais as quotas dos herdeiros, a
com os descendentes que "concorrem à sucessão", de modo que as regras de preferência de grau nos termos do 2143.º n.º3 e 2135.º afastam a possibilidade de concorrência com parte do que não pôde ou não quis aceitar é
ascendentes de segundo grau. dividida pelos outros, respeitando-se a
proporção entre eles.

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•Se A morre, são sucessíveis prioritários
(quota indisponível 2133.º n.º1 al. a) B e D.
CASO: Repúdio e o direito de

•Há Sucessão legitimária - 2156.º e 2147.º


 A deixou testamento indicando H
como sua única herdeira. •H poderá herdar a quota disponível que
será de 1/3 visto o concurso entre cônjuge e
 A é casado com B.
descendentes (2159.º)
 A quando casada com C teve o filho
D que se casou com Z. •Netos, são descendentes no segundo grau
da linha reta. Não seriam chamados 2135.º
 São netos de A, filhos de D, os 1/3 por serem de grau mais afastado.
rapazes G,F,E.
+ 1/3 •Legítima 2/3 (2159.º n.º1). H não pode ser
 Considerando que D repudia. de 1/9 herdeiro universal! Deixa testamentária
acrescer

de E reduzida a 1/3 (2169.º).


 E repudia.
•D repudia --» Representação sucessória
2042.º
1/3 •G, F, E recebem o 1/3 --» cada um
•90mil euros recebe1/9
1/3
•30 mil H •E repudia --» 1/9 será dividido entre G e
•30 mil B F, e B
•30 mil D
•10 mil G •E repudia -» Não cabe o direito de
•10 mil F representação 2039.º, não tem
•10 mil E descendentes.
•3.333 B
•3.333 G Direito de acrescer -» Confirmar os 3
•3.333 F 1/9 1/9 1/9 requisitos para sucessão legal (Designação
simultânea, impossibilidade de aceitação
+ 1/3 de + 1/3 ou repudio, não ser aplicável direito de
•B 30mil + 3.333 = 33.333 = 10/27 1/9 de de 1/9 •B -» 1/3 + 1/27 = 10/27 representação
•G 10mil + 3.333 = 13.333 = 4/27 E de E •G -» 1/9 + 1/27 = 4/27
•F 10 mil + 3.333 = 13.333 = 4/27 Discussão doutrinal sob o "acrescer" ser
•F -» 1/9 + 1/27 = 4/27
•H 30 mil = 9/27 proporcional ao quinhão -» Cônjuge em
alguns casos (mais de 3 descendentes
poderia receber mais) – 2301.º n.º2
CASO: Deserdação e o direito de
•Com a morte de A abre-se a
sucessão legitimária a favor dos
descendentes – 2156.º, 2157.º e
2133.º n.º1 a)

•Cálculo da legítima (2162.º n.º1 e


A morreu em janeiro de 2022 2159.º n.º2) será de 2/3 a quota
indisponível
Deixou como sucessores os
representação

filhos B e C, e os netos E e F, •90 mil = 60 indisponível e 30


filhos de um filho pré-falecido disponível.
D. •Legítima será dividida pelo 3
filhos, por cabeça 2136.º
Bens deixados por A tem um
valor de 90 mil euros. •D pré falecido (não
B repudia a herança. aceitou/repudiou), descendentes
A deixa a C a sua quota são chamados pelo direito de
representação 2039.º, 2042.º e
disponível
2044.º.
D deserdou F.
•Ainda que F tenha sido
Proceda a Partilha deserdado (2166.º) pode exercer o
direito de representação 2043.º.

90 mil euros •B ao repudiar, não cabendo o


direito de representação resultará
•C – 30mil QD, 20 mil legitimária, no direito de acrescer para C e
10 mil direito de acrescer
para a estirpe de D – 2137.º n.º2,
•E/F - 20 mil legitimária, 10 mil
direito de acrescer --» 15 mil euros 2301.º ss
cada
Direito a acrescer entre herdeiros 2301.º e entre legatários 2302.º e 2305.º, nada se fala entre herdeiros sobre legatários, tendo uma hipótese
Artigo 2301.º do inverso 2306.º
Direito de acrescer entre herdeiros
1. Se dois ou mais herdeiros forem Pressupostos:
instituídos em partes iguais na totalidade 1.Designação simultânea de vários herdeiros ou legatários na herança ou legado – 2301.º e 2302.º
ou numa quota dos bens, seja ou não Instituição não tem de ser conjunta -»se verifique em relação à totalidade ou quota de bens | mesmo objeto (Doutrina aponta para uma preferência em
conjunta a instituição, e algum deles não acrescer entre herdeiros conjuntos e só depois chamar os restantes)
puder ou não quiser aceitar a herança, 2.Impossibilidade de aceitação ou repúdio da herança/legado por um destes
acrescerá a sua parte à dos outros herdeiros  Se aplica em caso de pré-morte e indignidade
instituídos na totalidade ou na quota.
 Galvão Telles Capelo de Sousa, Carvalho Fernandes defendem direito de acrescer quando invalidade da disposição testamentária. OA, PCR, JDP,
2. Se forem desiguais as quotas dos
LMTML contrariam, já qua a invalidade da disposição testamentária não é uma impossibilidade de aceitação.
herdeiros, a parte do que não pôde ou não
quis aceitar é dividida pelos outros,  Controverso casos de direito de acrescer quando há resolução da disposição testamentária por incumprimento do encargo por parte do beneficiário
respeitando-se a proporção entre eles (2248). PCR e JDP situação de acrescer pela ineficácia da aceitação. LMTML considera que é supervenientemente ineficaz, não se enquadrando no
Artigo 2302.º direito de acrescer.
Direito de acrescer entre legatários  Não é direito de acrescer a revogação total ou parcial, que resulta da vontade do testador, como se a disposição anterior nunca tivesse existido.
1. Há direito de acrescer entre os legatários  Caso de caducidade da disposição testamentária já se enquadra no direito a acrescer (2317.º al. a), c) e e))
que tenham sido nomeados em relação ao 3.Ausência de disposição em contrário do testador - 2281.º ss
mesmo objecto, seja ou não conjunta a (ex.: substituição direta)
nomeação.
2. É aplicável, neste caso, com as 4.Não ter o legado natureza pessoal – 2304.º
necessárias adaptações, o disposto no artigo Legado para um legatário, se não quiser ou não puder aceitar o legado, o mesmo é extinto. Os co-legatários não tem direito a acrescer. (ex.:
anterior. financiamento dos estudos de um legatário | entrega de cartas escritas pelo pai do legatário ao testador)
Artigo 2305.º 5.Inexistência do direito de representação - 2138.º e 2157.º
Direito de acrescer entre usufrutuários Testador pode estabelecer regras afastando direito de representação, e implementando o direito de acrescer.
É aplicável ao direito de acrescer entre
usufrutuários o disposto nos artigos 1442.º
e 2302.º.
HERDEIROS (2301.º) ≠ LEGATÁRIOS (2302.º)
Artigo 2306.º
Aquisição da parte acrescida HERDEIROS -» em partes iguais se forem instituídos dessa forma. Se quotas desiguais, o acrescer será proporcional
A aquisição da parte acrescida dá-se por
força da lei, sem necessidade de aceitação LEGATÁRIOS -» aplicação tal como no caso dos herdeiros, mas o 2303.º atenta que quando não há lugar a acrescer
do beneficiário, que não pode repudiar
separadamente essa parte, excepto quando entre legatários, o legado é atribuído ao herdeiro ou legatário que possuem o encargo do cumprimento (normalmente
sobre ela recaiam encargos especiais
impostos pelo testador; neste caso, sendo
herdeiros que devem entregar o legado, trata-se de um encargo da herança 2068.º, por isso reverte aos herdeiros),
objecto de repúdio, a porção acrescida exceto se o objeto estiver genericamente em outro legado (ex.: A deixa biblioteca a B, e um livro a C.C não quer o livro,
reverte para a pessoa ou pessoas a favor de
quem os encargos hajam sido constituídos. fica com B)
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•Aberta a Sucessão de A 2031.º
•D e E instituído por testamento, e Há herdeiros
Legitimários C, X e Y

•sobrevivem-lhe X e Y ascendentes, C cônjuge são


herdeiros legitimários (2157.º), cabendo-lhes uma
quota indisponível do património (2156.º).
CASO: Indignidade no

•Cálculo da herança = 8mil + 1 mil = 9 mil euros


QD -» 3MIL
A casado com C. QI -» 6 MIL

A tem X casado com Y como Legítima objetiva 6mil, dividida pelo cônjuge 2/3
(4 mil) e 1/3 (2mil euros) a dividir pelos dois
pais. ascendentes (1 mil para cada)
Testamento

X repudia (2139.º), cabe direito a acrescer ao seu


cônjuge – 2142.º…

Mantêm 2/3 para cônjuge C e 1/3 para a


Herança total de 8 mil euros. ascendente Y (fica com os 2 mil euros)

•A institui D e E herdeiros universais, e portanto,


Em testamento dispôs de 1 é uma liberalidade inoficiosa por ofender a
legítima 2168.º, podendo os herdeiros legitimários
carro no valor de 1mil euros requererem a redução 2169.º.

para D e E •Testamento com o legado do carro para D e E, em


conjunto (2139.º e 2030.º).

•E preenche os três pressupostos (facto


D é indigno e tem o filho F. designativo, personalidade jurídica e capacidade
sucessória)

1 mil euros •D declarado indigno, deixa de ter capacidade


X repudiou a herança sucessória (2133.º). Apesar de ter o filho F, na
sucessão testamentária não tem espaço para a
representação de herdeiro ou legatário que
tenham sido declarados indignos (2137.º)
•Direito de acrescer (2032.º) ao outro legatário, de
modo que fica com o carro.

•“Sobram” 2 mil euros -» retoma 2133.º, chama a


8 mil euros segunda classe -» cônjuge C (2/3) e ascendente Y
(1/3)
CASO: Repúdio e o direito de

António tem dois filhos do primeiro


casamento com Benta: Carlos e Diana.
Diana é casada com Eduardo. O casal tem
Sucessão legitima (Capelo de Sousa)? Acrescer a
três filhos: Fernando, Gustavo e Hélia.
Carlos vive em união de facto com Igor. O outros herdeiros testamentários (não sabemos)? A
casal tem uma filha adotiva: Joana. A atual chamada da sucessão legítima, funciona a regra
mulher de António, Luísa, tem um filho de da proporcionalidade geral, e não a regra do
um casamento anterior com Nélio: Marcos. direito de acrescer que reservaria uma
percentagem de 1/3 ao cônjuge. A solução é a
acrescer

a) Imagine que do testamento de António sucessão legítima.


constava a seguinte disposição: “Deixo a
minha quota disponível ao Museu
Nacional de Arte Antiga”. O museu, na Decorre do 2137º, interpretando extensivamente
qualidade de herdeiro repudia a classe como tipo de herdeiro, no âmbito do espírito
herança. Qual o destino da quota do sistema. Herdeiros testamentários sucedem a
disponível?
herdeiros testamentários e herdeiros legais
b) Imagine agora que António tinha
disposto no seu testamento que: “Deixo sucedem a herdeiros legais. Funcionariam as regas
metade da minha quota disponível ao da sucessão legítima? Nunca se houvesse direito de
Museu Nacional de Arte Antiga e a representação. Não, porque houve disposição sobre
outra metade à Fundação Gulbenkian”. os bens, e primam as vocações indiretas sobre as
O museu repudia a herança; qual o subsidiárias legais.
destino da parte que lhe caberia na
quota disponível?
Artigo 944.º
Doação Conjunta  944.º n.º1 exclui a existência de direito a acrescer nas doações e é aplicável às
1. A doação feita a várias doações mortis causa, como as doações para casamento 1753.º n.º2 e devendo se
pessoas conjuntamente
considera-se feita por partes plicar a instituição de herdeiros e legatários das convenções antenupciais 1700.º ss.
iguais, sem que haja direito
de acrescer entre os  Doador tem de indicar, estipular um direito de acrescer entre donatários ou entre
donatários, salvo se o doador
houver declarado o herdeiros e legatários.
contrário.
2. O disposto no número  Caso de usufruto conjunto há o direito de acrescer – 944.º n.º2 e 1442.º
anterior não prejudica o
direito de acrescer entre
usufrutuários, quando o
usufruto tenha sido
constituído por doação.  Aqui a aceitação já ocorreu (exceto nas doações para incapazes 951.º).

Artigo 1442.º
Direito de acrescer
Salvo estipulação em
contrário, o usufruto
constituído por contrato ou
testamento em favor de
várias pessoas conjuntamente
só se consolida com a
propriedade por morte da
última que sobreviver.

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CASO: Vocação anómala
E faleceu.
Sobreviveram-lhe os filhos F
e G, e os netos, M e J, filhos
de H, pré-falecido, e P, filho
de G.
G falece no dia seguinte
(2058.º)

F repudia, não
tem descendentes.

No caso de F não cabe


direito de acrescer – H
(estirpe) e G (estirpe) 2137.º
. Se houvesse H´, não
teria direitos -» só
descendentes 2039.º
Aplica-se nos casos que o
substituído não possa ou não
queira aceitar a herança
legado (casos de pré-morte,
indignidade, ou deserdação,
repúdio da herança)

Expressa Não se aplica nos casos de transmissão


do direito de suceder (substituído falecer
 Também chamada de substituição VULGAR sem ter declarado se aceita ou repudia a
Tácita herança não configura caso de não poder
aceitar herança)

“ocorre quando o autor da sucessão substitui outra pessoa ao herdeiro ou legatário designado para a hipótese
de este não querer aceitar a herança ou o legado” LMTML (132)

Artigo 2281.º
Noção ≠ Substituição fideicomissária (2286.º)
1. O testador pode substituir outra pessoa ao herdeiro
instituído para o caso de este não poder ou não querer aceitar
a herança: é o que se chama substituição directa.
≠ Substituição pupilar | quase-pupilar (2297.º)
2. Se o testador previr só um destes casos, entende-se ter
querido abranger o outro, salvo declaração em contrário SINGULAR: um herdeiro/legatário instituído e um
Artigo 2285.º herdeiro/legatário a substituir
Substituição directa nos legados
1. O disposto na presente subsecção é aplicável aos legados.
2. Quanto aos legatários nomeados em relação ao mesmo PLURAL: vários herdeiros/legatários designados ou substituídos –
objecto, seja ou não conjunta a nomeação, a substituição várias pessoas substituem uma, ou uma substitui várias (2282.º)
recíproca considera-se feita, no silêncio do testador, na
mesma proporção em que foi feita a nomeação.
RECÍPROCA: substituição entre co-herdeiros/co-legatários (2283.º
n.º1 e 2285.º n.º1)

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•Com a morte de B abre-se a sucessão 2031.º

•Sobrevive-lhe C a cônjuge, e ascendente M. Assim como


CASO: Substituição direta em

L e Z instituídos por testamento.

•Sucessíveis Prioritários na sucessão legitimária - cônjuge


e ascendente, segunda classe– 2156.º, 2157.º e 2133.º
n.º1 b).

B é autora da sucessão. •A legítima é de 2/3 (2161.º n.º1)

B casada com C, filha de M e •Deixa testamentária de L ofende a legítima,


constituindo uma liberalidade inoficiosa – 2168.º,
J. cabendo a sua redução 2169.º ss -» Deixa testamentária
Testamento

M casada com N. reduzida a 1/3

B instituiu como herdeiro •Legítima (2/3) será dividida 2/3 para C e 1/3 para M –
2142.º n.º1
universal L e como substituto
Z. W é filho de L. •Ou seja 2/3 de 2/3 para C (4/9 do total) e 1/3 de 2/3
para M (2/9 do total)

Qual o passo a passo da •L foi condenado, é indigno 2034.º al.a). Incapaz de


suceder --» representação de W pelo 2041.º?
sucessão, considerando que:
•Entretanto B em testamento fez a chamada
L foi condenado por tentativa substituição vulgar – 2281.º - que afasta W 2041.º n.º2
de homicídio de B. al. a).

•Z substitui L no 1/3
J é pré falecido.
•G repudia – 2137.º n.º2 -se não houver lugar a
representação, acrescerá à dos outros sucessíveis da
mesma classe.

•A será chamado? Em concurso com cônjuge 2142.º?

•Sim! Repúdio = não ser chamado, e retroage a data da


abertura da sucessão - 2062.º

•F concorre à sucessão com A 2133.º n.º1 al.b) (A é


ascendente de segundo grau) -» A repartição não se faz
por cabeça e sim 1/3 Ascendentes e 2/3 para cônjuge.
a) Direito de representação (2039º, 2042º) Sucedem os dois filhos, C e D. Não
sabemos se C aceitou, mas sabemos que D repudiou, pode (não é incapaz nem
CASO: Substituição direta em

morreu ou está ausente) mas não quer (direito de representação – vocação


subsequente). Não tendo havido sucessão testamentária, houve sucessão legal.
António tem dois filhos do primeiro 2042º - pode estender a todos os descendentes de D, ad infinitum, com limites
casamento com Benta: Carlos e Diana. naturalísticos. Sucedem os filhos da Diana (vocação subsequente) e o C
Diana é casada com Eduardo. O casal (vocação originária) – há derrogação do 2036º e opera o 2044º nº1 - C recebe
tem três filhos: Fernando, Gustavo e metade, e os filhos de Diana metade da metade de Diana.
Hélia. Carlos vive em união de facto Efeitos da representação:
com Igor. O casal tem uma filha
adotiva: Joana. A atual mulher de *2044º - filhos recebem quota da estirpe
António, Luísa, tem um filho de um *2042º - na linha reta descendente (se houvesse transmissão do direito de
casamento anterior com Nélio: Marcos. suceder por ela nada dizer – 2058º - e não representação legal, o marido de D
Testamento

já poderia suceder no direito a herdar).


Aberta a sucessão de António: Importa distinguir se a sucessão é testamentária ou legal.
1. Diana repudia. b) 99º - ausência justificada? Se houver, 109º. 108º - ausente casado 114º e
2. Diana morre dois dias depois do pai. 115º - Morte presumida? Todos os efeitos da pré-morte. Há direito de
3. No testamento de António constava: representação.
“deixo a Diana, além da sua quota, a c) 2037º nº2 – incapacidade do indigno não prejudica o direito de
minha casa na praia grande. Se Diana representação dos seus descendentes. Há direito de representação na
não quiser aceitar, esta passará para o sucessão testamentária – sim!
meu filho Carlos.” d) 2043º. É indigno em relação à mãe mas isso não faz diferença quanto ao A.
e) 2041º vs. 2042º - a lei é claramente mais favorável na sucessão legal. Há
a) Como seria a partilha?
casos expressamente, ou pela vontade do testador ou por legados intuitu
b) Imagine que Diana, à data da
abertura da sucessão, estava ausente personae em que é afastado o direito de representação. Na sucessão
c) Imagine que Diana era indigna face testamentária só há representação quando houver pré-morte ou repúdio. Há
a António. diferenças, desde logo, ao nível dos requisitos e dos pressupostos. O direito de
d) Imagine que Fernando tinha representação perde prioridade na sucessão testamentária, face à sucessão
assassinado a mãe, Diana. Poderá, legal. Cede perante a substituição direta, o fideicomisso, etc.
ainda assim, suceder a António?
e) Imagine que Fernando tinha
assassinado a mãe, Diana. Poderá,
ainda assim, suceder a António?
https://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/4842173
69802589ba006b2dc9?OpenDocument

Ac. STJ de 25/05/2023


Proc. n.º 1504/18.4T8PVZ.S1
 “A propriedade dos legados em usufruto aos mesmos DD e EE (sobrinhos da testadora) deixo-a aos filhos legítimos ou descendentes destes que existirem ao
falecimento do último dos usufrutuários, mas se nenhum deles deixar descendentes deixo a propriedade dos prédios às filhas de NN de nomes GG e KK,e a
propriedade do restante a estes mesmos e aos filhos de OO, para entre todos ser dividida igualmente”.

 I. A interpretação do testamento, no sentido da descoberta da vontade real do testador, pode constituir: (i) questão de direito, se feita única e exclusivamente com recurso ao texto do
testamento, caso em que o STJ pode conhecê-la; (ii) questão de facto se for feita com recurso a prova complementar, e neste caso é da exclusiva competência das instâncias, mas sem prejuízo
de o STJ poder sindicar, nos termos do art. 2187.º, n.º 2, do CC, a correspondência da vontade do testador assim determinada, com o contexto do testamento.II. A hermenêutica dos
testamentos é fundamentalmente subjectivista, mas com um certo ingrediente objectivista, consequência da natureza formal do negócio a interpretar.
 III. Na interpretação do testamento não pode deixar de se ter em conta o contexto à data da sua outorga e no qual se inspirou a vontade do testador, as suas opiniões pessoais, a sua cultura,
os seus hábitos e comportamentos (sociais e religiosos), em suma, a sua mentalidade ao tempo do testamento.
 IV. Porém, a interpretação da vontade do testador tem um limite formal intransponível: a correspondência mínima com o contexto. Ou seja, se a intenção testatória deve ser procurada por
todos os meios possíveis, ainda que exteriores ao testamento, tal intenção só poderá ter-se por decisiva e relevante se de algum modo se reflectir, transparecer ou traduzir nos termos do
testamento.
 V. A lei aplicável ao conteúdo do testamento é a vigente ao tempo da abertura da sucessão (data da constituição da situação jurídica sucessória). Pelo que, tendo a testadora falecido em
1948, o regime jurídico a aplicar será o do Código Civil de 1867 (Código de Seabra - ut artº 1761º), ainda que o momento da vocação sucessória ocorra em data posterior à morte do testador
e já após a entrada em vigor do actual Código Civil.
 VI. Com efeito, o momento da abertura da sucessão, coincidente com o momento da morte do de cuius, da vocação sucessória e da retroacção da aceitação e partilha sucessória, tem uma
importância capital em matéria de aplicação das leis no tempo. É pela lei vigente nesse momento que se definem os efeitos sucessórios (cfr. artº 12º, nºs 1 e 2, Iª parte, do CCiv) decorrentes da
morte do respectivo autor e das consequentes abertura e vocação sucessória e que são resolvidas as questões jurídicas que se conexionam directamente com o conteúdo de tais efeitos.
 VII. O princípio constitucional da não discriminação entre filhos (nascidos dentro ou fora do casamento) – artº 36º, nº4 da CRP – só se aplica às heranças abertas depois do 25 de Abril de
1976, data em que a constituição entrou em vigor. É que as normas constitucionais não têm qualquer vocação de retroactividade. E o princípio geral ou tradicional em matéria de conflitos de
leis no tempo é o consagrado no artº 12º do CCiv, de que a lei nova não tem efeito retroactivo, só se aplicando para o futuro.
 VIII. A diferente entendimento não nos levam, seguramente, nem a letra da Lei Constitucional, nem a sua história (ut debates parlamentares), ou, sequer, o seu espírito (não se vislumbra que o
legislador constitucional tivesse a intenção de «expropriar» bens e direitos que os parentes legítimos tivessem adquirido definitivamente com base em regras de vocação sucessórias então
vigentes).
Artigo 2286.º
Noção
Diz-se substituição fideicomissária, ou
fideicomisso, a disposição pela qual o
testador impõe ao herdeiro instituído o
encargo de conservar a herança, para que
ela reverta, por sua morte, a favor de
 Testador impõe ao Herdeiro (Fiduciário) o encargo de conservar a herança até a sua morte para outrem; o herdeiro gravado com o encargo
chama-se fiduciário, e fideicomissário o
um segundo sucessor (Fideicomissário | beneficiário da substituição) - cláusula fideicomissária beneficiário da substituição.
Artigo 2296.º
está sujeita a registo. Substituição fideicomissária nos legados
O disposto na presente subsecção é
“Ao contrário do que se verifica na vocação indirecta, que toma por referência outro chamado cuja vocação não se concretizou, aplicável aos legados.
aqui verificam-se e concretizam-se duas vocações, as quais resultam do mesmo negócio jurídico (testamento ou pacto sucessório)
Artigo 2297.º
celebrado pelo de cuius, o que vai permitir a aquisição sucessiva dos bens por parte dos dois chamados” LMTML (156)
Substituição pupilar
 Substituição fideicomissária ou fideicomisso-» se concretiza duas vocações, a primeira ao 1. O progenitor que não estiver inibido total
ou parcialmente do poder paternal tem a
fiduciário, e após a morte deste a do fideicomissário (não é vocação indireta) faculdade de substituir aos filhos os
herdeiros ou legatários que bem lhe
aprouver, para o caso de os mesmos filhos
≠ da substituição direta, pois enta o substituído não chega a exercer o direito de suceder. Aqui há falecerem antes de perfazer os dezoito anos
de idade: é o que se chama
dois chamamentos eficazes, o substituto chamado depois do substituído. substituição pupilar.
2. A substituição fica sem efeito logo que o
“«a substituição directa consiste numa dupla disposição alternativa, que se resolverá necessariamente numa única disposição substituído perfaça os dezoito anos, ou se
de bens» , enquanto que «a substituição fideicomissária consiste numa dupla disposição sucessiva, que se traduz normalmente falecer deixando descendentes ou
numa aquisição sucessiva dos bens»” - Carlos Olavo - LMTML (157) ascendentes.
≠ da substituição pupilar ou quase-pupilar que é quando o progenitor substitui ao filho ou ao Artigo 2298.º
Substituição quase-pupilar
maior acompanhado na realização do seu testamento (na qualidade de testador), enquanto que 1 - A disposição do artigo anterior é
aplicável, sem distinção de idade, ao caso
aqui o herdeiro ou legatário é substituído. de o filho ser incapaz de testar em
consequência de uma sentença de
acompanhamento: é o que se chama
O substituto pupilar não é herdeiro do testador, nem recebe os bens, adquirindo somente os bens substituição quase-pupilar.
2 - A substituição quase-pupilar fica sem
do filho ou maior acompanhado, após a sua morte, que foram adquiridos por via do testador. efeito logo que cesse a limitação referida
ou se o substituído falecer deixando
descendentes ou ascendentes.

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Artigo 2286.º
Noção
Diz-se substituição fideicomissária, ou
fideicomisso, a disposição pela qual o
testador impõe ao herdeiro instituído o
encargo de conservar a herança, para que ela
reverta, por sua morte, a favor de outrem; o
herdeiro gravado com o encargo chama-se
 Elementos da substituição fideicomissária: fiduciário, e fideicomissário o beneficiário da
substituição.
 Dupla liberalidade com o mesmo objeto Artigo 2296.º
Substituição fideicomissária nos legados
Uma disposição testamentária (2286.º), deixa a título de herança ou um legado (2296.º) ou uma doação por morte (1700.º n.º2) O disposto na presente subsecção é aplicável
aos legados.
ou mesmo doação em vida (962.º)
Artigo 962.º
- Mesmo objeto. Ex.: A deixa Casa para B, e este deve pagar 100mil a C. NÃO É! É um legado a termo inicial (2243.º n.º1) Substituição fideicomissária
1. São admitidas substituições
 Encargo imposto ao primeiro beneficiário da liberalidade de conservar durante a sua vida o objeto da fideicomissárias nas doações.
2. A estas substituições são aplicáveis, com as
mesma para que este reverta por sua morte a favor do segundo beneficiário necessárias correcções, os artigos 2286.º e
seguintes
Artigo 1700.º
Encargo de conservar a vida todo o bem para que com a sua morte reverta ao fideicomissário - encargo de Disposições por morte consideradas lícitas
"conservar e transmitir" (formulação incorreta, já que o fiduciário não tem de praticar qualquer ato para que haja a transmissão - ocorre […] 2. São também admitidas na convenção
antenupcial cláusulas de reversão ou
de forma automática, uma consequência legal) fideicomissárias relativas às liberalidades aí
efectuadas, sem prejuízo das limitações a que
 Ordem sucessiva genericamente estão sujeitas essas
cláusulas.[...]
O fiduciário pode aproveitar do bem durante a sua vida, e depois passará para o fideicomissário, exceto se não sobreviver ao Artigo 2243.º
Termo inicial ou final
fiduciário. 1. O testador pode sujeitar a nomeação do
legatário a termo inicial; mas este apenas
Termo final da atribuição ao fiduciário e a seguir um termo inicial da atribuição ao fideicomissário. suspende a execução da disposição, não
impedindo que o nomeado adquira direito ao
Ambos são sucessores do testador. legado.
2. A declaração de termo inicial na instituição
de herdeiro, e bem assim a declaração de
termo final tanto na instituição de herdeiro
A substituição fideicomissária é prevista para sucessão testamentária (2286.º), nas doações em geral (962.º), nos pactos como na nomeação de legatário, têm-se por
não escritas, excepto, quanto a esta
sucessórios (1700.º n.º2), mas na sucessão legitimária é VEDADA(2163.º)! Assim como não se aplica na sucessão legítima, pois nomeação, se a disposição versar sobre direito
resultariam em sucessores testamentários ou contratuais (2295.º n.º2 - Fideicomissos irregulares) temporário.
Artigo 2163.º
Proibição de encargos
O testador não pode impor encargos sobre
a legítima, nem designar os bens que a
devem preencher, contra a vontade do
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Artigo 2156.º
Legítima
Entende-se por legítima a porção de bens de
que o testador não pode dispor, por ser
legalmente destinada aos herdeiros
legitimários.
Artigo 2157.º
Herdeiros legitimários
São herdeiros legitimários o cônjuge, os
descendentes e os ascendentes, pela ordem e
segundo as regras estabelecidas para a
Legislador manda reservar uma parte da herança para os herdeiros sucessão legítima

legitimários referidos no 2156.º, impedindo que o autor da sucessão imponha Artigo 2163.º
Proibição de encargos
encargos sobre a legítima ou designe bens que a devem integrar contra a vontade do O testador não pode impor encargos sobre a
legítima, nem designar os bens que a devem
herdeiro (2163.º) preencher, contra a vontade do herdeiro.

Só é possível afastar herdeiros legitimários da legítima através da deserdação


Cônjuge é privilegiado na sucessão
(2166.º). legitimária:
 Sucessão privilegiada no caso de
concorrer com mais de 3 descendentes –
Sucessão Legitimária ≠ Sucessão Legítima ¼ (2139.º n.º1)
Cônjuge não está sujeito a colação
Sucessíveis - 2157.º e 2132.º 
(2104.º)
Regime de incapacidade sucessória - 2034.º e 2166.º  Tem o direito de encabeçar a partilha,
direito a habitação na casa de morada de
Cálculo da legítima - 2162.º família e no uso do recheio da mesma
Proteção da legítima -» defesa contra encargos (2163.º), legados (2164.º e 2165.º) e (2103.º-A e 2103.º-B)
 Tem direito a pedir alimentos dos bens
a redução por dações por inoficiosidade (2168.º ss) deixados pelo falecido (2018.º)
 A depender do regime de bens tem uma
posição reforçada (conserva o direito à
REGRAS = Havendo herdeiros legitimários aplica-se as meação dos bens comuns)* Le n.º48/108
regras da sucessão Legitimária de 14 de agosto passou a permitir a
Preferência de classes (2133.º e 2134.º) renúncia recíproca aos direitos
Preferência de graus de parentesco (2135.º) sucessórios por parte dos cônjuges na
convenção antenupcial desde que o
Divisão por cabeça (2154.º) regime seja o de separação de bens
(hipótese do cônjuge deixar de ser
herdeiro legitimário)

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Artigo 2156.º
Legítima
Entende-se por legítima a porção de
bens de que o testador não pode dispor,
por ser legalmente destinada aos
herdeiros legitimários.

“A formulação legal é bastante infeliz, uma vez que não se devia falarem testador, dada que a protecção da legítima se verifica igualmente em
relação às convenções antenupciais, doações por morte ou mesmo doações em vida, ficando a legítima igualmente lesada se o autor da sucessão
falecer sem testamento, mas realizar algum daqueles actos. E também não é correto referir que o autor da sucessão não pode dispor de uma
porção de bens do seu património, uma vez que o pode sempre fazer a título oneroso, só sendo a legítima afetada por actos de disposição a título
gratuito" - LMTML (295)

 Outra crítica ao texto legal é que a lei se refere a "porção de bens", contudo a
legítima é uma quota hereditária. A qual pode variar de um a dois terços da
herança conforme o número de herdeiros legitimários, podendo variar diante
da consideração do valor dos bens alienados gratuitamente pelo de cuius.

“Seria por isso mais correcto definir a legítima como «a quota variáavel da herança, de que o autor da sucessão não pode dispor a título gratuito,
por ser legalmente destinada aos seus herdeiros legitimários»" - LMTML (295)

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 Legítima Objetiva -» quota indisponível, parte da herança que o autor da sucessão
não pode dispor gratuitamente.
 É a soma das legítimas subjetivas
1/3 a 2/3
 Cônjuge a concorrer com descendentes (2159.º n.º1) - 2/3
 Cônjuge a concorrer com ascendentes (2161.º n.º1) - 2/3
 Só o cônjuge (2158.º) - 1/2
 Só descendentes (2159.º n.º2)– ½ um ou 2/3 quando 2 ou + descendentes (caso de indignidade de um dos
dois irmãos)

 Só ascendentes (2161.º n.º2) - ½ pais ou 1/3 quando ascendentes de segundo grau e


seguintes
 Legítima Subjetiva -» parte da herança que o testador não pode dispor
gratuitamente, relativa a cada um dos herdeiros legitimários.
 Quota Disponível -» parte da herança que o autor da sucessão pode legitimamente
dispor a esse título - "à diferença da legítima em relação à totalidade do património
hereditário" LMTML (296)

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CASO: Sucessão Legitimária

Abertura da
Sucessão de A 30 mil euros

¼ de 2/3
¼ de 60 mil
Sobrevive – 15 mil euros
B,C,D, E, F, G • 2133.º - Sucessíveis
- B e C --» Prioritários
- G --» 2.ª Classe

• 2133.º n.º 1 a) e 2135.º


Testamento de 30 mil Cônjuge e Descendente

euros para H • 2139.º Partilha entre Cônjuge e


4 descendentes

• Quota disponível é estava


Valor deixado limitada a 1/3 – 2159.º

90 mil euros ¾ de 60 mil


• Os 2/3 da legítima serão
divididos entre cônjuge e filhos
para os 4 =, desde que o cônjuge receba
pelo menos1/4 – 2139.º
filhos
45 mil /4 -» 11.250,00 euros cada
•Se A morre, são sucessíveis
CASO: Sucessão Legitimária
prioritários (quota indisponível
2133.º n.º1 al. a) B e D.

•Há Sucessão legitimária - 2156.º


e 2147.º
 A deixou testamento
•H poderá herdar a quota
indicando H como sua disponível que será de 1/3 visto
única herdeira. o concurso entre cônjuge e
descendentes (2159.º)
1/3
 A é casado com B. •Netos, são descendentes no
segundo grau da linha reta. Não
 A quando casada com seriam chamados 2135.º por
C teve o filho D que se serem de grau mais afastado.
casou com Z. 1/3 •Legítima 2/3 (2159.º n.º1). H
não pode ser herdeiro universal!
1/3
Deixa testamentária reduzida a
 São netos de A, filhos 1/3 (2169.º).
de D, os rapazes
G,F,E. •D repudia --» Representação
sucessória 2042.º
 Considerando que D
repudia. •G, F, E recebem o 1/3 --» cada
1/9 1/9 1/9 um recebe1/9

•E repudia --» 1/9 será dividido


entre G e F, e B
Artigo 2162.º
Cálculo da Legítima
1. Para o cálculo da legítima, deve
atender-se ao valor dos bens existentes
no património do autor da sucessão à
data da sua morte, ao valor dos bens
doados, às despesas sujeitas a colação e
às dívidas da herança.
2. Não é atendido para o cálculo da
legítima o valor dos bens que, nos
termos do artigo 2112.º, não são objecto
de colação.
RELICTUM + DONATUM + PASSIVO
RELICTUM -» bens existentes no património do autor da sucessão à data da sua morte
(móveis, imóveis, créditos...), incluindo os deixados por testamento.
*de cuius casado, o relictum abrange a sua meação nos bens comuns do casal.
Legitimária não coincida com a
com que o objeto da Sucessão
A inclusão da DONATUM faz

DONATUM -» bens doados em vida e as despesas sujeitas a colação (2110.º)


Bens doados em vida -» ainda que tenham perecido por qualquer causa, ou tenham
Sucessão legítima

sido alienados ou onerados


 Não é considerado para o cálculo da legítima: Coisas que tiverem perecido em vida do autor da sucessão por facto não imputável ao donatário
(2162.º n.º2, 2112.º) Valor dos bens doados é o que eles tiverem à data da abertura da sucessão - 2109.º n.º1

Despesas sujeitas a colação -» "tudo quanto o falecido tiver despendido gratuitamente em


proveito dos descendente", "Exceptuam-se as despesas com o casamento, alimentos,
estabelecimento e colocação dos descendentes, na medida em que se harmonizem com os
usos e com a condição social e económica do falecido"
PASSIVO -» Todas as dívidas referidas no 2168.º -despesas com funeral, e sufrágios, encargos
com a testamentaria, administração e liquidação do património hereditário, e pagamento das
dívidas do falecido.
*Legados são integrados no RELICTUM

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CASO: Cálculo da Legítima
•Sucessão legítima – art.
2156.º e 2157.º - são
herdeiros legitimários o
cônjuge e descendentes - que
A pretende fazer um são B, D, e E.
testamento.
Caso sobreviva-lhe B, •Atenção! 2133.º n.º2
cônjuge de A, do qual se Separação Judicial? Perda do
encontrava separado direito sucessório 1795.º-A
judicialmente de pessoais
•Herdeiros Legitimários
bens, e os filhos C e D. apenas D e E.

Considerando que A tem •2159.º n.º2 Quota


uma casa no valor de 50 mil indisponível – 2/3
euros, coleção de moedas 50 mil euros
antigas de 10 mil euros e •Cálculo – 50 mil + 15 mil +
um veículo de 15 mil euros. 15 mil euros
10 mil = 75 mil euros

•Disponível para fazer


testamento
10 mil euros
(doações/sucessão
contratual) 25 mil euros.
Artigo 2162.º
Cálculo da Legítima
1. Para o cálculo da legítima, deve
atender-se ao valor dos bens existentes
no património do autor da sucessão à
data da sua morte, ao valor dos bens
doados, às despesas sujeitas a colação e
às dívidas da herança.
2. Não é atendido para o cálculo da
legítima o valor dos bens que, nos
termos do artigo 2112.º, não são objecto
de colação.

Universidade de Lisboa Universidade de Coimbra


Galvão Telles, Oliveira Ascensão, Pereira Coelho
Pamplona Corte-Real, Jorge Duarte Capelo de Sousa, Carvalho Fernandes,
Pinheiro Cristina Pimenta Coelho
Artigo 2162.º indica a ordem do cálculo. Artigo 2162.º apenas indica os elementos
que integram o cálculo
Relictum (R) + Donatum (D) - Passivo (P) Relictum (R) - Passivo (P) + Donatum (D)
= Valor total da herança (VTH) = Valor total da herança (VTH)
Privilegia os Donatários sobre os Herdeiros Privilegia os Herdeiros Legitimários sobre
Legitimários os donatários

Diferença só tem efeitos


práticos se a herança for
deficitária

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 A deixa dois filhos, B e C -» legítima de 2/3
 Valor dos bens deixados é de 100mil, passivo de 40mil.
 A doou em vida para D 60mil.

VTH Lisboa = R+D-P= 100+60-40 = 120mil x 2/3 = 80mil quota indisponível,


doação de D é inoficiosa em 20mil
VTH Coimbra = R – P +D = 100-40+60 = 120mil x 2/3 = 80mil quota
indisponível, doação de D é inoficiosa em 20mil

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 A deixa dois filhos, B e C -» legítima de 2/3
 Valor dos bens deixados é de 100mil, passivo de 120mil.
 A doou em vida para D 60mil.

VTH Lisboa = R+D-P= 100+60-120 = 40mil x 2/3 = 26.666 mil quota


indisponível, doação de D é inoficiosa em 26.666mil
VTH Coimbra = R – P +D = 100-120 = -20mil = zero mas tem os 60mil com D,
60 x 2/3 = 40mil quota indisponível, doação de D é inoficiosa em 40mil

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CASO: Sucessão Legitimária
No início de abril de 2009,
Antonieta vai visitar o seu filho
Carlos ao Canadá, por ocasião do
nascimento do neto, Hugo, filho de  Herdeiros Legitimário -» marido B e filhos C e D.
Carlos e da sua mulher Guiomar.
Regressada a Portugal, acaba por  Repúdio de D, representado pelos descendentes J,L,M
morrer a 1 de maio vítima de
H1N1. Carlos falece, no Canadá,  Direitos de C transmitido para os herdeiros G e H
poucas horas depois, em  VTH= 200MIL-40MIL + 20MIL=180 MIL
e Legítima

consequência, também, da Gripe


A.  2/3 120mil, LS 40mil para cada B,C,D (divide-se dentro da
E, 2008, Antonieta, em estirpes de C e D)
testamento, deixara 1/3 da sua
quota disponível a Luis.
Antonieta doara à sua sobrinha Nome Sucessão Remanes Outras Sucessão Totais Relicta
Noemia em 2007 um quadro no legitimária cente doações testamentár
ia
valor de 20mil que lhe entregara
B 40.000 6.666 46.666
na altura.
Partilhe a herança de Antonieta, C (G,H)
–t
40.000
(20G20H)
6.666
=3.333G
46.666

sabendo que: 3.333H


-Antonieta deixa bens no valor de D 40.000 6.666 = 46.666
(J,L,M) 13.333 J 2.222J
200mil e dividas no valor de 40mil –r 13.333 L 2.222L
- Daniel repudia a herança da sua 13 333 M 2.222M

mãe; L 1/3 qd 20.000


20.000
Daniela é casada com Ivo de quem
N 20.000
tem três filhos , Jorge, Luís e
Maria 120.000 60.000 (20mil) 180.0
00
160.000

QI QD
1 Cônjuge e 6 descendentes
• ¼ Cônjuge
• ¾ para os 6 Filhos = 1/8 cada

2/3 para 1 Cônjuge e 6


descendentes
¼ de 2/3 = 1/6 total
¾ de 2/3 = ½ total / 6 = 1/12
 Divisão
 Multiplicação
3÷6= 3 1
4 24 8
1x2= 2 1
4 3 12 6

1÷6= 1
3x2= 6 1
12
2 4 3 12 2

90 mil 7.500 acresce para Cônjuge ¼ e • ¼ x 1/12 = 1/48


2/3 = 60 mil 7.500 acresce para cônjuge
outros descendentes ¾ dividido
¼ de 2/3 = 15 mil Cônjuge e outros • ¾ x 1/12 = 3/48 ÷ 5 =
por 5
¾ de 2/3 = 45 mil descendentes 1/80 cada filho
¾ de 2/3 por 6 = 7.500 7.500/4= 1875€ Cônjuge
7.500/6= 1.250€ 90mil ÷ 48 = 1875€
1875x3= 5625 / 5 descendentes
7.500 x 12= 90mil = 1125€ cada 90mil ÷ 80 = 1125€
 Soma de Frações
 Multiplicação
(3x1) + (1x27) = 3+27 = 30

1+1= 30 10 1x1=
81 27
1
3 27 3 9 27
3x9 = 81

 Divisão
1÷3= 1
3 9
REVISÃO
1.º Ponto Escrito
Aceitação 2050.º, 2
Partilha
249.º

Direito de
Representação Partilha
2039.º
não
sobrevivência/
pré-falecido|
Direito de
morte presumida| Partilha
acrescer
comoriência |
indignidade |
deserdação
Substituição
Partilha
Sucessão vulgar
Preferência de
Chamamento Legitimária /
Cálculo da Classe,
Morte – 2031.º dos Herdeiros e Contratual /
Herança Grau, Divisão por
Legatários Testamentária /
Cabeça* Direito de
Legítima
Representação Partilha
2039.º

Direito de
Repúdio 2062.º Partilha
acrescer

Substituição
Partilha
vulgar

Falecer (após A.S.


Transmissão
sem aceitar ou Partilha
2058.º
repudiar)

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•Aberta a Sucessão de A 2031.º
A é filho de B e C. •C e B ascendentes, D cônjuge e todos os descendentes, filhos E, I e J e a neta G são herdeiros legitimários (2027.º 2157.º), o que implica a Sucessão 2
por Lei, a Sucessão legitimária, com proteção da legítima, cabendo-lhes uma quota indisponível do património (2156.º).
A já era viúvo quando se casou com D no regime da
comunhão de adquiridos. •Há o afastamento dos Ascendentes e da neta, pela regra de preferência de classes e grau. 1

A e D têm um patrimônio comum de 300 mil euros. •Como há concurso entre Cônjuge e Descendentes a quota indisponível será de 2/3 (2159.º1) 1

A tem como bem próprio 50 mil euros. •Quanto à quota disponível, esta será de1/3. E será entregue a H, não cabendo nenhuma redução -» sem liberalidades inoficiosas. (2168.º e 2169.º) 2
•Necessário fazer o cálculo do valor total da herança. (2162.º)
A possui um filho do seu anterior casamento, E, que
está separado judicialmente de pessoas e bens de F. •Património de A é composto da Meação de 150 mil + 50 mil de bens próprios, portanto tem 200 mil de Relictum.
•Entretanto tem um passivo de 110 mil, e por isso o Valor total da Herança = Relictum – Passivo = 200-110 mil = 90mil euros 2
E e F possuem um filho, G. •Dos 90 mil, 1/3 é quota disponível que vai para H. 1

D também tem um filho do primeiro casamento, H. •E o restante 60 mil, a Legítima objetiva, será partilhado pelos Herdeiros Legitimários.
•São Sucessíveis prioritários de A são o cônjuge D e os descendentes E e J, visto que I faleceu em simultâneo e pela comoriência 68.ºn.º2 não sucede - 3
A e B tiveram 2 filhos juntos, I e J. 1.ª classe dos sucessíveis 2133.º n.º1 al. a).
1
Um dia, A e I saíram para pescar, e devido a uma •Os ascendentes (C e B) e os descendentes de segundo grau (G) são afastados pelo grau de parentesco (2135.º) 1
brusca mudança no tempo, vieram a sofrer um •Portanto os 2/3 (60mil) serão partilhados por cabeça entre a Cônjuge D e os 2 descendentes E e J (2139.º n.º1)
naufrágio que os levou a óbito.
•Ocorre que E faleceu após a abertura de sucessão sem aceitar ou repudiar a herança, e, portanto, cabe a aplicação do direito de transmissão (2058.º) 1
Alguns dias depois, ambos os corpos foram
localizados, não se sabendo precisar a hora da morte •Serão chamados os herdeiros de E, contudo, apesar de em um primeiro momento verificar que há herdeiros legitimários, é necessário atentar que: 2
de cada um. •a Cônjuge é separada judicialmente de pessoas e bens, e por isso não seria chamada a sucessão
•A filha foi considerada indigna em relação a E (ainda que a condenação tenha ocorrido após a abertura da sucessão de E (234.º -236.º)
Faça a abertura de Sucessão de A, identificando a •O enunciado não faz referência quanto a B e C, se estão ou não vivos. Caso estivessem, são ascendentes de E, e por isso pertencem classe prioritária.
quota-parte que cada um dos herdeiros tem De modo que seriam então chamados a suceder na estirpe de E.
direito considerando que:
•Caso desconsiderem a existência de B e D, é necessário explicar a aplicação da sucessão legítima, e conforme a ordem de classes, seria J a ser
- A deixou 110 mil euros em dívidas chamado, seu irmão germano pela regra de preferência, classe, e grau de parentesco (2133.º n.º1 al. d), 2134.º, 2125.º). Irmão I era falecido e não
- Deixou a sua quota disponível para H. tinha representantes (aqui não influenciaria a comoriência de I com o autor da sucessão, somente se tivesse sido com E)
- G foi considerado indigno por E.
- Antes de iniciarem com a tramitação do processo de •Não cabe o direito de representação (2039.º) por G, já que se trata de uma morte subsequente, mas se E fosse pré-falecido, a indignidade de G em
inventário, J sofreu acidente de carro e faleceu relação a E não a afastaria G da sucessão do avô A.
quando seguia para o velório do seu pai A e irmão I.
•Deste modo na quota indisponível, a legítima objetiva (2/3 dos 90 mil), será partilhada entre D, J e a estirpe de E, neste caso caberá a J. 3
•Portanto dos 60 mil, 20 mil euros da sucessão legitimária vão para Cônjuge D, 20mil euros da sucessão legitimária vão para o filho J, e este ainda
recebe mais 20 mil euros pelo direito de transmissão de E.

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