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CONSUMO DE

ÁLCOOL
POR JOVENS
UNIVERSITÁRIOS
PESQUISAS INDICAM QUE O CONSUMO DO ÁLCOOL, EM GERAL, INICIA-
SE NA INFÂNCIA, E TENDE A AGRAVAR-SE NO INÍCIO DA VIDA ADULTA. TAL
INCREMENTO NO CONSUMO COINCIDE COM O PERÍODO DE FORMAÇÃO
UNIVERSITÁRIA, QUE POR SUA VEZ ASSOCIA-SE À MUDANÇAS NA VIDA
DOS JOVENS E CRIA AMBIENTE PROPÍCIO PARA A ADOÇÁO DE PADRÕES
DE CONSUMO DE RISCO

O Á L C O O L E H O J E U M A DAS
SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS
MAIS U T I L I Z A D A S P E L A
POPULAÇÃO, SENDO A M P L A M E N T E
ACEITO. APESAR DE S E R
HISTÓRIA DE SEU USO
Acredita-se que a produção de bebida alcoólica
originou-se na Pré-História, durante o período Neo-
lítico, quando houve a aparição da agricultura e a
R E C O N H E C I D O COMO UMA DROGA, invenção da cerâmica. Sua fabricação dá-se a partir
JA Q U E P R O M O V E A A D I Ç Ã O ( T A N T O de um processo de fermentação natural, e assim, há
F Í S I C A QUANTO P S I C O L Ó G I C A ) , É , aproximadamente 10 mil anos, o ser humano passou
AINDA H O J E , C O N S I D E R A D O UMA a consumir e a atribuir diferentes significados ao
SUBSTÂNCIA L Í C I T A E D E VASTA uso do álcool (VIALA-ARTIGUES; MECHETTl, 2003).
COMERCIALIZAÇÃO E ACESSO Os gregos e os romanos, além da fermentação
( B A U M G A R T E N , 2010). da uva, também conheceram a fermentação do mel
Seu uso e, consequentemente, a dependên- e da cevada. O vinho era a bebida mais difundida
cia de álcool são fenómenos complexos e deter- nos dois impérios, tendo importância social, reli-
minados por fatores genéticos, psicológicos e so- giosa e medicamentosa. Apesar do vinho partici-
ciais. Estudos realizados em diferentes contextos par ativamente das celebrações sociais e religiosas
socioculturais demonstram que na população de grecoromanas, o abuso de álcool e a embriaguês
estudantes adolescentes e jovens o índice de con- alcoólica já eram severamente censurados (PUR-
sumo de álcool é significativo (SILVA et al., 2014; CELL, 2003). já os antigos egípcios documentaram
SILVA et ai, 2015; SOARES et al., 2015; STAMM; em papiros as etapas de fabricação, produção e co-
BRESSAN, 2007). mercialização da cerveja e do vinho. Eles também

f
JUVENTUDE - CONSUMO DE ÁLCOOL
POR JOVENS UNIVERSITÁRIOS

"Hodiernamente, o álcool é reconhecido como a droga lícita mais consumida no mundo. O seu consumo con-
tinua crescendo nas últimas décadas, em função de sua constante associação ao prazer, status social, sucesso
sexual, poder e diversos outros fatores considerados ideais para os jovens e adultos."
) 3 Bt
acreditavam que as bebidas fermentadas elimina- O fim do século 18 e o início da Revolução I n -
vam os germes e parasitas das bebidas, assim de- dustrial é acompanhado de mudanças demográfi-
veriam ser usadas como medicamentos, especial- cas e comportamentais na Europa. É durante este
mente na luta contra os parasitas provenientes das período que o uso excessivo de bebida passa a ser
águas do Nilo (VlALA-ARTlGUES; MECHETTl, 2003). visto por alguns como uma doença ou desordem
Na Idade Média, a comercialização do vinho QEROME, 1993). Ainda no início e na metade do
e da cerveja cresceu, assim como sua regulamen- século 19, alguns estudiosos passam a tecer con-
tação. A intoxicação alcoólica (bebedeira) deixa de siderações sobre as diferenças entre as bebidas
ser apenas condenada pela Igreja e passa a ser destiladas e as bebidas fermentadas, em especial
considerada como um pecado por essa instituição o vinho. Nesse sentido, Pasteur, em 1865, não en-
(VlALA-ARTlGUES; MECHETTl, 2003). contrando germes maléficos no vinho declara que
Durante a Idade Moderna, os cabarés e as ta- esta é a mais higiénica das bebidas (VIALAARTI-
bernas eram considerados locais onde as pessoas GUES; MECHETTl, 2003).
podiam se manifestar livremente e o uso de álcool Hodiernamente, o álcool é reconhecido como
participa dos debates políticos que mais tarde vão a droga lícita mais consumida no mundo. O seu
desencadear, por exemplo, na Revolução Erancesa consumo continua crescendo nas últimas décadas,
(BAUMGARTEN, 2010). No século 16, o álcool foi am- em função de sua constante associação ao prazer,
plamente utilizado para propósitos médicos (para status social, sucesso sexual, poder e diversos ou-
esterilização e sedação). Em meados do século 18, tros fatores considerados ideais para os jovens e
o alcoolismo generalizou-se pela Europa (EINEL- adultos (CARDOSO et al. 2015).
Ll, 2015). Nas Américas, reconheceuse que várias Desde meados do século 19, o médico sue-
civilizações indígenas já desenvolviam bebidas al- co Magnus Huss já utilizava o termo "alcoolismo"
coólicas na época précolombiana (FlNELLl, 2015). para designar todo o grupo de doenças cuja causa
se associasse com o consumo do álcool. Não obs- que ocasiona prejuízos ao indivíduo, à sociedade ou
tante, somente no ano de 1952, com a primeira edi- a ambos" e sistematizou a evolução da doença em
ção do DSMl (Diagnostic and Statistical Manual três fases. O início da adição ao álcool é descrito
of Mental Disorders), que o alcoolismo passou a como a primeira fase, caracterizada pelos primei-
ser tratado como doença (JEROME, 199.3). ros blackouts'. Essa, quando não interrompida, ten-
No ano de 1967, o conceito de doença do al- de a evoluir para uma segunda fase denominada
coolismo foi incorporado pela Organização Mundial crucial ou básica, na qual ocorre a perda do contro-
de Saúde - OMS à Classificação Internacional das le sobre o consumo, alterações no comportamen-
Doenças (ClD-8), (OMS, 1994). No CID-8, os problemas to, agressão, remorso, arrependimentos, bem como
relacionados ao uso de álcool foram inseridos den- aumento dos problemas familiares e profissionais.
tro de uma categoria mais ampla de transtornos O indivíduo adito em álcool apresenta dificuldade
para evitar a ingestão alcoólica. Quando não tra-
de personalidade e de neuroses. Esses problemas
tada, pode evoluir para a terceira fase, a crónica,
foram divididos em três categorias: dependência;
caracterizada pela deterioração progressiva, com
episódios de beber excessivo (abuso); e beber ex-
manifestações como: prolongadas bebedeiras, iso-
cessivo habitual. A dependência de álcool foi carac-
lamento social, ambivalência, tremores, inibição
teriza pelo uso compulsivo de bebidas alcoólicas e psicomotora, dificuldade de racionalização, além de
pela manifestação de sintomas de abstinência após graves doenças relacionadas com o consumo do ál-
a cessação do uso de álcool (NIAAA, 1995). cool (FlNELLl, 2015).
Há quatro padrões de consumo, sendo eles
PADRÕES DE CONSUMO DO ÁLCOOL o moderado, o de risco, o nocivo e a dependência.
A identificação de pessoas nos variados padrões
Uma das primeiras definições de alcoolismo de consumo de álcool é um importante recurso
assume-o como "qualquer uso de bebidas alcoólicas para reduzir os danos causados pelo abuso dessa

"No ano de 1967, o conceito de doença do alcoolismo foi incorporado pela Organização Mundial de
Saúde - OMS a Classificação Internacional das Doenças (CID~8), (OMS, 1994)."

1- Ou apagões, caracterizados por período de perda de memória dos eventos ocorridos devido ao consumo abusivo
de álcool (WHITE, 2004).
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POR JOVENS UNIVERSITÁRIOS

substância. Nesse sentido, o termo "padrão de


consumo" está relacionado ao contexto em que se
encontra o indivíduo, o momento, a frequência, o
tipo de bebida ingerida e as alterações que geram
no comportamento e saúde humana. Os padrões
de consumo que causam riscos substanciais para
o indivíduo, já que o consumo de álcool que cau-
sa prejuízos físicos, mentais ou sociais que podem
se estender em um processo contínuo, desde um
padrão de beber moderado até a dependência à
bebida (BABOR et al, 2005).
O uso do álcool em longo prazo pode causar
danos cerebrais permanentes, com sintomas de
demência, desmaio, alucinações e danos às partes
periféricas do sistema nervoso. A morte confirma-
da a partir do uso de álcool, comumente associada
com doença hepática forte e/ou intoxicação por
abuso da substância.
É fácil perceber que o consumo de álcool pode
variar em decorrência dos costumes sociais, das
famílias ou dos hábitos adquiridos. Em pequenas
quantidades, o álcool tem efeito sedativo, levando
a sentimentos de calor, conforto e relaxamento.
Em quantidades maiores, o álcool pode levar o i n -
divíduo a se sentir mais sociável, autoconfiante
e desinibido. Algumas pessoas deixam de beber
quando alcançaram o humor positivo, no entanto,
se um indivíduo continua a beber além deste pon-
to, os efeitos do álcool como droga depressora se
tornam mais evidentes. Aparecem sintomas como
sonolência, incoordenação motora, irritabilidade e
disforia (EINELLl, 2015).
Considerando esse padrão que promove pra-
zer, é comum o indivíduo passar a fazer uso roti-
neiro da substância, de modo a reproduzir tais es-
tados de euforia. Esse comportamento é de grande
risco, pois leva o organismo a se habituar com a
substância. Assim, o organismo vai adquirir tole-
rância ao psicotrópico, o que leva a pessoa a con-
sumir quantidades maiores de álcool para alcan-
çar os mesmos efeitos favoráveis. Em um segundo
estágio de consumo, devido à tolerância, começam
a aparecer os efeitos adversos a longo prazo.
Efetuando uma revisão sobre o alcoolismo, Ra-
mos e Woitowitz (2004) constataram que cerca de 907»
da população adulta, no mundo ocidental, consome
bebida alcoólica. Na previsão dos autores, 107o des-
ses(as) consumidores(as) farão uso nocivo do álcool e
outros(as) lOX acabarão desenvolvendo dependência.
Em nível mundial, estimase que o consumo
de álcool seja responsável por 20 a 307» dos casos
de câncer de esófago, doenças do fígado e epi-
lepsia. Dos 2 bilhões de pessoas que consomem
álcool, 76,37. apresentam transtornos psiquiátricos
relacionados ao uso da substância (WHO, 2004).
De modo geral, o consumo de bebidas alcoó-
"É fácil perceber que o consumo de álcool pode licas tem uma grande aceitação cuhural em todos
variar em decorrência dos costumes sociais, das
os estratos sociais. Isso porque é considerada uma
famílias ou dos hábitos adquiridos."

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das substâncias legais com maior permissividade da saúde, apesar do maior conhecimento sobre os
social. No entanto, dado o impacto que tem sobre efeitos do álcool e outras drogas no organismo,
a juventude, pode ser tomado como um indicador consomem-nas em proporções semelhantes às dos
padrões de consumo que potenciou o rápido apa- jovens, de mesma idade, na população geral (LE-
recimento de uso problemático da mesma subs- MOS et ai, 2006). No entanto, já que serão modelos
tância, assim como aumento do risco de acidentes de saúde para a comunidade, esperase que no
e violências, o declínio no desempenho escolar e decorrer dos estudos académicos, impulsionados
no trabalho, além de funcionar como entrada para pelo compromisso com estágios e trabalhos em
o consumo de substâncias psicoativas mais fortes saúde, tornem-se mais conscientes em relação ao
(TOVAR et ai, 2010). autocuidado e ao consumo da substância.
No Brasil, demonstrou-se que o álcool é res-
ponsável por 477« dos acidentes de trânsito (prin-
cipal causa de morte entre jovens), por 4\7o dos O^USO ENTRE JOVEmm
homicídios, e por um número expressivo de assas- Entre os jovens, o grupo de amigos possui
sinatos, brigas e suicídio (COTRIM, 2002). Outros uma grande influência sobre seus padrões de
estudos indicam que aproximadamente 84% dos comportamento. Para eles, beber é um ritual de
brasileiros fazem uso ocasional de bebida alcoó- sociabilidade, sendo uma autoafirmação frente
lica; 2\% a consomem diariamente e 197» têm uma aos amigos. Nos grupos, a bebida pode ser também
embriaguez alcoólica semanal (VAISSMAN, 2004). um fator de aproximação e de identificação entre
Além disso, mais de 107, da morbidade e mortalida- os membros, além disso, existe associação entre
de ocorridas no Brasil advêm de homicídios, sui- o ato de beber e a masculinidade (FlNELLl, 2015).
cídios e outros agravos decorrentes da ingestão
Dados da Secretaria Nacional Antidrogas ~
alcoólica (MELONl; LARANJEIRA, 2004; WHO, 2011).
SENAD demonstram que grande parte da popula-
O primeiro levantamento domiciliar sobre ção tem iniciado a ingestão de bebidas alcoólicas
o uso de drogas no Brasil, realizado pelo Centro
Brasileiro de Informações sobre Drogas CEBRID,
em uma amostra representativa das 107 cidades
brasileiras com mais de 200 mil habitantes, veri-
ficou forte interação entre o consumo de álcool e
sua associação com outras drogas. O estudo detec-
tou índices de 11,57 para dependência de álcool, 97
para dependência de tabaco e 17 para dependência
de maconha, sendo que as porcentagens de uso na
vida dessas substâncias foram de 68,77, 417 e 77,
respectivamente (CARLINI et ai. 2001; GALDUROZ
et al.. 2000).
Levantamentos epidemiológicos sobre o con-
sumo de álcool no mundo e no Brasil mostram que
é na passagem da infância para a adolescência
que se inicia o uso dessa substância, seja com o
grupo de amigos(as), seja em casa com familiares
(NOTO et al., 2004). Em alguns casos, o consumo
tem início antes de a criança completar 10 anos
de idade, embora a grande maioria (72,57) tenha
feito seu primeiro contato com o álcool entre 10 e
14 anos (MEDINA; SANTOS; ALMEIDA EILHO, 2001).
Análise realizada entre estudantes do ensino mé-
dio e fundamental, na região Sul do Brasil, de-
monstrou que 697 já haviam ingerido álcool pelo
menos uma vez na vida, sendo que 687 ingeriram
no ano, 487 no mês, 157 usavam frequentemente e
77 faziam uso pesado (NOTO et al, 2004).
A partir de tais estudos, voltouse o olhar
para a população universitária. Estudos demons-
tram que o uso de álcool e outras substâncias é "O estudo detectou índices de 11,5% para dependência
maior entre universitários do que na população de álcool, 9% para dependência de tabaco e IZ para
dependência de maconha, sendo que as porcentagens
geral ou entre estudantes do Ensino Médio. Ve-
de uso na vida destas substâncias foram de 68,7Z, •
rificou se que os graduandos de cursos da área 41Z e 7%, respectivamente (...)." tr

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aos 14 anos. O mesmo estudo aponta que 91 dos básico para o jovem, ela pode influenciai no consu-
adultos que deram os primeiros goles nessa idade mo tanto no plano da precocidade da experimenta-
evoluíram à categoria de dependentes. Outro estu- ção quanto no controle de ingesta. Uma atitude mais
do revela que, dentre os indivíduos que começa- ou menos crítica de mães e pais, bem como suas
ram a beber após os 21 anos, o índice de evolução próprias pautas e parâmetros de consumo, pode ate-
para a dependência foi de apenas \°L Tais achados nuar ou reforçar sua influência como agentes de-
trouxeram à tona a relação entre a idade de início sencadeadores do processo de experimentação, além
do consumo de bebidas alcoólicas e as chances de de influenciar na legitimidade conferida ao uso de
evolução para dependência química (LARANJEIRA bebidas (CEBRID, 2005; CISA, 2010).
et ai, 2007; LARANJEIRA et ai. 2009). Segundo pesquisas do Centro de Informações
Knight et al. (2002) referem que os jovens sobre Saúde e Álcool - CISA (2010), cada vez mais
que costumam fazer uso abusivo de álcool, muitas mulheres vêm consumindo bebidas alcoólicas. Em
vezes, deixam de cumprir as obrigações académi- consequência, tem ocorrido o comprometimento da
cas e apresentam altos índices de falta às aulas. saúde e da vida social feminina, assim como tem
Quando se fazem presentes, apresentam desaten- aumentado a participação de mulheres em aciden-
ção, atrasos, saídas mais cedo das aulas, reclama- tes automobilísticos, vitimização de abusos sexuais
ções, sonolência, consequentemente as reprova- e gravidez indesejada. Tal fato justificase pelos
ções entre eles são mais comuns. novos comportamentos da última década. As mu-
Nesse contexto, é imprescindível salientar a i n - lheres, entre elas as universitárias, passaram a fre-
fluência da família, do grupo de amigos, da religião quentar locais e eventos anteriormente restritos ao
e da mídia em relação à ingesta de álcool pelos jo- universo masculino e consequentemente a desfru-
vens. Ressaltase que nenhum desses fatores atua tar de maior liberdade (CEBRID, 2005; CISA, 2010).
isoladamente no desejo pelo consumo da substância Estudos mostram que o envolvimento com "dro-
nesta população. Alguns aspectos se sobressaem em gas ilícitas" ocorre principalmente dentro da popula-
relação aos outros, mas todos contribuem de alguma ção de adolescentes e adultos jovens (LARANJEIRA et
maneira. A família é um referencial comportamental aL 2007; LARANJHRA et aL 2009). No BrasiL onde 35
drogas, em uma Instituição de Ensino Superior na
cidade de Montes Claros, MG. A proposta inicial
contou com levantamento censitário de cerca de 10
mil académicos matriculados, porém considerando
parâmetros éticos da realização de pesquisa com
seres humanos, lidou com o caráter de voluntarie-
dade dos convidados a pardcipação. Ainda assim,
contou com uma amostra de mais de 2 mil respon-
dentes, de diversos cursos e períodos. Académicos
de diversas idades, géneros e variados estados c i -
vis participaram da pesquisa respondendo a cin-
co instrumentos de coleta de dados, a saber, um
questionário sociodemogrâfico, a AUDIT, a ASSIST, a
lECPA, e a ESSS, todos instrumentos já validados na
literatura. Os resultados da investigação podem ser
verificados no texto integral da tese.
Esse trabalho ainda levou a diversos estudos
parciais que já se encontram publicados e ainda
outros em fase de análise dos autores desse estu-
do, considerando inicialmente as discussões sobre
padrões de consumo por curso, e atualmente as re-
lações entre padrões de consumo e as demais va-
riáveis sociodemográficas. A amplitude do material
coletado considera ainda a relação entre o uso de
álcool como mediador social entre os universitá-
rios, indicando que, para esse grupo, os riscos de
assumir padrões de consumo de risco sejam ainda
"Knight et al. (2002) referem que os jovens que mais graves devido às características específicas do
costumam fazer uso abusivo de álcool, muitas vezes, início da vida adulta, necessidades de pertencimen-
deixam de cumprir as obrigações académicas e apre- to a grupos e organização social dentro da univer-
sentam altos índices de falta ás aulas."
sidade. Tais dados ainda consideram a investigação
da percepção de suporte social reconhecido pelos
milhões de pessoas têm menos de 30 anos, os proble-
universitários, e inicia a discussão sobre se tal su-
mas relacionados ao consumo de substâncias psicoa
porte pode agir como elemento de proteção frente
tivas podem ser preocupantes (IBGE, 2004).
ao risco de assumir padrões de consumo de álcool
Algumas pesquisas, desenvolvidas com popu-
de risco, ou a episódios de abuso do consumo da
lações específicas, dentre os quais os universitá-
substância. Essas análises, ainda não realizadas,
rios identificaram que o álcool e o tabaco são as
encontram se em fase de produção e serão publi
substâncias mais consumidas, enquanto que o uso
cadas em momento oportuno.
de "drogas ilícitas" é maior entre os alunos do sexo
masculino e maior ainda entre os que moram sem a Longe de esgotar o tema, espera-se com isso
família (SILVA et al., 2006). De modo similar, verifi- abrir campo para novas indagações e interlocu-
cou-se que alunos de graduação da área de ciências ções entre autores. Cientes de que as pesquisas
biológicas, usuários de álcool de tabaco e de "drogas" avançam e essas podem subsidiar conhecimen-
dedicavam-se mais às atividades socioculturais e to que levarão a ações que poderão modificar o
gastavam menos tempo com atividades académicas mundo, estima-se que tal leitura tenha cumprido
em relação aos não usuários (BARRÍA et al., 2000). seu papel de contribuição.

* Wellington Danilo Soares é doutor em Ciências da Saúde


CONCLUSÃO (Unimontes/Brasil), mestre em Ciências da Motricidade (UTAD/
Portugal), graduado em Educação Física (Funorte/Brasil) e
A presente reflexão trata de fragmento adap- professor adjunto das Faculdades Integradas do Norte de Minas -
tado da tese de doutorado Levantamento do Uso do FUNORTE. E-mail: wdansoa@yatioo.com.br.
Álcool entre Académicos Universitários: Uma Re
flexão Acerca da Mediação Social, de Finelli (2015). * * Leonardo Augusto Couto Finelli é doutor em Ciências da
Longe de ser uma exposição completa do material, Educação (UEP), -mestre em Psicologia (USF), graduado em
esse texto propõe-se a introdução da discussão am- Psicologia (UFMG), graduado em Pedagogia (FETAC) e professor
pla que levou a realização de pesquisa epidemioló- adjunto das Faculdades Integradas do Norte de Minas - FUNORTE.
gica sobre padrões de consumo de álcool, e outras E-mail: finellipsi@gmaii.com.

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G R A N D E S T E M A S DO C O N H E C I M E N T O •

ESPECIAL ALCOOLISMO

TRATAMENTO!
E APOIO FAMILIAR!
O alcoólatra precisa de constante'
apoio dos amigos e parentes para'
evitar a recaída, pois ele nunca'
deixará de seruniadicto^

COMO TUDO
TE COMEÇA
^ÉIM mNT Entender as origens do
< o tratamento da depende^ncia química problema ajuda a evitar que ele
g exige uma abordagem té™êutica ce se agrave e também auxilia na
o nas questões do pacientei em sua busca por um caminho de
QD interação com a sociedade,. recuperação e reabilitação

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