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COLÉGIO ESTADUAL LEMOS JÚNIOR

TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE


LÍVIA ABREU NUNES

O MEIO RURAL
E ALGUMAS PARTES DE RIO GRANDE

Rio Grande, Rio Grande do Sul


2021
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LÍVIA ABREU NUNES

O MEIO RURAL
E ALGUMAS PARTES DE RIO GRANDE

Projeto de pesquisa desenvolvido no


Colégio Estadual Lemos Júnior,
No Curso Técnico em Meio Ambiente,
Na disciplina de Metodologia de
Projetos I e II, como
Requisito parcial para a Conclusão do curso.
Orientadoras: Marcela Teles Baldino e Cristina
Maria Machim Acosta.

Rio Grande, Rio Grande do Sul


2021
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Devemos estar dispostos a nos livrar da vida


que planejamos para ter a vida que nos espera.
– Joseph Campbell
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RESUMO

As localidades rurais da cidade de Rio Grande desempenham um papel importante para as


demais regiões do município, como o oferecimento de alimentos que estão nos supermercados.
O intuito deste projeto é mostrar um pouco das belezas naturais, sociais e culturais de algumas
partes de Rio Grande: a Ilha do Leonídio e a Ilha dos Marinheiros, além de contar suas
formações ao longo do tempo. O meio rural é discutido através do viés da agricultura familiar,
atividade preponderante nestas localidades, além de saber as opiniões de certos moradores
destas e outras zonas rurais da cidade sobre assuntos relacionados ao meio ambiente, e aos
problemas e às vantagens em se tratando do lugar em que vivem. Isso porque, são estas pessoas
que dependem, diretamente, da natureza para a sua sobrevivência.

Palavras-chave: Ilhas. Meio rural. Agricultura familiar.


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SUMÁRIO
1. INDRODUÇÃO 05
1.1. Objetivos Gerais 05
1.2. Objetivos Específicos 05
1.3. Justificativa 05
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 07
2.1. Localização da cidade de Rio Grande e 07
das Ilhas dos Marinheiros e do Leonídio
2.2. A Ilha do Leonídio 08
2.3. Aspectos naturais da Ilha do Leonídio e a 11
agricultura
2.4. Viva Nossa Senhora de Fátima: a Festa 15
da Ilha
2.5. A Ilha dos Marinheiros 31
2.6 Aspectos naturais da Ilha dos Marinheiros 35
e as atividades econômicas
2.7. O paraíso: pontos turísticos na Ilha dos 43
Marinheiros
2.8. O Meio Rural: a agricultura familiar e as 58
relações entre os moradores do campo com o
meio ambiente
3. METODOLOGIA E ANÁLISE DOS 62
RESULTADOS
4. CRONOGRAMA 63

5. ORÇAMENTO 64

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 65
REFERÊNCIAS 66

APÊNDICE 69
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O MEIO RURAL E ALGUMAS PARTES DE RIO GRANDE

1. INTRODUÇÃO
1.1. Objetivos Gerais
O primeiro objetivo geral é descrever as Ilhas dos Marinheiros e do Leonídio, ambas localizadas
na cidade de Rio Grande – RS. De modo que isso inclui as suas formações ao longo da história,
que tipo de atividades são realizadas e a natureza dessas zonas rurais.
Além disso, discorrer sobre o meio rural, especificamente, a agricultura familiar e sua
importância, não somente nessas ilhas, mas também no mundo. Ademais, buscar relacionar as
interações do meio rural com aspectos ambientais.

1.2. Objetivos Específicos


Estudar e esclarecer a importância das ilhas para a cidade, assim como enaltecer suas belezas
naturais, sociais e culturais.

1.3. Justificativa
O ponto inicial a ser destacado é a relação que existe entre homem e meio ambiente, pois tudo
que nós utilizamos, de certa forma, provém da natureza. Quando se fala sobre o meio rural, essa
relação fica mais intensa. De modo geral, os indivíduos vivem em locais diferentes do que se
vê no meio urbano, como edifícios, indústrias, centros comerciais e científicos, além de outras
formas derivadas da ação antrópica. Em zonas rurais, há um maior contato com a natureza,
porque o espaço não foi modificado expressivamente, e há também ligação com a terra por
atividades, muitas vezes, de subsistência. Aliás, as relações sociais são mais próximas, em razão
da pequena população existente nas Ilhas dos Marinheiros e do Leonídio. Com isso, a descrição
de alguns espaços rurais leva ao aumento do conhecimento sobre eles e, consequentemente, a
relevância para o restante da população que é urbana, pois além das atividades importantes que
são desenvolvidas nesses lugares, enquadra-se a utilização dos recursos naturais e o vínculo
com o meio ambiente, assunto tão discutido atualmente.
O outro ponto, a escolha deste tema também envolve a ideia de que o espaço onde o ser humano
está inserido também influencia no seu modo de vida, na relação com o outro, os seus
pensamentos e no que ele considera importante.
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Pois, além da construção histórica destas ilhas, junto com isso, grandes famílias também se
formaram e ainda seus descendestes vivem lá. Em cada parte, seja nas terras, nas margens da
laguna, nas estradas ou perto de alguma árvore, houve algum acontecimento que marcou a vida
de alguém, e que hoje são lembranças boas ou ruins. Quem já morou nas ilhas pode lembrar-se
do silêncio, das plantações, da vegetação, das festas, de alguma comida, da família ou dos
momentos de paz e alegria.
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O MEIO RURAL E ALGUMAS PARTES DE RIO GRANDE
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. Localização da cidade de Rio Grande e das Ilhas dos Marinheiros e do Leonídio
O município de Rio Grande está localizado no litoral sul do estado brasileiro Rio Grande do
Sul. Com uma área de, aproximadamente, 2.710 km2, a cidade é dividida em 5 distritos –
subdivisões administrativas do município – entre eles, o 2o distrito abrange as Ilhas dos
Marinheiros e do Leonídio, além de zonas menores, como a Ilha da Pólvora e das Pombas,
tendo como sede a Vila do Porto Rei, nas proximidades do Santuário de nossa Senhora de
Lourdes. A Ilha dos Marinheiros é dividida em cinco setores: Porto do Rey, Bandeirinhas,
Fundos, Coréia e Marambaia.

Figura 1 - Imagem do estado do Rio Grande do Sul, Rio Grande destacado em vermelho. Fonte: Wikipédia.

Figura 2 - Mapa de Rio Grande com as Ilhas dos Marinheiros e do Leonídio. Imagem de satélite retirada do
“Google Earth”.
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2.2. A Ilha do Leonídio

Figura 3 - Pôr do Sol na Ilha do Leonídio. Fonte: foto da moradora Hilda Mello Nunes, 2020

No projeto “ArtEstação nos Trilhos da Cultura”, entre os anos de 2012 e 2013, foi elaborado
um livro sobre as memórias socioculturais e históricas da Vila da Quinta, o 5. distrito de Rio
Grande. Além disso, há informações sobre as áreas próximas à Quinta, como a Quitéria e a Ilha
do Leonídio, sendo que esta é chamada também de Ilha do Machadinho, por conta do primeiro
dono ser o Capitão João Machado, que solicitou uma sesmaria do Governo, no início de século
XX (PEREIRA, 2013). A obra conta que o Cap. Machado tinha três filhos adotivos sendo um
deles chamado Leonídio Antero da Silveira que, por herança, recebeu a área da Ilha, assim
passando a ser nomeada de Ilha do Leonídio.

Devido à falência de uma Charqueada em Pelotas, da qual Leonídio era dono, a área da Ilha foi
vendida e dividida em 10 lotes com 8 compradores. Assim, surgiram as propriedades que foram
passadas de geração em geração com a predominância de famílias de origem portuguesa.
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Figura 4 - Mapa aproximado da Ilha do Leonídio. Fonte: imagem de satélite retirada do site “MapCarta.com”.

A história da Ilha do Leonídio foi pouco documentada, de modo que a sua vizinha, a Ilha dos
Marinheiros, é mais conhecida e há artigos sobre sua formação. Apesar disso, pode-se acreditar
que estas duas ilhas passaram pelo mesmo processo de ocupação, pois são áreas próximas e,
geralmente, as documentações citam as duas Ilhas. Antes da colonização portuguesa, segundo
Carlos Leonardo Coelho Recuero, em sua dissertação “Festas religiosas na Ilha dos
Marinheiros: os ilhéus entre o sagrado e o profano. Um estudo Fotoetnográfico”, as áreas das
ilhas eram ocupadas por povos indígenas da tribo dos Minuanos, povo nômade que viviam da
caça e pesca para a sua sobrevivência, em época de verão (RECUERO, 2008). Por outro lado,
na obra do historiador gaúcho Luiz Henrique Torres, “A Ilha dos Marinheiros na documentação
escrita e imagética”, diz que não há vestígios de presença indígena nas ilhas no período do
século 18, e que os documentos estão relacionados apenas à ocupação de militares portugueses
a partir de 1738 (TORRES, 2020).

Dessa forma, percebe-se que há uma certa divergência ao contar a história das ilhas em relação
à presença humana. E quando se trata da Ilha do Leonídio, a sesmaria do Capitão Machado é o
que foi encontrado.
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Sobre as famílias que se desenvolveram na Ilha do Leonídio, a maioria tem descendência


portuguesa, de modo que os mais antigos possuíam um leve sotaque do português lusitano,
porém, não foi transmitido aos seus filhos, netos e bisnetos. Uma atividade advinda destes
portugueses, que era renda no século passado, mas houve diminuição a partir dos anos 2000,
era a fabricação de vinho. Segundo o relato de um ex-morador, cujo a família passava de
geração em geração os ensinamentos e técnicas para a produção, as uvas chegavam de Caxias
do Sul e a bebida era feita de maneira artesanal, vendida para as regiões da cidade e munícipios
vizinhos.

Figura 5 - Barris para o armazenamento de vinho, foto de 1993. Fonte: Arquivo pessoal.

No Leonídio também havia uma escola municipal em funcionamento, chamada de Plácido de


Castro, onde as aulas iam até a quarta série, mas ela foi paralisada na década de 90. Atualmente,
a estrutura está abandonada.

Figura 6 - Antiga escola na entrada da Ilha do Leonídio. Fonte: Elina Delabrary, 2018
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2.3. Aspectos naturais da Ilha do Leonídio e a agricultura
A Ilha tem uma natureza característica do bioma Pampa, ou pradaria temperada, cuja as estações
do ano são bem definidas e o clima é úmido, com a presença de gramíneas e sem muitas árvores.
Todavia são encontradas plantas, como algumas espécies de Bambu-Taquara, sendo a Bambusa
multiplex, Bambusa textilis e a Bambusa tuldoides, além de eucaliptos (Eucalyptus globulus),
Aroeira-brava (Lithraea molleoides), entre outros gêneros. Também, a Ilha do Leonídio é
contornada pela Laguna dos Patos, de modo que formações mais diversificas de vegetação
também existem na área.
Em se tratando um pouco da fauna do local, existem várias espécies de aves, como João-de-
barro (Furnarius rufus), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus), Quero-quero (Vanellus chilensis),
Cardeal (Paroaria coronata) e o Pardal-doméstico (Passer domesticus), além de alguns répteis,
sendo a Jararaca-cruzeira (Bothrops neuwiedi), Parelheira (Philodryas patagoniensis) e a
Cobra-verde (Liophis typhlus).

Figuras 7 - Vegetação e margens da Laguna dos Patos no Leonídio. Fonte: fotos da moradora Hilda Mello Nunes,
2020.
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Figuras 8 - Pássaros na Ilha do Leonídio. Fonte: fotos de Fabinho Josi, 2021

Figura 9 - Imagem ilustrativa da Jararaca-Cruzeira, uma serpente peçonhenta, que há no Leonídio. Fonte: foto de
Márcio Borges-Martins – Herpetologia UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

Ao mesmo tempo, o solo da Ilha é fértil, assim proporcionando uma produção agrícola variada,
de acordo com a época do ano, e expressiva, com o plantio de cebola, beterraba, tomate, melão,
melancia, cenoura, abóbora, pepino, repolho, alface e couve, sendo que pode depender da
escolha do agricultor. Os produtos são comercializados em mercados e feiras de áreas próximas
à Ilha, como a Vila da Quinta, para supermercados do centro de Rio Grande e para a cidade de
Pelotas. E ainda, uma parte ou o que não foi vendido é para a subsistência da família, também
há trocas e/ou doações dos produtos entre os moradores.
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Figura 10 - Plantação de cebola na Ilha do Leonídio, uma das mais significativas. Foto da moradora Hilda Mello
Nunes, 2020.

De acordo com uma pesquisa feita por Tânia Ferreira da Luz, em sua dissertação “A
representatividade da agricultura familiar no espaço agrário do município do Rio Grande/RS”,
o serviço feito, como preparar a terra, plantar e colher, é feito pelos próprios membros da família
na propriedade (DA LUZ, 2014), exceto quando o agricultor contrata alguém de fora para a
realização de colheitas em culturas de longas áreas, por exemplo a cebola. Além do mais, em
algumas das propriedades as mulheres fazem o papel de dona de casa e, ao mesmo tempo,
responsável pela produção.
Ainda sobre a pesquisa, é constatado que é maioria dos moradores da Ilha do Leonídio têm
acesso aos benefícios sociais, como o Bolsa Família e a aposentadoria. Alguns estão inscritos
no PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), que oferece
vantagens para a compra de tecnologias para as atividades agrícolas e o desenvolvimento no
campo.
Chama a atenção a continuidade das atividades, pois a maioria dos produtores relatam que,
provavelmente, os filhos não assumirão a propriedade e dar sequência à agricultura familiar.
Isso porque, devido às dificuldades enfrentadas pelos pais, como o trabalho cansativo que pode
render em nada, por conta de fatores climáticos, além de um retorno financeiro que, muitas
vezes, é escasso, incluindo também a localização da Ilha, sendo distante dos centros urbanos,
desestimulam os filhos a permanecer na agricultura, optando por outras oportunidades, como a
entrada em universidades, ofertas de emprego na cidade, e outras novidades que são oferecidas
aos mais jovens – menores de 28 anos –.
Com isso, surge a questão sobre a ocupação e o futuro da agricultura familiar na Ilha do
Leonídio. Por experiência própria, é visto a venda de terras e o afastamento dos jovens, nascidos
a partir dos anos 2000, com o campo. Esse fato está relacionado à falta de políticas públicas,
incentivos aos agricultores e para estimular a permanência dos jovens.
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Figura 11 - Criança no meio de uma plantação de repolho. Fonte: fotos da moradora Valéria Zarnott Nunes,
2021.

Um exemplo sobre as dificuldades enfrentadas na agricultura é o fator climático, pois em épocas


de chuvas intensas as plantações são alagadas, assim podendo acarretar perdas da cultura e,
consequentemente, não ocorre o retorno financeiro que foi aplicado anteriormente na produção.

Figura 12 - Estrada que liga a Ilha do Leonídio à Vila da Quinta, muito alagada. Fonte: foto do morador Marcos
Morgado, 2018.
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Ademais, é importante ressaltar a fala de uma moradora sobre a agricultura na Ilha do Leonídio.
Embora ela considere que seja um lugar bom para a agricultura, é complicado começar alguma
atividade: “É relativamente bom para quem já exerce a agricultura a muito tempo, que tem uma
certa estabilidade financeira. Mas quem quer começar do zero é meio difícil, tem que ser muito
criativo para investir num negócio lucrativo” (frase de um dos moradores durante algumas
perguntas, 2021).

2.4. Viva Nossa Senhora de Fátima: a Festa da Ilha


Na Ilha do Leonídio, a Festa de Nossa Senhora de Fátima representa religiosidade, integração
e diversão.

Figura 13- Cartaz sobre a programação da Festa de Nossa Senhora de Fátima, em 2019. Fonte: Página no Facebook
“Nossa Senhora de Fátima – Ilha do Leonídio”

Igualmente chamada de Festa da Ilha, o evento que ocorre sempre no mês de maio é marca da
cultura no Leonídio e muito apreciado não só pelos moradores, como também por outros de
áreas próximas. De acordo com os mais antigos da Ilha, essa festa, que virou tradição
praticamente, acontece há mais de 50 anos, com modificações ao longo do tempo.
Em um domingo do quinto mês do ano, geralmente o posterior ao domingo dia das mães, ocorre
a festa. Ela começa pela manhã com uma missa na Capela de Nossa Senhora de Fátima,
inaugurada em 1948 e localizada logo quem chega à Ilha.
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Figura 14 - Foto de 2018 da Capela de Nossa Senhora de Fátima, que passou por reformas no ano de 2020.
Fonte: Silas Theodoro.

No início da missa, são hasteadas as bandeiras do Brasil e de Portugal, representando a forte


presença da cultura lusitana na Ilha. Logo, as preces em homenagem à Santa começam, há ainda
a presença de aias, sendo crianças que ficam no altar, perto da estátua de Nossa Senhora de
Fátima, e que também a acompanham durante a procissão à tarde.

Figuras 15 - Interior da Capela, à direita a estátua de Fátima no dia da festa. Fonte: Página no Facebook “Nossa
Senhora de Fátima – Ilha do Leonídio”, 2019 e 2020
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Figuras 16- Foto das aias no altar durante a missa. Fonte: Página no Facebook “Nossa Senhora de Fátima – Ilha
do Leonídio” , 2019
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Figuras 17 - Imagens de 2020 da Capela depois de reformada. Fonte: Anna Lúcia Dias.

Perto do meio-dia no Salão Comunitário, que fica próximo à Capela de Nossa Senhora de
Fátima, os festeiros e moradores da Ilha do Leonídio preparam a almoço. É servido churrasco,
leitão assado e canja. O salão fica cheio nesse horário e ainda conta com a discoteca da
Vibrasom com músicas para casais dançarem.

Figura 18 -Salão Comunitário no Leonídio, onde são realizados o almoço e a festa durante toda a tarde, além do
baile de encerramento à noite. Fonte: Página no Facebook “Nossa Senhora de Fátima – Ilha do Leonídio”, 2019
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Figuras 19 - Imagens do Salão Comunitário no dia da festa. Fonte: Página no Facebook “Nossa Senhora de
Fátima – Ilha do Leonídio.” 2019
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É importante ressaltar a participação da população na organização da festa, isso ocorre por conta
da integração dos moradores uns com os outros.
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Figuras 20 - Organização da festa, em 2019. Fonte: Página no Facebook “Nossa Senhora de Fátima – Ilha do
Leonídio.

Ao longo da tarde a festa continua com a presença de vendedores de doces, salgados e outras
comidas, além roupas, brinquedos e objetos variados. O interessante é que as estradas tão
calmas e silenciosas, como mostra a figura 21, ganham vida no dia da festa, figuras 22 e 23,
pois as barracas de venda percorrem o caminho entre o Salão Comunitário e a Capela de Nossa
Senhora de Fátima, inclusive um trecho da estrada que adentra a Ilha do Leonídio.

Figura 21 – Fonte: página no Facebook “Projeta Rio Grande RS”, 2021.


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Figura 22 - Fonte: Página no Facebook “Nossa Senhora de Fátima – Ilha do Leonídio.”, 2019

Figura 23 - Foto de Magda Lopes, 2019.


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Nos dias próximos à festa são colocadas bandeirinhas azuis e brancas ao longo das estradas
principais, assim embeleza a Ilha do Leonídio e gera expectativas nos moradores.

Figura 24 - Foto de Silas Theodoro, 2019

A procissão às 16h é feita por quase todos os presentes na festa. É o momento de agradecer,
pagar promessas, fazer pedidos e/ou celebrar Nossa Senhora de Fátima. A estátua da Santa é
carregada por alguns moradores, enquanto em um carro de som é feita preces e louvações como
“Viva Nossa Senhora de Fátima! ”. O trecho percorrido inicia na Capela, indo pela estrada que
adentra o Leonídio, até uma espécie de campo (veja as figuras 25 e 26), dando um pouco mais
de meio quilômetro.

Figura 25 - Linha em amarelo indica o percurso da procissão, desde a Capela até um campo. Fonte: Google Earth.
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No final, os presentes recolhem para si flores, que ficam postas em uma parede baixa de
concreto. Depois disso, retornam até a Capela.

Início da procissão.
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Um dos trechos do percurso.

Chegada ao ponto final para o recolhimento de flores.


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Figura 26 - As três últimas imagens correspondem à procissão na Festa da Ilha de 2018. Fonte: Página no
Facebook “Nossa Senhora de Fátima – Ilha do Leonídio.”

Logo após às 18h, acontece a queima de fogos nas proximidades da Capela. Conforme a noite
se aproxima as pessoas se dirigem ao Salão Comunitário onde será o encerramento da festa. O
baile da Vibrasom, que vai até a meia-noite, podendo variar o horário, conta com músicas
sertanejas, gaúchas, de forró, funk, e outros estilos.
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Figura 27 - Baile de encerramento da Festa da Ilha, em 2019. Fonte: Página no Facebook “Nossa Senhora de
Fátima – Ilha do Leonídio. ”

Outro destaque na Ilha do Leonídio é que não acontece apenas a Festa de Nossa Senhora de
Fátima. Em 2019, por exemplo, ocorreu uma Festa Junina e também de Natal. Além disso,
periodicamente, os Bailes de Casais no Salão Comunitário com a presença de bandas regionais
também são organizados.

Figura 28 - Convite para o Baile de Casais. Fonte: Página no Facebook “Nossa Senhora de Fátima – Ilha do
Leonídio. ”
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Figura 29 - Festa Junina em 2019. Fonte: Página no Facebook “Nossa Senhora de Fátima – Ilha do Leonídio. ”

Figura 30 - Chegada dos Papais Noéis em um trator, na Ilha do Leonídio, 2019. Fonte: Página no Facebook “Nossa
Senhora de Fátima – Ilha do Leonídio ”.
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2.5. A Ilha dos Marinheiros

Figura 31 - Pôr do Sol na Ilha dos Marinheiros. Fonte: Denner Valle, 2018.

É certo que a Ilha dos Marinheiros é a mais conhecida pela população rio-grandina, de modo
que a sua formação foi mais registrada na história. Como já dito anteriormente, há desacordo
com relação aos primeiros habitantes desta Ilha.
Apesar disso, existe um consenso que durante o século XVIII, por volta de 1737, com a intenção
da Coroa Portuguesa de povoar a região de Rio Grande, sob a ameaça de perder suas terras para
invasores e os espanhóis, era necessária a construção de fortificações e casas, assim
desenvolvendo uma vila. Para isso, a demanda por madeira era alta naquele tempo, então os
marinheiros portugueses eram encarregados de trazer madeira, além de água potável, na região
que se chamaria de Ilha dos Marinheiros, de acordo com a dissertação de Carlos Leonardo
Coelho Recuero (RECUERO, 2008).
Segundo o livro de Luiz Henrique Torres (TORRES, 2020), a disponibilidade de madeira de
boa qualidade e os recursos naturais, como água potável e solo fértil, agradou a população da
Vila do Rio Grande, então nome da cidade, fazendo os moradores da vila construírem
residências na região dos Marinheiros, sendo primeiro o comerciante português José de Souza
Rey, em 1799, que passaria os finais de semana no lugar.
Ainda, a Ilha dos Marinheiro foi dividida por André Ribeiro Coutinho, comandante militar, em
três sesmarias para Antônio dos Anjos, Antônio Araújo Vilella, e Antônio Pereira de Farias, em
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1739. Mas cinco anos depois, as terras passariam a ser pertencentes à Marçal da Silva Veiga.
Posteriormente, pedaços de terras seriam vendidos, iniciando o processo de habitação na Ilha.
Em 1858, eram 961 habitantes, sendo 743 livres e 227 escravizados. A presença de pessoas
escravizadas na Ilha ocorria por conta das atividades, como a agricultura, que começavam a ser
desenvolvidas na região.
O gráfico da figura 32 mostra o número de habitantes (eixo vertical) na Ilha dos Marinheiros
ao longo dos séculos passados até 2010 (eixo horizontal). Os dados foram retirados do livro de
Torres “A Ilha dos Marinheiros na documentação escrita e imagética”, 2020.

Figura 32 - Gráfico feito pela autora no site “Canva”.

Através da observação da linha, percebe-se que a ocupação na Ilha dos Marinheiros cresceu
muito durante o início do século XX, chegando a quase 7.500 habitantes na região em 1940,
sendo o desenvolvimento das atividades econômicas a principal causa. Entretanto, 30 anos
depois, o número de habitantes declinou e continuou em queda até os anos 2000, momento em
que a linha permaneceu, praticamente, constante nos anos sucessores.
O declínio acentuado a partir da década de 40 e 50 pode estar associado à enchente que ocorreu
em 1941, que causou prejuízos na agricultura e afastou os moradores da Ilha, às crises
econômicas, ao crescimento da cidade de Rio Grande, atraindo as pessoas para o centro e
arredores, além do acesso à Ilha ser limitado, pois era preciso a travessia de barco e não havia
ponte naquele tempo.
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Aliás, desde o século XIX a ideia de construir uma ponte que dava acesso à Ilha via transporte
terrestre já existia, porém, as obras iniciaram em 1999 até a inauguração, em 2004. Foram feitas
duas pontes que conectam a Ilha dos Marinheiros à Ilha do Leonídio, a primeira tem 90 metros
e a segunda possui 150 de comprimento. Inclusive, uma ponte que ligasse a Ilha do Leonídio à
Vila da Quinta também era necessária, sendo a de concreto feita no final da década de 50.

Figura 33 - Uma das pontes que ligam as duas Ilhas. Fonte: foto de Iolinda Fontes, 2020.

Figura 34 - Leonardo da Hora, 2021.


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Figura 35 - Marcos Morais, 2019.

Assim como na Ilha do Leonídio, a presença de portugueses ou luso-brasileiros era, e ainda é,


expressiva. De acordo com Recuero, apesar de que naquele tempo haviam negros escravizados,
com o fim da escravidão no Brasil, a maioria migrou para Rio Grande. Deve-se salientar que
estas pessoas realizavam o trabalho nas atividades agrícolas, na extração da madeira, que
também atribuísse aos marinheiros, e na coleta de água potável na Ilha (RECUERO, 2008).
Os portugueses que habitavam os Marinheiros eram de origem das cidades Águeda, Aveiro e
Bairrada, em Portugal. Estes trouxeram a cultura da uva para a Ilha, assim fabricando vinho,
vinagre e a Jurupiga, essa é similar ao Vinho do Porto e feita a base de suco de uva, sem
fermentação, com sabor adocicado, sendo também considerada Patrimônio Histórico Imaterial
de Rio Grande. Essa bebida alcoólica era para o consumo próprio e para vender em Rio Grande,
Porto Alegre e até São Paulo, no início do século XX. Porém, a produção de uva caiu na Ilha,
devido às condições adversas para o seu desenvolvimento, como o aparecimento de pragas.
Hoje há poucos comerciantes, que atendem turistas principalmente (RECUERO, 2008).
Os moradores da Ilhas dos Marinheiros e do Leonídio, ao longo do tempo, enfrentaram
inúmeras dificuldades e demoras com relação ao acesso que as áreas urbanas estavam
recebendo, como energia elétrica, que na Ilha dos Marinheiros só foi implementada em 1992,
segundo Recuero. O desenvolvimento dos Marinheiros hoje está atrelado ao seu potencial
turístico, cultural, econômico e para estudos acadêmicos, mas ainda as atuais gerações vivem
em uma escassez de serviços e infraestrutura precária.
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Figura 36 - Imagem da Ilha dos Marinheiros no século XIX, ao fundo é possível ver a cidade de Rio Grande. Fonte:
livro “A Ilha dos Marinheiros na documentação escrita e imagética”, de Luiz Henrique Torres.

2.6 Aspectos naturais da Ilha dos Marinheiros e as atividades econômicas


A fauna e a flora da Ilha dos Marinheiros são semelhantes às da Ilha do Leonídio, porém, com
algumas singularidades (veja as figuras 37, 38, 39 e 40). Além de matas, há dunas no interior
da Ilha, marismas, terraços e lagoas, por conta de depressões que acumulam a água da chuva.
(RECUERO, 2008).
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Figuras 37 - Página no Facebook “Ilha dos Marinheiros”, 2014.

Figura 38 - Bete Marques, 2020.

Figura 39 - Fernanda Santiago, 2016.


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Figura 40 - Rodrigo Teixeira, 2021.

Além de abrigar as mesmas espécies de aves existentes na Ilha do Leonídio, na Ilha dos
Marinheiros encontra-se também o Canário-da-Terra (Sicalis flaveola), Tesourinha (Tyrannus
savana), Garça-branca (Ardea alba), Anu-branco (Guira guira), entre outras, como as da figura
41.
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Figuras 41 - Aves na Ilha dos Marinheiros. Fonte: imagens de Fabinho Josi nos anos 2014, 2015 e 2016.
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Os pássaros são destacados em se tratando da fauna das Ilhas dos Marinheiros e do Leonídio,
porque são os principais constituintes desses lugares e chamam a atenção das pessoas pelos
belos cantos, tornando estes sons característicos das ilhas. Os animais encontram nestas regiões
e em algumas localidades rurais alimento e abrigo para viver e se reproduzir, inclusive quando
são apenas migratórios. Mesmo assim, salienta-se que há outros seres, como algumas espécies
de cágados.

Figura 42 - Fabinho Josi, 2016.

Há variadas atividades econômicas na Ilha dos Marinheiros, como a agricultura familiar, pesca,
cultivo de flores e o turismo. De acordo com a dissertação de Tânia Ferreira da Luz, cada setor
da Ilha tem diferenças em relação a essas atividades. No Porto do Rey, além da floricultura, são
desenvolvidos produtos de hortifrutigranjeiros, a plantação de uva para a produção da
Jurupiga/Jeropiga, geleias e vinho, além de morango sem agrotóxicos, de forma que alguns dos
produtores adotam a agroecologia no plantio, com o intuito de não causar impactos negativos
na natureza e oferecer um produto de qualidade, sem agrotóxicos, aos consumidores (DA LUZ,
2014).
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Figura 43 - Estabelecimento onde é vendida a Jurupiga. Fonte: Rio Grande Tem, 2018.

Figura 44 - Fonte: RBS TV, 2019.

Na área da Marambaia, outro setor dos Marinheiros, a agricultura familiar é também praticada,
com legumes e verduras, mas é a pesca artesanal que se sobressai. Os principais pescados são:
o Camarão, a Tainha, Corvina, o Peixe-rei, Siri, Linguado e o Papa-terra, estes são vendidos
para as demais regiões da cidade.
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Figura 45 - Foto de barcos de pesca na Marambaia. Fonte: Mauren Rodrigues, 2021.

Figura 46 – Fonte: Notep (Núcleo de estudos em organização, trabalho e participação), 2016.

A Coréia é uma parte da Ilha em que somente a pesca é a atividade dos moradores, é também
um local em que as condições de vida são mais precárias, há muitas residências que servem
para descanso aos finais de semana. Na área chamada de Fundos ocorre o escoamento da
produção na Ilha dos Marinheiros para o centro de Rio Grande, sendo predominante, já que há
terrenos sem nenhum plantio no local. O quinto setor da Ilha dos Marinheiros, Bandeirinhas,
há a agricultura familiar, com a cultura da cebola, tomate, couve e alface, sendo adotadas as
práticas tradicionais, pois a fertilidade do solo no local é menor. A pesca também é praticada
por parte da população (DA LUZ, 2014).
42

Figura 47 - Agricultura nos Marinheiros. Fonte: Luciana Mello, 2020.

Figura 48 – Fonte: Carlos Recuero, 2008.

Figura 49 - Mapa com a localização dos setores da Ilha dos Marinheiros. Imagem de satélite retirada do “Google
Earth”.
43
2.7. O paraíso: pontos turísticos na Ilha dos Marinheiros
Quem observar apenas a natureza da Ilha dos Marinheiros verá que, em essência, o lugar já tem
um potencial turístico, conforme aprensentam as figuras 50 a 54. As belezas proporcionadas
pelas dunas, lagoas, árvores e a Laguna dos Patos, além da tranquilidade do lugar, fazem muitas
pessoas irem aos finais de semana para a Ilha. De fato, a maioria dos moradores que foram
indagados sobre os pontos positivos da Ilha relataram que a conexão com a natureza é um dos
motivos principais que tornam os Marinheiros um lugar bom para morar.
44

Figuras 50 - Imagens da página no Facebook “Ilha dos Marinheiros”, 2014.

Figura 51 – Fonte: Ioni/RS, 2016.


45

Figura 52 – Fonte: Página no Facebook “ Imagens Ilha dos Marinheiros”, 2014.

Figura 53 – Fonte: Caroline Savino Maia, 2020.


46

Figura 54 - Rosana Almendares, 2020.

Por conta disso, a Ilha dos Marinheiros foi mostrada em reportagens da mídia do Rio Grande
do Sul e também do município “(...) ao subir o cordão de dunas que circunda a Ilha nos
deparamos com um lindo cenário com lagoa de água cristalina e dunas que surgem aos olhos
numa incontestável beleza” (site da Prefeitura Municipal de Rio Grande, acesso em outubro de
2021).
Com a inauguração das pontes que ligam as ilhas, em 2004, o acesso mais facilitado à Ilha dos
Marinheiros atraiu os outros rio-grandinos para este lugar, assim o turismo foi se
desenvolvendo. O setor Porto do Rey é mais conhecido, onde fica o Recanto Nossa Senhora de
Lourdes, inaugurado em 2007 em homenagem à Santa, e a Lagoa das Noivas, que fica entre as
dunas da Ilha, próxima ao Recanto (figuras 55 a 59). Em época de verão, esta parte da Ilha dos
Marinheiros é muito visitada e, segundo a dissertação de Tânia Ferreira da Luz, com a crescente
vinda de visitantes, os moradores e responsáveis pelo turismo preocupam-se quanto à
preservação da natureza da Ilha, como o lixo deixado por alguns destes visitantes (DA LUZ,
2014). Ainda no Porto do Rey, há lancherias, bares e armazéns com doces e salgados, como a
cocada gelada, sagu de uva, salada de fruta, fofurinha de queijo e outros bolos, além de pastéis
de Camarão e de Siri.
47

Figuras 55 - Recanto Nossa Senhora de Lourdes. Imagens da página no Facebook “Ilha dos Marinheiros”, 2014.
48

Figura 56 – Fonte: Fabinho Josi, 2016.

Figura 57 – Fonte: Fabinho Josi, 2021.


49

Figura 58 - Lancheria em frente ao Recanto. Fonte: RBS TV, 2019.

Figura 59 - Lagoa das Noivas. Foto de Ricardo RG, 2019.

Os campings na Ilha dos Marinheiros também são conhecidos pelos turistas, em especial o
Camping Kiosk no Porto do Rey (figuras 60 a 62), estes espaços dão acesso à Laguna dos
Patos, oferecendo uma bela vista da cidade de Rio Grande, além de área para o banho em
outras lagoas. A entrada é cobrada e possui banheiros, áreas para barracas e churrasqueiras.
50
51
52
53

Figuras 60 - Fotos do Camping Kiosk. Fonte: Fabinho Josi, 2017.


54

Figuras 61 - Imagens do trapiche do Kiosk. Fonte: Samanta KR, 2020.

Figura 62 - Daniel Passos, 2021.


55
Por fim, as capelas da Ilha dos Marinheiros remontam aos séculos passados e também são
lugares para visitas, batizados e comemorações. A Capela de São João Batista, no Porto do Rey,
foi inaugurada em 1858, a Capela de Nossa Senhora da Saúde, no setor Fundos, de 1928, e a
Capela Santa Cruz, na Marambaia, de 1935.

Figuras 63 - Capela de São João Batista. Fonte: página no Facebook “SJoão Batista Capela”, 2018.
56

Figura 64 - Capela da Nossa Senhora da Saúde. Fonte: Daniel Teixeira Meirelles Leite, 2016.

Figura 65 - Capela Santa Cruz. Fonte: Marli Marques, 2021.


57
Percebe-se que o Porto do Rey é o principal em relação ao turismo na Ilha dos Marinheiros,
mas isso não pode ofuscar os potenciais dos outros setores. Até porque, é a natureza que
concede todo o seu encanto à Ilha, de modo que em um passeio por toda a estrada que circula
a Ilha é possível vislumbrar um ambiente natural, preservado e tranquilo. Por esses motivos, a
Ilha dos Marinheiros é por muitos chamada de “o paraíso”, não só pelas belezas, mas também
por ser um lugar incomparável para viver ou apenas visitar.

Figura 66 - Cartaz com a frase “Sonho de morar aqui!”, na Ilha dos Marinheiros. Fonte: Tânia Ferreira da Luz,
2014.

Figura 67 – Fonte: Fabinho Josi, 2021.


58
2.8. O Meio Rural: a agricultura familiar e as relações entre os moradores do campo com o
meio ambiente
A Ilha dos Marinheiros e a Ilha do Leonídio são zonas rurais da cidade de Rio Grande, com o
predomínio da agricultura familiar na economia, de modo que a pesca também se enquadra
neste conjunto. De acordo com a dissertação de Tânia Ferreira da Luz, “A representatividade
da agricultura familiar no espaço agrário do município do Rio Grande/RS”, o conceito de
agricultura familiar é amplo e difere entre estudiosos (DA LUZ, 2014), porém, pode-se destacar
estas caracterizações para a definição de agricultura familiar: policultor, abastecimento do
mercado interno e mão de obra que utiliza os membros da família do(a) proprietário(a).
Certamente, a mão de obra familiar é a base deste modelo produtivo, até mesmo a legislação
brasileira, na Lei 11.326/2006, artigo 3, (BRASIL, 2006), considera agricultor familiar aquele
que utiliza, principalmente, a mão de obra da própria família no empreendimento, entre outras
atribuições.
Outra característica da agricultura familiar é a produção de diferentes culturas. Como já relatado
anteriormente, nas Ilhas dos Marinheiros e do Leonídio a produção é bastante diversificada, e
segundo o Ministério da Agricultura e os dados do último censo do IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística), em 2017, a agricultura familiar é responsável pela fabricação de boa
parte dos alimentos consumidos pelos brasileiros, como frutas e hortaliças, feijão, mandioca,
café e o leite. Portanto, o abastecimento do mercado interno é realizado por esse segmento,
enquanto que a produção de soja, cana de açúcar, milho e trigo é destinada à exportação ou para
a fabricação de ração animal. Na dissertação de Tânia Ferreira, é dito que 70% do abastecimento
de comida no Brasil é realizado pela agricultura familiar, em contrapartida, em um artigo da
Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), feito pelos analistas Calixto Rosa
Neto, Francisco de Assis Correa Silva e Leonardo Ventura de Araújo, em 2020, esse número é
visto com ceticismo por alguns, pois não haveriam dados sólidos que fundamentassem esta
afirmação.
Em nota técnica publicada em 2014 na revista Segurança Alimentar e Nutricional,
editada pela Unicamp, o professor Rodolfo Hoffmann pondera que a afirmação de que
70% dos alimentos produzidos no Brasil advêm da agricultura familiar não faz
sentido. Para este autor, seria necessário definir o total de alimentos. “Somam-se
toneladas de soja com toneladas de uva e toneladas de açúcar? Toneladas de açúcar
ou toneladas de cana-de-açúcar? [...] Toneladas de trigo, de farinha de trigo ou de
pão?” Para Hoffmann, em virtude dessa grande heterogeneidade dos alimentos, não
faz sentido somar as quantidades físicas.
59
Contudo, assim como defendido pelos analistas, não há como diminuir a importância da
agricultura familiar na produção de alimentos para o mercado interno, não só em se tratando do
Brasil, mas também do restante do mundo. De acordo com uma notícia da ONU Brasil
(Organização das Nações Unidas), em abril de 2021, pequenos produtores rurais são
responsáveis pela fabricação de 35% dos alimentos no mundo, segundo uma pesquisa da FAO
(Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura). Na China, por exemplo,
80% dos alimentos são oferecidos por esses agricultores. E ainda, a notícia destaca que estes
dados servem para dar ênfase à agricultura familiar, além de auxiliar na formulação de políticas
públicas para diminuir as desigualdades entre países ou regiões.
Os agricultores familiares precisam ser resilientes e, de certa forma, adaptáveis. Não é raro a
perda de uma cultura inteira por conta de chuvas intensas, granizo, ventos fortes ou até a seca,
além de pragas ou condições do solo. Com isso, o investimento na produção, como a compra
de sementes e insumos agrícolas, não é retornado, causando sérios prejuízos à vida deste
trabalhador e sua família. Esse fato pode ser sintetizado pela fala do agricultor Laerte Luiz da
Rosa, em um vídeo divulgado pelo site do IBGE, 2017.
A agricultura familiar a gente tira do sustento, um pouco pra comprar o pão de cada
dia, a roupa, o estudo, entendeu? [...]. Quando não tá colhendo a gente tem que dar
um jeito de economizar ou comprar fiado, até começar a colher. Se eu planto pé de
quiabo, leva três meses pra produzir, se até produzir eu não tiver estrutura antes, como
é que eu vou me alimentar? Fica difícil.

A relação entre meio ambiente e agricultura familiar está dividida, observando os resultados do
IBGE de 2017, em se tratando do Rio Grande do Sul, entre aqueles produtores que utilizam
técnicas rudimentares para o cultivo, como o convencional, sendo isso feito na Ilha do Leonídio,
com prevalência da utilização de adubação química e uso de agrotóxicos, e entre os que adotam
a agroecologia, como ocorre na em algumas partes da Ilha dos Marinheiros, sem o uso de
venenos para as pragas, além do plantio direto, que mantém a vegetação, assim protegendo o
solo. Além disso, muitos utilizam a prática de rotação de culturas, considerada boa para a
recuperação dos nutrientes no solo, que consiste em alternar as produções de forma planejada,
para que o solo “descanse” e promova a sua adubação.
Desta forma, entende-se que a agricultura ainda precisa melhorar suas técnicas de cultivo, com
o uso de tecnologias e maneiras menos agressivas à fauna e flora e aos recursos naturais, já que
este setor, primordial para o Brasil, depende da natureza para o seu desenvolvimento. Portanto,
partindo desta ideia, o meio rural está intimamente ligado à natureza, e entender as ações e
pensamentos dos moradores dessas zonas podem ajudar a compreender que tipo de relação há
60
entre o homem do campo com o meio ambiente. Isso porque, é este indivíduo que é moldado
pelas situações que a natureza impõe e vice-versa. Conforme a filosofia do espanhol José Ortega
y Gasset, o ser humano, antes de pensar sobre si mesmo, precisa considerar o mundo do qual
ele vive, pois são as circunstâncias do ambiente que estruturam as atitudes e os pensamentos
individuais ou coletivos. Complementando, José Ortega diz que somos dependentes do mundo,
de modo que nossas ações refletem na maneira como este mundo se apresenta para nós. “Eu
sou o que me cerca. Se eu não preservar o que me cerca, eu não me preservo. ” (José Ortega y
Gasset, 1883-1955)
Então, com esta justificativa, foram feitas perguntas, fechadas e abertas, a alguns moradores de
certas zonas rurais da cidade de Rio Grande, via internet, são elas: Ilha da Torotama, Ilha do
Leonídio, Ilha dos Marinheiros, Quitéria e Taim. Os moradores questionados são de diferentes
faixas etárias e grande parte são do gênero feminino. As perguntas elaboradas estão no apêndice
deste projeto.
Os moradores foram indagados se estão contentes com o local em que moram e se viveriam em
outro lugar da cidade, como os centros urbanos. O resultado foi que 3/4 responderam que não
se mudaria para outro local, portanto, estando feliz em sua zona. Essa porção de moradores, em
pergunta sobre os pontos positivos do lugar em que moram, relatou que a presença da natureza
e a tranquilidade do local são os principais, em segundo plano é por conta das atividades
econômicas nas zonas rurais, como pesca e a agricultura. Porém, entre os pontos negativos do
local, assim como que os responderam que não estão felizes ou que se mudariam para outro
lugar, estão a falta de saneamento básico, além de mercados, atendimento médico e escolas,
além da distância do centro da cidade. Uma moradora da Ilha dos Marinheiros ainda ressaltou
a negligência do poder público.
Por meio disto, percebe-se que as zonas rurais não são atendidas e não recebem o tratamento
dos resíduos e dos dejetos, cabendo aos moradores montarem suas próprias estruturas, como a
utilização de poços artesanais para a extração de água e fossas sépticas para o esgoto. Ademais,
o destaque à ausência de violência nestes locais é o que, provavelmente, mantém muitas pessoas
afastadas dos centros urbanos, onde a criminalidade é exacerbada.
Após estas perguntas, os moradores foram indagados sobre alguns aspectos ambientais, como
a utilização da água, a destruição do meio ambiente, o aquecimento global, o desmatamento.
Em suma, todos acreditam que a água pode acabar um dia, se nada for feito para economizá-la,
assim como se a natureza for completamente devastada, a vida humana estará em perigo.
61
Tais perigos também incluem os problemas do aquecimento global. Sob uma breve explicação
deste processo, foi perguntado se o morador considerava isso uma mentira, de forma que grande
parcela dos entrevistados respondeu que consideram o acontecimento verdadeiro. O
desmatamento também foi exposto, em que mais de 87% pensam que este deve acabar.
Outra questão perguntada foi sobre a votação em candidatos, nas próximas eleições, que apoiam
e defendem um manejo sustentável dos recursos naturais, bem como a preservação ambiental,
cerca de 90% responderam que dariam seu voto a esses indivíduos. Isso mostra que estes
moradores desejam que seus futuros representantes sejam ativos na proteção do meio ambiente,
com políticas e investimentos para esta área.
A última pergunta feita foi sobre o que o morador do meio rural faz com o objetivo de preservar
o planeta e os recursos naturais, foram dadas várias atitudes, como economia de água e energia,
consumo consciente, reaproveitamento e reciclagem de materiais, também havia a opção de o
morador colocar sua própria resposta. Todos disseram que realizam alguma ação, e a mais
votada foi a de não maltratar ou possuir animais silvestres sem a autorização dos órgãos legais.
Portanto, estas questões foram para entender o quanto de importância esse grupo dá em relação
à natureza e aos recursos naturais para a sua vida, além de saber se estão atentos às notícias
sobre os alertas do meio ambiente para os próximos anos.
62
O MEIO RURAL E ALGUMAS PARTES DE RIO GRANDE
3. METODOLOGIA E ANÁLISE DOS RESULTADOS
A metodologia deste projeto foi explicativa, de maneira que se realizou leitura de documentos,
livros, artigos e dissertações, além da procura por imagens que transmitissem a intenção descrita
nos objetivos específicos, sendo a apresentação da cultura, sociedade e natureza da Ilha do
Leonídio e da Ilha dos Marinheiros. Destaca-se, ainda, o conhecimento empírico próprio sobre
as ilhas, de moradores e ex-moradores destas áreas. Também, é necessário salientar a pesquisa
qualitativa, através de perguntas a alguns moradores das zonas estudadas (questões constam no
apêndice).
Quanto à análise dos resultados, apesar de não ter questionado números expressivos de
moradores das áreas rurais, fica nítido que parcela desta população é preocupada com a questão
ambiental, não só do lugar onde mora, mas também do restante do mundo.
Em se tratando do meio rural como um todo, um dos objetivos empregados neste projeto, apesar
de mostrar lados positivos, como a beleza natural e a tranquilidade desses locais, notou-se que
as dificuldades de acesso à saúde, educação, ao transporte e ao comércio são características das
Ilhas dos Marinheiros e do Leonídio.
63
O MEIO RURAL E ALGUMAS PARTES DE RIO GRANDE
4. CRONOGRAMA
A seguir, estão as etapas do projeto ao longo do ano.

Etapas Mês de execução

Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov.

Escolha do tema X
Levantamento da X X X
literatura
Aplicação das X X X X
perguntas
Elaboração do projeto X X X X X X
Entregas do projeto à X X X X
orientação e correções
Envio do projeto para a X
avaliação final
64
O MEIO RURAL E ALGUMAS PARTES DE RIO GRANDE
5. ORÇAMENTO: RECURSOS HUMANOS, MATERIAIS E FINANCEIROS
A utilização da internet e os recursos tecnológicos foram preponderantes para a realização deste
projeto. A participação de ex-moradores das áreas estudadas também foi muito significativa
para o desenvolvimento e prestação de informações que não constam em nenhum outro
documento, artigo ou site.
65
O MEIO RURAL E ALGUMAS PARTES DE RIO GRANDE
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os objetivos propostos neste projeto foram alcançados, porém, existem lacunas que precisam
ser preenchidas em se tratando da história das ilhas, principalmente, da Ilha do Leonídio, em
razão das poucas informações sobre sua formação ao longo do tempo. Por isso, deixa-se um
espaço para a realização de novas pesquisas e a criação de novos trabalhos.
Ademais, sobre o reconhecimento do potencial turístico e cultural das Ilhas dos Marinheiros e
do Leonídio, salienta-se que a infraestrutura e acesso aos locais não são bons, como as
condições das estradas. Além disso, esses problemas também fazem com que alguns
agricultores desistam desse ofício para ir morar em outros locais da cidade. A agricultura
familiar pode estar em declínio, especialmente, na Ilha do Leonídio, por conta do desinteresse
por parte da população mais jovem em continuar trabalhando no campo. Inclusive, percebe-se
que pesquisas sobre a real abrangência da agricultura familiar no Brasil e no mundo devem ser
levantadas com maior precisão, pois os dados apresentados por órgãos nacionais e
internacionais aparecem com poucos detalhamentos e a própria ferramenta utilizada pelos seus
pesquisadores não é tão nítida, de modo que surge um espaço para o ceticismo em relação a
produção de alimentos para a população em geral.
Por fim, constatou-se que os moradores do meio rural se relacionam com a natureza
diretamente, tanto para desenvolver o seu trabalho, seja na agricultura ou na pesca, quanto no
convívio do dia a dia. De modo que a conservação e o cuidado com os recursos naturais são
primordiais para a sustentação das gerações futuras dessas famílias e também para todos. Com
isso, aconselha-se que profissionais da área ambiental e o poder público estejam atentos a essas
áreas, orientando e apoiando os produtores a utilizar insumos e técnicas que não deterioram o
solo, as águas e o habitat dos seres vivos. Isso porque, muitas atividades do setor primário são
causadoras de impactos ambientais, como o uso de agrotóxicos e a compactação do solo.
66
O MEIO RURAL E ALGUMAS PARTES DE RIO GRANDE

REFERÊNCIAS

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Abastecimento. Brasília, 2019. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-
br/assuntos/agricultura-familiar/agricultura-familiar-1. Acesso em: outubro, 2021.

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produção de alimentos no Brasil e em Rondônia? Rondônia: Portal Embrapa, 2020.
Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/55609579/artigo---qual-e-
a-participacao-da-agricultura-familiar-na-producao-de-alimentos-no-brasil-e-em-rondonia.
Acesso em: outubro, 2021.

BRASIL. Lei Nº 11.326, de 24 julho de 2006. Estabelece as diretrizes para a formulação da


Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11326.htm. Acesso em:
outubro, 2021.

CENSO agro 2017. Agência IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.


Brasília, 2017. Disponível em: https://censos.ibge.gov.br/agro/2017/2012-agencia-de-
noticias/noticias/25786-em-11-anos-agricultura-familiar-perde-9-5-dos-estabelecimentos-e-2-
2-milhoes-de-postos-de-trabalho.html

DA LUZ, Tânia Ferreira. A representatividade da agricultura familiar no espaço agrário


do município do Rio Grande/RS. Dissertação de Mestrado em Geografia. Universidade
Federal do Rio Grande-FURG, Instituto de Ciências Humanas e da Informação, 2014.
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67
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NOSSA SENHORA DE FÁTIMA.ILHA DO LEONÍDIO, página no Facebook. [Sem título].


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NOSSA SENHORA DE FÁTIMA.ILHA DO LEONÍDIO, página no Facebook. [Sem título].


2019 e 2020. Figuras 15. Disponível em:
68
https://www.facebook.com/NSFIlhadoLeonideo/photos/?ref=page_internal. Acesso em:
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NOSSA SENHORA DE FÁTIMA.ILHA DO LEONÍDIO, página no Facebook. [Sem título].


2018 e 2019. Figuras 26. Disponível em:
https://www.facebook.com/NSFIlhadoLeonideo/photos/?ref=page_internal. Acesso em:
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NUNES, Hilda Mello. [Sem título]. 2020. FIGURAS 3, 7 e 10. Disponível em:
https://www.facebook.com/hilda.mellonunes/photos_by. Acesso em: junho, 2021.

PEQUENOS agricultores familiares produzem mais de um terço dos alimentos no mundo.


Nações Unidas Brasil. Brasília, 2021. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/125880-
pequenos-agricultores-familiares-produzem-mais-de-um-terco-dos-alimentos-no-mundo.
Acesso em: outubro, 2021.

PEREIRA, Célia. Memórias Socioculturais e Históricas da Vila da Quinta. ArtEstação nos


trilhos da cultura. 3. ed. Rio Grande. ArtEstação, 2013. p. 14.

RECUERO, Carlos Leonardo Coelho; Festas religiosas na Ilha dos Marinheiros: os ilhéus
entre o sagrado e o profano. Um estudo Fotoetnográfico. Dissertação (Mestrado em
Ciências humanas). Universidade Federal de Pelotas, Instituto de Sociologia Política Pelotas,
nov. 2008. Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/ppgs/files/2014/06/recuero-parte1.pdf.
Acesso em: junho, 2021.

ROTEIRO turístico na Ilha dos Marinheiros. Prefeitura Municipal do Rio Grande. Rio
Grande, sem data. Disponível em: https://www.riogrande.rs.gov.br/pagina/roteiro-turistico-
ilha-dos-marinheiros/. Acesso em: outubro, 2021.

TORRES, Luiz Henrique. A Ilha dos Marinheiros na documentação escrita e imagética.


Porto Alegre: Editora Guaíba, 2020. Disponível em:
https://issuu.com/casaletras/docs/ilha_dos_marinheiros_-_luiz_henrique_torres. Acesso em:
junho, 2021.

69
O MEIO RURAL E ALGUMAS PARTES DE RIO GRANDE

APÊNDICE

Perguntas feitas aos moradores de algumas zonas rurais da cidade de Rio Grande.

1- Em qual localidade rural de Rio Grande (RS), das citadas abaixo, você mora?
( ) Ilha dos Marinheiros.
( )Ilha do Leonídio.
( )Ilha da Torotama.
( )Taim.

2- Qual é a sua idade?


( )Até 17 anos.
( )De 18 a 24 anos.
( )De 25 a 35 anos.
( )De 36 a 50 anos.
( )51 anos ou mais.

3- Qual o seu gênero?


( )Feminino.
( )Masculino.
( )Prefiro não responder.
( )Outro:_____

4- Se pudesse escolher, você sairia de onde mora para viver em outro lugar da cidade?
( )Sim.
( )Não.
( )Não sei.
( )Talvez. Depende do lugar.

70
5- Você está feliz/contente com o local em que mora?
( )Sim.
( )Não.
( )Mais ou menos.

6- qual (is) o (s) ponto (s) positivo (s) de viver no lugar em que você mora?
( )Lugar calmo/sem violência.
( )Conexão com a natureza.
( )Bom para trabalhar (agricultura, pesca e outras atividades).
( )Para mim, não há ponto positivo.
( )Outro:____

7- qual(is) o(s) ponto(s) negativo(s) de viver no lugar em que você mora?


( )Não há ou são poucos mercados, atendimento médico próximo e escolas.
( )Falta de saneamento básico (água potável, rede de esgoto, coleta de lixo).
( )Lugar isolado ou longe de bairros e do centro da cidade.
( )Para mim, não há ponto negativo.
( )Outro:___

8- Você acredita que a água pode acabar um dia, se nada for feito para economizá-la?
( )Sim.
( )Não.
( )Talvez.
( )Não sei.

9- Você acredita que se a natureza for completamente devastada, nossa vida também estará em
perigo?
( )Sim.
( )Não.
( )Talvez.
( )Não sei.

71
10- "O aquecimento global é o processo de mudança da temperatura média global da atmosfera
e dos oceanos. O acúmulo de altas concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera bloqueia
o calor emitido pelo sol e o prende na superfície terrestre, aumentando a temperatura média da
Terra." Sobre o trecho que fala do aquecimento global, retirado do site "Ecycle.com", você
acredita que este processo é uma mentira?
( )Não.
( )Sim.
( )Talvez.
( )Não sei.

11- "O desmatamento é um dos mais graves problemas ambientais da atualidade, pois além de
devastar as florestas e os recursos naturais, compromete o equilíbrio do planeta em seus
diversos elementos, incluindo os ecossistemas, afetando gravemente também a economia e a
sociedade." (Ecycle). Você concorda com isso?
( )Não.
( )Sim.
( )Não sei.
( )Talvez.

12- O desmatamento está em alta no Brasil, de acordo com os dados divulgados recentemente
(https://jornal.usp.br/ciencias/desmatamento-da-amazonia-dispara-de-novo-em-2020). Você
pensa que isto deve acabar?
( )Sim.
( )Não.
( )Não me importo.
( )Não sabia que o desmatamento está em alta.

13- Nas próximas eleições, você daria prioridade em votar em candidatos que apoiam o cuidado
e o manejo sustentável do meio ambiente?
( )Sim.
( )Não.
( )Talvez.
( )Não sei.
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14- O que você faz com o objetivo de preservar o planeta e/ou seus recursos naturais (água,
solo, vegetação)?
( )Consumo de forma consciente (compro somente o necessário ou evito criar muito lixo).
( )Economizo água (não lavo carros e calçadas com mangueira/tento reaproveitar a água para
outras atividades/ não demoro mais que 8 minutos no banho ou desligo a torneira enquanto
escovo os dentes e lavo a louça.
( )Economizo energia (desligo lâmpadas, aparelhos e eletrodomésticos quando não são
necessários).
( )Evito descartar embalagens e sacolas de plástico (reaproveito potes, garrafas e sacolas de
plástico, quando possível ou levo minha própria sacola ou bolsa quando vou ao mercado).
( )Não maltrato ou não possuo animais silvestres (pássaros, cobras e demais animais que vivem
em ambiente natural) sem o registro do Ibama.
( )Ensino meus filhos, sobrinhos, pais, avós, amigos, tios ou outras pessoas que conheço a
mudar suas atitudes para preservar o planeta.
( )Utilizo restos de alimentos (cascas de frutas e outros orgânicos) como adubo para as plantas.
( )Nenhuma atividade.
( )Outro:____

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