Você está na página 1de 6

1.3.

Biotecnologia no diagnóstico e terapêutica de doenças

http://pt.wikipedia.org/wiki/Biotecnologia

A Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU possui uma das muitas


definições de biotecnologia:

"Biotecnologia define-se pelo uso de conhecimentos sobre os


processos biológicos e sobre as propriedades dos seres vivos, com o fim de
resolver problemas e criar produtos de utilidade."

Biotecnologia constitui um dos expoentes máximos da integração entre


Ciência e Tecnologia e tem aplicação nas mais diversas áreas como por
exemplo, no ambiente, na saúde e na produção de alimentos.

A biotecnologia é uma área interdisciplinar que integra uma grande variedade


de conhecimentos ao nível da engenharia, biologia, imunologia, microbiologia,
ecologia, bioquímica química, genética e informática e cuja finalidade é a
produção de bens e serviços.

Esta produção recorre a seres vivos ou aos seus componentes, como parte
integrante do processo de produção.

Segundo a Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU, “biotecnologia


significa “qualquer aplicação tecnológica que use sistemas biológicos,
organismos vivos ou derivados destes, para fazer ou modificar produtos ou
processos para usos específicos.”

Estes processos industriais que utilizam os organismos vivos e derivados, são


processos de fermentação, e são utilizados, como se referiu, nas mais
variadas áreas e com mais particular interesse, na produção de substâncias
que visam o diagnóstico e tratamento de doenças.

“A biotecnologia não é uma área recente, há milhares de anos que o homem


tem feito cruzamentos seletivos com vista a melhorar a agricultura e na
produção de gado. A biotecnologia moderna “aparece” em 1980, (…) com um
microrganismo geneticamente modificado (derivada do género Pseudomonas)
capaz de quebrar o petróleo bruto. (…)

Antes dos anos 1970, o termo biotecnologia era utilizado principalmente na


indústria de processamento de alimentos e na agroindústria.

Há muita discussão - e dinheiro - investidos em biotecnologia, com a


esperança de que surjam drogas milagrosas. Embora tenham sido produzidas
uma pequena quantidade de drogas eficazes, no geral, a revolução
biotecnológica ainda não aconteceu na indústria farmacêutica. Todavia,
progressos recentes com drogas baseadas em anticorpos monoclonais, tais
como o Avastin da Genentech, sugerem que a biotecnologia pode finalmente
ter encontrado um papel a desempenhar nas vendas farmacêuticas.”

Importância biomédica dos anticorpos

Os processos biotecnológicos têm um papel importante na imunologia, mais


especificamente na produção de anticorpos. A síntese de anticorpos é feita
pelos plasmócitos, que resultam como sabes, da maturação e clonagem dos
linfócitos B, responsáveis pela imunidade humoral.

A utilização e o estudo dos linfócitos B conduziram à formação de dois tipos


de anticorpos: Os anticorpos policlonais, e os anticorpos monoclonais.

Ao entrar um antigénio no organismo, os linfócitos B são ativados, são


clonados e produzem anticorpos específicos e resposta a esse antigénio. Mas
cada linfócito B pode produzir anticorpos diferentes para o mesmo antigénio,
o determinante antigénico pode ser diferente em cada linfócito, ou seja,
quando o antigénio entra no organismo há uma produção diversificada de
anticorpos.

Ao retirar-se soro de um organismo imunizado a um determinado antigénio,


encontram-se uma série de anticorpos específicos produzidos por diferentes
clones de linfócitos B (anticorpos policlonais).
Se após a ativação for isolado um único linfócito B, será possível criar um
clone de células idênticas, produtoras de anticorpos iguais (anticorpos
monoclonais). Estes teriam a vantagem de não necessitarem de um processo
de purificação, e também de serem específicos para um determinado
antigénio. A existência de anticorpos diferentes para um mesmo agente
patogénico torna a resposta pouco eficiente, sendo os anticorpos monoclonais
os mais eficientes.

Diz-se anticorpos monoclonais porque são clones do mesmo linfócito B que


produziram estes anticorpos e apresentam entre si a mesma estrutura e
especificidade. Diz-se anticorpos policlonais quando os antigénios provêm de
vários clones de diferentes linfócitos B que foram ativados pelo mesmo
antigénio.

A utilização dos anticorpos policlonais no combate a várias doenças, data do


início do século XX, muito antes do aparecimento dos antibióticos. Os
anticorpos podem ser obtidos do soro dos animais primeiramente inoculados
com o antigénio. Por exemplo o soro antitetânico é obtido a partir de sangue
de cavalos que foram infetados com a bactéria do tétano. O organismo
desenvolve uma imunidade passiva, dado que os anticorpos foram recebidos
(seroterapia) e não produzidos pelo ser.

Com o avanço da tecnologia já é possível isolar único linfócito B e produzir


clones seus, porém é ainda impossível manter em cultura prolongada esses
clones, não sobrevivem mais de uma semana em cultura. Das muitas células B
de um clone, umas diferenciam-se em plasmócitos (que continuam a produzir
o anticorpo) e outras ficam como células de memória. Os plasmócitos já não
se dividem e sofrem apoptose (morte programada), por esta razão a produção
de anticorpos monoclonais, por esta via, é baixa.

Para a produção industrial de anticorpos monoclonais é necessário ter-se a


célula B que produz o anticorpo pretendido e associá-la a uma célula B de
mieloma que os produzirá indefinidamente.

Esta técnica foi descoberta por Georges Köhler e César Milstein, prémios
Nobel da Medicina em 1984, obtiveram em 1975, um hibridoma, ou seja, uma
célula híbrida resultante da fusão de uma célula de mieloma com uma célula
B normal.

Fundindo um linfócito B ativado com uma célula tumoral do sistema


imunitário, por vezes chamada de mieloma, que por serem malignas,
dividem-se indefinidamente. Desta fusão surge o hibridoma (genoma híbrido),
com as vantagens de formar culturas celulares permanentes (mieloma), e de
produzir anticorpos específicos para um determinado antigénio (linfócito B).
De seguida é necessário fazer uma seleção de hibridomas e aqueles que
produziram o anticorpo pretendido são isolados e, após a sua clonagem,
obtém-se anticorpos monoclonais.
A produção de anticorpos monoclonais realiza-se em cinco etapas:

- Imunização de um animal, do qual se retira os linfócitos;

- Isolamento de linfócitos B a partir do baço;

- Fusão dos linfócitos B com mielomas;

- Crescimento clonal dos hibridomas;

- Recolha e purificação dos anticorpos monoclonais.

Aplicações

-Diagnóstico de doenças ou condições clínicas, como por exemplo: testes de


gravidez, hepatite, raiva, sífilis, etc.

-Imunização passiva, como por exemplo, preparação do soro antitetânico.

-Tratamento do cancro- associação a substâncias tóxicas ou radioativas com


destruição das células cancerígenas.

-Enxertos e transplantes, testes de compatibilidade.

-Antídotos para drogas e venenos.


Biotecnologia na produção industrial de substâncias terapêuticas

A biotecnologia permite a obtenção de vários produtos com aplicações terapêuticas,


em grandes quantidades e com baixo custos, por processos de bioconversão.

A bioconversão recorre a células ou microrganismos capazes de realizarem certas


reações químicas de transformação de um determinado composto noutro composto
estruturalmente relacionado, com aplicações terapêuticas e em quantidades
industriais, mais favoráveis que a síntese química e com valor comercial.

Vantagens :- permite a obtenção de produtos que resultam de vias


metabólicas complexas; diminui o número de etapas necessárias para a obtenção do
produto, o que torna a sua produção mais rápida e económica; aumenta o grau de
especificidade, pureza dos produtos obtidos, diminuindo o risco de alergia e
realizações de transformações que não seriam possíveis por síntese química e por
último, é rentável.

Aplicações - produção de antibióticos; de esteróides; de vitaminas; de vacinas


e de Proteínas humanas

Antibióticos - A biotecnologia tem desenvolvido antibióticos cada vez mais


com um maior espetro de ação, com várias vias de administração e menor risco de
provocar reações alergénicas. São já cerca de 170 os antibióticos produzidos para
tratamentos de infeções bacterianas a partir dos fungos Penicililum e Aspergulillus e
de bactérias Streptomyces e Bacillus.

Esteroides – produzidos a partir de determinados géneros de bactérias e


fungos e são utilizados como contracetivos (estrogénio e progesterona), anti-
inflamatórios (cortisona e hidrocortisona) e anabolizantes.

Vitaminas – São produzidos suplementos vitamínicos por certos géneros de


fungos e bactérias, como por exemplo a vitamina B12 que aparece a integrar
medicamentos e na alimentação dos animais.

Vacinas – Prevenção de doenças infeciosas (hepatite, herpes…)

Proteínas humanas- São obtidas por microrganismos recombinantes. Exemplos


dessas proteínas são a insulina (controlo da diabetes), fatores de coagulação
(hemofilia), interferão (estimulação da resposta imunitária) e hormonas de
crescimento.

O processo de bioconversão inclui três fases: preparação do material, bioconversão e


recuperação de produtos.

Você também pode gostar