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13/02/2021 Brasil é o quarto maior mercado de beleza e cuidados pessoais do mundo - Forbes Brasil

Brasil é o quarto maior mercado de beleza e


cuidados pessoais do mundo
Mariana Weber

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Ilustração/Indio San

O Brasil é o quarto maior mercado de beleza e cuidados pessoais do mundo, atrás apenas de EUA, China e Japão

O mercado de beleza e cuidados pessoais no Brasil e no mundo tem sido agitado pelo
movimento de gigantes, como a aquisição da Avon pela Natura. Ao mesmo tempo, há
uma atividade borbulhante de pequenas marcas que se posicionam em nichos e contam
com o ambiente digital — e às vezes só com ele — para dialogar com o público. Ambas, as
grandes e as diminutas, se engajam para acompanhar transformações na sociedade que se

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refletem no consumo, como a busca por produtos mais naturais, personalizados e que
comuniquem valores.

Segundo o provedor de pesquisa de mercado Euromonitor International, o Brasil é o


quarto maior mercado de beleza e cuidados pessoais do mundo — entram aí de cosméticos
para cabelo e pele a perfumes e produtos para higiene bucal. O país fica atrás de Estados
Unidos, China e Japão (os dados são de um relatório de 2019, relativos a 2018). Na categoria
de fragrâncias, os brasileiros estão em segundo lugar, atrás apenas dos americanos.

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Cinco empresas concentram 47,8% do mercado brasileiro, de acordo com o mesmo


relatório: Natura & Co, seguida por grupo Boticário, grupo Unilever, grupo L’Oréal e
Colgate-Palmolive Co. Já o número de empresas registradas na Anvisa em 2018 era de
2.794, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e
Cosméticos (Abihpec).

Entre 2013 e 2018, houve crescimento de 24,5% em valor de vendas no varejo em reais,
mesmo tendo ocorrido uma queda de 0,3% entre 2014 e 2015; para 2023, a previsão do
Euromonitor International era de um aumento de 20,6%. Já dados apresentados pela
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Abihpec comparando o PIB brasileiro com índices do setor mostram perdas em 2015 e
2016 ainda não compensadas pela retomada de 2017 e 2018 — embora a recuperação
tenha ocorrido em ritmo mais elevado que no restante da economia.

Para os próximos cinco anos, o Euromonitor International prevê três principais tendências
globais norteando o mercado de beleza e cuidados pessoais: engajamento digital,
posicionamentos éticos e atributos orgânicos e naturais. Lançado em janeiro, o
levantamento Beauty and Personal Care Voice of the Industry ouviu 1.113 profissionais em
55 países e também identificou outros destaques, como beleza relacionada à saúde e ao
bem-estar, novos ingredientes e formulações e inspiração em marcas independentes.

No campo da digitalização, multinacionais investem na presença em redes sociais e


também em inteligência artificial, realidade virtual e apps de beleza, usados por 39% dos
consumidores globais em 2019. Um exemplo é a L’Oréal, que adquiriu a Modiface, empresa
especializada em realidade aumentada, e lançou ferramentas como a Vichy Skin Consult e
provadores virtuais de maquiagem. No Brasil, marcas como O Boticário e Natura também
têm seus espelhos virtuais para experimentação de produtos.
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Pequenas empresas podem não contar com os mesmos recursos, mas vêm se destacando
nesse novo ambiente. “As que a gente chama de nativas digitais, com vendas só pela
internet, vêm chegando e ocupando espaço, principalmente entre as gerações mais
jovens”, diz Alexandre Machado, sócio-diretor da GS&Consult. “Neste ano, na NRF (feira de
varejo em Nova York), a loja da Sephora tinha uma prateleira inteira só de produtos dessas
marcas, umas seis diferentes.”

Segundo Alexandre, as marcas conhecidas como autorais ou indie têm despontado no


mercado de gigantes focando em nichos específicos, seja um único tipo de público ou de
categoria. Combina-se a isso a proximidade com suas comunidades e o potencial para
desenvolver produtos a partir dessa comunicação.

VEJA TAMBÉM: Beleza masculina vai alcançar US$ 78,6 bilhões em 2023

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Ele cita o caso da Sallve, que tem entre seus fundadores o empreendedor de tecnologia
Daniel Wjuniski e a publicitária e influenciadora digital Julia Petit. “É uma marca só de
skincare”, diz. “Tem pretensão de ser uma das maiores do Brasil porque dialoga muito pela
internet, pelas redes sociais. Desenvolveu uma formulação baseada nos reviews e nas
contribuições dos consumidores, uma cocriação.”

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Lançada em junho de 2019 e hoje com 193 mil seguidores no Instagram, a empresa afirma
ter desenvolvido seu primeiro produto — um antioxidante — a partir das informações que
coletou de mais de 10 mil pessoas, entre pesquisas quantitativas e qualitativas, encontros
offline, conversas nos canais digitais da marca e análises, por robôs, de resenhas de
produtos populares do mercado.

Para Kenya Watson, analista da área de inteligência da consultoria CB Insights, a tecnologia


deve impulsionar outra tendência, a da personalização, que se tornará cada vez mais
específica. “Vemos potencial para dispositivos domésticos e wearables que coletem dados
pessoais para criar formulações ou recomendações”, diz.

Informações sobre o clima e hábitos de exercícios, por exemplo, ajudariam a determinar se


o indivíduo deveria adicionar um hidratante à sua rotina diária. E que tal kits de teste de
DNA para recomendar produtos a partir das características genômicas dos consumidores?
Eles já existem. Outra possibilidade, segundo Kenya, é a customização baseada no
microbioma — sua relação com a saúde da pele já vem sendo explorada por cosméticos
com probióticos.
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Cada vez mais beleza, saúde e bem-estar aparecem como conceitos relacionados. “Mais
pessoas acreditam que a boa aparência é o resultado de se sentirem bem, o que explica um
deslocamento para cuidados com a pele no lugar de maquiagem”, avalia Kenya. “Também
vemos mais produtos e rotinas de beleza incorporando alguma forma de saúde e bem-
estar, desde aromaterapia até abordagens mais místicas, como cristais.”

No cenário de uma beleza pensada a longo prazo, protetores solares crescem em


importância, assim como suplementos ingeríveis. Surgem também propostas de cuidados
alternativos, como cursos online de ioga facial voltada para rejuvenescimento. Dois anos
atrás, quando começou o Slow Market. Beauty, a publicitária Melissa Volk tinha pouco mais
de cem produtores cadastrados. Hoje tem 600. Focado em cosméticos naturais, orgânicos,
veganos e cruelty free, o evento reuniu cerca de 2 mil pessoas em sua última edição em
São Paulo.

E TAMBÉM: Fragrâncias brasileiras movimentam € 222 milhões

Melissa diz que a evolução desse nicho veio forte no Brasil nos últimos anos,
acompanhando o que já vinha se passando nos Estados Unidos e na Europa. “Tinha marca
que era artesanal e agora tem Anvisa, e as que têm Anvisa estão indo atrás de certificação.
Além disso, a indústria maior começou a lançar produtos veganos ou com apelos mais
naturais.”

A publicitária compara esse momento da beleza com algo que já aconteceu na


alimentação. “É muito parecido: as pessoas começaram a ler rótulo e as empresas
passaram a colocar claims bem fortes: livre disso, livre daquilo, sem isso, com aquilo.” A
mudança se reflete nos fabricantes de insumos. “Na in-cosmetics (feira do setor), os
expositores estão lançando ingredientes mais botânicos, sustentáveis, biodegradáveis. E
com apelo para indie brand — ou seja, conseguem vender quantidades menores para
atender as marcas independentes.”

A Abihpec, cujos 400 associados representam 90% do mercado, anunciou em 2018 o


compromisso de substituir, em três anos, o uso de microesferas plásticas em produtos
enxaguáveis por outros ingredientes com função semelhante, porém biodegradáveis. Em
2019 a Natura lançou sua linha de esmaltes veganos e “9-free” — descritos como “livres de
nove ingredientes comuns nas fórmulas de outros esmaltes, mas que têm grande potencial

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tóxico ou sensibilizante: formaldeído, tolueno, dibutilftalato, resina de formaldeído,


cânfora, parabenos, fosfato de trifenilo TPHP, tosilamida de etilo e xileno.

No mesmo ano, chegou ao mercado brasileiro a Love Beauty and Planet, marca de beleza
vegana da Unilever. A ausência de componentes de origem animal é só um dos apelos.
Outros: presença de 95% de ingredientes de origem natural e sustentável, como manteiga
de murumuru; condicionadores com tecnologia de enxágue rápido para diminuir o
consumo de água; compromisso de, a cada tonelada de CO² emitida, investir US$ 40 em
programas externos de redução das emissões de carbono e resíduos de aterros;
embalagens de plástico PET reciclado pós-consumo e 100% recicláveis. Para quem está em
São Paulo, há ainda estações de refil, em que o consumidor leva suas embalagens usadas
para preencher novamente ou as entrega para receber desconto em novos produtos.

A reutilização de embalagens, por vezes com um prestador de serviço que oferece uma
plataforma para intermediar a entrega e a coleta de produtos no endereço do consumidor,
estava entre as tendências de sustentabilidade que Alexandre, da GS&Consult, viu na

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última feira NRF. “Tudo que tem uso diário e alta frequência de compra faz sentido entrar
nessa cadeia circular de abastecimento.”

Canais

Em seu caderno de tendências para 2019 e 2020, a Abihpec destacou que o comércio
eletrônico era o canal de distribuição com crescimento mais rápido no setor, especialmente
as vendas pelo celular. Mas a grande maioria das vendas — 90% — ainda era feita por meio
de quatro canais: farmácias e drogarias, venda direta, hiper e supermercados e lojas
especializadas.

E MAIS: Wellness e quarentena: veja receitas de sucesso para a rotina de self-care da


pele e cabelos

Foi o canal de venda direta que passou por uma grande movimentação recentemente, com
a aquisição da Avon pela Natura. “Ele certamente balançou, porque são os dois principais
players”, diz Alexandre. Segundo ele, embora exista espaço para mudanças dentro do
portfólio das revendedoras, que geralmente trabalham com várias marcas, esse já é um
canal maduro. “Dificilmente vai crescer muito mais do que veio crescendo. Está
consolidado e inclusive as empresas estudam diversificações. Quando uma Natura começa
a abrir loja em shopping, quer buscar um público que não é o primário da sua
revendedora.”

Coronavírus

Como muitos setores, o de beleza e cuidados pessoais sofre o impacto da crise do


coronavírus em diferentes dimensões. Embora ainda não consiga mensurar esse impacto,
Alexandre opina sobre a questão dos canais: “Se as pessoas estarão mais distantes e
evitando contatos, o online pode continuar bem. O presencial não”. Já a Abihpec está
centrando seus esforços para atender à demanda por produtos como papel higiênico e
álcool em gel. Para o segundo, havia estimativa de superar em até dez vezes o
faturamento de vendas de 2019 e a preocupação de não conseguir fabricar produto
suficiente em meio à crise.

“O setor tem realizado esforços sucessivos para atender à necessidade de todos, mas existe
apreensão com o carbopol, responsável por transformar o álcool em gel. É uma matéria-
prima que está em falta no mundo todo”, disse em nota João Carlos Basilio, presidente da
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entidade. Segundo ele, os fabricantes do produto, em geral pequenos e médios, buscam


novas soluções de matéria-prima para solucionar o problema. A entidade também pediu à
Anvisa a simplificação do procedimento de regularização da categoria “gel antisséptico”.

Reportagem publicada na edição 76, lançada em abril de 2020

Como mãe e lho criaram uma empresa familiar de US$ 85…


85…

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