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Introdução da unidade
● Explicar quais as peculiaridades que temos que nos atentar para a escolha
do mais fresco e de melhor qualidade;
● Distinguir os tipos de pescado e frutos do mar;
● Examinar os aromáticos mais utilizados como base nas preparações
culinárias.
Situação-problema
Para ilustrar nossa situação-problema, voltamos à história de Robson, que chega à
Grécia e como de costume, sempre que o navio aporta no local vem carregado de
insumos.
A Grécia além de ser conhecida pelos seus monumentos históricos e ilhas
paradisíacas, também tem uma variedade única de pescados e frutos do mar. E
justamente, para que o cardápio do itinerário ilustre isso, Robson se surpreende
com a quantidade e a variedade de pescados e frutos do mar que chegará.
Apesar de sua experiência em cozinha do Nordeste, ele nunca tinha visto tanta
variedade e ficou surpreso de como iria primeiro identificar para poder distinguir e
organizar o fluxo dos insumos para poder guardar. Robson não pensa duas vezes e
chama Rebecca para auxiliá-lo na tarefa.
De que forma Rebecca poderá auxiliar Robson a identificar os pescados e frutos do
mar? E quais medidas devem ser tomadas por Robson logo após esta identificação
para não comprometer o estoque, sendo que se trata de insumos frescos?
💭 Reflita
No caso de um país tão imenso como o nosso, você acha que no centro do Brasil se
consome peixes da costa com a mesma qualidade e frescor que se consome nas
praias? E mais, imagine as técnicas que se deve desenvolver para atingir longas
distâncias sem comprometer a integridade higiênica dos pescados.
Em um país com a extensão territorial como o Brasil, é desafiador fornecer
variedades de peixes e frutos do mar sempre frescos. Desta forma, se faz
necessário o congelamento de muitas espécies marítimas para o fornecimento em
locais afastados do mar.
Por conta desta peculiaridade geográfica, é necessário conhecer os fornecedores e
saber avaliar o estado geral de um peixe, para isso deve se levar em conta:
● Cheiro: peixe fresco não possui cheiro forte, portanto, o cheiro forte e
desagradável é sinal de atenção, pois o peixe pode estar se deteriorando e já
estar impróprio para o consumo.
● Textura: peixe deve ter aspecto úmido, escorregadio, firme e com certa
elasticidade. Se estiver inteira a pele ou escamas, ele deve ter cor brilhante e
viva. No caso de comprar porcionado, deve-se notar se além da elasticidade
da carne e umidade, se há algum muco.
● Ventre: deve estar em seu formato natural, sem estar afinado, flácido ou
escurecido.
● Olhos: devem estar brilhantes, vivos e salientes, é uma das mais importantes
características de reconhecimento para identificar se o peixe está realmente
fresco.
● Guelras: a cavidade próxima da cabeça que é aberta, deve estar de
coloração avermelhada e sem muco ou cheiro forte.
Peixes frescos. Fonte: iStock.
Os frutos do mar
Não que os peixes não sejam “frutos do mar”, mas esta categoria é um tanto
peculiar pelas formas e sabores que existem entre elas. Apesar desta designação
genérica de “frutos”, podemos dividir em duas grandes categorias bem distintas
entre elas, tanto de estrutura física como de sabor. Os moluscos e crustáceos
possuem características tão peculiares que até mereciam ser tratados de forma
individual.
📝 Exemplificando
Para se obter um resultado satisfatório em alguns frutos do mar, recomenda-se que
os compre vivos, especialmente lagostas, siris, caranguejos, mariscos em geral.
Deve-se cozê-los ainda vivos para liberarem seus sulcos naturais fazendo assim
com que o frescor e os sabores se intensifiquem.
Harmonização de sabores
São extremamente ricas as possibilidades de se harmonizar com ervas, legumes e
toda a variedade de especiarias que existe. Podese criar uma infinidade de
combinações e com isso sempre pode haver variantes muito distintas.
🔁 Assimile
Precisa-se sempre atentar para os sabores peculiares de cada pescado, molusco ou
crustáceo. Cada um apresenta uma peculiaridade; o pescado pode ter sabor
intenso, se for do mar ou sabor suave em alguns casos em água doce. Crustáceos
têm sabor adocicado, o que dá um tom de requinte às preparações, já os moluscos
têm uma peculiaridade por conta do tempo de cozimento; até 5, 6 minutos a carne
está macia, se passar disso deve permanecer por mais de 45 minutos, para voltar a
maciez.
No caso de moluscos congelados, é necessário cozimento acima de 40 minutos.
O maior cuidado que se deve ter atenção é com o tempo de cocção, em geral tanto
pescados quanto frutos do mar cozinham relativamente rápido.
Imagem ilustrada de cocção de frutos
do mar. Fonte: iStock.
Conclusão
Rebecca pode orientar Robson que cada pescado e fruto do mar tem sua
particularidade e devem ser acondicionados separados e levados à câmara fria o
mais rápido possível.
Rebecca ainda comenta que ambos têm que se atentar às características para
identificar se de fato estão frescos, suas cores, textura umedecida, olhos vibrantes,
guelras de cor rosada e vivas. Tudo isso para garantir o melhor produto final no
restaurante.
Para os pescados deve-se levá-los ao açougue e já limpá-los e porcioná-los. Para o
uso dos peixes frescos deve-se reservar um espaço do aquário para eles.
Moluscos devem ser limpos, pesados, embalados, resfriados ou congelados,
dependendo da proposta do cardápio para os próximos dias.
Crustáceos devem ser acondicionados no setor do açougue onde se tem o aquário,
e devem ser imediatamente levados para lá.
Introdução da aula
Situação-problema
Olá, estudante! Vamos retomar nossa jornada com Robson que está impressionado
com a diversidade de espécies que ele conheceu.
Agora ele está seguindo os passos de Rebecca para compreender como lidar com
esta diversidade, principalmente na hora do preparo. Na hora do pré-preparo
Robson fica atento a cada movimento de Rebecca e logo que terminam seguem
para a cozinha quente com o mise en place. Robson está cheio de dúvidas sobre o
preparo, então conversa e pergunta bastante para Rebecca para compreender as
técnicas de cada pescado e principalmente, da diversidade dos moluscos e
crustáceos que eles têm que preparar. Quais as principais técnicas que Robson
precisa se atentar no momento do preparo e como o pré-preparo pode influenciar
para uma perfeita execução?
Acondicionamento e pré-preparo de
pescados e frutos do mar
Após identificar sensorialmente o pescado ou frutos do mar que você julgou
necessário para suas receitas, alguns cuidados como a armazenagem ou o
acondicionamento deles são fundamentais para manter as suas características
naturais . No caso dos pescados a melhor forma de armazenagem é mantê-los
inteiros, eviscerados e envoltos em um filme plástico.
🔁 Assimile
No caso do pescado permanecer em refrigerador, ele poderá ser consumido por até
24 horas. Também pode ser conservado em gelo, em escamas ou triturado
grossamente, desta forma o pescado pode se manter fresco por até 48 horas.
______
📝 Exemplificando
No caso da culinária oriental, é impossível fazer um sashimi (fatias finas e delicadas
do filet de peixe cru) com salmão e atum congelados. A textura muda
completamente.
O processo de congelamento é tão forte que “pré-cozinha” pescados e frutos do
mar, alterando sua cor e textura, tendo assim que ser revista qualquer preparação
que necessite deles frescos.
Veremos ainda nesta unidade as preparações mais comuns que necessitam de
pescados e frutos do mar frescos.
💭 Reflita
Temperaturas altas cozinham rápido um pescado, mas você já reparou que quando
um peixe é congelado ele fica esbranquiçado, quase que “cozido”? Seria o frio
intenso como um “método de cocção natural” no caso de carnes tão sensíveis como
as dos peixes?
Agora veremos alguns pontos de atenção a serem levados em consideração quanto
aos cuidados na manipulação de peixes congelados:
➕ Pesquise mais
Para mais informações sobre manipulação de pescados e cuidados com
temperatura, acesse o manual de Boas práticas para manipuladores de pescado: o
pescado e o uso do frio, desenvolvido na USP.
Frito: método muito usado em filets, peixes pequenos e alguns frutos do mar.
Recomenda-se empanar para proteger a carne.
Ensopado: método adequado para peixes de carne mais firme, como o cação.
Pode-se usar também peixes mais delicados, porém, deve-se ficar atento ao
tempo de cozimento para que não se desfaçam em lascas. Ensopados de
frutos do mar também são comuns.
Ensopado de frutos do mar. Fonte:
iStock.
Conclusão
Rebecca orienta Robson no seguinte ponto, o pré-preparo deve ser rápido, para não
comprometer o gosto dos pescados e frutos do mar, que devem ser frescos. Ambos
têm a sorte de contar com um aquário para acondicionar os pescados, isso ajuda
muito, pois podem contar com pescados e frutos do mar frescos e de altíssima
qualidade.
Para tanto, Rebecca deixa tudo à mão em seu mise em place, pois sabe da
importância no caso do preparo de proteínas tão sensíveis. Robson faz dois
pescados escalfados, algumas lulas fritas e alguns filets grelhados, enquanto
Rebecca prepara um ensopado e alguns filets no vapor.
Ao final Rebecca e Robson comentam sobre as peculiaridades de sabor de cada
preparação com os colaboradores da cozinha quente e já se preparam para a
temporada na Grécia, que promete muitos desafios com pescados e frutos do mar.
Para tanto se faz necessário alguns itens e cuidados indispensáveis para manter a
temperatura de segurança de pescados e frutos do mar:
🔁 Assimile
De alguns anos para cá a culinária oriental explodiu no Brasil, e uma característica
marcante em suas preparações é que o pescado e até certos tipos de frutos do mar
são servidos crus, em pratos como os sushis, sashimis e tartares, por exemplo.
Neste caso é ainda mais importante que o pescado ou fruto do mar seja fresco e
minimamente manipulado antes de ser servido.
Aromáticos, harmonizações e
acompanhamentos
A diversidade de pescados e frutos do mar é tão vasta quanto a possibilidade de
combinações aromáticas, suas harmonizações e acompanhamentos. Com isso,
simplicidade e ousadia podem com ser criadas; de entradas frias e quentes a pratos
principais e intermediários, saladas e muitos outros.
A culinária oriental usa amplamente os pescados e diversos frutos do mar em
preparações cruas. Seus aromáticos são intensos como o wasabi (pasta de raiz
forte), gengibre, pimentas e sempre algum molho de soja, como o famoso shoyu,
podendo até mesclar com molhos de peixes e fermentados.
💭 Reflita
Já parou para pensar que o hábito de se comer pescados crus possa ser de nossos
ancestrais, por conta do consumo de proteínas cruas, muito antes da descoberta do
fogo?
As bases de acompanhamento geralmente são frias neste caso, sendo saladas
compostas de diversos legumes e folhas, não podendo faltar o arroz como um dos
acompanhamentos principais e base para a preparação de sushis.
Outra localidade em que poderemos encontrar preparos com pescados crus ou semi
curados é no norte e em alguns países do leste da Europa.
Imagem ilustrando a culinária do norte da
Europa – Gravad Lax. Fonte: iStock.
📝 Exemplificando
Tanto no caso do ceviche quanto no gravad lax são exemplos do que podemos dizer
de métodos peculiares de “marinada” pelo qual o pescado ou fruto do mar é
mergulhado em algum líquido cítrico ou ácido, como limão ou alguma bebida
alcoólica, em média por 15-20 minutos. Sem o uso do calor, ele irá “cozinhar” devido
à acidez do líquido, podendo até mudar de cor. Essa acidez previne o crescimento
de microrganismos e amacia as fibras do pescado ou fruto do mar.
Estilo, versatilidade e intensidade de sabor definem bem o preparo de ostras, que
são mundialmente famosas, tanto frescas ou com algumas gotas de limão e/ou
gratinadas. São simples e sofisticadas, não precisam de muitos acompanhamentos,
são uma excelente entrada com um bom vinho branco, espumante ou rosê, como
ilustra a seguir as figuras a seguir.
Na América do Norte encontramos também o que têm sido a nova moda em alguns
restaurantes no Brasil e no mundo; o Poke, ilustrado na figura abaixo. Uma mistura
muito aromática de pescados como atum ou salmão, temperados com óleo de
gergelim torrado, arroz oriental cozido e legumes como pepino, cenoura e também
frutas como abacate e manga em algumas composições, é um tipo de “prato feito”
com esses ingredientes.
Pode ser considerado uma entrada, como também um prato principal, dependendo
do tamanho das porções e/ou especificidade do menu servido.
Em linhas gerais, tanto pescados quanto frutos do mar podem ser preparados de
inúmeras formas e com os acompanhamentos e aromáticos mais tradicionais que
encontramos nas cozinhas tanto clássicas quanto contemporâneas.
Referências
Conclusão
Como vimos, Rebecca está aflita com o preparo do ceviche e com as temperaturas,
pois precisa montar o buffet de frutos do mar e já porcionou uma parte dos
pescados para o mise en place da cozinha quente e do garde manger para as
preparações do jantar. Robson assim que informado da variação de temperatura
chama imediatamente o setor de manutenção de refrigeração do navio para verificar
as pistas frias do buffet e do mise en place da cozinha.
Durante o reparo, Robson se certifica que ambos os locais estejam com a
temperatura entre 0º e 5 ºC, pois esta é a temperatura exata para manter os
pescados e frutos do mar sem haver possível proliferação de microrganismos e/ou
contaminação cruzada.
Robson ainda designa uma garçonete do buffet para monitorar a temperatura de
tempos em tempos e pede para Rebecca monitorar a temperatura do mise en place
das cozinhas quente e fria.
Para o ceviche, Robson orienta Rebecca a pegar o peixe branco porcionado, cortar
em pequenos cubos e adicionar seus principais aromáticos; cebola, suco de limão,
pimenta dedo-de-moça, pimentão verdes e vermelhos e coentro fresco.
Com isso, tudo está preparado para o grande jantar internacional de fim de
temporada do transatlântico, que por sinal foi um grande sucesso e toda equipe da
cozinha e salão são cumprimentados pelo capitão, oficiais e hóspedes ao final do
evento.
Robson chega então ao final de sua jornada e com ela sente que aprendeu muito.
“Foi como se eu tivesse feito uma faculdade novamente, só que na prática” exclama
ele aos companheiros da cozinha no dia seguinte ao evento, que por sinal foi o dia
de seu desembarque para as férias.