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Alana Bedford
UM HARÉM EM CHAMAS

Digitalização & Revisão:


ÐØØM SCANS

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Título do original:
STRANGERS IN THE HAREM

Copyrigth © by Alana Bedford, 1978

Tradução: Arnon Silveira K. Bennos

Capa: Darlon

1979

Publicado pela Editora Lampião Ltda.


Rua Edson de Castro Pinto, 33 São Paulo, SP

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— Eu estou excitada, Hank.


— Já?
— Não, seu bobo, não é o que você está pensan-
do. Estou curiosa com a nossa aventura. Tenho a
impressão que nós nunca mais vamos esquecer esta
missão.
— Eu estou certo que isso acontecerá! Vou ser
castrado!
— Não faça fita. O doutor Strang garantiu que
você ficará igual como antes. É só uma plástica
provisória. Não vai durar muito tempo.
— Você fala porque não é com você. A gente
não brinca com essas coisas. Ainda não estou bem
convencido sobre a tal operação.
— Não se preocupe. Eu já analisei tudo. Não
lhe trará nenhum problema. Basta ficar sossegado
por alguns dias, até que eu faça a reversão.
— E se não der certo?
— Meu amor, você acha que eu ia fazer alguma
coisa que pusesse essa pica deliciosa fora de com-
bate? Eu não posso viver sem ela.
— Eu ia me esquecendo que você sempre está
me procurando para trepar. Você não pode ficar
muito tempo sem provar o seu sabor, salvo, é claro,
quando está trepando com outro.
— Ciumento! Não precisa me lembrar que uma
vez eu lhe traí.
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— Você nunca me traiu, benzinho. Eu não me
importo com suas aventurazinhas. Se fosse dar
atenção a elas, estava fodido. Não teria mais tempo
para outra coisa.
— Até parece que eu sou dessas...
— Absolutamente! Você é diferente! As outras
mandam brasa frequentemente. Você, a toda hora.
— Que tal parar de me ofender e vir aqui me fa-
zer uns carinhos? Temos que nos despedir por al-
guns dias.
Carol se referia à operação plástica a que Hank
seria submetido na manhã seguinte. Fazia parte do
seu trabalho, agente secreto especial da Doble I, In-
ternational Investigations, organismo multinacio-
nal, especializado em missões de contra-espiona-
gem.
— Mas você ficará livre para dar as suas, não é?
— disse o candidato a eunuco.
— Eu prometo esperar por você — respondeu a
morena extraordinária, cheia de carinho nos gestos.
— Esqueça tudo, menos de mim.
Os dois se enroscaram na cama, entre os lençóis
de seda. Hank ainda comentou:
— Será que não havia uma maneira melhor e
mais fácil de fazer isso?
— Como vamos entrar no harém, meu amor?
Eu posso me fingir de escrava e ser comprada por
Haron, mas você, só se bancar o eunuco.
— Então abra suas perninhas, para sentir o gos-
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to do seu macho pela última vez — pediu ele.
Os corpos se uniram num abraço completo.
Abraço dado com os braços dos dois e com as per-
nas da mulher, que, com uma série de movimentos
de cadeiras, colocou o pau na posição adequada
para a penetração em sua vagina.
Lentamente ele foi introduzindo o membro no
forno quente, procurando provocar o máximo em
excitação para a garota. Logo que a cabeça ganhou
a entrada do canal vaginal, recebeu a primeira con-
tração, carinho da fêmea, mostrando que a visita
era bem-vinda e que seria recebida com entusias-
mo. Ele manteve-se assim por alguns instantes, sob
os protestos de Carol.
— Você está me judiando! Fica me provocando
tesão e não mete tudo. Ai, ai! Eu preciso sentir toda
a sua potência e virilidade! Eu preciso ser fodida
completamente, meu tigrão delicioso! Só um pou-
quinho não chega! Até parece que você pensa que
eu sou virgem. Mete tudo, tá? Hummmm...
Hank sorriu do gemido da agente, sua colega de
trabalho e de cama. Sempre a mesma Carol. Sem-
pre disposta a uma trepada, cheia de desejos, com o
coração quente, ardorosa, insaciável. Mas Hank sa-
bia que ela precisava ser levada ao orgasmo com
calma. Sua pressa era apenas formal, fazia parte do
seu charme. Manteve-a na expectativa. Depois, lhe
concedeu mais um centímetro.
A mulher rebolava os quadris, com suas pernas
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abertas, levantadas, envolvendo a cintura do aman-
te. Procurava obter mais e mais, mexia, gingava, se
apertava contra o púbis coberto de pentelhos loiros,
que recuava, para deixá-la apenas com mais dese-
jos.
Estava completamente doida a jovem agente
Carol. E sua loucura aumentava na proporção exata
da penetração que sofria. Cada metida mexia com o
seu sistema nervoso, enchia seu cérebro de fantasi-
as.
— Sua pica é uma garrafa de champanhe gosto-
sa, mas uma champanhe grossa, espessa, morna,
branca, da melhor safra. A minha buceta é a taça
que vai receber esse líquido maravilhoso. Vamos
fazer um brinde ao amor.
A sensualidade de ambos transbordou, convul-
sa, poderosa. A união dos seus órgãos fez desabar
em orgasmo o cataclismo erótico que havia acumu-
lado nos últimos minutos, suficientes para renovar
as forças que já tinham gasto nas trepadas anterio-
res.
Quando seu corpo caiu exausto, Hank entregou-
se novamente aos seus pensamentos. A missão para
a qual fora escolhida estava à altura da sua fama. A
companheira que lhe tinham designado não podia
ser melhor, em todos os sentidos.
Só não estava de acordo com a operação. Para
entrar no harém do rei de Togomê, passaria por eu-
nuco. Tinha que ser exposto e comprado numa fei-
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ra. E se os agentes do rei não dessem bola para ele?
Seria um risco e um trabalho perdido.
Carol poderia ser comprada para fazer parte do
serralho e terminaria ficando sozinha. Se essa ope-
ração mexesse com qualquer outro órgão, tudo
bem. Mas com seu saco, com seu escroto! Era mui-
to arriscado. Conhecia a competência do Dr.
Strang, hábil cirurgião, que já salvara muitos de
seus colegas, vítimas de acidentes de trabalho. En-
fim, restava apenas esperar que tudo desse certo.
Virou-se para o lado e acariciou o corpo da co-
lega. Pensou que Carol já estivesse dormindo,
quando recebeu um convite:
— Vamos tomar um banho juntos. Eu quero dar
o último banho nessa pica, antes da operação.
Não foi o último porque os dois, sob a água
tépida do chuveiro, ficaram outra vez prontos para
a “saideira”. Carol insaciável? Ou ele?

***

O moderno hospital ocupava um terreno cerca-


do de neve na beira do Lago de Genebra. Os dois
agentes foram enviados à Suíça para se prepararem
para a ação.
O Dr. Strang, graças aos seus conhecimentos in-
ternacionais, já havia realizado muitas cirurgias
nesse hospital. Assim, a internação de Hank e a
operação não causariam nenhuma surpresa, nem
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despertaria suspeitas.
Dali, ambos viajariam para o coração da África,
para se incorporar, depois da encenação devida, a
uma caravana de traficantes de escravos, ele como
eunuco — talvez o único loiro existente no mundo
— e ela como uma escrava que seria oferecida aos
agentes do rei Haron I, o Terrível.
Tudo estava pronto. A cirurgia, como eles espe-
ravam, não demorou mais do que meia hora. Os es-
crotos foram escondidos nas suas cavidades natu-
rais, junto à virilha, e o saco, depois de ter sido “vi-
rado do avesso”, como disse Carol, foi costurado
de forma quase imperceptível, simulando uma cica-
triz falsa, dando a impressão que estava atrofiado.
Hank estava “castrado”. Não poderia ser sub-
metido a um exame mais detalhado. Mas certamen-
te os emissários do rei não desconfiariam. Afinal,
até os dias de hoje não se conhecia nenhum caso de
falsificação de eunucos.
A situação parecia grotesca para o agente, não
só pela história inventada, mas porque ele, conheci-
do macho de trânsito internacional, estava ali, com
uma pica mole de tanto trepar durante a noite e sem
nada sob ela. Se suas namoradas o vissem, sem
dúvida seria motivo de chacota.
Carol assistiu a cirurgia e foi orientada para o
processo de reversão. Depois de duas semanas, os
pontos precisavam ser removidos, para que ele não
sofresse nenhum prejuízo. Os conhecimentos da jo-
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vem eram suficientes, pois tinha abandonado a fa-
culdade de medicina no quarto ano. E na Doble I,
havia feito um curso de primeiros socorros. Essas
credenciais, aliadas à sua competência, tinham sido
determinantes na sua escolha para a missão.
Mais algumas horas de observação e Hank esta-
ria liberado para sua viagem.

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Uma hora antes do anoitecer um jatinho deco-


lou de Genebra rumo a um aeroporto secreto, em
algum ponto perdido na África Central. O seu pilo-
to, Hank Stinger vestia um conjunto safári. Ao seu
lado, a agente Carol Sinclair, trajava uma saia e
uma blusa muito simples.
Antes de pousarem, depois de quatro horas de
viagem, os dois teriam aspecto muito diferente.
— Quando você trocar a sua roupa, não deixe
que eu veja — pediu o piloto, um tanto quanto taci-
turno. — Não sei se poderia resistir à sua visão
nua. Geralmente quando isso acontece eu fico de
pau duro, você sabe. E agora não convém. O doutor
recomendou que qualquer ereção deve ser evitada
enquanto eu estiver assim.
— Não se preocupe. Eu irei lá para trás, pôr a
minha roupa de odalisca. Mesmo porque se eu per-
ceber que você está no ponto, não vou me confor-
mar em não dar uma trepada.
O avião pousou na pista iluminada precariamen-
te pelos faróis de dois caminhões. A odalisca foi a
primeira a saltar do aparelho, deslumbrante. Sua fi-
gura impressionou os agentes que a esperavam.
Certamente nenhum dono de harém dispensaria
uma escrava tão bonita.
Mas Hank não fez o mesmo sucesso. Nos pés,
trazia umas sandálias de couro. Como “calça”,ves-
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tia um pano de seda que passava pelo meio de suas
pernas e se prendia na cintura, como se fosse uma
fralda. Um colete, também de couro e um turbante
diferente dos que os árabes usam, completava sua
fantasia. A pele bronzeada não escondia sua condi-
ção de branco. As poucas mechas de cabelo que
apareciam sob o turbante, confirmavam que ele era
loiro.
— Você está linda! — exclamou Arnold ao
cumprimentar Carol. — Acho que vou começar um
harém, raptando você.
— Oi, querido. Como estão as coisas?
O agente, antes de responder, resolveu brincar
com Hank. Chamou um de seus ajudantes e orde-
nou:
— Peguem este homem e o conduzam para o
seu lugar, junto com os outros eunucos.
— Ora, vá tomar no cu! Não chega o que fize-
ram comigo e você ainda fica me gozando!
— Tá bom, tá bom. Fique calmo. Mas não se
esqueça que pela manhã você será tratado como se
fosse um escravo castrado.
— Você conseguiu organizar tudo, já sabemos.
Mas eu queria repassar todos os detalhes. Carol,
você deve ouvir o que Arnold vai nos dizer.
Os três se afastaram dos demais, que já começa-
vam a preparar os caminhões.
— Eu contratei Ahmed, mercador sem escrúpu-
los, que negocia nesta área. Ele detesta Haron, por-
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que tem que dar para ele uma grande parte do que
ganha no contrabando. Antigamente, metade do ter-
ritório de Togomê era livre para ele.
— E não há perigo deste cara nos trair? — per-
guntou Carol.
— Não. É um risco calculado. Ele não sabe
muita coisa sobre o que vocês vão fazer. Não teria
muito o que vender a Haron. Depois, está excitado
com a quantia que vai ganhar na venda de vocês.
Eu combinei que tudo o que ele conseguisse seria
dele. Sem esquecer que Ahmed desconfia que isto
não será bom para o rei, e o que não é bom para
Haron, é bom para Ahmed.
— Será que nós seremos vendidos? — pergun-
tou Hank.
— As chances são de noventa por cento. O mer-
cador estimou obter mais ou menos duzentos mil
cheetahs, por vocês. Cento e cinquenta por Carol e
cinquenta por você.
— Viu a diferença, bonitão? Valho três vezes
mais do que você!
— Os valores estão sempre invertidos neste
nosso mundo. Então, um eunuco como eu, jovem e
de origem ariana, único no mundo, tem seu preço
reduzido a quase nada? A propósito, quanto é isso
em dólares?
— Dois cheetahs valem um dólar americano.
Mas não se preocupe, um eunuco comum vale no
máximo dez mil cheetahs. Eunucos, geralmente
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não servem para a cama. Por isso não tem muito
valor.
— Ei, que história é essa? Então porque eu va-
lho tanto?
— Ahmed estima seu preço em mais porque o
rei Haron, entre outras taras, gosta muito de garotos
de origem germânica. Por isso deve pagar mais
para comer sua bunda — respondeu Arnold.
— Puta que o pariu! Sobre isso não me disse-
ram nada!
— Eu não disse que esta missão ficaria na histó-
ria, meu caro? É bom você ir se preparando para
ser a favorita do rei — brincou Carol.
— Vai ser foda! Se esse cara vier para cima de
mim, vou ter que fazer das tripas coração!
— Eu recomendo que nesse caso, você faça das
tripas uma vagina. Pois não será fácil livrar-se dele
— recomendou Arnold.
— E quais as notícias que você tem de Der Al
Azan? — quis saber Carol.
— Na capital eu consegui confirmar o que já
desconfiávamos. Haron recolheu a filha do embai-
xador das Ilhas Tamares e a adida cultural de Alto
Barki no seu harém. As informações oficiais dizem
que elas estão desaparecidas, provavelmente se-
questradas por grupos de extrema direita, que fa-
zem oposição ao seu regime. Mas isso não é verda-
de, tenho certeza.
— Por que você afirma isso?
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— Bem, Hank, em primeiro lugar não há gru-
pos de extrema direita em Togomê. Nem de esquer-
da. Haron eliminou toda a oposição. Sua guarda
pessoal tem autoridade para matar todos os suspei-
tos de atividades contra o regime, que aliás é uma
palhaçada. Ele se intitula comunista independente,
mas se mantém no poder às custas de uma corrup-
ção assassina. Sua organização monárquica não é
nem monárquica nem organizada. Não há nobreza,
mas uma classe de bandidos que desempenha as
funções oficiais. Não há ministério da educação,
nem do trabalho nem de saúde. Por fim, eu me ba-
seio em informações obtidas junto a fontes que já
começam a se rebelar contra tanta baderna. A jo-
vem Luna foi levada para o harém porque não quis
trepar com ele. Akama, a adida cultural, é uma im-
portante cientista, apesar de jovem, e que sabe mui-
to sobre as jazidas de minérios estratégicos na regi-
ão. Ele pretende fazer chantagem com o serviço se-
creto que oferecer mais por ela.
— E por que nós não pagamos o que ele pede?
Assim eu não precisaria ser castrado.
— Acontece que para os países que fazem parte
da Doble I ele não a venderia, pois sabe que todos
estão interessados na sua queda. Certamente obteria
bom preço com os russos, ou com os chineses. Há
ainda a índia e a Indonésia. Clientes não faltam. E
sob o aspecto humano, qualquer negócio excluiria a
jovem Luna. Precisamos salvá-la também.
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— Você vem com aspectos humanos! Nós sabe-
mos que nosso interesse em salvar a filha do em-
baixador das Ilhas Tamares é pelo petróleo que eles
tem. O embaixador deve ser o próximo ministro
das relações exteriores.
— Sim, Carol, é verdade. Mas sempre há inte-
resses nessas coisas. Isso não impede que nós seja-
mos humanos, não é?
— Tá bem, Arnold, você me convenceu — dis-
se a garota. — Quando partimos ao encontro da ca-
ravana de Ahmed?
— Agora mesmo. Pela manhã deveremos en-
contrá-los. Eu simularei um negócio com ele, para
que os demais membros da sua caravana não des-
confiem e depois vocês estarão por sua conta.

***

Nos arredores do povoado de Gunka, cinco ten-


das estavam armadas. Diante da principal já se per-
cebia movimentos e luzes. O dia, dentro de mais
meia hora, estaria claro. Os criados apressavam-se
em atender as ordens de Ahmed, mercador muito
rico, contrabandista emérito, traficante famoso,
protetor dos criminosos e foragidos.
— Preparem os camelos! Logo que recebermos
nossa carga, reiniciaremos a marcha. Amanhã dor-
miremos em Der al Azan.
Minutos depois, os caminhões de Arnold chega-
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ram ao acampamento.
— Que Alah esteja convosco! — saudou-o che-
fe da caravana.
Arnold fez uma reverência, acusando sua satis-
fação por receber o cumprimento e retrucou:
— É muita homenagem a um infiel. Que Mao-
mé interceda junto a Alah em meu favor e que pro-
teja tão magnífico mercador.
Os dois entraram na tenda, onde permaneceram
por vários minutos. Depois saíram eufóricos. Ar-
nold simulava estar muito contente com o negócio
feito. Ahmed desejava receber sua mercadoria, já
imaginando os lucros que poderia obter. Achou a
escrava digna dos melhores haréns e o eunuco com
muitas possibilidades de fazer sucesso, por ser loi-
ro. Fingiu regatear preço, reclamou dos dias atuais,
adversos aos comerciantes honestos, mas terminou
entregando uma bolsa, onde estaria o dinheiro com-
binado.
Arnold pegou o pagamento simulado — pois
dentro da bolsa não havia nada de valor — e despe-
diu-se com muita nobreza. Aos amigos não deu se-
não um olhar. Estava feita a transferência. Sua mis-
são, até aqui cumprida. Agora lhe caberia esperar
pelos resultados e dar fuga aos companheiros, se
tudo fosse bem.

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No dia seguinte a caravana dormiu nos arredo-


res de Der al Azan. Pela manhã, não muito cedo,
Ahmed pretendia entrar em triunfo na cidade e diri-
gir-se para o mercado. Chamar atenção era seu ob-
jetivo. Se tivesse sorte, poderia realizar todos os
seus negócios num dia e dar o fora. Não gostava de
permanecer na cidade de Haron por muito tempo.
O rei sabia que ele não podia estar satisfeito com
sua condição de explorado. Os árduos lucros dos
seus negócios escusos iam, na maior parte, para as
burras do “governo”. Sentia-se como um inimigo
em potencial. E com assassinos não se brinca. Prin-
cipalmente porque desconfiava que, desta vez, tra-
zia algo mais que mercadorias rotineiras.
Ahmed procurou o eunuco e a escrava para de-
sejar-lhes boa sorte.
— Não sei o que vocês vão fazer exatamente.
Mas seja o que for, tenho a certeza que não será do
agrado de Haron. Por isso desejo sorte, pleno su-
cesso e que, principalmente, vocês não me compro-
metam.
— Fique tranquilo, senhor. Nós não faremos
nada de mais. Apenas desejamos fugir ao destino
trágico que vínhamos tendo no nosso país — res-
pondeu Hank.
— Só que de agora em diante, vocês nem se co-
nhecem. Não precisam me dizer mais nada, mas é
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importante para os nossos negócios que vocês di-
gam que vêm de lugares diferentes. Eu cuidarei dis-
so, durante o leilão.
— E se o rei resolver nos tomar à força? — per-
guntou Carol.
— Não o fará. Poderá regatear, mas não chegará
a tanto, pois ficaria muito mal-visto pelos outros
mercadores, que começariam a evitar a capital. E
eles trazem sempre muito bom lucro para sua bolsa.
Fiquem tranquilos, eu garanto.

***

Carol, com o nome de princesa Gora, foi exibi-


da sozinha, cavalgando um camelo rumo ao merca-
do.
Atrás dela, mais duas garotas ocupavam um car-
ro, juntamente com Hank, que teve seu nome man-
tido. “É muito bom” disse Ahmed, “parece uma
combinação de nome alemão com alguma coisa
oriental”.
A notícia de que a caravana estava chegando
correu a cidade como um raio, alcançando o palá-
cio imediatamente. Nem bem tinham se instalado
no local destinado aos leilões e grande público
afluía, curioso em conhecer as ofertas que Ahmed
faria naquele dia. Mas as atenções se fixavam prin-
cipalmente na tal princesa.
“Haron não vei deixar passar essa!” comenta-
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vam os grupos que se formavam em torno da plata-
forma de pedra onde ela se encontrava. O eunuco
não passava de uma curiosidade.
Alguns potentados do país já estavam acomoda-
dos. Seriam eles os principais participantes do lei-
lão. Ahmed começou oferecendo um belo cavalo
árabe, que foi arrematado rapidamente. Depois, vá-
rios cortes de seda chinesa foram oferecidos.
Um lote de camelos também alcançou um bom
preço.
O mercador não quis apresentar as mulheres
porque não distinguia entre os interessados nenhum
dos representantes de Haron. Já não tinha muita
coisa para apregoar, quando uma tropa de cavalei-
ros armados irrompeu na praça.
— Por Alah! — exclamou o aterrorizado merca-
dor. — Coisa boa não vem aí!
Quase teve que engolir suas últimas palavras,
porque quem vinha não era ninguém menos do que
o próprio rei Haron I, o Terrível, atraído pelas notí-
cias de que uma mulher de beleza indescritível ia
ser vendida.
O rei sentou-se no melhor lugar e sobre sua ca-
beça foi erguido uma espécie de pálio, para pro-
tegê-lo do sol. Ahmed fez menção de apresentar al-
guns extratos aromáticos orientais, quando foi in-
terrompido por um dos asseclas do rei.
— Sua Majestade quer ver as mulheres.
O amedrontado mercador apressou-se em aten-
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der o pedido da coroa. Pediu que trouxessem as
duas que viajavam no carro. Tão logo elas subiram
na plataforma central, o homem que tinha falado a
pouco, tornou a se fazer ouvir.
— Sua Majestade insiste em ver primeiro a já
tão famosa princesa que vem com sua caravana.
As mulheres desceram. A princesa Gora, envol-
ta num longo véu, que lhe cobria todo o corpo, so-
bre a roupa de odalisca, com muita graça, exibiu-
se, sem contudo deixar de simular um certo desa-
grado por ser vendida como se fosse um animal.
Num rodopio, removeu o longo véu, deixando seu
corpo aparecer sob o diáfano tecido, arrancando
uma exclamação geral dos circunstantes.
— Sua Majestade concorda que esta jovem é de
beleza privilegiada. Para demonstrar o seu agrado,
faz o primeiro lance, no valor de cinquenta mil
cheetahs — disse o porta-voz do rei.
Ahmed sentiu que tinha começado bem. Cin-
quenta mil era um bom lance inicial. Talvez a sua
“escrava” alcançasse mais do que ele esperava. Ha-
via muitos homens ricos presentes.
— A legendária sabedoria do nosso soberano re-
conhece os dotes desta jovem. Recebo como uma
homenagem o seu lance e aguardo que os demais
cavalheiros presentes manifestem a sua cobiça atra-
vés de lances mais altos. Então, senhores quem se
candidata a possuir esta beleza extraordinária?
O apelo de Ahmed não teve resposta. Um silên-
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cio de mal-estar tomou conta do recinto. Então ele
percebeu que muita coisa se passara desde a última
vez que estivera em Der al Azan. Agora, ninguém
mais se atrevia a disputar um leilão com o rei. Num
segundo, ele percebeu que seus planos se haviam
frustrado. Não ganharia o dinheiro que esperava.
Não lhe restava nada senão aceitar a regra do jogo.
— Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três.
Vendida! — sua voz não tinha entusiasmo. —
Cumprimento Sua Majestade pelo seu bom gosto,
pela sua argúcia em distinguir a beleza.
E como faria para vender ao soberano o eunu-
co? Precisava ser rápido. Antes que Haron resol-
vesse se retirar, mandou que o homem subisse à
plataforma.
— Majestade, ainda há uma peça rara para o seu
harém. Trata-se de algo muito original, que certa-
mente agradará suas exigências de nobreza. Veja
este jovem eunuco loiro, vindo de um remoto ponto
do continente asiático. Não será encontrado outro
em nenhum serralho deste planeta. Custou-me mui-
to trazê-lo até aqui, mas sabia que seria recompen-
sado por Vossa Majestade.
Sob o pálio, o rei murmurou alguma coisa com
seus asseclas. Parecia desinteressado pela oferta.
Hank, por um momento, viu que tudo poderia ir por
águas a baixo. Prestou atenção no que o porta-voz
do soberano se preparava para dizer.
— Senhor Ahmed, Sua Majestade considerou
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uma gentileza muito grande de sua parte tal presen-
te. Por isso, e para demonstrar que o senhor não
está enganado quanto a generosidade de Sua Ma-
jestade, resolve aceitar o eunuco. Para recompensá-
lo, fará o pagamento pela aquisição da escrava à
vista.
Grande filho da puta! Quem disse que era um
presente? E o pagamento da escrava teria que ser a
vista, como sempre o fora. Tinha sido mais uma
vez, vítima da ganância do rei. Sem outra alternati-
va, aceitou a sugestão. Perderia os anéis mas con-
servaria os dedos. Afinal, não tinha tido prejuízo.
Ganhara de presente os dois.
Assim, Hank e Carol foram incorporados ao ha-
rém de Sua Majestade Haron I, o Terrível. Não sem
um exame é claro.
Sua recepção foi preparada por Gonevna, que
juntamente com dois secretários fizeram o reconhe-
cimento das partes sexuais do jovem.
— Um belo pau seria esse, se tivesse o saco
para lhe dar tesão — sentenciou a mulher, que por
muitos anos, antes que os primeiros sinais de velhi-
ce aparecessem, tinha sido a favorita do rei.
Hank percebeu que aquela mulher, agora relega-
da a plano secundário na casa de Haron, tinha se
transformado na chefe não nomeada do harém, e
que o dirigia com mão de ferro. Seria a grande ini-
miga. Carol também passou por suas mãos. Olhada
com ar de desprezo e ciúme não disfarçado, foi
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apresentada a outras jovens e orientada secamente.
— Você vai ficar na ala das virgens, até que Ha-
ron decida onde você vai morar definitivamente.
Não creio que você seja donzela, mas o rei gos-
ta de pensar que sempre é o primeiro. Durante o
dia, você conviverá com as demais, mas a noite
dormirá nesta parte. Comporte-se bem e será rai-
nha. Comporte-se mal e terá que se ver comigo.
Carol não estava preocupada com recomenda-
ções. Desejava saber se o seu companheiro ia ficar
em contato com ela. Precisava falar com ele e ficar
à disposição para reverter a operação. Fazia apenas
três dias que ele estava “castrado”, mas seria inte-
ressante A que ela pudesse terminar a sua tarefa o
quanto antes. Se ele fosse aprovado, não iria preci-
sar mais ficar com seus ovos apertados dentro do
corpo. E depois, à noite, ela também precisaria
dele, ora.
— Se você desejar alguma coisa, peça para um
dos eunucos. Vocês vão ganhar mais um, a partir de
hoje. Um eunuco de luxo, jovem e loiro, mas que
vocês só poderão admirar, pois eu já conferi. Não
tem nada, nada mesmo, para levantar a sua pica.
Carol sentiu um alívio. Até aqui, tudo bem. Pre-
cisavam investigar e traçar o plano de libertação
das sequestradas e deles próprios. Infiltrados, pode-
riam realizar a tarefa. Era só conhecer mais um
pouco o palácio, a guarda e descobrir as moças que
tinham desaparecido.
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Dois dias depois, tudo transcorria na mais per-


feita ordem. Carol estava surpresa por não ter sido
levada à presença do seu dono, pois esperava que
isso acontecesse logo na primeira noite. Foi Gonev-
na quem esclareceu o desinteresse real.
— Você está de azar, menina. O rei precisou vi-
ajar para o interior do país. Não teve tempo de co-
nhecê-la na cama. Vá se preparando, porque quan-
do ele retornar vai querer possuir sua nova aquisi-
ção.
A agente tinha feito amizade com Andra, uma
jovem sequestrada em um país vizinho, que estava
apaixonada por Manot, engenheiro togomês, que
havia conhecido alguns dias antes de ser aprisiona-
da. Ela acreditava que se tratava de uma vingança,
já que seu namorado estava sendo perseguido pela
guarda do rei e seu pai, quando jovem, tinha tido
uma briga com Haron, por questões sem importân-
cia, mas que este não havia esquecido. Usava agora
seu poder para se vingar.
Era bom saber que, eventualmente, poderia con-
tar com ajuda de fora. Contou a Hank seus conta-
tos. Luna e Akama também já eram suas amigas,
embora nem desconfiassem que estavam prestes a
participar de uma fuga. Os dois agentes acharam
estranho um detalhe. Nenhuma das três moças ain-
da tinham sido requisitadas para o prazer do sobe-
29
rano.
Como ninguém mais se havia interessado pelo
saco de Hank, ambos acharam que estava na hora
de tirar os pontos que sustentavam os ovos no es-
conderijo da virilha. Com perícia, a garota removeu
a linha, desinfetou o local e deu um beijo na pica
do companheiro.
— Por agora, isto basta. Depois vamos tratar de
nos divertir nas horas vagas.
O homem parecia aliviado ao ver que tudo tinha
voltado ao normal. A reação instintiva que tinha ob-
servado ao receber o beijo de Carol lhe indicara
que estava recuperado. Não sentia dor. Esperava
muito em breve poder voltar às atividades sexuais.

***

Na terceira noite tudo continuava em calma. O


rei não havia retornado da sua viagem, que agora se
sabia, tinha a finalidade de combater revoltosos.
Na ala das virgens, quatro donzelas faziam
companhia a Carol. Estavam muito curiosas. De-
pois de alguns dias de convivência, já estavam mais
íntimas da novata e arriscavam perguntas indiscre-
tas.
— Quando você veio para cá, nós ouvimos Go-
nevna dizer que não acreditava que você fosse vir-
gem. É verdade? — perguntou uma moreninha de
olhos azuis, muito assanhada, que atendia pelo
30
nome de Mira.
— Que pergunta mais indiscreta! — protestou a
princesa Gora.
— Ora, deixe disso. Nós só podemos nos diver-
tir fazendo fofocas. Até que chegue a nossa vez,
não temos possibilidades de outra coisa.
— Mas as virgens do rei não podem ficar falan-
do essas coisas. Se ele souber, não vai gostar.
— E como ele vai saber? Você vai contar? —
perguntou Seleny, também morena, de busto nu,
preparando-se para dormir. — Até amanhã de ma-
nhã, ninguém virá aqui. Estamos sozinhas. Você
pode falar à vontade. Conte suas aventuras, se é
que você tem alguma.
— Mas antes me digam a verdade. Vocês são
mesmo virgens?
— Eu sou — disse Mira.
Diante da vacilação de Seleny, Carol, ou me-
lhor, Gora insistiu:
— Você não tem certeza?
— Não, não tenho. Eu passei por umas boas.
Não posso afirmar.
— Como foi isso?
— Eu vivi com um grupo de estudantes, antes
de vir para cá. Eles me tratavam bem e brincavam
muito comigo. Daí eu comecei a namorar um deles.
Depois outro. E mais outro. Ia para a cama de um
numa noite. Na próxima, o meu segundo namorado
exigia minha presença. Nessas brincadeiras, eu fui
31
deixando eles fazerem coisas comigo, pois não sou
tão resistente assim. Eles não botavam dentro, mas
aos pouquinhos, eu desconfio que perdi o meu ca-
baço.
— Essa história não está bem contada. Você deu
ou não?
— Sabe de uma coisa? Eu dei, sim. Estava can-
sada de tomar na bunda todas as noites. Comecei a
deixar que eles botassem só a cabeça. Um dia senti
muita dor. Dai para a frente não recusei mais nada.
Depois fui presa e trazida para cá, onde fui compra-
da pelo rei.
— E você, Mira, não teve nenhuma história pa-
recida?
— Não. Eu fui criada para ir para um harém,
quando crescesse. Minhas criadas me contaram
tudo sobre o sexo, quando perceberam que eu já era
adulta. Mas eu não tive nenhuma oportunidade com
rapazes. Agora que você já sabe das coisas a nosso
respeito, conte as suas.
— Mas o que vocês desejam saber?
— Quando você esteve com um homem pela
primeira vez? — pediu Mira.
— Foi quando estava me preparando para entrar
na faculdade. Tinha terminado o curso secundário e
fui comemorar com uns amigos. Um deles andava
muito interessado em mim. Depois da festinha, ele
me levou para um lugar discreto, no seu carro. Não
posso dizer onde foi, pois isso é um segredo meu.
32
— E daí? O que aconteceu? — Seleny começa-
va a ficar ansiosa.
— Calma, menina! — Carol queria conquistar a
simpatia das garotas: poderia precisar de ajuda no
futuro. — Eu não concordei em ficar na rua, dentro
de um carro. Fui direto ao assunto, quando senti
que ele estava passando sua mão nas minhas per-
nas. “Se você está querendo me comer, é melhor
nós sairmos daqui”, disse para ele.
— Mas, assim, de cara? Não ficou encabulada?
— perguntou Mira.
— Que nada. Eu estava era com medo de ser
apanhada por algum colega. Preferia ir para a cama
de uma vez. É mais discreto. Então ele me levou
para um hotel e passamos o resto da noite numa
boa.
— Mas conta os detalhes. Como foi que ele fez
e o que você sentiu, porra! Só isso não satisfaz —
protestou Mira.
— Já tá com tesão, menina? Só de ouvir, você
fica assim?
— Eu fico excitada com qualquer história pi-
cante. Você não imagina a quanto tempo eu estou
na espera e nada!
— Se eu quiser alguma coisa para comer, como
faço? — perguntou Carol, que queria saber se era
possível falar com Hank.
— Chame um eunuco. Eles estão aqui para isso.
Há um novo, que chegou no mesmo dia que você.
33
É tão bonito, pena que não pode fazer nada.
— Então, Seleny, chame-o, que eu quero um
chá.
A moça levantou-se e foi até a porta do grande
quarto, saiu para o corredor e desceu a escada. Um
minuto depois, retornava em companhia de Hank.
— Veja — disse Mira, — Não é uma beleza de
homem?
— Vocês não fazem nada com eles?
— De que jeito, Gora? Eles não podem trepar.
São castrados.
Carol resolveu experimentar as garotas.
— Digam-me uma coisa, vocês duas. Não, to-
das vocês — fez ela chamando as que estavam
alheias às conversas —, se este homem fosse um
belo rapaz, potente, e estivesse disposto ao amor, o
que vocês fariam com ele?
Seleny, ao lado do eunuco, foi a primeira a res-
ponder:
— Eu o levava para minha cama e metia a noite
inteira com ele. É por isso que eles são castrados.
— Eu agarrava ele agora mesmo e passava o rei
para trás. Só para me vingar, por estar esperando
tanto tempo — disse uma das recém-chegadas ao
grupo.
— Mas você ia ter que lutar comigo — protes-
tou a outra. — Meu tesão é mais antigo que o seu.
— Pois eu deixava ele primeiro me cantar —
disse Mira.
34
— Isso é porque você, todas as noites, trata de
se colocar em dia com o seu dedinho — dedurou
Seleny. — Você pensa que eu não observo as enor-
mes gozadas que você dá sozinha?
— Não vamos discutir por nada. Esse cara não
poderá fazer o que nós queremos. Não adianta. Mas
vamos ver o que ele tem no meio das pernas, pelo
menos, para podermos sonhar com um semelhante
— sugeriu uma das garotas.
Todas pediram para ele mostrar o seu órgão ge-
nital. Com relutância, Hank se afastou do grupo.
Poderia ser denunciado. Mas Carol fez que sim
com a cabeça pois achava que se ele ficasse amigo
das garotas, poderia contar com o auxílio delas,
quando o tempo esquentasse.
Ele não tinha outra escolha, porque várias mãos
já puxavam o pano que envolvia seus quadris. Num
instante a bela pica mais ou menos entumescida,
estava diante das meninas curiosas. Seleny, mais
experiente, percebeu algo estranho.
— Para trás, garotas. Eu preciso examinar isso
direitinho.
Ajoelhou-se diante de Hank e, com curiosidade
quase científica, tocou o pênis com a ponta do dedo
indicador, afastou-o para o lado, ergueu-o um pou-
quinho e se levantou, não sem perceber que durante
o exame a pica tinha ficado mais dura.
— Atenção! Eu tenho uma coisa para dizer a
vocês. Mas antes eu quero que cada uma faça um
35
juramento de que não contarão nada disso a nenhu-
ma das mulheres do harém, muito menos à Gonev-
na.
Todas concordaram, muito alvoroçadas. Uma a
uma prestou o juramento improvisado por Seleny,
que previa desgraças terríveis a quem o quebrasse.
— Então vou contar. Este homem não é eunuco.
Ele é um homem completo!
Espanto geral. Apenas Carol não demonstrou
surpresa.
— Vejam! — apontou Mira. — Ele está de pau
duro!
Quem poderia resistir a um bando de mulheres
bonitas no cio, vestidas sumariamente? Seleny não
havia coberto seu peito, quando saiu para buscá-lo.
Uma das mais entusiasmadas, que atendia pelo
nome de Klê, estava nua da cintura para baixo.
Numa situação daquelas, ficar de pau duro era o
mínimo para um homem.
— Quem vai ser a primeira? — perguntou Mira,
que há pouco dissera que esperaria ser cantada. —
Eu bem que mereço.
Carol resolveu organizar a brincadeira.
— Vocês sabem que não podem fazer isso. Mas
se quiserem, não precisa fazer uma fila. Somos cin-
co e vamos todas trepar ao mesmo tempo. O nosso
eunuco saberá como fazer.
Seleny afastou-se do grupo e chamou Carol.
— Você já sabia que ele não era eunuco. Quem
36
são vocês, afinal?
— Não posso dizer. Por enquanto, quero que
você guarde esse segredo, está bem?
— Pode confiar. Mas eu estive pensando com
os meus botões e cheguei a conclusão que se vocês
estão se arriscando a uma coisa dessas, é porque
devem ter motivos bastante sérios. Você não teme
que estas garotas terminem dando com a língua nos
dentes?
— Não. Logo que Hank der com a língua na xo-
xota delas, todas serão cúmplices. Então, nós duas
vamos fazer com que elas entendam o quanto estão
comprometidas. Hank é muito competente. Logo,
logo, todas estarão entregues a ele.
— E nós? Vamos ficar a ver navios?
— Não. Você pode se servir. Eu esperarei a mi-
nha vez, se é que vai sobrar alguma coisa para de-
pois. Eu não estou passando por nenhuma fase di-
fícil. Tenho tido uma vida perfeitamente normal —
disse Carol.
A essas alturas o agente já rolava numa das ca-
mas, abraçado por duas garotas. Mira tirava a rou-
pá. Completamente nua, pretendia ganhar das ou-
tras. A propaganda é a melhor arma para os negó-
cios.
Quando Klê percebeu que estava atrasada, le-
vantou-se para despir-se. A outra ainda estava com
o corpete característico. Então, Mira viu-se sozinha
com o inesperado presente que haviam ganho.
37
Abriu suas pernas e montou no corpo de Hank, pe-
dindo aflita:
— Você me fode, hein? Me fode?
— Sim, mas não tenha muita pressa. Antes de
você ir dormir, a gente faz isso.
— Mas eu quero agora. Por isso fui tirar a rou-
pa.
— Mas suas companheiras também estão nuas,
olhe.
As duas já tinham se livrado de todas as peças
dos seus vestuários. Agora ela tinha concorrentes
novamente. Mas foi beneficiada pelo espírito de sa-
canagem das outras. Diante dos apelos que Mira ti-
nha feito, elas acharam melhor deixar as coisas
acontecerem. Elas assistiriam. Seria um espetáculo
inesquecível. Seguraram a garota virgem pelos bra-
ços e pelas pernas, fizeram com que ela se deitasse
de costas na cama, com o corpo atravessado e de-
terminaram a Hank:
— Atenda os desejos da moça. Seja cavalheiro!
O cacete apontado como uma lança aproximou-
se da vagina. Com a ponta dos dedos ele arrumou a
cabeça na entrada, empurrou um pouquinho, e dei-
tou-se sobre o corpo da moça. Rápidos movimen-
tos, colocaram o pênis em contato com o hímen a
ser rompido. Mira gemia, sem poder pronunciar pa-
lavras inteligíveis. Num esforço maior, disse ape-
nas:
— Parece mentira! Parece mentira! Mira está
38
fodendo!
Um grito assinalou a ruptura de tênue membra-
na que assinala a fronteira que separa as virgens
das mulheres. Mira foi solta pelas amigas e entrou
em orgasmo. Que não cessou enquanto não obteve
uma ejaculação muito completa e abundante do seu
deflorador. Seus dentes estavam cravados nos om-
bros de Hank e suas pernas permaneceram abertas,
até que a última gota de sêmen saiu da uretra para
dentro da sua buceta.
— Mira não é mais virgem! Mira fodeu! Mira já
conhece homem! — balbuciava a garota.
Hank piscou um olho para Carol, como se esti-
vesse dizendo que a jovem havia perdido o seu ca-
baço numa parada muito dura. Para ele, experimen-
tado nessas brincadeiras de cama, a coisa estava se
desenvolvendo muito a contento. Teria que dar con-
ta de mais duas ou três, pelo menos. Ótimo, pensou
ele. Depois de vários dias em jejum, nada poderia
ser melhor.
Seleny aproximou-se da cama. Klê, muito so-
lícita, trouxe uma bacia com água perfumada, que
elas utilizavam para lavar o rosto e, com uma toa-
lha, limpou o cacete amolecido. Parecia que ela
queria ser a próxima. Mas depois de algum tempo,
quando Hank já estava no ponto novamente, ela ce-
deu a sua vez para outra companheira.
— Vá você. Eu quero ver mais um descabaça-
mento.
39
Seleny perguntou se ela estava com medo.
— Claro que não. Eu quero ver mais um espetá-
culo, para ficar bem excitada.
— Mas você ainda não está o suficiente?
— Demais! — respondeu ela abraçando-se na
colega. — Demais! Eu vou precisar mais do que
uma trepada para me satisfazer.
O leve toque que ela deu nos seios de Seleny
demonstrou que as duas podiam transar uma ótima.
O toque foi intencional e provocou os resultados
esperados pela ninfa. Uma contração e uma quebra
do ritmo da respiração. Seleny pôs a mão nos qua-
dris da moça e esta se dirigiu para a cama. Ao lado
do casal que começava um novo ato, as duas se dei-
taram, abraçadas trocando beijos.
Com as mãos, elas arrumavam seus seios para
que ficassem com os bicos encostados. As pernas
de ambas, entreabertas, roçavam as vaginas. Depois
de muito tentarem meter uma na outra o que não ti-
nham, assumiram uma posição, na qual os clitóris
podiam se tocar. Os lábios vaginais trocavam beijos
voluptuosos e pecadores, enquanto os pentelhos se
enroscavam. Pouco a pouco, novos desejos foram
desmanchando a posição, até que uma ofereceu à
boca da outra a sua vagina ardente. Pareciam duas
loucas esfomeadas, tal a ânsia com que se chupa-
vam, que metiam suas línguas dentro dos corpos
tensos, pelo orifício feminino.
O cabaço da garota que estava com Hank não
40
resistiu mais do que o de Mira. Em poucos minu-
tos, a jovem esposa virgem de Haron I não era mais
virgem, assim como nunca fora esposa do rei. Mais
calma, não fez nenhuma cena extraordinária, mas
gozou com a mesma intensidade. Hank levantou-se
e foi conversar com Carol que apreciava o espetá-
culo proporcionado por Klê e Seleny, já bastante
próximas do orgasmo. As duas corcoveavam na
cama como se fossem duas mulas bravas. Mas não
se soltavam. Continuavam na chupada recíproca,
unhas cravadas nas nádegas, pernas abertas e ofere-
cidas.
— Suas amigas não são brincadeira! Vou tomar
um banho. Você quer ir comigo? Talvez seja esta a
sua chance.
Os dois desapareceram em direção ao banheiro.
Lá encontraram Mira, que tinha saído do quarto
sem que eles percebessem. Entraram os três sob a
ducha. A garota, ex-virgem, ainda insatisfeita, cui-
dou para que o pau de Hank levantasse. E assim
que conseguiu, fez com que ele metesse na sua
boca. Não parava de dizer que tinha achado a me-
lhor coisa de sua vida a trepada que tinham dado.
Por isso queria provar de todas as maneiras a arma
do crime. Mas Carol, que tinha começado, não es-
tava disposta a permitir que uma novata lhe tomas-
se o lugar. Subiu num divã e colocou-se de quatro.
Posição já experimentada pelos dois. O agente
veio com seu cacete e perfurou as carnes saborosas
41
e muito hábeis. Meteu de uma só vez e recebeu a
resposta, com contorções eróticas e excitantes. Ele
sabia que poderia fazer ela gozar mais de uma vez,
pois estava parcialmente esgotado pelas duas ante-
riores, ao contrário dela. Resolveu dar esse presente
a amiga. Não demorou muito para que ela acusasse
a chegada do clímax sexual. Com um grito de ale-
gria, saudou o momento.
— Eeeiiaaa! Vamos lá! Mete essa pica inteiri-
nha na minha buceta! Eu vou amassar ela de tanto
rebolar! Ai, ai, ai, ai, ai! Puta que pariu! Como é
bom gozar com essa pica!
A excitada Mira assistia tudo sem saber como
participar. Os gritos de Carol a estimularam. Aco-
modou-se no chão, por entre as pernas dos dois, e
meteu a cabeça. Primeiro encheu a boca com os
ovos de Hank, depois lambeu o que pode. A visão
do ferro entrando e saindo na buceta de Carol, di-
ante dos seus olhos, tinha a força, o poder de trans-
torná-la. Quase arrancou o clitóris da companheira
com uma mordida. Mas como pancada de amor não
dói, esta achou boa a carícia exagerada que recebe-
ra. Com sua vagina extremamente sensível, chegou
novamente ao orgasmo. Desta vez sentiu que Hank
enchia suas entranhas de porra quente e viscosa.
— Acaba! Acaba! Me enche com o teu leitinho
gostoso, Hank. Fode a tua putinha, com toda a lou-
cura!
Cumprida a tarefa, o rapaz foi retirando a pica
42
aos poucos. Quando ela saiu, Mira aparou-a nas
mãos e a levou para baixo do chuveiro, com ele de
arrasto, obviamente.
Voltaram para o quarto. As três que lá tinham fi-
cado, conversavam com voz pastosa. Comentavam
as delícias que tinham experimentado.
— Meninas, por hoje é só — disse Carol.
— Um caralho! — protestou Seleny. — Essas
garotas ainda não sabem tudo sobre sexo. Eu preci-
so mostrar uma coisa para elas.
— Mas Hank já não pode mais. Está cansado.
— Não tem importância. Eu espero. Acho que
ele não demorará muito para levantar essa coisa.
Seleny sentou-se no colo do agente, abraçou-se
no seu pescoço e disse no seu ouvido, para não ser
escutada pelas demais:
— Você já está satisfeito, garotão?
Ele fez que sim com a cabeça.
— Mas você não aguenta mais uma?
— Quem sabe?
— É que eu estou com uma vontade louca de
fazer uma loucura com você.
— De que tipo?
— Meu cuzinho pede uma visita de sua pica
grossa e comprida.
Ela sentiu um leve toque nas suas nádegas. O
bicho começava a se mover. Em breve, nada mais
poderia segurá-lo. Só sua bunda.
— Dá mais um pulinho, vamos. Quer que eu
43
mexa um pouquinho? Eu faço qualquer coisa para
agradá-lo!
Klê comentava com as duas novatas e com Ca-
rol as qualidades da língua de Seleny.
— Parece uma faca em brasa!
— Você gosta disso, não é?
A moça parece que sentiu-se pega em flagrante.
Fez uma expressão de espanto e respondeu.
— Não, bem, não é a primeira vez. Mas não é
sempre. Eu também não sou mais virgem. E quan-
do não morava aqui, transava com umas amigas.
— Uma lésbica, não é? — perguntou Mira.
— Ora, vá! Eu faço isso só para me divertir.
— Mas isso não se faz. Mulher com mulher,
onde já se viu?
— Puxa, Mira, você já esqueceu que há poucos
minutos você estava lá no banheiro, me lambendo?
— Mas Gora, é diferente. Você estava com
Hank.
— É a mesma coisa — protestou Klê.
A discussão foi interrompida. Todos passaram a
prestar atenção em Seleny e em Hank, que se le-
vantou com o cacete rijo. A garota dirigiu-se para a
cama, onde se deitou de bunda para cima. Rabo
perfeito! Ancas abundantes, bem construídas. Mui-
to sensuais e ávidas, pois ele nem se aproximara e
ela já começara a dança do amor. Requebrava seu
traseiro como se estivesse sendo penetrada por um
pênis de mel.
44
Sem alterar o seu procedimento, recebeu o pri-
meiro contato fálico. Os movimentos centralizaram
a pica, que começou a penetrar. Ela virou o rosto e
mostrou sua satisfação com os olhos semicerrados
e um sorriso sensual nos lábios. A sua dança de ca-
deiras continuava. Parecia que iria tirar de letra o
bravo visitante. Mais um empurrão e ela sentiu dor.
Apenas seu sorriso arrefeceu. O prazer não abando-
nou o seu rosto. Na estocada seguinte, sua boca
moveu-se como se ela estivesse gritando de dor,
mas seus olhos permaneceram quase fechados. E
sua ginga aumentou. Hank meteu mais. Agora ela
falou.
— Você está me matando de dor com esse ferro!
Está me rasgando!
Seus olhos arregalados pareciam implorar pie-
dade, mas suas palavras disseram outra coisa:
— Você não vai ficar com remorso de continuar
metendo!
— Está bem, eu paro.
— Você quer ficar eunuco de verdade? Eu corto
o seu saco, jogo fora os seus ovos, se você fizer
isso! Continua me machucando, continua me co-
mendo o cu. E isso que eu quero! Ai, que saudades!
Fode o meu rabo! Mete toda essa pica dentro dele.
Me mate de prazer, gostosão. Gigante da mamãe!
Ordem imediatamente atendida. Mas a garota
gostava de um pouco de sofrimento. Todos viram
quando ela se virou mais uma vez com os olhos
45
cheios de lágrimas.
— Faz eu chorar, pintudo! Eu quero me acabar
aos gritos, chorando como uma gazela viúva! AA-
AIIIIIIIII! Entrou tuuuuudoooooo? Entrou?
Hank não respondeu. Apenas colou o seu púbis
contra a bunda e o rego da mulher e começou a me-
xer como um alucinado. Depois de três metidas,
ainda lhe restava forças para mais esta. Tirava um
pouco e metia com força. As lágrimas iniciais no
rosto de Seleny tinham se transformado em solu-
ços, depois em pranto. Agora ela estava quase em
convulsões de gozo. Fazia força para se libertar do
seu torturador, mas quando ele facilitava, ela pedia
mais ação, mais força, mais tortura.
— Não deixa nenhum pedacinho do meu rabo
inteiro — pedia soluçando.
Quando se acabou, como uma possessa, grunhiu
maldições e deixou-se cair chorando baixinho, na
cama. Sua bunda ainda se contraía lentamente. Per-
maneceu assim por muito tempo. Hank já havia saí-
do quando ela voltou a si.
— Esse cara é bárbaro! — exclamou.
— Você que é uma maluca — disse Mira, que
achava defeitos em todo o mundo.
— Eu? Só porque gozei como queria?
— Ele quase te matou e foi você que pediu.
— Eu gosto assim, minha amiga. Se um dia nós
duas formos para a cama, eu vou pedir para você
me bater — disse ela, jogando um beijo para Mira.
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— Esse dia nunca vai chegar.
— Não diga isso. Você não sabe as coisas que
podem acontecer numa cama, quando se está com
desejos.
— Minhas amigas, espero que vocês não se es-
queçam de que o que fizemos é crime punível com
a morte. Quem der com a língua nos dentes estará,
antes de nada, se denunciando.
Carol queria que todas ficassem com medo para
que o segredo fosse mantido. Não esperava uma
traição, mas nunca era demais uma recomendação.
Todas concordaram, prometeram não falar nada, e
prepararam-se para dormir.
— Só Klê não ganhou o presente — comentou
Mira.
— Não têm importância — disse ela. — Eu co-
nheci uma das mais atraentes línguas da África. E
agora vou dormir sob a proteção da minha amiga e
admiradora.
Ela pegou a segunda virgem, que tinha sido de-
florada em silêncio e que não falara mais nada o
resto da noite e levou a garota para sua cama. As
demais, satisfeitas e saciadas, já tinham adormeci-
do quando os ruídos, gemidos e gritinhos de mais
um orgasmo cessaram na cama das duas.
— Este harém nunca mais vai ser o mesmo de-
pois que esse eunuco falso apareceu — comentou
Klê. — Meu amor, me dê um beijinho e vamos dor-
mir.
47
48
5

— Hank, eu acho melhor nos apressarmos. A


ausência de Haron pode ser favorável. Vamos ver
se conseguimos dar o fora amanhã à noite, tá bem?
— Certo, Carol. Eu vou tomar minhas provi-
dências.
Mas à tarde, a notícia de que o rei voltara correu
pelo harém. Carol esperou a confirmação. Achava
que ele desejaria uma esposa. Bastava aguardar um
pouco para saber.
Quando a noite caiu, Gonevna entrou no jardim
das mulheres, eufórica.
— Preparem-se todas! O rei vai mandar buscar
uma de vocês!
Mais algum tempo de espera e um dos seus se-
cretários informou que o rei desejava ver o novo
eunuco. Surpresa geral. Hank ficou pasmo. Será
que os boatos tinham fundamento? E se ele fosse
pego à força? Não só levaria o que não tinha dese-
jado, como seria descoberto. Nesse caso seria, no
mínimo, castrado de verdade.
Destemido, enfrentou a situação. Mas foi preve-
nido, pois segundo o ditado, quem tem cu tem
medo.

***

Carol resolveu preparar-se. Pressentiu que algu-


49
ma coisa ocorreria e achou prudente ficar pronta
para o desse e viesse. Procurou Luna e Akama e foi
direto ao assunto.
— Tenho que revelar uma coisa para vocês. Eu
não sou a princesa Gora coisa nenhuma. Sou uma
agente secreta que vim para libertá-las. Minha mis-
são tem a aprovação dos seus pais e dos seus go-
vernos. O novo eunuco também não é eunuco. É
meu companheiro. Neste momento ele está com o
rei.
— É incrível! Como poderemos ter certeza de
que não é uma cilada para nos comprometer? —
perguntou Luna.
— Não posso lhes dar nenhuma garantia. Mas
na situação em que vocês se encontram, nada pode-
rá ser pior. Vocês tem que acreditar.
— Conte comigo — disse Akama.
— Você tem razão. Não temos nada a perder. Só
a ganhar. Eu estou pronta.
— A partir de agora, a qualquer momento, po-
derei chamar vocês. Estejam sempre preparadas.
Avisem Andra. Ela certamente quererá ir conosco.
— Você pode prever quando acontecerá? —
perguntou Akama.
— Não. Pode ser daqui a pouco, se as coisas se
precipitarem, ou amanhã.

***

50
— Curve-se diante de Sua Majestade, porco
imundo! — ordenou um guarda, empurrando Hank
para o chão.
— Deixe-o. Pode se retirar. Se precisar eu cha-
mo. Eu posso me cuidar.
O rei e Hank ficaram a sós.
— De onde você é, meu rapaz?
Haron tinha a cara de um javali e estava bêbado.
— Sou alemão, Majestade.
— Eu gosto muito dos alemães. Durante a guer-
ra eles me perseguiram. Hoje eu me divirto enra-
bando-os. Você tem um corpo muito bonito. Tire
esses trapos.
— Mas Majestade, com tantas mulheres ao seu
dispor, seus olhos são atraídos logo por um reles
eunuco? O senhor não preferirá uma das jovens
donzelas do seu harém?
— Não discuta! Estou cansado de mulheres.
Quero homens! Eu os domino! Só assim posso sa-
tisfazer minha real volúpia! Eu sou o rei e dou as
ordens! Obedeça!
— Permita-me ponderar que eu não chego bem
a ser um homem. Eu sou castrado.
— É assim mesmo que eu quero. Os homens —
a bebedeira do rei já alterava sua voz — são uns in-
gratos. Uma vez, quando era soldado, fui comer um
colega e ele me pegou a força. No fim, eu fui o en-
rabado! Não, homens de verdade, não. Só eunucos.
Assim não corro perigo.
51
Haron chorava de desgosto. Tomou mais um
largo gole de sua taça e disse:
— Você pensa que não dói? Eu só não gritei
porque não queria que os outros me vissem na posi-
ção de fêmea. Mas eu estou me vingando dos ho-
mens. Um a um, de preferência alemães. Assim a
vingança é dupla.
— Está bem, Majestade. Não vamos discutir,
mas eu gostaria de tomar um trago para me desini-
bir. Eu sou muito envergonhado.
— Sim — concordou com voz pastosa — mas,
certamente, para olhar minhas mulheres na hora do
banho, você não será tão envergonhado.
— Certamente, Majestade, quer dizer, não, Ma-
jestade, eu não costumo fazer como os meus cole-
gas.
Hank serviu-se de um cálice de vinho e encheu
o do rei. Sem que ele percebesse, adicionou vodca
de uma garrafa que se encontrava sobre o bar.
— Que colegas? Quem são os que espiam mi-
nhas mulheres? Vou mandar castrá-los!
— Mas eles já são castrados.
— Então vou mandar matá-los! Diga os seus
nomes!
— Se o senhor esperar que eu me lembre...
Hank percebeu que o rei estava cada vez pior.
Não conseguia mais ficar em pé sem se apoiar. As
palavras já estavam sendo pronunciadas de forma
quase ininteligível. Ofereceu-se para servir outra
52
doze. Desta vez, exagerou na vodca. Haron sorveu
um gole largo e esqueceu o assunto dos eunucos.
— Agora, te aproxima que eu quero me saciar.
— Um brinde à Sua Majestade.
Foi a dose salvadora. O rei não pode erguer sua
taça. Baixou a cabeça, bebeu como um porco e caiu
para frente, entornando o resto da mistura. Salvo da
sanha sexual, Hank abriu a porta e chamou o guar-
da.
— O rei não está se sentindo bem. Creio que
bebeu demais.
Aguardou que o monarca fosse levado para seus
aposentos para não despertar suspeitas e só então
retirou-se.
Chegou no harém em tempo de encontrar as
meninas acordadas. Entrou, sem ser chamado, para
procurar Carol.
— O rei gosta de homens mesmo! Prefere eunu-
cos porque tem medo de ser comido. É um tarado.
Dei um porre nele e me salvei.
— Verdade? Você conseguiu escapar mesmo?
Não minta, boneca...
— Ora, vá se foder! Você acha graça porque
não esteve a ponto de ser enrabado.
— Por falar nisso, as garotas estão ansiosas para
vê-lo.
— Mas antes quero saber como estão os seus
contatos.
— Tudo bem. Todas prontas para nos acompa-
53
nhar no momento oportuno.
— Então vamos ver o que há para o jantar.
A alegria das mulheres ao verem o moço chegar
foi ruidosa.
— Silêncio! — pediu ele. — Se Gonevna nos
descobre, estamos fritos!
— A velha já deve estar dormindo — disse Se-
leny.
Mira estava com toda a corda. Com o cabelo
penteado, rosto pintado, apresentou-se envolta num
véu enorme, que cobria todo o seu corpo. Deu uma
volta como se fosse um manequim numa passarela
e desenrolou o pano que a cobria. Foi o mais rápido
strip-tease da história. Em menos de um segundo o
seu corpo surgiu nu diante dos olhos da reduzida
plateia.
— Essa menina está pedindo... — observou
Klê.
— Estou mesmo! — contestou Mira, em cima.
— Estou pedindo para ser tratada como ontem. Se
possível, melhor.
— Pena que só temos um homem — disse Se-
leny.
— Ontem vocês não tinham nenhum. Quando
Hank apareceu vocês se regalaram. Hoje ele já não
é mais suficiente. Ah, a ambição humana!... — co-
mentou Carol.
— Mas se só tem um, a solução é uma só. Va-
mos ao ataque — sugeriu a pequena que tinha sido
54
deflorada na noite anterior cujo nome ainda não era
conhecido por Hank. — A pequena Ira está impaci-
ente e você é o culpado!
— Claro! Todas as culpas recaem sobre este po-
bre mortal. Mas eu as assumo com prazer. E quero
ser culpado de mais coisas, esta noite.
As moças foram se acomodando sobre a cama,
cada uma com mais esperanças de ser a primeira.
Até Carol participou do grupo. Numa suruba, quan-
to mais gente, melhor.
A pequena Ira estava mesmo impaciente! Os
instintos sexuais transbordam com facilidade. Uma
garota que ontem era virgem, hoje já estava prepa-
rada para avançar seus conhecimentos. É bem ver-
dade que o ambiente de um harém é muito propício
para o desenvolvimento de sonhos e fantasias eróti-
cas. Dezenas de mulheres vivendo sob a expectati-
va de serem amantes de um só homem, geralmente
voluptuosas, jovens e ardentes, na maioria dos ca-
sos muito mal-amadas. As conversas são sempre
sobre assuntos sexuais. Mas como todas as escolas,
nos haréns há as alunas mais competentes.
Era o caso da pequena Ira, não muito pequena
por fora — pois tinha um corpo bastante desenvol-
vido — nem por dentro. Não perdeu tempo. Agar-
rou-se no pau de Hank com indisfarçável apetite.
Enterrou-o na sua boca faminta com tal entusiasmo
que as outras recuaram para assistir o novo show
que ela estava proporcionando. E só aquele contato
55
foi suficiente para que ela começasse a mover todas
as partes do seu corpo, como se estivesse sendo
acariciada e possuída por meia dúzia de homens in-
visíveis. Arfava o peito, esfregava os seios nas per-
nas de Hank, mexia a bunda, abria e fechava as per-
nas, segurava o saco com as mãos, lambuzava a ca-
beça da pica com a língua, depois introduzia-a de
volta até sua garganta.
Não deixava dúvidas de que chegaria ao orgas-
mo facilmente sem mais ajuda. Mas não pode evi-
tar que sua cena erótica estimulasse as demais. Um
de seus movimentos foi interceptado pela sua quase
xará, Mira, que lançou-se em direção a sua vagina,
para sugá-la. Klê e Seleny também prepararam suas
línguas e dentes e entraram na dança. O corpo de
Ira ficou completamente marcado nas costas, co-
xas, e seios, por manchas avermelhadas, que não
deixavam dúvidas quanto à volúpia com que as
moças praticavam o sexo.
Carol estranhou que nenhuma delas tivesse per-
cebido que Hank tinha livre uma de suas melhores
partes. Ainda bem! Nada melhor para saciá-la do
que a ágil língua do colega. Acomodou-se sozinha
junto ao rosto do agente que, apesar de dominado
pelo enxame de mulheres, pode dedicar-se à sabo-
rosa vagina de pentelhos morenos, tão sua amiga.
A língua viscosa penetrou por entre seus gran-
des lábios, numa união erótica abrasadora. Carol
estava com saudades e entregou-se. Fez mais ainda.
56
Deitou-se no sentido oposto, encontrando a cabeça
de Ira ocupada com o seu objetivo. Nada melhor do
que a diplomacia. Deu um beijo no ouvido da garo-
ta, lambeu o seu pescoço, juntou sua boca nos bei-
jos ao cacete, depois segredou-lhe ao ouvido:
— Mira está louquinha para que você vá chupá-
la. Ela está dizendo que você é muito ingrata. Fica
com sua língua aqui e não faz a mesma coisa que
ela está lhe fazendo. Seja boazinha com ela.
A novidade pareceu atraente para a jovem cor-
ça. Arregalou os olhos, pensou um instante e per-
guntou:
— Verdade? Não posso permitir isso. Ela é tão
gostosinha!
Lá se foi ela, levando Seleny. O seu objetivo foi
alcançado: tinha só para si o pênis de Hank. Envol-
veu a língua nos ovos e subiu até a cabeça verme-
lha. Seus lábios fizeram um biquinho arredondado,
menor do que o diâmetro do falo.
Forçou a entrada pela passagem estreita, lenta-
mente, até sentir no céu da boca o toque irresistível.
Então começou a chupar o membro descontrolada-
mente.
Klê fez questão de trazer sua colaboração. Com
a ponta da língua tesa, percorreu a linha da coluna
vertebral de Carol desde o pescoço até dentro do
rego. A pele da agente ficou eriçada, deixando-a a
apenas um passo do clímax.
As outras três garotas, comandadas por Seleny,
57
desempenhavam perfeitamente suas relações ho-
mossexuais. Mira sentia-se desbravada, conquista-
da de uma forma nova. Alucinada pelo gozo, aca-
baram-se quando Seleny mandou.
— Enterra tua língua dentro da buceta de Mira
— disse ela. — Vocês precisam se acabar juntas.
Ela já está gozando.
As gatas miaram, gemeram, se retorceram e caí-
ram quase mortas sobre a cama. A orientadora foi
recolher o repasto. Deitou-se sobre os corpos
exaustos e ficou gozando o contato passivamente.
Mais tarde pretendia aprontar a sua.
Klê demonstrou vontade de chupar o pau de
Hank também.
— Mas só um pouquinho, tá? — disse Carol. —
Quando ele acabar quero beber sua porra.
Falou alto, despertando a curiosidade das de-
mais, que se aproximaram para assistir a proeza.
Quando Carol sentiu o seu orgasmo aflorar, provo-
cado pela língua poderosa de Hank, afastou a boca
de Klê, precisando usar energia. Seu corpo estre-
meceu, quando ela começou a meter e tirar a pica
da boca, auxiliando com a mão, como se estivesse
tocando uma punheta nele. Carol começou a gozar
e, ansiosa, pediu:
— Acaba! Acaba comigo! Dá a tua porrinha na
minha boca!
O primeiro jato subiu acertando nos lábios da
agente. Logo, mais outro, que ela, já preparada, re-
58
cebeu com a língua. Lambendo os beiços, olhos ar-
regalados, recolheu o líquido e engoliu. Espremeu
o pênis e apanhou com a ponta da língua a última
gota que brotou no pequeno orifício da uretra.
As outras garotas aplaudiram sua performance,
mas protestaram porque não tinham podido provar
o sabor do sêmen viscoso.
— Agora me lembrei que não tinha jantado. —
disse Carol, apreciando o efeito da sua piada. —
Depois, desta, nem vou precisar.
— Agora ele é meu — disse Seleny. — dei-
tando-se ao lado de Hank para tomar posse.
Uma cortina ao fundo da sala moveu-se, como
se atrás dela houvesse uma pessoa. Mira ficou as-
sustada. Klê aproximou-se com cuidado, afastou o
tecido, mas não encontrou ninguém. O quê teria
sido?
— Vamos olhar pela janela — disse Seleny.
Elas se precipitaram juntas em direção à sacada
que dava para o pátio, ainda a tempo de verem um
vulto saindo em passo acelerado.
— Gonevna! — exclamou Mira.
— Acho que não — disse Klê. — O que a velha
estaria fazendo aqui?
— É possível que seja. Bisbilhotar é a sua fun-
ção — disse Carol.
— Se ela nos viu, estamos fodidas. Seremos de-
nunciadas. O rei vai mandar nos matar.
A pequena Ira estava com medo. Sabia do casti-
59
go para as mulheres infiéis e não queria passar por
ele. Era muito jovem e agora que tinha descoberto
os prazeres da vida, tinha muitos motivos para que-
rer preservá-la.
Hank achou que havia chegado a hora de contar
a verdade.
— Minhas queridas, ouçam com atenção. Gora
e eu não somos o que vocês estão pensando. Esta-
mos aqui em missão especial para resgatar duas ga-
rotas presas no harém. Temos um plano de fuga já
estabelecido. Se alguma coisa acontecer, vamos
executá-lo antes. Vocês, se quiserem, podem nos
acompanhar.
— Você não é princesa? — perguntou Mira.
— Não, meu bem. Meu nome é Carol Sinclair e
sou agente secreta de uma organização internacio-
nal, como Hank.
— Puta que o pariu! Nunca tinha pensado que
uma dessas histórias de 007 poderia acontecer co-
migo! — exclamou Klê. — Vocês podem contar
com a minha colaboração para tudo. Sou voluntá-
ria, com muito prazer. Isso pode significar a nossa
libertação.
Todas concordaram. Tinham razões de sobra
para desejarem se ver livre de Haron e de seu ha-
rém. E se medo havia, a possibilidade de serem de-
nunciadas e condenadas a morte o eliminou.

***
60
Às dez horas da manhã Hank foi chamado no-
vamente a presença do rei. Por sorte havia uma das
garotas nas proximidades, quando um guarda veio
buscá-lo. Imediatamente Mira correu para avisar
Carol. Esta avisou todas as moças que estavam en-
volvidas na trama. Novo sobreaviso.
Quando Hank entrou nos aposentos do rei notou
a presença de Gonevna e não teve mais dúvidas do
que ocorreria. O guarda não foi dispensando. A
porta ficou aberta e na outra sala havia mais ho-
mens. A coisa estava preta.
— Ontem à noite você me embebedou. Mas
hoje você não escapa. Estou mais ansioso do que
ontem. Só que vamos ter que prepará-lo. Eu lhe
disse que preferia eunucos. Escolhi você porque é
um belo representante da espécie. Mas, segundo fui
informado, há pequenos detalhes que precisam ser
removidos. Já tenho, um especialista pronto para
corrigir o seu defeito. Você tem culhões muito
grandes para um eunuco.
No começo, Haron falou com acentuada ironia
na voz, mas suas últimas palavras estavam carrega-
das de ódio e foram pronunciadas de forma aterro-
rizante.
As reações do agente, até agora um brincalhão,
foram imediatas. Ele percebeu que a hora H tinha
chegado. A boa vida terminara. Somente uma ação
rápida e vigorosa poderia salvá-lo. Baixou a cabeça
61
e caminhou lentamente em direção da porta. Go-
nevna disse para o guarda:
— Agarre-o. Não é preciso dar trabalho para os
guardas da outra sala.
Hank fechou a porta sem estardalhaço para não
atrair os que estavam fora, e virou-se com tal rapi-
dez e violência que o capanga não teve tempo de
descobrir de onde veio a porrada que o derrubou
desmaiado. Na sequência, uma estatueta de bronze
atingiu a cabeça de Gonevna, prostrando-a ensan-
guentada. O rei, covarde e atônito, ficou petrificado
esperando o ataque. Um soco no nariz o derrubou
próximo à janela.
Hank pensou um pouquinho qual seria o seu
próximo passo. Para grandes problemas, grandes
soluções. Apanhou o fardo caído e o jogou pela ja-
nela. Tinha livrado Togomê do seu tirano. Não sa-
bia que rumos o país poderia tomar, mas aquele não
mais aterrorizaria a população.
(O episódio passou para a história do país com
o nome de “Defenestração de Der al Azan”).
Correu até a porta, arrumou o cabelo e abriu-a
repentinamente.
— Socorro! Socorro! Ajudem o rei! Ele caiu
pela janela!
Alguns dos homens correram pelas escadas.
Dois deles quiseram, entrar, mas ele não deixou.
— Lá embaixo! Ele caiu! Não adianta vir para
cá.
62
Eles recuaram e seguiram os demais. Ele tomou
o mesmo caminho, sem demonstrar nenhuma atitu-
de suspeita. Chegou ao pátio antes que a confusão
tivesse se espalhado. Então rumou para o harém.
— Meninas, começou a guerra! Eu matei o rei!
Vamos fugir pela porta sul, que nos oferece mais
condições. Os soldados vão se concentrar na parte
norte. Vão demorar alguns minutos para descobri-
rem o que realmente aconteceu, pois nem Gonevna,
nem o homem que estava junto, terão condições de
contar o que eu fiz. Vamos aproveitar a vantagem.
A reunião do grupo despertou a atenção das ou-
tras mulheres. A desconfiança de uma fuga logo
correu entre elas. Enquanto o grupo atravessava o
grande salão para sair pelas janelas dos fundos, ou-
tras foram aderindo. Quando chegaram ao portão,
não havia restado nenhuma esposa, ou melhor, ne-
nhuma viúva para chorar a morte do falecido sobe-
rano.
Foi sorte. O exército de mulheres, mesmo sem
armas dominou a guarnição sem maiores proble-
mas. O que poderia um grupo de soldados fazer
contra um bandido furioso, lutando pela vida?
O comandante da guarda estava preocupado
com a possível sobrevivência do rei. Antes de qual-
quer providência militar, determinou que chamas-
sem um médico. Ainda não suspeitava de que aqui-
lo fosse o início de uma rebelião. Quando um sol-
dado da porta sul, que conseguira escapar à fúria
63
das mulheres, chegou até ele com as notícias da
fuga, ele caiu em si. Mas até que reunisse um gru-
po, houve tempo para que as comandadas de Hank
e Carol ganhassem o casario próximo ao palácio.
Ali, receberam reforços inestimáveis. Andra fi-
cou surpresa ao encontrar o seu namorado Manot.
Escondido permanentemente para fugir aos guardas
de Haron, tinha escolhido um lugar que julgava se-
guro. Um casebre bem próximo ao palácio.
Ligado aos grupos de resistência ao tirano, tinha
condições de orientar os fugitivos. Conhecia todos
os esconderijos clandestinos.
Além desse reforço, perceberam que a popula-
ção, por diversas maneiras, estava prestando auxí-
lio. A rua central do bairro, tão logo eles passaram,
foi bloqueada com uma barricada. Armas surgiram,
atiradas anonimamente das janelas.
Rapidamente se constituíram numa força de
combate. Hank nomeou Carol, Manot, Akama e
mais duas mulheres “Chefes de Grupo”. Cada uma
reuniu em torno de si um número mais ou menos
igual de voluntárias, para prosseguir a fuga.
Quando se aproximavam de um cruzamento
próximo a um quartel, foram barrados por um forte
contingente armado. Os comandantes ordenaram
que as mulheres tomassem posição junto as paredes
das casas e que se entrincheirassem onde pudes-
sem.
Um oficial, que parecia o comandante do desta-
64
camento, aproximou-se com a espada em continên-
cia, montado um belo cavalo.
— Quem comanda isso aqui? — perguntou alti-
vo.
— Sou eu — disse Hank, levantando-se do seu
esconderijo. — Meu nome é Hank Stinger. Sou um
agente estrangeiro que vim para salvar duas moças
sequestradas, do harém de Haron.
— Mas sua missão pode desencadear uma revo-
lução completa no país. O rei morreu. Eu recebi
instruções de interceptá-los.
— Então tente — disse Hank.
— Mas não quero. A maioria das forças arma-
das não concorda com a política que vinha sendo
imprimida ao país. Queremos aproveitar o momen-
to. Você tem sua missão a cumprir. Eu sei do fato.
São moças estrangeiras. Pois cuide do seu trabalho
e me passe o comando da revolução, até que outro
oficial de maior patente se disponha a comandar-
nos. Não posso permitir que um estrangeiro chefie
uma revolta no meu próprio país.
— E que garantias teremos de que o senhor não
vai nos trair? — insistiu o agente.
— A minha palavra de oficial honrado. O meu
batalhão está pronto para nos seguir.
— Isto é muito irregular. Pelas regras do nosso
exército, não temos comandante. Como vamos fa-
zer para que o senhor assuma? — disse Carol, meio
na gozação.
65
— Pois então, agora vocês tem um comandante.
Todos de acordo?
Hank sacudiu a cabeça. O jovem oficial desceu
do cavalo e foi até ele. Com lágrimas nos olhos, fez
uma continência informal e abraçou o agente.
— Obrigado, muito obrigado por ter começado
uma coisa que nós não sabíamos como fazer. Vocês
teriam passado por nós de qualquer forma. Não ati-
raríamos em mulheres. Não somos da corrupta
guarda do rei. Somos profissionais e temos nosso
código de honra. Mas assim é melhor. Juntos pode-
remos prosseguir com muitas chances de progresso
— fez uma pausa e alterou sua voz gentil até então.
— O que estão esperando? Mexam-se! Precisamos
sair daqui para um lugar mais seguro!
Quando as mulheres se aproximaram dos solda-
dos, estes irromperam numa saudação alegre, que
pouco a pouco foi se transformando numa confra-
ternização, não sem alguns flertes e promessas para
encontros posteriores. Cada um deles recebeu uma
prenda das garotas. Um lenço, uma fita de cabelo,
um pedaço de um vestido. Algumas, mais audacio-
sas, arrancavam uma renda de uma peça íntima ou
uma liga, para oferecer. Orgulhosamente, o coman-
dante prendeu um pedaço de fazenda no seu unifor-
me. Todos seguiram o seu exemplo.
— Não esqueceremos que as mulheres deram à
luz este país! — pronunciou ele erguendo a espada.
A frase se espalhou pelo bairro e no meio da tar-
66
de corria de boca em boca pela cidade toda. Ao cair
da noite, de cada casa uma senhora, uma moça uma
menina, saiu disposta a se juntar aos rebeldes. Os
contingentes femininos engrossavam em cada es-
quina. Não havia um chefe, um líder. Era espontâ-
neo, uma força da natureza, que indicava o cami-
nho. Milhares de mulheres, de todas as idades. Al-
gumas armadas com espingardas de caça, outras
com facas de cozinha. As que não conseguiam
arma ou que se achavam incompetentes para empu-
nhar uma, levavam aquilo que achavam útil. Um
prato de bolinhos para os soldados, um vidro de re-
médio para os possíveis feridos, uma manta de lã
para agasalhar um combatente.
Os maridos, os namorados, os irmãos, de posi-
ções políticas definidas, assistiam a tudo, impassí-
veis. Talvez pelo efeito da surpresa. Não esperavam
um movimento tão repentinamente. Só à noite, co-
movidos com o desprendimento das mulheres é que
os primeiros batalhões masculinos foram formados.
Em boa hora, porque a resistência heroica da popu-
lação feminina não seria suficiente para resistir à
Guarda Real.
Mas os combates não chegaram a ocorrer. Os
soldados, os oficiais, sempre tem uma mulher para
respeitar. E eles não se sentiram com coragem para
atacar os revoltosos. Um a um, os quartéis foram
aderindo. E cada homem, soldado ou não, exibia a
prenda de uma mulher.
67
Pela manhã do dia seguinte, a Guarda do rei
morto estava sitiada, sem condições de resistir. A
república foi proclamada pelo General comandante
do exército e um governo foi formado, sob a chefia
de um antigo juiz da corte suprema.
Manot foi convidado para o ministério.
As mulheres do harém que eram naturais do
país, foram se reunir aos seus familiares. As estran-
geiras foi oferecida a possibilidade de ficar, se qui-
sessem, ou de partir para seus países. Nesse caso, o
governo custearia todas as despesas de viagem.
Luna e Andra, agora livres, decidiram ficar no
país. Uma tinha o pai, a outra, o noivo. Akama re-
solveu voltar para casa. Mira também. Muitas que
não conhecemos também foram repatriadas.
Carol e Hank mantiveram uma posição muito
discreta. Por iniciativa própria, pediram para ficar
no anonimato. Mas particularmente, os comandan-
tes locais os homenagearam, sempre com agradeci-
mentos calorosos. Foram convidados a visitarem o
país, numa “missão cultural”, um ano depois.
Assim terminou o episódio de libertação de
duas garotas sequestradas por um tirano usurpador
de um trono que nunca existiu. As mulheres do ha-
rém merecem todo o crédito pela façanha.
Mas a história de uma parte delas ainda não ter-
minou.

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69
6

Akama e Mira resolveram acompanhar Hank e


Carol no reencontro com seus companheiros. O
novo governo ofereceu-lhes um helicóptero para
facilitar a viagem.
— Não pense que nós estamos com pressa que
vocês desapareçam. Mas achamos que isto é o
mínimo que podemos fazer por pessoas a quem
tanto devemos.
A explicação partiu do presidente, que fez ques-
tão de despedir-se pessoalmente do grupo. Acres-
centou que sempre seriam bem-vindos ao país.
Ressaltou que todos estavam reconhecidos pelo
gesto que tiveram, evitando aparecer como heróis,
deixando as honras para os militares nativos.
Os três foram levados ao ponto de encontro, no
meio da selva, junto a fronteira. Arnold já estava
suficientemente informado dos acontecimentos.
Saudou o grupo com entusiasmo.
— Vocês dois são foda, companheiros! Foram
buscar duas moças sequestradas e, de lambuja, der-
rubaram o governo. Me conte como foi a morte do
rei.
Hank descreveu rapidamente os acontecimentos
que precipitaram a rebelião. Estava ansioso para
partir. Precisavam ainda viajar uma meia hora de
carro para chegarem até o aeroporto clandestino,
onde o jatinho estava escondido.
70
— Será que esse negócio não está precisando de
uma revisão? — perguntou Arnold, que ia viajar
para Genebra com eles.
— Claro que não. Se ninguém mexeu nele, está
tudo bem. Quando nós viemos para cá, ele estava
perfeito.
Mira ia até a Europa. Depois retornaria ao seu
país de origem. Não estava bem certa do que faria.
Não tinha certeza de encontrar parentes. Talvez ar-
rumasse um emprego e se radicasse na Suíça, Fran-
ça ou outro país. Não sabia fazer nada, mas Carol
prometeu-lhe todo o apoio.
O avião faria uma escala na cidade de Akama,
para que ela desembarcasse. Arnold estava muito
interessado na mulata, de formas exuberantes e
muito sensual, quando não estava falando sobre mi-
nerais estratégicos. Por dentro, ele lamentava ter
que se separar da garota dentro de tão pouco tem-
po. Mas convinha, manter a amizade. Seu local de
trabalho era por ali mesmo. Não custava um novo
encontro no futuro.
Quem estava mais uma vez no cio era Mira.
Imaginava gastar o seu tempo, a bordo de maneira
bem divertida. Seria a sua primeira viagem de avi-
ão. Queria que fosse inesquecível.
Mira não tinha muita noção das coisas relacio-
nadas com o recato sexual. Com a maior tranquili-
dade, externava seus pensamentos, opiniões e dese-
jos diante dos demais. Sua rápida iniciação, depois
71
de um confinamento onde ninguém escondia o que
pensava, fizeram dela uma garota sem medidas.
Akama e Arnold eram os menos íntimos dos de-
mais. Ficaram surpresos quando ouviram a moça
descrever seus desejos. A mulata sorriu disfarçada.
O agente ficou um pouco encabulado.
Depois acostumaram, e até estimulavam as con-
versas eróticas.
O jato decolou. Em menos de meia hora tocava
o solo novamente para desembarcar sua primeira
passageira. Hank achou conveniente reabastecer o
aparelho. Enquanto isso era feito, o grupo desceu
para tomar um cafezinho. Arnold não se separou de
Akama por instante algum.
Finalmente iniciaram a viagem de regresso à
Europa. O bico do avião ainda estava apontado
para o céu, ganhando altura, e Mira despiu a blusa
e o sutiã. Seus seios pequenos e bem desenhados,
alvos, terminados num biquinho rosado, estavam à
disposição de quem tivesse coragem.
O tranquilo agente Arnold não tinha percebido,
pois conversava animadamente com o piloto.
Quando virou-se para trás, levou um susto, mas re-
compôs-se em seguida.
— Menina, isso é contra o regulamento! As co-
missárias de bordo não podem tirar à roupa durante
o vôo.
— O que é comissária de bordo?
— Deixa pra lá. Não esquenta. Vocês está muito
72
linda. Eu acho que não vou resistir.
— É que está muito quente aqui — esclareceu
Carol.
— Não, não foi por isso que eu tirei a roupa. Eu
estou é com tesão mesmo. Há quantos dias Hank
não me come? Desde a noite anterior a revolução.
— Eu não comi você naquela noite.
— Mas foi a mesma coisa. Eu chupei o teu pau
e gozei com Ira.
— Você nem se lembra. Não foi isso que acon-
teceu — insistiu o piloto.
— O papo está me agradando. Vamos abrir um
champanhe. No aeroporto em que pousamos eu
pedi que abastecessem o avião. Recebi recomenda-
ções de nossos superiores para tratá-los muito bem.
O vinho espumante foi servido. Após o brinde.
Mira entornou a taça e pediu mais. Sentiu-se nas
nuvens. Após beber mais um pouco, ficou em esta-
do de graça. Tirou o resto da sua roupa e sentou no
colo de Arnold. Abraçou Carol e lhe deu um beijo
na boca. Ao seu ouvido, pediu:
— Você não sabe dirigir esta coisa? Fique nos
comandos para deixar Hank vir para cá.
A agente atendeu o pedido. Hank levou a garota
para a poltrona grande, que se transformava em
cama. Mira tirou-lhe a camisa. Fez a mesma coisa
com a calça de Arnold. Depois, com a de Hank.
Trabalhava rapidamente. Quando seus parceiros es-
tavam nus, ela segurou as duas picas duras. Queria
73
ficar no meio, sentir num só abraço, o contato com
dois machos. Voltava-se ora para um, ora para ou-
tro, distribuindo beijos, esfregando seus seios nos
corpos masculinos. Quando sentia uma pica na sua
buceta e outra no seu rabo, se retorcia, dando risa-
dinhas, soltando gritinhos.
— Eu já sei o que nós vamos fazer. Hank me
deflorou. Não sou mais virgem. Agora quero perder
outro cabaço. Vou dar o rabo para um e chupar o
cacete do outro.
Ajoelhou-se no banco e puxou para seu lado o
que estava mais próximo. Era Hank. A sua pica foi
engolida avidamente. Só voltou a ver a luz do dia,
porque Mira resolveu temperá-la com champanhe.
— É uma delícia! Que sabor! Nunca provei
nada tão gostoso!
As borbulhas faziam cócegas na pele e no saco
do agente, aumentando seu tesão. Novamente foi
para dentro da boquinha pequena e vermelha da ex-
esposa virgem de Haron.
— Venha, Arnold, venha. Eu não estava brin-
cando quando disse que queria ser enrabada. Eu vi
o seu cacete é muito grande, mas é isso que eu que-
ro! Come o meu cuzinho com toda a gana!
O rapaz aceitou o convite. Começou como um
cavalheiro, devagar, procurando excitá-la ao máxi-
mo. Mas isso não era possível. Mira estava quei-
mando. Possuída pelo desejo, só queria meter, ser
fodida, gozar, mais uma vez, como mulher.
74
A pica começou a entrar. Meio centímetro. Ape-
nas tinha forçado o buraquinho que se exibia entre
as nádegas. O rebolado era convidativo. Empurrou
com mais força, fazendo Mira parar tudo para dar
um grito lancinante.
— AAAAIIIIIII!
Arnold pulou para trás, assustado. Hank levan-
tou-se.
— O que vocês estão fazendo, porra?
— É que você gritou...
— Eu gritei porque não imaginava que ia ser
tão bom! Vamos continuar! Que merda de cavalhei-
ros são vocês que deixam uma mulher insatisfeita?
Diante da repreensão, os dois retornaram ao
ponto onde estavam, antes do grito. Arnold meteu
de novo. Quando ouviu o grito se repetir, cravou
mais ainda. Outro grito mais forte. Mais um pouco.
— Vou ficar rouca de tanto gritar!
— Será que você não pode me foder em silên-
cio?
Carol se deliciava nos comandos. Mira prometia
fazer muito sucesso na Europa. Já estava fazendo
planos para levá-la para passar um fim de semana
em St. Moritz ou Gstadt. Estavam em plena tempo-
rada. Os galãs do jet-set internacional andavam por
lá em busca de conquistas. A garota iria surpreen-
der a todos.
— Ai, Hank, este cara vai acabar com a minha
raça! Ele tem um pau enorme e quer meter todo no
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meu cuzinho. Eu sou virgem, Hank! Me salve dele!
Meta o seu pau na minha boca, para eu esquecer as
torturas que ele está me aplicando! Acaba na minha
garganta como você fez com Carol naquela noite!
“Sacana! O que ela tem que ficar dizendo essas
coisas íntimas diante dos meus colegas! Agora,
com que cara iria olhar para Arnold? Ora, com a
mesma, pô. Afinal, se o seu colega de missão fosse
ele, tudo teria acontecido da mesma forma”, pensou
Carol.
Mira sentiu que os movimentos de Arnold ti-
nham chegado ao ponto máximo.
— Você está acabando? Ai, está sim! Eu estou
sentindo você derramar o seu leite dentro do meu
rabo! Ai, como queima, aaaiiiii! Eu também... es-
tou... gozando... Hank! Querido! Terminou a minha
tortura atrás! Ai, como é bom, Arnold!
Ela fez mais um movimento lento com a bunda.
Quando sentiu que a pica tinha saído do seu rabo,
informou Hank que estava com muita vontade de
lembrar a primeira vez, quando fora descabaçada.
— Minha xoxota quer sentir o seu cacete de
novo. Você mete esse pintão nela? Mete? Todo?
Sente como ela está quente, sente, gostoso! Você
quer meter?
Os seus pedidos eram absolutamente inúteis,
pois ela já estava completamente penetrada, até o
seu útero. Suas pernas, bem abertas, apoiadas no
assento, cavalgando os quadris de Hank, não per-
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mitiam que fosse ao contrário.
— Você vai meter, não? — insistia ela. — Veja,
os teus pentelhos loiros estão coladinhos nos meus.
E o seu pau está quase na minha garganta, bruto!
Vocês sempre me fazendo sofrer, não é? Carol, Es-
ses caras estão abusando de uma donzela!
— Essa menina é completamente louca, não,
Carol? Porra, como ela fala!
Arnold estava impressionado com as sacana-
gens de que ela era capaz. Não queria acreditar que
fora Hank o responsável pelo seu defloramento,
poucos dias atrás.
— Eu sou uma bezerrona! Eu quero mamar!
Você é a vaca, tá?
Os dois, Carol e Arnold, morriam de rir.
— Alimenta a bezerrona! Eu estou com fome!
Já mamei um pouco, agora quero mais! Só que eu
mamo com outra boca! Mas se você quer, eu posso
mamar de verdade! Agora! Vamos, vaquinha! Dei-
xa eu provar o teu leite! Aaaaahh!
Mira parecia um vaqueiro de rodeio montando o
mais bravo dos potros. Corcoveava, mesmo que
Hank não corcoveasse. E depois da foda, caiu no
piso do avião, exausta, saciada e alimentada.
— Eu já a tinha visto num fogo bárbaro. Mas
como hoje, ainda não — comentou Hank. — Essa
gata vai longe!
— Gata, não, bezerrona. Será que você não sabe
distinguir? Afinal, você é a mãe dela, não é?
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— Ora, vá à merda!
— Não meu caro. Não adianta reclamar. Foi ela
quem disse.

***

Seria demasiado narrar as coisas que acontece-


ram até a chegada ao aeroporto de Genebra. Mes-
mo porque nada de mais aconteceu. Carol deu a sua
com Hank. Depois, outra com Arnold, auxiliada
por Mira. Como vemos, nada extraordinário, depois
do que vimos.
A única coisa digna de registro foram as pala-
vras de Mira quando desceu do jatinho:
— Nunca pensei que viajar de avião fosse tão
bom!

FIM

*
* *

ÐØØM SCANS
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