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Especial
1.Vida Humana
3.Homicídio Qualificado
4.Homicídio Privilegiado
5.Exposição ou Abandono
6.Homicídio a Pedido da Vítima
7.Incitamento ou Ajuda ao Suicídio
8.Ofensas à Integridade Física
9.Teoria dos Concursos
VIDA HUMANA
É protegida pelo Direito Penal: do artigo 131º ao artigo 139º - de forma total, plena, contra ataques dolosos ou
negligentes de terceiros, que possam lesar ou colocar em perigo, independentemente da vontade do seu titular.
DIREITO PENAL CONFERE PROTEÇÃO ABSOLUTA À VIDA - isto não significa que o
direito à vida prevaleça sempre sobre quaisquer outros valores fundamentais do
ordenamento jurídica (por exemplo, legitima defesa).
Ou seja: não é passível de graduações valorativas - não há vidas mais ou menos valiosas do que as outras.
O direito à vida existe, mesmo que o suporte físico dessa vida/o seu titular, se
encontre no mais profundo estado de degradação física/psíquica.
CRIME DE ABORTO
Vida uterina - protegida contra agressões danosas.
CRIME DE HOMICÍDIO
Vida humana independente do ventre materno - protegida contra agressões danosas + negligentes.
ARTIGO 136º
Pune como homicídio o ato de a mãe matar o filho DURANTE ou LOGO APÓS O PARTO.
Pressupõe que durante o parto já existe vida humana.
TÉCNICA DE QUALIFICAÇÃO:
132º/1 - Critério generalizador: "especial censurabilidade ou perversidade"
Este critério existe se se verificarem algumas das alíneas do nº2.
132º/2 - Factos indiciários: não são de funcionamento automático, apenas indiciam.
al. a): Parentes em linha reta - enquadra-se aqui a situação padrasto-enteado, mas não a de irmãos (aí seriam parentes em
linha colateral.
al. c): Pessoas que, por estarem nessa condição, são por natureza ingénuas ou desprevenidas.
al. d): Tortura: prolongar no tempo; Crueldade: aumentar o sofrimento.
al. e): Avidez: motivação de caráter patrimonial; Motivo torpe: sórdido; Motivo Fútil: gratuito/insignificante.
O Juiz pode:
Entender que a circunstância em causa não revela especial censurabilidade.
Entender que a circunstância em causa é substancialmente análoga a uma do nº2 - tem a mesma
estrutura valorativa.
TENTATIVA:
TENTATIVA DE HOMICÍDIO QUALIFICADO:
Por exemplo: O agente utiliza veneno para matar, mas a vítima não chega a morrer.
Se a circunstância for apenas tentada, não há tentativa de homicídio qualificada, mas sim tentativa de homicídio simples -
por exemplo: O agente é apanhado quando está prestes a dar o primeiro golpe.
TENTATIVA IMPOSSÍVEL DE HOMICÍDIO QUALIFICADO:
Por exemplo: A, determinado por ódio político, quer matar B - vai a casa dele, acha que está a dormir e dispara, mas o B
estava morto.
ARTIGO 133º
COMPAIXÃO:
Sentimento de piedade para com a vítima, de tal forma que domina o autor - o autor não consegue ultrapassar o impulso de não
matar, porque está dominado por um sentimento de solidariedade para com o sofrimento da vítima.
DESESPERO:
Estado de perturbação psicológica passiva/acumulada do agente, leva-o a que se sinta num "beco sem saída" e veja no
homicídio a única forma de ultrapassar a situação.
ARTIGO 138º
TIPOS DE CRIMES:
CRIME DE DANO: a consumação depende da demonstração da efetiva lesão do bem
jurídico. - o homicídio é um crime de dano porque só há homicídio quando o bem jurídico
vida é lesado.
CRIME DE PERIGO: a consumação não depende da efetiva lesão do bem jurídico.
CRIME DE PERIGO ABSTRATO: o legislador pune o comportamento porque, em
abstrato, o crime é perigoso e basta praticá-lo para ser perigoso. Para o legislador
punir, basta provar que ele praticou aquele ato – a consumação não depende da
demonstração de que do ato resultou um perigo.
CRIME DE PERIGO CONCRETO: a norma não se basta com a realização da conduta
que, em geral, se reconhece como concreta – o legislador exige a demonstração de
que ela foi concreta.
DOLO:
Para haver aqui dolo, a mãe tem de ter representado o perigo - quando ao dano que
ocorra, esse não pode ser mais do que negligencia consciente.
Se não tem dolo perigo – será um homicídio negligente.
HOMICÍDIO A Vítima NÃO TEM o domínio do último ato - artigo 134º-
PEDIDO DA VÍTIMA
PRESSUPÕES QUE:
1. Haja um pedido.
2. Agente aja determinado por esse pedido.
3. Que o pedido seja:
a. Sério: livre/esclarecido/consciente - não pode haver coação.
b. Instante: persuasivo/que não deixe dúvidas/pedido maduro/é resultado de uma vontade
ponderada - MATURIDADE DO PEDIDO.
i. Tem de ser reiterado? Diz-se normalmente que a motivação se revela com a reiteração,
mas há quem defenda que pode ser feito uma vez e não deixar dúvidas.
c. Expresso: tem de haver verbalização direta dessa vontade - NÃO HÁ PEDIDOS TÁCITOS.
EXISTÊNCIA DE ERRO:
É relevante?
Entendimento dominante: não é relevante, a não ser que afete o sentido concreto da ação - a não ser que impeça o
agente de compreender verdadeiramente o que vai fazer.
Se for relevante: tratar-se-á de um crime de homicídio em autoria imediata, através da instrumentalização da
vítima, por força da indução em erro.
DUPLO DOLO:
O agente tem de representar e querer o suicídio: discussão se o dolo deste crime tem de ser duplo dolo (dolo de auxilio
+ dolo de suicídio) - se a pessoa tem de querer e representar o suicídio:
Há quem diga que sim, que só se pode punir por este se existir duplo dolo.
Há quem entenda que não é assim, que não é preciso existir duplo dolo para se punir.
CASOS DE OMISSÃO:
Este crime pode ser cometido por omissão?
Há quem diga que sim: no artigo 10º sustenta-se que há uma equiparação da ação ou omissão.
Há quem diga que não. (Prof. Costa Andrade + uma parte da doutrina): a posição garante cessa face à vontade livre
do suicída.
OFENSAS À
INTEGRIDADE FÍSICA
ARTIGO 147º:
TEM DE SE ANALISAR DOIS MOMENTOS:
Crime agravado pelo resultado: o agente tem dolo de um crime
1. Saber se estamos perante um crime de ofensas à
menos grave, mas negligentemente provoca um crime mais grave.
integridade física simples ou grave:
Prevê 2 situações:
a. Ou cabe numa das alíneas do artigo 144º: ofensa à
Agente tem dolo de ofensas à integridade física (simples ou
integridade física grave.
grave), mas negligentemente acaba por matar outra pessoa.
b. Ou não cabe numa das alíneas do artigo 144º: ofensa à
Agente tem dolo de ofensas à integridade física simples, mas
integridade física simples.
negligentemente acaba por praticar uma ofensa à integridade
2. Saber se é ofensa à integridade física qualificada,
física grave.
privilegiada ou nenhuma - utiliza-se os critérios dos artigos
132º e 133º.
OFENSAS À INTEGRIDADE FÍSICA A PEDIDO:
A relevância disto está no consentimento - os critérios do artigo 149º/2
ARTIGO 144º (CRIME DOLOSO): determinam a relevância deste consentimento.
A Jurisprudência faz uma análise mais ampla sobre estas alíneas. No caso e haver tentativa de homicídio + crime de ofensas – temos de ver
A Doutrina faz uma análise mais restritiva sobre estas alíneas. se excluímos ou não as ofendas, para ver se efetivamente há ou não
Desfiguração grave e permanente: concurso.
1. Desfiguração: alteração da figura/imagem com que a pessoa se apresenta.
2. Grave: "a alteração da figura passa a ser a imagem de marca daquela pessoa" - é notória/marcante.
3. Permanente: O Juiz vai avaliar, tomando por referência o momento da decisão judicial - pergunta-se se a desfiguração já desapareceu ou se é reversível à
luz dos conhecimentos médicos disponíveis.
Há capacidade médica para reverter a situação e a vítima não quer - há um problema de imputação objetiva: quem tem de ser imputado pelo resultado? O
agente ou a vítima? Aplicamos aqui o CRITÉRIO DA EXIGIBILIDADE DE UM COMPORTAMENTO DIFERENTE:
Se for exigível à vítima que se submeta à intervenção e ela não quer: o resultado é imputável à vítima - por exemplo: motivos de religião ou
custo elevado da intervenção suportado pelo autor.
Se não for exigível à vítima que se submeta à intervenção: o resultado é imputado ao agente - por exemplo: casos de risco de vida,
tratamento doloroso, custo elevado da intervenção suportado pela vítima.
Importante órgão ou membro:
A importância afere-se em saber se é ou não é essencial para o desempenho de uma determinada função comum.
Se não for um importante órgão ou membro, pode ser uma desfiguração grave e permanente?
1. Interpretação + restritiva: Há quem defenda que, se não for subsumível à 1ª parte da al. a) do artigo 144º, não pode ser subsumível à 2ª parte, porque se o
legislador se refere a importante membro/órgão, é porque não quer incluir os que não são importantes.
2. Interpretação + ampla: Há quem entenda que se pode subsumir à 2ª parte, porque a 1ª e a 2ª parte da al. a) do artigo 144º olham para coisas diferentes.
TEORIA DOS CONCURSOS
TIPOS DE CONCURSO:
Concurso de normas/aparente: conclui-se que o comportamento se subsume a mais do que um tipo legal de crime,
mas que se aplica apenas a uma – ou seja, que a aplicação ao agente da pena prevista por uma das normas a que o
facto se subsume, impede a aplicação cumulativa das outras.
Concursos de crimes/efetivo/verdadeiros conclui-se que o facto se subsume a vários tipos legais de crime e que o
agente deve ser punido com as penas que se resultam dos diferentes tipos legais de crime, a que o comportamento
se subsume.
COMO SE DETERMINA?
PRINCÍPIO NE BIS IN IDEM: Princípio que estipula que ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo facto ou com
o mesmo fundamento - é este princípio que nos vai permitir decidir se estamos perante um crime de concurso aparente
ou efetivo.