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RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA, ENSINO FUNDAMENTAL (DOCÊNCIA)


CONCEDENTE: E.M.E.I “DR. BENEDICTO DO AMARAL CAMPOS”.

1-Contexto escolar
A escola municipal E.M.E.I Dr. Benedicto do Amaral Campos, é uma escola da cidade de
Arealva- S.P, que conta com um espaço amplo, conservado e muito bem cuidado para receber as
crianças de 01 a 06 anos.
Ela possui oito salas de tamanho bom, sendo duas delas, com banheiro dentro, que são para os
bebês. No pátio possui um banheiro infantil para meninas e um banheiro infantil para meninos,
que são destinados aos alunos maiores, e um banheiro para funcionários e professores. São oito
turmas, sendo elas: um maternal I, dois maternais II, duas etapas I, três etapas II. Ela possui
também uma sala de almoxarifado, onde são guardados também parte dos brinquedos, uma
cozinha, uma sala destinada aos professores, uma sala para diretoria, uma sala para secretaria,
um parquinho, com escorregador, balanço, gangorra, gira-gira, e um espaço grande com
gramado para que as crianças possam brincar de pega-pega, entre outas brincadeiras. Quando
chove, ficam impossibilitadas de ir ao parque, pois é um local aberto, porém o pátio da escola
tem um pula-pula, que as crianças podem brincar. O refeitório possui duas mesas grandes, com
dois bancos para que as crianças se acomodem bem na hora das refeições, que são elas, o
lanchinho e o almoço. Assim que chegam na escola, antes de dar início as aulas, é oferecido à
todas as crianças, pãozinho e bolacha, de leite ou de água e sal, intercalando.
Na sala do maternal I, possui além da professora, duas cuidadoras, para auxiliar nos cuidados
com as crianças, como trocar aquelas que usam fraldas, levar ao banheiro e limpar, dar água, dar
colo caso necessário, enfim no auxílio de tudo que diz respeito aos cuidados e higiene dos
pequenos. A partir do maternal II as crianças ficam na sala de aula somente com um professor,
que no pátio, conta com três agentes para auxiliar as crianças no banheiro, limpar e higienizar as
mãos, e ajudar também no bebedouro. Exceto a etapa I que possui um aluno com Transtorno do
Espectro Autista, que conta com uma profissional somente para cuidar e auxiliar esse aluno em
suas atividades.
A escola funciona das 06:30 às 17:00 horas, e conta com uma diretora, uma secretária, uma
coordenadora, duas faxineiras, duas merendeiras, três agentes de pátio, três auxiliares de sala e
onze professores. Três desses onze professores, são um de artes, um de educação física e um de
inglês, os demais pedagogos.
Em duas salas, tem televisores, e em uma delas notebook também; na direção tem dois
computadores, uma impressora e a escola possui sinal de internet e telefone.
A escola, possui colchonetes, onde as crianças que ficam o período integral, no período da tarde,
podem dormir. A escola funciona assim: na parte da manhã, aula normal, e no período da tarde,
ficam somente as crianças que os pais trabalham e não tem onde ficar, e ficam com as
cuidadoras, assistem filmes educativos, colorem, dormem, brincam entre outros.
2- Reflexão e fundamentação teórica

Ao realizar o estágio, percebo a importância, de encarar os desafios da docência, de forma a


compreender, e atuar diretamente na aprendizagem de cada aluno, que aprende de forma e em
tempo diferentes. Somente no estágio pude compreender o quão desafiador é a rotina, o dia a dia
em sala de aula. O estágio proporciona aprender com professores experientes, a maneira de
como conduzir a aula e diferentes situações que possam surgir durante ela. É muito mais do que
ensinar conteúdos, é amar, é ser um pouco pai e mãe dos alunos, até mesmo porque, muitos
deles não recebem esse carinho em casa, no dia a dia com as crianças, o docente conhece cada
um e o como são suas famílias, sabendo assim como agir, com cada aluno. O educador não só
ensina, mas também aprende com as crianças, ouvir os pequenos é uma forma de garantir o
carinho e o respeito deles.
A professora realiza todos os dias, a leitura do dia, após uma roda de conversa, sobre o assunto
da leitura, todos os dias eles tem muito assunto, as vezes até fogem do tema principal, mas o
importante é a interação dos alunos entre si e com a professora, como foi gratificante ter
participado desses momentos. |
Na educação infantil a roda na rotina diária é de extrema importância, segundo alguns autores,
como Bombassaro (2010), Warschauer (1993), Oliveira (2005), Zabalsa (1998). Bombassaro
(2010) diz que, a roda que ela defende é aquela que envolve a partilha de experiências e
culturas, diálogos verbais e não verbais, desta forma este momento é um dos mais importantes,
pois traz diferentes possibilidades para os participantes da roda. Através da prática da roda de
conversa na educação infantil é possível a criança desenvolver a comunicação, autonomia, o
respeito a diversidade o desenvolvimento da imaginação entre outras possibilidades de
aprendizagem e desenvolvimento.
Numa roda de conversa, um assunto puxa o outro, o professor não pode alegar que as crianças
estão fugindo do assunto, na roda é o momento delas conheceram outras culturas, outras formas
de pensar e de ver o mundo; e também do professor conhecer cada aluno individualmente. Cada
crianças traz consigo uma bagagem, uma cultura diferente das demais.
A roda de conversa é caracterizada como um dispositivo pedagógico muito importante. Sua
importância se justifica pelas possibilidades que proporciona em termos do exercício da
responsabilidade individual e coletiva. Para DeVries & Zan (1998), no trabalho desenvolvido
com crianças, esta atividade pode ser caracterizada como a mais importante e temos seus
objetivos em duas amplas categorias: sócio- moral e cognitiva. Através delas as crianças
“aprendem que todas as vezes têm uma chance de ser ouvidas, que
nenhuma opinião tem mais peso do que a outra e que têm o poder de
decidir o que ocorre em sua classe”; (...) “praticam o respeito e a
cooperação mútua enquanto trabalham juntas, escutam umas as outras,
trocam opiniões, negociam problemas e votam para tomar decisões
que afetam todo o grupo e também promovem o desenvolvimento
geral do raciocínio e inteligência (...) e a construção do conhecimento
em uma variedade de conteúdos” ( DeVries & na, 1998: 116).

A professora realizou um a avaliação diagnóstica para verificar se os alunos estão, pré-


silábicos, silábicos, silábico- alfabéticos ou alfabéticos, chamando as crianças na lousa uma a
uma e ditando diferentes palavras para que elas possam tentar escrever do jeito que sabem.
Algumas apresentavam dificuldades, outras não, dessa forma a professora consegue perceber
qual a hipótese da escrita seus alunos se encontram individualmente.
“A criança passa por um processo de aquisição de escrita baseado em
cinco níveis de hipóteses: pré-silábica, intermediário, hipótese
silábica, hipótese silábico-alfabética e hipótese alfabética”. (Emilia
Ferreiro e Ana Teberosky, 1989, blog canal do educador).

No nível da hipótese pré- silábica, a diferenciação entre a grafia de uma palavra e outra é
inexistente, uma vez que os traços são muito semelhantes entre si. Somente o autor da escrita
pré- silábica é capaz de identificar o que faz. A escrita dessa fase pode não funcionar como
veículo de comunicação.
No nível de hipótese intermediário, a criança começa a ter consciência de que existe alguma
relação entre a pronúncia e a escrita, além de começar a desvincular a escrita das imagens, dos
números e das letras.
Já no nível de hipótese- silábica, as letras começam a serem usadas com valores silábicos fixos e
o conflito entre a nova fase e a anterior provoca na criança um amadurecimento educacional.
Assim a criança percebe que a escrita representa a fala tenta dar valores sonoros as letras.
“As escritas silábicas representam um marco extremamente
importante no desenvolvimento da escrita. Além de construir a
primeira manifestação da compreensão infantil de que a escrita
representa a fala, a hipótese silábica chama a atenção da criança para
as semelhanças e diferenças sonoras entre as palavras” (Ferreiro,
1989).

Quando a criança passa da hipótese silábica para a silábica alfabética, ela inicia uma busca por
símbolos para expressar a escrita dos objetos referidos, tentando aproximar o máximo à
representação sonora da representação gráfica.
Na última hipótese, alfabética, a criança compreende que a escrita tem uma função social: a
comunicação, além de conhecer também o valor sonoro de todas ou quase todas as letras, sem
haver problemas no que se refere ao conceito da escrita.
A professora realizou também em uma outra aula, um diagnóstico da numeracia, onde entregou
uma folha para cada criança, com alguns exemplos que elas teriam que seguir; elas deveriam
completar a fileira de desenhos, de acordo com o número que estava pedindo. Exemplo: número
1, a criança deveria desenhar uma bola na frente do número e assim por diante até chegar no
dez. Parece simples, mas alguns alunos da sala ainda não assimilam os números com quantidade
e apresentam grande dificuldade em realizar a atividade. A professora chamou em sua mesa um
por um para auxiliar e diagnosticar suas dificuldades, para depois posteriormente poder intervir.
O diagnóstico matemático é tão importante quanto o diagnóstico das hipóteses da escrita e
também deve se fazer presente.
A numeracia se refere às habilidades de matemática que permitem resolver problemas da vida
cotidiana e lidar com informações matemáticas. Raciocínio lógico, noção de grandeza e
quantidade, por exemplo, são habilidades úteis para isso.
O conhecimento matemático não constitui um conjunto de fatos a
serem memorizados; uma proposta de matemática para a Educação
infantil deve instigar a exploração de uma grande variedade de ideias
matemáticas(...) de modo a aproveitar as experiências que as crianças
têm do mundo, a fim de tornar a matemática significativa.
(SIQUEIRA, 2007, P.3).
A realização do estágio, nos traz muitas aprendizagens, a fim de nos aperfeiçoarmos a cada dia,
para obter sucesso na prática docente, que não é uma tarefa, fácil, mas não impossível. Porém
toda a importância da prática, não anula a necessidade das teorias, pois ela tem papel
fundamental na nossa formação. Sabemos que os desafios são grandes, mas quando refletimos
sobre as dificuldades que possam surgir, temos que nos empenhar e esforçar para que esses
desafios sejam vencidos e que possamos chagar lá na frente com a sensação de dever cumprido,
que possamos chagar na docência e realizar nosso trabalho com amor pelo o que fazemos e
conseguir passar por todos os desafios vencedores, e dando o melhor de nós aos nossos alunos,
que são o futuro do nosso país.

3- Conclusão

A realização do estágio foi de extrema importância, para uma aprendizagem mais completa em
minha vida profissional. O estágio possibilitou que presenciasse diversas situações do cotidiano
da vida docente, foram experiências únicas que levarei para minha carreira profissional. Tive o
privilégio de estagiar em uma escola que conta com recursos e profissionais excelentes, passei
pelas oito salas, começando do maternal I até a etapa II. Foi uma experiência única, acompanhei
o desenvolver das crianças, pude notar a diferença entre o maternal e as etapas. No maternal, no
início do primeiro bimestre, os pequenos choram muito, necessitam de cuidados e também de
carinho, pois ainda não estão habituados a ficarem sem suas mães. Com o passar do tempo, vão
se acostumando, o que facilita que a professora comece a trabalhar para o início da
aprendizagem dos pequenos.
Quando penamos em ingressar na carreira docente, imaginávamos sim que haveria dificuldades,
mas elas ultrapassaram as expectativas. Quando entramos em uma escola e podemos
acompanhar o dia a dia da mesma, conseguimos perceber que as dificuldades existem e são até
maiores do que imaginamos.
A aprendizagem dos alunos se dá de formas muito diferentes, cada um leva um determinado
tempo e uma técnica para aprender. O contexto social no qual o aluno está inserido, influência
em sua aprendizagem, cabendo ao professor ter uma atenção especial com essa criança, para que
ela tenha seu direito de aprendizagem garantido. Muitos alunos, não tem incentivo de sua
família para estudar e aprender, muitos pais não acompanham a vida escolar de seus filhos, o
que dificulta ainda mais a docência.
Alguns discentes, são muito faltosos, o que preocupa também os professores, pois apesar dos
pais acreditarem que faltar na educação infantil não faz diferença, faz muita. É ali o início,
conhecer as letras, os sons que elas possuem, começar a juntar palavras, todos os dias são
únicos, até mesmo no maternal, que é onde eles começam a se familiarizar com a escola,
professores e colegas, quando o aluno possui muitas faltas, consequentemente é o que mais
chora quando retorna e fica difícil habituar-se com o ambiente.
O docente, deve estar bem preparado, para saber conduzir da melhor forma possível as situações
que poderão surgir em seu dia a dia, e também desenvolver vários papéis na vida de seus alunos,
devem estar abertos e sempre atentos para identificar quais os melhores caminhos a serem
seguidos para leva-los a melhores resultados, precisam estar em uma constante evolução.
Sobre a convivência na escola Paulo Freire dizia:
“Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,
É também criar laços de amizade,
É criar ambiente de camaradagem,
É conviver,
É se “amarrar nela”! Ora é Lógico ... Numa escola assim vai ser fácil!”
Poema a escola é (Paulo Freire).

4- Referências bibliográficas

BOMBASSARO, Maria Claúdia. A roda na Educação Infantil: Aprendendo a Roda


aprendendo a conversar.2010. 96f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação.
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ZABALZA, M.A. Qualidade em educação infantil. 1° edição. Porto Alegre RS: Editora
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