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A
Introdução
A Natura é a maior companhia de cosméticos de capital brasileiro,
ostentando um resultado de R$ 1.910 milhões em termos de receita bruta em
2003. A companhia desenvolve, fabrica, distribui e comercializa cosméticos,
fragrâncias e produtos de higiene pessoal, possuindo uma marca que está
entre as mais reconhecidas no mercado de cosméticos no país.
As vendas diretas representam o principal canal de distribuição dos
produtos Natura, composta por uma rede de 355.000 revendedoras
autônomas no Brasil em 2003 sem relação empregatícia com a empresa,
atingindo mais de 5.000 municípios. A empresa está presente na Argentina,
Peru e Chile, alcançando a marca de aproximadamente 26.000 revendedores
no exterior no final de 2003. Na Bolívia, a empresa vende seus produtos
através de um distribuidor independente.
A estratégia definida pela Natura envolve o crescimento do mercado
brasileiro e latino-americano de cosméticos através do canal de vendas diretas.
Para isso, a empresa busca o crescimento, capacitação e a retenção da rede de
consultoras. A renovação contínua da carteira de produtos através de
investimentos em inovação, assim como na eficiência operacional (que resulta
no aumento da escala de produção) são outros pontos que compõem sua
estratégia na construção da imagem, competitividade e crescimento da marca.
A missão da Natura é criar e comercializar produtos e serviços que promovam
o bem-estar/estar-bem.
Histórico
A empresa foi criada em 1969, quando Antônio Luiz da Cunha Seabra,
abriu uma loja e um laboratório em São Paulo. No ano de 1974 foi feita a
escolha pelo modelo de vendas diretas. Em 1989, as quatro empresas que
compunham o sistema Natura, originárias de parcerias com outros
empreendedores, foram incorporadas à Natura Cosméticos. Em 1983, a Natura
tornou-se uma das primeiras fábricas de bens de consumo contínuo a
comercializar produtos com recargas ou refil. No período de 1990 a 1992 a
empresa ganhou competitividade para enfrentar o mercado global com a
integração de veteranos de multinacionais na diretoria.
A expansão na América Latina se iniciou em 1994 através do Chile, Peru
e Argentina. Em 1999, a Natura comprou o fabricante de produtos
fitoterápicos Flora Medicinal para aquisição de tecnologia na produção de
produtos à base de plantas, seguindo sua estratégia de desenvolvimento de
produtos baseados na biodiversidade brasileira. A aquisição também visava o
ganho de conhecimento dos canais de venda de varejo – considerável
potencial de distribuição de cosméticos a médio e longo prazo.
A empresa passou a década de noventa reorientando a carteira de
produtos para linhas com base nos conceitos de biodiversidade. Em 2001,
inaugurou o complexo industrial de Cajamar no estado de São Paulo para
pesquisa, desenvolvimento, treinamento e logística de suas operações. A
conclusão da fábrica permitiu a fabricação de produtos de alta qualidade,
proporcionou flexibilidade e eficiência produtiva, além de baixas necessidades
de investimento para futuras expansões.
O ano de 2005 marca o início das operações no México, apesar de há
dois anos já vender seus produtos nos free shops do país e ter há pouco
iniciado as vendas em free shops de Cancun e Aruba. Seguindo a estratégia de
internacionalização, abre sua primeira loja na Europa, em Paris, com
investimentos previstos de US$ 21 milhões. Para mercados fora da América
Latina, a empresa tem em andamento o projeto chamado Ekos International,
com a estratégia de vender apenas produtos desta linha, explorando a imagem
da biodiversidade brasileira com produtos compostos unicamente de
ingredientes naturais. Em 2006, planeja ingressar nos demais mercados latino
americanos, como Colômbia, Venezuela, Equador, Costa Rica e Uruguai.
As vendas no mercado internacional, em especial no mercado latino-
americano, ainda representam uma pequena fatia de 2,5% do faturamento
total da Natura em 2003, indicando um desafio de crescimento no mercado
internacional.
Setor econômico
Natura lança o Relatório Anual integrado de 2020 dentro dos padrões da
Global Reporting Initiative, GRI, com informações detalhadas de sua operação.
Em um ano com desafios sem precedentes, devido à pandemia causada pela
Covid-19, a empresa acelerou o processo de digitalização, aumentando em
65% as vendas on-line e chegando a 1,3 milhão de espaços digitais de
Consultoras de Beleza, o dobro do ano anterior. Em 2020, a Natura apoiou sua
rede com mais de R$ 24,1 milhões em doações de produtos e transferência de
renda, beneficiando mais de 1,3 milhão de pessoas. Além disso, aumentou em
37% o número de famílias fornecedoras na Amazônia e ampliou para 2 milhões
de hectares a área de floresta que a companhia contribui para conservar.
Ainda em 2020, integrou processos de gestão com a Avon, adquirida pelo
grupo Natura &Co em janeiro.
“Foi um ano em que agimos com coerência, com ênfase para o nosso
propósito de gerar impacto positivo, diante de um cenário extremamente
desafiador, que testou as noções do que é prioritário para governos e
sociedades. No nosso caso, o foco se manteve claro: cuidar das pessoas”,
afirma João Paulo Ferreira, presidente da Natura e CEO do grupo Natura &Co
para América Latina. “Do ponto de vista dos negócios, foi um ano em que
aprendemos a criar oportunidades de forma ágil e alcançamos um
desempenho acima do mercado, ao mesmo tempo em que atingimos sólidos
resultados socioambientais”, complementa.
Para a Natura, o ano ainda foi marcado pelo encerramento do primeiro
ciclo de ambições da Visão 2050, traçado em 2014, e que estabeleceu
compromissos para a companhia se tornar geradora de impacto positivo. Ao
final desta primeira etapa da jornada, 83% das ambições foram alcançadas,
com evoluções em temas como diversidade, geração de valor para as
consultoras, promoção da bioeconomia amazônica por meio da relação com as
comunidades fornecedoras e do aumento do uso de ativos da
sociobiodiversidade, além de avanços relevantes em circularidade com a
estruturação de cadeias de reciclagem e uso de materiais reciclados e
recicláveis.
“Realizamos uma grande mobilização nesse ciclo de seis anos da
empresa. Superamos metas importantes de negócio e ao mesmo tempo
avançamos em temas estratégicos na nossa visão de transformar a Natura em
uma empresa geradora de impacto positivo”, destaca João Paulo Ferreira.
Entre as metas alcançadas no primeiro ciclo da Visão 2050 da Natura estão:
Movimentar R$ 1bilhão em volume de negócios na região Pan-
Amazônia. A meta foi superada em 2017 e, em 2020, o volume de
negócio no bioma chegou a R$ 2,1 bilhões de reais;
Equidade de gênero em cargos de diretoria e acima. Atualmente, a
empresa conta com 51% de mulheres na liderança;
Evoluir indicadores de desenvolvimento humano e social de
comunidades parceiras da marca. Hoje a Natura conta com métodos de
mensuração como o Índice de Progresso Social (IPS) para aferir o
desenvolvimento de territórios;
Diversificação de fontes de energia renovável, graças a política integrada
que inclui eficiência energética e energias renováveis;
Criar indicador de desenvolvimento humano para a consultora. Hoje o
Índice de Desenvolvimento Humano da Consultora Natura (IDH-CN) é
adotado no Brasil e na América Hispânica e direciona nossos esforços
em aumentar o impacto positivo na rede;
Manter 100% de compensação de emissões de GEE na atmosfera. Além
da compensação, Natura lançou a plataforma Compromisso com o Clima
para mobilizar outras empresas a fazerem o mesmo; hoje já são 8
parceiros envolvidos;
Coletar e reciclar 50% dos resíduos gerados pelos produtos (Natura
Brasil). Para mitigar efeitos da pandemia que limitarão ação de
cooperativas de reciclagem, a marca realizou compra complementar de
créditos de logística reversa para alcançar a meta;
Alcançamos a meta de incorporar 10% de material reciclado pós-
consumo nas embalagens da Natura no Brasil.
A Natura também foi pioneira em estruturar o primeiro modelo
integrado de valoração das externalidades socioambientais, o IP&L
(Integrated Profit and Loss). Trata-se de uma ferramenta estratégica
para tomada de decisão que mensura, em valores monetários, os
impactos ambientais, sociais e humanos do negócio. Os resultados do
IP&L e os aprendizados do primeiro ciclo da Visão 2050 da Natura
suportarão decisões de negócio futuras rumo à geração de impacto
positivo.
A Visão 2050 da marca Natura inspirou o grupo Natura &Co no
desenvolvimento de seu “Compromisso com a Vida”, plano estratégico
de sustentabilidade que visa engajar as quatro empresas do grupo –
Avon, Natura, The Body Shop e Aesop – e intensificar ações para
enfrentar alguns dos problemas mais urgentes do mundo: a crise
climática, a proteção da Amazônia, a defesa dos direitos humanos e o
impulso à economia circular e à regeneração. Os aprendizados do
período contribuíram para a definição dos objetivos expressos no
Compromisso com a Vida, lançado em junho de 2020 pelo grupo.
Mercado de atuação
Dentro do universo corporativo, costuma-se dividir a estratégia de
expansão das empresas em dois grupos: há o crescimento inorgânico, feito
através de aquisições, e o orgânico, com o aumento das operações em si. A
Natura costuma ser enxergada como um exemplo clássico da primeira
alternativa — mas a companhia parece disposta a mudar a maquiagem.
É um avanço menos intenso que o visto entre 2019 e 2020, quando a receita
líquida consolidada saltou 12,1%. Vale lembrar, no entanto, que o CAGR é uma
taxa média — o ritmo pode oscilar, para cima ou para baixo, ao longo do
período em questão.
Conclusão
A Natura é uma das marcas nacionais que possuem uma forte vertente
em sustentabilidade e esta característica não foi adotada recentemente. A
Natura nasceu com este viés e o sustenta até hoje, mas não como um
diferencial competitivo – embora realmente seja no mercado atual - e sim
como filosofia de trabalho. Desde a década de 1950 a Natura é uma empresa
pensada e projetada em longo prazo por seus fundadores e esta origem explica
o sucesso da marca nos dias de hoje.
O que move a Natura é a sua essência e é daí que saem todas as fontes
de inspiração. “Não é o consumidor final que vai ditar o pensamento que a
marca tem a respeito de algum produto ou de uma filosofia. Deve fazer sentido
dentro de tudo o que a marca acredita”, explica Ana. A filosofia da marca é
fortemente baseada no bem-estar e, desta forma, é possível atingir o objetivo
de se conectar com uma comunidade que acredita na construção de um
mundo melhor. “Para a Natura, a marca é cultura, é um jeito de ser e de fazer”,
emenda a Gerente Corporativa.