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Marina Ferrari – MD4

SISTEMA ENDOCRINOLÓGICO
PROBLEMA 6
HERÓI OU VILÃO?

EMBRIOLOGIA DA -Durante a 5ª semana do


ADRENAL desenvolvimento, as células mesoteliais entre a
raiz do mesentério e a gônada em
desenvolvimento começam a proliferar e
penetram o mesênquima subjacente
-As células que formam a medula são
derivadas do gânglio simpático adjacente, que é
derivado das células da crista neural
-Inicialmente, as células da crista neural
formam uma massa no lado medial do córtex
fetal. Conforme estão envolvidas, estas células
se diferenciam em células secretoras da medula
da supra-renal
-Mais tarde, células mesenquimais
surgem do mesotélio e envolvem o córtex
fetal. Estas células dão origem ao córtex
permanente e são as que produzem esteroide
e no 2º trimestre começam a secretar
desidroepiandrosterona (DHEA), que é
convertida em estrógeno pela placenta
-Evidências sugerem que a produção de
hormônios pelo córtex fetal é importante para
a conservação da placenta e da gestação. Logo
após o nascimento, este regressa rapidamente,
enquanto as células restantes se diferenciam
em 3 camadas definitivas: zona glomerulosa,
zona fasciculada e zona reticular
-O córtex secreta basicamente cortisol,
aldosterona e andrógenos
-Recentemente, estudos imuno-
histoquímicos revelaram uma “zona de
transição” localizada entre o córtex permanente
e o fetal. Há sugestões de que a zona
-O córtex e a medula das glândulas fasciculada é derivada desta 3ª camada
suprarrenais (adrenais) possuem origens -A zona glomerulosa e a fasciculada
diferentes estão presentes ao nascimento, mas a reticular
-O córtex se desenvolve a partir do não é reconhecida até o final do 3º ano
mesoderma e a medula se diferencia a partir -Em relação ao peso corporal, as
de células da crista neural glândulas suprarrenais do feto humano são de
10 a 20x maiores que as do adulto, e são
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grandes em comparação aos rins. Resultam do -Essas células representam neurônios
extenso tamanho do córtex fetal, que produz simpáticos pós-ganglionares modificados que
percursores esteroides usados pela placenta são inervados por fibras simpáticas e, quando
para a síntese de estrogênio estimuladas, produzem epinefrina (adrenalina) e
-Enquanto o córtex fetal está sendo norepinefrina (noradrenalina), que são liberadas
formado, as células da crista neural invadem sua diretamente na corrente sanguínea
região medial, onde ficam arranjadas em -Durante a vida embrionária, as células
cordões e grupos para formar a medula da cromafins estão amplamente espalhadas por
glândula todo o embrião, mas, no adulto, o único grupo
-Os sinais que regulam a migração que persiste se encontra na medula suprarrenal
dessas células e sua especificação para a -A medula da suprarrenal permanece
medula adrenal emanam da aorta dorsal e relativamente pequena até após o nascimento.
incluem BMPs. Quando diferenciadas, adquirem As glândulas suprarrenais se tornam menores à
uma coloração amarelo-amarronzada quando medida que o córtex fetal regride durante o 1º
coradas com sais de cromo e são chamadas, ano. Perdem cerca de 1/3 do seu peso durante
portanto de células cromafins as primeiras 2 ou 3 semanas após o
Correlação Clínica nascimento, e não o recuperam até o final do
-Hiperplasia Adrenal Congênita: um 2º ano
crescimento anormal das células do córtex
da suprarrenal resulta em excessiva ANATOMIA DA ADRENAL
produção de androgênio durante o período -As glândulas suprarrenais, apresentam
fetal. No sexo feminino, geralmente causa coloração amarela e formato piramidal, sendo
masculinização da genitália externa e firmemente fixas ao pólo de cada rim por uma
aumento do clitóris. No sexo masculino tem densa cápsula fibrosa
genitália externa normal e podem não ser -São retroperitoneais e altamente
diagnosticados durante a 1ª infância. Mais vascularizadas
tarde, em ambos os sexos, o excesso de -Estão localizadas no interior da fáscia
androgênio leva ao crescimento rápido e renal, envolvidas por TC e gordura perirrenal,
maturação esquelética acelerada separadas dos rins por uma pequena
-Síndrome adrenogenital: associada à quantidade de tecido fibroso
hiperplasia adrenal congênita (HAC), Glândula Suprarrenal Direita
manifesta-se de várias formas, que podem -A glândula direita piramidal é mais apical
ser correlacionadas com deficiências (situada sobre o polo superior) em relação ao
enzimáticas na biossíntese do cortisol rim esquerdo, situa-se anterolateralmente ao
*A HAC é um conjunto de distúrbios pilar direito do diafragma e faz contato com a
autossômicos recessivos que resultam na veia cava inferior anteromedialmente e o fígado
virilização de fetos femininos. É causada por anterolateralmente
mutação no gene citocromo P450c21- Glândula Suprarrenal Esquerda
-A glândula esquerda em formato de
esteróide hidroxilase-21, que causa
deficiências de enzimas do córtex crescente é medial à metade superior do rim
*A produção reduzida de hormônios esquerdo e tem relação com o baço, o
resulta em hiperplasia da adrenal e estômado, o pâncreas e o pilar esquerdo do
superprodução de androgênios pelas diafragma
glândulas suprarrenais hiperplásicas Irrigação e Drenagem Venosa
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-A direita passa por trás da veia cava
inferior e próximo ao gânglio celíaco direito, e é
frequentemente múltipla
-A esquerda passa próximo ao gânglio
celíaco esquerdo, à artéria esplênica e à
margem superior do pâncreas
Artérias Suprarrenais Inferiores
-Originam-se a partir das artérias renais,
usualmente da artéria renal principal, mas
ocasionalmente de seus ramos para o polo
superior do rim
Veias
-As veias medulares emergem do hilo
para formar uma veia suprarrenal, que é
Artérias
normalmente única
-Apresentam um extenso suprimento -A veia direita é muito curta, seguindo
vascular em relação ao seu tamanho. Cada direta e horizontalmente para a face posterior
glândula é suprida pelas artérias suprarrenais da veia cava inferior
superior, média e inferior -Uma veia acessória está ocasionalmente
-Eles ramificam-se sobre a cápsula antes presente e segue do hilo superomedialmente
de entrar na glândula para formar um plexo para se unir à veia cava inferior, acima da veia
subcapsular, do qual capilares fenestrados suprarrenal direita
passam ao redor de aglomerados de células da -A veia suprarrenal esquerda desce
zona glomerulosa do córtex e entre as colunas medialmente, anterior e lateralmente ao gânglio
de células da zona fasciculada até um profundo celíaco esquerdo. Passa posteriormente ao
plexo na zona reticulada corpo do pâncreas e drena para a veia renal
-Vênulas derivadas deste plexo seguem esquerda
Resumo
entre as células cromafins da medula até as
-Cada suprarrenal é suprida com sangue
veias medulares, que penetram por entre
pelas artérias suprarrenais superiors, média e
feixes de fibras musculares lisas
inferior e drenada pelas veias suprarrenais
-Algumas artérias grandes desviam-se
-No lado esquerdo, a veia suprarrenal
desta rota indireta e seguem diretamente para
drena na veia renal esquerda, ao passo que, do
a medula
Artérias Suprarrenais Superiores
lado direito, a veia suprarrenal direita drena
-Originam-se a partir da artéria frênica diretamente na veia cava inferior
inferior, um ramo da aorta abdominal, e são -Esses vasos ramificam-se antes de
pequenas, podendo estar ausentes entrar na cápsula, produzindo numerosas
Artérias Suprarrenais Médias artérias pequenas que penetram nela e dão
-Originam-se da face lateral da aorta origem a 3 padrões principais de distribuição do
abdominal em nível da artéria mesentérica sangue:
superior *Capilares capsulares, que suprem a
-Ascendem levemente e seguem sobre cápsula
os pilares do diafragma até as glândulas *Capilares sinusoidais corticais
suprarrenais, onde se anastomosam com os fenestrados, que suprem o córtex e, em
ramos suprarrenais das artérias frênicas inferior seguida, drenam nos capilares sinusoides
e renal fenestrados medulares
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*Arteríolas medulares, que
atravessam o córtex, seguindo o seu percurso
dentro das trabéculas e transportando sangue
arterial para os sinusoides capilares medulares
-Então, a medula apresenta um duplo
suprimento sanguíneo: o sangue arterial
proveniente das arteríolas medulares e o
sangue venoso proveniente dos capilares
sinusoides corticais que já supriram o córtex
-As vênulas que se originam dos
sinusoides corticais e medulares drenam nas
pequenas veias coletores adrenomedulares que
se unem para formar a grande veia
drenomedular central, que, em seguida, drena
diretamente como veia suprarrenal na veia cava
inferior do lado direito e na veia renal esquerda
do lado esquerdo
-A suprarrenal tem um suprimento
nervoso autônomo maior do que qualquer
outro órgão
-A cada lado, o plexo suprarrenal
encontra-se entre a face medial da glândula e
os gânglios celíacos e aórtico-renal
-Ele contém principalmente fibras
simpáticas pré-ganglionares, que se originam
nos segmentos espinais torácicos inferiores e
chegam até o plexo através de ramos
derivados do gânglio e do plexo celíacos, e
através do nervo espâncnico maior
-Estas fibras fazem sinapses,
frequentemente em invaginações profundas,
sobre grandes células cromafins da medula, as
quais podem ser consideradas homólogas a
neurônios simpáticos pós-ganglionares
-Uma preponderância de axônios
amielínicos é descrita
-Tanto o córtex como a medula
também contêm axônios acetilcolinesterase
Drenagem Linfática (AChE) positivos que atingem a glândula a partir
-Pequenos canais linfáticos, tanto do do plexo celíaco: alguns fazem sinapses com
córtex como da medula da glândula, drenam na células ganglionares nas zonas fasciculada e
direção do hilo, de onde vasos linfáticos de reticulada
calibre maior emergem para drenar para os
grupos laterais de linfonodos para-aórticos
Inervação
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-Suas células secretam
mineralocorticoides, compostos que funcionam
na regulação da homeostase do sódio e do
potássio e no equilíbrio hídrico
-A principal secreção, a aldosterona, age
sobre os TCDs do néfron no rim, na mucosa
gástrica e nas glândulas salivares e sudoríparas
para estimular a reabsorção de sódio nesses
locais, bem como estimular a excreção de
potássio pelos rins
-A zona glomerular está sob controle
por retroalimentação do sistema renina-
angiotensina-aldosterona
*As células justaglomerulares liberam
renina em resposta a diminuição na pressão
arterial e ao nível sanguíneo baixo de sódio
HISTOLOGIA DA ADRENAL *A renina circulante catalisa a
Córtex conversão do angiotensinogênio circulante em
Zona Glomerulosa angiotensina I, que, por sua vez, é convertida
pela enzima conversora de angiotensina (ECA)
no pulmão em angiotensina II
*A angiotensina II em seguida
estimula as células da zona glomerular a
secretar aldosterona
*À medida que a pressão arterial, a
-Suas células estão dispostas em concentração de sódio e o volume sanguíneo
agrupamentos ovoides estreitamente aumentam em resposta à aldosterona, a
acondicionados e em colunas encurvadas, que liberação de renina pelas células
se continuam com os cordões celulares da justaglomerulares é inibida
zona fasciculada -Resumindo: A zona glomerulosa contém
-São relativamente pequenas e um retículo endoplasmático liso em quantidade
colunares ou piramidais. Seus núcleos esféricos abundante e constitui a única fonte do
aparecem densamente compactados e exibem mineralocorticoide aldosterona
coloração densa Zona Fasciculada
-Nos humanos, algumas regiões do
córtex carecem de zona glomerulosa
reconhecível
-Cada agrupamento de células é
circundado por uma rede rica de capilares
sinusoidais fenestrados
-As células apresentam grande -As células são grandes e poliédricas.
quantidade de REL, múltiplos complexos de Estão dispostas em longos cordões retilíneos,
golgi, mitocôndrias grandes, ribossomos livres e com espessura de 1 ou 2 células, entremeados
algum RER. São observadas gotículas lipídicas por capilares sinusoidais
esparsas
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-Apresentam um núcleo esférico de -Nas células como fibroblastos, eles
coloração clara. É comum observar células inibem a síntese proteica e até mesmo
binucleadas nessa zona promovem o catabolismo proteico para
-Apresentam REL altamente fornecer aminoácidos para a conversão em
desenvolvido e mitocôndrias com cristas glicose no fígado
tubulares; também possuem complexo de Golgi -Também deprimem as respostas
bem desenvolvido e numerosos perfis de RER, imunes e inflamatórias e, como resultado dessas
que podem conferir ligeira basofilia a algumas últimas, inibem a cicatrização das feridas
partes do citoplasma *A hidrocortisona, uma forma
-Embora pareça vacuolado nos cortes sintética do cortisol, é usada no tratamento de
histológicos, devido à extração do lipídio alergias e inflamação. Ela deprime a resposta
durante a desidratação, o citoplasma costuma inflamatória por suprimir a produção de
ser acidofílico e contém numerosas gotículas interleucina 1 (IL-1) e IL-2 pelos linfócitos e
lipídicas. Devido a essas gotículas lipídicas tem- macrófagos
se a denominação de espongiócitos *Os glicocorticoides também
-Estas contêm gorduras neutras, ácidos estimulam a destruição dos linfócitos nos
graxos, colesterol e fosfolipídios que são linfonodos e inibem a mitose pelos linfoblastos
precursores dos hormônios esteroides transformados
secretados por essas células -As células também secretam pequenas
-Possuem 2 enzimas importantes, a 17α- quantidades de gonadocorticoides,
hidroxilase e a 17,20-liase, para produzir principalmente androgênio
glicocorticoides e pequenas quantidades de -Resumindo: A zona fasciculada possui
gonadocorticoides (androgênios suprarrenais) quantidades abundantes de gotículas lipídicas e
-Os glicocorticoides regulam a produz os glicocorticoides, cortisol e
gliconeogênese (síntese de glicose) e a corticosterona, bem como os androgênios,
glicogênese (polimerização do glicogênio) DHEA e sulfato de DHEA (DHEAS) em menor
-Um dos glicocorticoides secretados pela quantidade
zona fasciculada, o cortisol age sobre muitas Zona Reticulada
células e tecidos diferentes para aumentar a
disponibilidade metabólica da glicose e dos
ácidos graxos, ambos os quais são fontes
imediatas de energia
-Com essa ampla função, podem ter
efeitos diferentes e até mesmo opostos em
diferentes tecidos: -Suas células são menores que as da
*No fígado, estimulam a conversão zona fasciculada, e seus núcleos exibem
dos aminoácidos em glicose, a polimerização da coloração mais intensa
glicose em glicogênio e promovem a captação -Estão dispostas em cordões
dos aminoácidos e dos ácidos graxos anastomosados, separados por capilares
*No tecido adiposo, estimulam a fenestrados. Apresentam número pequeno de
degradação dos lipídios em glicerol e ácidos gotículas lipídicas
graxos livres -São observadas células tanto claras
*Em outros tecidos, eles reduzem a quanto escuras. As escuras apresentam
velocidade do uso de glicose e promovem a quantidades abundantes de grandes grânulos de
oxidação dos ácidos graxos pigmento de lipofuscina, e são observados
núcleos intensamente corados
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-As células são pequenas, pois Medula
apresentam menos citoplasma, então os
núcleos aparecem mais densamente
organizados. Possuem REL bem desenvolvido e
numerosas mitocôndrias alongadas, porém,
apresentam pouco RER
-A principal secreção das células desta
zona consiste em gonadocorticoides
(androgênios suprarrenais), principalmente -É composta de um parênquima com
desidroepiandrosterona (DHEA), sulfato de grandes células epitelioides, de coloração pálida,
desidroepiandrosterona (DHEAS) e denominadas células cromafins (células
androstenediona medulares), TC, numerosos capilares
-Também secretam alguns sanguíneos sinusoidais e nervos
glicocorticoides, mas em quantidades menores Células Cromafins
que as células da zona fasciculada. Sendo o -São neurônios modificados. Numerosas
principal o cortisol fibras nervosas simpáticas pré-sinápticas
-Assim como a zona fasciculada, é mielinizadas passam diretamente até as células
regulada por controle por retroalimentação do cromafins da medula
sistema CRH-ACTH e se atrofia após -São consideradas o equivalente de
hipofisectomia. O ACTH exógeno mantém a neurônios pós-sinápticos. Porém, carecem de
estrutura e a função da zona reticular após prolongamentos axônicos
hipofisectomia -Assemelham-se a células endócrinas
-Resumindo: A zona reticular típicas, devido a seus produtos secretores
desenvolve-se na vida pós-natal e já pode ser entrarem na corrente sanguínea pelos capilares
identificada com cerca de três anos; produz fenestrados
glicocorticoides e androgênios -Estão organizadas em agrupamentos
ovoides e em cordões interconectantes curtos.
Os capilares estão dispostos em íntima relação
com o parênquima
-Caracterizam-se por numerosas
vesículas secretoras, com perfis de RER e um
complexo de Golgi bem desenvolvido
-Seu material secretor pode ser corado
histoquimicamente para demonstrar que as
catecolaminas, a epinefrina e a norepinefrina
secretadas são produzidas por diferentes tipos
de células
-Uma população de células contém
apenas grandes vesículas com uma região
central densa, essas secretam norepinefrina; a
outra população contém vesículas, que são
menores, mais homogêneas e menos densas,
as quais secretam epinefrina
Células Ganglionares
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-Seus axônios estendem-se hipófise, que flui pela corrente sanguínea até o
perifericamente até o parênquima do córtex da córtex da adrenal
suprarrenal para modular sua atividade -Na adrenal, o ACTH liga-se ao receptor
secretora e inervar os vasos sanguíneos, e de melanocortina 2 na glândula da suprarrenal e
também se estendem fora da glândula até os estimula a síntese do colesterol dos hormônios
nervos esplâncnicos que inervam os órgãos glicocorticoides como o cortisol (na zona
abdominais fasciculada do córtex)
-Em situações normais, há o feedback
EIXO HIPOTÁLAMO- negativo: o cortisol exercerá um efeito inibitório
HIPÓFISE-ADRENAL no ACTH e no CRH, retroalimentação por alça
longa
-Glicocorticoides circulantes podem agir
diretamente sobre a hipófise, porém, mais
comumente, eles exercem seu controle por
retroalimentação nos neurônios no núcleo
arqueado do hipotálamo, causando a liberação
de CRH na circulação porta hipotalâmico-
hipofisária
-Evidência também sugere que os
glicocorticoides circulantes e os efeitos
fisiológicos que eles produzem estimulam os
centros cerebrais superiores, que, por sua vez,
fazem com que os neurônios hipotalâmicos
liberem CRH.
OBS: hormônio tróficos são todos
aqueles que induzem a síntese/liberação de
outro hormônio. Por exemplo, o ACTH, TSH e
outros da adeno-hipófise
-A ativação do eixo HHA inicia-se
através dos impulsos nervosos originários do HORMÔNIOS DO CÓRTEX
estresse que são transmitidos para o
SUPRARRENAL
hipotálamo. -O córtex suprarrenal consiste em 3
-O hipotálamo, por sua vez, secreta o
zonas:
CRH (hormônio liberador de corticotrofina), o
*Glomerulosa: mineralocorticoide
qual é liberado na eminência mediana e de lá
aldosterona
passa pelo sistema porta hipotálamo-hipofisário, *Fasciculada: glicocorticoides cortisol
chegando até a adenohipófise e corticosterona, bem como os androgênios,
-Neste local, o CRH induz a síntese e o DHEA e sulfato de DHEA
processamento da POMC (pré- *Reticular: glicocorticoides e
opiomelanocortina, precursor do ACTH) androgênios
*A POMC é processada em vários
Química e Biossíntese
peptídeos, como corticotrofina, a beta-
-Os hormônios esteroides compartilham
lipotrofina e a beta-endorfina
uma etapa inicial na esteroidogênese, que
-Então acontece a secreção do ACTH
consiste na conversão do colesterol em
(Hormônio adrenocorticotrófico) pela adeno-
pregnenolona
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-O colesterol utilizado para a síntese dos *A biossíntese dos glicocorticoides
esteroides pode originar-se da membrana para combater as situações estressantes e a
plasmática ou do reservatório citoplasmático rápida síntese da aldosterona para regular
esteroidogênico de ésteres de colesterol rapidamente a pressão arterial são exemplos
-O colesterol livre é produzido pela ação dessa regulação
da enzima colesteril-éster-hidrolase -A regulação crônica, como a que
-O colesterol é transportado da ocorre durante a inanição prolongada e a
membrana mitocondrial externa para a doença crônica, requer a síntese das enzimas
membrana mitocondrial interna, sendo esse envolvidas na esteroidogênese para aumentar a
processo seguido de sua conversão em capacidade de síntese das células
pregnenolona pela enzima P450scc Mineralocorticoides (Síntese)
-Essa etapa é considerada como a etapa -A síntese e a liberação de aldosterona
limitadora de velocidade na síntese dos na zona glomerulosa são reguladas
hormônios esteroides e necessita da proteína predominantemente pela angiotensina II e pelo
reguladora aguda de esteroides (StAR), que é K+ extracelular, bem como pelo ACTH
de importância crítica na mediação do -A aldosterona faz parte do sistema
transporte de colesterol para a membrana renina-angiotensina-aldosterona, responsável
mitocondrial interna e no sistema enzimático de pela preservação da homeostasia circulatória
clivagem da cadeia lateral do colesterol, a qual é -O principal estímulo fisiológico para a
realiza pela enzima colesterol desmolase liberação de aldosterona consiste em uma
redução do volume sanguíneo intravascular
efetivo. Esse declínio leva à redução da pressão
de perfusão renal, que é percebida pelo
aparelho justaglomerular (barorreceptor),
deflagrando a liberação de renina
-A renina catalisa a conversão do
angiotensinogênio em angiotensina I, a qual é
convertida em angiotensina II pela ECA, que
está expressa nas células endoteliais
-O aumento da angiotensina II circulante
produz vasoconstrição arteriolar direita, estimula
as células adrenocorticais da zona glomerulosa a
sintetizar e liberar aldosterona e também
estimula a liberação de arginina vasopressina
-O potássio também é um estímulo
Androgênios Suprarrenais (Síntese)
-A 3ª classe de hormônios esteroides
Regulação da Síntese produzidos pela zona reticular é dos
-A produção hormonal pode ser androgênios suprarrenais como a DHEA e o
regulada de formas aguda e crônica DHEAS
-A regulação aguda resulta na rápida -A DHEA é o hormônio circulante mais
produção de esteroides em resposta a uma abundante no corpo, facilmente conjugado a
necessidade imediata e ocorre em poucos seu éster sulfato DHEAS. Sua produção é
minutos após o estímulo controlada pelo ACTH
Glicocorticoides
Síntese
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-A zona fasciculada produz o hormônio acoplado à proteína Gαs nas células
cortisol. É um tecido ativamente adrenocorticais, resultando em ativação da
esteroidogênico composto de cordões retos de adenilato-ciclase, aumento do monofosfato de
células grandes adenosina cíclico e ativação da proteína-quinase
-Essas células têm um citoplasma A
“espumoso” porque são cheias de gotículas de 2. A PKA fosforila a enzima colesteril-
lipídios que representam ésteres de colesterol éster-hidrolase, aumentando a atividade
armazenados enzimática, com aumento na disponibilidade de
-As células da zona fasciculada e da zona colesterol para a síntese hormonal
reticular da suprarrenal sintetizam e secretam *Além disso, o ACTH ativa e
os glicocorticoides cortisol ou cortisona aumenta a síntese da StAR, a enzima envolvida
1.A pregnenolona, presente nas no transporte do colesterol para a membrana
mitocôndrias, é convertida em progesterona ou mitocondrial interna. Então, estimula as 2 etapas
17α-OH-pregnenolona iniciais e limitadoras de velocidade na síntese
*A conversão é mediada pela 3β- dos hormônios esteroides
hidroxiesteroide-desidrogenase -A liberação de ACTH pela adeno-
Progesterona hipófise é regulada pelo peptídeo hipotalâmico,
a. A progesterona é convertida em 11- o hormônio de liberação de corticotrofina (CRH)
desoxicorticosterona pela 21-hidroxilase 3. A POMC é processada após tradução
b. A 11-desoxicorticosterona é em vários peptídeos, incluindo a corticotrofina, a
convertida em corticosterona pela 11β-hidroxilase β-lipotrofina, e a β-endorfina
17α–OH-pregnenolona -A liberação de ACTH é pulsátil, com
a. A conversão da pregnenolona em cerca de 7 a 15 episódios por dia. A estimulação
17α–OH-pregnenolona é mediada pela 17α- da liberação de cortisol ocorre 15 minutos após
hidroxilase o surto de ACTH
b. A 17α–OH-pregnenolona é -Além da liberação ser pulsátil, segue
convertida em 17α–OH-progesterona pela 3β- um ritmo circadiano, sensível a fatores
hidroxiesteroide-desidrogenase ambientais e internos, como luz, sono, estresse
c. A 17α–OH-progesterona é e doença
convertida em 11-desoxicortisol, que a seguir, é -Sua liberação é maior durante as 1ªs
convertido em cortisol pela 11β-hidroxilase horas de vigília, e os níveis declinam com o
-Tanto a 17α–OH-pregnenolona quanto decorrer do dia. Em função da liberação pulsátil,
a 17α–OH-progesterona podem ser convertidas os níveis circulantes do hormônio variam
nos androgênios DHEA e androstenediona, durante o dia
respectivamente. A DHEA é convertida em -O cortisol inibe a biossíntese e a
androstenediona pela 3β-hidroxiesteroide- secreção do CRH e do ACTH, em um exemplo
desidrogenase clássico de regulação dos hormônios por
Liberação retroalimentação negativa
-É pulsátil e estimulada diretamente pelo -Circuito conhecido como eixo
hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) liberado hipotalâmico-hipofisário-suprarrenal
na adeno-hipófise na forma de um precursor, a Feedback Negativo
pró-opiomelanocortina (POMC) -Feedback Negativo de Alça Longa:
1. O ACTH estimula a liberação de quando o cortisol apresenta efeitos de
cortisol por meio da sua ligação a um receptor feedback negativo direto sobre o hipotálamo e
de melanocortina 2 da membrana plasmática hipófise, reduzindo respectivamente a formação
de CRH e ACTH, isto é, quando a
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concentração de cortisol fica muito elevada, os -Esse alto grau de ligação às proteínas
processos de feedback automaticamente plasmáticas reduz a velocidade de eliminação
reduzem o ACTH para o nível normal de do cortisol do plasma; portanto, o cortisol
controle apresenta meia-vida relativamente longa, de 60
-Feedback Negativo de Alça Curta: a 90 minutos
quando os níveis de ACTH estão muito -O principal papel das proteínas de
elevados o próprio ACTH exerce efeito ligação plasmáticas consiste em atuar como
inibitório sobre o hipotálamo, reduzindo o tampão ou reservatório dos hormônios ativos.
estímulo à secreção de CRH Os esteroides ligados às proteínas são liberados
-Feedback Negativo de Alça Ultracurta: no plasma na forma tão livre tão logo haja
quando o próprio hipotálamo exerce efeito redução nas concentrações de hormônio livre
inibitório sobre si mesmo, quando os níveis de -Também protegem o hormônio do
CRH ficam excessivamente altos metabolismo periférico (enzimas hepáticas) e
aumentam a meia-vida da forma biologicamente
ativa
-O fígado e o rim são os 2 principais
locais de inativação e de eliminação hormonal.
Diversas vias estão envolvidas nesse processo,
incluindo redução, oxidação, hidroxilação e
conjugação, formando os derivados de sulfato e
glicorunídeo dos hormônios esteroides
-Esses processos ocorrem no fígado
por reações de biotransformação de fase I e
de fase II, resultando na produção de um
composto mais hidrossolúvel, para excreção
mais fácil
-A inativação do cortisol em cortisona e
em tetra-hidrocortisol e tetra-hidrocortisona é
seguida de conjugação e excreção renal. Esses
metabólitos são designados como 17-
Metabolismo hidroxicorticosteroides, e sua determinação em
-Devido à natureza lipofílica, as moléculas coletas de urina de 24 horas é utilizada para
de cortisol livre são, em grande parte, insolúveis avaliar o estado de produção dos esteroides
em água. Então, são encontradas nos líquidos -O metabolismo tecidual local contribui
biológicos em uma forma conjugada ou ligado para a modulação dos efeitos fisiológicos dos
às proteínas glicocorticoides pelas isoformas da enzima 11β-
-Sua maior parte é ligada à α2-globulina hidroxiesteroide-desidrogenase
de ligação dos glicocorticoides (transcortina ou -O corticosteroide 11β-hidroxiesteroide-
globulina de ligação do cortisol - CBG), um desidrogenase tipo I é uma redutase
carreador específico do cortisol, cujos níveis dependente de fosfato de nicotinamida adenina
normais são, em média, de 3 a 4mg/dL de nucleotídeo de baixa afinidade, que converte
-Cerca de 20 a 50% do cortisol ligado a cortisona de volta a sua forma ativa, o cortisol.
estão ligados inespecificamente à albumina Essa enzima é expressa no fígado, no tecido
plasmática. Uma pequena quantidade (<10%) do adiposo, no pulmão, no músculo esquelético, no
circula na forma não ligada (fração livre), músculo liso vascular, nas gônadas e no SNC
representando a fração biologicamente ativa
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-A conversão do cortisol em cortisona é níveis de glicose no sangue durante episódios
mediada pela enzima 11β-hidroxiesteroide- de estresse às expensas de proteína muscular
desidrogenase tipo II, a qual é expressa Metabolismo de Carboidratos
principalmente nos túbulos contorcidos distais e -O principal efeito sobre o metabolismo
nos ductos coletores do rim, onde contribui dos carboidratos diz respeito ao estímulo da
para a especificidade dos efeitos dos hormônios gliconeogênese pelo fígado, cuja atividade pode
mineralocorticoides aumentar frequentemente por até 10x sob
-O aumento da expressão e da atividade forte estímulo de glicocorticoides. Um dos
da 11β-hidroxiesteroide-desidrogenase tipo I efeitos da maior gliconeogênese é o aumento
amplifica a ação dos glicocorticoides dentro da das reservas de glicogênio pelas células
célula, enquanto o aumento da atividade da 11β- hepáticas, permitindo assim que outros
hidroxiesteroide-desidrogenase tipo II diminui sua hormônios glicolíticos (adrenalina e glucagon)
ação mobilizem glicose em momentos de
Efeitos Celulares necessidade, como nos períodos entre-
-Os efeitos fisiológicos podem ser refeições
divididos em genômicos e não genômicos -O estímulo à gliconeogênese resulta
-Os efeitos fisiológicos dos principalmente de 2 efeitos do cortisol:
glicocorticoides e mineralocorticoides são 1. Aumenta a quantidade de enzimas
mediados por sua ligação a receptores necessárias para a conversão de aminoácidos
intracelulares, que atuam como fatores de em glicose pelos hepatócitos. Esse efeito é
transcrição ativados por ligantes para regular a resultado da sua ação sobre a ativação da
expressão gênica transcrição de DNA em RNAm em células
-A ligação a seus receptores específicos hepáticas, cuja tradução nos ribossomos e RER
determina uma mudança na conformação do gera o conjunto de enzimas necessárias para a
receptor, resultando em sua capacidade de gliconeogênese
atuar como fator de transcrição dependente de 2. Provoca a mobilização de
ligante aminoácidos a partir de tecidos extra-hepáticos,
-O complexo esteroide-receptor liga-se principalmente dos músculos, para o fígado.
a elementos responsivos ao hormônio na Como resultado, mais aminoácidos são
cromatina e, portanto, regula a transcrição disponibilizados no plasma para entrar no
gênica, resultando na síntese ou na repressão processo de gliconeogênese pelos hepatócitos
de proteínas, que, em última análise, são e, portanto, promover a formação de glicose
responsáveis pelos efeitos fisiológicas hormonais -Também provoca redução moderada
-Os hormônios esteroides também da utilização de glicose pela maioria das células
podem exercer seus efeitos fisiológicos por do organismo, através da redução na oxidação
ações não genômicas. Estes exigem a presença de NADH (nicotinamida-adenina dinucleotídeo)
contínua do hormônio e ocorrem de modo para formação de NAD+. Como é necessária a
mais rápido, visto que não necessitam da oxidação de NADH em NAD+ para permitir as
síntese de proteínas etapas da glicólise (oxidação da glicose), o
Efeitos do Cortisol processo é retardado pela ação do cortisol,
-O cortisol tem uma ampla faixa de ação sendo esse o mecanismo mais aceito para a
e é, frequentemente, caracterizado como redução da utilização de glicose pelo organismo
“hormônio do estresse” -Tanto o aumento da gliconeogênese
-Em geral, mantém os níveis de glicose quanto a redução moderada da velocidade de
sanguínea, as funções do SNC e as funções utilização da glicose celular provocam um
cardiovasculares durante o jejum, e aumenta os aumento da concentração sanguínea de glicose
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(hiperglicemia), o que estimula a secreção de ação dos glicocorticoides em diminuir a
insulina pelo pâncreas; porém, mesmo em formação de RNAm e a subsequente tradução
níveis elevados, essa insulina não é capaz de deste em proteínas celulares, principalmente
estimular adequadamente os tecidos a captar nos músculos e nos tecidos linfoides
mais glicose do sangue, pois o cortisol promove -Assim, o efeito de redução das
resistência insulínica proteínas celulares resulta apenas parcialmente
-Esse efeito de resistência insulínica da diminuição do transporte de aminoácidos
diminui a sensibilidade de muitos tecidos, para os tecidos extra-hepáticos. Como as fibras
especialmente do músculo esquelético e tecido musculares e o tecido linfoide são os mais
adiposo, aos efeitos estimulantes da insulina sob afetados por essa ação, os músculos ficam
a captação e utilização da glicose sanguínea muito fracos e as funções imunológicas
mediada por GLUT-4. Sugere-se que o efeito bastante reduzidas na presença excessiva de
do cortisol sobre o metabolismo das gorduras, glicocorticoides
em aumentar a mobilização de ácidos graxos Aumento das Concentrações
no sangue a partir dos depósitos de Plasmáticas e Hepáticas de Proteínas
triglicerídeos nos adipócitos, poderiam -Ao mesmo tempo em que as proteínas
prejudicar a ação da insulina nos tecidos são reduzidas em praticamente todos os
-Dessa maneira, por ter um “efeito tecidos extra-hepáticos, sua concentração no
diabetogênico adrenal’’ semelhante ao induzido fígado aumenta. Além disso, as proteínas
pelo excesso de GH, o excesso da secreção plasmáticas também se elevam; esses efeitos
de glicocorticoides causa um distúrbio resultam do estímulo ao transporte de
semelhante no metabolismo dos carboidratos aminoácidos para os hepatócitos e redução
presente em pacientes com excesso de para os demais tecidos, aumentando a síntese
somatotrofina de enzimas hepáticas necessárias para a
Metabolismo de Proteínas síntese proteica
-Os efeitos dos glicocorticoides sobre o Redução no Transporte de
metabolismo das proteínas são evidentes nos Proteínas para as Células Extra-
Hepáticas
seguintes aspectos:
-Esse efeito induzido pelo cortisol diminui
1. Redução das proteínas celulares em
as concentrações intracelulares de proteínas e,
tecidos extra-hepáticos (efeito proteolítico);
consequentemente, a síntese proteica nos
2. Aumento das concentrações
tecidos extra-hepáticos. Entretanto, o
plasmáticas e hepáticas de proteínas;
catabolismo proteico continua a aumentar a
3. Aumento na concentração
degradação de proteínas em aminoácidos,
plasmática de aminoácidos;
liberando-os para a circulação sanguínea;
4. Redução no transporte de
atrelado ao aumento da síntese e liberação
aminoácidos para os tecidos extra-hepáticos;
proteica pelo fígado, eleva a concentração
5. Aumento no transporte de
plasmática de aminoácidos. Portanto, os
aminoácidos para o fígado
Redução das Proteínas Celulares
glicocorticoides mobilizam aminoácidos nos
-Um dos principais efeitos sobre o mapa tecidos não-hepáticos e, dessa forma, reduzem
metabólico do organismo é a redução dos as reservas intracelulares de proteínas
Aumento das Proteínas Hepáticas
depósitos de proteínas em praticamente todos
-A elevação na concentração plasmática
os tecidos, com exceção do fígado
de aminoácidos e seu transporte aumentado
-Isso é causado pela redução da síntese
para as hepatócitos, são os responsáveis pela
proteica atrelada ao aumento do seu
maior utilização celular de aminoácidos pelo
catabolismo nas células; esse efeito é nítido pela
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fígado, causando: maior desaminação de tecido subcutâneo, ocorre aumento da
aminoácidos; aumento da síntese proteica; liberação de AGL pelos adipócitos. Esse efeito
maior formação de proteínas plasmáticas se dá principalmente pela menor utilização de
(principalmente a albumina); e aumento da glicose pelo tecido adiposo, o que diminui a
conversão de aminoácidos em glicose formação de α-glicerofosfato derivado da
(gliconeogênese) glicose; molécula que é essencial para a
-Assim, percebe-se que as alterações no deposição e manutenção de gorduras na forma
metabolismo dos carboidratos e das proteínas, de triglicerídeos
induzidas pela ação de glicocorticoides, estão -Em sua ausência, os adipócitos
intimamente atreladas. O aumento da começam a liberar AGL e glicerol pela quebra
gliconeogênese pelo fígado é dependente da dos triglicerídeos. O maior uso de ácidos graxos
elevação das quantidades de enzimas para a geração de energia é um fator
conversoras de glicose e, atrelado a isso, é importante para a conservação, em longo
também dependente da maior utilização de prazo, da glicose e do glicogênio corporais
aminoácidos e aumento na síntese proteica Ação no Estresse Físico
pelo fígado -Praticamente, qualquer tipo de estresse
-Esses 2 fatores, que promovem físico ou neurogênico provoca aumento
elevação da glicemia sérica e, portanto, imediato e acentuado da secreção de ACTH
provocam alterações no mapa metabólico dos pela hipófise anterior seguido, minutos depois,
carboidratos, são diretamente atrelados às por grande aumento na secreção de cortisol
alterações no metabolismo proteico induzido -Em diversas situações de estresse
pelo cortisol, pois a maior fonte de substratos (trauma, infecção, temperaturas extremas,
para a gliconeogênese provêm dos cirurgias, restrição de movimentos, doenças
aminoácidos extra-hepáticos mobilizados para o debilitantes, injeção de agentes necrosantes
fígado sob a pele, etc.), os níveis de glicocorticoides
Metabolismo de Lipídios aumentam em até 20 vezes, sendo essa ação
-Por fim, os glicocorticoides também necessária para a rápida mobilização de
modificam o metabolismo dos lipídios, aminoácidos e gorduras, a partir de suas
principalmente através da mobilização de ácidos reservas celulares, tornando-os disponíveis para
graxos para a corrente sanguínea. Da mesma a geração de energia e para a síntese de
maneira com que o cortisol promove a novos compostos (glicose), necessários aos
mobilização de aminoácidos dos músculos, esse diferentes tecidos do organismo
hormônio também mobiliza ácidos graxos -De fato, demonstrou-se que os tecidos
depositados nas células do tecido adiposo sob a lesados por algum trauma são depletados de
forma de triglicerídeos suas reservas proteicas, e a mobilização de
-Esse efeito eleva a concentração de aminoácidos torna possível que esses tecidos
ácidos graxos livres no plasma, o que também os utilizem para a síntese de novas proteínas
aumenta sua utilização como substrato essenciais. Além disso, os aminoácidos também
energético (ação essa somada ao efeito de são utilizados para sintetizar outras substâncias
“diabetes adrenal’’ induzido pelo cortisol, que intracelulares essenciais, tais como purinas,
diminui a oxidação de glicose pela maioria dos pirimidinas e fosfato de creatina, necessários à
tecidos do organismo), além de exercer efeito manutenção da vida celular e à produção de
direto sobre o aumento da β-oxidação nas novas células
células em geral -Isso se confirma pelo fato de que o
-Como diminuem a utilização de glicose cortisol, para a mobilização de aminoácidos, não
pelos tecidos, o que inclui as células adiposas do utiliza as proteínas funcionais básicas das células,
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tais como as proteínas musculares contráteis e liberação de histamina, principais substâncias
as proteínas dos neurônios, até que todas as vasodilatadoras do processo inflamatório
demais proteínas secundárias já tenham sido 3. Reduz a migração de leucócitos
liberadas para a área inflamada e a fagocitose das células
Ação no Sistema Imunológico lesadas, sendo resultados direto do fato de que
-O processo inflamatório tem 5 estágios os glicocorticoides reduzem a formação de
principais: prostaglandinas e leucotrienos que aumentariam
(1) a liberação de substâncias a vasodilatação, a permeabilidade dos capilares
químicas que ativam o processo inflamatório, e, consequentemente, a mobilidade dos
liberadas pelas células de tecidos lesados, tais leucócitos. Além disso, há supressão das
como a histamina, bradicinina, enzimas principais interleucinas pró-inflamatórias
proteolíticas, prostaglandinas e leucotrienos; responsáveis pelo recrutamento das células de
(2) aumento do fluxo sanguíneo na defesa, tais como o IL-1, IL-2, IL-6, IL-8, IFN-γ e
área inflamada, denominado eritema; TNF-α
(3) extravasamento de grandes 4. Suprime o sistema imune,
quantidades de plasma para as áreas lesadas, reduzindo acentuadamente a reprodução de
inundando-a de líquidos devido ao aumento da linfócitos T. Assim, menores quantidades de
permeabilidade capilar; células T e anticorpos penetram na área
(4) infiltração de leucócitos na região inflamada e reduzem as reações teciduais que
inflamada; e, por fim, após dias o semanas promovem o processo inflamatório. Esse efeito
(5) o crescimento de tecido fibroso se dá por redução da liberação de IL-2, a
que frequentemente contribui para o processo principal citocina que prolifera os linfócitos T;
regenerativo assim, não ocorre clonagem das células T e sua
-Quando uma grande quantidade de diferenciação em subtipos pró-inflamatórios (Th1
cortisol é secretada ou injetada no organismo, e Th17) não acontece. O efeito dos
ocorrem 2 grandes efeitos anti-inflamatórios glicocorticoides sobre a reprodução dos
básicos: o bloqueio dos estágios iniciais do linfócitos T é tido como o grande e principal
processo inflamatório, antes mesmo do início da efeito imunossupressor; por outro lado,
inflamação; e, se a inflamação já se iniciou, a aumenta a síntese de hemácias, tornando o
rápida resolução do processo com aumento da sangue mais viscoso
regeneração tecidual. Em detalhes, apresenta 5. Atenua a febre, principalmente por
os seguintes efeitos na prevenção da reduzir a liberação de IL-1 a partir dos
inflamação: leucócitos, que é uma das principais substâncias
1. Estabiliza as membranas dos estimuladoras do sistema termorregulador
lisossomos, tornando-as muito mais difíceis de hipotalâmico. A diminuição e estabilização da
se romper. Assim, a maior parte das enzimas temperatura, por sua vez, reduz o grau de
proteolíticas liberadas pelas células lesada que dilatação dos capilares, tornando mais difícil a
provocam e agravam o processo inflamatório, mobilização de leucócitos para a área inflamada
agora tem suas quantidades muito reduzidas e atenuando o edema e eritema
2. Reduz a permeabilidade dos 6. Aumenta a expressão, síntese e
capilares, provavelmente como efeito secreção da proteína Anexina-1, um
secundário da diminuição na liberação de polipeptídeo anti-inflamatório que inibe a enzima
enzimas proteolíticas. Isso impede a perda de fosfolipase A2, suprimindo a produção de
plasma para os tecidos. A permeabilidade capilar leucotrienos e prostaglandinas. Além disso,
também é reduzida pela ação dos também diminuem a expressão da enzima
glicocorticoides em diminuir os níveis de NO e a
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COX-2, responsável pela síntese de -Estimula a síntese de eritropoietina e,
prostaglandinas assim, aumenta a produção de células
7. Diminui a expressão das proteínas vermelhas. Ocorre anemia quando há falta de
componentes do sistema complemento, cortisol e policitemia quando os níveis são
reduzindo assim a sua ação em eliminar corpos excessivos
estranhos opsonizados Ação sobre os Ossos
-Todos os efeitos ocasionados pelo -Aumentam a reabsorção óssea, têm
cortisol são descritos como efeitos anti- ações múltiplas que alteram o metabolismo
inflamatórios; sua principal função anti- ósseo
inflamatória é a de bloquear a formação de -Diminuem a absorção intestinal de Ca2+
ácido araquidônico, principal precursor de e a reabsorção renal de Ca2+. Ambos os
prostaglandinas e leucotrienos, por inibir a mecanismos servem para diminuir a [Ca2+]
função da enzima fosfolipase A2 sérica. Como a [Ca2+] sérica cai, a secreção do
-Porém, a ação no bloqueio da PTH aumenta e este imobiliza o Ca2+ dos ossos
reprodução e sinalização de linfócitos T (a por estimular a reabsorção óssea
partir da inibição de IL-2) é descrita como -Adicionalmente, inibem, diretamente, as
imunossupressora, pois vai além da funções de formação óssea osteoblástica.
resolutividade inflamatória, atingindo diretamente Apesar de serem úteis para tratar inflamações
a função e a quantidade dos linfócitos T. Assim, associadas com artrites, o uso excessivo
apresenta efeito praticamente global na resultará em perda óssea (osteoporose)
redução de todos os aspectos do processo Ações sobre o Tecido Conjuntivo
inflamatório, e mesmo depois do -Inibe a proliferação fibroblástica e a
estabelecimento completo desta, a formação de colágeno. Na presença de
administração de cortisol bloqueia a inflamação quantidades excessivas de cortisol, a pele afina
em horas ou dias e é mais facilmente danificada. O suporte
-Além de suprimir o sistema imunológico conjuntivo dos capilares é prejudica, danos
e causar a reversão do processo inflamatório, capilares aumentam e equimoses são mais
também dá impulso para a resolutividade do frequentes
processo inflamatório, através da aceleração da Ação nos Rins
regeneração do tecido lesado que -Inibe a secreção e ação do ADH e,
desencadeou as subsequentes etapas da desta forma, é um antagonista do ADH. Na
inflamação ausência do cortisol, a ação do ADH é
-Esse efeito resulta, principalmente, da potencializada, o que torna difícil aumentar a
mobilização de aminoácidos e de seu uso para liberação de água livre em resposta a uma
reparar os tecidos lesados, além do estímulo à sobrecarga de água, aumentando a
gliconeogênese no fígado que disponibiliza probabilidade de intoxicação hídrica
maiores quantidades de glicose aos sistemas Mineralocorticoides
metabólicos essenciais; ao lado dessas duas -Aldosterona (muito potente,
ações, o efeito anti-inflamatório do cortisol em responsável por cerca de 90% do total da
diminuir a quantidade de substâncias pró- atividade mineralocorticoide)
inflamatórias auxilia na regeneração tecidual -Desoxicorticosterona (1/30 da potência
Ações Cardiovasculares da aldosterona, e secretada em quantidade
-Tem ações permissivas para as muito pequena)
catecolaminas e, assim, contribui para o débito -Corticosterona (fraca atividade
cardíaco e a pressão sanguínea mineralocorticoide)
Síntese
Marina Ferrari – MD4
-As células da zona glomerulosa através dos canais de Ca2+ dos tipos L e T
sintetizam e secretam preferencialmente o regulados por voltagem
mineralocorticoide aldosterona. -Os componentes do SRAA respondem
-Elas não possuem atividade de 17a- de modo rápido a reduções no volume
hidroxilase. Logo, a pregnenolona só pode ser intravascular e na perfusão renal da seguinte
convertida em progesterona. maneira:
-A zona glomerulosa possui atividade da ↓Pressão arterial causa ↓ da pressão
aldosterona-sintase, que converte a 11- de perfusão renal, o que é detectado pelos
desoxicorticosterona em 18- mecanorreceptores nas arteríolas aferentes
hidroxicorticosterona, e a 18- renais
hidroxicorticosterona em aldosterona, o principal -Entre estas e os TCDs, estão as células
mineralocorticoide sintetizado pelas glândulas justaglomerulares, que possuem a renina que é
suprarrenais. liberada na corrente sanguínea e vai para o
Liberação fígado, onde converte o angiotensinogênio
-A síntese e a liberação de aldosterona (encontrado no fígado) em angiotensina 1;
na zona glomerulosa da suprarrenal são -A angiotensina 1 cai na corrente
predominantemente reguladas pela angiotensina sanguínea, de modo a ir para os pulmões, onde
II (principal estimulador) e pelo K+ extracelular, é encontrada a Enzima Conversora de
bem como, em menor grau, pelo ACTH. Angiotensina (ECA), que converte a
Potássio angiotensina 1 em angiotensina II –um potente
-A aldosterona aumenta a excreção de vasoconstritor;
+
K na urina, nas fezes, no suor e na saliva, -A angiotensina II:
impedindo o desenvolvimento de *Promove a vasoconstrição da
hiperpotassemia durante períodos de elevada arteríola aferente, evitando que mais sangue
ingestão de K+ ou após a liberação do músculo seja filtrado, ou seja, que se perca maior
esquelético durante exercício vigoroso volume sanguíneo;
-Por sua vez, as elevações nas *Atua na adrenal estimulando a
concentrações do K+ circulante estimulam a síntese de aldosterona pelas células
liberação de aldosterona pelo córtex adrenocorticais da zona glomerulosa cuja
suprarrenal estimula a reabsorção do Na+, o que aumentará
Angiotensina 2 o volume de sangue;
-A aldosterona faz parte do sistema
-Por fim, a ↓do volume sanguíneo é
renina-angiotensina-aldosterona, responsável
percebida pelo hipotálamo, o qual estimula a
pela preservação da homeostasia circulatória
neurohipófise a produzir o ADH (vasopressina),
em resposta a uma perda de sal e de água
esta que atua nos túbulos coletores,
(EX: em caso de sudorese intensa e
aumentando a reabsorção de H2O e, portanto,
prolongada, vômitos ou diarreia).
aumentando a PA.
-A angiotensina II e o K+ estimulam a
-Essa liberação também é regulada pela
liberação de aldosterona pelo aumento nas
concentração de cloreto de sódio (NaCl) na
concentrações intracelulares de Ca+2
mácula densa, pelas concentrações plasmáticas
-A sinalização mediada pelo receptor de
dos eletrólitos, pelos níveis de angiotensina II e
angiotensina II -> aumenta os níveis
pelo tônus simpático
intracelulares de Ca2+ Metabolismo
-Concentrações elevadas de K+ ->
despolarizam a célula -> influxo de Ca2+
Marina Ferrari – MD4
-A quantidade total de aldosterona Cl–/HCO3 na membrana basolateral das células
liberada é acentuadamente menor que a dos intercaladas.
glicocorticoides -As células intercaladas expressam a
-Pode ocorrer um aumento de 2 a 6x anidrase carbônica e contribuem para a
na secreção em consequência da depleção de acidificação da urina e a alcalinização do plasma.
Na ou da redução do volume sanguíneo -Por conseguinte, a aldosterona aumenta
circulante efetivo, como ocorre na ascite a entrada de Na na membrana apical das células
-Meia-vida: é curta (cerca de 15 a 20 do néfron distal através do ENaC sensível à
minutos), devido a ligação da aldosterona às amilorida. A Na+/K+-ATPase, localizada na
proteínas plasmáticas ser mínima. membrana basolateral das células, mantém a
-Metabolização: no fígado, no derivado concentração intracelular de Na ao deslocar o
tetra-hidroglicuronídeo Na reabsorvido para os compartimentos
-Excreção: excretada na urina. extracelular e sanguíneo, criando um gradiente
-Uma fração da aldosterona é eletroquímico que facilita a transferência do K+
metabolizada a 18-glicuronídeo de aldosterona, intracelular das células tubulares para a urina.
que pode ser hidrolisado em aldosterona livre -O aumento da reabsorção de Na+ leva
em condições de pH baixo; trata-se, portanto, a um aumento da reabsorção de água. Quando
de um “conjugado acidolábil”. Cerca de 5% da a maior parte do Na+ filtrado é reabsorvida no
aldosterona são excretados na forma de TCP, apenas uma pequena fração do Na
acidolábil; uma pequena fração da aldosterona alcança o TCD (o local de regulação da
aparece intacta na urina (1%), e até 40% são aldosterona). Nesse caso, não ocorre qualquer
excretados na forma de tetraglicuronídeo. reabsorção efetiva de Na+, mesmo na
Efeitos Biológicos presença de níveis elevados de aldosterona. Em
-A principal função fisiológica da consequência, a excreção de K é mínima. Com
aldosterona consiste em estimular a excreção efeito, apenas 2% do Na filtrado são regulados
renal de K+ e a reabsorção de Na+, daí a pela aldosterona.
designação de “mineralocorticoide” -A aldosterona regula a PA de longo
-Os receptores de aldosterona são prazo
expressos no TCD e o ducto coletor. -Os tecidos sensíveis à aldosterona
-Dentro do ducto, as células principais incluem as partes distais do néfron, o epitélio de
expressam um número significativamente maior superfície do colo distal e os ductos das
de receptores de mineralocorticoides do que as glândulas salivares e sudoríparas. Mais
células intercaladas. recentemente, foram identificadas outras células
-A ativação das proteínas preexistentes que expressam receptores de
e a estimulação de novas proteínas induzidas mineralocorticoides, como os ceratinócitos
pela aldosterona medeiam um aumento no epidérmicos, os neurônios do SNC, os miócitos
transporte transepitelial de Na. cardíacos e as células endoteliais e células
-Os efeitos específicos da aldosterona musculares lisas da vasculatura.
consistem em aumentar a síntese dos canais -Logo, outros efeitos da aldosterona
de Na+ na membrana apical, aumentar a síntese incluem aumento da reabsorção de Na nas
e a atividade da Na+/K+- ATPase na membrana glândulas salivares e sudoríparas, excreção
basolateral (que arrasta o Na+ citosólico para o aumentada de K+ do colo e efeito inotrópico
interstício em troca do transporte de K+ para positivo sobre o coração.
dentro da célula) e aumentar a expressão da -A aldosterona também pode ser
H+-ATPase na membrana apical e do trocador produzida em locais extrassuprarrenais, como
nas células endoteliais e nas células musculares
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lisas vasculares do coração e dos vasos consiste em grandes células cromafins dispostas
sanguíneos em uma rede
-Aldosterona pode contribuir para o -É formada por 2 tipos celulares
reparo dos tecidos após infarto do miocárdio, denominados feocromócitos, que são células
bem como para a promoção da hipertrofia e produtoras de adrenalina e produtoras de
fibrose cardíacas. No cérebro, a afeta a noradrenalina. Essas sintetizam e secretam as
regulação neural da PA, o apetite de sal, a catecolaminas adrenalina, noradrenalina e, em
regulação do volume e o efluxo simpático menor graus, dopamina
Catecolaminas
Química e Biossíntese
-As catecolaminas são hormônios
derivados de um aminoácido, sendo sintetizados
a partir do aminoácido tirosina. Esta é
transportada ativamente nas células, onde sofre
4 reações enzimáticas citosólicas para sua
conversão em adrenalina, que são:
1. Hidroxilação da tirosina em 3,4-di-
hidroxifenilalanina (L-dopa) pela enzima tirosina-
hidroxilase, a qual é encontrada no citosol das
Androgênios células produtoras de catecolaminas e
-Desidroepiandrosterona (DHEA) representa o principal ponto de controle na
Síntese síntese delas. A sua atividade é inibida pela
-As etapas iniciais na biossíntese da noradrenalina, proporcionando um controle da
DHEA a partir do colesterol assemelham-se às síntese das catecolaminas por retroalimentação
dos hormônios glicocorticoides e 2. Descarboxilação da L-dopa em
mineralocorticoides. dopamina pela enzima dopa-descarboxilase, em
-A pregnenolona sofre 17a-hidroxilação uma reação que necessita de fosfato de
pela P450c17 microssômica e conversão em piridoxal como cofator. Esse produto final é
DHEA. acondicionado em vesículas secretoras
-A 17a-pregnenolona -> também pode 3. Hidroxilação da dopamina em
ser convertida em 17a-OH-progesterona -> é noradrenalina pela dopamina-β-hidroxilase, uma
convertida em androstenediona na zona enzima ligada à membrana encontrada nas
fasciculada. vesículas sinápticas, que utiliza a vitamina C
como cofator. Essa reação ocorre no interior
HORMÔNIOS DA MEDULA das vesículas secretoras
SUPRARRENAL 4. Metilação da noradrenalina em
-A medula pode ser considerada um adrenalina pela feniletanolamina-N-
gânglio do SNS, que, em resposta à metiltransferase, cuja atividade é modulada pela
estimulação dos neurônios simpáticos pré- produção adjacente de esteroides suprarrenais,
ganglionares, à liberação de acetilcolina e a sua ressaltando a importância
ligação a um receptor colinérgico nas células -A conversão da noradrenalina em
cromafins, estimula a produção e a liberação de adrenalina ocorre no citoplasma e, portanto,
catecolaminas requer a saída da noradrenalina dos grânulos
-Forma a parte central da glândula secretores por um mecanismo de transporte
suprarrenal. É extremamente vascularizada e passivo
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-A adrenalina produzida no citoplasma -As catecolaminas circulantes podem
deve penetrar novamente nas vesículas sofrer receptação por locais extraneurais,
secretoras por transporte ativo impulsionado degradação nas células-alvo pela catecolamina-
pelo ATP. Os transportadores envolvidos são os O-metltransferase (COMT) ou pela
de monoamina vesiculares, expressos monoaminoxidase (MAO) ou filtração direta na
exclusivamente nas células neuroendócrinas urina
5. No citoplasma a adrenalina é -A MAO catalisa a 1ª etapa de
convertida em metanefrina e a noradrenalina desaminação oxidativa das catecolaminas. A
em normetanefrina, ambos pela enzima COMT catalisa a conversão da adrenalina e da
catecolamina-O-metiltransferase (COMT). Em noradrenalina em metanefrina e normetanefrina
seguida, esses metabólitos saem da célula, -A ação conjunta da MAO, da COMT e
tornando-se metanefrinas livres da aldeído-desidrogenase sobre a noradrenalina
-A síntese das catecolaminas pode ser e a adrenalina, particularmente no fígado,
regulada por alterações na atividade da tirosina- produz o metabólito ácido vanililmandélico
hidroxilase por meio da liberação da inibição do (VMA), principal produto final do metabolismo
produto final (aguda) ou por um aumento na da noradrenalina e da adrenalina
síntese enzimática (crônico) -A dopamina metabolizada por essa via
Liberação produz ácido homovanílico (HVA). O VMA e o
-A liberação das catecolaminas HVA são hidrossolúveis e são excretados na
representa uma resposta direta à estimulação urina em altos níveis
nervosa simpática da medula suprarrenal Efeitos Celulares
-A acetilcolina liberada das terminações α-adrenérgicos β-adrenérgicos
nervosas simpáticas pré-ganglionares liga-se a Vasoconstrição Vasodilatação
receptores colinérgicos nicotínicos (canais Dilatação da íris Cardioaceleração
iônicos regulados por ligantes) na membrana Relaxamento intestinal Aumento da força do
plasmática das células cromafins, levando ao miocárdio
rápido influxo de Na+ e à despolarização da Contração dos Relaxamento das
membrana celular esfíncteres intestinais paredes intestinal e
-A despolarização leva à ativação dos vesical
canais de Ca2+ regulados por voltagem, Contração pilomotora Relaxamento do útero
Contração do esfíncter Broncodilatação
produzindo um influxo de Ca2+
vesical
-As vesículas que contêm catecolaminas
Broncoconstrição Calorigênese
pré-formadas ficam atracadas sob a membrana
Contração do músculo Glicogenólise
sináptica e se tornam estreitamente associadas liso uterino
aos canais de Ca2+ regulados por voltagem Contratilidade cardíaca Lipólise
-O influxo de Ca2+ desencadeia o Produção hepática de Aumento da liberação
processo de exocitose dos grânulos secretores, glicose de renina
que liberam as catecolaminas no espaço Diminuição da Aumento da liberação
intersticial de onde são transportadas na liberação de insulina de glucagon
circulação até os órgãos-alvo -Os efeitos fisiológicos das catecolaminas
Transporte e Metabolismo são mediados por sua ligação a receptores
-A meia-vida das catecolaminas adrenérgicos de membrana acoplados à
circulantes é curta (<2 minutos) proteína G, distribuídos por todo o corpo
-A maior parte (>50%) das liberadas -Como não atravessam facilmente a
circula ligada à albumina com baixa afinidade barreira hematoencefálica, as catecolaminas
liberadas pela medula suprarrenal exercem
Marina Ferrari – MD4
efeitos quase exclusivamente nos tecidos -Subclassificados em β1, β2 e β3. Exibem
periféricos, e não no cérebro maior afinidade pelo isoproterenol do que pela
-Exercem efeitos diferenciais, adrenalina ou noradrenalina
dependendo do subtipo de proteína G ao qual -Os 3 subtipos estão associados às
o receptor está associado e do mecanismo de proteínas Gαs e sua estimulação leva a um
transdução de sinais ligado a essa proteína G aumento do monofosfato de adenosina cíclico
específica -O receptor β1-adrenérgico tem papel
-Os receptores adrenérgicos são na regulação da contração e do relaxamento
classificados em predominantemente dos miócitos cardíacos por meio de fosforilação
estimuladores (α) ou inibitórios (β) dos canais de Ca2+ do tipo L no sarcolema,
Receptores α-adrenérgicos canais de Ca2+ sensíveis à rianodina no retículo
-Exibem maior afinidade pela adrenalina sarcoplasmático, troponina I e fosfolambana. O
do que pela noradrenalina ou pelo isoproterenol, efeito fisiológico global é o aumento da
um agonista sintético contratilidade cardíaca
-São subdivididos em receptores α1 e α2 -O receptor β2-adrenérgico medeia
-Os receptores α1-adrenérgicos são várias respostas, como vasodilatação,
ainda subdivididos em α1A, α1B e α1D relaxamento do músculo liso brônquico e
-Tratam-se de receptores acoplados à lipólise, em vários tecidos
proteína G que ativam a fosfolipase C, Efeitos Fisiológicos
resultando em ativação da proteína-quinase C e -São fundamentais na resposta de
aumento do Ca2+ intracelular (pelo 1,4,5- estresse a uma agressão física ou psicológica,
trifosfato de inositol), e a fosfolipase A2 como perda grave de sangue, diminuição do
-O aumento da fosforilação da quinase nível de glicemia, lesão traumática, intervenção
da cadeia leve da miosina, mediada por traumática, intervenção cirúrgica ou experiência
aumento do Ca2+ calmodulina intracelular desagradável
mediado por quinase, produz contração dos -Manutenção do Estado de Alerta:
músculos lisos vascular, brônquico e uterino dilatação da pupila, piloereção, sudorese,
-Os receptores α1-adrenérgicos dilatação brônquica, taquicardia, inibição da
desempenham importante papel na regulação musculatura lisa do trato gastrintestinal e
de diversos processos fisiológicos, incluindo a contração dos esfíncteres intestinal e vesical
contratilidade do miocárdio, o efeito -Ações Metabólicas: resultam aumento
cronotrópico e o metabolismo hepático da da glicose, lipidemia, consumo de O2 e
glicose aumento da temperatura corporal
-Os receptores α2-adrenérgicos também -Aumenta a produção de glicose,
são subdivididos em 3 grupos α2A, α2B e α2C e estimulando a glicogenólise nos músculos (para
apresentam vários sistemas de 2ºs consumo próprio) e a gliconeogênese no
mensageiros. Podem diminui a atividade da fígado (principalmente para aumentar a glicemia
adenilato-ciclase, ativar os canais de K+, inibir os sérica), inibindo a secreção de insulina e
canais de Ca2+ e ativar a fosfolipase Cβ ou a A2 estimulando a secreção de glucagon (que
*Inicialmente foram caracterizados estimula a glicogenólise no fígado)
como pré-sinápticos, atuando em uma alça de -No tecido adiposo, a adrenalina estimula
retroalimentação negativa para regular a a lipólise, convertendo triglicerídeos em ácidos
liberação de noradrenalina. Porém, também graxos livres e glicerol. Portanto, os efeitos
estão envolvidos em funções pós-sinápticas e metabólicos da adrenalina resultam em aumento
mantêm a homeostasia da pressão arterial da glicose, lipidemia, consumo de oxigênio e
Receptores β-adrenérgicos aumento da temperatura corporal
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-Ações Cardiovasculares: são -Os receptores adrenérgicos também
determinadas pela ativação de diferentes podem sofrer upregulation, devido a um
receptores: aumento na transcrição do gene do receptor. 2
*α2 (vasos sanguíneos): principal local hormônios produzem esse efeito: os
de atuação da epinefrina, causando glicocorticoides e o hormônio da tireoide.
vasodilatação -OBS: A upregulation dos receptores
*α1: principal local de atuação da pelo hormônio da tireoide é crítica nos
norepinefrina, causando vasoconstrição pacientes hipertireóideos, visto que os efeitos
*β1 (coração): noradrenalina atua por combinados desse hormônio e das
meio de efeitos cronotrópicos e inotrópicos, catecolaminas podem exacerbar as
responsáveis regulação cardiovascular, incluindo manifestações cardiovasculares da doença
a manutenção da pressão arterial
Regulação dos Receptores CONCEITOS
Adrenérgicos Estresse
-A liberação das catecolaminas e seus -Demanda uma compreensão dos
efeitos são de curta duração em condições mecanismos fisiológicos que geram uma
fisiológicas normais. Todavia, a estimulação resposta integrada de enfrentamento a
crônica leva a elevações sustentadas das situações adversas
catecolaminas circulantes, e a consequente -É a resposta não específica do corpo a
estimulação dos receptores adrenérgicos pode qualquer demanda, seja ela causada por, ou
levar a alterações na responsividade dos tecidos resultando, em condições favoráveis ou não
-Alterações semelhantes na favoráveis
responsividade podem ser induzidas pela -A essas reações, Hans chamou de
produção endógena de agonistas ou pela SAG, que possuem 3 fases distintas:
administração exógena de agonistas -Alarme ou alerta: onde há a ruptura do
farmacológicos equilíbrio interno do organismo e a sua
*Ex: dessensibilização promovida por mobilização para enfrentar o agente estressor.
agonistas beta na asma e a taquifilaxia Esta resposta rápida é mediada principalmente
estimulada por agonistas alfa em pacientes em pela ativação do sistema nervoso autônomo
uso de descongestionantes nasais simpático (SNAs) que promove a liberação de
simpaticomiméticos. A exposição persistente a neurotransmissores em diversos órgãos-alvo e
um agonista também pode resultar em perda também estimula a medula das glândulas
efetiva de receptores, devido à degradação ou adrenais a liberarem os hormônios
à dessensibilização dos receptores catecolaminérgicos, adrenalina e noradrenalina,
-Mecanismos de dessensibilização: reforçando ainda mais a ativação neural;
depois de alguns minutos de exposição a um -Resistência: as respostas fisiológicas e
agonista b2-adrenérgico, o receptor é comportamentais, a fim de restabelecer a
fosforilado. Essa fosforilação interfere no homeostase são mantidas, e agora mediadas
acoplamento do receptor com a proteína G -> principalmente pelo cortisol, hormônio esteroide
Após exposição mais prolongada, esses sintetizado e liberado pelo córtex das glândulas
receptores são internalizados abaixo da adrenais, em resposta a ativação do eixo
superfície celular. -> exposição crônica pode-se hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA). Nesta fase a
verificar uma redução do número de eficiência das respostas chega ao seu ponto
receptores na membrana plasmática, devido à máximo e o indivíduo apresenta seu melhor
síntese diminuída do receptor (downregulation). desempenho físico e cognitivo, e assim
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apresenta ampla condição de neutralizar o oposição ao estímulo ou ao sinal de entrada
agente estressor; que o dispara
-Exaustão: caso o indivíduo falhe em Exemplos
neutralizar o agente estressor e este se -Homeostase é garantida por
prolongue, o organismo continua respondendo determinados processos fisiológicos, que
de forma crônica, e as alterações fisiológicas e ocorrem nos organismos de maneira
comportamentais, inicialmente adaptativas, coordenada
levam a uma sobrecarga energética e exaustão -Os mecanismos que controlam
dos sistemas temperatura corporal, pH, volume dos líquidos
Estágio Alarme (Estresse Agudo) corporais, pressão arterial, batimentos cardíacos
-Entendido como uma ameaça imediata, e concentração de elementos no sangue são
a curto prazo, comumente conhecida como as principais ferramentas alostáticas utilizadas no
resposta à luta ou fuga. A “ameaça” pode ser controle do equilíbrio fisiológico
qualquer situação considerada como perigosa e, -Em geral, esses mecanismos funcionam
após evento (que dura de minutos a horas), há por meio de um feedback negativo, que atua
uma resposta de relaxamento na redução de um determinado estímulo,
-Em geral, como consequências garantindo o equilíbrio adequado para o corpo.
fisiológicas imediatas devido a alterações -O controle da temperatura é um
hormonais na resposta ao estresse, ocorre exemplo de feedback negativo. Em atividade
aumento do ritmo cardíaco e frequência física, a temperatura do corpo tende a subir. No
respiratória, ativação da resposta imune, entanto, essa alteração é captada pelo sistema
mobilização de energia, aumento do fluxo nervoso, que desencadeia a liberação do suor,
sanguíneo cerebral e da utilização da glicose, responsável por esfriar nosso corpo à medida
perda de apetite, do interesse sexual e maior que evapora
retenção de água e vasoconstrição (para o Alostase
caso de perda de fluidos) -Já o conceito de “alostase” foi
-Ocorrem em períodos que vão de concebido por Peter Sterling e Joseph Eyer e
segundos a poucos minutos caracteriza os mecanismos e ferramentas que
Estágio de Exaustão (Estresse Crônico) garantem o estabelecimento e a manutenção
-Caracteriza-se pela persistência da da homeostase
resposta ao estresse (cronicidade), que leva à -Foi definido como: “o ajuste orgânico
imunodepressão aos eventos previsíveis e imprevisíveis”
-A imunodepressão ocorre devido ao -Uma resposta fisiológica sempre ocorre
potencial imunossupressor dos glicocorticoides, em reação a um estímulo que gera ruptura da
estes que inibem a ação dos glóbulos brancos homeostase. Sendo assim, uma ação sobre o
Homeostase indivíduo, seja ela de origem psicológica ou
-É a tendência a resistir a mudanças a física, terá como resposta o desvio da
fim de manter um ambiente interno estável, homeostase e uma consequente reação
relativamente constante alostática para retomar o equilíbrio
-Normalmente envolve ciclos de Carga Alostática
retroalimentação negativa que neutralizam -A quantidade de energia metabólica
mudanças de várias propriedades de seus necessária para que determinado mecanismo
valores-alvo, conhecidos como pontos de ajuste fisiológico mantenha a homeostase é chamada
Manutenção da Homeostase de carga alostática
-Geralmente envolve ciclos de -A descompensação da homeostase
retroalimentação negativa, os quais agem em devido à sobrecarga alostática em alguma
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ferramenta de defesa do organismo pode *As glândulas suprarrenais nos
causar diversos danos à saúde pacientes com doença de Cushing se
-Em outras palavras, quando o corpo caracterizam por hiperplasia cortical nodular
gasta mais energia do que deveria para bilateral, devido a níveis elevados de ACTH
reverter o estímulo que rompeu seu equilíbrio, (síndrome de Cushing “ACTH-dependente ->
ocorre uma sobrecarga alostática, o que A hiperplasia cortical é responsável pelo
aumenta o risco de doenças. hipercortisolismo
-A secreção de ACTH ectópico por
HIPER E tumores não hipofisários é responsável por
HIPOCORTISOLISMO cerca de 10% dos casos de síndrome de
Hipercortisolismo Cushing
-O hipercortisolismo, tipicamente *Em muitos casos, o tumor
manifestado como síndrome de Cushing, é responsável é um carcinoma pulmonar de
provocado por qualquer condição que produza pequenas células, embora outras neoplasias
elevação dos níveis de glicocorticoides. tenham sido associadas a essa síndrome
-Causa: pode ser resultado de *Pode ser causado também por uma
administração de glicocorticoides exógenos neoplasia neuroendócrina ocasional produz CRH
(iatrogênica) –maioria dos casos- ou excesso de ectópico -> provoca a secreção de ACTH e
glicocorticoides endógenos hipercortisolismo -> ocorre hiperplasia cortical
-As causas endógenas mais comuns são: bilateral secundária à elevação do ACTH
*Doenças hipotálamo-hipofisárias -Os adenomas suprarrenais primários,
primárias associadas à hipersecreção de ACTH são responsáveis por cerca de 15-20% dos
*A secreção de ACTH ectópico por casos de síndrome de Cushing endógena
neoplasias não hipofisárias *Também é denominada síndrome
*Neoplasias adrenocorticais primárias de Cushing independente de ACTH ou
(adenoma ou carcinoma) e, raramente, síndrome de Cushing suprarrenal porque as
hiperplasia cortical primária suprarrenais funcionam autonomamente
-A doença hipotalâmico-hipofisária *Apresenta níveis elevados de
primária associada à hipersecreção de ACTH é cortisol com níveis baixos de ACTH
responsável por, aproximadamente, 70% dos *Na maioria dos casos, a síndrome de
casos de síndrome de Cushing endógena Cushing suprarrenal é provocada por uma
*A prevalência desse distúrbio é mais neoplasia adrenocortical unilateral, que pode ser
elevada entre as mulheres, e ocorre mais benigna (adenoma) ou maligna (carcinoma)
frequentemente durante o início da vida adulta
(na casa dos 20-30 anos)
*Na maioria dos casos, a glândula
hipófise contém um microadenoma produtor de
ACTH que não produz efeitos de massa no
cérebro. Nos pacientes restantes, a adeno-
hipófise contém áreas de hiperplasia das células
corticotróficas sem adenoma. A hiperplasia das
células corticotróficas pode ser primária ou
secundária à liberação excessiva de ACTH por
um tumor hipotalâmico produtor de CRH
Características Clínicas
Marina Ferrari – MD4
-Os sinais e sintomas representam um ACTH pela hipófise ou ectópica geralmente
exagero das ações conhecidas dos está associada a aumento da pigmentação
glicocorticoides cutânea secundária à atividade estimulante dos
-Geralmente se desenvolve melanócitos da molécula precursora do ACTH.
gradualmente e pode ser bastante sutil nos Como acontece a lipólise periférica e a
estágios iniciais. Uma exceção a esse início lipogênese central?
insidioso é a síndrome de Cushing associada aos -O hipercortisolismo causa lipogênese
carcinomas de pequenas células do pulmão, central e lipólise periférica, pois há mais
quando o curso rápido da doença subjacente receptores para glicocorticoides nos adipócitos
impossibilita o desenvolvimento de muitos dos da gordura periférica do que na central,
traços característicos bastante escassa da ação do cortisol. Assim:
-As manifestações iniciais incluem *Na gordura periférica: o cortisol
hipertensão e ganho ponderal. Com o tempo, a age normalmente causando lipólise e resistência
distribuição centrípeta mais característica do à utilização de glicose;
tecido adiposo se torna aparente, com a *Na central: a ação do cortisol é
resultante obesidade do tronco, “fácies de lua ínfima, e o processo de lipogênese ultrapassa o
cheia” e acúmulo de gordura na porção de lipólise
posterior do pescoço e costas (“corcova de -O excesso de cortisol, que eleva a
búfalo”) gliconeogênese no fígado, provoca a
-O hipercortisolismo provoca atrofia transformação da glicose excessiva que não foi
seletiva das fibras musculares de contração transportada para a corrente sanguínea em
rápida (tipo II), com a resultante redução da gordura, que então é levada por lipoproteínas
massa muscular e fraqueza muscular proximal LDL para a gordura central.
-Os glicocorticoides induzem -Como a resistência à utilização de
gliconeogênese e inibem a captação da glicose glicose e o efeito de “diabetes adrenal” não se
pelas células, com resultantes hiperglicemia, desenvolve na gordura central, essa pode
glicosúria e polidipsia, simulando o diabetes utilizar a glicose para armazenar gordura na
mellitus forma de triglicerídeos (visto que a enzima α-
-Os efeitos catabólicos sobre as glicerofosfato não tem sua atividade reduzida,
proteínas provocam a perda de colágeno e a aumentando assim a captação e o
reabsorção de osso. Então, a pele se torna fina, armazenamento lipídico nos adipócitos da
frágil, ferindo-se com facilidade; as estrias gordura central).
cutâneas são comuns na área abdominal. A Hipocortisolismo
reabsorção óssea resulta no desenvolvimento -A deficiência de glicocorticoides é
de osteoporose, com o consequente aumento menos comum do que as doenças causadas
da suscetibilidade às fraturas por sua produção excessiva
-Como os glicocorticoides suprimem a -Causas: disfunção da suprarrenal
resposta imune, os pacientes com síndrome de (deficiência primária) ou da falta de estimulação
Cushing também apresentam risco aumentado da produção suprarrenal de glicocorticoides
para uma variedade de infecções pelo ACTH (deficiência secundária)
-Manifestações adicionais incluem -A administração exógena de análogos
hirsutismo e anomalias menstruais, assim como sintéticos dos glicocorticoides no tratamento
uma série de distúrbios mentais, incluindo crônico de algumas doenças também suprime
alterações de humor, depressão e psicose fraca o CRH e o ACTH. ->Logo, a súbita interrupção
-A síndrome de Cushing do tratamento pode manifestar-se na forma de
extrassuprarrenal provocada pela secreção de
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caso agudo de insuficiência suprarrenal, que é depleção volumétrica e hipotensão. Hipoglicemia
uma emergência médica pode ocorrer como resultado da deficiência de
*Assim, é importante ter o cuidado glicocorticoides e do comprometimento da
de diminuir gradualmente o tratamento com gliconeogênese
até interrompê-lo para possibilitar a restauração -Estresses como infecções, trauma ou
dos ritmos de produção de CRH e de ACTH e procedimentos cirúrgicos nos pacientes
a normalização da síntese endógena de cortisol afetados podem precipitar uma crise
-A maioria dos casos de deficiência de suprarrenal aguda, com vômitos intratáveis, dor
ACTH envolve a deficiência de outros abdominal, hipotensão, coma e colapso vascular.
hormônios hipofisários O óbito se segue rapidamente, a menos que os
-OBS: Como a aldosterona é regulada corticosteroides sejam imediatamente repostos.
em especial pela angiotensina II e pelo K+, os Síndrome x Doença
indivíduos podem não apresentar uma -Síndrome: conjunto de sintomas que
deficiência simultânea de mineralocorticoides definem um determinado estado clínico
quando o fator etiológico consiste no associado a problemas de saúde, que nem
comprometimento da liberação de ACTH sempre tem as causas descobertas
-A deficiência de glicocorticoides devido -Doença tem causa definida, e
a uma hipofunção da suprarrenal é conhecida a síndrome revela uma condição quase
como doença de Addison, que pode resultar da sempre sem causas diagnosticada
destruição autoimune da suprarrenal ou de -A denominação síndrome de Cushing
erros inatos na síntese dos esteroides denota quadro clínico resultante do excesso de
*É resultante da destruição cortisol resultante de qualquer causa, ao passo
progressiva do córtex suprarrenal. Mais de 90% que doença de Cushing refere-se à
de todos os casos são atribuíveis a um destes hiperfunção do córtex adrenal em decorrência
4 distúrbios: adrenalite autoimune, tuberculose, da secreção excessiva de ACTH por adenomas
síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS) hipofisário e constitui a forma mais comum da
ou câncer metastático síndrome
Manifestações Clínicas
-Em geral, as manifestações da DESMAME DE CORTICOIDE
insuficiência adrenocortical não surgem até que -É importante retirar de maneira gradual
pelo menos 90% do córtex suprarrenal tenha com intuito de evitar a complicação mais
sido comprometido temida, quando da retirada abrupta da
-As manifestações iniciais incluem corticoterapia prolongada ou em altas doses,
fraqueza progressiva e cansaço fácil, que que é a ocorrência se supressão do eixo HHA,
podem ser descartados como queixas a qual leva à Insuficiência Adrenal Secundária
inespecíficas. Os distúrbios gastrointestinais são -A supressão pode ser parcial ou total,
comuns e incluem anorexia, náusea, vômitos, como resultado de atrofia das glândulas adrenais
perda de peso e diarreia -Como existe variabilidade individual na
-Os níveis aumentados do hormônio susceptibilidade para supressão do eixo HHA
precursor do ACTH estimulam os melanócitos, após o uso exógeno de corticoides, não se
com a resultante hiperpigmentação da pele e pode predizer com segurança quais pacientes
das superfícies mucosas. Face, axilas, mamilos, irão desenvolvê-la, até mesmo quando se
aréolas e períneo são locais particularmente levam em conta fatores como dose e duração
comuns de hiperpigmentação da corticoterapia
-Retenção de K e perda de Na, com
consequente hipercalemia, hiponatremia,

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