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UNIVERSIDADE BRAZ CUBAS

PÓS – GRADUAÇÃO EM GESTÃO DA APRENDIZAGEM

Aluna: Sibele Martins Marques Costa


Segmento: Ensino Fundamental II
Quantidade de alunos: 190
Cidade: Várzea Paulista - São Paulo
E-mail: sibelemartins2010@yahoo.com.br

Pergunta problema
Como utilizar o ensino da Língua Portuguesa para auxiliar no
desenvolvimento pedagógico dos alunos e em seu autoconhecimento,
contribuindo para que assim, ele melhore sua autoestima e passe então a se
dedicar mais a sua aprendizagem?

Descrição da solução

Escrever, ler, sempre foram habilidades utilizadas para que o homem


pudesse expressar o que sente e pensa, porém já algum tempo, temos
gerações que foram treinadas para não sentir e não pensar, crianças e
adolescentes que foram condicionados a não demonstrar seus sentimentos.
Nos últimos anos começa a se desenvolver uma gama de pessoas que não
desejam mais se esconder, mas que também não sabem como se mostrar,
afinal, nem mesmo elas sabem quem são ou o que estão sentindo.
Por conta disso, as escolas têm cada dia mais, recebido alunos
totalmente despreparados para o convívio em grupo e totalmente
desinteressados em aprender o conteúdo pedagógico que lhes é cobrado.
Cada vez mais o pertencimento dos alunos, tanto no ambiente escolar
quanto no ambiente familiar tem diminuído, fazendo com que eles precisem
cada vez mais de afirmação, do reconhecimento do outro para saber quem
são, ou até mesmo para se sentirem “existentes”, saindo da invisibilidade lhes
imposta.
Foi por meio dessa percepção, ao trabalhar entre adolescentes, que
senti a necessidade de utilizar minha ferramenta de trabalho para auxiliar no
autoconhecimento, a melhoria da autoestima e assim concomitantemente
poder promover a aprendizagem necessária para que se tornem cidadãos
autônomos e preparados para viver em sociedade.
Trabalhei com crianças entre 11 e 13 anos, onde a grande dificuldade
deles era “falar”, falar sobre si era o problema, foi então que pensei no teatro,
para trabalhar o sentimento e a fala, e assim conseguir que eles se sentissem
livres a falar.
Fiz uso de estratégias que aprendi no curso para possibilitar o trabalho
em grupo, utilizei o teatro, seminários, entrevistas e autobiografias para
desenvolver a habilidade de ouvir e a empatia nos alunos, para que pudessem
falar, precisavam aprender a ouvir. Eles passaram a ser autônomos e
responsáveis por cada passo do projeto que no final virará um livro de
autobiografia e conscientização, para promover o respeito e o direito a
diferença, bem como a equidade social. Como os alunos foram responsáveis
por produzir os textos de roteiros teatrais e as autobiografias, para o trabalho
de revisão, fiz uso da sala de aula invertida e da rotação de estações, com
atividades de ortografia, acentuação, pontuação etc.
Escrever roteiros, separar falas, separar personagens, entrevistar
pessoas, buscar especialistas, fazer enquetes, pesquisar, construir cenários,
criar figurinos, etc.; Agora era tudo por conta deles...
Eles deveriam aprender a se organizar, para isso tomei o papel de
coadjuvante e deixei que eles aprendessem com cada erro, construindo,
criando, mais do que isso, precisavam reconhecer as habilidades que havia
neles e se apossarem delas, para desenvolver os trabalhos em grupos.
Eles ouviram a história um do outro, reconheceram sentimentos e até as
dores do outro e muitas vezes descobriram as escondidas dentro deles
mesmos. Aconselhavam, justificavam, consolavam, motivavam e cobravam, a
cada passo desenvolvido, maior era a responsabilidade e a liberdade dada a
eles, e eles gostavam desse empoderamento.
Meu cansaço passou a ser de um trabalho bem desenvolvido e não mais
de estresse, meus dias e minha rotina de trabalho se tornaram mais leves com
alunos protagonistas, responsáveis por tudo o que tinham de fazer, buscando
aprender o que era necessário e essa sensação não era só minha. Mesmo
aqueles que apresentavam uma maior limitação se viam satisfeito por ter uma
importância no processo, e aqueles que não tiveram motivação suficiente no
início do trabalho, demonstraram um certo arrependimento por não ter se
dedicado tanto.
Assim, vi crianças se empoderando, crescendo, se tornando
organizadores, enquanto eu era apenas coadjuvante, acompanhando, me
deliciando com um crescimento que eu nunca havia visto antes.
A jornada ainda é longa, mas é reconfortante saber que o caminho já foi

traçado.
Resultados da solução
O trabalho desenvolvido ajudou a criar alunos mais autônomos,
Independentes e confiantes. Com as estratégias utilizadas, além de trabalhar o
conteúdo e também o ensino da estrutura da língua portuguesa ( ortografia,
coesão, coerência ) pude ver se desenvolver nesses alunos o respeito, a
empatia pelo que o outro sentia, a preocupação em entender o porquê do outro
pensar daquela forma, o porquê dele sentir aquilo, alunos mais engajados com
o desenvolvimento da turma num todo, mais prontos para ajudar, a
“competição” por melhores notas, foi substituída pelo trabalho em grupo, no
qual todos devem participar igualmente, cada um com sua habilidade, porque
todos são importantes e essenciais. A autonomia os empoderou e os tornou
mais confiantes, produzindo textos melhores, mais criativos e encorajados a
mostrar essa criatividade, alunos que falam em público e que quando
encontram algo que os incomoda, se engajam para resolver de maneira
sensata e inteligente.

Resultados pessoais
Trabalho nesta escola há 3 anos, e com adolescentes há 11 anos,
anteriormente trabalhei em uma escola que atendia comunidades carentes e
nunca tinha visto tantos alunos “não-pertencentes” em um mesmo ambiente.
Vejo diariamente meus alunos procurando auxiliar, ajudar os que estão à
sua volta, agora fala – se mais, ouve -se mais e por consequência aprende -se
mais. Aprende – se a ouvir, a se importar, a preservar o espaço do outro, vejo
uma maturidade tão bonita e que me causa tamanha gratidão, que ao acordar
às 4h da manhã para me organizar para o trabalho, sinto paz e uma imensa
gratidão. Sei que há muito o que fazer, sei que encontrarei problemas e
impasses, mas agora não estou sozinha, tenho “pessoinhas” que me ajudarão
a compreender e ajudar, e o mais importante, me tornei uma profissional mais
qualificada, porque na verdade quem precisava se adaptar era eu e não eles,
eu precisava aprender a ensinar, para poder ensina-los a aprender, e consegui,
por enquanto, pois sei que a cada ano precisarei aprender a ensinar
novamente, não com base no conteúdo que tenho que transmitir, mas na
necessidade que os alunos me apresentarão de aprender para aprender.

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