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Universidade Federal do Paraná

Discente: Nix Ribeiro Gribner


Filosofia da Ciência

A LÓGICA DA PESQUISA CIENTÍFICA


Karl R. Popper

Alguns Componentes Estruturais de uma Teoria da Experiência

TEORIAS:
Popper introduz o capítulo três de sua obra elucidando o conceito de Teoria.
Segundo o autor, as teorias são estruturas conceituais elaboradas para compreender,
explicar e controlar o que chamamos de "o mundo". Entre os elementos de uma teoria
estão a causalidade, explicação e dedução de predicações.

Oferecer uma explicação causal de um evento implica deduzir um enunciado que


descreva o evento, utilizando leis universais como premissas, juntamente com enunciados
singulares que representam as condições iniciais. Existem duas categorias de enunciados:
I) os enunciados universais, que funcionam como hipóteses caracterizadas como leis
naturais; e II) os enunciados singulares, que representam as condições iniciais. Essas
condições iniciais são entendidas como a "causa" do evento em questão

Além disso, Popper propõe uma abordagem para explicar o princípio da


causalidade. Para ele, o "princípio da causalidade" afirma que todo evento pode ser
explicado de forma causal e previsto por meio de deduções lógicas.

“Se “pode” quiser dizer que é sempre logicamente possível elaborar uma
explicação causal, a asserção será tautológica, pois para toda e qualquer
predicação, poderemos, sempre, indicar enunciados universais e condições
iniciais de que a predicação é deduzível [...] Se, entretanto, “pode” quiser dizer
que o mundo é governado por leis rígidas, que ele é construído de tal forma
que todo evento específico é exemplo de uma singularidade universal, ou lei,
a asserção será, reconhecidamente, sintética. Em tal caso, porém, ela será não
falseável...” (POPPER, Karl. R. A Lógica da Pesquisa Científica. Pg. 63)

UNIVERSALIDADE ESTRTITA E NUMÉRICA

Os enunciados sintéticos universais podem ser divididos entre: “estritamente


universal” e o “numericamente universal”. Os enunciados numericamente universais, são,
equivalentes a certos enunciados singulares ou a conjunções de enunciados singulares.
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A lógica formal considera esses dois enunciados semelhantes, tratando-os como


enunciados universais. No entanto, Popper destaca uma distinção entre eles. Para ele, os
enunciados estritamente universais buscam ser verdadeiros em qualquer tempo e lugar,
enquanto os enunciados numericamente universais referem-se apenas a uma classe finita
de elementos específicos dentro de uma região delimitada de espaço-tempo. Enunciados
estritamente universais podem ser interpretados como enunciados-todos. Portanto, não
podem ser substituídos por uma conjunção de um número finito de enunciados singulares.
Por outro lado, Popper denomina enunciados "específicos" ou "singulares" aqueles que
descrevem apenas regiões delimitadas no espaço e no tempo.

“A diferença entre enunciados universais e singulares pretende-se


estreitamente à distinção entre conceitos ou nomes universais e individuais.
[...] Em todo enunciado singular devem ocorrer conceitos ou nomes
individuais. [...] Podemos utilizar signos que não são nomes próprios, mas que,
em determinada medida, são passiveis de substituição por nomes próprios ou
coordenadas individuais” (POPPER, Karl. R. A Lógica da Pesquisa Científica.
Pg. 67)

A teoria de Popper sugere a noção da desconfirmação de proposições universais.


Para o filósofo, a tentativa de identificar uma coisa individual exclusivamente por suas
propriedades e relações universais, as quais pertencem apenas a ela, é fadada ao fracasso.
Portanto, a tentativa de definir termos universais somente com base em definições
anteriores de termos individuais é considerada inadequada. Além de em enunciados
universais não ocorrem o uso de nomes individuais

ENUNCIADOS ESTRITAMENTE UNIVERSAIS E ENUNCIADOS


EXISTENCIAIS

Os enunciados que fazem uso exclusivo de termos universais são designados por
Popper como "enunciados estritos" ou "puros", sendo os enunciados estritamente
universais um exemplo disso.“A negação de um enunciado estritamente universal
equivale sempre a um enunciado estritamente existencial, e vice-versa” (POPPER, Karl.
R. A Lógica da Pesquisa Científica. Pg. 72)

Os enunciados estritamente existenciais são imunes à falsificação, uma vez que


nenhum enunciado singular é capaz de contradizê-los; apenas os enunciados universais
têm essa capacidade. Enunciados puros, sejam universais ou existenciais, não estão
sujeitos a restrições espaço-temporais; por esse motivo, não podem ser falseados. Não
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podemos examinar o mundo inteiro em busca de elementos que não existem, nunca
existiram e nem virão a existir. Por essa mesma razão, os enunciados estritamente
universais não são verificáveis. "Não podemos investigar o mundo inteiro para ter certeza
de que nada existe, proibido pela lei". Novamente encontramos a ideia de desconfirmação
dos universais proposta por Popper.

SITEMAS TEÓRICOS

Para Popper, os sistemas teóricos devem ser formulados de maneira


suficientemente clara e completa, para tornar qualquer novo pressuposto prontamente
reconhecido pelo que ele é. Há quatro requisitos fundamentais para um sistema teórico
ser axiomatizado: a) estar livre de contradições, b) ser independente, c) ser suficiente para
dedução de todos os enunciados, e d) necessário, não devem incluir pressupostos
irrelevantes.

Entre os sistemas de axiomas, o filosofo considera possíveis duas diferentes


interpretações. Os axiomas como i) convenções, quais restringirão o uso ou significado
das ideias fundamentais que os axiomas introduzem, determinaram o que pode ou não ser
dito sobre essas ideias fundamentais, esse sistema não pode ser visto como um sistema
de hipóteses empírica ou cientifica. ii) como hipóteses empíricas, que permite a definição
de conceitos fundamentais do novo sistema de axiomas, com o auxílio de conceitos
usados em alguns sistemas anteriores.

NÍVEIS DE UNIVERSALIDADE. O MODUS TOLLENS.

Dentro do sistema teórico, pode-se distinguir enunciados que pertencem a vários


níveis de universalidade. Os enunciados de maior universalidade são designados como
axiomas, dos quais enunciados de menor nível pode ser deduzidos. Enunciados empíricos
de maior nível são sempre considerados hipóteses em relação aos enunciados de menor
nível, dos quais são dedutíveis; consequentemente, podem ser falseados pela refutação
desses enunciados menos universais.

“A essa possibilidade prende-se a seguinte: podemos, em alguns casos, talvez


considerando os níveis de universalidade, atribuir o falseamento a uma
hipótese definida. [...] Isso poderá ocorrer se uma teoria bem corroborada, e
que continua a receber corroboração adicional, foi dedutivamente explicada
por uma hipótese nova, de nível mais alto.’’ (POPPER, Karl. R. A Lógica da
Pesquisa Científica. Pg. 80-81).
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