Você está na página 1de 6

/Campus Garanhuns

Polo de Apoio Presencial UAB de São José do Egito-PE


Curso de Pós graduação em língua portuguesa e suas literaturas
Disciplina: Linguística Aplicada ao Ensino da Língua Portuguesa
Professor: Prof. Dr. Silvio Nunes da Silva Júnior
Tutora: Maria Aparecida Ramos Lima

Seminário de apresentação de resenhas sobre o livro


"Análise Linguística no Contexto Escolar em Diferentes
Perspectivas"
Cap. 3: A prática de análise linguística/ semiótica no contexto
de ensino de língua portuguesa: o que propõe a BNCC do
ensino fundamental

Estudantes:

Adriano Nunes Cavalcante


Leonardo Bezerra Lemos
Lucivania de Santana Gomes
Macilene Ramalho Ferreira

Pernambuco, 26 de janeiro de 2023

1
Introdução

A obra “A prática de análise linguística no contexto escolar em diferentes


pespectivas”, organizada por Rosana Maria Schimitt, Francieli e Romário Volk, apresenta no
seu terceiro capitulo “A prática de análise linguística /semiótico no contexto do ensino de
língua portuguesa” com uma abordagem sobre o ensino de língua portuguesa de acordo com a
a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que define um conjunto de aprendizagens
essenciais aos estudantes de todos os níveis da educação básica. Este documento diz que a
escola deve adotar nova postura em relação à forma como trabalha os conteúdos dentro da
sala de aula.

É preciso olhar para o que cada aluno já sabe e para suas reais necessidades. Isso
significa olhar para a prática e para a teoria que sustenta essa pratica, articulando-se com a
dinâmica do trabalho dentro da escola, encarando os desafios apresentados pelos os
estudantes. Sendo assim, o ensino de língua portuguesa deve partir do pressuposto que a
língua é uma ação entre os usuários e é através dessa interação que o ensino da língua materna
deve acontecer. A partir desse conhecimento já existente, o discente precisa refletir o porquê
precisa estudar tais conteúdos apresentados no currículo escolar.

Fundamentos Pedagógicos do componente curricular Língua Portuguesa

O texto que compreende a fundamentação pedagógica apresenta conceitos importantes


para o desenvolvimento das aprendizagens de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental e
discute questões pertinentes acerca das categorias adotadas para organizar o componente
curricular. O componente está organizado por campos de atuação, práticas de linguagem,
objetos de conhecimento, anos/blocos de anos escolares e habilidades.
Os campos de atuação referem-se aos “cenários” em que as diferentes práticas de
linguagem ocorrem.
As práticas de linguagem são definidas pelo documento como concernentes aos eixos
de integração já consagrados em documentos curriculares da área: oralidade, leitura/escuta,
produção (escrita e multissemiótica) e análise linguística/semiótica

2
A Gramática Sistêmico-Funcional compreende a língua como um sistema que é usado
em prol de realizar sua função dentro do contexto de uso através de textos, que são situações
de uso concreto e emitem significados “[...] para estabelecer relações, representar o mundo e,
com isso, satisfazer determinadas necessidades em contextos sociais específicos [...]” Schmitt
e Pinton (2021, p.61). A linguagem é dinâmica e possibilita inúmeros significados por meio
de dois níveis: o linguístico que abrange a semântica, o léxico-gramatical e o
grafológico/fonológico; e o extralinguístico que abarca o contexto situacional e a cultura do
indivíduo. O nível linguístico sofre influência do extralinguístico em relação aos significados
emitidos e tudo isso deve ser levado em consideração para a GSF.

Percurso metodológico e conclusão

A partir do método de pesquisa documental os autores Francieli Matzenbacher Pinton,


Romário Volk e Rosana Maria Schmitt analisaram, dentre as 74 habilidades distribuídas aos
anos escolares individuais do Ensino Fundamental (6o, 7o, 8o e 9o anos), que fossem ligadas
à "prática de linguagem Análise linguística/semiótica", chegando a um corpus de pesquisa de
44 habilidades. Os autores descreveram e analisaram essas habilidades a partir da estrutura
típica das habilidades do Sistema de Transitividade, com as etapas de:

i) análise da natureza dos processos/verbos empregados que indicam os processos


cognitivos requeridos;
ii) análise da natureza dos participantes que indicam o objeto de conhecimento;
iii) análise das circunstâncias que indicam o contexto da aprendizagem demandada;
iv) interpretação dos dados sob a ótica do sistema de transitividade.

A seguir a estrutura do Sistema de Transitividade adotada:

3
Partindo desta organização verifica-se 31 habilidades coerentes com o Sistema de
Transitividade (70,45%), enquanto 13 habilidades (29,54%), não são apresentados
modificadores ou não é indicada a situação ou condição em que a habilidade deve ser
desenvolvida.
Ainda como resultado da análise das 57 orações que compõem as 44 habilidades,
observou-se o emprego de 44 processos mentais cognitivos e 13 processos também materiais
criativos. Tudo isso se refere aos processos. Observe o gráfico a seguir:

Para compreender criticamente a natureza dos objetos de conhecimento requeridos nas


habilidades, os autores utilizaram a figura das orações com base nos níveis de estratificação
da linguagem propostos pela Gramática Sistêmico-Funcional, tendo como resultado o gráfico
a seguir:
Quanto a participantes e as circunstâncias, primeiro constatou-se que 43 habilidades
focalizam conteúdos enquanto objeto de conhecimento enquanto apenas 1 focaliza apenas o
texto (isso com relação a participantes). Já os modificadores (circunstâncias) estão em 27
habilidades enquanto circunstâncias de lugar ou de tempo (que indicam o contexto da
aprendizagem), e em 5 habilidades, enquanto circunstâncias de qualidade, meio, finalidade ou
ângulo (que apresentam maior especificação da aprendizagem requerida), enquanto 13
habilidades não efetivam a estrutura preconizada, tendo em vista que são empregados apenas
processos/verbos e participantes.
Para compreender criticamente a natureza dos objetos de conhecimento requeridos nas
habilidades, os autores utilizaram a figura das orações com base nos níveis de estratificação
da linguagem propostos pela Gramática Sistêmico-Funcional, tendo como resultado o gráfico
a seguir:

4
Identifica-se que os estratos da léxico-gramática e da semântica são contemplados em
todos os anos escolares, porém com níveis diferentes conforme as séries.

Ainda que os modificadores focalizam apenas textos enquanto circunstâncias de lugar


ou tempo, apenas 27 habilidades (61,36%) indicam o contexto em que a aprendizagem deve
ser desenvolvida, porém esse contexto indicado não está relacionado a gêneros específicos e
os conteúdos não são mobilizados a partir dos diferentes contextos de uso, o que limita as
habilidades à luz da prática de linguagem Análise linguística/semiótica.
As habilidades buscam propor apenas a análise linguística: em nenhuma habilidade do
grupo “todos os campos” há o enfoque para gêneros multissemióticos, o que evidencia a
centralidade das habilidades analisadas no ensino de regras da língua escrita padrão.
De modo geral entende-se que as habilidades apresentadas priorizam os processos
mentais e cognitivos, contemplando o nível linguístico. Mas não se relaciona com o nível
extralinguístico. Sendo assim, este modelo de ensino prioriza a norma padrão da língua
portuguesa reforçando um ensino tradicional.

5
Referências

• BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília:


• MEC, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-con-
• tent/uploads/2018/12/ BNCC_19dez2018_site.pdf. Acesso em: 30 mar. 2021.
• FUZER, C.; CABRAL, S.R.S. Introdução à Gramática Sistêmico-Funcional em
• Língua Portuguesa. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2014.
• HALLIDAY, M. A. K. An introduction to functional grammar. London: Arnold,
• 1985 [1994].
• HALLIDAY, M. A. K.; MATTHIESSEN, C. Halliday’s Introduction to Functional
• Grammar. London; New York: Routledge, [2004] 2014.
• MUNIZ DA SILVA, E. D.; SOARES, R. Processos materiais em um relato pes-
• soal. In: CABRAL, S. R. S.; BARBARA, L. (Orgs.). Estudos sistêmico-funcionais
• no âmbito do projeto SAL. Santa Maria: Editora PPGL, 2018. p. 141-157.
• LINO DE ARAÚJO, D. Enunciado de atividades e tarefas escolares: modos de
• fazer. 1. ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2017.
• LOURENCO, D. G.; LINO DE ARAÚJO, D. A proposta de Análise linguística/

Você também pode gostar