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O estudante de educação física Victor Oliveira e Silva, 21 anos, já não pratica crossfit –
treinamento que mescla exercícios aeróbios e modalidades esportivas, como
levantamento de peso. Não que ele não goste da modalidade, ela é bem adequada para
garantir condicionamento físico ao seu trabalho como professor de vôlei e futevôlei.
Mas depois que o americano Greg Glassman, o fundador da CrossFit Inc., empresa que
deu origem ao programa de treinamento esportivo, fez uma ironia no Twitter após o
assassinato de George Floyd em maio de 2020 (o homem asfixiado até a morte por um
policial branco nos EUA), Silva deixou de praticar a modalidade.
Para piorar, um áudio vazado de uma reunião de Glassman com sua equipe, logo após o
episódio do Twitter, reforçou a postura racista do empresário.
"O racismo é um tema que me toca profundamente", diz Silva. "Eu não seria capaz de
consumir nada de qualquer empresa que estivesse envolvida em casos de racismo ou
que apoiasse manifestações racistas."
Assim como o estudante de educação física, milhões de jovens da geração Z, que hoje
têm entre 14 e 26 anos, se mostram cada vez mais dispostos a direcionar o seu
consumo por suas convicções pessoais. Segundo o estudo global "Edelman Trust
Barometer 2022: A Nova Dinâmica da Influência", 67% dos jovens nesta faixa etária no
Brasil praticam ativismo ao escolherem marcas de produtos ou serviços. No mundo, este
índice chega a 73%.
O estudo ouviu 20,4 mil pessoas (entre elas, 6.700 jovens de 14 a 17 anos), com
sondagens online, entre maio e junho deste ano, no Brasil e em mais 13 países –entre
eles, Estados Unidos, França, Alemanha, Japão, Índia, China e Arábia Saudita.
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cancelamento: se uma marca não correspondeu aos seus valores e crenças, eles a
abandonam."
Mais do que praticar ativismo, o estudo identificou que a geração Z está disposta a atuar
ao lado das marcas: 72% dos brasileiros dessa faixa etária buscam ação conjunta com
as marcas para tratar questões como mudanças climáticas, pobreza, racismo, qualidade
da informação e desigualdade de gênero. No mundo, esta disposição é verificada em
62% dos jovens.
Nestas redes de moda rápida, a maioria das roupas é feita de poliéster, um material que
demora 200 anos para se decompor e solta micropartículas de plástico quando lavado.
"Também procuro prestar atenção nos produtos de cuidado pessoal, para fazer escolhas
que poluam o mínimo o possível", diz ele, referindo-se ao menor uso de embalagens.
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Entre as suas marcas preferidas está a Linus, uma sandália de plástico 100% reciclável,
que exibe selos como o PETA-Approved Vegan (que garante que o produto é vegano) e
Carbonext (certificação de carbono negativo, que significa compensar o dobro das
emissões de carbono vinculadas à operação).
"Também gosto da Not Milk, uma marca de leite vegetal, pela proposta de substituir
produtos de origem animal como resposta ao impacto ambiental gerado pela indústria
pecuária", diz.
Embora muito dessa inquietação seja levada e discutida nas redes sociais, a pesquisa
da Edelman apontou uma desaceleração, em nível global, na confiança deste canal
como "epicentro de mudanças na sociedade".
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"Minha filha Nina, de 18 anos, gosta muito de moda e, ao mesmo tempo, tem uma
grande preocupação com a origem dos produtos", conta Marcília. "Ela me instruiu a
baixar um aplicativo, o Moda Livre, que indica o quanto as marcas de vestuário estão
comprometidas com o combate ao trabalho escravo. Agora, me baseio por ali para
decidir compras."
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