Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Prova - Unidade - II
Prova - Unidade - II
INSTRUÇÕES
1) Todas as respostas devem ter fundamentação, tendo por base o sistema do
Direito Positivo brasileiro.
2) Todas as respostas devem ser redigidas segundo a Norma Culta da Língua
Portuguesa.
3) A avaliação pode ser feita individualmente, em dupla ou em
trio.
4) No caso de dupla ou trio, a responsabilidade dos membros do
grupo é solidária.
5) As respostas devem ser entregues exclusivamente por meio do SIGAA, em
arquivo em PDF, devendo constar obrigatoriamente neste arquivo o(s) nome(s) do(s)
aluno(s).
6) No caso de dupla ou trio, um dos membros pode ficar responsável pela entrega,
desde que registre de imediato no ato, os nomes de todos os integrantes do grupo; mas
recomenda-se que todos os alunos do grupo enviem o mesmo arquivo por razões de
segurança.
7) As respostas devem ser enviadas no prazo de 24 (vinte e quatro) horas.
8) A primeira questão vale 4,0 (quatro) pontos; a segunda questão, 6,0 (seis) pontos,
sendo cada um de seus itens valorado em 2,0 (dois)
Primeira questão:
Segunda questão:
Pol Pot, Prefeito do Município de Azul/RN expediu decreto que dispõe sobre o
procedimento sumário para a punição de atos de improbidade administrativa
praticados no âmbito da Administração Pública Municipal. Dentre as normas
veiculadas por esse ato normativo, constata-se a outorga ao Chefe do Poder Executivo
Municipal a competência para extinguir o contrato administrativo cujo particular
contratado seja Réu em ação civil pública movida pelo Ministério Público, sem a
abertura de processo administrativo, e sem o pagamento da remuneração ajustada no
contrato.
Levando-se em consideração que não há previsão legal de tal procedimento na
legislação em vigor, indaga-se:
(i) O ato normativo municipal em questão é ato administrativo, legislativo ou
jurisdicional? Justifique com amparo no ordenamento jurídico em vigor.
A Constituição de 1988 elevou a probidade em função pública no § 4º do art. 37 à
posição de direito subjetivo público, cuja natureza é difusa. Trata-se da sublimação da ética
na gestão da res publicae. O dever de probidade que daí se irradia descende diretamente do
princípio da moralidade administrativa explicitado no caput do art. 37 e no inciso LXXIII do
art. 5º. Como os previstos em nossa lei fundamental, a Constituição Federal de 1988, que
estabelece em seu Art. 37 os princípios basilares que devem ser respeitados por todos os
agentes públicos: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Os
princípios, embora não possuam força hierárquica superior a de uma lei, servem como seu
alicerce primordial, não podendo os atos políticos ou administrativos não irem de encontro a
estas disposições fundamentais.
Hely Lopes Meirelles (2004, p. 147), em seu conceito restrito de ato administrativo,
diz que:
“Ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da Administração
Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar,
transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados
ou a si própria.” Dados a fundamentação legislativa e doutrinária apresentada, nesse sentido,
no caso em tela, o ato normativo municipal é ato administrativo.
(ii) Esse ato normativo municipal é compatível com os princípios do modelo
jurídico-administrativo? Justifique com amparo no ordenamento jurídico em vigor.
Os pressupostos do ato administrativo se subdividem em pressupostos de existência e
pressupostos de validade: os primeiros são a publicidade e a pertinência do ato à função
administrativa; já os segundos são a competência do sujeito, a juridicidade do objeto, o
motivo, os requisitos procedimentais, a finalidade, a causa e a formalização.
Dada a premissa, a administração municipal não está obrigada a manter em seu
quadro aquele que comprometeu a retidão de conduta, comprovadamente, no desempenho
funcional, fugindo ao cumprimento de seus deveres e proibições como agente público,
consoante previsão das regras legais e constitucionais de atuação no ofício administrativo.
Sendo infração disciplinar, é inegável o direito da Administração Pública de exercer
seu poder sancionador sobre o agente cuja conduta é ilícita, demitindo-o, antes mesmo da
abertura ou desfecho de eventual ação judicial de improbidade pelo Ministério Público ou
pela própria pessoa jurídica de direito público legitimada.
Nesse diapasão, a doutrina pátria e a jurisprudência de nossos tribunais entendem, de
forma dominante, que a Administração Pública pode, sim, demitir servidor, ao considerar que
ele tenha cometido ato de improbidade administrativa (falta disciplinar passível de demissão,
nos termos do art. 132, IV, da L. 8.112/90), independentemente de prévia instauração ou
julgamento de processo judicial pelo mesmo fato.
Nesse diapasão, sedimentou o Superior Tribunal de Justiça em precedentes uniformes
(destaques não originais):
Conforme já decidido pela Eg. Terceira Seção, a independência entre as instâncias
penal, civil e administrativa, consagrada na doutrina e na jurisprudência, permite à
Administração impor punição disciplinar ao servidor faltoso à revelia de anterior julgamento
no âmbito criminal, ou em sede de ação civil por improbidade, mesmo que a conduta
imputada configure crime em tese. Precedentes do STJ e do STF (MS. 7.834-DF).
Comprovada a improbidade administrativa do servidor, em escorreito processo administrativo
disciplinar, desnecessário o aguardo de eventual sentença condenatória penal. Inteligência
dos arts. 125 e 126 da Lei 8.112/90. Ademais, a sentença penal somente produz efeitos na
seara administrativa, caso o provimento reconheça a não ocorrência do fato ou a negativa da
autoria.
No Supremo Tribunal Federal, em julgamento recente, a própria 1ª Turma endossou a
possibilidade de a Administração Pública demitir servidor que incorrer em ato de
improbidade administrativa, independentemente da propositura de ação judicial, como
transcrito a seguir (destaques não originais):
(iii) Caso haja a extinção do contrato administrativo com base nesse ato
normativo municipal, e tenha ocorrido execução de parte do objeto do contrato, teria o
contratado o direito de pleitear o pagamento proporcional pelo que foi efetivamente
executado, à luz dos princípios do modelo jurídico-administrativo? Justifique com
amparo no ordenamento jurídico em vigor.
O Artigo 482 do Decreto Lei nº 5.452 de 01 de Maio de 1943, alínea “a”,CLT traz:
Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo
empregador:
a) ato de improbidade;
No entanto O Artigo 59 da Lei nº 8.666 de 21 de Junho de 1993 Lei nº 8.666 de 21 de
Junho de 1993 dispõe:
Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para
licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências.
Art. 59. A declaração de nulidade do contrato administrativo opera retroativamente
impedindo os efeitos jurídicos que ele, ordinariamente, deveria produzir, além de
desconstituir os já produzidos.
Parágrafo único. A nulidade não exonera a Administração do dever de indenizar o
contratado pelo que este houver executado até a data em que ela for declarada e por outros
prejuízos regularmente comprovados, contanto que não lhe seja imputável, promovendo-se a
responsabilidade de quem lhe deu causa.
Nesse sentido, de acordo com a legislação trabalhista em vigor, a luz dos
princípios do modelo jurídico-administrativo brasileiro, tem-se que as verbas
rescisórias caso o contratado fosse dispensado nesses termos, seriam:
: Saldo de salário;
: férias vencidas mais 1/3 constitucional;
Dessa forma sim, ele teria o direito de pleitear o pagamento proporcional do que fora
executado.