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BASES TÉCNICAS EM

CIRURGIA E
ANESTESIOLOGIA

EXCLUSIVE
@emmanuelpacheco_20
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BTCA Introducao e Assepsia


ÁLCOOL IODADO:
INTRODUÇÃO:
• 0,5% ou 1%
Consiste no ensinamento ao aluno dos fundamentos
• Mecanismo de ação: age pela sua facilidade em
técnicos básicos para a realização do ato cirúrgico e
penetrar na parede celular dos
todos os enfoques necessários para entendimento das
microrganismos, inibe a síntese vital, oxida e
peculiaridades existentes no paciente candidato ao
substitui o conteúdo por iodo livre;
processo cirúrgico.
• Tem função: bactericida, virucida,
ASSEPSIA: microbactericida e fungicida, mas começa a ter
alguma ação sobre esporos bacterianos após
ASSEPSIA: é estar livre de infecção, para não contrair longo tempo de exposição.
infeções. Impedir através de meios físicos e químicos a • Tem baixo custo;
entrada de microganismos no corpo humano; tentativa • Desvantagem: baixa potência, pode levar a
de eliminação de qualquer fonte potencial de infecção. queimaduras, irritação de pele e mucosas.

Não há possibilidade de se chegar a assepsia total da IODÓFOROS:


prática cirúrgica, isto é, a ausência de germe.
• Apresentação alcóolica, tópica e degermante,
Está representada pela vestimenta estéril, pela em concentração 10% com 1% de iodo;
delimitação do campo operatório e pelo uso de • O mecanismo de ação funciona quando atuam
instrumentos cirúrgicos esterilizados. carregando moléculas de iodo que são
liberadas gradativamente em baixas
ANTISSEPSIA:
concentrações, mantendo o efeito germicida
ANTISSEPSIA: métodos que você utiliza para inibir ou próximo do iodo, mas reduzindo sua toxicidade;
eliminar os microorganismos da pele. • Função: BACTERICIDA sobre gram POSITIVO e
vírus;
Consiste em empreender todos os esforços que • Vantagem: efeito residual de 2/6 horas e baixo
possibilitem o controle, total ou parcial, da proliferação. custo;
Constitui de um método profilático pelo uso de • Desvantagem: a absorção do iodo pela pele e
antissépticos mucosas, a presença de matéria orgânica inibe
rapidamente a sua liberação.
ANTI-SÉPTICOS:
CLOREXIDINA:
São destinados na aplicação da pele e mucosas visando
a redução do índice de colonização microbiana e de • Degermante, alcóolico e tópico;
infecção do campo operatório. • Mecanismo de ação: pertence ao grupo das
biguanidas e age por destruição da membrana
• São ativos em baixas concentrações; celular e precipitação dos componentes
• Estável por um longo período; internos da célula microbiana.
• Não manchar vestes e pele; • Função: bactérias gram +, gram -, fungos e
• Solúvel em água; vírus, porém pequena ação contra
• Eficaz a temperatura ambiente; micobactérias;
• Ação BACTERICIDA (destruição do organismo • Tem vantagens: atua na presença de sangue e
patogênico); exsudatos, atividade por até 6/8 hrs
• Ação BACTERIOSTÁTICA (inibição da dependendo da afinidade com a pele; pode ser
proliferação de microrganismos). inativada na dependência do pH, tem baixa
• Efeito residual prolongado; toxicidade e irritabilidade, sendo segura,
• Ausência de toxicidade para o homem; inclusive para o uso de RN, dispõe de um efeito
• Baixo custo e fácil manuseio; cumulativo e um excelente meio para pacientes
• Amplo espectro de ação alérgicos ao iodo.
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NÃO deve ser utilizada no globo ocular ou no ouvido TRICLOSAN:


médio pela possibilidade de lesão de córnea e
ototoxicidade. • Função: boa contra gram + e a maioria dos gram
– (exceto pseudomonas aeruginosa), tem baixa
• Desvantagem: custo elevado. atividade fungicida.
• Utilizado na composição de produtos
ÁLCOOL: degermantes para lavagem das mãos e sua
concentração varia de 0,3% a 2%.
• Apresentado isopropílico (+ tóxico e menos
eficaz como microbicida) ou etílico.
Concentração entre 60-90% são indicadas,
porém a 70% é mais por causar menor
ressecamento da pele;
• O mecanismo de ação acontece por
desnaturação das proteínas;
• Função: bom bactericida e micobactericida.
Possui ação contra principais fungos e vírus,
incluindo vírus sincicial respiratório, vírus da
hepatite B e HIV;
• Vantagens: é um dos mais seguros e efetivos
anti-sépticos, reduzindo rapidamente a
contagem microbiana da pele e tem baixo custo;
• Desvantagens: própria a grande desidratação
tecidual e é altamente inflamável, devendo ser
totalmente enxuto antes de procedimento que
utilizem bisturis elétricos ou laser.
Tem ausência do efeito residual, pequena
inativação por matéria orgânica, inativo contra
esporos e é volátil.

RARAMENTE usado sozinho, normalmente associado


com a clorexidina ou iodopovidina.

HEXACLOROFENO:

• Função bacteriostática marcante, porém lenta.


Pouco efeito em esporos.
• Desvantagens: ação lenta e pouco duradoura,
pode causar neurotoxicidade por absorção
transcutânea.
Apresenta efeito reduzido na presença de
sangue e exsudato e, na atualidade, encontra-
se praticamente fora de uso.

PARACLOROMETAXILENOL (PCMX):

• Mecanismo de ação: atua pela destruição da


parede celular e inativação de enzinas.
• Função boa contra gram +, porém baixa contra
gram -, micobactérias, fungos e vírus.
• Vantagens: não agride a pele e possui efeito
residual por algumas horas;
• É utilizado na composição de produtos
degermantes para lavagem das mãos e sua
concentração varia de 0,5% a 4%.
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BTCA – Atos Cirurgicos Fundamentais


Lembrar que a curvatura é para baixo e a parte funcional
INTRODUÇÃO:
voltada para o instrumentador.
OPERAÇÃO CIRÚRGICA: conjunto de gestos manuais ou
instrumentais que o cirurgião executa para a integral
realização de ato cruento (corte), com finalidade
diagnóstica, terapêutica ou estética.

ATOS CIRÚRGICOS: atos cirúrgicos simples que,


associados, permitem a realização de operações
complexas. A diérese é constituída de bisturi frio e elétrico, bisturi
harmônio, tesouras e ruginas.
1. DIÉRESE: manobra cirúrgica destinada a criar
uma vida de acesso através dos tecidos (incisão
do bisturi, por exemplo) é a parte da incisão,
divisão, secção, separação, punção e divisão;

Incisão: quando seccionamos os tecidos moles por


instrumento de corte, produzindo uma solução de
continuidade. Na hora de passar um bisturi, devemos
entregar o cabo e lâmina virada para o instrumentador,
essa lâmina tem que estar com a parte cortante para
cima.

2. HEMOSTASIA: manobra cirúrgica destinada a


evitar ou estancar o sangramento;
3. SÍNTESE: aproximação correta dos tecidos
visando apressar a cicatrização;

MESA DE INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA:


Quando falamos da hemostasia, temos a pinça de
Halsted, pinças de Kelly, pinças de Crille, pinças de
Rochester e pinças de Moyniham, visam a interrupção
do sangramento provocado pela diérese.

Se a mesa instrumental ficar à esquerda da mesa


cirúrgica: iniciar arrumação do instrumental da direita
para a esquerda; e se mesa instrumental ficar à direita
da mesa cirúrgica: iniciar arrumação da esquerda para a
direita.
Para síntese, a gente recompõe a integridade das
A disposição dos materiais na mesa obedece a seguinte estruturas que foram exploradas, são usados os porta-
ordem: tipo, curvatura e tamanho. Ex. Metzembaum agulhas, pinças anatômicas e de rato, agulhas e os fios
(curva – reta – tamanho [menor- maior]) depois Mayo. cirúrgicos.
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Fazendo esse movimento, como informado na imagem.

TESOURAS

Função de seccionar, dissecar, divulsionar e desbridar


tecidos. Cortar fios e gaze.
Os materiais auxiliares que mudam e variam conforme
Sobre os tipos de pontas das tesouras: retas (utilizadas
as cirurgias, nós temos os afastadores de farabeuf,
em superfície e corte de fios); curvas (para profundidade
Gosset, doyen, finocchietto e Volkmann, pinça de
– maior visibilidade – preferência dos cirurgiões);
backaus, allis, kocher e mixter.
agudas (cortes precisos e delicados – NÃO USAR EM
CAVIDADES); e rombas (uso em cavidades).

METZENBAUM: mais delicadas. Porção funcional


equivale 1/3 do comprimento da tesoura. Maior
proporção entre cabo e lâmina. Retas e curvas
(Metzembaum curva = tesoura do cirurgião). A reta
serve mais para cortar fios.

• Não utilizá-las para corte de fios a fim de não danificar


o material. Usa-se a SPENCER, em geral com a função
de retirada de pontos.

BISTURIS

Realiza a incisão cirúrgica. Cabo número 3 cabe lâmina


MAYO: mais grosseiras e mais fortes. Porção funcional
de 9-17; cabo número 4 cabe lâmina de 18-50.
cerca da metade da tesoura. Retas e curvas.

MAYO-STILLE RETA: fios mais grosseiros;

MAYO-HARRINGTON

POTTS: serve para cortar estruturas como ducto


deferente, ureter, alguns vasos, estruturas delicadas.
Usada na via biliar, meninges, ocular, e cardíaca.

A solicitação do bisturi deve ser feita com os dedos


polegar e indicador unidos, movimentando- os para
baixo e para cima.
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Solicitação manual da tesoura: dedos indicador e médio Na solicitação dente de rato -> Polegar e indicador
realizando movimentos de abertura e fechamento e fletidos formando um círculo.
demais dedos fletidos. Dedos retificados para tesoura
reta e dedos encurvados para tesoura curva. Temos outros tipos de pinças, como a de Adson, Nelson,
Mayo-Russa, De-Bakey (prende vasos de menor
Arrumação na mesa: obedece a seguinte ordem, já calibre).
mencionada: Tipo, Curvatura e Tamanho. Lembrar que
na mesa a curvatura deve ser para baixo. PINÇAS HEMOSTÁTICAS – 3º QUADRANTE

Ex. Metzembaum (curva – reta – tamanho (menor- As pinças hemostáticas são pinças de preensão
maior) depois Mayo. contínua, usadas para coibir ou prevenir sangramento.
Possuem cremalheiras que as mantém presas. Podem
PINÇAS – 2º QUADRANTE ser retas, curvas com ou sem dentes, com estrias
longitudinais ou transversais, totais ou parciais.

São dispostas na seguinte ordem: HALSTED, KELLY,


CRILE, KOCHER, ROCHESTER.

Halsted (pinças “mosquito”): São as menores, delicadas,


com estrias transversais em toda sua face de preensão.
Usadas em pequenos vasos, em estruturas orgânicas
nobres e pinçam fios finos para sutura.

Pinça de dissecção do tipo anatômico ou sem dente:


Chamada de pinça atraumática. Possui estrias
transversais na parte interna das pontas (face
preensora). Pontas lisas. Usada para preensão de
tecidos delicados, vasos, paredes de vasos, etc.

Pinça de dissecção do tipo dente de rato: Chamada de


pinça traumática. Possui dente em sua ponta. Usada
para manipulação de tecidos mais resistentes (pele e Kelly: São muito utilizadas, possuem ponta fina e se
aponeurose). diferenciam pelo fato das ranhuras internas (estrias
transversais) preencherem apenas os dois terços
distais da parte funcional (na face de preensão). Não
possuem dentes.

Arrumação na mesa: “uma dentro da outra” – dente de


rato e depois anatômica.

Pode-se também arrumar uma pinça do lado da outra,


colocando primeiramente as dente de rato
(traumáticas) por ordem de tamanho (menor para
maior) e posteriormente as anatômicas (atraumáticas)
por ordem de tamanho (menor para maior).

As pontas das pinças apontam para o instrumentador.

Solicitação: na anatômica -> dedos polegar e indicador


repetem movimentos de aproximação e separação.
Demais dedos ficam semifletidos.
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Crile: São parecidas com a Kelly, porém as ranhuras SUPRAPÚBICA: possui em uma das suas extremidades
ocupam toda a parte funcional. Além de que é uma uma curvatura em C e a outra um cabo, utilizada
pinça longa. principalmente em cirurgias gineco-obstétricas.

DOYEN: usado em cavidade abdominal, possui um cabo


de empunhadura e uma superfície maior de
afastamento.
Kocher: Apresenta estrias transversais em toda sua
face preensora e dentes na ponta. São pinças longas
usadas aos pares, para pinçamento do estômago e alças
intestinais e apresentando as bordas para sutura. Usada
mais como instrumento de preensão.

LANGENBECK: tem o cabo mais longo que a


extremidade do afastamento, sendo capaz de atingir
planos mais profundos que o Farabeuf.

Solicitação pinça hemostática: cruza-se o 2º e 3º


quirodáctilo da mão direita em supinação. A entrega é
feita com a curvatura voltada para a região palmar.

AFASTADORES – 4º QUADRANTE VOLKMANN: afastador com dedos/garra com 2 a 6


pequenos dentes/ramos com pontas rombas ou
Conferem ao cirurgião uma melhor visão do campo pontiagudas. Usado para separar fibras musculares.
operatório, expondo-o, afastando as bordas de incisão e
estruturas vizinhas. Divididos em:
Afastadores dinâmicos ou manuais: são aqueles que
exigem um manuseio (tração) contínuo. Permitem
mudança de posição a todo o momento.
HARRINGTON ou coração: uma das extremidades tem
FARABEUF: mais usado, em geral em par, possui formato de coração, usado em cirurgias cardíacas.
lâminas na extremidade em forma de C e difere no
tamanho, largura e curvatura das lâminas.
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DEAVER: tem duas extremidades em formato curvado


FINOCHIETTO: usado em cirurgia de tórax
porém uma menos que a outra, normalmente a
curvatura maior utilizada de modo exclusivo para
cavidades abdominais.

AFASTADORES ESTÁTICOS:
BALFOUR: junção da suprapúbica com Gosset.

Arrumação na mesa: os afastadores devem ser


Afastadores auto-estáticos: são aqueles compostos de
posicionados de maneira que sua parte funcional fique
peças acopladas, que uma vez colocados e abertos
voltada para o instrumentador. O Farabeuf pode ser
permanecem na mesma posição.
posto um dentro do outro, ocupando assim menos
GOSSET: utilizado na cavidade abdominal; espaço na mesa.

ESPECIAIS – 5º QUADRANTE
Cirurgia gastrintestinal:

Kocher: apresenta estrias transversais em toda sua


face preensora e dentes na ponta. Pinça intestinal usada
em estômago e alçasintestinais para hemostasia,
apresentação de bordas e evitar saída de conteúdo
intestinal.

WEITLANER: usado em cirurgias de tireóide, perianais,


hernioplastias, pequenos procedimentos.
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Collin Coração: pinça de preensão atraumática para Backhaus: Pinça de campo usada para prender os
tecidos ou vísceras ocas ou da língua pelo campos à pele, os campos entre si ou fixar objetos nos
anestesiologista. Superfície com ranhaduras e ponta campos.
com aspecto arredondado.

Duval: extremidade triangular com serrilhas – segurar e


suspender lobos pulmonares e vísceras ocas.

Foerster: A longa e reta é utilizada para preensão de


gaze para antissepsia (denominada “pincel” ou
“fraldinha” quando estiver com a gaze montada) em
todos os procedimentos cirúrgicos. A curva é utilizada
na preensão, tração e apresentação do infundíbulo da
vesícula, sendo muito utilizada, portanto, em
colecistectomia.

Clamps intestinais: são mais longas, usadas aos pares


para pinçamento de alças intestinais e estômago, além
de hemostasia e apresentação para síntese.

Allis: Pinça pouco traumática com maior poder de


preensão por denteamento fino na superfície de contato.
Pouco usada para antissepsia com gaze montada,
normalmente se usa, Pean ou Foerster. Mixter: pinça reta com pontas anguladas e serrilhadas –
preensão. Uso em pedículos como hepático, pulmonar e
renal.

Quando montada com gaze, seu uso se torna mais


frequente para hemostasia.
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Cirurgia torácica e cardiovascular: Porta-agulhas: possui na sua ponta um sulco, que o


diferencia das pinças de Hemostasia, e estrias
• Clamps vasculares para hemostasia Temporária transversais. Pode ser de modelos principais:

Cirurgia ginecológico-obstétrica: A. Porta-agulhas de Hegar: possui duas argolas


na extremidade das hastes o que permite que
Cureta: Instrumento utilizado em curetagem útero-
suaempunhadura seja igual à de uma pinça
vaginal e em cirurgias ortopédicas
hemostática (polegar em uma argola anular em
outra argola, indicador estabilizando). É o
porta-agulha que possuímos na monitoria.

Espéculo vaginal: duas lâminas com um sulco para


abertura do canal vaginal.

B. Porta-agulhas de Mathieu: possui hastes livres, sem


argolas. Ideal para suturas na superfície. Geralmente
Fórceps: tem ramos articulados, com aros grandes nas
utilizado por cirurgiões-dentista.
pontas para aplicação na cabeça do feto durante o parto
complicado.

6º QUADRANTE

Síntese: Porta-agullhas, fios, e agulhas

A síntese é a etapa final do ato cirúrgico,

na qual ocorre a união das bordas com a finalidade de


recompor os tecidos.
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BTCA – Manejo de Via Aerea Dificil


• Usar a cânula de guedel/orofaríngea para
INTRODUÇÃO:
viabilizar a VA e depois ventilar;
É a prevenção da hipoxemia que depende da VA • Cartilagem cricóide é o ponto mais estreito;
desobstruída e protegida e da ventilação adequada. • Laringe é anteriorizada;
• Em adultos o acesso pode ser feito por meio da
Uma VA definitiva é quando temos um tubo colocado na via nasal utilizando uma cânula nasotraqueal
traqueia com o balonete insuflado abaixo das cordas
vocais, conectado a uma fonte de oxigênio, sob
ventilação assistida e com tubo fixado.

• Se a compressão extrínseca e a obstrução da


VA tornarem a intubação endotraqueal
impossível, torna-se obrigatória a abordagem
cirúrgica da VA.

Trauma de laringe -> Rouquidão, enfisema subcutâneo e


fratura palpável -> Intubação guiada por fibroscópio
flexível como procedimento de emergência -> insucesso
na tentativa -> traqueostomia de
emergência/cricotireoidostomia

ABORDAGEM DO PACIENTE CIRÚRGICO

1. Identificação do anestesiologista;
2. Identificação do paciente;
3. Dados antropométricos (peso, altura, circunf);
4. Antecedentes pessoais e familiares;
LARINGOSCÓPIOS
5. Exame físico, incluindo avaliação da VA;
6. Diagnóstico cirúrgico e doenças associadas; • Mackintosh: lâmina curva – encaixa na valécula
7. Tratamento (fármacos atuais ou recentes); epiglótica, usada em obeso e pescoço longo
8. Jejum pré-operatório; • Miller: lamina reta – mais usada em crianças e
9. Resultados dos exames complementares; passa por cima da epiglote
10. Estado físico;
A partir de duas tentativas sem sucesso por um
11. Prescrição pré-anestésica;
especialista já considera-se uma via aérea difícil. A
12. Consentimento informado específico p/
lâmina com ponta articulada é para o uso de pacientes
anestesia;
com intubação traqueal difícil, em que o grau de
dificuldade é maior.
DIFERENÇAS ANATÔMICAS ENTRE A VA DO
ADULTO – CRIANÇA

As dificuldades nas crianças são:

• Epiglote mais elevada (altura de C3) e em forma


de V;
• Cabeça grande;
• Língua volumosa;
• Estreitamento subglótico;
• Cordas vocais oblíquas e adenoides
hipertrofiadas;
• Assemelham-se as do adulto perto dos 3 anos
de idade;
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INDICAÇÕES PARA INTUBAÇÃO ENDOTRAQUEAL: • relação maxila/mandíbula no fechamento


forçado (não consegue transpor os incisivos
1. Prevenir aspirações de conteúdo gástrico; inferiores sobre os incisivos superiores);
2. Necessidade de aspiração frequente; • úvula (não visível – Mallampati > II);
3. Facilitar a ventilação com pressão positiva nos • formato do palato (ogival – alto – e estreito).
pulmões;
AVALIAÇÃO DAS VIAS AÉREAS:
4. Paciente em posição não supinada;
5. Cirurgia próxima da via aérea ou na própria via Anamnese: pesquisa de sinais e sintomas sugestivos de
aérea; anormalidades (rouquidão, apneia do sono), bem como
6. Difícil manutenção da vida com a máscara; informações relativas a cirurgias previas (dificuldades),
7. Fornecer uma via aérea patente; trauma das vias aéreas, doenças endócrinas (como
doença de glândulas salivares, aumento da tireoide...),
CAUSAS MAIS COMUNS DE PCR INTRAOPERATÓRIAS histórico de radioterapia (pois os tecidos tornam-se
ATRIBUIDAS À ANESTESIA: endurecidos e dificultam o procedimento) e
experiências anestésicas anteriores;
1. Sobre dose de droga ou erro na escolha;
2. Arritmia grave; Exame Físico: avaliar
3. IAM;
4. Manuseio inadequado da via aérea • micrognatismo (queixo pequeno);
• fenda paliativo ou palato longo e arqueado;
ESTADOS PATOLÓGICOS QUE FAVORECE UMA • dentes protusos, frouxos ou próteses;
VIA AÉREA DIFÍCIL • abertura da boca;
• mobilidade da coluna cervical;
Abscessos, pois a laringoscopia piora a obstrução. • nariz se há desvio de septo e ventilação
adequada;
Crupe, bronquite ou pneumonia, por causa de laringo e
broncoespasmos. CLASSIFICAÇÃO DE MALLAPATI:

Tétano, pois o trismo torna impossível uma intubação O índice estratifica a dificuldade de intubação
orotraqueal, esta classificação está relacionada com a
orotraqueal.
desproporção entre a língua e a cavidade oral e divide-
Corpo estranho traumático, por causar obstrução das se em 4 classes:
vias aéreas.
0: epiglote visível com a abertura de boca e protrusão da
Lesão de maxila ou mandíbula, tanto a ventilação com língua.
máscara quando a intubação é difícil.
I: visualiza-se toda a parede posterior da orofaringe,
Radioterapia, por causa da fibrose que distorce a via incluindo o polo inferior das tonsilas palatinas, palato
aérea. mole, fauce, úvula e pilares amigdalianos visíveis;

Síndrome da ATM, pois impede que o paciente abra a II: visualiza-se parte da parede posterior da orofaringe,
boca. palato mole, fauce e úvula visíveis;

Angioedema, edema obstrutivo das vias aéreas. *III: visualiza-se a inserção da úvula e o palato mole. Não
se vê mais a par de posterior da orofaringe.
Acromegalia, língua e ossos grandes.
*IV: visualiza-se apenas parte do palato mole
Artrite reumatoide inflamatória, quando afeta a (parcialmente visível) e o palato duro.
articulação cricotireoideana deixa a cervical imóvel e
promove uma rotação laríngea. *III e IV não ventila com máscara.

ABORDAGEM DA VAD

PREDITORES PARA UMA VAD:

• tamanho dos incisivos (longos);


• distância interincisivos (menor que 3cm);
• relação maxila/mandíbula durante o
fechamento normal da boca (proeminentes);
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AVALIANDO A DISTÂNCIA ESTERNOMENTONIANA:

Pescoço: devem ser avaliadas duas distâncias:

• distância tireomentoniana (da cartilagem


tireóidea ao mento) deve ser no mínimo de 3-4
dedos ou ≥ 6 cm – quanto menor, maior a
probabilidade de a laringe ser anteriorizada;

• distância esternomentoniana (do mento até a


fúrcula esternal) deve ser > que 12,5 cm.

Quando a distância esternomentoniana for menor que


12,5 cm, ou no seu limite, geralmente estará associada a
um índice de Mallampati III e IV.

AVALIANDO TAMANHO DOS INCISIVOS:

LARINGOSCOPIA DIRETA CONVENCIONAL DIFICIL:

AVALIANDO DISTÂNCIA TIREOMENTONIANA: Coloca-se um colchin de 12cm no pescoço para ajudar na


intubação.

Articulação atlanto-occipital deve estar totalmente


estendida. (> 6,5cm)

É a soma de três eixos: orofaríngeo, orolaríngeo e


laringeotraqueal. O ponto em comum desses eixos é
onde o tubo deve passar.

As tentativas devem se limitar a 2, mais que isso já pode


trazer danos ao paciente.
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CLASSIFICAÇÃO DE CORMACK: hipofaringe com o auxilio de uma lanterna. (pode ser


estimada com o paciente em DD, fazendo as mesmas
I: epiglote e cordas vocais bem visíveis. coisas)

II: somente a parte posterior da glote é bem visualizada. O -> Obstrução: qualquer condição que leve à obstrução
tornará a laringoscopia e a ventilação difíceis. Ex:
III: somente epiglote visível.
epiglotite, abcesso peritonsilar e trauma
IV: visualização parcial ou nula da epiglote.
N -> Neck Mobility (Mobilidade cervical – no peito
encoste o queixo). Pede-se para flexionar o queixo no
peito e em sequida estender como se fosse olhar para o
teto. Doentes com colar cervical não podem movimentar
o pescoço, logo são mais difíceis de intubar.

CRITERIOS PARA UMA BOA LARINGOSCOPIA

• Anestesiologista experiente
• Ausência de hipertonia muscular
• Posição olfativa otimizada – alinhar o lobo da
orelha ao esterno.
Em pacientes Mallampati III ou IV já é esperado um
• Compressão laríngea externa
Cormack III ou IV também. Grau III e IV significa que a
• Material adequado
laringe é anteriorizada.
A ponta da lâmina deve ser inserida na valécula
MÉTODO MNEUMÔNICO LEMON: epiglótica, tracionar o laringoscópio para cima e para
trás, realizando assim a elevação da epiglote e expondo
COMO IDENTIFICAR UMA VAD:
as cordas vocais.

NÃO FAZER movimento de alavanca no laringoscópio


para não causar traumas dentários.

AFECÇÕES ASSOCIADAS A INTUBAÇÕES


DIFÍCEIS:

• Tumores
• Extensão cervical inadequada – deve ser >
6,5cm.
• Variações anatômicas
• Infecções
• Traumas
• Anomalias congênitas

Em todos esses casos deve-se fazer uma intervenção


L -> Localize externamente: características que levem a cirúrgica como, traqueostomia, cricostomia ou
dificuldades de intubação ou ventilação ventilação a jato.

E -> Examine as distâncias com a regra do 3-3-2: CRITERIOS QUE DIFICULTAM A


VENTILAÇÃO POR MÁSCARA
• A distância entre os dois dentes incisivos deve
ser de pelo menos 3 dedos; A proposta da abordagem da via aérea, é ventilar o
paciente para que ocorra a oxigenação.
• A distância entre o osso hioide e o mento deve
ser de pelo menos 3 dedos; A ventilação difícil é a situação na qual um profissional
• A distância entre a proeminência tireóidea e o não consegue manter a oximetria de pulso/ saturação
assoalho da boca deve ser de pelo menos 2 de O₂ (SpO₂) > 90% usando O₂ a 100%, em pacientes cujo
dedos
SpO₂ era normal antes da indução anestésica ou
M -> Mallampati: Solicita-se, quando possível, que o impossibilidade de evitar o surgimento ou reverter
doente se sente, abra totalmente a boca e realize a sinais como:
protrusão máxima da língua, para visualização da
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- Cianose; ALGORITMOS PARA ACESSO DA VAD:

- Ausência de CO₂ exalado (ou seja, nada da ventilação Avaliar a probabilidade e o impacto dos problemas
está atingindo as vias aéreas inferiores e sabemos que básicos de manuseio que podem vir a ocorrer.
se usa a capnografia
• Ventilação difícil
– Monitorização de CO₂ exalado – para determinar a • Intubação difícil
ventilação do paciente); • Dificuldade de colaboração do paciente ou não
consentimento
- Ausência da expansibilidade torácica; • Dificuldade na traqueostomia

- Distensão gástrica durante ventilação com pressão + *Administrar oxigênio suplementar durante todo o
(há uma obstrução para a ventilação pulmonar de forma procedimento.
que ao invés do ar ir para o pulmão, ele vai para o
DICA: a cada realização de procedimento, prender a
esôfago, causando a distensão do estômago).
respiração enquanto não ventila o paciente, pois se você
Situações que encontrou maior dificuldade para sentir necessidade de respirar, significa que o paciente
realização da ventilação sob máscara: também está precisando, ou seja, hora de ventilar.

- Pacientes obesos, IMC ≥ 30 Kg/m²; PRÓS E CONTRAS:

- Presença de barba (único fator modificável, pois a 1. Paciente acordado X indução anestésica
barba forma um coxim entre a pele e a máscara facial, 2. Técnica não invasiva para acesso inicial X
dessa forma, o ar escapa nesse espaço); técnica invasiva para acesso inicial
3. Preservar ventilação espontânea X abolir
- Mallampati III e IV; ventilação espontânea

Desenvolver uma estratégia na VAD:


- Idade ≥ 57 anos;
Paciente acordado – realizar procedimento não
- Protrusão de mandíbula gravemente limitada
invasivo, se não conseguir, cancelar o procedimento e
(atrapalha a movimentação do espaço submandibular);
pensar em outras opções. NÃO realizar procedimento
invasivo.

Paciente após indução anestésica – se conseguiu, ótimo!

Não conseguiu intubar após indução anestésica - pedir


ajuda, retornar à ventilação espontânea e ACORDAR o
paciente. Com o paciente acordado, ventilar com
máscara facial, se ok, VAD fora de emergência
(ventilação adequada, mas intubação sem sucesso,
recorre à um acesso alternativo)

Ventilação com máscara facial inadequada - tenta-se a


máscara laríngea, se der certo VAD fora de emergência.

Máscara laringea sem sucesso ou inexequível – VAD


- História de ronco. COM EMERGÊNCIA (pedir ajuda), se der certo, ventilação
com sucesso.
- Falta de dentes
Ventilação impossível – acesso invasivo de emergência
Dois ou mais desses fatores predizem uma ventilação da VAD.
por máscara facial difícil.
Sem necessidade de emergência – se ventilação com
Impossibilidade de ventilação por máscara → apnéia do máscara facial ou mascara laríngea estiver ok.
sono, radioterapia de pescoço, mallampati III ou IV e
GUIDELINE DE VAD
presença de barba.
Avaliar probabilidade e o impacto clínico dos seguintes
OBS: APNÉIA DO SONO – Como saber? Pelo questionário
problemas:
STOP (2 ou mais respostas positivas) ou STOP-BANG (3
ou mais respostas positivas) indicam alto risco de se ter • Dificuldade de cooperação ou consentimento do
apnéia do sono. paciente
6

• Dificuldade de ventilação com máscara e com Realizar anestesia de nervos regionais: laríngeo
dispositivos supraglóticos (máscaras recorrente e glossofaríngeo.
laringeas)
• Dificuldade de laringoscopia Anestesia translaríngea.
• Dificuldade de intubação
Realizar brioncoscopia.
• Dificuldade de acesso cirúrgico à via aérea
COMPLICAÇÕES NA INTUBAÇÃO:
Administrar ativamente oxigênio suplementar durante
todo o manuseio da via Laringoespasmo, crupe e estridor.
• Desenvolver estratégias primárias e
Para evitar as complicações fazer oxigênio com pressão
alternativas.
positiva, administrar succinilcolina, adrenalina em
DISPOSITIVOS SUPRAGLÓTICOS: aerossol e realizar digito pressão retroauricular.

São úteis em indivíduos nas quais a tentativa de Como saber se o tubo endotraqueal está corretamente
intubação não foi bem sucedida ou nos que se sabe que posicionado?
dificilmente a intubação será um sucesso. Podemos
usar máscaras laríngeas e combitube. • Ausculta pulmonar (sugere que está no local
ideal, mas não confirma)
• Capnógrafo (detector de dióxido de carbono): A
presença de CO2 no ar expirado indica que a
intubação foi bem-sucedida, mas não garante
que o tubo endotraqueal está em posição
correta
• Modo mais adequado para confirmação:
radiografia de tórax

BOUGIE – ajuda como guia para a intubação VA CIRURGICA:


endotraqueal, ajuda principalmente quando as cordas Quando a VA estiver obstruída por edema de glote,
vocais não são visualizadas. fratura de laringe, hemorragia orofaríngea grave ou
quando o tubo endotraqueal não puder ser posicionado
Com o laringoscópio posicionado, o bougie é introduzido
entre as cordas vocais, deve-se proceder a abordagem
às cegas além da epiglote, com a ponta angulada
cirúrgica
posicionada anteriormente. A posição traqueal é
confirmada com a sensação de “cliques” durante o atrito Pode ser realizado uma Cricotireoidostomia ou
com os anéis cartilaginosos da traqueia Traqueostomia. A cricotireoideostomia é preferível pois
é mais fácil de ser realizada, apresenta menor
hemorragia associada e requer menos tempo para
execução.

VA EM PACIENTE ACORDADO:

Preparo anestésico: vasoconstrictor de mucosa nasal,


antissialagogo (atropina ou glicopirrolato) e sedação.

Ansiólise (tranquilidade induzido por medicamentos)

Manutenção do padrão ventilatório espontâneo

Certo grau de analgesia e amnésia

Paciente precisa estar tranquilo, cooperativo e


orientado (pelo menos responsivo ao comando verbal)

Drogas: propofol, remifentanil, dexmedetomidina ou


midazolan.
1

BTCA – Ferimentos e Cicatrizacao


No cortocontudente a profundidade predomina sobre o
INTRODUÇÃO:
comprimento e apresenta bordas irregulares.
Ferimentos são lesões de partes moles ocasionadas por
• Perfurantes
trauma originado de energias de tipos variados –
mecânica, física ou química, por exemplo - resultando Ao invés de utilizar um fio, utiliza uma ponta. Como uma
em dano tecidual e perda de solução de continuidade. agulha ou ponta de faca, alfinete, prego, tesouras. Pode
Lesão que prejudique a integridade da pele e de seus ser dividido em superficial (limitado ao plano pré
tecidos adjacentes. aponeurótico) e profundas (atravessa a aponeurose).

CLASSIFICAÇÃO: Enquadra-se nesse tipo de ferida, quando atravessa a


cavidade natural do organismo (feridas cavitárias).
Sobre a morfologia e mecanismo, temos:
• Perfurocortantes
• Incisos ou Cortantes
A faca tem uma ponta e um fio, ao inserir no abdome de
Perda da continuidade da pele, em que geralmente é
uma pessoa, vai perfurar e cortar ao mesmo tempo.
preciso o uso de uma lâmina, um fio cortante, uma faca
ou espada. • Perfurocontundentes
• Contusos Dissipação de alta energia (perfura e explode), como
num tiro de fuzil. Caracteriza-se por uma ferida circular,
Um soco, que vai formar um hematoma ou destruir
que pode produzir dois orifícios: (1) orifício de entrada e
tecidos abaixo da pele, mas sem perder solução de
zona de tatuagem (2) orifício de saída.
continuidade.
• Lacerocontundentes
• Cortocontundentes
Cuja energia é tão intensa ao ponto de ocasionar avulsão
Mistura de inciso com contuso, pois nele além de cortar,
de parte do corpo. Como exemplo, num carro a 200km/h
há uma contusão, como em exemplo machado, facão,
que vai bater numa perna de um pedestre na BR.
foice.
Provável que vá arrancar a perna gerando laceração e
Não precisa ter uma lâmina exatamente para causar contusão.
esse ferimento, as próprias arestas da superfície óssea
• Escoriações
do nosso corpo podem servir como lâmina gerando
perda de solução de continuidade. Como um soco no Perde somente uma parte da camada da epiderme, não
supercílio. perde a continuidade por completo.

• Lacerações

Perde parte com função, com perda de substância

• Equimoses

Ferimentos com ruptura de vasos sanguíneos e


extravasamento de sangue, em que o sangue se dissipa
entre os tecidos, tem uma coloração arroxeada.

• Hematomas

Acúmulo de sangue do TCS nesse espaço, forma uma


coleção. Como exemplo, um hematoma subgaleal. São
Nessa foto, temos um cortocontuso, hematoma bolsas de sangue estagnadas. Os hematomas infra e
periorbitário à esqueda e equimose a direita.
2

supra-orbitários caracterizam-se pelo sinal de Hemostasia — toda vez que corta, sangra. No momento
Guaxinim, sugerido fratura de base do crânio do corte, há liberação de epinefrina, TXA2 e PGE2 local,
com vasoconstricção. A exposição do colágeno propicia,
• Bossas Sangúineas então, a agregação plaquetária, e essas plaquetas que
chegaram soltam vários grânulos e corpos densos.
É o acumulo de sangue em um espaço pré existente.
É ESSA COAGULAÇÃO IMEDIATAQUE CAUSA A
TIPOS DE CICATRIZAÇÃO
HEMOSTASIA QUE CESSA EM 10-15MIN APÓS A LESÃO.
PRIMÁRIA OU PRIMEIRA INTENÇÃO: ferida cirúrgica,
Essa é a parte mais importante para iniciar a
menos contaminada.
coagulação, pois esses grânulos que vão conter
Contra-indicações = tempo maior que 6h, albumina, fibrinogênio, fatores de crescimento, fatores
suprimento sanguíneo inadequado (quando não de coagulação.
chegam as células de defesa, por problemas de
Os corpos densos liberam ADP, ATP e Ca+ (Agrega
circulação), perda de substância, feridas muito
mais), e as células endoteliais liberam prostaciclinas
contaminadas (terra, pus, deve fazer
(inibem agregação). O fibrinogênio liberado se
desbridamento antes), feridas por mordedura
converterá em fibrina para repor a matriz lesada.
de cão, gato ou humanas (apenas alguns pontos
em lacerações muito abertas, mas não é uma Fatores de crescimento: primeiramente atraem
sutura mesmo) — Nesses casos, a conduta é neutrófilos e monócitos para fagocitar as células
manter … estranhas no local. Na segunda etapa, estimula
proliferação e ativação de fibroblastos, estimulando a
SECUNDÁRIA OU SEGUNDA INTENÇÃO: quando se deixa
epitelização e a formação do tecido de granulação
a ferida aberta e ela se fecha a partir de sua força
contrátil pelas pontes de colágeno. Ativação da cascata de coagulação: a partir da trombina,
vai culminar formação de fibrina (pacientes com
TERCIÁRIA OU TERCEIRA INTENÇÃO: fazer a sutura em
vonWillebrand não conseguem firmar esse estágio, com
um terceiro momento, após melhorar a infecção e
cicatrização muito mais lenta).
realizar o desbridamento — uma ferida contaminada
que começa a cicatrizar por segunda intenção e depois A fibrina aglomerada forma a fibronectina, que funciona
você intervém por primeira intenção. como uma matriz provisória. O aumento da
permeabilidade vascular (cininas) vai causar edema, e a
É quando após o tecido já com granulação, o cirurgião
matriz provisória evita a perda de líquidos.
intervém e fecha as bordas da ferida ou aplica um
enxerto. Inflamação — calor, dor, rubor e edema — começa no
momento da lesão, havendo lesão do endotélio e
FASES DA CICATRIZAÇÃO:
exposição do colágeno subendotelial, lesão de vasos,
Processo presente em todas as feridas, seja qual for, degranulação de plaquetas.
devendo ocorrer perfeita e coordenada cascata de
Uma das funções primárias da inflamação é
eventos celulares, moleculares e bioquímicos, quais
levar células inflamatórias à área lesada. Essas
sejam (1) inflamação, (2) proliferação celular, (3)
células destroem as bactérias e eliminam os
formação de tecido de granulação, (4) contração e (5)
resíduos de células mortas e matriz lesada,
remodelação da ferida.
permitindo que o processo de reparo continue.
FASE INFLAMATÓRIA:
O início se dá ela secreção das cininas e dos mediadores
(0 – 5 DIAS): se inicia no momento da lesão e é inflamatórios. Depois, as células vão começando a
constituída por cincos importantes eventos: chegar, sendo que as primeiras são os neutrófilos.
Selectina e integrina são receptores na membrana e no
1. Vascoconstricção; endotélio para a adesão dos neutrófilos, que vão liberar
2. Acúmulo ou agregação de plaquetas; radicais livres, importantes para desbridamento e
3. Depósito de fibrina e coagulação; fagocitose de partículas estranhas.
4. Migração de leucócitos;
5. Ativação celular; Os neutrófilos permanecem até infecção ou material
desvitalizado (a necrose estaciona nessa fase, por isso
não cicatriza sem desbridar).
3

Após 48h, chegam os macrófagos, que vão fazer as Entretanto, ocorre problema, caso haja alto lactato, pH
mesmas coisas do neutrófilo, mas também vão ativar ácido e hipóxia (baixa perfusão ouinfecção). A migração
linfócitos, fatores de crescimento e NO (antimicrobiano). de fibroblastos vai ocorrendo e são ativados pelo fator
Alcançam o pico no terceiro dia pós trauma, apresentam de ativação.
meia-vida muito maior que os neutrófilos e persistem
até que a cicatrização se complete. - Formação do tecido de granulação — […] a ferida fica
rosa pela neoangiogênese
Linfócitos, eosinófilos e basófilos também aparecem,
liberando TNF-∂. Macrófagos e linfócitos exercem - Fibroplasia — produção do colágeno, que sustenta
funções importantes, porém neutrófilos não são nossa pele, precisando ser reposto. A maioria é do tipo I
essenciais, desde que não haja contaminação e só 10-20% do tipo III, sendo que o I tem cadeias ligadas
bacteriana, pois, seu papel na fagocitose e na defesa de modo estável, formadas pela hidroxilação da prolina
antimicrobiana pode ser desempenhado pelos e lisina, a qual precisa de co-fatores (Fe, Vit C, O2 e Vit
macrófagos. B6), sem os quais a cicatriz vai ser fraca, frágil.
Entretanto, o colágeno ainda está solto.
Logo após, ambos iniciam o desbridamento celular da
ferida, por fagocitose e material estranho. Os linfócitos FASE DE MATURAÇÃO OU REMODELAÇÃO:
começam seu pico em torno do 5º dia, com o linfócito T
(7 DIAS – 1 ANO): começa a predominar como atividade
com papel crucial.
primária de cicatrização da ferida aproximadamente 21
FASE PROLIFERATIVA: dias após a lesão. Normalmente, ocorre equilíbrio entre
a taxa de síntese e degradação do colágeno. A regulação
(4d- 14DIAS): na ausência de infecção significativa ou da síntese de colágeno e regulada pelo interferon-y, TNF
contaminação, a fase inflamatória é curta. Essa fase é alfa e pela própria matriz de colágeno.
caracterizada pelos eventos:
Ocorre nessa fase a formação do tecido cicatricial,
1. Reepitelização; remodelamento da ferida e a maturação do colágeno.
2. Migração de fibroblastos;
3. Formação de tecido de granulação; REMODELAMENTO DA FERIDA: ocorrem os seguintes
4. Angiogênese (neovascularização); mecanismos: equilíbrio síntese-degradação do
5. Síntese proteica (colágeno); colágeno, redução da vascularização, reabsorção de
6. Contração da ferida glicoproteínas, albumina, globulinas, degradação dos
proteoglicanos, reabsorção da água e eletrólitos,
Essa fase é caracterizada pela restauração da barreira redução da infiltração de células inflamatórias.
contra perda de fluidos e infecções por meio da
proliferação de fibroblastos, processo de fibroplasia. A remodelagem secundária ocorre nos tendões, que
Ocorre ainda o fenômeno de epitelização e da formação exigem um processo de remodelagem diferente da pele:
do tecido de granulação. a deposição de colágeno se dá de forma paralela às
fibras musculares.
Neoepitelização — se a membrana basal está intacta, a
reepitelização da epiderme ocorre direto em 3 dias. MATURAÇÃO DO COLÁGENO: o colágeno tipo III é
Senão, teremos de repor o colágeno, então a matriz sintetizado até o dia 21º após a lesão, enquanto que a
provisória passa a ser substituída pelo colágeno, com resistência à tensão da ferida operatória continua a se
restauração da continuidade do tecido lesado, desenvolver mesmo depois de encerrada a síntese de
diminuindo sangramento e impedindo entrada de colágeno.
antígenos.
Só cerca de muito tempo depois, tipo uns 20 anos, a
A lesão da membrana basal implica em migração ferida começa a perder a resistência a tensão. Fatores
desorganizada a partir das bordas ou ilhas para formar que contribui para o aumento da resistência a ferida:
novo epitélio, até que uma célula encosta na outra.
• Oxigenação das feridas;
Neoangiogênese — importante para a nutrição do local • Vitamina c;
que vai cicatrizar, começando a se desenvolver a partir • Proteinemia;
de brotos, ativadas pelos fatores de crescimento e pelo • Oligoelementos (ferro, zinco...)
TNF-∂.
PROCESSO DE CONTRAÇÃO: processo final de
remodelagem pela mobilização dos tecidos vizinhos,
4

diminuindo o tamanho do defeito pelo movimento


centrípeto de células à margem da lesão. Ocorre
participação ativa dos miofibroblastos. O processo de
contração é bastante importante na cicatrização por
segunda intensão. Devemos diferenciar contração de
contratura.

A contratura é um tipo de contração maléfica, que ocorre


no processo de queimaduras, ela promove um defeito
estético e funcional relativamente grande.

CICATRIZ: podemos concluir que o nível de cicatrização


vai depender do grau de ativação do processo
inflamatório. Além disso, o colágeno do feto é do tipo III e
IV.

FATORES CLÍNICOS QUE INTERFEREM NA


CICATRIZAÇÃO:

• Infecção, pois prolonga a fase inflamatória;


• Nutrição, especialmente em pacientes idosos
(deficiência de vitamina C e A, ferro, cobre e
zinco);
• Perfusão tecidual;
• Diabetes mellitus e obesidade;
• Glicocorticóides;
• Drogas citotóxicas;
• Quimioterapia e radioterapia;
• Idade avançada
1

BTCA – Resposta Endocrino Metabolica e


Imunologica ao Trauma (remit)
Bom, se após o consumo de glicogênio não há mais
INTRODUÇÃO:
glicose, como gerar “nova glicose”?
Trauma: é uma situação em que há quebra da
É nesse momento que entra em cena a gliconeogênese
homeostase corpórea, não precisando
(ou neoglicogênese), um processo metabólico hepático
necessariamente ser através de uma agressão física.
que tem como princípio a produção de glicose a partir de
Ex.: O jejum é uma forma de estresse para o corpo, no substratos não glicídicos
entanto, é um estresse controlado.
Gliconeogênese: Ocorre a nível hepático. Principais
O organismo agredido responde com a liberação de substratos: Músculo esquelético e gorduras. Quando há
glicose na corrente sanguínea, na tentativa de proteger a quebra do músculo ocorrerá a proteólise muscular,
o seu metabolismo energético (pico rápido de glicose -> liberação de aminoácidos na corrente sanguínea, e
seguido de baixa da mesma). síntese hepática de glicose a partir destes aminoácidos.

Tecidos no pós operatório que necessitam A mesma coisa ocorre com os lipídios (ácidos graxos +
continuamente de glicose: cérebro e células da ferida glicerol), em que o glicerol serve como substrato para a
operatória – praticamente só utilizam glicose como síntese hepática de glicose.
substrato energético.

As proteínas e os lipídeos são reservas que ficam gliconeogênese


glicogenólise com proteólise REMIT
“guardadas” e em detrimento usa-se a gordura e o e lipólise
carboidrato como fontes de energia principais.

No jejum há um consumo de carboidrato mais rápido, e


se não houver reposição alimentar irá ocorrer o Em todas as situações cirúrgicas ou de trauma existe
consumo de massa magra, pois o corpo só quer obter REMIT, mas a sua quantidade vai depender do grau da
glicose ferida.

FASE CATABÓLICA/ADRENÉRGICA O REMIT de feridas que não cicatrizam bem,


CORTICOIDE normalmente é maior, pois estará tendo consumo de
reserva muscular, e isso não é bom para cicatrização.
DURA DE 6 A 8 DIAS.
O REMIT é um ambiente catabólico, de consumo! Para
COMO PRODUZIR GLICOSE? que o REMIT ocorra bem deve haver um balanço
hormonal.
Quebra do glicogênio hepático -> Glicogenólise. Forma
mais rápida, porem dispõe de menos energia. Os principais hormônios envolvidos são: cortisol,
catecolaminas, glucagon, insulina, GH e ADH. Eles
Síntese de glicose a partir de substratos não glicídicos
estarão sempre aumentados, com excesso da insulina,
(proteínas e gorduras) -> Gliconeogênese. Forma mais
que é anabólica.
lenta, mas que produz maior quantidade de energia.
FISIOLOGIA
Glicogenólise: Acontece a nível hepático; é o 1º
mecanismo que o corpo usa para a síntese de glicose: os Quando há a lesão, impulsos partem dela e chegam a
estoques de glicogênio acabam rápido (duram em média nível do hipotálamo, que vai liberar o fator liberador de
12h). corticotrofina (CRF), que por sua vez age na hipófise, que
vai liberar ACTH, que vai atuar no córtex suprarrenal e
Quando o estoque acaba, é um sinal imediato para início
por sua vez irá liberar cortisol na ferida.
de estímulos para obtenção de glicose por outras vias.
2

• Quanto maior a lesão mais impulsos, mais ADH – HORMONIO ANTIDIURÉTICO


cortisol e maior a REMIT
• Se tiver anestesia os impulsos serão menores e ✓ Pico de ação no primeiro dia do pós operatório
haverá menos cortisol e um menor REMIT ✓ Promove reabsorção de água
✓ Oligúria funcional do pós - operatório
CORTISOL ✓ é natural encontrarmos uma certa retenção
hídrica no pós operatório, justificando uma
✓ É importante pois induz mais a proteólise!
queda do débito urinário.
✓ Lipólise
✓ O indivíduo fica “inchado”, ou seja, a ferida, o
✓ Produz glicogênese
intestino, o pulmão, tudo fica com liquido. A luz
✓ Seus níveis permanecem elevados de 2 a 5
do intestino diminui e gera o íleo paralitico. Por
vezes por mais ou menos 24 hrs em cirurgias de
isso tem que andar, para o liquido circular e ser
grande porte não complicadas.
eliminado.
✓ Mantém volume intravascular
Seu pico está relacionado a estímulos oriundos da
✓ Dura em torna de 24-48 horas
ferida. Impulsos produzidos pela FO agem sobre o
hipotálamo que libera CRF (corticotrofina), que vai agir
ALDOSTERONA
na hipófise, fazendo com que livere ACTH, agindo por sua
vez no córtex das suprarrenais estimulando a produção ✓ Mineralocorticoide, sintetizado na zona
de cortisol. glomerulosa da suprarrenal
✓ O cortisol faz uma contra regulação
A liberação do hormônio é proporcional ao tamanho da ✓ Retem sódio, aumentando a osmolaridade do
ferida. Menos cortisol em uma laparoscopia do que em vaso, que puxa o liquido para dentro
uma laparotomia. ✓ Diminui potássio e H+: tendência a alcalose
metabólica.
Feridas de difícil cicatrização (diabético, ✓ Hiperventilação + estase gástrica. Ou seja, a
imunossuprimido, corpo estranho na ferida...) hiperventilação vai gerar mais retenção de CO2
produzem uma resposta hormonal maior (muito e gerará alcalose respiratória, tendo no caso
cortisol). uma alcalose mista. → isso não é sempre que
ocorre, vai depender do tamanho da incisão, do
CATECOLAMINAS conforto pós operatório. Mais comum quando
há incisões no tórax.
✓ Produzidas pelo SNC, SNP e pela medula das
suprarrenais
HORMÔNIO DO CRESCIMENTO GH
✓ Principal indutor de glicogenólise
✓ Elevado nas primeiras 48-72horas após • Hormônio catabólico porém exerce efeito
cirurgias eletivas não complicadas anabólico via ação do IGF 1 no fígado maior
✓ Promove lipólise responsável pelo anabolismo das proteínas.
✓ Ação independente da volemia ou da presença
• No trauma, os efeitos do IGF-1 são inibidos pelos
de hipotensão. Não é a volemia que faz ela agir,
altos níveis de Interleucina-1 (IL-1), de Fator de
mas sim o estresse, a lesão
Necrose Tumoral-Alfa (TNF-α) e de
✓ Não tem ação muito duradoura
Interleucina-6 (IL-6).
GLUCAGON
Mas afinal, qual é o efeito do GH na resposta ao trauma?
✓ A catecolamina age no pâncreas induzindo essa
liberação • Por incrível que pareça, o GH acaba
✓ Hormônio importante na gliconeogênese apresentando alguma função catabólica nas
hepática fases iniciais da resposta ao trauma. Este
✓ Age na lipólise e na proteólise peptídeo, em ação conjunta com as
✓ Possui ação mais seletiva que o cortisol catecolaminas, promove lipólise e proteólise
✓ É um hormônio catabólico
FASE CATABÓLICA (ADRENÉRGICA -
INSULINA CORTICOIDE)

✓ É um hormônio anabólico • As alterações promovidas pelas catecolaminas


✓ Seus níveis estão baixos e pelo cortisol são mais intensas.
✓ Antagônico ao glucagon • A detecção de mediadores pró-inflamatórios
✓ Reduz gliconeogênese (citocinas) é máxima. Chamo atenção aqui para
✓ Resposta anabólica
3

a IL-1 que causa elevação discreta da FASE ANABÓLICA OU DA RETIRADA DO


temperatura e TNF-alfa, indutor de anorexia. ESTÍMULO CORTICOIDE
• Níveis máximos de gliconeogênese e balanço
negativo de nitrogênio • Declínio na excreção de nitrogênio com o
• Lipólise e proteólise intensa balanço nitrogenado tendendo ao equilíbrio
• Alcalose mista – hiperventilação + ação • Restauração do balanço de potássio
aldosterona / hipercalemia (destruição tecidual • Presença de ação anabólica do IGF-1 (perda do
> aumento do K+) seguida de hipocalemia bloqueio)
• Dura 6 a 8 dias em cirurgias eletivas não • Diminuição dos níveis de ADH, início da diurese
complicadas da água retida
• Desejo de se alimentar (redução de TNF - alfa)
BALANÇO NITROGENADO NEGATIVO: • Ganho de massa corporal magra (até 100g) e
peso
Na presença não só de trauma, mas também de jejum
prolongado ou de sepse, existe todo um ambiente FASE ANABÓLICA TARDIA
hormonal direcionado à produção de glicose.
• Ganho de peso mais lento (tecido adiposo)
Os AA musculares (glutamina e alanina) derivados da • Balanço positivo de carbono
proteólise são substratos essenciais para a • Duração: meses a anos
gliconeogênese.
Na sua utilização pelo fígado, os AA são desaminados e REMIT LIMITADA: REMIT ILIMITADA:
o grupamento amino (nitrogênio) não é aproveitado no BENÉFICA MALIGNA
processo de gliconeogênese hepática, sendo eliminado Disponibiliza glicose Hipercatabolismo
na urina; este fenômeno se traduz por aumento na (tecidos nobres) protéico
excreção urinária de ureia. Matem fluxo sanguíneo Intolerância periférica a
glicose
Dizemos então que o balanço nitrogenado é negativo, ou Retém líquido sem SIRS não regulada
seja, mais proteínas estão sendo consumidas do que alterar a osmolaridade
sintetizadas. Inflamação local Imunodepressão e
(defesa) apoptose
ALTERAÇÕES CLÍNICAS EM PÓS-
OPERATÓRIOS E SUA ASSOCIAÇÃO COM
HORMÔNIOS E MEDIADORES HUMORAIS
1

BTCA – Hernias da Parede Abdominal


CLASSIFICAÇÃO
EPIDEMIOLOGIA
Existem as hérnias Congênitas ou adquiridas, mas o que
De forma geral, os mais acometidos com hérnias são os
vale a pena classificar é a redutibilidade da hérnia, isto é,
homens, cerca de 25 vezes a mais do que a população do
saber se ela é redutível ou não, como manejar essas
sexo feminino. Hérnia não é necessariamente uma
hérnias, saber se ela é:
doença cirúrgica, mas é um importante indicativo de
cirurgia. HÉRNIA REDUTÍVEL: manobra de redução para a
cavidade abdominal e o conteúdo da hérnia consegue
• Procedimento cirúrgico mais realizado pelo
voltar para cavidade.
cirurgião geral
• Mais de 300 técnicas cirúrgicas para hérnia HÉRNIA IRREDUTÍVEL: não retorna à cavidade após a
inguinal realização da manobra de redução. Pode ser
classificada em três tipos:
CONCEITO
Encarcerada: não existe alteração do fluxo de sangue,
Uma hérnia é definida como protrusão do conteúdo
da irrigação. Ou seja, as estruturas da hérnia ainda
abdominal através de uma falha da parede pélvica,
mantêm uma boa perfusão e estão “vivas”. Se não
abdominal ou do retroperitônio.
corrigida, em torno de 6 horas pode evoluir para uma
Essa falha é considerada uma descontinuidade da hérnia estrangulada.
parede abdominal ou retroperitoneal. Existe uma
Estrangulada: ocorre quando a hérnia tem seu
projeção/segmento, por exemplo uma falha na Intestino
suprimento sanguíneo comprometido e é uma
delgado e uma falha no umbigo um uma ruptura na
complicação grave e potencialmente fatal. São
camada musculoaponeurótica, e isso vai determinar a
indicação cirúrgica de urgência!!
hérnia da parede abdominal ou pélvica.
Domiciliadas: não produz sintomas incapacitantes para
Os principais tipos de hérnias de parede abdominal são:
o paciente, passando geralmente despercebida.
hérnia epigástrica, hérnia inguinal, hérnia femoral,
hérnia umbilical, hérnia incisional, hérnia de Spigel
(muito rara) e hérnia femoral.

HÉRNIA INGUINAL

ETIOPATOGENIA

Alteração característica na região do anel inguinal, para


que surja uma hérnia inguinal ou qualquer hérnia na
região abdominal precisamos ter alguns aspectos como
qualquer aumento na pressão na parede abdominal,
2

isso é uma predisposição, ou seja, um paciente que tem Que é aumentar a pressão dentro da cavidade
prisão de ventre e vive tendo que exercer pressão para abdominal. Você pede para o paciente colocar a mão na
defecar e isso possa causar uma protrusão o que causa boca e assoprar, aumentando a pressão na cavidade
a herniação. abdominal e isso vai fazer com que a hérnia apareça, um
inchaço e um aumento de volume faz com que a
Podendo acontecer também em pacientes com sensibilidade do exame físico aumente.
prostatismo, como por exemplo pacientes com
disfunções na próstata eles fazem muita força para
urinar o que favorece também a formação de hérnia na
região inguinal, paciente com ganho de peso substancial
o que força muito o abdome ou um paciente tabagista
que tosse muito e isso influencia na pressão na cavidade
abdominal;

Aumento de pressão abrupto de pressão abdominal.

Deficiência de proteínas ou desnutrição causando o


enfraquecimento da parede abdominal ou da camada
musculoaponeurótica

Hepatopatas que também têm deficiências nutricionais


que corroboram com a formação da ascite Outro exame físico que você fará também é colocar o
dedo mínimo na bolsa escrotal e procura palpar a hérnia,
FATORES DE RISCO no segmento de alça de delgado, manobra de Landivar é
ilustrada da seguinte forma;
Os principais fatores de risco associados com essa
doença são: aumento da pressão abdominal, que pode
der causado por prostatismo, constipação, gestantes,
ascite e outras condições.

QUADRO CLÍNICO

Os pacientes com hérnia possuem como principal


queixa o abaulamento na região da hérnia, surgindo
geralmente nos momentos de maior pressão
abdominal, como na hora da evacuação e ao portar algo
pesado.

• Mais comum em jovens


Vale lembrar que existem alguns DIAGNÓSTICOS
Queixa de um “caroço” na região da virilha, toda vez que DIFERENCIAIS para os quadros de hérnia inguinal, são
eu faço algum esforço ele aumenta muito de tamanho, eles: criptorquidia (testículo que não desceu para região
quando eu me deito esse caroço desaparece, nunca escrotal), abcessos, linfomas, cisto de cordão
ficou vermelho nem nunca saiu secreção. espermático, tuberculose (hipertrofia ganglionar),
aumento do linfonodo inguinal.
É a HDA TÍPICA DE um paciente com hérnia inguinal, mas
cuidado essa hérnia pode descer para a bolsa escrotal e • Hidrocele
outro fator importante é que essa herniação ocorre mais
CIRURGIA: Deve-se operar o paciente que apresenta
em homens, esse tio de hérnia que desce para bolsa
sintomas. Se o paciente for assintomático, deve-se
escrotal se chama – Hérnia inguinoescrotal.
realizar o acompanhamento.

EXAME FÍSICO ETIOPATOGENIA: A parede abdominal é constituída por


algumas camadas, são elas – pele, tela subcutânea, os
Pode-se lançar mão da manobra de Landivar, que
músculos, que estão dispostos nessa ordem: oblíquo
consiste em obstruir o anel inguinal interno por cima da
externo, oblíquo interno e o transverso do abdome,
pele e solicitar para que o paciente realize a manobra de
seguindo com a fascia transversalis, a gordura pré-
Valsava.
3

peritoneal e por fim o peritônio, sendo a última camada 2) 2) Se a hérnia é no trígono de Hasselbach eu faço
antes das vísceras abdominais. a mesma manobra, sendo que se for uma hérnia
inguinal direta ela irá empurrar meu dedo em
A formação testicular ocorre dentro da cavidade sentido anterior, ou seja, se ela empurra meu
abdominal e desce através do conduto peritônio-vaginal dedo em minha direção.
a partir da 28ª semana de gestação, até se alocar e
terminar sua descida dentro da bolsa escrotal. Obs.: examine o paciente de frente para ele porém de
maneira oblíqua. Obs.: a hérnia inguinal direta é medial
Após isso, esse conduto citado acima se oblitera e aos vasos epigástricos enquanto a hérnia inguinal
encerra, em um indivíduo saudável. indireta fica lateralmente aos vasos epigástricos.

A comunicação entre a cavidade abdominal e a bolsa Se você puder ver vídeos sobre a diferença das hérnias
escrotal, restando apenas estruturas que comunicam diretas e indiretas seria interessante. O conteúdo se
os testículos com essa cavidade, passando através do hérnia e você também vê anatomicamente o “pescoço da
canal inguinal, sendo que essas estruturas são: funículo hérnia” esse segmento pode se encarcerar.
espermático, os nervos, o músculo cremaster e outras
estruturas importantes.

HÉRNIA INGUINAL INDIRETA: são formadas quando o


conduto peritônio-vaginal não se torna uma estrutura
obliterada completamente, por isso, quando é feito
algum esforço abdominal, estruturas intra-abdominais
se passam pelo anel inguinal interno e descem o
canal inguinal.

HÉRNIA INGUINAL DIRETA: ocorre devido a uma


fragilidade da musculatura, e todas as camadas
musculares ficarão mais frágeis proporcionando a
protusão das estruturas, sem relação com o canal
inguinal. Elas surgem no triângulo de Hasselbach.

• Os vasos epigástricos servem como parâmetro


para delimitar as hérnias inguinais diretas e Existe uma classificação formal e bem estabelecida
indiretas. para ajudar no diagnóstico e na definição de condutas
• Se a hérnia surgir medialmente aos vasos terapêuticas, a classificação de Nyhus. As hérnias são
epigástricos, é direta. E as hérnias que surgem dividias em quatro tipos:
lateralmente aos vasos epigástricos, são
indiretas.

Exames para ver se a hérnia é direta ou indireta:

o O examinador introduz o dedo no anel inguinal


externo a partir da porção inferior da bolsa
escrotal e solicita que o paciente realize a
manobra de Valsava.
o Empurra o dedo do médico: hérnia inguinal
direta
o Toca o dedo do médico: hérnia inguinal indireta

COMO DIFERENCIAR?

1) Se eu faço a manobra de Valsalva com a TRATAMENTO: em pacientes assintomáticos deve ser


manobra de Landivar e sinto com o meu dedo a feito o acompanhamento e em pacientes sintomáticos
protrusão e o conteúdo da herniação eu vou ter deve ser realizada cirurgia. As técnicas cirúrgicas
uma hérnia inguinal indireta, esse conteúdo utilizadas são:
você consegue empurrá-lo em direção ao
paciente;
4

o Técnica de Shouldice: que foi caracterizada por aberta porque você deve evitar a ares de
uma menor taxa de recidivas, sendo marcada cicatrização.
pelo imbricamento de camadas, ou seja,
suturando as camadas uma sobre a outra. HÉRNIA UMBILICAL
o Técnica de Lichtenstein (cirurgia aberta):
O mecanismo relacionado com o surgimento da hérnia
necessita da realização de hernioplastia com a
resulta do abaulamento de estruturas abdominais
colocação de tela (prótese), que impede que o
devido uma fraqueza na parede à nível da cicatriz
conteúdo abdominal extravase através dessas
umbilical.
falhas de parede, é chamada de técnica sem
tensão. Nessa técnica é utilizado fio de sutura não Pode ser consequência da distensão excessiva da
absorvível. parede abdominal, como na gravidez, durante o parto e
ascite.

O paciente estava internado por motivos de


descompensação da doença hepática de base e teve
episódios de tosses fortes, até que a herniação surgiu, e
aconteceu a necrose de uma alça do delgado.

O paciente apresentou muitas complicações por causa


da interectomia, as anastomoses foram feitas com essa
ressecção.

Porém o paciente evoluiu com varizes de esofago,


infecção respiratória, isso serve para a compreender
que uma mera hérnia pode causar complicações
gicantescas

HÉRNIA INCISIONAL

A hérnia incisional é causada por uma fraqueza da


parede abdominal (musculatura) no local de uma
cirurgia prévia.

Está relacionada à fatores que aumentam a pressão


A hernioplastia também pode ser realizada por reparo abdominal como: sobrepeso e obesidade; tabagismo e
laparoscópico em alguns casos, que é menos invasivo e tosse crônica; e esforço físico intenso e repetido.
a recuperação é mais eficaz, e também e livre de tensão.
É indicado ao paciente que não aumente seu peso para
TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO: que a pressão intrabdominal não aumente
abruptamente.
Assintomáticos: recomenda-se um acompanhamento
anual ou semestral OUTRAS HÉRNIAS
Sintomáticos: cirurgia podendo ser aberta ou por via • Hérnia de Littré/Richter/Spiegel – qualquer
laparoscópica essas duas técnicas tem a mesma hérnia contendo o divertículo de Meckel;
recidiva, no entanto a aberta tem 3 incisões enquanto a • Hérnia de Amyand – quando há presença de
laparoscópica faz uma incisão maior na região da virilha, apêndice cecal no saco herniário inguinal;
no entanto a aberta dá mais desconforto e mais • Hérnia de Garengeot – quando há presença do
infecções, sendo assim entre essas duas, a gente opta apêndice cecal no saco herniário femoral;
pelo que o paciente preferir ou o que o cirurgião mais • Hérnia de Garengeot – quando há presença do
tem vivência. apêndice cecal no saco herniário femoral
• Hérnias lombares – são dois tipos – Grynfelt e
OBS.: Em pacientes idosos é recomendado a
Petit, sendo que essa última é a do trígono
laparoscopia;
lombar inferior e a primeira do trígono superior.
• Se a hérnia for reparada com técnica aberta e
recidir eu reparo por laparoscopia, caso eu
repare com laparoscopia eu reparo com a
1

BTCA – Anestesicos Locais e Bloqueio


Loco-Regional
Os anestésicos locais são classificados em dois grupos:
INTRODUÇÃO
o Amino-ésteres: são biotransformados por
Os anestésicos locais produzem perda transitória de
pseudocolinesterases plasmáticas e podem
sensação em uma região definida do corpo, sem perda
competir com as outras drogas que também
de consciência. Eles são aplicados para bloquear a
precisam dessas enzimas para serem ativadas.
condução nervosa de impulsos sensoriais, desde a
Esse processo aumenta o tempo de duração do
periferia até o Sistema Nervoso Central.
anestésico no local de aplicação. Os principais
Os anestésicos locais funcionam principalmente pela representantes deste grupo são a benzocaína, a
ligação aos canais de sódio voltagem dependente, cocaína, a procaína, a tetracaína e a
tornando-os impermeáveis ao sódio, impedindo assim cloroprocaína.
que seja alcançado o limiar de excitabilidade e o o Amino-amidas: são biotransformadas por
estímulo seja propagado. peroxidases hepáticas e, por isso, indivíduos
hepatopatas podem cursar com tempo
MECANISMO DE AÇÃO: prolongado de anestesia. Os principais
representantes desse grupo são a lidocaína, a
A bainha de mielina funciona como um isolante. São
prilocaína, a mepivacaína, a etidocaína,
intercaladas pelos nódulos de Ranvier, Se bloquear 3
ropivacaína, entre outros.
nós de Ranvier, consegue bloquear todo o seu percurso
abaixo do local da administração do anestésico local. Se As 3 partes do anestésico local:
o anestésico consegue penetrar rápido perto do nó de
Ranvier consegue com pouca substância bloquear A primeira é seu radical aromático, relacionado à sua
rápido uma grande área. potência, o quanto ele é capaz de bloquear os canais de
sódio.
Quando o anestésico local se liga, o canal se torna
impermeável ao sódio. O estímulo físico, químico ou A cadeia intermediária, se tem um éster é um
elétrico é então bloqueado. Mas esse bloqueio é aminoester, tem ação bem curta. Se tem amina, vai ser
reversível. aminoamida, mais prolongada duração.

Essa é a característica dos anestésicos locais. Os A terceira parte é a amina terciária que vai também falar
estímulos nociceptivos aumentam a permeabilidade da da latência, de como ele vai se dissociar para agir no
membrana ao sódio até o ponto do potencial de ação. No receptor, quem vai dizer a latência é a amina terciária,
caso da célula nervosa: -90mV. mas ela depende do Ph do meio. Ph muito ácido faz com
que o PKA (constante de dissociação) aumente, com isso
A bomba de sódio é ativada pela maior positividade no libere menos a amina terciária para penetrar àquela
interior da célula, promove o efluxo de sódio, a camada bipolar da membrana do neurônio e ir ao seu
membrana torna-se impermeável ao sódio, o interior receptor final que é o canal de sódio.
torna-se menos positivo no estado de repouso celular.
Estímulo físico, químico ou elétrico AL Os anestésicos CARACTERTÍSTICAS DAS FIBRAS NERVOSAS
locais (AL)- ligam-se aos canais de sódio voltagem
Alguns AL são comercializados na forma de
dependente, tornando-os impermeáveis ao sódio;
estereoisômeros levogiros, estes encerram
Quanto maior o número de canais abertos, mais rápido propriedades menos tóxicas que os similares na forma
acontece o bloqueio pelo anestésico local. Deve ser feita racêmica.
injeção nas proximidades de terminações nervosas
• Bupivacaina – levogira > dextrogira
periféricas.
• Ropicavacaina – levogira >dextrogira
2

Bloqueio de gânglio -> resposta simpática. Pele pálida e (base neutra); somente esta última é capaz de penetrar
fria. nas membranas neuronais e exercer sua ação.

No interior neuronal, devido ao pH levemente mais


ácido, o fármaco volta a se dissociar, gerando formas
catiônicas. Estas últimas é que são capazes de bloquear
os canais de sódio

Os AL empregados geralmente possuem pKa elevado.


Desta forma, quanto menor o pH do meio em que a droga
é administrada, maior é o percentual de ionização, e
menor é a penetração neuronal.

Um exemplo prático é a tentativa infrutífera de se


administrar ALs antes da drenagem de abscessos em
tecidos moles; o acúmulo de pus está relacionado ao pH
ácido, o que torna os ALs ineficazes em situações como
FARMACOCINÉTICA essa.

• Potência – tem a ver com o radical aromático. • Ou seja, pKa mais próximo ao PH do meio:
Define força da ação, lipossolubilidade. velocidade de ação mais rápida.
• Duração de ação – cadeia intermediária. Tempo
de ligação ao canal de sódio-proteina. Quanto mais próximo o pKA for do Ph, mais ele se
• Latência – amina terciária: velocidade de ação. dissocia e mais ele penetra na membrana pra em
Tempo inverso ao grau de ionização, o AL seguida se ligar ao receptor. Se precisa ser rápido, usa a
(anestésico local) se difunde em forma não- lidocaína, mas vai durar menos.
ionizada pelos tecidos e ionizado no canal de
sódio. Mas se precisa de maior duração e o paciente não tá com
tanta dor, pode usar a Bupivacaína e esperar o tempo de
A potência dos anestésicos está relacionada com a latência maior dela pra pegar, mas se puder vai usar a
lipossolubilidade do fármaco, assim, anestésicos muito Ropivacína porque a forma levógira é menos
lipossolúveis tendem a apresentar potência diminuída, cardiotóxica.
visto que se distribuem com maior facilidade para sítios
inespecíficos, diminuindo assim a concentração do Os anestésicos locais são frequentemente
fármaco no local que se deseja causar o bloqueio coadministrados com soluções como:
nervoso.
o Pode-se associar ao bicarbonato, que promove
Nervos que levam sinais de dor (fibras tipo C) e de um equilíbrio do pH do meio (alcaliniza o meio),
temperatura tendem a carecer de mielinização, o que os aproximando do pKa do anestésico local.
torna mais suscetíveis aos efeitos de agentes locais em o Adrenalina, que produz vasoconstrição. Isso
comparação com os nervos que desempenham funções retarda a absorção do anestésico, o que
de propriocepção ou motoras. prolonga o seu efeito e reduz o risco de
toxicidade sistêmica. Anestésicos com
Na abordagem de feridas no pronto socorro geralmente vasoconstrictor deve ser evitado em locais de
a anestesia é referida apenas pela eliminação da dor, circulação pobre (cartilagem) ou com
mas o paciente refere sensação de pressão no local circulação terminal (dedos e pênis), pois podem
suturado. acarretar em déficit no aporte sanguíneo,
levando a necrose da região. Sempre indicado
A velocidade de ação dos fármacos (latência) possui em bloqueio intercostal, peridural, caudal e do
relação inversa com seu grau de ionização, que depende plexo braquial devido à alta absorção.
do pK e do pH do meio em que o fármaco é dissolvido. o A glicose pode ser adicionada ao anestésico
local, pois tendem a manter o anestésico em
pKa é considerado o pH em que encontramos metade da
porções mais inferiores do saco dural, sendo
dose administrada do anestésico em sua forma ionizada
indicadas em anestesia espinhal (bloqueio
(catiônica), e a outra metade em sua forma não ionizada
subaracnóideo ou raquianestesia) e anestesia
epidural (peridural ou extradural).
3

ABSORÇÃO E DISTRIBUIÇÃO: AMINOAMIDAS:


Metabolismo: sistema microssomal hepático. Depende
Sítio de injeção: quanto mais vascularizado, maior risco
da integridade do sistema hepático, assim, na doença
de toxicidade por absorção vascular.
hepática grave, a toxicidade é mais provável.
o Cuidado com o espaço interscostal, pois o Lidocaina:
nervo passa muito perto do vaso
• Bastante utilizado por via subaracnóidea,
apresentando maior risco de toxicidade
peridural, para infiltração de campo em todas as
anestésica.
técnicas de anestesia regional ou local,
o Na ordem de risco de toxicidade por
associada ou não a epinefrina (1: 200.000)
absorção vascular nós temos: Intercostal >
• Dose: 5 mg/kg sem epinefrina ou 7 mg/kg a 10
peridural > periconal oftálmico >
mg/kg com epinefrina
subcutâneo
• Apresentações: ISO, HIPER e HIPO em relação a
Dose: deve respeitar a ligação proteica, respeitar a baricidade do LCR.
dosagem individual, 5 a 10 mg/kg de lidocaína e 2 a 5 • Uso tópico em forma de gel, ou spray e
mg/kg de bupivacaina. infiltração local
Tem metabolismo hepático, ou seja, pode ter intoxicação
Usa a quantidade maior quando associa anestésicos
por doses sucessivas se tiver comprometimento
locais ou quando está num local mais longe de um vaso.
hepático, então cuidado com hepatopatas,
Latência (velocidade de ação): deve ser respeitada para principalmente para endoscopias para cauterizar
efetiva anestesia local. A latência vai depender do pKa varizes esofágicas e hepatopatas graves.
(da proximidade do pH do meio e do pKa). Pode usar em spray, gel, tem boa absorção em mucosas,
pode usar na parte oral também, e tem a forma clássica,
METABOLISMO
que é a líquina, colocada em ampolas (sem
AMINO-ESTER: conservantes) ou frascos (com).

Metabolismo: Pseudocolinesterase plasmática Para espaço subaracnoideo, intratecal ou peridural não


pode usar frascos, só ampola. No espaço subaracnoideo
Benzocaína: quase insolúvel em água (não se difunde
é proibido anestésico local seja ele qual for associado à
bem pelos tecidos), uso tópico e orotraqueal
epinefrina. Enquanto que no peridural é legal, pois a
Cocaina: uso tópico e nasal para intubação, tem efeito epinefrina provoca uma vasocontrição, e, por isso,
vasoconstrictor, efeitos cardiovasculares (taquicardia) menor absorção e mennor toxicidade.
e no SNC importantes • Concentração: 1%, 5% e 2%
• Anestésico e antiarrítmico
Tetracaina: bloqueio motor superior ao sensitivo, há • pKa próximo ao pH
relatos de alergias • Baixa toxicidade – SNC e SCV
• Latência rápida: 1 a 2 minutos
Cloroprocaina: latência e toxicidades baixas,
• Duração intermediária: 1-2h
relacionada a déficits neurológicos na via intratecal
4

• Pode ser associado a vasoconstrictor • Formulação isobárica sem conservante sem


• Indolor a injeção glicose, indicada para raquianestesia
• Antiaarritmico classe I (IV) • Formulações com conservantes: infiltrações
locais, bloqueios de nervos periféricos,
Bupivacaina: peridural
• Bloqueio motor prolongado, “FAST-IN-SLOW
TOXICIDADE
OUT”: ela entra rápido na membrana, mas sai
devagar (com isso, nas intoxicações será mais • Sobredose
grave) • Absorção inadvertida
• Hiperbárica para raquianestesia • Injeção intravascular
• Fórmula com excesso levogiro – • Quando a membrana satura, ela não aceita mais
levobupivacaina (menos cardiotóxico, se anestésico;
desliga mais rápida do seu receptor) • O risco é maior com as amino-amidas;
• PADRÃO OURO PARA RAQUIANESTESIA • Sinais: convulsões; fala arrastada; língua
• Uso local, subaracnóideo e peridural dormente; zumbidos; gosto metálico; aumento
• Baixas concentrações (0,25%) ação analgésica, do grau de bloqueio AV durante ou após a
ação anestésica em concentrações de 0,5% injeção do AL; hipotensão; complexo QRS
• Latência lenta alargado; bradicardia/assístole.
• Alta potência
• Longa duração: 1-4h Reações alérgicas:
• Alta toxicidade- SNC e SCV
- São extremamente raras, sendo a incidência maior
• Dor à injeção pois tem PKA de 8,1 e a robvacaína
com os anestésicos locais do grupo éster, que possuem
de 8 dói a injeção
em sua composição química o ácido paraaminobenzóico
• pKa > pH
(PABA), um potente alérgeno.

Ropivacaina: Os anestésicos do tipo amida possuem raríssimos


• Toxicidade baixa, sem prejuízo da qualidade do relatos de reações alérgicas, que, quando ocorrem,
bloqueio geralmente são devidas ao metilparabeno, um
• Forma levogira, excesso de enantiômero S (-) conservante utilizado na preservação de algumas
• Maior margem de segurança apresentações comerciais de anestésicos locais.
• Uso local e peridural
• Menor toxicidade comparada à bupivacaina Comprometimento do aparelho cardiovascular:
• Concentrações entre 0,75% e 2%
Os anestésicos locais podem causar desde arritmias
• Longa latência e duração
cardíacas benignas até arritmias ventriculares graves,
• Média potência
ou mesmo parada cárdiorespiratória.
• Não associada a vasoconstrictor
• Bloqueio sensitivo > motor, popular em A dose de anestésico local necessária para
analgesia de parto em baixas concentrações comprometimento do aparelho cardiovascular é maior
do que para comprometimento do sistema nervoso
Muito semelhante à bupivacaína, mas sem efeito fast in
central, e a bupivacaína, dentre os anestésicos locais, é
slow out. É bastante promissora em gestante onde a
considerada o de maior cardiotoxicidade.
absorção do anestésico local parece ser mais facilitada
pelo estado de gravidez. Comprometimento do SNC:
Chama atenção também que não se associa Doses menores de anestésicos locais, quando
vasoconstritor à Ropi, pois ela mesma vasoconstringe. comparadas àquelas para causar toxicidade cardíaca,
Já a Bupi se associa porque ela não faz isso sozinha. são necessárias para intoxicação do sistema nervoso
Ropivacaína: tem ação vasoconstritora própria, então central. Os sinais e sintomas de intoxicação vão
ela provoca um bloqueio sensitivo maior que o motor, o depender basicamente da dose utilizada, da dose
que é benéfico na anlgesia de parto. absorvida e do tipo de anestésico utilizado.
Levobupivacaina e ropivacaina: Doses menores levam o paciente a relatar parestesia
• Não é recomendado associação com perioral, gosto metálico na boca, zumbidos e escotomas
adrenalina, pois já possui ação visuais. Doses maiores podem acarretar tonteira,
vasoconstrictora
5

abalos musculares, convulsões localizadas e, em casos • Intralipid20% 1.5 mg/kg bolusi.v. em 1 minuto
mais graves, convulsões generalizadas e coma. (100 ml emadultos). Repita a cada 5 min até um
máximo de 3 vezes.
CONDUTAS:
4. Trate arritmias cardíacas
1. Interrompa a administração do anestésico local;
• Evite Lidocaína
2. Inicie manobras de ressuscitação cardiopulmonar, se • Cuidado com betabloqueadores (depressão
necessário; miocárdica)
• Considere Amiodarona
• Baixas doses de adrenalina, se suspeita de
• Considere marcapasso transcutâneo ou
intoxicação por AL;
transvenoso em caso de ritmo bradicárdicocom
• Vasopressina NÃO recomendada
pulso, sintomático
3. Trate convulsões (leve em conta a
5. Por fim, além disto, considere:
instablidadecardiovascular)
• Bloqueador H1: Difenidramina50 mg i.v.
• Midazolam0.05 -0.1 mg/kg (70 kg: 5 -10 mg) (20
• Bloqueador H2: Famotidina20 mg i.v.,
kg: 1 -2 mg)
Ranitidina50 mg i.v.
• Tiopental 1 mg/kg
• Bicarbonato de sódio para manter o pH > 7.25
• Propofol0.5 -2 mg/kg
• Continue as manobras de RCR por período de no
mínimo 60 minutos
• ECMO –Circulação extracorpórea.

ANESTESIA INFILTRATIVA • Cantoplastias


• Laceração de pele – suturas
Modalidade de anestesia local em área superficial, • Infiltração de pontos gatilhos e feridas
reversível, obtida por administração de anestésico local cirúrgicas com fins de analgesia
através de infiltrações dos tecidos superficiais com • ATENÇÃO!! Em tecidos com circulação terminal
agulhas hipodérmicas. AL: lidocaína, bupivacaina ou não usar vasoconstrictor
ropivacaina.
Obs. Temos que ter bastante cuidado em tecidos com
O exemplo clássico, que vivemos diariamente nos circulação terminal como pênis, nariz, orelha para não
prontos-socorros, é a administração de lidocaína nas associar um vasoconstritor, o que pode dar isquemia e
bordas de uma ferida traumática, antes da realização de necrose terminal desses tecidos.
uma sutura.
ANESTESIA LOCO-REGIONAL
INDICAÇÕES:
• Pequenas lesões de pele, TCSC e do conjuntivo Interrupção da condução nervosa pela administração de
• Tumores do subcutâneo e biópsias anestésico local próxima ao nervo.
• Exérese de nódulos mamários
• Anestesia temporária e reversível
6

• Administrada em bollus ou de modo continuo, • Duração: 60 a 90 min, depende da massa


através de cateter – muito utilizado para anestésica
controle de dores crônicas e correção de • Lidocaina 2% isobárica = sem conservante
fraturas. • Bupivacaina 0,5% hiperbárica (associação com
glicose) = mais usada
Apresenta vantagens sobre a técnica de anestesia geral,
tais como: A associação da glicose ao AL, é importante para que ele
se deposite na região caudal, uma vez que o LCR está
o Anestesia cirúrgica mais analgesia pós sempre ascendendo.
operatória
Escolher anestésico livre de conservantes, sem ação
Vai diminuir a tempestade de citocinas próinflamatórias, neurotóxica, ação clinicamente comprovada como
melhorar a recuperação do paciente, diminuir a segura, não deve ser usado vasoconstrictores.
incidência de trombos.
Quando injetamos principalmente abaixo de L1 nos
o Menor interferência com a função pulmonar e brancos e de L2 nos negros (onde termina a medula), a
cardiovascular tendência é que o anestésico pesado pegue as raízes
mais inferiores e não ascenda, não pegando os nervos
O controle adequado da dor também vai promover o
torácicos altos que comprometeriam a condução
controle cardiovascular, pois a dor leva à liberação de
cardíaca ou a respiração.
aminas simpaticomiméticas e em pacientes
susceptíveis pode dar arritmias e até IAM, fora AVC.

o Menor sangramento
o Menor incidência de TEP
o Menor reação endócrino-metabólico ao trauma.

BLOQUEIO REGIONAL

Se fizer bloqueio intercostal em nível de T4, por


exemplo, vai bloquear 1 nível acima e 1 nível abaixo, então
tem anestesia loco regional e pode até tirar um nódulo
mamário com um bloqueio intercostal.

E se tem uma fratura de ossos do punho pode então


através do bloqueio do plexo braquial em nível axilar ou
supraclavicular ou interescalênico realizar então a
analgesia dos nervos que inervam o punho. Impede que
o impulso que ia passar na região seja conduzido à
medula. FATORES QUE VÃO INTERFERIR NA ANESTESIA
RAQUIDIANA:
ANESTESIA SUBARACNÓIDEA
Fatores relacionados ao líquido cefalorraquidiano:
Injeção no neuroeixo de anestésico local, diluído no LCR.
o Aumento da pressão liquórica = sobe mais essa
Geralmente a medicação é infundida no nível de L2, anestesia
utilizando-se a mesma técnica da punção lombar. o Diminuição do volume liquórico = dissipa pouco
Ocorre perda sensitiva, autônoma e motora abaixo do
nível desejado de bloqueio. Fatores relacionados à solução injetada:

Anestesia subaracnoidea, raquidiana, injeção intratecal o Volume injetado: quanto maior a dose, maior o
de AL são todos sinônimos para anestesia espinal. Este tempo de bloqueio subaracnoide e maior o risco
tipo (subaracnoidea) e a peridural. de extensão cefálica (bloqueio indesejado de
níveis mais altos da medula espinhal)
Age também na resposta que vai pelo corno anterior da o Baricidade
medula com os neurônios motores, não terá movimento o Temperatura
nem rigidez. o Concentração do anestésico
7

Fatores relacionados à técnica de injeção: subaracnóideo, este é reconhecido pelo


gotejamento de LCR, onde injeta o AL.
o Nível de injeção
o Posição do paciente = sentado desce mais INDICAÇÕES:
o Direção da agulha
o Velocidade de injeção = quanto maior, mais • Cirurgias: ginecológicas, obstétricas,
dispersão proctológicas (hemorroidas), membros
inferiores, urológicos, perineal
Linha de Touffier -> linha imaginária que une as cristas • Controle da dor aguda e crônica: anestesia
ilíacas, a chamada Linha de Tuffier. combinada (geral + regional)

Esta linha, teoricamente, cruza a coluna vertebral no CONTRAINDICAÇÕES ABSOLUTAS:


nível da vértebra L4 ou no espaço L4-L5. Uma punção
lombar executada em L3-L4 estaria abaixo do nível do • Recusa do paciente
cone medular, proporcionando segurança ao método. • Distúrbio de coagulação
• Infecção no sítio de punção
• Hipovolemia grave
• Sangramento previsível alto
• Anormalidades anatômicas da coluna vertebral
• Distúrbios mentais descompensados

CONTRAINDICAÇÕES RELATIVAS:

• Bacteremia
• Desordens psicológica e neurológicas
• Infecção generalizada

EFEITOS COLATERAIS – COMPLICAÇÕES:


PREPARO INDISPENSÁVEL PARA ANESTESIA:
• Visita pré operatória, conhecimento prévio da
condição clínica
• Consentimento informado
• Respeitar contra-indicações e jejum pré
operatório nas eletivas
• Medicação pré-anestesica quando possível,
alívio da ansiedade
• Preparação do material
• Fonte de oxigênio
• Aparato para ventilação com pressão positiva
• Laringoscópio e lâminas
• Tubos endotraqueais CEFALEIA PÓS PUNÇÃO DURAL:
• Guias, bougie e cânulas
• Cateteres para venopunção Uma complicação possível da raquianestesia é a
• Medicação vasopressora e anticolinérgica cefaleia pós-punção da dural (a dura tem que ser
• Drogas de ressuscitação “perfurada” para alcançarmos o espaço subaracnoide).

RAQUIANESTESIA – PASSO A PASSO Por definição, esta cefaleia ocorre nos primeiros sete
dias após a punção e geralmente desaparece em 14 dias
1. Antissepsia pós-procedimento; contudo, em raros casos, pode
2. Espaço L4 ou processo espinhoso L4, linha assumir um caráter crônico se não diagnosticada.
imaginária de Touffier
3. Infiltração local de pele, subcutâneo, ligamento O quadro clínico consiste em cefaleia occipital ou
supraespinal, ligamento interespinal frontal, bilateral, não pulsátil, que se agrava quando o
4. Introdução de agulha de raqui, através das paciente assume a posição sentada ou ortostática,
estruturas citadas, avança pelo ligamento podendo vir acompanhada de vômitos.
amarelo, dura mater, aracnoide, espaço
8

A fisiopatologia da CPR ainda é incerta, mas parece que


a hipotensão liquórica tem papel central (perda de
líquor).

Quanto maior o calibre da agulha maior a incidência de


CPPD. Quanto maior a idade menor a incidência de CPPD.

O orifício na dura matera esquerda com agulha de peri-


TUOHYe a direita com agulha de raqui SPROTTE (ponta de
lápis). A lesão na dura provocada por agulha menos
traumática, tiposprotte, causa menos perda de LCR,
menor hipotensão liquórica, portanto menor incidência
de complicação como a CEFALÉIA PÓS PUNÇÃO DURAL
(CPPD) ou cefaleia pós raqui;

Pode fazer adrenalina na Raquianestesia? Não. A


COMPLICAÇÕES:
adrenalina tem efeito vasoconstritor e os vasos da
membrana aracnoidea são muito finos podendo assim • Injeção subaracnóidea acidental
causar uma isquemia, tendo como consequência a • Sobredose de anestésico local
hemiparesia dos MMII. • Cefaleia pós punção
• Injeção intravascular
TRATAMENTO: • Hipotensão, bradicardia, náuseas e vômitos
A conduta inicial envolve hidratação, repouso e • Injúria espinhal direta
administração de analgésicos, como dipirona. • Reações de hipersensibilidade ao conservante:
p aminobenzóico amida: parabeno
Contudo, a forma mais eficaz de se tratar a CPR consiste
na administração no espaço epidural de
aproximadamente 15 ml de sangue venoso, colhido de
forma asséptica em veia superficial do membro
superior (veia antecubital, por exemplo), procedimento
conhecido como blood patch. Pode causar dor lombar ou
na nuca; pode ser feito com SF 0,9% (30 ml)

• Cafeína IV ou oral.

ANESTESIA PERIDURAL:

A anestesia peridural (epidural) caracteriza-se pela


injeção de AL, no espaço epidural da coluna lombar ou
torácica. BLOQUEIO NERVOSO DIFERENCIAL: Fibras simpáticas
são bloqueadas com menores concentrações de
O teste da perda da resistência à injeção de ar é o método anestésicos locais, atenção em procedimentos de
mais popular de identificação do espaço peridural. Após analgesia espinal a monitorização hemodinâmica.
a agulha peridural conectada a seringa com ar
atravessar o ligamento amarelo, ocorre passagem BLOQUEIO DE NERVOS PERIFÉRICOS
súbita deste ar para espaço peridural o embolo perde a
resistência. Geralmente o bloqueio de nervos periféricos consiste
em uma técnica anestésica empregada em diversas
Uma agulha de raqui é mais fina que a de peridural. intervenções cirúrgicas (em ortopedia principalmente)
nas extremidades superiores e inferiores.
9

O bloqueio consiste na injeção de AL, com o indivíduo o Bloqueio do nervo frontal (indicação: cirurgia na
consciente, em nervos ou plexos que nutrem a região a região frontal da face).
ser operada. O bloqueio de plexos nervosos (braquial, o Bloqueio do N. íleo inguinal (indicação: hérnia
lombar) e de nervos periféricos específicos exige inguinal, orquidopexia)
experiência e habilidade do anestesista. o Anestesia regional de plexo braquial para
intervenção de cotovelo, punho.
Exemplos: o Bloqueio de nervo interscostal (indicações:
cirurgia de mama, parede torácica, analgesia
o Bloqueio do N. dorsal do pênis (indicação:
para cirurgias torácicas).
postectomia)
TOXICIDADE POR ANESTÉSICOS LOCAIS
1

BTCA – Infeccao em Cirurgias


• Infecção do sítio cirúrgico de órgão ou
INTRODUÇÃO
cavidades – acomete qualquer região ou órgão
A infecção é a invasão de tecidos corporais de um manipulado durante a operação. Podemos citar
organismo hospedeiro por parte de organismos como exemplos: empiema pleural complicando
capazes de provocar doenças; a multiplicação desses uma toracotomia, abscesso subfrênico
organismos, além de ser a reação dos tecidos do complicando uma esplenectomia ou mesmo
hospedeiro a estes organismos e às toxinas por eles meningoencefalite complicando uma
produzidas. craniotomia.

INFECÇÕES DE SÍTIO CIRÚRGICO

São infecções que ocorrem como complicação de uma


cirurgia, podendo ocorrer entre o dia 0 a 30 dias após a
cirurgia. Se for um procedimento envolvendo prótese,
até 1 ano. Comprometem:

• Incisão;
• Tecidos;
• Órgãos;
• Cavidades manipuladas

Além disso, corresponde a cerca de 20% de todas as


infecções hospitalares, acomete de 2-5% de todos os
pacientes submetidos a cirurgia. Contribui para o
IAC SUPERFICIAL:
aumento do tempo de infecção hospitalar e para o
aumento de 2-11x a mortalidade. • São as mais frequentes, correspondem a 60-
80% das IAC, no entanto, é o de mais fácil
QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS?
resolução.
• Aumento do tempo de internação; • Pele e subcutâneo + 1 dos seguintes itens:
• Utilização de ATB; o Secreção purulenta na ferida
• Emprego de exames complementares; o Sinais flogísticos no sítio cirúrgico: dor,
• Maior custo; calor, rubor e edema
• Maior risco de resistência microbiana; o Diagnóstico de infecção do sítio operatório
• Maior permanência em UTI pelo cirurgião
o Cultura positiva para microrganismo,
CLASSIFICAÇÃO realizada por técnica asséptica rigorosa
(geralmente não é feita e o diagnóstico é
Pode ser dividida em três categorias conforme sua
clínico)
localização anatômica:
• Infecção do sítio cirúrgico incisional superficial
IAC PROFUNDA:
– acomete somente a pele e/ou o tecido celular
subcutâneo, ou seja, encontra-se limitada pela • Mais graves que as anteriores
fáscia muscular. • Correspondem a 20-40% das IAC
• Infecção do sítio cirúrgico incisional profunda – • Tecidos moles mais profundos (fáscias,
envolve as camadas mais profundas, como a músculos, aponeuroses e pleuras) + um dos
fáscia, músculos, aponeuroses e pleuras, fatores:
independente do acometimento do tecido o Drenagem purulenta oriunda do espaço
celular subcutâneo. São poupados órgãos e profundo, sem extensão para órgãos
cavidades. o Deiscência (é a abertura espontânea dos
pontos cirúrgicos ou da cicatriz ao longo de
2

sua linha de incisão cirúrgica) profunda da • Infecção que ocorre em menos de 1 ano após a
ferida ou aberta pelo cirurgião operação com implante e a infecção envolve
acompanhada de sinais de infecção ou febre qualquer parte da operação aberta ou
o Evidência inequívoca de infecção após manipulada + um dos seguintes fatos:
reexploração cirúrgica ou imagem o Secreção purulenta em um dreno instalado
sugestiva em exame radiológico em um espaço orgânico;
o Diagnóstico de infecção incisional profunda o Cultura positiva para fluidos oriundos do
estabelecido pelo cirurgião espaço/orgão;
o Coleção diagnosticada através de um
IAC DE ÓRGÃOS OU ESPAÇOS: exame físico, radiológico, histopatológico
ou durante a reoperação;
• Infecções intra-abdominais o Diagnóstico de infecção pelo cirurgião.
• Mais raros, mas tem alta mortalidade (5-50%)

MICROBIOTA REGIONAL CAUSA E FATORES DE RISCO

Nas cirurgias limpas, os micro-organismos envolvidos • Fatores bacterianos


em ISC são geralmente aqueles que colonizam a pele, • Fatores relacionados ao local de feridas
sendo mais prevalentes Staphylococcus aureus e cirúrgicas
Staphylococcus coagulase negativo. • Fatores relacionados ao hospedeiro

Em procedimentos contaminados predominam germes


Gram-negativos como causadores de ISC, como
Escherichia coli e espécies de Enterobacter (Klebisiella,
Proteus) – predominam nas cirurgias gastrointestinais.

Crescimento de infecções induzidas por fungos: Candida


spp (principalmente quando há abertura de víscera oca
na cavidade abdominal – risco aumento para infecções
fúngicas).

CLASSIFICAÇÃO DAS FERIDAS CIRÚRGICAS


DE ACORDO COM A CONTAMINAÇÃO

Limpa: sem penetração de víscera oca, fechamento


primário da ferida, sem inflamação, sem falhas na
técnica asséptica, procedimento eletivo.

• Decorrente de cirurgia eletiva, não traumática;


• Não infração das regras de assepsia;
• Não há penetração dos tratos digestivo,
respiratório superior ou gênito-urinário;
• O uso de atb não é necessário;
3

Limpa contaminada: víscera oca penetrada, mas • Contaminação fecal na cavidade abdominal;
controlada, sem inflamação, fechamento primário da • Ferida traumática com + de 6horas de evolução
ferida, pequena falha na técnica asséptica, utilização de • Preconiza o uso de ATB intra operatória e pós
dreno mecânico, preparação intestinal no pré- com esquema tríplice
operatório. Uso de antibiótico como profilaxia
(ceftriaxona 1-2g EV ou cefalotina 1g EV 6/6). Não vai ter O QUE AUMENTA O RISCO DE ISC?
por exemplo contaminação com fezes ou bile. • Grau de contaminação
• Tempo de cirurgia
• Tecido de difícil descontaminação;
• Tamanho da incisão
• Ausência de processo infeccioso local;
• Momento de indicação da cirurgia
• Pequena infração às regras de assepsia (como
• Maior utilização de bisturi elétrico
gotejamento de suor no campo cirúrgico);
• Retardo no retorno a consciência
• Penetração dos tratos;
• Retardo em deambular
Contaminada: extravasamento descontrolado de uma • Retardo tardia de sonda vesical de demora,
víscera oca, inflamação aparente, ferida aberta, drenos, acesso venoso
traumática, grande falha na técnica asséptica.
O QUE FAZER QUANDO NÃO HÁ I NFECÇÃO?
• Tecido impossível de descontaminação; • Internação no dia da cirurgia ou anterior
• Extravasamento de conteúdo gastrointestinal, (exceção: preparo de cólon e em caso de
isto é, cirurgias entéricas até a região íleo- desnutrição)
terminal. • Banho antes da cirurgia feito com agentes anti-
• Abertura dos tratos geniturinário e biliar na sépticos (cabelo seco devido ao bisturi elétrico)
presença da infecção; • Tricotomia minutos antes da cirurgia (remoção
• Feridas decorrentes de colecistectomias do excesso de pelos), com máquinas elétricas
(vigente em quadro de colecistite aguda), com cabeças descartáveis na sala de operações
colectomias, enxertias, desbridamentos; • Antisepsia com PVPI (iodopovidona) ou
clorexidina
ATB com esquema tríplice:
• Assepsia com colocação de campos estéreis
• Cefalosporinas: cefalotina 1g EV 6/6 para cobrir • Manter normotermia e altas concentrações de
bactérias gram + O2 na SO e na RPA reduz taxa de ISC
• Aminoglicosídeos: gentamicina 80mg EV diluído • Controle glicêmico no perioperatório até 2º dia
em 100ml de SF para cobrir gram – pós operatório reduz ISC
• Metronidazol: Flagyl 500mg EV 8/8 para cobrir • Ferida local
anaeróbios • Fios monofilamentares tem menor taxa de ISC
• Sucção fechada
Suja: não tratada, extravasamento descontrolado de • Sutura do espaço morto
uma víscera, pus na ferida cirúrgica, ferida aberta • Drenagem aberta só em feridas infectadas
supurativa e inflamação grave.
TÁTICAS EFETIVAS NA DIMINUIÇÃO DA
ISC

• Profilaxia antimicrobiana adequada


• “Timing” e duração
• Temperatura axilar > 36ºC
• Glicose < 180
• Oxigenação adequada
• Remoção apropriada de pelos

O QUE FAZER QUANDO HÁ INFECÇÃO?

• Preparar bem o paciente em curto espaço de


tempo
• Controle do foco infeccioso com intervenção
• Extravasamento de fezes durante o
cirúrgica precisa (drenagem de abcesso,
procedimento;
• Ferida aberta com corpos estranhos;
4

debridamento de tecido morto, derivação Fundamentos básicos:


intestinal, desobstrução, etc). • Medidas gerais de reanimação
• Eliminação do foco
FEBRE PÓS OPERATÓRIA • Limpeza de cavidade
• Prevenção de reincidência da infecção
• Comum no pós operatório
• Nem sempre associado a infecção DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO CIRÚRGICA
• Associado antibioticoterapia empírica quando
indicado Pelo menos um desses critérios deve estar presente
para o diagnóstico de infecção cirúrgica.
CAUSAS NÃO CIRÚRGICAS:
• ITU • Secreção purulenta no local de incisão, drenada
• Metabolização e absorção de anestésicos de tecidos moles profundos ou de órgão ou
• Infecção no trato respiratório cavidade manipulados na cirurgia;
• Infecção intravenosa (mais comumente por • Abcesso ou evidência radiológica ou
cateter central) histopatológica sugestiva de infecção
• IAM, TEP, TVP, AVC, hemorragia intracraniana, • Sinais de inflamação na incisão e febre
reação transfusional, desidratação
DIAGNÓSTICO DAS FALÊNCIAS ORGÂNICAS
CAUSAS CIRÚRGICAS:
• Infecção ferida • Pulmonar: necessidade de assistência
• Infecção intra-abdominal ventilatória;
• Essas requerem tratamento cirúrgico • Renal: creatinina > 2mg/dl
• ATB isoladamente não mostra benefícios na • Hepática: Bb > 2,3 md/dl;
maioria dos casos • Gastrointestinal: inabilidade em manter
• Cirurgião é o médico mais habilitado para esse nutrição oral;
diagnóstico • SNC: depressão sensorial ou coma;
• Circulatória: necessidades de drogas para
FEBRE NO PÓS OPERATÓRIO IMEDIATO: geralmente por manter a PA
causas anestésicas • Coagulação: incoagulabilidade
• 1º PO: atelectasia pulmonar
• 2º-3º PO – atelectasia pulmonar, pneumonias,
TEP
• 4º-5º PO- causas inflamatórias e infecciosas –
flebites, celulites, ITU, deiscências,
anastomóticas
• A partir da 1º semana: abcessos, corpo estranho,
TVP, tromboembolismo pulmonar (TEP)

ROTINA DIAGNÓSTICA PARA FEBRE PO

• Anamnese + exame físico cuidadoso


• Checar cateter venoso, drenos, ferimento
operatório, sondas.
• Rx de Tórax: atelectasias, derrames pleurais,
pneumonia
• Hemocultura (leucocitose com aumento de
polimorfonucleares), sumário de urina e gram
de secreções suspeitas
• Métodos complementares: USG do abdome ou
tórax para diagnóstico de peritonite, TC, RNM

SEPSE ABDOMINAL
• Alta taxa de mortalidade e morbidade;
1

BTCA – Anestesia Geral


outros, a depender da necessidade clínica do
INTRODUÇÃO
paciente.
Procedimento feito para conferir ao paciente estado de 5. Recuperação anestésica: consiste na etapa de
analgesia, hipnose, relaxamento muscular e atenuação retorno da consciência quando é retirado o
da resposta autonômica, consequentemente menor anestésico gradativamente, mantendo apenas a
resposta endócrino metabólica ao trauma cirúrgico. oxigenação. Nessa etapa faz-se uso de
Neostigmina, que reverte os efeitos dos
• Instalação rápida da anestesia; bloqueadores musculares, e Atropina, um
• Manutenção da anestesia necessária ao tempo anticolinérgico utilizado para diminuir os
requerido para cirurgia; efeitos bradicárdicos da Neostigmina e para
• Recuperação total para o estado de consciência, diminuir as secreções brônquicas.
despertar completo.
Com isso, a anestesia profunda passa pelos estágios a
A anestesia geral pode ser feita por via venosa ou seguir, referente às fases de ação do anestésico:
inalatória e conta com o auxílio de fármacos
coadjuvantes, chamados de pré-anestésicos, que • Estágio I – Analgesia: consiste na inibição da
servem para abolir a dor, gerar sedação, proteger as transmissão sensorial, mas que ainda mantém
vias aéreas, bloquear os reflexos vagais e reduzir o o paciente desperto e responsivo.
metabolismo.
Fentanil é o sedativo preferencial para esse
ESTÁGIOS DA ANESTESIA GERAL estágio, visto que apresenta rápido início de
A administração dos anestésicos gerais deve ser guiada analgesia e é seguro para pacientes com
pelos princípios de segurança e eficiência, baseada na instabilidade hemodinâmica ou insuficiência
natureza do procedimento a ser realizada, condições renal. As respostas aos estímulos dolorosos
fisiológicas atuais do paciente e propriedades do são reduzidas.
fármaco.
• Estágio II – Excitação: fase caracterizada por
Com isso, o processo anestésico segue as seguintes delírios e comportamentos agressivo/violento.
etapas:
O indivíduo perde a consciência e não responde
1. Preparação pré-anestésica: nesse estágio são mais aos estímulos indolores (tato, pressão,
utilizados ansiolíticos, como Midazolam ou vibração), porém responde, de maneira reflexa,
Diazepam. aos estímulos dolorosos. Este estágio, na
2. Indução anestésica: representa a etapa inicial verdade, é indesejado.
da anestesia, que consiste no momento de
transição ente o estado consciente para o • Estágio III – Anestesia cirúrgica: nesse
estado inconsciente. momento a respiração encontra-se regular e
O Tiopental é o fármaco mais utilizado nesta ocorre relaxamento da musculatura. O reflexo
etapa devido à sua capacidade de “pular” a fase pupilar também diminui e os movimentos
de excitação. oculares cessam até a pupila ficar fixa.
3. Bloqueio neuromuscular: pode ser feito com
succinilcolina e ou rocurônio para facilitar a • Estágio IV – Paralisia bulbar: este estágio curso
intubação orotraqueal. com intensa depressão dos centros
4. Manutenção: é a fase de ajuste da quantidade de respiratórios e vasomotor (Bulbo) e, por isso, o
droga inalada e/ou infundida, minuto a minuto, paciente precisa ser bem monitorizado,
seguindo os parâmetros clínicos e os dados assistido e ventilado durante os procedimentos
fornecidos pela monitorização do paciente. Aqui cirúrgicos, visto que pode ocorrer hipotensão e
utiliza-se comumente Propofol, e outras parada cardiorrespiratória. Nunca deve chegar
classes medicamentosas podem ser usadas, ao estágio IV!!
como antieméticos, antiarrítmicos, entre
2

ANESTÉSICOS INALATÓRIOS Anestésicos podem alterar a liberação de


neurotransmissor pré-sináptico e modificar o fluxo de
• Gases ou vapores administrados por via íons através dos canais pós-sinápticos
inalatória.
• A regra de Meyer-Overton implica num sitio
Os anestésicos inalatórios apresentam uma baixa hidrofóbico de ação.
margem de segurança, uma vez que não é possível • A hipótese do volume crítico propõe uma ação
determinar com exatidão a absorção e distribuição anestésica através da expansão da membrana
desses fármacos pelo organismo. • A teoria da fluidificação lipídica não pode
explicar a produção da anestesia. Evidência de
A potência dos anestésicos inalatórios depende da sua
ação nas proteínas de membrana.
lipossolubilidade (quanto mais lipossolúvel, menos
potente) e da Concentração Alveolar Mínima (CAM), que Estudos recentes têm sugerido que os sítios onde os
é a concentração de anestésico capaz de manter 50% de anestésicos gerais inalatórios exercem sua ação são as
uma população insensível a um estímulo doloroso proteínas G.
padronizado, como a incisão da pele com o bisturi. Ou
seja, quem tem maior CAM, tem menor potência e quem Estas proteínas são vinculadas ao nucleotídeo guanina e
tem menor CAM, tem maior potência (com menos unem receptores de neurotransmissores aos canais
anestésico, consegue mais efeito). iônicos no cérebro.

Quem tem a maior CAM dos anestésicos é o Oxido Devemos pensar em algumas situações antes de
Nitroso, então vai precisar dar mais volume dele para aplicarmos a anestesia:
conseguir chegar a fase que o paciente não mexe. O mais
potente anestésico é o Metoxiurano, pois tem menor • Qual o anestésico ideal? O anestésico que
CAM. promova analgesia, hipnose, relaxamento
muscular, atenuação da resposta autonômica,
MECANISMO DE AÇÃO: modulação do REMIT
• A membrana neuronal deve ser o sítio de ação; • Via de administração
• Age no nível molecular do SNC (cérebro e • Agente anestésico seguro
• Qual a técnica mais confortável e adequada para
medula), inibindo o sistema excitatório ou
cada paciente?
aumentando a ação do inibitório (GABA -
• Há monitorização mínima adequada para
abrindo os canais de cloro).
técnica escolhida?
• Descerebração (pacientes em coma) não altera
• O despertar e recuperação do paciente
a CAM. adequados
• Altas concentrações de anestésicos inalados
são requeridas para interromper a sinapse
axonal (2-3x da CAM) Os principais anestésicos inalatórios são:
3

• HALOTANO: é administrado com o óxido nitroso tem pouco efeito sobre o fluxo sanguíneo
por ser pouco solúvel no sangue, além de cerebral e é menos hepatotóxico do que os
opiáceos e/ou anestésicos locais. É um potente outros anestésicos inalatórios.
hipnótico, não causa irritação e não é
hepatotóxico, podendo ser usado em pacientes FARMACOCINÉTICA
pediátricos. Porém, esse anestésico provoca
A absorção se refere à passagem da droga do seu local
bradicardia, devido à depressão da resposta
de administração para o sangue e a distribuição está
simpática e do efeito direto no nó sinoatrial
relacionada com o transporte da droga do sangue para o
(marcapasso cardíaco), além de hipercapnia,
tecido alvo.
arritmias cardíacas, hipotensão, formação
metabólitos tóxicos e aumento da pressão Com isso, vale ressaltar que a absorção dependerá das
intracraniana em anestesias profundas. vias de administração e da lipossolubilidade do fármaco,
visto que as membranas são lipídicas e com isso só
• ENFLURANO: apresenta recuperação rápida, podem ser atravessadas por substâncias lipídicas,
menor ocorrência de arritmias e efeito curare- sendo o grau de hidrossolubilidade também importante
simile, o que dispensa a utilização de relaxantes nesse processo, para garantir o transporte da droga no
musculares, pois o mesmo já realiza essa meio aquoso (plasma).
função. Como desvantagem, esse medicamento
causa excitação do SNC, é nefrotóxico e é A distribuição, por sua vez, é realizada pelas hemácias e
contraindicado para pacientes com distúrbios proteínas plasmáticas, especialmente a albumina, e
convulsivos. quanto maior o grau de afinidade entre as proteínas
transportadoras e as moléculas do fármaco, maior será
• ISOFLURANO: apresenta como vantagem pouca o tempo necessário para o surgimento de seus efeitos
alteração do débito cardíaco e maior
estabilidade do ritmo cardíaco, apesar de EFEITO DA VENTILAÇÃO E CONCENTRAÇÃO
causar hipotensão. Além disso, não provoca INSPIRADA
atividade convulsivante. Porém, em anestesias Dois fatores determinam a velocidade de concentração
mais profundas provoca aumento do fluxo alveolar: a concentração inspirada e ventilação alveolar.
sanguíneo cerebral e aumento da pressão Quanto maior a ventilação e concentração inspirada,
intracraniana, apesar desse efeito ser mais maior será a velocidade de concentração alveolar e
brando do que o provocado pelo halotano, o que mais rápida a indução anestésica.
torna o isoflurano preferencial na
neurocirurgia. Pré oxigenação do paciente, procedimento capaz de
realizar depois de 5 minutos de oxigenoterapia a 100%
• METOXIFLURANO: é mais potente por ser muito (por meio de uma máscara) antes da indução da
lipossolúvel e, apesar de ser nefrotóxico, é anestesia, a desnitrogenação do paciente.
muito empregado na obstetrícia por não
provocar relaxamento da musculatura uterina, Depois de retirado todo o nitrogênio do alvéolo, este
importante para o momento do parto. estará avido e extremamente sensível para infusão de
qualquer substância, sobretudo, os agentes
• SEVOFLURANO: não irrita as vias aéreas e não anestésicos de cunho inalatório.
provoca alterações significativas no débito e
Estes agentes encontrarão nos alvéolos apenas O2 gás
ritmo cardíaco, o que é benéfico para pacientes
de alta difusibilidade e terão maior facilidade para
com doença isquêmica do miocárdio. Outra
difundir-se ao longo das paredes alveolares.
vantagem desse anestésico é que tem captação
e eliminação rápidas. RELAÇÃO ENTRE ANESTÉSICO INALATÓRIO
INSPIRADO E ALVEOLAR
• ÓXIDO NITROSO: é um analgésico potente, com
fraco efeito anestésico, requerendo associação Para haver inibição da sensibilidade durante a indução
com outros adjuvantes. É o mais seguro dos da anestesia, é necessário obter uma concentração
anestésicos gerais, desde que administrado alveolar suficiente, que represente a dose anestésica.
com 20% de oxigênio, o que retarda a captação
Existe uma grande diferença entre a concentração
de O2 durante a recuperação. Não altera a
administrada (fração inalada ou FI) e a concentração
frequência cardíaca e nem a pressão arterial,
alveolar (fração alveolar ou FA). À medida que o tempo
4

passa, a diferença diminui e o equilíbrio cinético vai se manutenção da anestesia, pois sua eliminação é
processando. A relação FA/FI vai se aproximando de 1. relativamente lenta quando comparada com os
fármacos inalatórios.
• O óxido nítrico por ter maior fração inspirada,
usualmente 50 a 70% tem o maior efeito Os anestésicos venosos mais utilizados são os
concentração. sedativos hipnóticos. Os principais são:

EFEITO DO SEGUNDO GÁS • PROPOFOL: normalmente utilizado nas grandes


anestesias, sendo um indutor de ação rápida
O óxido nitroso, transfere-se para o sangue mais com recuperação muita rápida. É um agonista
rapidamente que o segundo agente administrado, de receptores GABA, cuja ligação leva à
diminuindo assim a sua concentração nos alvéolos e abertura de canais de cloreto, provocando a
aumentando a dos gases remanescentes. hiperpolarização neuronal. Sua utilização
requer associação com narcóticos para
• O oxido nitroso aumenta a pressão parcial de outros
analgesia, pois causa dor no local de injeção,
gases que estão misturados ao oxigênio
além de provocar diminuição da pressão
• A perda de volume associada a captação de oxido
arterial sem deprimir o miocárdio e reduzir a
nitroso concentra o 2º gás
pressão intracraniana.
• A reposição deste gás irá elevar a quantidade do 2º
gás no pulmão
• MIDAZOLAM: comumente utilizado na cirurgia
Faz-se primeiro a desnitrogenação do paciente. Logo pediátrica. Além de suas funções
depois, aplica-se o agente anestésico inalatório e sedativas/hipnóticas, também age como
concomitantemente, administra-se oxido nitroso, o ansiolítico, droga amnésica, anticonvulsivante e
segundo gás, responsável por, de maneira didádica, relaxante muscular de ação central. Uma
empurrar o primeiro gás contra a parede dos alvéolos vantagem do uso desse anestésico é sua
(aumentando, assim, a pressão parcial do primeiro gás, capacidade de manter a estabilidade
isto é, do anestésico inalatório) aumentando a hemodinâmica.
velocidade de indução do anestésico.

EFEITO DO ÓXIDO NITROSO EM ESPAÇOS • ETOMIDATO: apresenta excelente controle


FECHADOS hemodinâmico para o processo de indução,
além de gerar inibição do eixo hipotálamo-
Devido à sua grande capacidade de se difundir em hipofisário (quando administrado em infusão
espaços fechados que contenham gás, o óxido nitroso é contínua) e diminuir a pressão intracraniana.
contraindicado na presença de pneumotórax, obstrução Sua dose letal é 15 vezes maior que a dose
intestinal de delgado, cirurgias do ouvido médio e da terapêutica, garantindo uma margem de
retina (podem ser formadas bolhas de gás locais). segurança maior do que outros anestésicos.

HIPÓXIA DE DIFUSÃO • TIOPENTAL: pode ser usado tanto na indução da


Durante a recuperação anestésica a eliminação de altas anestesia geral quanto na anestesia completa
concentrações de óxido nitroso pode diminuir as de curta duração. Apresenta indução rápida,
concentrações de oxigênio, devido a diluição alveolar. porém cursa com “ressaca anestésica”, ou seja,
tem recuperação lenta devido ao acúmulo nos
• É evitada com administração de oxigênio a 100% compartimentos. Esse anestésico também é
5 a 10 minutos antes de descontinuar o óxido utilizado para o controle de convulsões e
nítrico.
redução da pressão intracraniana, sendo
ANESTÉSICOS VENOSOS empregado na neurocirurgia. A grande
vantagem do Tiopental é que não provoca a fase
Os anestésicos venosos são mais utilizados no estágio de excitação anestésica e, além disso,
de indução anestésica, visto que levam ao estado de apresenta potencial anestésico e de relaxante
inconsciência em cerca de 20 segundos, assim que o muscular.
fármaco chega ao cérebro.

A vantagem desses anestésicos é que eles “burlam” a


fase excitatória da anestesia, que é indesejável. Porém,
os anestésicos venosos não devem ser utilizados para
1

BTCA – Pre Operatorio


INTRODUÇÃO CRITÉRIO DE EAGLE

O período pré-operatório tem início no momento em que


o paciente recebe a indicação da operação e se estende
até a sua entrada no centro cirúrgico.

Abrange desde a visita do paciente ao consultório até a


consulta do mesmo ao ser internado.

A avaliação pré operatória difere de forma significativa a


depender:

o Da natureza da queixa e da intervenção cirúrgica


proposta;
o Das condições clínicas do paciente;
o Da avaliação dos fatores de risco;
o Dos resultados das investigações e das
intervenções que favoreçam o quadro clínico
como um todo;
o Da prontidão do paciente para a cirurgia.
CLASSIFICAÇÃO ASA
O objetivo não é procurar extensivamente por doenças
não diagnosticadas, mas identificar e quantificar
qualquer comorbidade de que pode afetar o resultado
cirúrgico.

Essa avaliação pré-operatória deve ser baseada em


uma anamnese detalhada, exame físico adequado e
solicitação de exames complementares.

FATORES QUE AUMENTAM O RISCO


ANESTÉSICO-CIRURGÍCO

RELACIONADOS AO PROCEDIMENTO:

• Duração > 4 horas


• Perda sanguínea > 1500 ml
• Invasão de cavidades (peritoneal)
PRINCIPAIS EXAMES PRÉ OPERATÓRIOS EM
• Anestesia geral
CIRURGIA DE BAIXO RISCO, PACIENTE
• Cirurgia de emergência
SEM COMORBIDADE
RELACIONADOS AO PACIENTE:

• Idade > 70 anos


• Doença cardiovascular, pulmonar, metabólica,
renal ou hepática
• Baixa capacidade funcional
• Instabilidade cardiovascular ou respiratória
• Número de doenças associadas

AVALIAÇÃO DO RISCO CIRÚRGICO


2

PRINCIPAIS EXAMES PRÉ OPERATÓRIOS EM ELETRÓLITOS


PACIENTES APRESENTANDO COMORBIDADES
Condições que podem interferir no equilíbrio
hidroeletrolítico do paciente (diuréticos, corticoides,
nefropatias, hiperaldosteronismo, Insuficiência
cardíaca, insuficiência hepática).

UROCULTURA

• Indicada em pacientes que são submetidos a


sondagem vesical
• Bacteriúria assintomática
• Idade > 65 anos
• História de ITU de repetição
• Nefrolitíase, gravidez, AIDS

RAIO X DE TÓRAX

• Idade maior que 60 anos


EXAMES COMPLEMENTARES • Operações torácicas, abdome superior
• Cardiopatas
HEMOGRAMA
• Pneumopatas
• Intervenções de grande porte. • Portadores de neoplasias
• Tabagista com carga tabágica > 20 maços/ano
Suspeita clínica de anemia/policitemia, IRA,
esplenomegalia, uso de anticoagulantes, presença de ELETROCARDIOGRAMA
infecção, radio ou quimioterapia recentes
• Homem > 40 anos e mulher > 50 anos
COAGULOGRAMA • Presença de doenças sistêmicas associadas a
patologias cardíacas: DM, HAS, DCV, lúpus
Tempo de atividade da protrombina, Tempo de eritematoso sistêmico, hiperlipidemia, uso
tromboplastina parcial elevada, Plaquetometria crônico de drogas cardiotóxicas, portadores de
doenças pericárdicas, endocárdicas ou
• História de sangramentos anormais
miocárdicas.
Operações vasculares, oftalmológicas, neurológicas,
hepatopatias, síndrome de má absorção, neoplasias, TIPAGEM SANGUÍNEA
esplenomegalia • Possibilidade de perda sanguínea maior que
30%
GLICEMIA • Uso de anticoagulantes
• Idade maior que 40 anos • Discrasias sanguíneas
• História pessoal ou familiar de DM
• Uso de hiperglicemiantes TESTE DE GRAVIDEZ
• Pancreatopatias • Mulheres em período fértil com vida sexual
ativa
CREATININA

• Idade > 40 anos SOROLOGIA DE HIV


• História pessoal ou familiar de nefropatia • Sinais e sintomas compatíveis com SIDA
• História de HAS ou DM • Comportamento de risco: sexual, uso IV de
drogas ilícitas
ENZIMAS HEPÁTICAS • História prévia de transfusão de sangue
• Hepatopatas
ABORDAGEM SISTEMÁTICA NA AVALIAÇÃO
• Alcoólatras
PRÉ OPERATÓRIA
• Pesquisar também o Tempo de atividade da
protrombina e proteínas totais e frações AVALIAÇÃO CARDIOVASCULAR
3

• Anamnese: identificação, idade, medicamentos, • Teste de indução isquêmica: teste ergométrico,


alergias, hábitos e costumes cintilografia
• Exame físico: estenose aórtica grave, pressão
venosa jugular elevada, edema pulmonar e/ou Existem alguns escores que avaliam e quantificam
terceira bulha cardíaca (estratificam) o risco cardiovascular, ou seja, a
• ECG probabilidade do paciente apresentar eventos como
• Ecocardiograma: é reservada para os casos em IAM, parada cardíaca não fatal, bloqueio atrioventricular
que há suspeita de doença valvar não total e morte cardíaca no período perioperatório. Temos
diagnosticada, doença valvar sintomática, a estratificação de risco cardíaco de Goldman, mas não
suspeita de insuficiência cardíaca ou é mais tão utilizada nos dias atuais.
insuficiência cardíaca com piora de grau
funcional.

O Índice de Risco Cardíaco Revisado (IRCR) estima o risco cardiovascular com base no tipo de cirurgia e critérios clínicos.
4

CAPACIDADE FUNCIONAL RISCOS DE COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS


RELACIONADOS A SITUAÇÃO CLÍNICA DO PACIENTE:
O estado funcional do paciente avaliado pelo índice de
atividade de Duke se mostrou preditor de eventos
cardíacos no pós-operatório, apesar da subjetividade
intrínseca do método.

Com breves perguntas pode-se avaliar o estado


funcional do paciente.

O status funcional pode ser expresso em equivalentes


metabólicos (1 MET é definido como um consumo de
oxigênio de 3,5 mL/Kg/ min, que é o consumo de oxigênio
no repouso, numa posição sentada).

A habilidade de se atingir 4 METs de atividade sem


sintomas é um indicador de bom prognóstico.

Indicadores do status funcional incluem o seguinte:

o Pode cuidar de si mesmo, como comer, vestir ou


usar o banheiro (1 MET)

o Pode subir um lance de escadas ou subir uma


colina ou caminhar no nível do solo a 3 a 4 mph (4
METs)

o Pode fazer trabalhos pesados ao redor da casa,


como esfregar pisos ou levantar ou mover móveis
AVALIAÇÃO DO FUNCIONAMENTO PULMONAR:
pesados, ou subir dois lances de escada (entre 4 e
10 METs) Espirometria e radiografia de tórax:
o Volume expiratório forçado no primeiro segundo
o Pode participar de esportes extenuantes, como (VEF1): se < 0,8L/s ou 30%, maior risco de
natação, tênis individual, futebol basquete e esqui complicações respiratórias no pós-operatório.
(acima de 10 METs) o Capacidade vital forçada
o Capacidade de difusão de monóxido de carbono.
AVALIAÇÃO PULMONAR
AVALIAÇÃO NEFROLÓGICA
As complicações respiratórias pós-operatórias mais
significativas e estudadas são: infecções (pneumonia), A meta deve ser a identificação de distúrbios
insuficiência respiratória e ventilação mecânica cardiovasculares, hematológicos e metabólicos
prolongada, exacerbação de doença pulmonar de base, secundários a disfunção renal.
atelectasia e broncoespasmo.
• Creatinina > 2 mg/dL é um fator de risco
INDICAÇÕES: independente para complicações cardíacas;
• Cirurgias de ressecções pulmonares;
Insuficiência renal crônica em estágio terminal devem
• Em cirurgias que requerem ventilação ser hemodializados antes da operação para equilibrar o
monopulmonar; volume intravascular e controlar o K+

• Em cirurgias do andar superior do abdome; Prevenção perioperatória da agressão renal consiste


em evitar agentes nefrotóxicos e manter o volume
• Em cirurgias de grande porte abdominais e intravascular adequado
torácicas em pacientes acima de 60 anos com
• No pós operatório evitar agentes AINH em
doenças preexistentes, tabagismo ou com
pacientes com insuficiência renal (agentes com
sintomatologia pulmonar.
excreção renal)
5

• No pós operatório ajustar as dosagens das • Exame físico: hematomas, petéquias,


drogas necessárias de acordo com as linfadenopatia, esplenomegalia
recomendações farmacológicas
• Disfunção renal: bioquímica completa: Na+, K+, • Anamnese: histórico pessoal e familiar de
Ca+, Mg++, Cl-, albumina; perfil da coagulação sangramentos, hematomas

AVALIAÇÃO HEPATOBILIAR • Exames laboratoriais: hemograma, contagem


de reticulócitos, ferro sérico, capacidade total
• Paciente com disfunção hepática: determinar
de ligação do ferro, ferritina, vitamina B12 e
grau do dano:
níveis de folato.
o Enzimas AST e ALT, albumina sérica,
protrombina e fibrinogênio, tipagem e Estimar ou antecipar o grau de perda sanguínea. Menos
prova cruzada de 30% de perda rápida de volume não necessitará de
o Hepatite transfusão em indivíduos hígidos. Hb < 6 mg/dL:
o Cirrose geralmente necessitam. Hb 6-10g/dL- transfusão ditada
o Pesquisar história de exposição a sangue por circunstâncias clínicas.
ou hemoderivados ou de exposição a
agentes hepatotóxicos, se foi diagnosticado AVALIAÇÃO DO RISCO TROMBOEMBÓLICO
hepatite, quando foi e qual atividade levou a
infecção Denomina-se tromboembolismo venoso a ocorrência
de trombose venosa profunda e embolia de pulmão.
AVALIAÇÃO ENDÓCRINA
Por conta disso, sua profilaxia tem papel fundamental na
• Diabetes diminuição da morbidade e da mortalidade dos
• Obesidade pacientes cirúrgicos.
• Eutireoidismo
• Uso de esteróides • Adiar sempre que possível a cirurgia por 1 mês
• Exames: dosagem de glicemia jejum e pós- se ocorrência de TVP
prandial e hemoglobina glicosilada, níveis
séricos de eletrólitos, ureia, creatinina • Cogitar uso do filtro da veia cava se cirurgia
(suspeita de distúrbios metabólicos e inadiável e evento ocorrido a menos de 2
comprometimento renal), proteinúria, etc. semanas. Tem como objetivo evitar a
progressão dos coágulos sanguíneos dos
MANEJO DAS INSULINAS ANTES DA CIRURGIA: membros inferiores para o pulmão.
Suspender as insulinas de ação rápida e curta quando o
paciente iniciar o jejum.
• Só são administradas no evento de
hiperglicemia durante o jejum

As preparações de insulina de ação intermediária e


prolongada são administradas em 2/3 da dose normal na
noite anterior do dia da cirurgia metade da dose normal
na manhã do dia da cirurgia.

MANEJO DOS HIPOGLICEMIANTES ORAIS ANTES DA


CIRURGIA:
Suspender doses normais dos antidiabéticos orais no
dia da cirurgia retornando quando a dieta oral seja A avaliação do risco deve ser realizada
retomada. Exceto a metformina, que deve ser preferencialmente durante a avaliação pré-operatória
descontinuada até que a função renal se normalize ou se ambulatorial ou no momento da admissão do paciente e
estabilize para evitar acidose metabólica. deve seguir algum dos algoritmos das diretrizes para
terapia antitrombótica e prevenção de trombose do
AVALIAÇÃO HEMATOLÓGICA American College of Chest Physicians.

• Triagem: anemias, coagulopatias, estados de


hipercoagulabilidade.
6

AVALIAÇÃO PARA PROFILAXIA DE EVENTOS • Dados antropométricos: peso, altura, dobras


TROMBOEMBÓLICOS: cutâneas, circunferência abdominal, IMC
• Histórico de hipercoagulabilidade: proteínas C, • Níveis de albumina ou pré-albumina
s e antitrombina III e anticospos • Achados físicos: perda de gordura temporal,
antifosfolipídeo caquexia, dentição pobre, ascite ou edema
periférico
• Idade
• Tipo de intervenção cirúrgica • Estado imunológico
• Tromboembolismo prévio • Desnutridos graves: nutrição parenteral pré-
operatória por 7 a 10 dias
• Câncer, veias varicosas, obesidade, disfunção
cardíaca, gravidez, DII, SN • Obesos: aumento da mortalidade
perioperatória, por complicações
• Uso de estrogênio ou tamoxifeno, uso de
cardiorrespiratórias e maior chance de
cateteres venosos centrais de longa
infecção pós operatória.
permanência
AVALIAÇÃO PRÉ ANESTÉSICA
O início da profilaxia deve ser feito conforme segue:
A consulta pré anestésica tem a finalidade de avaliar
Para pacientes de alto risco: preferencialmente, 12
previamente e otimizar a condição clínica dos pacientes.
horas antes do procedimento (caso não tenha sido
realizada antes, 12-24 horas após o procedimento);
• Anamnese e boa relação médico-paciente
Para pacientes de risco moderado: em caso de anestesia Ela não deve ser agendada muito próxima do dia da
geral: 2-4 horas antes do procedimento; em caso de cirurgia, exceto cirurgia de emergência ou urgência,
bloqueio neuroaxial: pelo menos 2 horas após o nem com muita antecedência (meses)
bloqueio; caso não seja realizada antes do
procedimento, iniciar 12-24 horas após a cirurgia. TERMO DE CONSETIMENTO

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL Consiste no ato de decisão, concordância e aprovação do


paciente ou do seu representante legal, após necessária
Desnutrição influencia diretamente no perioperatório.
informações e explicações, sob a responsabilidade do
São consideradas significativas perdas de 10% do peso
médico, a respeito dos procedimentos, diagnóstico ou
nos últimos 6 meses ou perda de 5% do peso no último
terapêuticos que são indicados.
mês
7

• A recusa do consentimento: Geralmente, antibióticos profiláticos não são


o Podem ocorrer em situações em que o necessários para casos de feridas limpas (classe I),
paciente negue o consentimento para a exceto prótese de longa permanência ou osteotomia.
realização de determinado procedimento Cefazolina por 24 horas.
médico;
o Se houver duvidas da capacidade de Os pacientes submetidos a procedimentos de classe II
decisão, convém que o médico solicite se beneficiam de uma única dose do antibiótico
avaliação especializada; apropriado administrado anteriormente à incisão da
o Deverá ser preenchido um termo de recusa. pele. Em geral utiliza-se a cefazolina para os casos
abdominais (hepatobiliar, pancreático,
ANTIBIOTICOPROFILAXIA gastroduodenal).

Reduz risco de infecções do sítio cirúrgico pós- Casos com feridas contaminadas (classe III) requerem
operatórias. preparo mecânico ou antibióticos parenterais com
atividade tanto aeróbica quanto anaeróbica. Cefazolina +
Escolha do antibiótico deve ter atividade contra metronidazol
patógenos identificados prováveis e depende do tipo de
ferida operatória. Feridas infectadas (classe IV) geralmente requerem o
mesmo espectro de antibióticos.

HÁBITO TABAGISTA nebulização, anticonvulsionantes, drogas psiquiátricas


devem ser aconselhadas a tomar seus medicamentos
O tabagismo altera a resposta ao ato operatório e com um gole d’água na manhã da operação.
dificulta o processo de cicatrização.
• Antiagregantes plaquetários: aspirina e
• A nicotina prejudica o transporte de oxigênio clopidogrel devem ser suspensas por 7 a 10 dias
pelas hemácias devido à alta concentração de antes a cirurgia. Pacientes portadores de
monóxido de carbono. doenças isquêmicas devem ter a aspirina
• A cessação do tabaco para prevenção de mantida em baixas doses.
complicações deve ocorrer de 4 a 8 semanas • AINES dependendo da meia vida devem ser
antes da cirurgia. suspensos entre 1 dia (ibuprofeno e
indometacina) e 3 dias (naproxeno e sulindac).
SUSPENSÃO DE MEDICAMENTOS
• Estrogênio e tamoxifeno devem ser
Em geral pacientes tomando medicações cardiológicas, interrompidos por um período de 4 semanas
incluindo beta-bloqueadores e antiarrítmicos, anti- antes da cirurgia por risco de TVP.
hipertensivos; broncodilatadores inalatórios ou via
8

JEJUM equipamentos especiais – VDL, microscópio,


monitorização invasiva...)
• A alimentação pré operatória está relacionada • Monitorização invasiva e não invasiva:
com aspiração durante a anestesia geral o Acesso venoso
• O jejum tenta garantir o esvaziamento do (periférico/central/dissecção)
conteúdo gástrico, evitando broncoaspiração, o Monitorização cardíaca
vômitos, regurgitação o Monitorização sat O2
• Suplementação pré-operatória com o Monitorização da temperatura corporal
carboidratos pode melhorar a resposta do o PAM
paciente ao estresse perioperatório. o BIS – monitor do SNC
• Se o paciente for obeso, acrescenta-se 2 horas o Capnografia – indispensável em anestesia
a mais no jejum, pois há um retardo no geral
esvaziamento gástrico. o Sondagem vesical

PREPARAÇÃO DA PELE E TRICOTOMIA

• As etapas no preparo pré-operatório da pele


são: banho geral, tricotomia e antissepsia local.

A tricotomia (raspagem dos pelos) é feita para se ter a


visão do local de incisão, porém aumenta a incidência de
infecção local, portanto deve ser realizada no momento
cirúrgico.

Não se recomenda o uso de antisséptico nas feridas


abertas, mas limpeza mecânica com solução fisiológica.

No preparo do campo operatório empregam-se as


soluções que apresentam poder germicida de efeito
prolongado (povidona-iodo ou clorexidina).

PREPARO PRÉ OPERATÓRIO

• Apresentação do termo de consentimento


informado
• Jejum pré-operatório
• Tricotomia
• Banho
• Profilaxia pra TEV
• Definição de via aérea
• Posicionamento em mesa cirúrgica
• Check-list de prevenção de segurança:
(paciente, patologia, modalidade de cirurgia,
local a ser operado, equipe cirúrgica)
• Check-list de equipamentos anestésicos e
cirúrgicos: (mesa cirúrgica, focos, aspirador,
carrinho de anestesia, oxímetro, monitor
cardíaco, instrumental cirúrgico, aquecedor,
1

BTCA – Pos Operatorio


DIETA OU JEJUM
DESCRIÇÃO CIRÚRGICA

Aspectos relevantes: relata o que ocorreu na cirurgia, • Jejum (até recuperação anestésica), exceto em
cirurgias do TGI
inclusive complicações no ato operatório. Além disso,
relata posição do paciente, atos cirúrgicos • Realimentação precoce e progressão da dieta.
fundamentais, tipo de anestesia e o achado cirúrgico; Geralmente a progressão inicia com dieta
líquida, seguida de pastosa e depois sólida.
• É um documento médico/base para estudos • Taxa metabólica basal: 25-30 Kcal/Kg/ dia
científicos. • Aporte de proteínas: 1-1,2g/Kg/dia

PRESCRIÇÃO PÓS OPERATÓRIA OBS: evitar catabolismo do doente, visto que ocorre
muito consumo de calorias, especialmente proteínas
• Dieta ou Jejum
• Reposição hidroeletrolítica/hemoderivados ANTIEMÉTICOS
• Antibióticos
• Evitar enjoo, vômitos
• Analgesia
• Antieméticos: especialmente cirurgias no TGI, • Usar no transoperatório
pacientes que receberam anestesia geral • Vômitos ocorrem geralmente nas primeiras 18
h, principalmente com anestesia geral
• Profilaxia contra TVP
• Profilaxia de doenças ulcerosas: em pacientes Em pacientes com distensão do TGI por gás e alterações
que passam muito tempo em jejum ou terapia da motilidade: vale a pena usar sonda nasogástrica.
intensiva
• Medicações usuais REPOSIÇÃO HIDRO-ELETROLÍTICA
• Débito de sondas e drenos: quantificar o
volume Em circunstâncias normais, as necessidades de água
• Fisioterapia diárias variam de 30 a 35 ml/kg de peso
• Sinais vitais
Aporte calórico: 100g de glicose/dia → para evitar a
PROJETO ACERTO – ACELERAÇÃO DA formação de corpos cetônicos
RECUPERAÇÃO TOTAL EM PÓS OPERATÓRIO
o SG5% 500 ml → 25 g de glicose → 100 kcal
Conceito de diminuir o tempo do paciente internado e, o GH 50% 10 ml → 5 g de glicose → 20 kcal
por consequência, diminuir as complicações.
RISCO DE TEP/TVP:
• Analgesia pós-operatório para amplificar a
analgesia;
• Profilaxia e controle de vômitos no pós-
operatório imediato (Ex. uso de dexametasona)
• Realimentação precoce no pós-operatório:
evitar comprometimento catabólico
• Evidência para o uso de drenos e sondas em
cirurgia. Se atentar as indicações, pois o uso de
dreno pode produzir um processo inflamatório
e ser uma via de infecção.
• Deambulação ultra-precoce
• Uso racional de antibióticos em cirurgia – evitar
resistência antimicrobiana
• Auditoria periódica de condutas e resultados
em cirurgia – identificar o perfil de infecção, Pacientes de alto risco: estimular a deambulação
entre outros fatores precoce e uso de meias compressivas. Além disso,
2

durante a cirurgia utilização de compressores o Hematoma


pneumáticos. Fazer uso de enoxaparina o Infecção de sítio cirúrgico: sinais flogísticos
(anticoagulante). (saída de pus, edema)
o Deiscência
• Tempo cirúrgico maior que 2 horas aumenta o
risco da cirurgia O seroma, infecção e deiscência geralmente ocorrem no
4º ao 8º dia pós-operatório
Risco moderado: medidas mecânicas + utilização de
enoxaparina se houver mais de dois itens de risco. SISTEMA RESPIRATÓRIO:
• Cuidados: Promover posição do paciente,
COMPLICAÇÕES NO PÓS OPERATÓRIO
deambulação, fisioterapia, cessar tabagismo,
PREVENÇÃO visando evitar as complicações
• Complicações: atelectasia, pneumonia, embolia
• Identificação do tipo de cirurgia (estratificação pulmonar
risco cirúrgico)
• Checklist cirúrgico (time-out) – atividade SISTEMA CARDIOVASCULAR:
realizada pela enfermeira do bloco cirúrgico
• Monitorização e Prevenção de IAM e Arritmias
• Hospitais para as especialidades
• Treinamento cirúrgico em modelos SISTEMA RENAL:
experimentais
• Manejar hidratação
CUIDADOS NO PÓS • IRA pré-renal/renal/pós-renal

SÍTIO CIRÚRGICO: SISTEMA DIGESTÓRIO:


• Utilizar curativos enquanto a ferida estiver • Cuidados: sondas e drenos
aberta, quando ainda não houver epitelização • Complicações: Náuseas, vômitos, hemorragia,
• Complicações: úlcera, aderência, íleo paralítico, fístula,
o Seroma: é uma coleção de líquido, deiscência, obstrução
constituído normalmente de plasma e linfa,
no tecido subcutâneo.
1

BTCA – Cirurgia Ambulatorial


Ex. herniorrafias inguinais, safenectomias, papilotomia
INTRODUÇÃO
endoscópica, colecistectomia e hernioplastias hiatais
Não demandam necessidade premente de internação por videolaparoscopia.
hospitalar e a permanência do paciente no serviço não
deve exceder 24 horas; TIPOS DE UNIDADES DE CIRURGIA
AMBULATORIAL
• As operações em regime ambulatorial são
Obedecem modelos baseados no porte da operação, nas
realizadas sob qualquer tipo de anestesia.
características do serviço e nas condições do paciente:
Exemplo: na criança a gente opera uma hérnia com
I- Dispensação após o procedimento
anestesia geral, porque se fizer algo leve como
(anestesia local)
benzodiazepínico e no final a criança tiver dor, ficar
II- Permanência por um curto tempo para
agitada, pode causar, ansiedade, e qualquer mínimo de
recuperação (anestesia local ou
estresses, pode descompensar.
locorregional, com ou sem sedação)
CIRURGIA DE PEQUENO PORTE III- Pernoite (todos os tipos de anestesia)

São realizadas geralmente sob anestesia local, com alta SELEÇÃO DOS PACIENTES
imediata do paciente. Incluem as operações feitas no
• Pacientes hígidos ou com distúrbio sistêmico
consultório ou ambulatório.
moderado e controlado, decorrente de doenças
• Ex. retirada de lesões tumorais da pele e do crônicas (ASA I ou II respectivamente).
subcutâneo, postectomia, vasectomia, • Procedimentos cirúrgicos que não necessitam
hemorroidectomia, polipectomias cuidados especiais no pós operatório.
endoscópicas em casos selecionados. • Garantia de acompanhante adulto, lúcido e
previamente identificado.
Nem sempre a cirurgia ambulatorial será realizada
somente em ambulatório, podendo acontecer em Conhecimento por parte do paciente e do
consultórios ou hospital dia. acompanhante, verbalmente e por escrito, da relação
dos cuidados pós-anestésicos e pós-operatórios, bem
• Hospital dia é o regime de assistência como o compromisso da Unidade para atendimento de
intermediário entre a internação e o eventuais intercorrências.
atendimento ambulatorial. Para a realização de
procedimentos clínicos, cirúrgicos, CONDIÇÕES DE ALTA DO PACIENTE
diagnósticos e terapêuticos, o Hospital-dia é
• Orientação no tempo e no espaço;
indicado quando a permanência do paciente na
• Estabilidade dos sinais vitais há pelo menos 60
unidade é requerida por um período máximo de
minutos;
12 horas. Então, o paciente que vai fazer uma
• Ausência de náuseas e vômitos;
cirurgia de catarata, após a cirurgia aguarda se
• Ausência de dificuldade respiratória;
recuperar, estando tudo bem, vai para casa.
• Capacidade de ingerir líquidos;
Não é um hospital que tem plantonista um diarista para • Capacidade de locomoção, se não houver
passar na enfermaria e coisa do gênero, nem muito contraindicação;
menos UTI. • Sangramento mínimo ou ausente;
• Ausência de dor de grande intensidade, ou no
CIRURGIA DE GRANDE PORTE máximo dor controlada por medicamentos via
oral;
Cirurgia realizada sob qualquer modalidade anestesia.
• Ausência de retenção urinária.
É necessário um período de monitorização ou
recuperação pós operatória.
2

PROTOCOLO DE EXAMES OLFTAMOLOGIA: catarata, estrabismo

• Idade < 50 anos, paciente saudável – nenhum OTORRINO: amidalectomia, adenoidectomia,


exame. ANAMNESE E EXAME FÍSICO!! miringotomia, laringoscopia, polipectomia,
• Eletrocardiograma: pacientes com idade maior septoplastia, timpanoplastia
ou igual a 50 anos. Antecedentes de hipertensão
arterial, história de doença cardiovascular e ORTOPEDIA: atroscopia, liberação do túnel do carpo,
procedimento cardiotorácico. exérese de cisto sinovial
• RX de tórax: procedimento cardiotorácico
UROLOGIA: cistoscopia, orquipexia, vasectomia,
• Testes bioquímicos no sangue: doença renal,
postectomia, hidrocelectomia, varicocelectomia
doença metabólica (diabetes, adrenal, tireoide),
uso de diuréticos e quimioterápico. CUIDADOS TOMADOS
• Exame de urina: procedimentos
genitourinários. • Assepsia e antissepsia do campo operatório;
• Hemograma: distúrbios hematológicos. • Anestesia local ou locorregional;
• Instrumental delicado;
VANTAGENS DA CIRURGIA • Princípios: diérese, preensão, hemostasia,
exposição, excisão, síntese.
• Alteração mínima da rotina do paciente e da
família; FIBROMAS
• Individualização do cuidado;
• Redução do risco de infecção hospitalar; • Tumor de origem conjuntiva, não doloroso, de
• Redução da incapacidade física com retorno tamanho variável
mais rápido ao trabalho; • Móvel, pediculado ou não
• Morbidade e mortalidade menores. Mortalidade • Lesão bem capsulada, bem circunscrita
próxima de zero. Intercorrências mais • Decorrente da proliferação de fibroblastos –
frequentes: dores, náuseas e vômitos; neoformação de colágeno
• Redução de custos e aumento dos leitos • Ocasionais ou participantes de síndromes
hospitalares; clínicas: Neoplasia endócrina múltipla IIB e
Síndrome de Von Recklinhausen -
DESVANTAGENS DA CIRURGIA neurofibromatose. Um grande problema dessa
síndrome é quando esses neurofibromas
• Indisponibilidade de cuidados pré-operatórios
ocorrem em região intracraniana, podem
no período pós-operatório precoce;
causar um problema importante porque
• Maior índice de suspensão da cirurgia em
comprimem raízes nervosas e estruturas do
regime ambulatorial em detrimento de
SNC.
cirurgias de urgência;
• Tratamento: cirurgia ambulatorial
• Necessidade de permanência hospitalar além
do esperado.

PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS REALIZADOS

CIRURGIA GERAL: biópsia e exérese de lesões de pele e


subcutâneo, anexos e partes moles, lararoscopia
diagnóstica, colescistectomia por minilaparotomia e
videolaparoscopia, varicectomia, herniografia de
parede abdominal, hemorroidectomia, hernioplastia
hiatal por videolaparoscopia

DERMATOLOGIA: biópsia e exérese de lesões cutâneas

ENDOSCOPIA: EDA e endoscopia digestiva baixa para


diagnóstico e terapêutica (polipectomia, papilotomia,
esclerose de varizes)

GINECOLOGIA: curetagem uterina, laqueadura tubária,


cirurgia de vulva, retirada de nódulos mamários,
3

LIPOMAS TUMORES CUTÂNEOS MALIGNOS


Quando uma lesão pode ser maligna?
• Tumor benigno constituído por células adiposas
A- Assimetria
adultas
B- Bordos irregulares
• Comuns em nádegas, pescoço, costas, porção
C- Coloração (discromias, policromias)
proximal das extremidades
D- Diâmetro > 6 mm
• Nódulo subcutâneo arredondado, de
consistência macia
• Não são dolorosos
• Deslocável sob a pele. Ligado a pele por traves
fibróticas – pele em “casca de laranja”
• Tratamento: cirurgia ambulatorial

Carcinoma basocelular

CISTOS SEBÁCEOS

• Resultante da obstrução do conduto de uma


glândula sebácea – cisto de retenção
• Regiões comuns: couro cabeludo, orelha,
pescoço, dorso e face
• Possuem crescimento lento e assintomático
• Pode eliminar material caseoso, amorfo. Pode
ser identificado ponto duetal
• Tratamento: cirúrgico, atentar para retirada por
completo da cápsula da lesão
1

BTCA – Pequenos Procedimentos


- Parte I -
• A punção da veia jugular externa deve ser
ACESSO VENOSO PERIFÉRICO
utilizada como último local de escolha e sempre
O acesso venoso periférico é um procedimento que por profissionais experientes.
permite uma via de acesso ao sistema venoso periférico
do paciente através da utilização de dispositivos
intravenosos.

Eles são indicados principalmente para administração


de medicamentos, soluções, fluidos e
hemocomponentes quando há necessidade de acesso
rápido ao sistema circulatório, ação imediata desses e/
ou impossibilidade de utilização de medicamentos por
outras vias (p. ex., trato gastrintestinal, intramuscular
etc.).

Os dispositivos endovenosos possuem uma


extremidade destinada à perfuração e à penetração das
estruturas corporais e outra para promover conexões
com seringas ou equipos.

• Existem dois tipos de dispositivos


endovenosos: o agulhado (Scalp® ou Butterfly)
e o não-agulhado (cateter flexível ou cateter
sobre agulha) (Abocath®, Jelco®, Intima® ou
Introcan®).

O cateter flexível possui a vantagem de retirar o mandril


metálico, permanecendo no vaso apenas o dispositivo
flexível, além de possibilitar a permanência por um
longo período, com com calibres que variam de 14 a 24 G.
Lembre-se que quanto maior o número de Gauge (G),
menor é o calibre do dispositivo.

LOCAIS DE PUNÇÃO:

As regiões de juntas devem ser evitadas, uma vez que a


movimentação pode angular os cateteres flexíveis e
perfurar a veia se o cateter for metálico. TÉCNICA

A técnica de obtenção dos acessos venosos periféricos


• Os locais mais comuns de acesso venoso são as
não requer paramentação cirúrgica, mas exige técnica
veias medianas (cubital ou do antebraço),
asséptica, mantendo-se a região da punção sempre
basílica, cefálica e do dorso da mão.
estéril.
2

o Punção percutânea da veia jugular interna;


o Punção percutânea da veia subclávia –
acesso infra-clavicular;
o Punção da veia femoral;
o Dissecção venosa: última opção, em caso de
não conseguir acessar através das outras
vias.

INDICAÇÕES DE ACESSO VENOSO CENTRAL:


• Ausência de acesso periférico
• Via de acesso venoso central para infusão
rápida de volume
• Monitorização da pressão venosa central
• Nutrição parenteral
• Administração de drogas hipertônicas
• Passagem de cateter de artéria pulmonar
(Swan-Ganz) e de marcapasso cardíaco
• Hemodiálise

CONTRA-INDICAÇÕES:
• Distúrbios severos da coagulação (plaquetas
menor que 50.000 e atividade de protrombina
menor que 50%)
• Uso de medicamentos anti-coagulantes
• Deformidades no local da punção
(queimaduras, traumas, cirurgias e fraturas)
• Pacientes portadores de doença pulmonar
obstrutiva crônica

VEIA JUGULAR INTERNA

Usa-se geralmente a técnica de Seldinger que consiste


em:

• É recomendado a permanência dos cateteres 1. Posicionar o paciente na posição de


de até 72h. Trendelenburg: paciente em decúbito dorsal,
com a parte superior do dorso abaixada e os
VIAS DE ACESSO VENOSO PROFUNDO
membros inferiores elevados (facilita a punção
Para ser considerado acesso venoso central, o cateter pois há refluxo do sangue para as veias do
tem que estar com a ponta localizada na veia cava segmento superior, havendo maior turgência da
superior, inferior ou átrio direito. Pode ser realizada: veia).
3

2. Antissepsia com álcool iodado ou iodopolvidine Local da punção: divide a clavícula em três segmentos
3. Colocação de campos estéreis e vestir (medial, lateral e médio). A punção infraclavicular é
máscara, gorro, avental e luvas estéreis realizada na junção do terço médio da clavícula com o
4. Realize a infiltração com anestésico local terço medial, em direção a fúrcula esternal. Inserir com
(xilocaína a 2%). angulação de 45º.
5. Puncionar a veia jugular interna, no ápice do
triângulo formado pelas porções esternal e • Após a penetração da agulha na veia subclávia,
clavicular do esternocleidomastoideo, tendo a técnica utilizada é a mesma para abordagem
como base a clavícula. Direcione a ponta da jugular, utilizando a técnica de Seldinger.
agulha para o mamilo ipsilateral com angulação • É o sítio de punção com maior risco de
de 30º a 45º com a pele. pneumotórax (devido a perfuração da pleura
6. Introduzir lentamente a agulha de punção com parietal) e complicações hemorrágicas.
pressão negativa (puxando o êmbolo da • O tempo de permanência com o cateter é de em
seringa) até o momento do refluxo de sangue. média 15 dias.
7. Quando a veia for alcançada, remova a seringa. • Cuidados gerais pós-procedimento: auscultar
Coloca-se o fio-guia metálico através da agulha ambos os pulmões, se MV estão simétricos;
e remove-se a agulha mantendo o fio-guia. fazer radiografia de tórax para confirmar a
8. Coloca-se o dilatador por meio do fio-guia. posição do cateter e excluir alterações
Remove-se o dilatador e mantém o fio-guia. pulmonares; curativo local.
9. Introduza o cateter definitivo por meio do fio- • Complicações: pneumotórax, hemotórax,
guia e remove-se o fio-guia. punção arterial, arritmia cardíaca, lesão do
10. Fixação do cateter na pele com fio inabsorvível ducto torácica, lesão de traquéia, esôfago e
11. Realize a confirmação radiológica da posição plexo braquial, hematoma, infecção, TVP,
adequada do dispositivo e evitar possíveis embolia gasosa, secção do cateter.,
complicações como o pneumotórax. mediastinite, embolia gasosa, embolia por
cateter, tromboflebite, fístula arteriovenosa.

DISSECÇÃO VASCULAR

• Normalmente é realizada na veia safena.


• É realizada uma venotomia ou flebotomia, na
qual se passa um cateter e sutura a parte distal.
Dessa maneira, gera uma coagulação no
sangue e colabamento desta veia, perdendo-a.
É realizada pelo médico quando não é possível
fazer um acesso venoso central ou periférico.

VEIA SUBCLÁVIA

REVISÃO

Temos os seguintes procedimentos:

Quando no MANEJO DA VIA AÉREA:


4

• Traqueostomia
• Cricotireoidostomia;

Quando para GARANTIR ACESSO VENOSO:

• Punção da veia periférica;


• Dissecção venosa;
• Punção da veia central;

Quando no MANEJO EM CAVIDADES NATURAIS:

• Punção torácica
• Drenagem torácica;
• Paracentese
• Lavado perinotenal;
• Pericardiocentese e drenagem pericárdica
1

BTCA – Vias de Acesso a Cavidade


Abdominal
PILARES PARA UMA BOA INCISÃO:
INTRODUÇÃO
• Comprimento adequado
O sucesso de qualquer procedimento cirúrgico aberto • Trauma tecidual mínimo
requer, em parte, uma incisão escolhida com sabedoria, • Hemostasia bem feita
baseada em princípios anatômicos sólidos. • Uso correto de afastadores
• Posicionamento correto do paciente na mesa
LAPAROTOMIA
cirúrgica
A laparotomia é a abertura cirúrgica da cavidade • Iluminação adequada
abdominal para fins diagnósticos e/ou terapêuticos. Em • Preferência do cirurgião
termos populares, é a cirurgia “de barriga aberta”.
INDICAÇÃO:
A laparotomia envolve uma incisão no abdômen para • Acesso a órgãos intra-abdominais
acessar órgãos internos, de tamanho variável segundo • Drenagem de coleções
o procedimento cirúrgico a ser executado, mas quase • Método diagnóstico: laparotomia ou
sempre grande. videolaparoscopia.

QUANTO A FINALIDADE:

Podem ser dividas em eletivas, exploradoras e


drenagem.

QUANTO A DIREÇÃO:

Podem ser classificadas em longitudinais, transversais


e oblíquas.

ANATOMIA DA PAREDE ABDOMINAL


É uma intervenção desconfortável, agressiva e que
deixa cicatrizes às vezes deformantes. Além disso, • Oblíquo externo: direção descendente.
causa dores e pode causar infecções, o que adia e • Oblíquo interno: direção ascendente.
dificulta o retorno às atividades cotidianas ou pode gerar
Os músculos oblíquos quando chegam próximos a borda
complicações graves e às vezes fatais.
lateral do reto do abdome, deixa de ser carnosos e
Ela pode ser feita com finalidade diagnóstica em que se passam a ser tendíneos e essa lamina tendínea recobre
“abre a barriga para ver o que está acontecendo” ou para o músculo reto do abdome.
executar um procedimento cirúrgico sobre uma doença
BAINHA DO MÚSCULO RETO DO ABDOME:
já identificada, para sua terapia (tratamento).

ESCOLHA DA INCISÃO:
• Necessidade de entrada rápida
• Certeza do diagnóstico
• Localização das cicatrizes anteriores
• Hábitos do corpo
• Potencial para sangramento significativo
• Minimizando a dor pós operatório
• Resultado estético
2

Acima da linha arqueda de Douglas: Linhas Langers do abdômen: são linhas de tensão da
• Folheto anterior: aponeurose do obliquo pele. Como essas linhas são predominantemente
externo e lâmina anterior da aponeurose do horizontais no abdômen, as incisões transversais
obliquo interno geram menos tensão na pele, conferindo uma cicatriz
• Folheto posterior: lâmina posterior da com mais estética.
aponeurose do obliquo externo, aponeurose do
músculo transverso e fáscia transversal

Abaixo da linha arqueada do Douglas:


• Folheto anterior: aponeurose do obliquo
externo, interno e transverso
• Folheto posterior: fáscia transversal

Linha de Spiegel: linha semilunar situada no bordo


externo do músculo reto do abdome

INCISÕES TRANSVERSAIS/OBLÍQUAS

• Mais demoradas.
• Apresentam menor formação de aderências e
obstrução intestinal no pós operatório.
• Tendem a ser menos dolorosas, pois
geralmente poupam a inervação abdominal.
• É a incisão preferida para crianças
(transversal), pois na incisão mediana ocorre
lesão das terminações nervosas, dificultando o
desenvolvimento normal da parede abdominal
da criança.
• Tendem a ter menos impacto na função
pulmonar.
• Menor chance de hérnias incisionais.

INCISÕES LONGITUDINAIS

MEDIANA:
Pode ser classificada em supra e infra-umbilical. É
realizada desde o apêndice xifóide à sínfise púbica, ao
longo da linha Alba.

• Vantagens: aproveitam o fato de que apenas os


VASCULARIZAÇÃO DA PAREDE ABDOMINAL: ramos terminais dos vasos e nervos estão
localizados na linha alba. Não necessitam de
• A. Torácica interna (A. mamária): epigástrica secção muscular. São mais rápidas para
superior e musculofrênica realizar. Proporcionam uma grande exposição
• A. Ilíaca externa emite os vasos epigástricos da cavidade abdominal.
inferiores e circunflexos ilíacos profundos • Desvantagens: maior chance de surgimento de
• A. Femoral: A. circunflexa ilíaca superficial e hérnias incisionais (mais frágil) e estão mais
epigástrica superficial associadas a comprometimento pulmonar
• Vasos subcostais da artéria torácica descendente (devido a dor), deiscência da ferida operatória e
geralmente mais dolorosas.
3

Podem ser xifoumbilical, xifopúbica ou transumbilical. Incisão de McBurney: utilizada para apendicectomia. O
ponto de Mcburney é o ponto situados dois terços da
distância entre o umbigo e a espinha ilíaca antero
superior.
Incisão Subcostal (Kocher): obliqua subcostal direita.

Incisão subcostal bilateral (Chevron): do rebordo costal


direito ao esquerdo. Usada em transplante de fígado.

Incisão de Mercedes: subcostal bilateral com


prolongamento mediana

PARAMEDIANA (INTERNA OU EXTERNA) E


TRANSRETAL:

Incisão realizada lateralmente à linha alba.

• Podem ser realizadas 2 a 5 cm à esquerda ou à


direita da linha média
• Podem ser extendidas sem a dificuldade de se
contornar o umbigo.
• Diminui o risco de descência ou hérnia
incisional INCISÕES TRANSVERSAIS
• Demoram mais tempo para serem realizadas
• Restringe o acesso principalmente a pelve • São perpendiculares ao plano sagital.
contralateral • Foram inicialmente desenvolvidas para
minimizar o surgimento de descências faciais
evitando o surgimento de hérnias incisionais.
• Podem ser realizadas abaixo ou acima da
cicatriz umbilical.
• Muito utilizadas em crianças.
• Exigem hemostasia minuciosa.
• Seccionam um músculo, vasos e nervos.
• Incisão de Rockey-Davis ou Elliot:
apendicectomia

INCISÕES OBLÍQUAS

Utilizadas para exposições anatômicas especificas:


4

• Lombotomia

Incisões para operações pélvicas:

Pfannenstiel – operações pélvicas (cesárea): incisão


mais conhecida, situa-se 2 a 5 cm acima da sínfise
púbica e geralmente tem 10-15 cm de comprimento.
Fornece excelente força de tensão e exposição
adequada para procedimentos limitados à pelve.

A velocidade de entrada na cavidade é menor. Maior


risco de hematoma, seroma e infecção da FO.
Contraindicada na presença de infecção abdominal ativa Cherney: proporciona excelente exposição ao espaço de
ou se a urgência de entrada rápida na cavidade Retzius, tornando-a uma boa escolha para
peritoneal. Pode evoluir para dor crônica por lesão uretropexiaretropúbica. Semelhante a incisão de
nervosa. Pfannenstiel, exceto que envolve a secção dos tendões
dos m. retos e piramidais e é colocada ligeiramente
abaixo.

Kustner: é uma incisão transversal de cerca de 5 cm


Maylard: é uma incisão transversal através de todas as
acima da sínfise púbica e logo abaixo da EIA. Pouco
camadas da parede abdominal geralmente ao nível da
usada. Tende a ser muito demorada.
EIA.
Turner-Warwick: proporciona excelente exposição ao
Após a incisão transversal na aponeurose, os músculos
espaço retropúbico, mas uma exposição severamente
retos abdominais são incisados transversalmente.
limitada a pelve e ao abdome superior. É uma incisão
Proporciona uma exposição pélvica adequada.
transversa 2 a 3 cm acima da sínfise púbica.
Pode ocorrer agravamento dos sintomas de isquemia
As maiores desvantagens das incisões transversais
dos membros inferiores em pacientes que já
pélvicas são: exposição limitada à parte superior do
apresentam oclusão aorto-iliaca significativa, pois
abdome, a extensibilidade limitada e o aumento do
estes pacientes dependem do fluxo colateral dos vasos
tempo cirúrgico.
epigástricos para perfusão dos membros inferiores.
5

INCISÕES NA PELE

A utilização do bisturi e do bisturi elétrico não apresenta


diferenças significativas na taxa de infecção.

• Maior tempo e perda de sangue com bisturi de


lâmina.
• Nem o bisturi elétrico nem o de lâmina
apresentam um beneficio significativo um em
relação ao outro. VIDEOLAPAROSCOPIA
• O bisturi elétrico é aceitável e pode reduzir os
requisitos de analgesia pós operatória. • Menos complicações pós operatórias como dor,
infecção da FO e hérnia incisional.
COMPLICAÇÕES DAS INCISÕES • Retorno precoce ao trabalho e as atividades
normais.
• Descência de sutura de pele

• Hérnias incisionais

TÉCNICA:
• Punção da cavidade peritoneal com agulha de
• Evisceração Verees
6

• Insuflação do gás CO2 confeccionando o • Maior curva de aprendizado – exige treinamento


pneumoperitônio para expandir o espaço entre intenso
o peritônio parietal e as vísceras abdominais. O • Exige muita integração da equipe
CO2 é extremamente mal tolerado para • Aumenta a tempo operatório dependendo da
pacientes portadores e DPOC e com mecânica cirurgia
ventilatória prejudicada. • Não permite a palpação, aumentando a chance
• Passagem do trocarter seguida de passagem da de iatrogenia
ótica. • Exige mudança de posição do paciente

COMPLICAÇÕES:
• Relacionadas a pré-medicações e anestesia
• Relacionada a inserção da agulha ou trocarter
• Relacionadas a confecção do pneumoperitonio
• Relacionadas ao instrumental

SITUAÇÕES ESPECIAIS:
• Laparoscopia em crianças: não suporta tão bem
hipóxia
• Pacientes cirróticos: circulação colateral na
parede abdominal (tomar cuidado para não
lesar)
• Necessita de equipe extremamente técnica e
• Incisões abdominais prévias: pode haver
familiarizada com os instrumentos.
aderência das alças intestinais
• Ambiente bem adaptado com os materiais
• Pacientes obesos: espessura da parede
ergonômicos
dificulta a realização do pneumoperitonio.
• Curva de aprendizado é teoricamente maior.
Manipulação dos instrumentais dificultados
• Sempre ter em mente a possibilidade para
pela parede. Necessidade de pressões intra
conversão para via convencional.
abdominais maiores. Menores taxas de
• Melhor resultado cirúrgico.
infecção do sitio cirúrgico. Melhor manejo pós
DESVANTAGENS: operatório. Cirurgia bariátrica laparoscopia:
• Custo mais elevado (material) realidade.

REVISÃO MEDRESUMO
7
8
9
1

BTCA – Pequenos Procedimentos


- Parte II -
Cricotireoidostomia: paciente em decúbito dorsal, faz-
CRICOTIREOIDOSTOMIA E TR AQUEOSTOMIA
se anestesia local se o estado do paciente exigir. Palpa-
A traqueostomia consiste em método cirúrgico eletivo se a membrana cricotireóidea e realiza uma incisão sob
que também pode ser de urgência, para acesso à via a região palpada atingindo pele, tela subcutânea,
respiratória superior por meio de abertura da traqueia. membrana cricotireoidéa, até alcançar a luz traqueal.
Depois, introduz uma cânula de pequeno calibre.
A cricotireoidostomia consiste no acesso cirúrgico das SEMPRE para emergência.
vias aéreas através da membrana cricotireóidea,
passando o traqueostomo por ela. Toda
cricotireoidostomia deve ser convertida para
traqueostomia dentro de 24-72h.

INDICAÇÕES:
• Insuficiência respiratória
• Glasgow < 8
• Prevenir obstrução de vias aéreas por edema
• Pacientes com tubo orotraqueal por longo
período, para evitar estenose traqueal e para
facilitar o controle de secreções e higiene
brônquica
• QUANDO A VIA AÉREA NÃO CIRÚRGICA NÃO
FOR POSSÍVEL

CONTRA-INDICAÇÕES:
• Obstrução fixa das vias aéreas superiores
(tumor de laringe, de base de língua)
• Trauma de laringe ou traqueia
• Trauma de face com sangramento ativo (pode
ocorrer aspiração do conteúdo sanguíneo)
• Trismo e bloqueio intermaxilar
COMPLICAÇÕES:
TÉCNICA: • Intubação esofágica
Traqueostomia: Paciente em decúbito dorsal com • Falso trajeto e trauma laringo-traqueal
hiperextensão cervical, deve ser feita uma incisão com 3 • Luxação de aritenóide
a 5 cm, com uma polpa digital abaixo da cartilagem • Trauma dental
cricoide ou uma polpa digital acima da fúrcula esternal, • Piora da lesão cervical no trauma
geralmente uma incisão de caráter transversal. A • Estenoses
incisão prolonga-se no tecido subcutâneo, até • Morte
encontrar o plano dos músculos pré-traqueais, no qual DRENAGEM TORÁRICA/PLE URAL
são afastados por divulsão, identificando a traqueia e
introduzindo o traqueostomo. É a técnica cirúrgica que permite, pela inserção de dreno
acoplado a um sistema específico, acesso à
cavidade pleural (entre a pleura visceral e pleura
parietal).

Pode ser terapêutica (geralmente é mais comum) ou


diagnóstica (toracocentese – punciona o tórax e extrai
liquido da cavidade pleural).
2

INDICAÇÕES: 5. O dreno em selo d’agua contém 500 ml de soro


• Pneumotórax fisiológico e garante um fluxo unidirecional ao
• Hemotórax conteúdo drenado: da cavidade pleural para o
• Derrame pleural volumoso frasco, sem possibilidade de retorno a ela. O ar
• Empiema: secreção purulenta na cavidade drenado pode ganhar o meio externo pelo respiro,
pleural mas não consegue voltar ao espaço pleural, pois
• Quilotórax: presença de linfa no espaço pleural, o nível líquido impede o retorno ao sistema.
geralmente quando há lesão do ducto torácico,
PARACENTESE
sendo quase sempre do lado esquerdo

É o procedimento cirúrgico pelo qual há extração de


líquidos ou ar coletado na cavidade peritoneal.
• Local da incisão: linha imaginária entre a
TÉCNICA: espinha ilíaca ântero-superior e o umbigo,
Necessita de: material para antissepesia, anestésico dividindo em três segmentos (lateral, médio e
local, tubo ou dreno torácico. medial), devendo entrar entre o segmento
lateral e médio.
1. Deve ser feita uma incisão entre a linha axilar
anterior e linha axilar média, na altura do 5º CLASSIFICAÇÃO:
espaço intercostal. • Terapêutica: ascite volumosa
2. Divisão romba com pinça Kelly ou Rochester dos • Diagnóstica: ascite volumosa para saber qual a
planos subcutâneos e muscular até perfurar a etiologia
pleura parietal.
3. Com o auxílio de uma pinça tipo Kelly ou LESÕES ASSOCIADAS:
Rochester, o dreno é introduzido na cavidade em • Hematoma no sítio de inserção do cateter
sentido apical e posterior. • Punções de alças rápidas.
4. Fixa-se o dreno à pele com sutura e conecta a um • Peritonite.
sistema de reservatório chamado de dreno em • Lesão nervosa, punção de vasos hipogástricos.
selo d’água.

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