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Medo da solidão é o que

mais aflige os idosos,


revela pesquisa
Uma nova pesquisa revelou que o medo da solidão é a
maior preocupação dos idosos no Brasil, seguido da
incapacidades desenvolvimento de doenças graves
Por Giulia Vidale
access_time27 out 2017, 11h47 - Publicado em 26 out 2017, 13h31
Um estudo realizado pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, publicado
no ano passado, mostrou que os laços sociais construídos ao longo da vida são o
que mais importa na vida de uma pessoa na terceira idade. (iStock/Getty Images)

O que mais te aflige na terceira idade? Doenças,


incapacidade? Não. De acordo com uma pesquisa realizada
pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – São
Paulo (SBGG-SP), em parceria com a Bayer, o maior medo
do idoso brasileiro é a solidão, aí sim, seguido pela
preocupação com a incapacidade de enxergar ou se
locomover e o desenvolvimento de doenças graves, em
terceiro lugar.
A transição demográfica, marcada pela redução das taxas de
mortalidade e de natalidade, já é uma realidade que mudado o
perfil da população brasileira. Em 2015, a população com
mais de 60 anos no Brasil, era de 11,9%. Estima-se que em
2050, esse número triplique para 30,5%, ultrapassando até
mesmo o Canadá, que terá a marca de 30,1%, de acordo com
o gerontólogo Alexandre Kalache, presidente do Centro
Internacional da Longevidade Brasil.

A população está mais velha, mas não se sente


assim

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística


(IBGE), a expectativa média de vida do brasileiro é de 77
anos, contra apenas 45,5 anos em 1940. Esse envelhecimento
geral da população demanda uma mudança de paradigma na
sociedade, já que o assunto é rodeado de  preconceitos e
rótulos. “Infelizmente, não ensinaram o Brasil a envelhecer”,
afirma Maisa Kairalla, presidente da Sociedade Brasileira de
Geriatria e Gerontologia (SBGG) de São Paulo.
Surpreendentemente, apesar da maioria dos brasileiros que
estão na terceira idade ou perto dela refletirem a respeito de
seu próprio envelhecimento, a questão assusta apenas uma
pequena parcela dessa população (14%). Ainda de acordo
com o levantamento, realizado com 2 000 pessoas acima dos
55 anos, de dez capitais localizadas nas cinco regiões do
país, a maioria dos entrevistados (54%) não se sente velho.
Vínculos sociais são essenciais

A socialização é um fator essencial para isso. Um estudo


realizado pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos,
publicado no ano passado, mostrou que os laços
sociais construídos ao longo da vida são o que mais importa
na vida de uma pessoa na terceira idade, mais do que carreira,
dinheiro ou educação. Felizmente, 64% dos participantes da
pesquisa afirmaram frequentar eventos sociais semanalmente.
“O idoso precisa ser autônomo, independente e praticar
atividade que tragam propósito ao seu dia a dia”, diz Maísa.

Outros fatores importantes para aproveitar a terceira idade, de


acordo com Kalache, são saúde, conhecimento, capital social
e capital financeiro. Ou seja, ter hábitos saudáveis, laços
sociais, planejamento financeiro e estudo. Na pesquisa, 37%
dos entrevistados afirmaram que vão ao médico uma vez por
ano e 51% das pessoas disseram procurar atendimento mais
de uma vez neste período, na tentativa de envelhecer da
melhor maneira.
A alimentação saudável e prática de exercícios também é uma
preocupação. Entre os entrevistados, 38% revelaram fazer
atividade física de uma a duas vezes por semana. A
alimentação saudável é uma realidade na vida de 68% dos
entrevistados. A saúde mental e as relações sociais também
não são deixadas de lado: 76% praticam alguma atividade que
desafie o cérebro, como a leitura.

Embora as doenças crônicas não sejam o fator que mais tira o


sono dos idosos no Brasil, elas são uma realidade com a qual
a maioria deles tem que lidar e parecem fazer isso muito bem.
Apesar de 62% deles conviverem com alguma doença e 65%
fazerem uso rotineiro de medicamentos, a maioria (64%) se
considera saudável.

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